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AS “PRINCESINHAS” DO MAR
TURISMO SEXUAL E DESENVOLVIMENTO REGIONAL EM COPACABANA1
Pedro Henrique Lopes2
RESUMO
Trabalho sobre o desenvolvimento do bairro de Copacabana através do tempo,
abordando as causas e conseqüências da prostituição vista diariamente nas ruas do
bairro. Apresenta uma visão política, econômica, social, antropológica, histórica e
turística do assunto. Numa tentativa de não induzir os leitores a um ponto de vista, o
presente artigo possibilita que eles tirem suas próprias conclusões, partindo de
provocações feitas pelo autor.
Foi realizado baseado em pesquisa de gabinete e através de entrevistas feitas
pelo próprio autor com a população e as prostitutas.
Procura mostrar o crescimento do bairro como razão e explicação do
aparecimento de atividades ditas como indícios de falta de desenvolvimento humano e
social em áreas de alto status social.
PALAVRAS-CHAVE
Copacabana, Prostituição, Desenvolvimento Regional, Turismo Sexual
ABSTRACT
A study about the development of the neighborhood Copacabana through the
time, talking about the causes and consequences of the prostitution saw every day on
the streets of this territory. It shows the politic, economic, social, anthropologic and
touristic visions about this subject. Showing lack of favoritism, this paper make its
readers have their own conclusions.
It was produced based on books, web sites, other studies researches and with
interviews with the neighborhood population and the prostitutes, made by the author.
This work displays the neighborhood increase as a reason and an explanation
for the activities seen as a factor of non-human and social development showing up in
places of high social status level.
KEYWORDS
Copacabana, Prostitution, Regional Development, Sexual Tourism
1
Trabalho de Graduação apresentado para a disciplina Metodologia Científica e Técnicas de Pesquisa. Orientado
pela Professora Valéria Guimarães.
2
Pedro Henrique de Mendonça Lopes é acadêmico da Universidade Federal Fluminense, cursando o 3° período da
Graduação em Turismo.
2
INTRODUÇÃO
O debate que este trabalho pretende gerar é em torno de uma análise de dados
e fatos encontrados nas pesquisas, deixando para que o leitor tire suas próprias
conclusões. Nosso objetivo, como pesquisadores sociais, é trazer e analisar dados e
relatos para tirar essas discussões do senso comum e, com embasamento científico,
contribuir para a reflexão sobre o tema.
Entende-se a prostituta, nesse trabalho, como uma pessoa comum que tem
controle sobre seus atos e sua vida, mas que, por opção ou falta dela, usa seu corpo
como forma de ganhar a vida. Fugimos da visão que põe a mulher como um ser
explorado ou vitimado pela mão do cliente ou de um terceiro elemento, representado
na figura de um “cafetão”. Como bem descrevem Ana Paula da Silva e Thaddeus
Blanchette, em seu artigo “Nossa Senhora da Help”, as prostitutas são trabalhadoras
sexuais e agentes ativas nas construções de suas vidas.
O que nós queremos “quebrar” com esse artigo são os antigos tabus que vêm
se mantendo com o passar do tempo. Idéias que colocam o turista como “monstro”
explorador do sexo, da sensualidade e da sexualidade das brasileiras. Mostrar que,
normalmente, ambas as partes sabem exatamente o que está acontecendo e têm
controle da situação.
Mas, agora pense você. Imagine que você mora numa das regiões mais bonitas
e luxuosas da sua cidade, uma zona basicamente turística. E você vê, diariamente,
essas negociações de serviços de sexo acontecendo em estabelecimentos próximos
e, até mesmo, na calçada da sua rua. Mesmo sabendo que esses “serviços extras”
atraem uma demanda alta para o seu bairro e que acabam por aumentar a geração de
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renda através do consumo de outros serviços, além dos já citados, como você
encararia essa situação?
DESENVOLVIMENTO DO BAIRRO
perguntamos o que Copacabana tem de “melhor”. A resposta que mais apareceu foi
“praia”, seguida de “calçadão”. A pesquisa mostrou que os moradores não valorizam,
de primeira, os hotéis ou os turistas que freqüentam o bairro. Mesmo assim, muitos
entrevistados citaram, não como primeira opção, “o astral, o clima e a mistura” que
existem em Copacabana como um fator de importante integração entre pessoas de
várias culturas e, assim, apresentando o bairro como um lugar de encontro para todo
tipo de gente.
TABELA 1 – O MELHOR DE COPACABANA
A jornalista Ana Maria Pinheiro, num texto para o cd-rom Circuito Copacabana
(2002), descreveu esse clima com clareza:
violência e aos moradores de rua, como mostra a tabela abaixo. Segundo o IBASE, a
população de rua de Copacabana é calculada em aproximadamente 350 pessoas.
Passamos então para outra questão: as prostitutas nas ruas do bairro. Essa
questão é importante porque aproxima as “meninas” dos moradores, já que, ao
menos, transitam no mesmo meio. As opções de resposta envolviam problemas
governamentais, sociais e econômicos.
Desnecessária 5%
Repugnante 5%
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TURISMO EM COPACABANA
Como em todo destino de Sol e Praia, Copacabana tem seus meses de alta
estação entre outubro e março, passando pelo Reveillon e Carnaval. Junto com outros
bairros e cidades do estado do Rio de Janeiro, atrai um número muito grande de
turistas e visitantes. Mas o que será que esse bairro tem de tão peculiar que é capaz
de atrair, por si só, tantos turistas?
nesse mês desde 2002. O destaque com relação à área de localização dos
estabelecimentos da cidade foi para os bairros de Copacabana e Leme que voltaram a
registrar a melhor taxa do mês (67,22%).
Tendo em mente todos esses números e estatísticas, não nos resta dúvidas de
que o bairro de Copacabana é um grande centro atrativo de turistas nacionais e
internacionais. O turismo também deu uma visibilidade muito maior à Copacabana,
mostrando que a atividade turística ajudou muito na divulgação, crescimento e
desenvolvimento do bairro, da cidade, do estado do Rio de Janeiro e do nosso país.
PROFISSIONAIS DO SEXO
desenvolvimento. Uma das questões que nortearam a elaboração desse trabalho foi
essa: “Como uma atividade dita como uma conseqüência da falta de desenvolvimento
pode ser vista com tanta freqüência em zonas de alto desenvolvimento?”
Escolaridade
1° grau 1° grau 2° grau 2° grau Superior Superior
Sexo incompleto completo incompleto completo Incompleto Completo
Feminino 6 5 2 9 1 0
Masculino
2 2 1 1 0 0
(travesti)
A faixa de idade das prostitutas na Avenida Atlântica varia entre 18 e 49. É claro
perceber que, da Avenida Prado Júnior até o Copacabana Palace, as mulheres são
mais jovens e, do Copacabana Palace até a Boate Help, as mulheres são mais velhas.
Na Boate Help, a faixa etária volta a ser baixa. Não apresentam nenhuma lógica ou
evidência sobre o tempo de profissão, mas pudemos conhecer “meninas” com mais de
15 anos de profissão e outras com apenas uma semana.
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Tempo de Profissão
Menos de De 1 a 3 De 3 a 5 De 5 a 10 De 10 a 15 Mais de 15
1 ano anos anos anos anos anos
23% 23% 16% 13% 13% 13%
Menos de R$ 300 0%
De R$ 301 a R$ 500 0%
De R$ 501 a R$ 1000 35%
De R$ 1001 a R$ 1500 5%
De R$ 1501 a R$ 2000 15%
De R$ 2001 a R$ 3000 25%
De R$ 3001 a R$ 5000 15%
Mais de R$ 5000 5%
CONCLUSÃO
É muito fácil falar que a Avenida Atlântica precisa de uma “limpeza”. E qual vai
ser a opção de vida oferecida para as prostitutas “da pista”? Quem vai realizar os
serviços que elas fazem hoje para os turistas? Você pode até trabalhar com catálogo
de “meninas” como alguns hotéis e agências, hoje, já fazem. Mas, quem vai atender
aquele turista que quer ter a ilusão de que a mulher que ele está “pegando” na rua não
é uma profissional e, sim, uma mulher comum?
Praia, sol, calor, futebol e mulheres que se trocam por algumas notas de
dinheiro... Analisando assim, nós entendemos porque a população local e de bairros
vizinhos são os maiores clientes das prostitutas de Copacabana, já que, se fosse
depender dos “gringos”, as prostitutas só trabalhariam no verão. Copacabana é a
assim: síntese de muitos contrastes, espelho do Brasil. O produto final é perfeito.
Quem não gostaria de vir pra cá?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BLANCHETTE, T.; SILVA, A. P.. Nossa Senhora da Help. Cadernos Pagu, número 25:
249-280, dezembro de 2005.
http://www.acadbrasil.com.br/documentos/Copacabana%20-%20Pedro%20Aquino.ppt,
em 23 de julho de 2006.