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Título: A sabedoria das multidões: por que muitos são mais inteligentes que alguns e como a

inteligência coletiva pode transformar os negócios, a economia, a sociedade e as nações


Autor: James Surowiecki
Tema: Mercado, Estratégia, Gestão, Tendências

Para nós, brasileiros, unir as palavras “sabedoria” e “multidão” em uma única frase parece ser
uma imensa loucura. Digo isso porque estamos mais do que acostumados a presenciar tumultos
envolvendo torcidas organizadas, atos massificados de vandalismo ao patrimônio público,
tentativas frustradas de eleger os melhores candidatos políticos, entre tantas outras...

Na imaginação popular, os grupos tendem a deixar as pessoas burras, loucas ou ambas. Esse
pensamento foi expresso no passado pelos mais variados autores, como Friedrich Nietzche que
disse: “eu não acredito na sabedoria coletiva da ignorância individual”, ou o crítico francês
Gustave Le Bom que proferiu: “nas massas é a estupidez e não o bom-senso que se acumula...
As massas nunca conseguem realizar algo que demande um alto grau de inteligência”.

Porém, é exatamente para desafiar essa questão, que o jornalista James Surowiecki escreveu sua
obra A sabedoria das multidões: por que muitos são mais inteligentes que alguns e como a
inteligência coletiva pode transformar os negócios, a economia, a sociedade e as nações.

A tese do livro é relativamente simples e compacta, o autor tenta provar que uma multidão eclética
toma decisões mais inteligentes que um pequeno grupo de especialistas. Em suas palavras,
mesmo que a maioria das pessoas em um grupo não seja especialmente bem informada ou
racional, ele ainda pode chegar a uma decisão coletiva sabia.

Para ele, é um erro presumir que a chave para solucionar problemas ou tomar boas decisões é
encontrar aquela pessoa certa que terá a mágica resposta. Ele conclui seu pensamento dizendo
que caçar o especialista é um equivoco, e um equívoco caro.
Exemplificando a sabedoria das multidões

O primeiro dos dois exemplos básicos do livro nos remete a uma feira agrícola no ano de 1906,
onde o cientista britânico Francis Galton reconheceu a oportunidade de realizar um simples
experimento em um concurso de “adivinhar o peso”. Neste concurso, qualquer visitante poderia -
pelo preço de algumas moedas - estimar o peso líquido (apenas da carne com os ossos) de uma
vaca – observando-a viva através de uma cerca.

Centenas de curiosos tentaram a sorte, entre eles, fazendeiros acostumados a lidar diariamente
com vacas, açougueiros que as cortavam e vendiam diariamente, funcionários de frigoríficos e
também donas de casa, crianças e homens que nada tinham a ver com qualquer assunto ligado à
pecuária.

O bom senso diria que a melhor estimativa viria de um dos especialistas presentes, mas Galton
provou que há uma inteligência maior em ação que a de qualquer indivíduo. O cientista tomou
emprestados os 787 bilhetes com as estimativas individuais e calculou sua média. O resultado
desta conta foi de 1197 libras, enquanto o peso final do animal depois de morto e limpo foi de
1198 libras. Desnecessário dizer que esta estimativa coletiva foi mais precisa que qualquer das
estimativas individuais dos especialistas presentes.

O segundo exemplo foi realizado em maio de 1968, quando o submarino norte-americano


Scorpion desapareceu no Atlântico Norte sem deixar vestígios, e a melhor estimativa de onde o
mesmo poderia estar estabelecia um raio de 20 milhas, e águas com alta variação de
profundidade. Um oficial da marinha de nome John Craven teve então uma ideia: levou as
informações disponíveis a especialistas de várias áreas, pedindo para que estimassem o
paradeiro do Scorpion.

Craven, munido então das coordenadas de todos os especialistas, utilizou estas estimativas em
uma fórmula matemática desenvolvida por ele mesmo e obteve um resultado impressionante:
“errou” a localização do submarino por 200 metros.

Como conduzir a sabedoria das massas

Para Surowiecki, os fatores determinantes para que as decisões das multidões sejam realmente
mais sábias do que as de especialistas são:

O tamanho do grupo – quanto maior o grupo, mais confiável será a avaliação.


Diversidade - Os indivíduos que compõem a multidão devem ser diferentes em suas raízes,
formações, opiniões, etc. Segundo o raciocínio do autor, é a disparidade de opiniões que, na
média, vai garantir uma opinião coletiva inteligente, mesmo quando esta opinião é comparada
com a opinião de grupos formados só por especialistas no assunto em questão.

Independência - Os indivíduos devem formar e manter suas opiniões de maneira independente


das opiniões dos demais integrantes do grupo, o que contribui para que a diversidade crie o efeito
de soma das informações e cancelamento dos ruídos.

Descentralização - As decisões que um grupo produz são mais inteligentes quando não há uma
força centralizadora coordenando os esforços.

Agregação – Uma vez produzidas, as opiniões dos componentes do grupo devem ser agregadas,
de forma a produzirem uma opinião coletiva.

Se um grupo atende a essas condições, o que, convenhamos, é muito difícil, sua avaliação
provavelmente será exata.

Problemas

É evidente que reunir um grande número de pessoas em busca de soluções não é uma tarefa
fácil, e problemas podem surgir. O autor reconhece esse fato e cita os principais problemas
enfrentados pelas multidões em busca da sabedoria:

 Problemas cognitivos: são perguntas para as quais pode não haver apenas uma resposta
certa, mas para as quais certamente existe algumas respostas melhores do que as outras.
Exemplo: qual seria o melhor lugar para construir um novo hospital na cidade?

 Problemas de coordenação: exigem que os membros de um grupo descubram como


coordenar o seu comportamento com os outros, sabendo que todo mundo está tentando
fazer o mesmo. Exemplos: ajustar um preço justo para ambos os lados em uma negociação,
o desenvolvimento de softwares livres, descobrir como dirigir com segurança em um transito
caótico...

 Problemas de cooperação: envolvem o desafio de levar pessoas desconfiadas e egoístas


a trabalharem juntas, mesmo quando o interesse pessoal pareça determinar que nenhum
individuo deveria participar, ou, em outras palavras, é quando elementos de um grupo
precisam dividir tarefas entre si para alcançar resultados que não poderiam ser alcançados
individualmente. Exemplos: pagar impostos (já escreve isso no texto A sociedade e os
impostos), lidar com a poluição.

Cuidados a serem observados


Envolva diferentes especialistas, e não diferentes ignorantes: é claro que não adiantará você
reunir um grupo de pessoas diferentes, mas inteiramente desinformadas. A diversidade citada
pelo autor envolver reunir um grupo heterogêneo de pessoas com diferentes graus de
conhecimento e insights, é dessa forma que você lucrará mais confiando a eles decisões
importantes do que as deixando nas mãos de uma ou duas pessoas, não importa quão
inteligentes sejam essas pessoas.

O desempenho passado não é garantia de resultados futuros: é possível que exista um


pequeno grupo de pessoas que consistentemente conseguem oferecer avaliações melhores do
que aquelas oferecidas por um grupo heterogêneo, como o investidor Warren Buffet, porém,
mesmo que eles existam, não há como identificá-los facilmente.

Cuidado com a centralização: quanto mais influência os membros de um grupo exercem sobre
os outros, e quanto mais contato pessoal eles têm com os outros, menos provável que as
decisões do grupo sejam sabias. Quanto mais influencia exercermos sobre os outros, mais
provável é que iremos acreditas nas mesmas coisas e cometer os mesmos erros, ou seja, é
possível nos tornarmos individualmente mais inteligentes e coletivamente mais tolos.

Seguindo o rebanho...

O instinto de rebanho nos diz que é melhor seguir a massa e perder pouco, em vez de inovar e
correr o risco de perder muito. Qualquer um que contrarie a multidão, adotando uma estratégia
contrária, provavelmente será considerado louco, e ninguém quer ser chamado de louco. Por fim,
a massa segue o rebanho porque é o mais seguro a se fazer.

Para citar um exemplo, os consultores americanos Chris Anderson e David Sally, mostraram em
seu livro Os números do jogo, que escanteios curtos originam mais gols do que os escanteios
cobrados dentro da área. Sendo assim, pergunta-se: por que os técnicos preferem uma jogada
cautelosa quando estatisticamente existe uma jogada melhor? Porque todos agem assim!

Na ausência de uma clara evidencia em contrário, é mais fácil para os indivíduos criar explicações
que justifiquem a forma pela qual as coisas são do que imaginar como elas poderiam ser
diferentes. Se ninguém mais faz, então deve significar que não há sentido em fazer.

Conclusão

Por mais bem informado e sofisticado que seja um especialista, seus conselhos e previsões
devem ser confrontados com aqueles feitos por outros, para extrair o melhor dele. Tentar caçar o
especialista em busca do único homem que terá as respostas para os problemas de uma
organização é perda de tempo.

As deliberações do grupo são mais bem-sucedidas quando eles têm uma agenda clara e quando
os líderes assumem um papel ativo em assegurar que todos tenham uma oportunidade de falar.

A Sabedoria das multidões não é a de que um grupo sempre dará a você a resposta certa, mas a
de que, na média, ele regularmente oferecerá uma resposta melhor que a de qualquer individuo.

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