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important to mention that the first alcohol processing companies had been implanted in
this region in the middle of 1970’s and new companies are being installed there in the
beginning of the century XXI. The productive reorganization provokes some impacts on
the labor world. The labor is in an even more precarious condition such as by contract
without guarantees, subcontracts systems and fragmentation. In this way, we need to
think of the sugar cane companies and how its territorialization leads us to consider
about new methods imposed by capital and its consequences on the labor world. From
the web that involves capital x labor relation is possible to uncover new elements that
interact in the production process/reproduction of the space.
Introdução
RIO D
O PEIXE
PRESIDENTE
EPITÁCIO
EMILIANÓPOLIS
O
52 º
PE TO
RIBEIRÃO
DIT
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PRESIDENTE
VENCESLAU PIQUEROBI
0 50 100 200 300km
46 º ALFREDO
MARCONDES
SANTO
ANASTÁCIO
PRESIDENTE
CAIABÚ
BERNARDES
GROSSO DO SUL
MACHADO
MARABÁ
PAULISTA
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PRESIDENE MARTINÓPOLIS
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RIO REGENTE
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PARANAPANEMA PIRAPOZ JOÃO
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ESTRELA DO NORTE
SANDOVALINA
53°00’W
TEODORO SAMPAIO
22°30’S EUCLIDES DA CUNHA
PAULISTA 22°30’S 22°30’S
ROSANA
52°00’W 51°00’W
RIO PARANAPANEMA
ESTADO DO PARANÁ
DIVISÃO MUNICIPAL Organização: Joelma Cristina dos Santos
0 15 30 45 60 75 Km Desenho: Sérgio Gonçalves
Fonte: IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
surgimento de novas unidades do setor, com destaque para os estados de Goiás, Minas
Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e, como não podia deixar de ser o estado de
São Paulo ocupa novamente posição privilegiada nesta investida.
Cabe destacar que devido ao interesse pelo etanol brasileiro, não são apenas as
usinas e os equipamentos para novas unidades do setor sucroalcooleiro que vêm
sofrendo valorização, mas também as terras que passam a ser disputadas com os grãos, a
pecuária, a produção de alimentos e os movimentos sociais. A disputa por terras, gera
especulação em diversas regiões do país, inclusive na Microrregião Geográfica de
Presidente Prudente/SP, palco histórico de terras griladas, que passam a ser disputadas
por usineiros, pecuaristas e movimentos sociais de luta pela terra.
As transformações espaciais que se materializam no país em decorrência da
expansão dos canaviais, visando principalmente o suprimento das demandas mundiais
do etanol, devem ser apreendidas a partir das diferentes formas de produção, da
apropriação de terras e das relações sociais de trabalho.
Dito isto, cabe-nos ressaltar que o avanço da cultura da cana-de-açúcar no país
reforça a concentração de terras, (re)ordena não só a sua distribuição mas também a da
força de trabalho pelo território. Como exemplo, podemos citar as novas áreas de
plantação de cana-de-açúcar no país, dentre elas, Goiás, e expansão de áreas do
Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba (MG). Sobre a força de trabalho podemos citar os
migrantes nordestinos que, no período das safras, se dirigem aos canaviais paulistas e do
Triângulo Mineiro.
Dessa forma, o avanço da cultura da cana-de-açúcar não é um fenômeno isolado,
pois vem acompanhado da valorização das usinas, dos equipamentos e da valorização
das terras, seja no que se refere ao preço das terras para a compra , seja para o
arrendamento.
No estado de São Paulo, que detém aproximadamente 60% da produção de cana-
de-açúcar, as terras apropriadas para o plantio custam duas vezes mais que em 2002. Na
região de Ribeirão Preto, o valor do hectare mais que dobrou e, de acordo com Noel
(2007), subiu de R$ 9 mil para R$ 21 mil. Já na região de Araçatuba, com tradição na
pecuária, o hectare passou de R$ 4 mil para R$ 8 mil e, na região de Presidente
Prudente, o autor aponta salto de R$ 3 mil em 2002 para R$ 6 mil.
Assim, fica claro que a região do Pontal do Paranapanema é palco de disputas por
terras. Apenas entre janeiro e março de 2007 foram realizadas 12 ocupações na região.
Os incentivos à produção da cana em todo o país, ocorrem com o apoio do
governo federal, que incentiva o agronegócio, pois para a safra 2007/2008, devem ser
destinados 58 bilhões para os grandes proprietários, ao passo que para o Programa de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) estão previstos apenas R$ 12
bilhões. No que se refere ao agronegócio, há um aspecto particular que é o apoio do
atual presidente aos usineiros e ao aumento da produção de etanol para exportação, o
que tira o foco da reforma agrária.
Considerando que uma máquina pode colher 800 toneladas de cana-de-açúcar por
dia ou mais, os trabalhadores são forçados a intensificar o seu ritmo de trabalho. Assim,
Marx (1979) já atentava para o fato de que a máquina, ao se apoderar pouco a pouco de
um ramo da produção, produz miséria crônica entre os trabalhadores que com ela
concorrem e é o que estamos verificando com a mecanização do corte da cana. Neste
contexto, o autor enfatiza:
toneladas em 2004. No estado de São Paulo, cerca de 42% a 45% da produção de cana
já é colhida por máquinas, índice acima do nacional, que se situa entre 35% e 37%.
Para Faria e Faria (2007), o embate entre a colheita manual e mecanizada da cana
é o custo do corte, carregamento e transporte, que é cerca de 25% menor quando a cana
é crua e colhida mecanicamente e, 37% menor quando é queimada e colhida
mecanicamente, comparada ao corte manual.
De acordo com o Instituto de Economia Agrícola, o Escritório de
Desenvolvimento Rural de Presidente Prudente registrou no ano de 2006, entre os
cortadores de cana, uma média de 8,57 toneladas de cana/homem/dia, sendo que a
quantidade máxima constatada pelo mesmo Instituto foi de 12 toneladas
cana/homem/dia nesta mesma região.
Nos 36 Escritórios de Desenvolvimento Rural do estado de São Paulo, os que
registraram os maiores volumes de cana cortada por dia por trabalhador no ano de 2006
foram Franca e Votuporanga, sendo que o EDR de Presidente Prudente, que contempla
nossa área de estudos ocupou a quinta posição (Tabela 2).
10% 5%
26% 19 a 25 anos
26 a 35 anos
36 a 45 anos
25% 46 a 55 anos
56 a 66 anos
34%
É justamente ao tentar superar os limites de sua força física, que o seu físico
reage. Os trabalhadores relatam os desmaios e as cãibras que ocorrem nos canaviais.
Para minimizar, as usinas oferecem então uma solução de soro fisiológico. Outro
problema constatado, de acordo com os entrevistados é “a coluna travar” no meio do
canavial.
Trabalhadores da Usina Alto Alegre revelaram que cãibras e problemas na coluna,
não costumam ser socorridos, já que para os mesmos, “a usina socorre a gente só em
caso de acidente grave”. Nesta empresa, encontramos trabalhadores que chegam a
cortar de 7 a 10 ruas de cana por dia.
Os acidentes mais ocorridos com os entrevistados são os cortes com o facão. Um
trabalhador destaca: “já cortei os 2 tendões, a perna e tô aqui”, de forma que cortes nos
dedos, eles até se esquecem de mencionar, pois para eles é algo muito comum.
Os rendimentos mensais dos cortadores de cana entrevistados, variavam entre R$
180,00 e acima de R$ 900,00 - equivalentes em dólar, entre US$ 102,31 e US$ 511,571.
Constatamos, dentre os 113 entrevistados, que a maioria, ou 47 trabalhadores têm
rendimentos mensais entre R$ 400,00 e R$ 500,00, (ou US$ 227,36 e US$284,2),
seguido por outros 26 que recebem entre R$ 501,00 e R$ 600,00 (US$ 341,04) e, outros
15, com rendimentos entre R$ 301,00 e R$ 400,00, outros 3 trabalhadores, com
rendimentos abaixo de R$ 300,00, ou seja, abaixo de US$ 170,52. Outros 7
trabalhadores recebiam entre R$ 600,00 e R$ 700,00 (US$ 397,89), e de R$ 701,00 a
R$ 900,00 foram 7 trabalhadores, acima de R$ 900,00 (US$ 511,57), encontramos
apenas 1 cortador de cana (Gráfico 2). Estas informações referem-se a 107
trabalhadores, já que os outros 6 desconheciam seus rendimentos no momento da
entrevista, por não terem ainda completado 1 mês na usina.
1%
R$ 180,00 a R$ 300,00
7% 7% 4% 14% R$ 301,00 a R$ 400,00
R$ 401,00 a R$ 500,00
R$ 501,00 a R$ 600,00
24% R$ 601,00 a R$ 700,00
43% R$ 701,00 a R$ 900,00
acima de R$ 900,00
Porém, esta confrontação entre capital e trabalho esbarra em alguns receios por
parte dos trabalhadores, como no caso dos entrevistados das usinas da região, cujo
principal receio quanto à participação em greves é a repressão por parte das usinas, o
medo de ficarem desempregados, ou seja, mais uma forma de coação do capital sobre o
trabalho.
Outro elemento importante referente à resistência, à não aceitação de um modelo
único imposto, está ligado ao fato de que encontramos cortadores de cana, trabalhadores
que em sua existência, entre ser camponês e ser operário, de acordo com condições de
tempo, trabalho e lugar, conforme discutido por Thomaz Júnior (2006b), já participaram
de movimentos de luta pela terra, como o MST. Assim, de 20 entrevistas que
questionavam se os trabalhadores já haviam participado de algum movimento social,
Considerações Finais
Notas:
________________________
1
A conversão de R$ para US$ apresentada neste texto refere-se à cotação do dia 21/11/2007, ocasião em
que o dólar paralelo foi cotado a R$ 1,76, conforme o BANCO CENTRAL DO BRASIL.
Referências
COSSI, J. Trabalho no corte da cana tem dias contados, diz estudo. Folha News, São
Paulo, 11 set. 2007. Disponível em: http://www.uai.com.br. Acesso em: 14 set. 2007.
MARTINS, J.S. A sociedade vista do abismo: novos estudos sobre exclusão, pobreza e
classes sociais. Petrópolis: Vozes, 2002.
SILVA, M.A.M. Errantes do fim do século. São Paulo: Fundação Editora da UNESP,
1999.
THOMAZ JÚNIOR, A. Por trás dos canaviais os nós da cana: a relação capital-
trabalho e o movimento sindical. São Paulo: Annablume/FAPESP, 2002a.
______. Por uma Geografia do Trabalho. Pegada, Presidente Prudente, v.3, p.1-
21,outono de 2002b. Número Especial.