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CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS

Disciplina: Conversão Eletromecânica de


Energia

Julio Cesar G. Gonçalves


ÍNDICE

1. NOÇÕES BÁSICAS DE ELETROMAGNETISMO .............................................. 1

1.1 Lei de Biot-Savart e intensidade de campo magnético H ............................. 1

1.2 Densidade de campo magnético, campo magnético ou indução B .............. 3

1.3 Permeabilidade magnética µ ........................................................................ 4

1.4 Fluxo magnético Φ ....................................................................................... 6

1.5 Relutância Magnética ℜ ............................................................................... 7

1.6 Lei de Ampere .............................................................................................. 7

1.7 Força magneto motriz fmm .......................................................................... 8

1.8 Lei de Faraday e Lei de Lenz ....................................................................... 9

1.9 Gerador Elementar ..................................................................................... 11

1.10 Fem gerada por uma espira em um campo magnético uniforme a uma
velocidade constante ........................................................................................... 12

2. CIRCUITOS MAGNÉTICOS ............................................................................. 13

2.1 Saturação, magnetização e comportamento dos materiais........................ 14

3. MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA ........................................................ 20

3.1 Retificação através de um comutador ........................................................ 20

3.2 Fem média gerada em uma espira durante ¼ de volta .............................. 24

3.3 Força eletromagnética................................................................................ 26

3.4 Força Contra-eletromotriz (fcem) ............................................................... 28

3.5 Ação motora versus ação geradora ........................................................... 28

3.6 Características construtivas das máquinas de corrente contínua .............. 30

3.6.1 Estator ................................................................................................. 30

3.6.2 Rotor: ................................................................................................... 31

3.7 Enrolamentos das máquinas cc ................................................................. 33

3.8 Aspectos gerais .......................................................................................... 33


3.9 Enrolamento Imbricado .............................................................................. 36

3.10 Enrolamento Ondulado .............................................................................. 37

3.11 Número de condutores em um enrolamento .............................................. 39

3.12 Reação da armadura.................................................................................. 40

3.13 Compensação do efeito de reação da armadura ....................................... 42

3.14 O processo de comutação ......................................................................... 44

3.15 Geradores de corrente contínua ................................................................ 46

3.16 Motores de corrente contínua .................................................................... 49

3.17 Perdas nas máquinas elétricas e rendimento ............................................ 50

3.17.1 Perdas no ferro ................................................................................. 50

3.17.2 Fluxo de potência no gerador de corrente contínua ......................... 53

3.18 Fluxo de potência no motor de corrente contínua ...................................... 53

3.19 Característica Torque, velocidade e potência ............................................ 54

4. MÁQUINAS SÍNCRONAS ................................................................................ 64

4.1 Princípio de funcionamento ........................................................................ 64

4.2 Tensão gerada por fase ............................................................................. 66

4.2.1 Fator de passo kp ................................................................................ 67

4.2.2 Fator de distribuição kd ....................................................................... 68

4.2.3 Efeito do fator de passo e fator de distribuição na forma de onda ....... 70

4.3 Construção da máquina síncrona .............................................................. 71

4.3.1 Características construtivas ................................................................. 72

4.4 Reação da armadura em máquinas síncronas ........................................... 74

4.5 Circuito equivalente do gerador síncrono ................................................... 76

4.5.1 Relações de tensão para diferentes fatores de potência da carga ...... 76

4.5.2 Regulação de tensão ........................................................................... 78

4.5.3 Reatâncias da máquina síncrona ........................................................ 79

4.5.4 Reatâncias de reação da armadura..................................................... 79


4.5.5 Reatâncias de dispersão ..................................................................... 80

4.5.6 Reatâncias de eixo direto e em quadratura ......................................... 80

4.6 Grandezas em pu (por unidade) ................................................................ 81

4.7 Determinação da reatância síncrona de eixo direto a partir dos ensaios a


vazio e de curto circuito ....................................................................................... 83

4.7.1 Ensaio de saturação a vazio: ............................................................... 83

4.7.2 Ensaio de curto circuito: ...................................................................... 84

4.7.3 Determinação da reatância da máquina .............................................. 85

4.8 Determinação de potência dos geradores síncronos ................................. 85

4.8.1 Gerador de pólos lisos ......................................................................... 85

4.8.2 Gerador de pólos salientes .................................................................. 87

4.9 Sistemas de Excitação ............................................................................... 88

4.9.1 Tipos de Sistemas de excitação .......................................................... 89

4.10 Curva de capabilidade................................................................................ 91

4.10.1 Outras curvas importantes ............................................................... 93

4.11 Paralelismo e divisão de carga .................................................................. 94

4.11.1 Condições necessárias para colocar geradores em paralelo ........... 95

4.11.2 Métodos de sincronismo de geradores............................................. 96

4.11.3 Reguladores de velocidade e divisão de carga entre geradores ligados


em paralelo ...................................................................................................... 99

4.12 Motores Síncronos ................................................................................... 105

4.12.1 Circuito equivalente e diagrama fasorial do motor síncrono ........... 105

4.12.2 Torque no motor síncrono .............................................................. 106

4.12.3 Utilização de motores síncronos para corrigir fator de potência ..... 107

5. TRANSFORMADORES MONOFÁSICOS ...................................................... 108

5.1 O transformador ideal............................................................................... 109

5.2 Impedância refletida ................................................................................. 111

5.3 O transformador real ................................................................................ 111


5.4 Circuito equivalente do transformador...................................................... 112

5.5 Regulação do transformador .................................................................... 114

5.6 Determinação das perdas no transformador ............................................ 115

5.7 Rendimento do transformador .................................................................. 116

5.8 Polaridade dos transformadores .............................................................. 117

5.9 Autotransformadores ................................................................................ 121

5.9.1 Autotransformador abaixador ............................................................ 123

5.9.2 Autotransformador elevador .............................................................. 124

5.9.3 Relações de potência para o autotransformador ............................... 124

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 126


1. NOÇÕES BÁSICAS DE ELETROMAGNETISMO

1.1 Lei de Biot-Savart e intensidade de campo magnético H

Quando um condutor elétrico é atravessado por uma corrente elétrica, aparecerá


espontaneamente um campo magnético em sua volta. Uma característica deste
campo magnético é ser constituído por linhas de força que são circulares de forma
que podemos colocar bússolas em diferentes pontos da extremidade do campo e o
Norte de cada uma delas estará voltado sempre para a direção tangencial das
linhas do campo. Este efeito foi descoberto por Hans Christian Oersted, que
percebeu através de experiências que uma agulha magnética posicionada
paralelamente a um condutor elétrico sofreria deflexão significativa em relação a
sua posição original. Podemos saber a direção e o sentido do campo magnético
gerado através da Regra da Mão Direita e o seu valor em diferentes pontos através
da Lei de Biot-Savart.

Figura 1-1 _ lei De Biot-Savart

Para aplicarmos a Regra da Mão Direita devemos apontar o dedo polegar na


direção do condutor, para onde a corrente elétrica estiver correndo, e em seguida
fechamos a nossa mão. A direção e também o sentido em que os dedos se
fecharem apontam também a direção e o sentido do campo magnético. Hans
Christian Oersted publicou os seus resultados mas limitou-se a uma análise
qualitativa do fenômeno. Após a publicação, outros cientistas foram incentivados a

1
pesquisar sobre o assunto e então dois físicos franceses Jean-Baptiste Biot e Félix
Savart foram capazes de deduzir uma lei que descrevia matematicamente o campo
magnético que era gerado, lei essa que passou por vários estudos e modificações
e quando foi finalizada, passou a ser conhecida por Lei de Biot-Savart.

Figura 1-2 _ regra da mão direita

A Lei de Biot-Savart é descrita por:

I . dL â
⃗ =
𝑑𝐻 𝑋
4𝜋 𝑟 2

Onde:

H: intensidade de campo magnético [A/m]

I: corrente elétrica [A]

L: distância percorrida pela corrente [m]

r: distância para o ponto considerado [m]

2
1.2 Densidade de campo magnético, campo magnético ou indução B

Campo magnético é a região ao redor de um imã, na qual ocorre uma força


magnética de atração ou de repulsão. O campo magnético pode ser definido pela
medida da força que o campo exerce sobre o movimento das partículas de carga,
tal como um elétron.

A representação visual do campo é feita através de linhas de campo magnético,


também conhecidas por linhas de indução magnética ou linhas de fluxo magnético,
que são linhas envoltórias imaginárias fechadas, que saem do pólo norte e entram
no pólo sul.

Assim, as características das linhas de campo magnético:

• são sempre linhas fechadas: saem e voltam a um mesmo ponto;

• as linhas nunca se cruzam;

• fora do ímã, as linhas saem do pólo norte e se dirigem para o pólo sul;

• dentro do ímã, as linhas são orientadas do pólo sul para o pólo norte;

• saem e entram na direção perpendicular às superfícies dos pólos;

• nos pólos a concentração das linhas é maior: quanto maior concentração de


linhas, mais intenso será o campo magnético numa dada região.

Figura 1-3 _ imã e linhas de campo

3
No caso de um imã em forma de ferradura, as linhas de campo entre as superfícies
paralelas dispõem-se praticamente paralelas, originando um campo magnético
uniforme. No campo magnético uniforme, todas as linhas de campo têm a mesma
direção e sentido em qualquer ponto. A figura 1.4 mostra essa situação. Na prática,
dificilmente encontra-se um campo magnético perfeitamente uniforme. Entre dois
pólos planos e paralelos o campo é praticamente uniforme se a área dos pólos for
maior que a distância entre eles, mas nas bordas de um elemento magnético há
sempre algumas linhas de campo que não são paralelas às outras. Estas
distorções são chamadas de espraiamento.

A unidade de campo magnético é o Webber por metro quadrado [Wb/m2]. Também


são expressos em Tesla e Gauss, sendo 1 Wb/m 2 = 1 T = 105 Gauss

Figura 1-4 _ linhas de campo e espraiamento

1.3 Permeabilidade magnética µ

Se um material não magnético, como vidro ou cobre, for colocado na região das
linhas de campo de um ímã, haverá uma imperceptível alteração na distribuição
das linhas de campo. Entretanto, se um material magnético, como o ferro, for
colocado na região das linhas de campo de um ímã, estas passarão através do
ferro em vez de se distribuírem no ar ao seu redor porque elas se concentram com
maior facilidade nos materiais magnéticos, como mostra a figura 1.5. Este princípio
é usado na blindagem magnética de elementos (as linhas de campo ficam
concentradas na carcaça metálica não atingindo o instrumento no seu interior) e
instrumentos elétricos sensíveis e que podem ser afetados pelo campo magnético.

4
Figura 1-5 _ distribuição das linhas de campo em materiais magnéticos e não magnéticos

Portanto, um material na proximidade de um ímã pode alterar a distribuição das


linhas de Campo magnético. Se diferentes materiais com as mesmas dimensões
físicas são usados, a intensidade com que as linhas são concentradas varia. Esta
variação se deve a uma grandeza associada aos materiais chamada
permeabilidade magnética, μ. A permeabilidade magnética de um material é uma
medida da facilidade com que as linhas de campo podem atravessar um dado
material.

A permeabilidade magnética do vácuo, μ0 vale 4.π.10-7 H/m

A permeabilidade magnética de todos os materiais não magnéticos, como o cobre,


alumínio, madeira, vidro e ar é aproximadamente igual à permeabilidade magnética
do vácuo. Os materiais que têm a permeabilidade um pouco inferior à do vácuo são
chamados materiais diamagnéticos. Aqueles que têm a permeabilidade um pouco
maior que a do vácuo são chamados materiais paramagnéticos.

Materiais magnéticos como o ferro, níquel, aço, cobalto e ligas desses materiais
têm permeabilidade de centenas e até milhares de vezes maiores que o vácuo.
Esses materiais são conhecidos como materiais ferromagnéticos.

A relação entre a permeabilidade de um dado material e a permeabilidade do


vácuo é chamada de permeabilidade relativa, assim:

µ
µ𝑅 =
µ𝑜

5
onde:

µR: permeabilidade relativa (adimensional)

µo: permeabilidade do vácuo [H/m]

µ: permeabilidade do material [H/m]

A permeabilidade magnética do meio relaciona as grandezas H e B:

⃗ = µ. 𝐻
𝐵 ⃗,

Onde:

B: densidade de campo magnético [Wb/m2]

H: intensidade de campo magnético [A/m]

µ: permeabilidade magnética do meio [H/m]

1.4 Fluxo magnético Φ

O fluxo magnético é definido como a quantidade de linhas de campo que atingem


perpendicularmente uma dada área, como mostra a figura 1.6. A unidade de fluxo
magnético é o Weber (Wb),sendo que um Weber corresponde a 1x10 8 linhas de
campo magnético.

Figura 1-6 _ linhas de campo atravessando uma superfície

6
Considerando a definição acima, o fluxo magnético é então dado por:

∅ = ∫ 𝐵. 𝑑𝑆

Onde:

B: densidade de campo magnético [Wb/m2]

S: área [m2]

Φ: fluxo magnético [Wb]

1.5 Relutância Magnética ℜ

A relutância magnética é a medida da oposição que um meio oferece ao


estabelecimento e concentração das linhas de campo magnético. A relutância
magnética é determinada pela equação:

𝑙
ℛ=
µ. 𝑆

onde:

ℜ: relutância magnética [Ae/Wb];

l: comprimento médio do caminho magnético das linhas de campo no meio [m];

μ: permeabilidade magnética do meio, [H/m];

A: área da seção transversal [m2]

Materiais com alta permeabilidade, como os ferromagnéticos, têm relutâncias muito


baixas e, portanto, proporcionam grande concentração das linhas de campo
magnético.

1.6 Lei de Ampere

A Lei de Ampere relaciona a corrente (constante) que atravessa um circuito com a


circulação sobre este circuito do campo B criado pela corrente:

7
⃗ . 𝑑𝑙 = µ. 𝑖
∮𝐵

Onde:

B: densidade de campo magnético

l: comprimento do caminho

µ: permeabilidade do meio

i: corrente elétrica

Considerando um circuito magnético, de comprimento médio L, com N espiras e


circulando uma corrente I, podemos considerar:

⃗ . 𝑑𝐿
∮𝐻 ⃗ = 𝑁. 𝐼

1.7 Força magneto motriz fmm

A força magneto motriz, fmm é a causa da produção de fluxo magnético no interior


de um circuito magnético. A força magneto motriz, produzida por uma bobina é
dada por:

𝑓𝑚𝑚 = 𝑁. 𝐼

Onde:

fmm: força magneto-motriz [Ae]

N: numero de espiras da bobina

I: corrente elétrica [A]

8
1.8 Lei de Faraday e Lei de Lenz

Em 1831 Faraday fez uma descoberta relacionando a tensão induzida em um


condutor e a variação de campo magnético no mesmo. A lei de Faraday é descrita
da seguinte forma:

“A tensão induzida em um condutor imerso em um campo magnético é proporcional


à variação de linhas de força que cortam o condutor”

A figura abaixo mostra a tensão sendo induzida por um condutor em movimento em


um campo B.

Figura 1-7_ condutor se movendo em um campo

Essa lei foi posteriormente equacionada por Neumann, sendo:

𝑑∅
𝑒=− [𝑉]
𝑑𝑡

O sinal negativo que surge na equação é uma contribuição de Lenz. O fluxo Φ é


dado por:

∅ = ∫ 𝐵. 𝑑𝑆 [𝑊𝑏]

Se o campo B for constante e o fluxo atuar perpendicularmente a S temos:

𝑒 = 𝐵. 𝑙. 𝑣 [𝑉]

9
mostra a relação entre a variação de fluxo em um condutor imerso em um campo
magnético e a tensão induzida nesse condutor.

Exemplo:

1- Determine a fem induzida em um condutor quando o mesmo se desloca


verticalmente para cima, percorrendo 16 cm em 2 segundos e estando
imerso em um campo magnético de 75 mWb/m2, sabendo que o condutor
possui 30 cm de comprimento.
2- Considere agora que o condutor esteja se movimentando nas mesmas
condições anteriores, mas com um ângulo de 25° com a horizontal.

A Figura 1-8 mostra o sentido da fem induzida no condutor. Esse sentido, que é
explicado pela lei de Lenz, pode ser definido utilizando a regra de Fleming, ou regra
da mão direita para o sentido convencional de corrente:

Figura 1-8 _ regra da mão direita

O polegar mostra o sentido do movimento, o indicador mostra o sentido do campo


magnético e o dedo médio o sentido da tensão induzida.

A energia elétrica produzida no condutor não é fornecida pelo campo magnético, já


que o mesmo não é destruído no processo. Para manter o princípio da
conservação de energia, há a necessidade de fornecimento de energia mecânica
para o sistema. O sentido da fem induzida e da corrente no condutor possuem uma
relação com o fluxo que é dado pela lei de Lenz. Segundo a lei de Lenz, qualquer
corrente induzida tem um sentido tal que o campo magnético que ela gera se opõe
à variação do fluxo magnético que a produziu. Matematicamente, a lei de Lenz é
expressa pelo sinal negativo que aparece na expressão matemática da Lei de
Faraday.

10
A Figura 1-9 exemplifica o efeito da Lei de Lenz:

Figura 1-9 _ efeito da lei de Lenz

1.9 Gerador Elementar

A movimentação de um condutor em um campo conforme visto anteriormente,


embora gere uma fem induzida, é algo na prática inviável. As máquinas comerciais
na grande maioria giram em torno de um eixo central. Na prática, uma máquina é
construída com uma grande quantidade de condutores e espiras ligadas em série.

Para melhor compreensão dessa construção, podemos analisar o chamado


gerador elementar e em seguida veremos sua geração de fem e o sentido da
mesma.

Figura 1-10 _ gerador elementar

11
1.10 Fem gerada por uma espira em um campo magnético uniforme a uma
velocidade constante

Ao iniciar o movimento rotativo, no interior de um campo magnético, cada lado da


espira gera uma tensão, dada pelo movimento relativo entre o condutor e o campo
(Lei de Faraday). No entanto, o valor desta fem induzida depende do ângulo com
que os condutores cortam o campo, conforme visto anteriormente. Podemos
concluir, observando a figura 1-11 que, quando o condutor ab está na posição 0 e
consequentemente o condutor dc está na posição 4, a fem gerada é zero, pois
nesse exato momento, os condutores estão se deslocando de forma paralela ao
campo magnético, ou seja, não estão cortando as linhas de campo e por sua vez,
não estão sofrendo qualquer tipo de indução.

A medida que o movimento continua, admitindo que o sentido de giro seja horário,
o condutor ab e o condutor dc vão gerando fem, em função do corte das linhas de
campo que ocorre e esse valor vai aumentando (ou diminuindo) de acordo com o
seno do ângulo que o movimento do condutor faz com o campo magnético.

O condutor ab gera uma fem de sentido contrário ao condutor dc, de forma que a
resultante dos dois é a mostrada na Figura 1-11.

Figura 1-11 _ fem gerada por uma bobina

O que podemos observar é que, independente do tipo da máquina, seja de cc ou


ca, internamente, a tensão é alternada.

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2. CIRCUITOS MAGNÉTICOS

Os circuitos magnéticos são empregados com o intuito de concentrar o efeito


magnético em uma dada região do espaço. Em outras palavras, este circuito
direciona o fluxo magnético para onde for desejado, sendo dotado de materiais
com certas propriedades magnéticas e dimensões, a partir de uma variedade de
seções e diferentes comprimentos. Devemos salientar aqui que as características
magnetizantes dos materiais são de natureza não linear, o que deve ser levado em
conta nos projetos de dispositivos eletromagnéticos.

No projeto e construção de máquinas elétricas, os circuitos magnéticos são


extremamente importantes, pois concentram o fluxo em uma região definida, como
o entreferro de um motor ou gerador, reduzindo o máximo possível a dispersão de
fluxo.

Os circuitos elétricos e magnéticos possuem entre si uma analogia conforme


vemos na tabela abaixo:

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2.1 Saturação, magnetização e comportamento dos materiais

A curva de magnetização, B x H para alguns materiais utilizados na fabricação de


máquinas é mostrada na figura abaixo:

Figura 2-1 curva B x H

Alguns materiais, tal como o ferro, são marcadamente magnéticos, enquanto que
outros não o são. De fato, uma das técnicas mais simples de separação de
materiais ferrosos dos não ferrosos é através da comparação de suas propriedades
magnéticas.

A importância histórica e comercial do ferro como um material magnético deu


origem ao termo ferromagnetismo, para englobar as intensas propriedades
magnéticas possuídas pelo grupo do ferro na tabela periódica.

O ferromagnetismo é resultado da estrutura eletrônica dos átomos. Relembremos


que no máximo dois elétrons podem ocupar cada um dos níveis de energia de um
átomo isolado e que isso também é válido para os átomos de uma estrutura
cristalina. Esses dois elétrons têm spins opostos e, como cada elétron, quando
girando em torno de si mesmo, é equivalente a uma carga se movendo, cada

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elétron atua como um magneto extremamente pequeno, com os correspondentes
pólos norte e sul.

Figura 2-2 _ material (a) diamagnético e (b) magnético

De uma maneira geral, em um elemento o número de elétrons que tem um certo


spin é igual ao número de elétrons que tem o spin oposto e o efeito global é uma
estrutura magneticamente insensível. Entretanto, em um elemento com subníveis
internos não totalmente preenchidos, o número de elétrons com spin num sentido é
diferente do número de elétrons com spin contrário (Figura 2-2). Desta forma estes
elementos têm um momento magnético global não nulo.

Como os átomos ferromagnéticos adjacentes se alinham mutuamente, de forma a


terem suas orientações numa mesma direção, um cristal ou grão contém domínios
magnéticos. Os domínios geralmente não têm dimensões superiores a 0.05 mm.

Em um material magnético desmagnetizado os domínios estão orientados ao


acaso, de forma que seus efeitos se cancelam. Entretanto, se os domínios são
alinhados por um campo magnético, o material se torna magnético (Figura 2-2). O
alinhamento de todos os domínios em uma direção origina um efeito aditivo, o qual
pode ou não permanecer após a retirada do campo externo

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Figura 2-3 _ alinhamento de domínios

Para designar quando o alinhamento magnético é permanentemente retido ou não,


são usados respectivamente os termos “material magnético duro” e “material
magnético mole”; como os materiais mecanicamente duros tendem a ser
magneticamente duros, esses termos são adequados. As tensões residuais de um
material endurecido evitam a redistribuição ao acaso dos domínios. Um material
normalmente perde essa ordenação dos domínios magnéticos quando é recozido,
já que a atividade térmica provoca a desorientação dos domínios.

O processo de magnetização de um material ferromagnético sob a influência de um

campo externo se reduz a:

crescimento daqueles domínios cujos momentos magnéticos formam o menor


ângulo com a

direção do campo,

rotação dos momentos magnéticos na direção do campo externo.

Figura 2-4 _ esquema de orientação dos spins nos domínios

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A saturação magnética se alcança quando acaba o processo de crescimento dos
domínios e os momentos magnéticos de todas as regiões imantadas
espontaneamente estão na mesma direção do campo.

Ex. Determine na figura abaixo o fluxo do entreferro, sabendo que o comprimento


médio é L, a permeabilidade do material é µ e a área do entreferro é Sar:

Sf

17
Exemplos:

1- Determine o fluxo no entreferro da figura abaixo:

12 cm

cm
2

2 cm
uR=2000

10 cm
2 mm
5A
N=2000

2 cm
2 cm 2 cm

2- Qual o fluxo no entreferro da figura abaixo, sabendo que a seção reta


transversal é de 6 mm2? Dados µR1= 1500; µr2= 850; µR3 = 3200.

14 cm
5 cm
1 cm

1 2
10 cm

12 A
650 esp 1 mm
1 cm

2 cm 4 cm 2 cm

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3- Determine a corrente necessária para gerar um fluxo de 4mWb no entreferro do
núcleo abaixo, sabendo que o material possui permeabilidade de 0,0075 H/m, a
área da seção reta é de 6 cm2 e o entreferro tem 2 mm.

cm
600

8
esp

6 cm

4- Qual o fluxo magnético na perna central do núcleo abaixo? Considere ur=4000.

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3. MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA

Uma máquina de corrente contínua é um equipamento projetado e fabricado para


fornecer em seus terminais tensão contínua (gerador), ou operar quando for
alimentada em corrente contínua (motor).

3.1 Retificação através de um comutador

Conforme visto anteriormente, a tensão gerada em uma máquina de corrente


contínua é alternada. Em função dessa condição, existe a necessidade de um
dispositivo capaz de transformar a tensão alternada em uma unidirecional. Esse
dispositivo é chamado de comutador. Trata-se de um retificador mecânico,
acoplado ao eixo da máquina e que faz com que a corrente que circule de dentro
para fora ou de fora para dentro tenha sempre uma mesma direção. A Figura 3-1
mostra o comutador elementar, formado por apenas duas teclas, retificando a
corrente fornecida por um gerador elementar.

Figura 3-1 _ retificação através de comutador

A forma de onda resultante desse processo de retificação a princípio não parece


muito adequada, e de fato não é. Uma aplicação industrial requer uma onda
contínua, com o mínimo de ripple possível. Uma outra vista do processo é
mostrada na Figura 3-2, onde podemos observar que as faces polares são curvas,
com o objetivo de melhorar a forma de onda, aumentando seu valor médio.

20
Figura 3-2 _ fem e forma de onda de um gerador cc elementar

Também é importante observar que, em ambos os casos, as escovas estão 90°


deslocadas das bobinas, dessa forma, a comutação ocorre sempre no momento
em que os condutores estão passando pelo ponto em que não sofrem indução.
Logo, as escovas devem estar sempre localizadas na região interpolar.

Para melhorar a forma de onda podemos aumentar o número de segmentos, ou


teclas, do comutador, mantendo apenas duas escovas. A Figura 3-3 mostra essa
situação. A desvantagem agora é que, embora a forma de onda fique melhor, as
fem não se somam, pois não há bobinas ligadas em série.

Figura 3-3 _ comutador com 4 segmentos

As máquinas comerciais são fabricadas com muitas espiras que são ligadas em
série, com o objetivo de aumentar a tensão terminal, também alguns grupos de
espiras são ligadas em paralelo, formando no interior da máquina caminhos em
paralelo, que aumentam a capacidade de condução de corrente da máquina.

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O enrolamento em anel de Gramme, embora não seja comercialmente
interessante, expressa bem essa relação de condutores em série e em paralelo. O
grande problema do enrolamento em anel de Gramme é que os condutores que
ficam internos não são cortados pelas linhas de campo, logo não induzem tensão,
o que economicamente é muito ruim.

Figura 3-4 _ seção transversal


Figura 3-5 _ enrolamento de dois pólos

Figura 3-6 _ circuito equivalente Figura 3-7 _ forma de onda resultante

22
Exercício 1:

Um gerador cc possui 4 pólos e 100 condutores na armadura, que estão ligados


em 4 caminhos paralelos. O fluxo de cada pólo é de 7 mWb e a máquina gira a 50
rpm. Cada condutor possui uma resistência de 0,02 Ω e é capaz de conduzir até 8
A. Determine:

a) A tensão média gerada por caminho e a tensão de armadura.

b) A corrente de armadura.

c) A resistência de armadura.

d) A tensão nos terminais do gerador.

Exercício 2:

Considerando o mesmo gerador anterior, mas agora com 2 pólos e dois caminhos
em paralelo, mas mantenho o fluxo total e a rotação, determine:

a) A tensão média gerada por caminho e a tensão de armadura.

b) A corrente de armadura.

c) A resistência de armadura.

d) A tensão nos terminais do gerador.

23
3.2 Fem média gerada em uma espira durante ¼ de volta

Considere uma espira singela, formada por dois condutores e que inicialmente
estão na posição 1 indicada na figura 3.8:

N S
2

Figura 3-8 _ espira em um campo magnético

No exemplo, o sistema possui uma espira, 2 condutores, 2 pólos e 1 único


caminho.

Em um quarto de volta, os dois condutores da espira saem da posição 1, onde a


fem induzida era 0 e vão ao ponto 2, onde são cortadas pela maior quantidade
possível de linhas de campo. Se o fluxo magnético total, gerado pelos dois pólos
for igual a ∅ e o tempo necessário para percorrer esse caminho for igual a t,
podemos concluir que a fem gerada média será :

∆∅ ∅
𝐸𝑚𝑒𝑑 = = = 4. ∅. 𝑛 [𝑉]
∆𝑡 1
4𝑛

Onde n = velocidade em rps

Se houver Ne espiras ligadas em série, a fem induzida média será então:

𝐸𝑚𝑒𝑑 = 4. ∅. 𝑁𝑒. 𝑛 [𝑉]

24
𝑍
Considerando que 1 rps = 1/60 rpm, que 𝑁𝑒 = 2.𝑎 e que o número de pólos

influencia diretamente na fem gerada em função do aumento de ∅, concluímos que


a fem gerada entre as escovas de uma máquina de corrente contínua é:

𝑍.𝑃.∅.𝑁
𝐸𝑔 = [V]
60.𝑎

Onde:

Eg→ tensão gerada entre as escovas [V]

∅→ fluxo por polo [Wb]

Z→número de condutores ativos

P→ número de pólos

a→número de caminhos em paralelo

N→velocidade em rpm

Podemos representar a equação acima através da velocidade angular, e não da


velocidade em rpm. Para isso, basta fazer a seguinte substituição:

𝑁
𝜔 = 2. 𝜋. 𝑓 = 2. 𝜋. 𝑛 = 2. 𝜋.
60

60.𝜔
Assim, 𝑁 = , substituindo na equação de Eg, teremos:
2.𝜋

𝑍.𝑃.∅.𝜔
𝐸𝑔 = [V]
2.𝜋.𝑎

Nas duas equações de Eg, temos os valores Z, P, a, π, 2, 60 que são valores


constantes para uma máquina. Assim podemos dizer que a tensão gerada depende
basicamente da velocidade (ω ou N) e do fluxo Ф. Logo,

𝐸𝑔 = 𝑘. ∅. 𝑁 [V]

ou

𝐸𝑔 = 𝑘´. ∅. 𝜔 [V]

Em que:

25
𝑍. 𝑃
𝑘=
60. 𝑎

𝑍. 𝑃
𝑘′ =
2. 𝜋. 𝑎

3.3 Força eletromagnética

A conversão eletromecânica de energia se dá em função de dois conceitos do


eletromagnetismo, a indução eletromagnética e a força eletromagnética. A força
eletromagnética surge quando um condutor percorrido por uma corrente elétrica
está situado em um campo magnético. Essa força irá surgir pela interação existente
entre o campo magnético em que o condutor está e o campo magnético criado pela
corrente que circula no condutor. Esse princípio também é conhecido por ação
motora. O valor da força eletromagnética que atua sobre o condutor depende de
três fatores: 1- o valor do campo magnético que o condutor está imerso, 2- o valor
da corrente elétrica no condutor, tendo em vista que essa corrente irá influenciar
diretamente no campo magnético do próprio condutor e 3 – o comprimento ativo do
condutor, ou seja, o comprimento do condutor que está efetivamente sob o efeito
do campo magnético.

Figura 3-9 _ Condutor percorrido por uma corrente

A força eletromagnética F é então dada por:

𝐹 = 𝐵. 𝑙. 𝑖 [𝑁]

Onde,

F: força eletromagnética no condutor [N]

B: campo magético [Wb/m2]

26
l: comprimento ativo do condutor [m]

i: corrente elétrica que percorre o condutor [A]

Ex.1 – Determine a força que um condutor simples desenvolve quando o mesmo é


percorrido por uma corrente de 0,5 A, sabendo que o mesmo tem comprimento
ativo de 15 cm e está imerso em um campo magnético de 0,8 Wb/m 2 e se desloca
perpendicularmente ao campo magnético.

Ex.2 – Qual será a força se o condutor agora se desloca com um ângulo de 68° em
relação ao campo?

27
3.4 Força Contra-eletromotriz (fcem)

De acordo com a lei de Faraday, todo condutor que se movimenta em um campo


magnético induz uma força eletromotriz, fem. Esse é o princípio do gerador. No
entanto, se um condutor possui uma corrente circulando e está imerso em um
campo magnético, o mesmo irá sofrer a ação de uma força e consequentemente irá
me mover também nesse campo, logo, concluímos que esse condutor também
deverá induzir uma força eletromotriz. Essa força contra eletromotriz, que ocorre
segundo a lei de Lenz tem seu sentido definido pela regra da mão esquerda,
conforme figura abaixo.

Figura 3-10 _ regra da mão esquerda, para o motor

3.5 Ação motora versus ação geradora

Conforme visto anteriormente, o condutor que sofre o efeito de uma força


eletromagnética e se desloca no campo magnético também gera uma fem
contrária, denominada fcem. Consequentemente, podemos afirmar que o inverso
também ocorre, ou seja, se um condutor sujeito a uma força mecânica em um
campo magnético tiver uma circulação de corrente, essa corrente dará origem a
uma força eletromagnética, contrária à força mecânica que movimenta o condutor.
Ou seja, a ação motora e a ação geradora ocorrem sempre de forma simultânea
em uma máquina girante. Portanto, uma mesma máquina pode operar tanto como
motor quanto como gerador, bastando para isso adequar as fontes de energia.

28
Figura 3-11 _ fcem nos condutores

Ação Motora Ação Geradora

Figura 3-12 _ motor e gerador elementar

Figura 3-13 _ circuito equivalente do motor e do gerador

29
Para o motor, resolvendo o circuito por malha temos:

𝑉𝑡 = 𝐸𝑐 + 𝑅𝑎. 𝐼𝑎

Para o gerador, resolvendo o circuito por malha temos:

𝐸𝑔 = 𝑉𝑡 + 𝑅𝑎. 𝐼𝑎

Em que:

Eg = Força eletromotriz gerada [V]

Ec=força contraeletromotriz gerada [V]

Vt= tensão terminal [V]

Ra.Ia= queda de tensão na resistência da armadura [V]

Existe ainda a queda de tensão nas escovas, que em geral está associada a queda
de tensão na armadura. Mas podemos separar, reescrevendo as equações como:

𝑉𝑡 = 𝐸𝑐 + 𝑅𝑎. 𝐼𝑎 + 𝐵𝐷

𝐸𝑔 = 𝑉𝑡 + 𝑅𝑎. 𝐼𝑎 + 𝐵𝐷

Em que BD representa a queda de tensão nas escovas.

3.6 Características construtivas das máquinas de corrente contínua

A máquina de corrente contínua, basicamente é composta por duas partes: o rotor


e o estator.

3.6.1 Estator
Carcaça

É a estrutura suporte do conjunto, também tem a finalidade de conduzir o fluxo


magnético

Pólos de excitação

30
Têm a finalidade de gerar o fluxo magnético. São constituídos de condutores
enrolados sobre núcleos de chapas de aço laminadas cujas extremidades possuem
um formato que se ajusta a armadura e são chamadas de sapatas polares.

Pólos de comutação

São colocados na região interpolar e são percorridos pela corrente de armadura.


Sua finalidade é compensar o efeito da reação da armadura na região de
comutação, evitando o deslocamento da linha neutra em carga, reduzindo a
possibilidade de centelhamento.

Enrolamento de Compensação

É um enrolamento distribuído na periferia da sapata polar e percorrido pela


corrente de armadura. Sua finalidade é também compensar a reação da armadura,
mas agora em toda periferia do rotor, e não somente na região transversal. Evita o
aparecimento de faíscas provocadas por uma diferença de potencial entre espiras
devido a distribuição não uniforme da indução no entreferro.

Conjunto Porta Escovas e Escovas

O porta escovas permite alojar as escovas e está montado de tal modo que possa
ser girado para o ajuste da zona neutra. As escovas são compostas de material
condutor e deslizam sobre o comutador quando este gira, pressionadas por uma
mola, proporcionando a ligação elétrica entre a armadura e o exterior.

3.6.2 Rotor:

Rotor com enrolamento

Centrado no interior da carcaça, é constituído por um pacote de chapas de aço


silício laminadas, com ranhuras axiais na periferia para acomodar o enrolamento da
armadura. Este enrolamento está em contato elétrico com as lâminas do
comutador.

31
Comutador

É o conversor mecânico que transfere a energia ao enrolamento do rotor. O


comutador é constituído de lâminas de cobre isoladas uma das outras por meio de
lâminas de mica.

Eixo

É o elemento que transmite a potência mecânica desenvolvida pelo motor.

Figura 3-14 _ corte de uma máquina cc

32
Figura 3-15 _ máquina cc explodida

3.7 Enrolamentos das máquinas cc

Com o objetivo de gerar tensões induzidas durante o funcionamento da máquinas,


são empregados bobinas que são ligadas em série, formadas por n espiras, sendo
cada espira constituída por dois condutores ativos. As máquinas permitem uma
grande gama de combinações tensão-corrente, ou seja, podem haver máquinas de
elevadas tensões e baixas correntes bem como máquinas de baixas tensões e
elevadas correntes. Assim, os condutores que estão alojados na armadura da
máquina podem ser montados basicamente de duas maneiras:

 Enrolamentos Imbricados
 Enrolamentos Ondulados

3.8 Aspectos gerais

Passo polar

33
Passo polar é o arco formado entre dois pólos adjacentes de nomes contrários, e
sua expressão é:

𝜋. 𝐷
𝑡𝑝 =
𝑝

Onde:

tp: passo polar

D: diâmetro da armadura

p: número de pólos

o passo polar também pode ser determinado em ângulos elétricos, mecânicos,


ranhuras etc.

a cada mudança de pólo em uma máquina consideramos um ângulo elétrico de


180°, ou seja, sempre a mudança de pólos ocorre após o condutor percorrer 180°
elétricos, que nem sempre é coincidente com os graus mecânicos do estator.
Podemos considerar que:

2
𝜃𝑚𝑒𝑐 = . Ɵ𝑒𝑙𝑒𝑡
𝑝

Portanto, independente do número de pólos de uma máquina, um passo polar


caracteriza um arco formado por um ângulo elétrico de 180°.

Passo de bobina

O passo de bobina é o espaço em ranhuras, ou cm, ou ° elétricos que uma bobina


cobre em uma armadura.

𝑁𝑟
𝑃𝑏 ≤
𝑝

Onde,

Pb: passo de bobina

Nr: número de ranhuras

P: número de pólos

34
Se a relação Nr/p resultar em um número inteiro (sem resto) a bobina tem passo de
180°el e é chamada de bobina de passo inteiro.

Se Pb<Nr/p a bobina é chamada de bobina de passo encurtado ou fracionária e


nesse caso, Pb<tp.

O passo encurtado traz na prática, especialmente em máquina de corrente


alternada uma série de vantagens, especialmente na supressão de harmônicas.

Exercício:

Uma máquina elétrica de corrente contínua de 4 pólos possui um induzido


(armadura) de 30 cm de diâmetro, dotado de 36 ranhuras. Determine:

a) O passo polar da máquina em cm, em ranhuras, em graus mecânicos e em


graus elétricos;
b) O passo de uma bobina em cm e em ranhuras da armadura.

35
3.9 Enrolamento Imbricado

Imbricar significa empilhar. Os enrolamentos imbricados podem ser simples,


duplos, triplos.

A multiplicidade de um enrolamento está ligada a quantidade de enrolamentos em


paralelo sobre a mesma armadura.

No enrolamento imbricado simples, a bobina nasce em uma tecla do coletor, entra


numa ranhura, percorre a ranhura, sai, percorre um passo de bobina, entra em
outra ranhura, percorre a ranhura, efetua tantas volta quanto for número de espiras
previsto para a bobina e termina na tecla adjacente àquela em que começou.
Denomina-se passo do coletor (Pco) o número de teclas estabelecido entro o início
e o fim de uma bobina.

Pco=+1 (enrolamento imbricado progressivo) ou

Pco=-1 (enrolamento imbricado regressivo)

Figura 3-16 _ enrolamento imbricado (A) progressivo e (B) regressivo

Para o enrolamento imbricado, o número de caminhos que a armadura possui, está


ligado diretamente ao número de pólos:

𝑎 = 𝑚. 𝑝

a: número de caminhos em paralelo na armadura

m: multiplicidade do enrolamento (simples, duplo, triplo)

p: número de pólos do enrolamento.

36
Exercício:

Desenvolva o enrolamento imbricado simples, para uma máquina cc de 16


ranhuras e 4 pólos.

3.10 Enrolamento Ondulado

Ondular significa fazer ondas, ondear. Assim, as bobinas desse enrolamento,


olhadas a partir da forma como estão conectadas às teclas do coletor, vão
formando ondas. Os enrolamentos ondulados podem ser simples, duplos e triplos.
O enrolamento ondulado é usado em máquinas que utilizam tensão elevada e
corrente baixa, pois o numero de caminhos em paralelo é sempre 2.m, (m é a
multiplicidade do enrolamento) independente do número de polos.

Nesse enrolamento, a bobina nasce em uma tecla do coletor, entra em uma


ranhura, percorre um passo de bobina, fecha tantas espiras quantas tiver a bobina
e retorna, terminando a bobina em uma tecla do coletor, que se situa a:

𝑁𝑟 ± 1
𝑃𝑐𝑜 = 𝑝
( 2)

37
Qualquer tipo de armadura comporta um enrolamento imbricado, pois o mesmo
independe da relação ranhuras/pólos, o mesmo não acontece com um enrolamento
ondulado.

Figura 3-17 - enrolamento ondulado simples

Exercício:

Desenvolva o enrolamento ondulado de uma armadura de 15 ranhuras e 4 pólos.

38
3.11 Número de condutores em um enrolamento

Nos dois enrolamentos vistos anteriormente, tínhamos, no primeiro caso


(enrolamento imbricado) 32 condutores, distribuídos em 16 ranhuras e em 16
bobinas, onde cada bobina era constituída por uma única bobina.

No segundo enrolamento, o enrolamento ondulado, tínhamos 30 condutores,


distribuídos em 15 ranhuras e em 15 bobinas, onde novamente, cada bobina era
constituída por uma única espira.

Na prática, dependendo do projeto da máquina, as bobinas são construídas por


mais de uma espira. Desta forma, o número de condutores na armadura da
máquina é dado por:

𝑍 = 2. 𝑁𝑏. 𝑁𝑒. 𝑚

Em que:

Z: número de condutores do rotor

Nb: número de bobinas no rotor

Ne: número de espiras por bobina

m: multiplicidade do enrolamento

Figura 3-18 - Formato de uma bobina típica do rotor

39
3.12 Reação da armadura

Toda máquina quando está em operação normal, produz uma corrente na


armadura, essa corrente por sua vez, gera um campo magnético. Esse campo
magnético originado por essa corrente causa um enfraquecimento e uma distorção
do campo principal, que desloca a linha neutra da máquina. Esse efeito recebe o
nome de reação da armadura.

Figura 3-19 _ campo formado pelos pólos

Figura 3-20 _ campo formado pela corrente nos condutores

40
Figura 3-21 _ campo resultante e deslocamento da linha neutra

Figura 3-22 _ deslocamento de motor e gerador

A reação de armadura causa um deslocamento da linha neutra diferente para


motores e geradores. Ou seja, em um gerador, para ajustar a linha neutra,
devemos avançar as escovas no sentido de rotação e no motor, devemos mover as
escovas no sentido contrário ao da rotação.

No entanto, tecnicamente, essa solução não é adequada, por uma série de


motivos, entre elas podemos citar o fato de que o deslocamento da linha neutra irá
variar com a carga. Outro motivo é que as máquinas de cc podem operar como
motor ou gerador, logo, ficaria difícil um ajuste sem saber a aplicação do
equipamento. Para evitar esse tipo de situação, existem maneiras de compensar o
efeito da reação da armadura, conforme será visto a seguir.

41
3.13 Compensação do efeito de reação da armadura

Alta relutância nas extremidades dos pólos:

Em função do efeito de reação da armadura, a densidade de fluxo fica bastante


elevada nas extremidades dos pólos. Evitando esse efeito, a linha neutra não
sofreria deslocamento, uma vez que o fluxo entraria sem deslocar a linha neutra.

A construção de pólos com as extremidades de elevada relutância obriga a


concentração de fluxo no centro do pólo.

Figura 3-23 _ pólos de alta relutância nas extremidades

Redução do fluxo gerado pela armadura

Construtivamente é ainda possível a redução da distorção da linha neutra através


da redução do fluxo da armadura. Isso pode ser obtido, sem alterar o fluxo de
campo principal, com o uso de laminas polares ranhuradas, ou perfuradas, pois
dessa forma, a relutância no caminho do fluxo gerado pela armadura fica alta,
reduzindo então o fluxo da armadura e consequentemente mantendo a linha neutra
em sua posição original.

Figura 3-24 _ laminação do campo

42
Enrolamentos compensadores

Uma maneira elétrica de balancear o fluxo que a armadura gera evitando a


distorção do campo, usado especialmente em máquinas grandes, é a utilização dos
enrolamentos compensadores, ou de compensação. Nas faces polares, são
instaladas ranhuras e o enrolamento da armadura é então conectado em série, no
sentido oposto ao da armadura. O número de ranhuras nos pólos não precisa ser o
mesmo das ranhuras da armadura sob os pólos, o importante é que a força
magneto motriz seja igual, ou seja:

𝑍𝑎
𝑍𝑝 =
𝑎
Onde:

Zp: número de condutores de face polar em cada pólo

Za: número de condutores ativos da armadura sob cada pólo

a: número de caminhos em paralelo na armadura

Figura 3-25 _ enrolamento de compensação neutralizando a fmm da armadura

Figura 3-26 - Enrolamento de compensação

43
Interpólos

Pequenos pólos que estão localizados na linha mediana entre os pólos principais,
exatamente sobre as boinas que estão em processo de comutação. Sua função é
criar uma fluxo que anule o fluxo resultante do efeito de reação da armadura e
𝑑𝑖
minimize o efeito 𝐿 𝑑𝑡 das bobinas sob comutação. Os interpólos, assim como os

enrolamentos de compensação, estão ligados em série com o enrolamento da


armadura.

Figura 3-27 - Corte de uma máquina cc mostrando os interpólos.

3.14 O processo de comutação

O processo de comutação é uma parte crítica do projeto e da operação das


máquinas CC. Os terminais da bobina são ligados a dois segmentos de anéis de
cobre isolados entre si e solidários ao campo girante.

A medida que o eixo (rotor) gira tem-se um processo de retificação da tensão


alternada gerada da bobina.

A COMUTAÇÃO é a inversão da ligação dos lados da bobina girante nas escovas


de carvão. Esse processo acontece quando a tensão induzida nos dois lados da
bobina é igual.

44
Na figura 3.27, observamos como ocorre a inversão da corrente na espira número
3, em função da rotação da máquina, o valorde di/dt pode ser bastante elevado, o
que causa uma considerável sobretensão no momento de comutação.

O centelhamento visível nessa região vem do fato da escova em determinados


momentos estar curto circuitando espiras que possuem uma pequena diferença de
potencia e também da inversão de corrente no indutor.

Figura 3-28 - comutador e mudança de corrente nas espiras

Figura 3-29 - inversão de corrente na espira

45
Figura 3-30 - Escova sobre o comutador

3.15 Geradores de corrente contínua

Tipos de geradores cc

Os geradores de corrente contínua são classificados de acordo com a forma de


excitação do seu campo. Podem ser auto-excitados ou com excitação
independente. Os auto-excitados são geradores que não necessitam de uma fonte
externa para excitar o campo, provendo de seus próprios terminas a corrente
necessária, diferente do gerador de excitação independente.

Gerador de Excitação Independente-

O diagrama esquemático do gerador de excitação independente é mostrado


abaixo, o reostato pode ser utilizado para controlar a corrente de campo.

46
Figura 3-31 - gerador com excitação independente

Gerador de Excitação Shunt (ou derivação)

O gerador shunt possui seu campo ligado em paralelo com a saída do gerador,
sendo portanto um gerador auto-excitado. Como os geradores auto-excitados não
possuem excitação externa para o campo, para o início do processo pode-se usar
o magnetismo residual ou uma pré-excitação de campo, através de dispositivos
externos, para iniciar o processo de auto-excitação.

Figura 3-32 - gerador shunt

Gerador de Excitação Série

No gerador série o enrolamento de campo está ligado em série com a armadura,


com os enrolamentos dos interpólos e o enrolamento de compensação. A corrente
de campo torna-se uma função da carga e da corrente na armadura.

47
Figura 3-33 - gerador com excitação série

Gerador de Excitação Composta (compound)

Nesse gerador a corrente de excitação é produzida por uma combinação dos dois
geradores anteriores (shunt e série). Conforme a disposição do enrolamento
paralelo em relação à armadura, o mesmo é classificado como shunt longo ou
shunt curto. No shunt longo, a corrente de armadura excita o campo série e no
shunt curto, a corrente de carga excita o campo série.

Figura 3-34 - Gerador composto shunt longo e shunt curto

48
3.16 Motores de corrente contínua

Tipos de motores de corrente contínua:

Assim como os geradores de corrente contínua, os motores possuem algumas


configurações, conforme a seguir:

Figura 3-35 - motor com excitação indepente

Figura 3-36 - motor com excitação shunt

Figura 3-37 - motor com excitação série

49
Figura 3-38 - motor composto shunt longo e shunt curto

3.17 Perdas nas máquinas elétricas e rendimento

Existem basicamente dois grupos de perdas em uma máquina elétrica: o primeiro


surge em função da circulação de corrente elétrica nos enrolamentos das máquinas
e são chamadas de perdas elétricas. São perdas que ocorrem por efeito Joule
(R.I2).

O segundo grupo de perdas decorrem do movimento relativo entre campo e


núcleos, bem como os oriundos de atrito e ventilação, são as chamadas perdas
rotacionais. As perdas rotacionais são divididas em perdas mecânicas e perdas no
ferro ou no núcleo.

As perdas mecânicas são atrito nos rolamentos, atrito nas escovas e ventilação.
Essas perdas são constantes para uma velocidade constante. As perdas no ferro
ou no núcleo também são constantes para uma dada velocidade e frequência e
dependem muito do material utilizado na fabricação e da qualidade do isolamento
das chapas.

3.17.1 Perdas no ferro


Perdas por histerese:

Surge quando existe uma variação de fluxo magnético no núcleo. A perda por
histerese é uma medida da energia necessária para vencer a retentividade do ferro
no caminho do fluxo magnético.

50
𝑃ℎ = 𝐾ℎ . 𝐵 𝑥 . 𝑓. 𝑉 [𝑊]

Onde:

Kh : Constante que depende do material empregado;

Bx: densidade de fluxo magnético elevado ao expoente de Steinmetz. Para os tipos


de materiais usados, x está entre 1,8 e 2,0;

F: frequência em hz;

V: volume de ferro na máquina sujeito a variação de fluxo;

Perdas por correntes parasitas

As perdas por correntes parasitas ocorrem não apenas no núcleo, mas em


qualquer material condutivo situado no caminho do fluxo magnético.

As perdas por correntes parasitas são dadas por:

𝑃𝑒 = 𝐾𝑒. 𝑡 2 . 𝐵 2 . 𝑓 2 . 𝑉 [𝑊]

Onde:

Ke: constante para correntes parasitas que dependem do material;

t: espessura do material condutivo;

B: densidade de fluxo;

f: frequência em hertz;

V: volume do material sob efeito do fluxo

Perdas elétricas

As perdas elétricas são as que ocorrem nos enrolamentos de campo, da armadura,


queda de tensão nas escovas e reostatos quando houver.

51
Rendimento

A potência total recebida na entrada de uma máquina é igual à potência de saída


mais uma parcela de perdas. As perdas surgem na conversão de energia, se
transformando em calor na grande maioria dos casos. A relação entre a potência
de saída de um equipamento e a potência de entrada é chamada de rendimento.

𝑃𝑖𝑛 = 𝑃𝑜𝑢𝑡 + 𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠

𝑃𝑜𝑢𝑡
𝜂=
𝑃𝑖𝑛

𝑃𝑖𝑛 −𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠
𝜂= , para motores
𝑃𝑖𝑛

𝑃𝑜𝑢𝑡
𝜂= , para geradores.
𝑃𝑜𝑢𝑡 +𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠

Para determinarmos o rendimento de uma máquina cc, seja ela um motor ou um


gerador, basicamente precisamos determinar a potência de entrada (se for motor)
ou a potência de saída (se for um gerador) e somar ou diminuir as perdas
existentes. As perdas elétricas podem ser determinadas por cálculos ou por
ensaios. As perdas rotacionais normalmente são definidas a partir de ensaios.

Não importa se a máquina for um motor cc ou um gerador cc, o processo para


determinar as perdas rotacionais é o mesmo: a máquina deve ser acionada como
motor sem nenhuma carga conectada ao seu eixo. Assim, medimos a potência total
na entrada e reduzimos a parcela correspondente às perdas elétricas a vazio, o
que restar são as perdas rotacionais.

Para determinarmos as perdas rotacionais (perdas mecânicas e perdas no ferro)


colocamos o motor para funcionar a vazio aplicando em seus terminais uma tensão
igual a sua fcem.

Para determinarmos as perdas rotacionais (perdas mecânicas e perdas no ferro) de


um gerador cc, o colocamos para funcionar como motor e aplicamos em seus
terminais uma tensão igual a sua fem gerada. Lembrando que:

𝑃𝑟𝑜𝑡𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑖𝑠 = 𝑃𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 − 𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎𝑠 𝑎 𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜

52
3.17.2 Fluxo de potência no gerador de corrente contínua

Na Figura 3-39 podemos observar o fluxo de potência no gerador, considerando


suas perdas.

A potência de entrada, fornecida por uma máquina motriz (turbina, motor diesel etc)
sofre uma redução em função das perdas no ferro (histerese e correntes parasitas)
e atrito e ventilação (ventilador, atrito nas escovas e nos mancais). Deduzida essa
parcela, a chamada potência gerada é enviada pelo entreferro. Após deduzir as
perdas elétricas (perdas ôhmicas nos enrolamentos da armadura, campo, reostato
etc) temos a potência de saída.

Figura 3-39 - fluxo de potência no gerador

3.18 Fluxo de potência no motor de corrente contínua

Na Figura 3-40 podemos observar o fluxo de potência no motor, considerando suas


perdas.

A potência de entrada, fornecida pela rede (Pin=Vt.IL) sofre uma redução em função
das perdas elétricas nos enrolamentos e reostados do motor. A parcela que sobra,
vai pelo entreferro, e é chamada de potência elétrica desenvolvida na armadura
(Pm=Ec.Ia), mas antes de estar disponível no eixo do motor, ainda sofre outra
redução que são as perdas rotacionais (histerese e correntes parasitas, atrito e
ventilação).

53
Figura 3-40 - fluxo de potência no motor cc

3.19 Característica Torque, velocidade e potência

Conforme visto anteriormente, um condutor conduzindo uma corrente e imerso em


um campo magnético, sofre o efeito de uma força, dada pela regra da mão
esquerda e cujo valor é dado por 𝐹𝑐 = 𝐵. 𝑖. 𝑙 [𝑁], para cada condutor.

Obviamente, a força que cada condutor desenvolve, embora seja igual, a parcela
útil da força não é, pois depende do ângulo de movimento com o campo magnético.
No entanto, consideramos que todos os condutores estarão submetidos a uma
força média durante o percurso.

Em uma armadura, contendo Z condutores, podemos dizer que a força média que
atua sobre a armadura é 𝐹𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎 = 𝐹𝑐. 𝑍𝑎 [𝑁], sendo Fc a força por condutor e Za
os condutores ativos (sob a região polar). Essa é uma aproximação realizada,
considerando que em uma armadura comercial existem muitos pólos e poucas
regiões interpolares, conforme figura a seguir.

Figura 3-41 - corte de um motor comercial

Como o torque é a força vezes o raio da armadura, combinando as equações


acima e a geometria da armadura, podemos dizer que:

54
𝑍𝑎. 𝑃. ∅. 𝐼𝑎
𝑇= [𝑁. 𝑚]
2. 𝜋. 𝑎

onde:

ϕ: fluxo por pólo [Wb]

Ia: corrente de armadura [A]

Za: condutores ativos na armadura

P: número de pólos

a: caminhos em paralelo

Para uma máquina pronta, não há como alterar os pólos, caminhos na armadura e
número de condutores, portanto podemos escrever:

𝑇 = 𝑘𝑡. ∅. 𝐼𝑎 [𝑁. 𝑚]

Onde kt é a constante de torque do motor, que vale:

𝑍𝑎. 𝑃
𝑘𝑡 =
2. 𝜋. 𝑎

Observe que, se o valor de velocidade estiver em rad/s, a constante de torque


kt é igual a constante k’ da tensão gerada Eg.

A velocidade do motor de corrente contínua pode ser analisada observando as


equações descritas anteriormente:

𝑃. ∅. 𝑍𝑎. 𝑁
𝐹𝑐𝑒𝑚 = 𝐸𝑐 = = 𝑘. ∅. 𝑁 [𝑉]
60. 𝑎
e

𝑉𝑡 = 𝐸𝑐 + 𝑅𝑎. 𝐼𝑎

Combinando ambas, chegamos a:

𝑉𝑡 − 𝑅𝑎. 𝐼𝑎
𝑁= [𝑟𝑝𝑚]
𝑘. ∅

Esta expressão mostra que, para variar a velocidade de um motor cc, podemos
aumentar sua tensão terminal ou reduzir o fluxo. Se houver um aumento da

55
corrente de armadura em função do aumento de carga, sem aumentar a tensão
terminal, a velocidade tende a diminuir.

De acordo com a equação acima, uma redução do campo, ou supressão completa


do mesmo causa uma elevação de velocidade até o infinito. Essa afirmação deve
ser analisada com cuidado, pois a medida que o campo diminui, a corrente de
armadura deverá aumentar, pois Ec deixaria de existir. Como as fontes de
alimentação tem capacidade definida, existem sistemas de proteção e limitação de
corrente que impedem que a mesma suba indefinidamente e existe ainda a
resistência dos alimentadores, a velocidade ficará limitada, no entanto, pode ser a
valores bastante altos, suficientes para danificar o motor por atuação das forças
centrífugas.

Logo,

𝐓. 𝐍
𝐏= [𝐖]
𝟗, 𝟓𝟓

56
EXERCÍCIOS

Ex 1 - Considere o núcleo da figura abaixo, que é construído com aço fundido e


está dividido em duas partes, cada uma com N espiras. Se uma corrente de 0,8 A
produz um fluxo de 5 mWb no entreferro, qual o valor de N? Desenhe o circuito
elétrico equivalente. Resolver utilizando a curva B x H. (896 espiras)

Ex 02 – Considere o núcleo abaixo, onde o entreferro tem 1 mm e as demais


dimensões estão indicadas no desenho, todas em cm. A parte escura do núcleo é
de aço fundido (µR = 1010) e a parte clara em forma de “C” é de aço silício (µR =
5570). A bobina tem 1500 espiras e é percorrida por uma corrente de 0,68A.
Sabendo que µ0= 4π10-7H/m, determine o fluxo magnético nos entreferros.
(9,8mWb)

Vista frontal Vista lateral

57
Ex. 03 – Se um determinado condutor de 15cm for movimentado a uma
velocidade de 2m/s, em um campo magnético de 0,05Wb/m2, em um ângulo que
faz 26° com as linhas de campo, qual será a fem induzida? (6,57mV)

Ex. 04 – A tensão num condutor em movimento em um campo uniforme é 25V,


quando a velocidade é 0,6m/s. Calcule a fem quando a velocidade é aumentada
em 20% e o campo é reduzido em 10%. (27V)

Ex. 05 – Qual a tensão induzida em uma armadura que possui dois caminhos
paralelos, 360 condutores, um fluxo de 8mWb, 4 pólos e gira a 1200rpm?
(115,2V)

Ex. 06 – Qual a tensão induzida em uma armadura que possui quatro caminhos
paralelos, 220 condutores, um fluxo de 6mWb, 4 pólos e gira a 300 rad/s? (63V)

Ex. 07 – Determine a fem gerada na armadura abaixo, sabendo que o campo


possui 600 espiras (300 espiras em cada sapata), a corrente de campo é igual a
4A, o material do núcleo e da armadura tem ur =3000, a velocidade de giro é
1000 RPM, possui 400 condutores, sendo que apenas 200 estão sob a área polar
(ou seja, a área polar cobre aproximadamente 50% da armadura), o comprimento
da armadura é 40cm e o raio 20cm. A armadura possui dois caminhos paralelos.
O entreferro tem 4 mm. O comprimento da sapata polar é 10 cm cada lado.
Despreze o fluxo de dispersão e considere a área da sapata polar uniforme e
igual a 1200 cm2. O material da carcaça, por onde o fluxo irá retornar, tem
ur=1800. As demais dimensões estão indicadas no desenho. (122V)

10 cm
32 cm

5cm

58
Ex. 08 - Considere a máquina elementar da figura abaixo e seus dados:

B: 0,8Wb/m2 VB=26V l=0,5m

R=0,4 Ω r=0,125m N=250rad/s

a) A figura é um motor ou gerador? Justifique.


b) Qual a corrente de armadura?(2,5 A)

Ex. 09 – Um gerador shunt fornece 80 A nos seus terminais a uma tensão de


260V. Se a resistência da armadura vale 0,2Ω e a resistência de campo vale 65
Ω, determine a fem gerada, a potência gerada e a potência fornecida por esse
gerador. (276,8V; 23251,2W; 20800 W);

Ex. 10 – A tensão terminal de um gerador de excitação shunt é 150V, a tensão


gerada é 175V, a corrente de armadura é 25 A e a corrente de campo vale 3 A.
Desconsiderando as perdas rotacionais, qual a potência de entrada e de saída
desse gerador? Quais são as perdas elétricas? (4375 W , 3300 W, 1075 W)

Ex. 11 – Uma máquina cc tem 640 condutores na armadura e gira a 1500 RPM.
Possui 4 pólos e o enrolamento é imbricado simples. O diâmetro da armadura é
36cm e tem comprimento axial de 42 cm, seu entreferro tem 2mm. Os pólos
cobrem 80% da armadura. A tensão gerada por caminho é 110V nas condições

59
nominais, cada caminho conduz 30A e a resistência da armadura é 0,03 Ω.
Determine:

a) Fluxo por pólo e a densidade de fluxo. (0,00859 Wb e 0,0723 Wb/m2)


b) A tensão nos terminais da armadura quando a máquina operar como
gerador a plena carga. (106,4 V)
c) A tensão aplicada na armadura para desenvolver uma fcem de 110V
funcionando como motor. (113,6 V)

Ex. 12 – Um gerador shunt fornece para uma carga uma potência igual a
55200W. A tensão do gerador é 220V. A corrente de campo é igual a 12 A. Qual a
potência no eixo do equipamento motriz que aciona esse gerador, sabendo que a
resistência da armadura é 0,05 Ω e as perdas rotacionais são iguais a 1200W .
(62496 W)

Ex. 13 – Calcule a tensão terminal a plena carga de um gerador cc que tem 800
condutores, as faces polares cobrem 86% da superfície da armadura. A rotação
nominal é 1300RPM, tem 8 pólos, enrolamento imbricado simples e fluxo polar de
20mWb por pólo. A corrente nominal é 8 A por caminho e a resistência da
armadura é 0,2 Ω (285,33 V)

Ex. 14 – Determine o valor do fluxo magnético residual de uma máquina de


corrente contínua sabendo que quando ela gira a 1800RPM com corrente de
campo nula, surge uma tensão induzida de 6V. A constante k (Z.P/60.a) da
máquina em unidades do SI vale 40. (8,33.10-5 Wb)

Ex. 15 – Um enrolamento de armadura tem 360 condutores ativos e foi


desenvolvido para um estator de quatro pólos. Sabendo que a máquina gira a
2000rpm e o fluxo que atravessa o entreferro é 32mWb, determine:

a) A tensão induzida no enrolamento da armadura, vista a partir de duas


escovas adjacentes e de nomes contrários. O enrolamento é imbricado
simples. (384 V)
b) Se a armadura da máquina é projetada para suportar uma corrente de 72
A, qual a potência convertida por ela? (27648 W)

60
Ex. 16– Considere o sistema abaixo, onde um motor diesel fornece no eixo uma
potência de 100kW e aciona um gerador cc que por sua vez alimenta um motor cc,
que está movimentando uma carga a uma velocidade de 1200RPM. As perdas no
campo do gerador e do motor são 1200W e 850W respectivamente. As perdas por
atrito, ventilação e perdas no ferro para o gerador e o motor são iguais a 820W
para cada um.

Determine o torque no eixo do motor cc. (654,55 N.m)

Dados do motor cc: Dados do gerador cc:

N=1200RPM N=1500RPM

Ra = 0,08Ω Ra = 0,064 Ω

Ia = 312,5 A Ia = 312,5 A

Ia

Ia
Motor Diesel
A1 B2 A1 B2

Gerador cc Motor cc Carga

Ex. 17 - Um motor de cc tem velocidade de 1300RPM e é alimentado com 140V.


A corrente de armadura medida é 35A e a resistência de armadura é 0,3Ω.
Calcule a FCEM nesse motor. (129,5V)

Ex. 18 – Para o motor anterior, qual será sua fcem se a velocidade for aumentada
em 10% através de uma redução de 2% no fluxo magnético? (139,06V)

Ex. 19– Desenhe o enrolamento de um motor com 23 ranhuras, 4 pólos,


enrolamento imbricado.

61
Ex. 20– Repita o exercício anterior considerando agora um enrolamento
ondulado.

Ex. 21 – A velocidade de um motor cc, excitação independente, de enrolamento


ondulado simples a vazio é 1450RPM. Sabendo que o motor tem 4 pólos, 500
condutores, área sob os pólos de 80% da superfície da armadura, um fluxo total
de 100mWb, determine a velocidade na condição nominal, sem variação de fluxo,
sabendo que a tensão terminal é 500V, a resistência da armadura é 1 Ω e a
corrente na armadura é igual a 40 A. (1380 rpm)

Ex. 22 – Determine o torque no eixo um motor shunt que tem resistência de


campo de 80 Ω, tensão terminal igual a 240 V, corrente de linha de 33 A,
velocidade nominal de 1500 rpm, 4 pólos, enrolamento imbricado, resistência da
armadura de 1 Ω. As perdas rotacionais são iguais a 450 W. (37,24 N.m)

Ex. 23 – Desprezando as perdas rotacionais, determine a potência na entrada, na


saída e as perdas em um motor shunt, cuja tensão terminal é igual a 150V,
resistência de armadura igual a 0,5 Ω, resistência de campo igual a 40 Ω, que
absorve uma corrente da rede de 25A. (3750W, 2961,7W, 788,28W)

Ex. 24 – Um motor shunt tem resistência da armadura de 0,2 Ω e resistência de


campo igual a 60 Ω. A corrente nominal é de 65 A. Se a tensão terminal aplicada
é igual a 240V, determine as perdas rotacionais desse motor (perdas no ferro +
perdas por atrito e ventilação), sabendo que a potência no eixo é de 13395,8 W.
(500 W)

Ex. 25 – Determine o rendimento a plena carga de um gerador de corrente


contínua tipo shunt de 20 kW, 200 V, 1800rpm, sabendo que, funcionando como
motor e operando a vazio, com uma tensão terminal de 208,2 V sua corrente de
armadura é igual a 6 A. A resistência da armadura é igual a 0,08 Ω e a resistência
do circuito de campo é 80 Ω. (88,55%)

62
Ex- 26 – Determine no exercício anterior, o rendimento quando o gerador estiver
a meia carga, e a ¾ de carga. (83,63% e 87,11%)

Ex. 27 – O torque no eixo de um motor de corrente continua tipo shunt é de


45N.m. Sabendo que o motor gira a 1760rpm quando está na carga nominal, sua
tensão de alimentação é igual a 200V e a resistência de campo vale 100Ω,
determine a resistência da armadura. As perdas rotacionais são iguais a 300 W e
o rendimento é 91,134%. (0,056 ohm)

Ex. 28 – Um motor cc de excitação independente tem 4 pólos, enrolamento


imbricado simples, com 540 condutores na armadura, um fluxo de 8mWb por pólo,
uma corrente de armadura de 15A e a resistência de armadura é igual a 1,2 Ω.

a) Qual o torque desse motor? ( 10,31 N.m)


b) Qual a rotação desse motor se o mesmo for alimentado com 100V e
mantida a corrente e o fluxo? (1138 rpm)

Ex. 29 – Uma máquina cc de excitação independente, 25kW e 125V, opera com


velocidade constante de 3000RPM e uma corrente de campo constante tal que a
tensão de armadura em circuito aberto seja de 125V. A resistência de armadura é
0,02 Ω. Nessas condições, calcule a potência no eixo quando a tensão terminal for
de 128V, operando como motor. As perdas rotacionais são 280 W. (18470 W)

Ex. 30 – Um gerador cc de 130V (tensão terminal) é construído com 360


condutores, divididos em 4 caminhos paralelos. O gerador tem 4 pólos e gira a
1200RPM. A corrente na armadura é 20A e a resistência da armadura é 0,2Ω.
Determine:

a) A fem gerada em cada condutor. (1,49 V/cond)


b) O fluxo por pólo. (18,6 mWb)

63
4. MÁQUINAS SÍNCRONAS

O nome síncrono representa uma ligação com o tempo (Cronos), ou seja, uma
máquina síncrona, seja ela um motor ou um gerador gira sempre em sincronismo
com a rede que a alimenta, ou seja, não há diferença de velocidade entre o campo
girante do estator e a rotação do rotor. Na geração de energia, as máquinas
síncronas representam a grande maioria no mercado hoje. Sua construção
relativamente simples aliada à sua robustez fazem dela uma máquina de grande
importância.

4.1 Princípio de funcionamento

A lei de Faraday, vista anteriormente, é novamente aplicada na máquina síncrona.


Uma vez que a espira está se movimentando e cortando as linhas de campo dos
pólos, uma fem induzida aparece em seus terminais. Se agora, o comutador da
máquina cc for substituído um conjunto de anéis coletores, a tensão fornecida para
a carga será alternada.

Figura 4-1 – espira girando em um campo magnético com anéis coletores

A velocidade da máquina, a frequência e o número de pólos estão relacionados


pela seguinte equação:

120. 𝑓
𝑁=
𝑝

Onde:

N: rotação síncrona

64
f: frequência

p: número de pólos da máquina.

Como o que gera a fem é o movimento relativo entre campo e espira, na máquina
síncrona, a parte girante é o campo e a armadura fica no estator, sendo portanto
estacionária.

Montando na armadura três enrolamentos, deslocados fisicamente 120° um do


outro e girando em seu interior o campo, surge nos terminais uma tensão trifásica
induzida, com 120° de defasagem entre as fases.

Figura 4-2 . enrolamento de campo e enrolamentos da armadura

Figura 4-3 - forma de onda trifásica gerada

65
4.2 Tensão gerada por fase

Da mesma forma que a máquina de corrente contínua, a tensão média gerada por
fase em uma máquina síncrona é dada por

𝐸𝑚é𝑑 = 4. ∅. 𝑛 [𝑉]

No entanto, considerando que a rotação em rps n é a mesma coisa que a


frequência e que a tensão terá um valor maior se houver espiras em série, a tensão
média é dada por:

𝐸𝑚é𝑑 = 4. ∅. 𝑓. 𝑁𝑒. 𝑘𝑝. 𝑘𝑑 [𝑉]

Onde:

∅: fluxo por pólo [Wb]

f: frequência [Hz]

Ne: número de espiras ligadas em série por fase

Kp: fator de passo

Kd: fator de distribuição

A relação entre a tensão média e a tensão eficaz é a seguinte:

𝑉𝑒𝑓𝑖𝑐𝑎𝑧 = 1,11. 𝑉𝑚é𝑑𝑖𝑜

Logo, podemos dizer que a tensão eficaz gerada por fase em uma máquina
síncrona é:

𝐸𝑒𝑓 = 4,44. ∅. 𝑓. 𝑁𝑒. 𝑘𝑝. 𝑘𝑑 [𝑉]

Na equação acima surgiram dois novos termos, kp e kd. Esses fatores são
chamados de fator de passo e fator de distribuição respectivamente. É bastante
comum que a máquina síncrona tenha seus enrolamentos fabricados com passos
diferentes do passo pleno, ou seja, são máquinas de passo fracionário. A grande
vantagem para esse caso é que é possível reduzir as harmônicas geradas em
função da não linearidade da região de entreferro. Ou seja, o fluxo no entreferro

66
distorce a forma de onda, mas com algum cuidado construtivo, anulamos ou
minimizamos muito esse efeito.

4.2.1 Fator de passo kp


Por definição, o fator de passo é a relação entre a soma fasorial da tensão
resultante induzida em uma espira divido pela soma aritmética das tensões
induzidas nos dois lados da espira. Analisando a figura abaixo, fica claro que, se a
máquina fosse construída com passo inteiro, o fator de passo seria unitário.

Figura 4-4 -fem da espira para uma espira de passo inteiro ou pleno

No entanto, se a espira tiver o passo encurtado, como na figura 4-5, a soma


aritmética das tensões induzidas em cada lado é maior que a tensão resultante.

Figura 4-5 - fem da espira com passo encurtado ou fracionário

Uma outra maneira de visualizar o fator de passo é observando a Figura 4-6, nela
podemos observar uma espira encurtada comparada com uma espira de passo
inteiro.

67
Figura 4-6 - espira de passo fracionário

Conforme citado anteriormente, o fator de passo é dado por pela relação entre a
tensão resultante na espira e a soma aritmética das tensões induzidas nos dois
lados da espira, ou seja:

𝐸𝑐 𝑠𝑜𝑚𝑎 𝑓𝑎𝑠𝑜𝑟𝑖𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑖𝑛𝑑𝑢𝑧𝑖𝑑𝑎 𝑛𝑎 𝑒𝑠𝑝𝑖𝑟𝑎


𝑘𝑝 = =
2𝐸𝑅 𝑠𝑜𝑚𝑎 𝑎𝑟𝑖𝑡𝑚é𝑡𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑎𝑠 𝑡𝑒𝑛𝑠õ𝑒𝑠 𝑖𝑛𝑑𝑢𝑧𝑖𝑑𝑎𝑠 𝑛𝑜𝑠 𝑑𝑜𝑖𝑠 𝑙𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑝𝑖𝑟𝑎

Dos gráficos mostrados na figura 4-6 podemos deduzir o fator de passo:

𝜃𝑒𝑙
𝑘𝑝 = 𝑠𝑒𝑛( )
2

Sendo θel o ângulo elétrico que a espira abrange.

4.2.2 Fator de distribuição kd


Fisicamente, os enrolamentos devem ser distribuídos ao longo da armadura, pois
não seria possível concentrá-los em duas ranhuras por fase. Essa distribuição
acaba gerando um fator que reduz um pouco a tensão resultante, uma vez que os
polos passam pelas espiras em tempos diferentes. A dedução do fator de
distribuição será feita para a onda fundamental, analisando uma fase de uma

68
máquina trifásica de dois polos, camada simples e quatro bobinas. Em seguida
será expandido para uma máquina com n bobinas.

A Figura 4-7 mostra um enrolamento de 4 bobinas no momento em que a tensão


líquida é igual a zero.

Figura 4-7 - enrolamento distribuído em relação ao fluxo de campo, no momento de tensão igual a zero

A tensão líquida ou resultante no enrolamento é zero, entanto, as tensões


individuais não são. O fator de distribuição é definido pela relação entre a soma
fasorial das fem induzidas na bobinas por fase e a soma aritmética das fem
induzidas nas bobinas por fase. As tensões individuais e a resultante da Figura 4-7
pode ser mostrada na Figura 4-8:

Figura 4-8 - determinação do fator de distribuição

69
𝑠𝑜𝑚𝑎 𝑓𝑎𝑠𝑜𝑟𝑖𝑎𝑙 𝑑𝑎𝑠 𝑓𝑒𝑚 𝑖𝑛𝑑𝑢𝑧𝑖𝑑𝑎𝑠 𝑛𝑎𝑠 𝑏𝑜𝑏𝑖𝑛𝑎𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑓𝑎𝑠𝑒
𝑘𝑑 =
𝑠𝑜𝑚𝑎 𝑎𝑟𝑖𝑡𝑚é𝑡𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑎𝑠 𝑓𝑒𝑚 𝑖𝑛𝑑𝑢𝑧𝑖𝑑𝑎𝑠 𝑛𝑎𝑠 𝑏𝑜𝑏𝑖𝑛𝑎𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑓𝑎𝑠𝑒

Logo, a partir da Figura 4-8 podemos deduzir que:

𝛽
𝑠𝑒𝑛(𝑄 2 )
𝑘𝑑 =
𝛽
𝑄𝑠𝑒𝑛( 2 )

4.2.3 Efeito do fator de passo e fator de distribuição na forma de onda


O fator de passo kp e o fator de distribuição kd auxiliam na melhoria da forma de
onda, uma vez que reduzem drasticamente os efeitos das harmônicas que
distorcem a forma de onda. A alta relutância do entreferro faz com que a forma de
onda do fluxo fique conforme a Figura 4-9:

Figura 4-9 - forma de onda do fluxo no entreferro

Essa forma de onda é bastante rica em harmônicas de ordem impar e seu valor
instantâneo pode ser representado por uma série de Fourier, ficando com a
seguinte expressão:

𝐸𝑚𝑎𝑥 𝐸𝑚𝑎𝑥 𝐸𝑚𝑎𝑥


𝑒 = 𝐸𝑚𝑎𝑥. 𝑠𝑒𝑛𝜔𝑡 + . 𝑠𝑒𝑛(3𝜔𝑡) + . 𝑠𝑒𝑛(5𝜔𝑡) + ⋯ + . 𝑠𝑒𝑛(𝑛𝜔𝑡)
3 5 𝑛

Figura 4-10 - representação fasorial das tensões instantâneas com passo fracionário

70
Qualquer harmônica pode ser eliminada se o passo da bobina for adequadamente
escolhido, ou seja, para eliminar totalmente uma harmônica de ordem n, devemos
ter o passo de bobina reduzido em 1/n.

O efeito dos enrolamentos distribuídos pode ser verificado analisando a figura


abaixo. A fem terá a mesma forma de onda do fluxo, uma vez que é gerada em
função dele. No entanto, como as bobinas estão defasadas de um ângulo α, a fem
resultante será a soma fasorial das fem individuais, ou seja, apesar da fem de cada
bobina ter uma forma de onda “quadrada”, a fem resultante será senoidal.

Figura 4-11- Efeito dos enrolamentos distribuídos na forma de onda.

4.3 Construção da máquina síncrona

A máquina síncrona pode ser construída de duas formas: campo fixo ou campo
móvel. Na indústria e na área de geração de energia, predomina a construção do
segundo tipo, ou seja, campo móvel e armadura fixa, diferindo da construção da
máquina de corrente contínua.

71
4.3.1 Características construtivas
Na Figura 4-12 vemos um corte de uma máquina síncrona mostrando suas
principais partes. Conforme pode ser verificado, a máquina em questão é de pólos
salientes, 4 pólos, com anel coletor.

Nas sapatas polares estão os enrolamentos do campo, responsáveis por criar uma
fmm no entreferro. A corrente de campo é controlada por um sistema externo,
chamado sistema de excitação.

Figura 4-12 - máquina síncrona de pólos salientes

Estator: Composto por chapas laminadas, dotadas de ranhuras axiais onde são
inseridos os condutores da armadura. As chapas são de alta permeabilidade
magnética para proporcionar um caminho de baixa relutância ao fluxo magnético,
concentrando o mesmo no entreferro.

Rotor: Formado por chapas laminadas, normalmente do mesmo material do


estator. O rotor pode ser de dois tipos: rotor de pólos salientes e rotor de pólos
lisos. Para máquinas de alta rotação são utilizados os rotores de pólos lisos e para
máquinas de baixa rotação, os rotores de pólos salientes. No rotor estão então
alojados os enrolamentos de campo e o enrolamento amortecedor. O enrolamento
amortecedor tem a finalidade de dar estabilidade para a máquina sob condições
transitórias. Também é um dispositivo de partida para motores síncronos, uma vez
que motores síncronos não tem torque de partida, o enrolamento amortecedor tem
a mesma função da gaiola de esquilo dos motores de indução.

72
Figura 4-13 - enrolamento amortecedor contínuo e separado

Conjunto de escovas e anéis coletores: Tem por função conectar o enrolamento


de campo com a fonte cc externa, responsável pela excitação da máquina.

Figura 4-14 - Anéis coletores de uma máquina síncrona

73
4.4 Reação da armadura em máquinas síncronas

Nas máquinas de cc a reação da armadura tem um efeito de distorção do fluxo


principal, no caso de máquinas síncronas, em função da forma senoidal da corrente
e da influência da carga.

De acordo com o fator de potência da carga, a reação da armadura poder gerar


uma componente que enfraquece, distorce ou aumenta o fluxo resultante.

a) Corrente em fase com a tensão

Figura 4-15 - Diagrama fasorial para uma máquina com fator de potência unitário

b) Corrente atrasada da tensão

Figura 4-16 - fator de potência indutivo

74
c) Corrente adiantada da tensão

Figura 4-17 - fator de potência capacitivo

Como visto anteriormente, para uma carga resistiva, o fluxo de reação da armadura
distorce o fluxo principal, para uma carga indutiva o fluxo de reação da armadura
opõe-se ao fluxo principal, causando uma desmagnetização e para uma carga
capacitiva o fluxo é adicionado ao principal, causando uma elevação na tensão
terminal.

A situação mais habitual é uma carga com fator de potência intermediário, ou seja,
indutivo na maioria dos casos ou capacitivo, mas raramente uma única. A figura 4-
18 mostra a distribuição de fluxo para uma carga genérica.

Figura 4-18 - fluxo de reação da armadura em dois eixo

75
A corrente de armadura pode ser decomposta em dois eixos, eixo direto e eixo em
quadratura. Portanto, o fluxo de reação da armadura, que é gerado pela corrente
de armadura também pode ser decomposto em dois eixos.

4.5 Circuito equivalente do gerador síncrono

Na figura 4-18 podemos ver o circuito equivalente do gerador síncrono trifásico e


monofásico. Ambos são bastante parecidos.

Figura 4-19 - Circuito equivalente de um gerador síncrono

𝑉𝑓̇ = 𝐸𝑔𝑓 − 𝐼𝑎𝑅𝑎 ̇ ̇ 𝑗𝑋𝑎) ± 𝐸𝑎𝑟


̇ − 𝐼𝑎( ̇

Onde:

Vf: é a tensão nos terminais por fase

Egf: é a tensão gerada por fase

Ia.Ra: é a queda de tensão no enrolamento da armadura, por fase

Ia(jXa): é a queda de tensão na reatância do enrolamento da armadura

Ear: é o efeito da reação da armadura, que pode ser magnetizante direta,


transversal ou desmagnetizante, dependendo do fator de potencia.

4.5.1 Relações de tensão para diferentes fatores de potência da carga


Carga com fator de potência unitário:

76
Para fator de potência unitário a corrente de armadura está em fase com a
tensão terminal, a queda de tensão na resistência da armadura também está
em fase com a corrente de armadura. A queda de tensão na reatância da
armadura está 90°adiantada, já que a corrente deve se atrasar 90° da tensão.
A queda de tensão devido a reação da armadura se adianta em relação à
corrente de armadura de 90°, ficando em fase com a queda de tensão na
reatância da armadura Xa.Ia.

Figura 4-20 - fator de potência unitário

𝐸𝑔𝑓 = (𝑉𝑓 + 𝑅𝑎. 𝐼𝑎) + 𝑗(𝐼𝑎. 𝑋𝑎 + 𝐸𝑎𝑟)

Carga com fator de potência indutivo:

A queda de tensão na resistência da armadura continua em fase com a


corrente de armadura e a queda de tensão em quadratura, ou seja, as quedas
de tensão na reatância e devido ao efeito de reação da armadura ficam 90°
adiantadas em relação à corrente de armadura, pois a corrente deve estar 90°
atrasada da tensão.

77
Figura 4-21- -fator de potência indutivo

𝐸𝑔𝑓 = (𝑉𝑓. 𝑐𝑜𝑠𝜃 + 𝑅𝑎. 𝐼𝑎) + 𝑗(𝑣𝑓. 𝑠𝑒𝑛𝜃 + 𝑋𝑎. 𝐼𝑎 + 𝐸𝑎𝑟)

Carga com fator de potência capacitivo:

Para uma carga capacitiva, a corrente estará adiantada da tensão terminal, a


queda de tensão na resistência de armadura fica em fase com a corrente e a
queda de tensão na reatância e devido ao efeito de reação da armadura ficam
90° adiantadas da corrente de armadura.

Figura 4-22- cargas com fator de potencia capacitivo

𝐸𝑔𝑓 = (𝑣𝑓𝑐𝑜𝑠𝜃 + 𝑅𝑎. 𝐼𝑎) + 𝑗(𝑉𝑓. 𝑠𝑒𝑛𝜃 − 𝑋𝑎. 𝐼𝑎 − 𝐸𝑎𝑟)

Reatância Síncrona

Conforme pode ser observado nas figuras anteriores, em todos os casos, a queda
de tensão devido ao efeito de reação da armadura está em fase com a queda de
tensão da reatância da armadura.

Esse efeito somado recebe o nome de queda de tensão na reatância síncrona, Xs,
e a queda de tensão Ia.Xa+Ear passa a ser Ia.Xs, onde Xs é a reatância síncrona
da máquina.

4.5.2 Regulação de tensão

A tensão terminal em um gerador síncrono sofre um efeito significativo da carga,


dependendo do seu valor e do seu fator de potência. A figura abaixo mostra o
quanto cai (ou aumenta) a tensão terminal de um gerador síncrono em função da

78
carga. A compensação do efeito de reação da armadura para máquinas ca é
bastante complexa e sem o sucesso esperado. Devido a isso, esses fatores não
são utilizados e o gerador é dotado de um sistema externo, chamado sistema de
excitação, que mantem a tensão terminal em seus valores nominais.

A regulação de tensão é a relação entre a tensão em vazio e a tensão nominal,


sem a correção do sistema de excitação.

Figura 4-23- regulação em função do fator de potência da carga

4.5.3 Reatâncias da máquina síncrona

4.5.4 Reatâncias de reação da armadura


Conforme foi visto no item 4.4 a reação da armadura causa quedas de tensão na
tensão gerada. Decompondo a corrente de armadura em dois eixos, eixo direto e
eixo em quadratura, existem então as quedas de tensão no eixo direto e no eixo
em quadratura.

As quedas de tensão em cada um dos eixos são dadas por:

̇
∆𝑈𝑎𝑑 = 𝑗𝑋𝑎𝑑. 𝐼𝑑̇

̇
∆𝑈𝑎𝑞 = 𝑗𝑋𝑎𝑞. 𝐼𝑞̇

Onde, ΔUad e ΔUaq são as quedas de tensão devido à reação da armadura nos
eixos d e q;

79
Xad e Xaq são as reatâncias de reação da armadura nos eixos d e q;

Logo, a queda de tensão total devido a reação da armadura é:

̇
∆𝑈̇𝑎 = 𝑗𝑋𝑎𝑑. 𝐼𝑑 + 𝑗𝑋𝑎𝑞. 𝐼𝑞̇

4.5.5 Reatâncias de dispersão


A corrente elétrica, circulando pela armadura cria uma fluxo. Esse fluxo é o
responsável pela reação da armadura, mas há também uma parcela que é
extraviada. Como ao redor dos condutores existe um material de baixa relutância, o
fluxo de dispersão torna-se bastante acentuado.

Dessa forma, a queda de tensão devido ao fluxo de dispersão, ΔU disp é igual ao


produto da corrente de armadura pela reatância de dispersão, Xdisp, ou seja:

̇
∆𝑈̇𝑑𝑖𝑠𝑝 = 𝑗𝑋𝑑𝑖𝑠𝑝(𝐼𝑑 +̇ 𝐼𝑞)
̇

4.5.6 Reatâncias de eixo direto e em quadratura


Por definição, a reatância síncrona de eixo direto de uma máquina Xd e a reatância
de eixo em quadratura Xq são iguais a :

𝑋𝑑 = 𝑋𝑎𝑑 + 𝑋𝑑𝑖𝑠𝑝

𝑋𝑞 = 𝑋𝑎𝑞 + 𝑋𝑑𝑖𝑠𝑝

Para máquinas de pólos lisos, as reatâncias de eixo direto e de eixo em quadratura


são iguais, uma vez que os pólos são uniformes, não havendo diferentes caminhos
para o fluxo. Nas máquinas de pólos salientes, o fluxo possui dois caminhos, um
pelo eixo direto e outro pelo eixo em quadratura. A relutância pelo caminho do eixo
em quadratura é maior do que a do eixo direto, logo a influencia da reação de
armadura no eixo em quadratura é menor, por isso conclui-se que:

Para máquinas de pólos lisos: 𝑋𝑑 = 𝑋𝑞 = 𝑋𝑠

Para máquinas de pólos salientes: 𝑋𝑑 > 𝑋𝑞

80
Figura 4-24- máquina de pólos salientes

4.6 Grandezas em pu (por unidade)

O sistema "por unidade", ou sistema p.u., consiste na definição de valores de base


para as grandezas (tensão, corrente, potência, etc.), seguida da substituição dos
valores das variáveis e constantes (expressas no Sistema Internacional de
Unidades) pelas suas relações com os valores de base pré-definidos. Para uma
grandeza G o valor em p.u. numa base Gb obtém-se então através da expressão
Gpu=G/Gb.

Exemplo 1:

Numa base de corrente Ib=50 A, a corrente I=30 A terá o valor Ipu = I/Ib = 30/50 =
0,6 pu. Os cálculos serão realizados no sistema p.u., e os resultados finais
novamente convertidos para o S.I. através de G=Gpu.Gb, ou seja, multiplicando o
valor em p.u. pelo valor da base.

Bases

Dadas as relações existentes entre as unidades, só poderão definir-se duas bases


independentes, a partir das quais se calculam todas as outras. Num sistema de
energia, definem-se vulgarmente como bases independentes a potência aparente

81
total Sb para o sistema e a tensão composta Vb num barramento determinado. A
partir desses valores, definem-se as bases de potência por fase (Sb/3) e de tensão
simples (𝑉𝑏/√3), e também as bases para a potência ativa e reativa,
numericamente iguais à base de potência aparente. Por sua vez, as bases de
impedância e corrente calculam-se através das expressões:

𝑉𝑏 2 𝑆𝑏
𝑍𝑏 = 𝐼𝑏 =
𝑆𝑏 √3.𝑉𝑏

Numa rede com vários níveis de tensão, cujas zonas são definidas pelos
transformadores existentes, haverá uma base de tensão para cada zona, sendo
conveniente que as relações entre as bases de zonas adjacentes sejam iguais às
relações de transformação dos transformadores que as ligam (nessa hipótese, os
transformadores terão, em p.u., uma relação de transformação 1:1, o que é
extremamente cómodo). As bases de impedância e corrente serão também
diferentes em cada zona, como é óbvio. Numa rede complexa, o procedimento a
seguir para a definição das bases será o seguinte:

(a) Definir a base de potência total Sb para todo o sistema;

(b) Identificar as diferentes zonas de tensão;

(c) Definir a base de tensão composta Vb1 para uma das zonas de tensão
(designada arbitrariamente por zona 1);

(d) Em cada zona k ainda sem base definida, que esteja ligada a uma zona com
base Vbi através de um transformador 1 com razão de transformação Vi /Vk, definir
como base a tensão Vbk = (Vk/Vi).Vbi;

(e) Calcular as bases de impedância e de corrente para cada zona, a partir das
bases de potência e de tensão.

Definidas as bases, todos os dados fornecidos no S.I. devem ser convertidos para
p.u. No que respeita às características das máquinas (transformadores, geradores,
etc.), os dados são fornecidos geralmente em valores percentuais, referidos aos
valores nominais de potência e tensão da máquina. A compatibilização desses
valores com as bases definidas para a rede em estudo requer uma mudança de
base, cuja mecânica é descrita no ponto seguinte.

82
Mudança de base

A alteração das bases definidas para um elemento do sistema ou para uma rede
ocasiona, obviamente, a modificação dos valores em p.u. para as diversas
grandezas, com especial ênfase para as impedâncias. Supondo que se pretende
passar das bases {𝑆𝑏0 , 𝑉𝑏0 } em relação às quais uma certa impedância tem o valor
0
𝑍𝑝𝑢 para as bases {𝑆𝑏1 , 𝑉𝑏1 }, o novo valor da impedância (em p.u.) passará a ser:

1 0
𝑆𝑏1 𝑉𝑏0 2
𝑍𝑝𝑢 = 𝑍𝑝𝑢 . .( )
𝑆𝑏0 𝑉𝑏1

Uma aplicação imediata da expressão anterior é a transformação dos valores das


características das máquinas eléctricas, habitualmente dados em percentagem dos
valores nominais da máquina, para valores em p.u. nas bases do sistema.

4.7 Determinação da reatância síncrona de eixo direto a partir dos ensaios a


vazio e de curto circuito

A reatância síncrona de eixo direto pode ser determinada a partir dos ensaios de
saturação a vazio e de curto circuito.

4.7.1 Ensaio de saturação a vazio:


Para esse ensaio, a máquina deve ser acionada na velocidade nominal e a
corrente de excitação dever ser gradualmente aumentada e anotados os valores de
tensão de fase e corrente de excitação até o momento de saturação da máquina.

83
Figura 4-25- curva de saturação em vazio

4.7.2 Ensaio de curto circuito:


Para esse ensaio, a máquina deve ser acionada na velocidade nominal e osseus
terminais devem ser curto-circuitados. Com uma fonte de excitação externa, de
forma gradual, a corrente de excitação deve ser elevada e a corrente de fase deve
ser medida e plotada em um gráfico. Como a tensão será muito baixa, apenas o
suficiente para vencer a impedância da máquina, a corrente de curto circuito varia
diretamente proporcional a tensão aplicada e a corrente de excitação.

Figura 4-26 - curva de curto circuito

84
4.7.3 Determinação da reatância da máquina
A reatância síncrona Xs é determinada plotando as duas curvas anteriores no
mesmo gráfico. Lembrando que 𝐸̇ 𝑔𝑓 = 𝑉𝑓̇ + 𝐼𝑎̇. 𝑍𝑠 e durante o ensaio de curto
𝐸𝑔𝑓
temos que Vf=0, dizemos que 𝐸̇ 𝑔𝑓 = 𝐼𝑎̇. 𝑍𝑠, portanto, 𝑍𝑠 = 𝐼𝑎 .

Figura 4-27 - Curvas de saturação e curto circuito

A resistência, necessária para a determinação da impedância, é determinada


através da medição da resistência ôhmica do enrolamento da armadura.

Com o valor da resistência R e da impedância síncrona, determinamos o valor de


Xs. Na prática, R<<Xs, sendo portanto, bastante comum que seu valor seja
desconsiderado.

4.8 Determinação de potência dos geradores síncronos

4.8.1 Gerador de pólos lisos

Para um gerador de pólos lisos, o diagrama fasorial por fase está representado 4-
28, desconsiderando a resistência de armadura. O ângulo θ representa o ângulo de
fator de potência da carga e o ângulo δ representa o ângulo de carga. Para esse
gerador, a potência por fase é dada por:

85
𝐸𝑔𝑓. 𝑉𝑡𝑓
𝑃1∅ = . 𝑠𝑒𝑛𝜕
𝑋𝑠

Para a potência total, basta utilizar os valores de linha:

𝐸𝑔. 𝑉𝑡
𝑃3∅ = . 𝑠𝑒𝑛𝜕
𝑋𝑠

Figura 4-28 -diagrama fasorial de um gerador de pólos lisos

O ângulo de carga está associado à geração de potencia ativa pela máquina, ou


seja, se o ângulo de carga for zero, não há geração de potencia ativa. Também
observamos que a potência varia de forma senoidal com o ângulo de carga, tendo
o valor máximo para δ=90°.

Figura 4-29 - Curva de potência em função do ângulo de carga

86
4.8.2 Gerador de pólos salientes

Para um gerador de pólos salientes, o diagrama fasorial por fase está representado
4-30, desconsiderando a resistência de armadura. O ângulo θ representa o ângulo
de fator de potência da carga e o ângulo δ representa o ângulo de carga. Para esse
gerador, a potência por fase é dada por:

𝐸𝑔𝑓. 𝑉𝑡𝑓 𝑉𝑡𝑓 2 1 1


𝑃1∅ = . 𝑠𝑒𝑛𝜕 + . 𝑠𝑒𝑛2𝜕( − )
𝑋𝑑 2 𝑥𝑞 𝑥𝑑

A potência total pode ser determinada utilizando os valores de linha:

𝐸𝑔. 𝑉𝑡 𝑉𝑡 2 1 1
𝑃3∅ = . 𝑠𝑒𝑛𝜕 + . 𝑠𝑒𝑛2𝜕( − )
𝑋𝑑 2 𝑥𝑞 𝑥𝑑

Figura 4-30 - diagrama fasorial do gerador de pólos salientes

87
4.9 Sistemas de Excitação

Os sistemas de excitação compreendem os dispositivos necessários para manter a


tensão terminal da máquina constante, aumentar seus limites de estabilidade e
controlar o fluxo de potência reativa.

Como foi visto anteriormente, a regulação de uma máquina síncrona em geral é


bastante ruim, sendo então necessário um sistema externo que corrija a tensão
terminal.

Os reguladores automáticos de tensão AVR (Automatic Voltage Regulator) são os


dispositivos que fazem a comparação do valor terminal de tensão com um valor de
referência dado pelo operador e em função dessa diferença, geram um sinal de
erro, que, através de um PID controlam o ângulo de disparo de uma ponte de
tiristores, retificando uma tensão e enviando então, corrente contínua para o rotor
da máquina, de forma a elevar ou reduzir a tensão terminal.

Para motores síncronos, a tensão terminal é a própria tensão de alimentação da


rede, logo, o sinal controlado pelo regulador passa a ser outro, por exemplo, o
ângulo de carga do motor. A figura 4-31 mostra um painel de um AVR de dois
canais, na esquerda ficam disjuntores, fontes de alimentação, módulos de entrada
e saída digitais e nos dois compartimentos seguintes, os módulos de controle e as
pontes retificadoras.

Figura 4-31 - painel de um regulador automático de tensão de dois canais.

88
Abaixo, vemos uma configuração genérica de um sistema de excitação de uma
máquina síncrona.

Figura 4-32 - Sistema de excitação

4.9.1 Tipos de Sistemas de excitação


Excitatriz rotativa (brushless)

Esse tipo se aplica a máquinas que não possuem escovas, no eixo, existe um
gerador ca auxiliar, onde o campo desse gerador auxiliar é alimentado pelo sistema
de excitação, induz uma tensão trifásica na armadura do gerador auxiliar e essa
tensão trifásica é então retificada nos diodos rotativos que ficam na entrada do
campo da máquina.

Figura 4-33 - sistema de excitação brushless ou rotativa

89
Figura 4-34 - Vista mostrando os diodos rotativos

Abaixo, vemos uma máquina com excitação brushless mostrando suas partes
principais.

Figura 4-35 - máquina Toshiba e suas principais partes.

90
Excitatriz estática

Máquinas com sistema de excitatriz estáticas são aquelas em que a saída cc do


sistema de excitação alimenta diretamente o campo da máquina, através das
escovas. Máquinas com excitatrizes estáticas respondem mais rapidamente a
distúrbios de tensão do que as máquinas com excitatriz rotativa.

Figura 4-36 _ esquema de excitação estática

4.10 Curva de capabilidade

As curvas de capabilidade são planos P x Q que delimitam com segurança a área


de operação de uma máquina síncrona. Nela são mostrados os pontos em que a
máquina pode operar, bem como os limites de operação. São traçadas a partir do
diagrama fasorial da máquina.

Durante a operação normal da máquina, fatores como aquecimento dos


enrolamentos, aquecimento do ferro, aquecimento dos mancais, ângulo de carga
que permita um funcionamento estável, nível de corrente de excitação mínima
necessária para manter a máquina em sincronismo.

A curva de capabilidade tem origem no digrama fasorial da máquina e normalmente


é criada em pu (sistema por unidade). O fabricante fornece a curva para alguns
valores pré-determinados de tensão, normalmente 0,95 pu, 1 pu e 1,05 pu, tendo
em vista que a curva muda conforme a tensão do sistema.

91
Na curva de capabilidade são indicados os limites operacionais da máquina. A
maioria destes limites são controlados pelo regulador de tensão, que aumenta ou
reduz a excitação do campo da máquina de acordo com o ponto de operação da
mesma.

Figura 4-37 _ curva de capabilidade mostrando os limites

Na figura 4-38 temos uma curva de capabilidade onde podemos verificar os limites
existentes. Os limites para cada trecho estão listados abaixo:

Trecho AB: limitador de corrente de excitação Iexcmáx;

Trecho BC: limitador de corrente de armadura Ia;

Trecho CD: limitador mecânico, imposto pela máquina primária;

Trecho DE: limitador de corrente de armadura Ia;

Trecho EF: limitador de estabilidade prático;

Trecho FG: limitador de corrente mínima de excitação Iexcmín .

Vale lembrar que os limites de corrente de excitação máximo e máxima corrente de


armadura estão ligados a fatores térmicos, portanto não precisam ser de rápida
atuação, diferente dos limitadores de estabilidade e de corrente mínima de
excitação, pois suas atuações devem ser o mais rápido possível para evitar a perda
de sincronismo da máquina.

92
O limitador mecânico (trecho CD) não depende do regulador de tensão, depende
apenas da capacidade da máquina motriz que aciona o gerador.

4.10.1 Outras curvas importantes


Além da curva de capabilidade, outras curvas também são utilizadas para definir
uma máquina e sua operação.

A característica externa da máquina mostra o efeito da reação da armadura em


uma máquina, considerando a frequência e a corrente de excitação constante.

Figura 4-38 _ característica externa

A característica de regulação mostra a relação entre a corrente de armadura e a


corrente de excitação, mantendo o fator de potência como parâmetro fixo.

Figura 4-39 _ característica de regulação

93
A corrente de excitação e a corrente de armadura podem ainda estar relacionadas
através das curvas V de uma máquina síncrona. Nessas curvas, o parâmetro é a
potência de trabalho.

Figura 4-40 - Curvas V de uma máquina síncrona

4.11 Paralelismo e divisão de carga

Para atender grandes cargas em locais cada vez mais distantes, manter as
maquinas operando dentro de seu ponto ótimo de operação e garantir maior
estabilidade ao sistema, torna-se necessário colocar fontes de geração em
paralelo. As vantagens são enormes, pois é possível programar manutenções, a
perda de uma unidade não compromete o sistema, o custo de aquisição fica
reduzido etc.

Geradores em paralelo devem estar obrigatoriamente submetidos à mesma


frequência, no entanto, máquinas de diferentes tamanhos possuem diferentes
tempos de resposta. Um conjugado sincronizante surge quando existem máquinas
em paralelo, garantindo que todas trabalhem no mesmo ponto. Para que a
operação fique estável, existem limites para esse conjugado e a operação de
reguladores de velocidade e tensão de rápida resposta a distúrbios também é
fundamental.

94
4.11.1 Condições necessárias para colocar geradores em paralelo
Para que um gerador possa entrar em paralelo com outro, ou para colocar um
gerador em paralelo com o sistema, o gerador e o sistema ou o outro gerador,
devem obrigatoriamente atender aos seguintes requisitos mínimos, que são
necessários para eliminar uma circulação alta de corrente entre os geradores:

1-devem possuir mesma forma de onda;

2-devem possuir mesma tensão;

3-devem possuir mesma frequência;

4-devem possuir o mesmo ângulo de fase e;

5-devem possuir a mesma sequência de fases.

Figura 4-41 _ formas de onda de dois geradores

Quando as condições são satisfeitas, os geradores podem ser colocados em


paralelo, ou sincronizados.

95
4.11.2 Métodos de sincronismo de geradores
Sincronizar significa colocar um gerador em paralelo com outro, ou em paralelo
com um sistema. A condição ideal para o sincronismo ocorre quando o gerador
entra no paralelo “flutuando”, ou seja, não gerando nem absorvendo nenhuma
potência. Para atender as condições de sincronismo, algumas técnicas podem ser
utilizadas.

Método da lâmpada apagada:

Consiste em ligar entre as fases iguais dos geradores uma lâmpada. Quando as
três lâmpadas estiverem apagadas, é o momento exato de fechar o disjuntor, pois
haverá a garantia de que não ocorrerá circulação de corrente expressiva entre os
geradores ou entre gerador e sistema.

Figura 4-42 _ método da lâmpada apagada

Método da lâmpada acesa:

O método da lâmpada apagada, discutido anteriormente, pode trazer dificuldades


para determinar o momento exato de fechar o disjuntor, pois as lâmpadas
permanecerão durante um intervalo de tempo apagadas. Um método alternativo é
o método da lâmpada acesa. Nesse, a idéia é similar, no entanto, o momento de
fechar o disjuntor será quando todas as lâmpadas estiverem em seu brilho máximo.

96
Figura 4-43 _ método da lâmpada acesa

Método do fogo girante:

Uma forma mais visual e fácil para o operador é através do método do fogo girante,
ou lâmpada girante. A disposição da ligação está mostrada na figura 4-44, nela,
durante o processo de sincronismo, ou seja, enquanto o operador estiver alterando
frequência para encontrar o momento exato, as lâmpadas vão se alternando,
ficando duas acesas e uma apagada, em um sentido de giro. O disjuntor deve ser
fechado quando as duas lâmpadas externas estiverem acesas e a do meio estiver
apagada.

Figura 4-44 _ método do fogo girante

Coluna de Sincronismo

Comercialmente fica difícil um processo de sincronização utilizando os métodos


descritos anteriormente, para facilitar o sincronismo, existem dispositivos que dão
maior acuidade visual. A coluna de sincronismo é composta por um sincronoscópio,
que é um dispositivo de ponteiro, que gira mostrando se o gerador está mais rápido
ou mais lento que a rede, um voltímetro duplo, que indica as tensões e um
frequencímetro duplo para comparação das frequências.

97
Figura 4-45 _ coluna de sincronismo

Sincronismo automático

Sincronizadores automáticos fazem o papel dos anteriormente vistos e ainda


enviam os sinais de comando para o regulador de tensão, o regulador de
velocidade e dão o comando de fechamento do disjuntor. Podem ser
parametrizados com os limites máximos de diferença de tensão, diferença de
frequência e diferença de ângulo de carga que podem permitir no fechamento.
Muitos ainda possuem um parâmetro que é o tempo de fechamento do disjuntor,
onde, com esse valor, o sincronizador calcula o momento exato em que as tensões
passarão por zero antes de enviar o comando, garantindo que o gerador entre em
sincronismo de forma totalmente suave.

Na figura 4-45 temos um esquema de ligação de um sincronizador automático,


comercial, onde podemos ver suas entradas e saídas, bem como o envio dos
comandos para o AVR e o regulador de velocidade.

98
Figura 4-46 _ sincronizador automático

4.11.3 Reguladores de velocidade e divisão de carga entre geradores ligados


em paralelo
Uma vez sincronizado ao sistema ou a outro gerador, é o momento de dividir a
carga entre eles. Para a divisão de carga entre geradores podemos atuar no
controle da excitação, adequando assim a potência reativa e no controle de
velocidade, atuando assim na potência ativa.

99
Vamos imaginar dois geradores em paralelo, com metade da carga para cada um e
alimentando uma carga com fator de potência unitário. Inicialmente iremos verificar
o efeito da variação de corrente de excitação nessa máquina, ou seja, não haverá
variação de potência ativa. No momento de consideração inicial, as correntes dos
dois geradores são iguais e ambos estão na mesma tensão. Se a corrente de
excitação do gerador 1 for aumentada para um novo valor, I1’, a tensão gerada irá
aumentar para o valor Eg1’, consequentemente, a tensão terminal dos dois
geradores irá alcançar um novo ponto de operação, V’, superior ao ponto anterior.

Nessa condição, o fator de potência não é mais unitário, pois houve um aumento
da potência reativa gerada, no entanto, como a carga é resistiva, essa potência
reativa gerada deverá ser absorvida por algo, no caso, será o gerador G2, que terá
então uma corrente de armadura adiantada, o que gera um efeito de magnetização
do fluxo no entreferro e consequentemente um aumento de tensão terminal.

Logo, para voltar ao ponto inicial de tensão terminal, o operador deverá ir até o
gerador G2 e reduzir sua corrente de excitação, diminuindo assim a magnetização
do entreferro e reduzindo a tensão terminal.

Figura 4-47 _ efeito da variação da corrente de campo

Antes da análise do efeito da variação da força motriz em geradores em paralelo,


vamos antes verificar os tipos de controle dos reguladores de velocidade:

100
Os reguladores de velocidade foram desenvolvidos inicialmente por James Watt,
no século XVIII. Na ocasião, a ideia principal era garantir que máquinas térmicas
operassem com velocidade constante. Nos dias atuais, os reguladores de
velocidade são responsáveis não apenas por manter a máquina operando em
condições ótimas, mas desempenham um papel fundamental no controle da
geração, bem como comportamento dinâmico da unidade geradora em resposta
aos impactos de carga que ocorrem no sistema ao qual está conectado.

Os princípios básicos desenvolvidos por Watt continuam hoje, mas claro,


aprimorados em função do desenvolvimento da tecnologia. Basicamente, um
sistema de regulação de velocidade é composto por uma parte eletrônica, que
recebe e envia sinais de controle das grandezas e uma parte hidráulica,
responsável pela movimentação das partes mais robustas da máquina, como o
distribuidor, válvulas etc.

A representação básica de um sistema de regulação de velocidade em malha


fechada é apresentada abaixo.

Figura 4-48 - Representação básica de um controle com malha fechada.

O sistema de regulação de velocidade idealizado por Watt está mostrado na figura


seguinte. Basicamente, um sistema girante massa-mola alcança um determinado
ponto de equilíbrio. Neste ponto de equilíbrio, o embolo da válvula piloto mantém
fechadas as saídas/entradas de óleo para o embolo principal. Ao perder carga, por
exemplo, a tendência é acelerar, com isso, as massas irão se afastar, fazendo com
que os pontos B, C, D e E abaixem, consequentemente, o embolo da válvula piloto
irá descer, liberando a entrada de óleo pressurizado na parte inferior do embolo
principal, fazendo o mesmo subir e reduzindo a abertura de entrada de
combustível, até um novo ponto de equilíbrio.

101
Figura 4-49 - regulador de Watt, isócrono

Os reguladores podem ser do tipo isócrono e com estatismo, ou queda de


velocidade. Na figura anterior, temos o regulador isócrono, e na Figura 4-50, o
regulador com estatismo. Nesse caso, quando a máquina perder carga e acelerar,
o ponto E irá descer, mas existe uma realimentação na haste do embolo principal,
que impedirá que ele retorne ao ponto de equilíbrio inicial, fazendo com que ele
fique equilibrado em uma outra posição.

Figura 4-50 - regulador de Watt, com estatismo

102
Na Figura 4-51 podemos ver o comportamento dos dois tipos.

Figura 4-51 _ tipos de controle de velocidade

Embora em uma primeira análise possamos imaginar que a condição ideal é que o
regulador de velocidade mantenha uma frequência constante para qualquer valor
de potência, na prática isso é interessante apenas se tivermos um gerador isolado
alimentando cargas isoladas.

Uma máquina sincronizada a um barramento infinito tem um único ponto de


operação, que deverá ser a intersecção da referência com a velocidade do sistema.
Cada mudança de referência em uma máquina corresponde a uma reta paralela ao
ponto de operação conforme a figura 4-49. O novo ponto de operação será então
definido pelo encontro das retas de velocidade do barramento infinito e a nova
referência da máquina.

Figura 4-52 _ operação de uma máquina com regulador com estatismo em paralelo com uma barra
infinita

103
Vamos observar agora o comportamento de uma máquina com regulador isócrono
quando colocada em paralelo com um barramento infinito.

Figura 4-53 _ operação de uma máquina com regulador isócrono em paralelo com um barramento
infinito

Observando o comportamento do regulador isócrono, vemos que não existe um


único ponto de intersecção, mas infinitos. Se o gerador estiver em paralelo em uma
condição extremamente estável do sistema ( o que não ocorre) o mesmo ficará
operando sem problema. Agora, assim que houver uma variação mínima na
frequência do sistema, o gerador irá tentar manter todo o sistema na sua
frequência, o que será impossível e o mesmo será desconectado da rede.

Abaixo vemos o comportamento e a divisão de carga entre dois geradores


conectados em paralelo.

Figura 4-54 _ operação e divisão de carga de dois geradores em paralelo

104
4.12 Motores Síncronos

O motor síncrono é um motor de dupla excitação, ou seja, o mesmo além da


tensão da rede também deve possuir alimentação no enrolamento de campo. Para
que possa girar, é importante que as duas grandezas – fluxo de campo e fmm na
armadura – estejam fixas uma em relação à outra, do contrário, o torque liquido
será zero e o motor não irá girar.

Considerando que na partida o rotor está estacionário e o campo girante da


armadura não, fica claro que o motor síncrono não possui torque de partida, sendo
necessário algum meio para parti-lo e em seguida sincronizar os campos.

O método mais usual é através do enrolamento amortecedor, que faz o papel de


um rotor de gaiola de esquilo, idêntico ao motor de indução. Quando a velocidade
está próxima da síncrona, excitamos o campo e ambos entram em sincronismo.

As equações de potência gerada para o gerador síncrono de pólos lisos e pólos


salientes são aplicadas também para o motor síncrono.

𝐸𝑔. 𝑉𝑡
𝑃3∅ = . 𝑠𝑒𝑛𝜕
𝑋𝑠

𝐸𝑔. 𝑉𝑡 𝑉𝑡 2 1 1
𝑃3∅ = . 𝑠𝑒𝑛𝜕 + . 𝑠𝑒𝑛2𝜕( − )
𝑋𝑑 2 𝑥𝑞 𝑥𝑑

4.12.1 Circuito equivalente e diagrama fasorial do motor síncrono


O circuito equivalente do motor síncrono é bastante semelhante ao do gerador, no
entanto, agora, a tensão terminal faz o papel de fonte, que antes era função da fem
gerada, e está em sentido contrário ao da fem, ou seja, Eg agora é uma força
contra eletromotriz.

105
Figura 4-55 _ circuito equivalente do motor síncrono

Considerando que o motor está ligado a uma barra infinita, sua tensão Vt não se
altera, fazendo uma análise de malhas, concluímos que:

𝑉𝑡̇ = 𝐸𝑔̇ + 𝑅𝑎. 𝐼𝑎̇ + 𝑗. 𝑋𝑠. 𝐼𝑎̇

O diagrama fasorial também possui semelhança com o diagrama fasorial do


gerador síncrono. No entanto, agora, a corrente flui em um sentido contrário ao
sentido da corrente em um gerador. Da equação anterior, podemos ver o diagrama
fasorial:

Figura 4-56 _ diagrama fasorial do motor síncrono

4.12.2 Torque no motor síncrono


O torque do motor síncrono é dado pela relação:

1
𝑇= . 𝑝. 𝐸𝑔. 𝐼𝑎. cos(𝐸𝑔 𝑒 𝐼𝑎)
12,56. 𝑓

106
Onde,

p: número de pólos da máquina

Eg: tensão gerada

Ia: corrente de armadura

f: frequência

Podemos ainda utilizar as equações de potência do motor síncrono e substituir na


equação anterior, uma vez que:

𝑃 = 𝐸𝑔. 𝐼𝑎. cos(𝐸𝑔 𝑒 𝐼𝑎)

Podemos substituir a potência por

𝐸𝑔. 𝑉𝑡
𝑃3∅ = . 𝑠𝑒𝑛𝜕
𝑋𝑠

Para motores de pólos lisos e

𝐸𝑔. 𝑉𝑡 𝑉𝑡 2 1 1
𝑃3∅ = . 𝑠𝑒𝑛𝜕 + . 𝑠𝑒𝑛2𝜕( − )
𝑋𝑑 2 𝑥𝑞 𝑥𝑑

Para motores de pólos salientes.

4.12.3 Utilização de motores síncronos para corrigir fator de potência


Quando o motor síncrono está operando, uma determinada potência é exigida da
rede e convertida em trabalho mecânico. No entanto, se aumentar o valor da
corrente de campo surge no entreferro uma fmm muito alta e consequentemente
uma tensão alta. Isso faz com que a corrente de armadura assuma um novo
ângulo, para produzir uma fmm desmagnetizante e restaurar no entreferro o fluxo
necessário para o funcionamento.

Logo, sempre que sobre-excitado, um motor síncrono irá solicitar uma corrente
adiantada, e essa propriedade pode ser utilizada para a correção do fator de
potência de uma instalação.

107
Um motor síncrono operando a vazio, com o único propósito de gerar reativo para
corrigir fator de potência é chamado capacitor síncrono.

5. TRANSFORMADORES MONOFÁSICOS

Um transformador é um equipamento que transfere potência entre dois circuitos


que estão magneticamente acoplados. Basicamente consta de duas bobinas
isoladas uma da outra, enroladas sobre o mesmo núcleo de um material
ferromagnético. Quando uma das bobinas é alimentada por uma tensão alternada,
é estabelecido um fluxo alternado que corta as espiras da outra bobina, induzindo
tensão de acordo com a lei de faraday.

Abaixo vemos um transformador monofásico. O lado que é energizado recebe o


nome de primário e o outro lado é o secundário.

Figura 5-1 _ transformador monofásico

A relação existente entre o fluxo total e o fluxo mútuo é chamada de coeficiente de


acoplamento, e mostra o quanto o acoplamento magnético é forte ou fraco.

𝑀
𝑘=
√𝐿1. 𝐿2

Onde:

M: indutância mútua entre as bobinas

L1:indutância do circuito primário

L2: indutância do circuito secundário

108
5.1 O transformador ideal

O transformador ideal é aquele em que os fluxos dispersos Φ1 e Φ2 são iguais a


zero e não há resistência nas bobinas do primário e do secundário.

Figura 5-2 _ transformador ideal

A figura 5-2 mostra um transformador ideal, onde uma tensão V1 é aplicada ao


enrolamento 1, fazendo com que circule uma corrente I1, que gera um fluxo, esse
fluxo pela lei de Lenz induz uma tensão contrária, E1 que se opõe a V1. Esse
mesmo fluxo induz também E2, cujo sentido deve ser tal que gere uma corrente
cujo fluxo se oponha ao fluxo que o produziu.

O diagrama fasorial do transformador mostra as relações entre as grandezas


existentes.

Figura 5-3 _ diagrama fasorial de um transformador ideal

109
Conforme observamos no gráfico, a corrente I1’ é a soma fasorial da corrente de
magnetização Io e da corrente necessária para equilibrar os ampere-espira com o
secundário.

No entanto, a corrente de magnetização é tão pequena quando comparada com a


corrente de carga, que normalmente ela é desprezada.

Para o transformador ideal, a potência que entra é igual à potência de saída, ou


seja, S1=S2, logo:

𝑉1. 𝐼1 = 𝑉2. 𝐼2

As tensões induzidas E1 e E2 são dadas por:

𝑑∅𝑚 𝑑∅𝑚
𝐸1 = 𝑁1. e 𝐸2 = 𝑁2.
𝑑𝑡 𝑑𝑡

Desconsiderando a componente de magnetização da corrente, podemos dizer que:

𝑉1 𝐼2 𝐸1 𝑁1
= = = =𝛼
𝑉2 𝐼1 𝐸2 𝑁2

Onde α é a chamada relação de transformação.

Um transformador pode ser elevador ou abaixador (ou apenas isolador, relação


1:1). O transformador abaixador possui uma tensão no primário superior a do
secundário, e a relação de transformação é maior que 1. No caso do transformador
elevador, a tensão no primário é inferior à tensão no secundário e a relação de
transformação é menor que 1.

A partir das relações de tensão anteriormente vistas, podemos agora deduzir a


tensão induzida no primário e no secundário de um transformador:

𝐸1 = 4,44. 𝑁1. 𝑓. 𝐵𝑚𝑎𝑥. 𝑆

𝐸2 = 4,44. 𝑁2. 𝑓. 𝐵𝑚𝑎𝑥. 𝑆

Onde:

E1 e E2: tensões induzidas no primário e no secundário respectivamente;

110
N1 e N2: número de espiras do primário e do secundário, respectivamente;

f: frequência;

Bmax: máxima densidade de fluxo permissível e

S: área da seção reta do núcleo.

5.2 Impedância refletida

A impedância secundária, vista pelos terminais secundários do transformador da


𝑉2
figura 5-4 é 𝑍2 = , independente da carga no secundário. Da mesma forma, a
𝐼2
𝑉1
impedância vista pela fonte no transformador abaixo é 𝑍1 = .
𝐼1

Figura 5-4 _ transformador ideal com carga

Tendo em vista que V1=α.V2 e I2=α.I1 podemos verificar que:

𝛼. 𝑉2 𝑉2
𝑍1 = = 𝛼2. = 𝛼 2 . 𝑍2
𝐼2 𝐼2
𝛼

5.3 O transformador real

Um transformador real é mostrado na figura 5-5, nele podemos verificar a


existência das reatâncias primárias e secundárias, que ocasionam quedas de
tensão e perdas no transformador.

111
Figura 5-5 _ transformador real

Para o transformador real mostrado, temos:

𝐸1̇ = 𝑉1̇ − 𝑍1̇. 𝐼1 = 𝑉1̇ − 𝐼1. (𝑟1 + 𝑗𝑥𝐿1)

𝐸2̇ = 𝑉2̇ + 𝑍2̇. 𝐼2 = 𝑉2̇ + 𝐼2. (𝑟2 + 𝑗𝑥𝐿2)

5.4 Circuito equivalente do transformador

Através de algumas mudanças e transformações de impedâncias, é possível


desenvolver um circuito equivalente de um transformador. Um circuito equivalente
é bastante útil na determinação do rendimento, regulação e análises de sistemas
de potência.

Figura 5-6 _ circuito equivalente de um transformador

Fazendo reflexão das impedâncias e deslocando o ramo de magnetização para a


esquerda do circuito, temos o circuito equivalente aproximado do transformador.

112
Figura 5-7 _ circuito equivalente aproximado com impedâncias refletidas

Desconsiderando o ramo de magnetização, chegamos no circuito simplificado:

Figura 5-8 _ circuito equivalente aproximado

Logo, temos:

𝑅𝑒1 = 𝑟1 + 𝛼 2 . 𝑟2

𝑋𝑒1 = 𝑥1 + 𝛼 2 . 𝑥2

𝑍𝑒1 = 𝑧1 + 𝛼 2 . 𝑧2

Podemos ainda relacionar as grandezas com o circuito referido ao secundário:

Figura 5-9 _ circuito referido ao secundário

113
Onde:

𝑟1
𝑅𝑒2 = + 𝑟2
𝛼2

𝑥1
𝑋𝑒2 = + 𝑥2
𝛼2

𝑧1
𝑍𝑒2 = + 𝑧2
𝛼2

5.5 Regulação do transformador

A regulação de tensão do transformador é uma relação entre sua tensão a plena


carga e a tensão a vazio. A tensão E2 induzida no secundário possui diferentes
valores dependendo do tipo de carga conectada.

Observando as figuras abaixo, para diferentes fatores de potência, concluímos que:

𝐸2 = (𝑉2. 𝑐𝑜𝑠𝜃2 + 𝐼2. 𝑅𝑒2) + 𝑗(𝑉2. 𝑠𝑒𝑛𝜃2 ± 𝐼2. 𝑋𝑒2)

Figura 5-10 _ regulação de tensão secundária do transformador

114
A regulação é então dada por:

𝐸2 − 𝑉2
𝑟𝑒𝑔% = . 100
𝑉2

5.6 Determinação das perdas no transformador

As perdas em um transformador ocorrem em função da corrente que circula pelos


enrolamentos e através das perdas por correntes parasitas e histerese, que
ocorrem no núcleo. (ver 3.16)

Essas perdas podem ser determinadas através de dois ensaios específicos, o de


curto circuito e o ensaio a vazio.

Ensaio de curto-circuito

Abaixo, vemos o arranjo necessário para realizar o ensaio de curto circuito. O


wattímetro mede essencialmente as perdas no cobre e uma pequena e desprezível
parcela das perdas no ferro, uma vez que a tensão aplicada é muito pequena e as
perdas no ferro variam com o quadrado da tensão aplicada.

Figura 5-11 _ ensaio de curto circuito

Com o valor da leitura do wattímetro e a leitura de corrente, determinamos a


resistência equivalente referida ao lado do ensaio:

𝑃𝑐𝑐
𝑅𝑒 =
𝐼2

Com a tensão e a corrente determinamos a impedância:

115
𝑉𝑐𝑐
𝑍𝑒 =
𝐼𝑐𝑐

E a reatância é determinada com base nos dois dados anteriores:

𝑋𝑒 = √𝑍𝑒 2 − 𝑅𝑒 2

Ensaio vazio

O ensaio a vazio é realizado alimentando o transformador com sua tensão nominal


e medindo a potência consumida. Como não há carga no secundário, o valor lido
corresponde às perdas no ferro (correntes parasitas e histerese) e uma pequena
parcela de perdas ôhmicas, devido à corrente de magnetização circulando na
resistência do enrolamento.

Figura 5-12 _ arranjo para o ensaio a vazio

5.7 Rendimento do transformador

O rendimento do transformador é definido pela relação de potência de saída pela


entrada. A potência de entrada é a mesma da saída menos as perdas. As perdas
foram definidas no item anterior.

As perdas são então compostas por duas parcelas, uma fixa, que são as perdas no
ferro, pois a uma tensão constante e frequência nominal, não há variação com a
carga para essas perdas. A outra parcela é composta pelas perdas no cobre e é
uma parcela variável, pois as perdas variam com o quadrado da corrente.

116
𝑃𝑠𝑎𝑖𝑑𝑎 𝑃𝑠𝑎í𝑑𝑎 𝑉2. 𝐼2. 𝑐𝑜𝑠𝜃2
𝜂= = =
𝑃𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑃𝑠𝑎í𝑑𝑎 + 𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 𝑉2. 𝐼2. 𝑐𝑜𝑠𝜃2 + 𝑃𝑓𝑒 + 𝑃𝑐𝑢

O rendimento máximo do transformador é obtido derivando a equação acima, onde:

Pfe: perdas no ferro (correntes parasitas e histerese)

Pcu: perdas no cobre (Re.I2)

O rendimento máximo ocorre quando:

𝑃𝑓𝑒
𝐼2 = √
𝑅𝑒2

5.8 Polaridade dos transformadores

A polaridade de um transformador é a marcação existente nos terminais dos


enrolamentos dos transformadores, indicando o sentido da circulação de corrente
em um determinado instante em consequência do sentido do fluxo produzido. Em
outras palavras, a polaridade é uma referência determinada pelo projetista,
fabricante ou usuário para determinar a marcação da polaridade dos terminais dos
enrolamentos e a condição dos enrolamentos conforme sua disposição, isto é, a
relação entre os sentidos momentâneos das forças eletromotrizes nos
enrolamentos primário e secundário. Portanto, a polaridade depende de como são
enroladas as espiras que formam os enrolamentos primário e secundário. O
sentido da queda de tensão (força eletromotriz) será determinado pelo sentido do
enrolamento e pela marcação realizada. A figura 5-13 mostra duas situações
distintas para as tensões induzidas em um transformador monofásico. Na primeira
figura, as tensões induzidas U1 e U2 dirigem-se para os bornes adjacentes H1 e
X1 . Na outra figura, a marcação é feita de maneira contrária, sendo as tensões
induzidas dirigidas para os bornes invertidos. Nota-se também que, na Figura 5-
13a, as tensões possuem mesmo sentido (estão em fase) ou “mesma polaridade
instantânea”. Na outra, elas estão em oposição (defasadas de 180°) ou com
polaridades opostas.

117
Figura 5-13 _ sentidos instantâneos das fem dos enrolamentos de um tranformador

Pelo exposto, a polaridade refere-se ao sentido relativo entre as tensões induzidas


nos enrolamentos secundários e primários, ou à maneira como seus terminais são
marcados. Quando ambos os enrolamentos possuem a mesma polaridade, o
transformador é de polaridade subtrativa e, em caso contrário, polaridade aditiva.

A verificação da polaridade é um ponto muito importante durante a fase de testes


do transformador ou colocação em serviço no campo.

Através do sentido do enrolamento, podemos definir a polaridade de um


transformador, transformadores enrolados no mesmo sentido tem a polaridade
aditiva e enrolados em sentido oposto, tem a polaridade subtrativa, conforme
figuras a seguir:

Figura 5-14 _ marcação dos pontos e polaridade instantânea

118
A norma técnica NBR 5356 estabelece que a polaridade dos transformadores

devem ser subtrativas não ser que haja uma especificação contrária.

Verificação da polaridade:

Tendo em vista que em um transformador comercial não temos acesso ao


enrolamento e mesmo tendo acesso, é bastante difícil identificar o enrolamento,
existem testes que podem ser realizados para a verificação da polaridade.

A polaridade pode ser verificada através do método da corrente alternada,


conforme abaixo:

- Conecta-se um terminal do enrolamento de alta tensão um terminal do


enrolamento de baixa tensão;

- Atribui-se ao outro terminal de alta tensão a polaridade assinalada pelo ponto;

-Aplica-se uma tensão ao terminal de alta;

-mede-se a tensão aplicada e a tensão entre os dois terminais com o ponto na alta
e o outro terminal do enrolamento de baixa.

Figura 5-15 _ ligação para a verificação da polaridade

Conclusão:

Se a tensão V1<V2, a polaridade é aditiva

Se a tensão V1>V2, a polaridade é subtrativa

119
O método anterior possui algumas restrições em função do nível de tensão do
enrolamento. A NBR 5380 estabelece também outras maneiras de testar a
polaridade. A mais comum e fácil de realizar é a do golpe de corrente contínua:

Figura 5-16 _ conexão para a verificação da polaridade pelo golpe de corrente contínua

A ligação deve ser feita conforme mostra a figura 5-16. Devemos ter uma fonte cc ,
uma chave tipo faca de duas posições e um voltímetro de zero central.

-Liga-se os terminais de tensão superior H1 e H2 a uma fonte de corrente contínua;


- Instala-se um voltímetro entre esses terminais de modo a obter uma deflexão
positiva ao se ligar a fonte CC, chave comutadora na posição 1, em seguida,
coloca-se a chave comutadora na posição 2, transferindo-se o voltímetro para os
terminais de baixa tensão;

- Desliga-se a tensão de alimentação e observa-se o sentido de deflexão do


voltímetro;

Conclusão:

Se as deflexões forem no mesmo sentido, a polaridade é aditiva.

Se as deflexões forem em sentido oposto a polaridade é subtrativa.

A determinação da polaridade também é importante para a ligação de das bobinas


de transformadores em série e em paralelo, conforme observamos na figura .

120
Figura 5-17 _ ligação de enrolamentos de igual tensão de um transformador, em série e paralelo

5.9 Autotransformadores

Diferente do transformador, um autotransformador não é composto por duas


bobinas isoladas. Na verdade, um autotransformador é um transformador com um
único enrolamento.

O fato de não haver isolação entre o primário e o secundário aumenta


consideravelmente o rendimento, reduz o volume, melhora a regulação e reduz
perdas.

Observe o transformador da figura abaixo, o primário possui 120 V, 10 A e o


secundário possui 100 V e 12 A.

Figura 5-18 _ transformador monofásico de 1200 VA

121
As mesmas características de corrente e tensão podem ser obtidas utilizando um
enrolamento, conforme figura 5-19:

Figura 5-19 _ autotransformador

O mesmo autotransformador pode ser montado a partir de um transformador


monofásico, 20 V/ 100V conforme a figura abaixo.

Figura 5-20 _ transformador monofásico

Ligando adequadamente as bobinas, observando a questão da polaridade,


podemos montar então o autotransformador, conforme a figura 5-21:

122
Figura 5-21 _ autotransformador criado a partir do transformador monofásico

5.9.1 Autotransformador abaixador


Para um autotransformador abaixador, temos as seguintes relações:

Figura 5-22 _ autotransformador abaixador

𝐼𝐿 = 𝐼𝐻 + 𝐼

𝑁. 𝐼𝐻 = 𝑁𝐿. 𝐼

(𝑁𝐻 − 𝑁𝐿). 𝐼𝐻 = 𝑁𝐿. 𝐼

𝐼 𝑁𝐻 − 𝑁𝐿 𝑁𝐻
= = − 1 = 𝛼𝐴 − 1
𝐼𝐻 𝑁𝐿 𝑁𝐿

𝑁𝐻 𝐼𝐿
𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜 𝛼𝐴 = =
𝑁𝐿 𝐼𝐻

123
5.9.2 Autotransformador elevador
Para um autotransformador elevador, temos as seguintes relações:

Figura 5-23 _ autotransformador elevador

𝐼𝐿 = 𝐼𝐻 + 𝐼

𝑁. 𝐼𝐻 = 𝑁𝐿. 𝐼

(𝑁𝐻 − 𝑁𝐿). 𝐼𝐻 = 𝑁𝐿. 𝐼

𝐼 𝑁𝐻 − 𝑁𝐿 𝑁𝐻
= = − 1 = 𝛼𝐴 − 1
𝐼𝐻 𝑁𝐿 𝑁𝐿

𝑁𝐻 𝐼𝐿
𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜 𝛼𝐴 = =
𝑁𝐿 𝐼𝐻

5.9.3 Relações de potência para o autotransformador


Para o autotransformador, existem duas parcelas de potência, uma chamada
potência transformada, que vem diretamente da transferência de potência do
primário para o secundário e a outra parcela, chamada de potência condutiva, pois
ocorre em função do contato existente entre os dois enrolamentos.

124
Potência transformada:

𝑉𝑁. 𝐼𝐻 = 𝑉𝐿. 𝐼

Potência Condutiva:

Potência na entrada do autotransformador abaixador:

𝑆 = 𝑉𝐻. 𝐼𝐻

Os VA não transformados (condutivos) são então:

𝑆𝑐𝑜𝑛𝑑 = 𝑉𝐻. 𝐼𝐻 − 𝑉𝑁. 𝐼𝐻

𝑆𝑐𝑜𝑛𝑑 = 𝐼𝐻. (𝑉𝐻 − 𝑉𝑁)

𝑆𝑐𝑜𝑛𝑑 = 𝐼𝐻. 𝑉𝐿

Logo:

𝑃𝑜𝑡. 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓 = 𝑉𝐿. 𝐼

𝑃𝑜𝑡. 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑢𝑡 = 𝑉𝐿. 𝐼𝐻

𝑃𝑜𝑡. 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑃𝑜𝑡. 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓 + 𝑃𝑜𝑡. 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑢𝑡 = 𝑉𝐿. 𝐼𝐿

O aluno deverá verficar que as relações de potência são as mesmas para o


autotransformador elevador.

125
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Máquinas de Corrente Contínua – Gilio Aluisio Simone, ed. Érica


Máquinas Elétricas e Transformadores, Irvin L. Kosow
Fundamentos de Máquinas Elétricas, Vincent Del Toro
Fundamentos de Máquinas Elétricas, Stephen J. Chapman
Centrais Hidro e Termelétricas – Zulcy de Souza, Rubens Dario Fuchs e Afonso
Henriques Moreira Santos
Apostila de Materiais Elétricos, Prof. Jacqueline Rolim, UFSC
Apostila de Máquinas Síncronas, prof. Tadeu Lyrio de Almeida
Apostila de eletromagnetismo, IFSC, prof. Ana Bárbara e Luis Marques
ABB – apostila de treinamento Unitrol F
Manual Synchrotact 5 – ABB
http://www.infoescola.com/eletromagnetismo
http://www.if.ufrgs.br/fis/sumulas/keller/rot12.pdf
http://coral.ufsm.br/cograca/graca7_2.pdf
http://www4.feb.unesp.br/dee/docentes/aquino/eletromag_I/eletromagI_teoria
http://coral.ufsm.br/gef/Eletr/eletro19.pdf
Características e Especificações de Motores de Corrente Contínua e Conversores
CA/CC (DT-3) WEG
http://www.ufjf.br/ramoieee/files/2010/08/fundamentos.pdf
www.joseclaudio.eng.br
http://ecatalog.weg.net/files/wegnet/WEG-motores-sincronos-50005369-catalogo-
portugues-br.pdf
Artigo Técnico GE sobre motores síncronos
Revista o setor elétrico – fasc. 100 manutenção em transformadores (artigo do
autor Marcelo Paulino)
http://paginas.fe.up.pt/~mam/sistemapu.pdf
Apostila do curso de reguladores de velocidade, ministrado na Itaipu, prof. Dr.
Edson da C. Bortoni, Fupai.

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