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Revista Madeira Arquitetura e Engenharia, n. 17, ano 6, Set.- Dez. 2005.

ISSN 1806-6097

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SISTEMA DE CLASSES DE RESISTÊNCIA PARA


MADEIRASERRADA DE EUCALIPTOS CULTIVADOS NO
BRASIL: PROPOSIÇÃO PARA A NBR 7190.

Almir Sales1
Carlito Calil Junior2

Resumo: Este trabalho apresenta uma proposta do sistema de classes de resistência para
madeira serrada de eucaliptos no Brasil. Foram utilizados valores de propriedades mecânicas
de dezesseis espécies de eucalipto e, por meio de critérios estatísticos apropriados,
estabeleceram-se classes de resistência para estas folhosas de reflorestamento. A partir dos
resultados, foram definidas quatro classes para os eucaliptos. Esses resultados se constituem
em importante subsídio para a revisão da NBR 7190:1997 - Norma Brasileira para Cálculo e
Execução de Estruturas de Madeira, principalmente no que se refere à especificação do
material para a elaboração do projeto estrutural.

Palavras-chave: madeira, classes de resistência, eucalipto.

Abstract: This work present a proposition of the strength classes system to eucalyptus timbers
grown in Brazil. Values of the strength and stiffness properties of sixteen forestation species
were utilized. Adequate statistical analysis was conducted and four classes to eucalyptus were
defined. These results are important subsidy to of NBR 7190:1997 revision - Brazilian Standard
to Design and Construction of Wooden Structures, mainly for material specification to structural
design.

Keywords: timber, strength classes, eucalyptus.

1
Universidade Federal de São Carlos, Departamento de Engenharia Civil, São Carlos, SP. E-mail:
almir@power.ufscar.br
2
Universidade de São Paulo, Departamento de Estruturas da Escola de Engenharia de São Carlos, São
Carlos, SP. E-mail: calil@sc.usp.br
Revista Madeira Arquitetura e Engenharia, n. 17, ano 6, Set.- Dez. 2005. ISSN 1806-6097

1. Introdução

A especificação da madeira para o projeto estrutural foi alterada com a revisão da NBR7190 –
Projeto de Estruturas de Madeira, recomendando-se a utilização de um sistema de classes de
resistência SALES (2000)(1). A maneira anterior de especificar a madeira por meio da escolha
de espécies usuais, em muitos casos, contribuiu no sentido de tornar a madeira menos
competitiva frente a outros materiais como o aço e o concreto. Em geral, o projetista possui
dificuldade no conhecimento das espécies disponíveis no local de aplicação do projeto,
optando pela especificação de espécies de uso tradicional, as quais podem apresentar custo
elevado de aquisição devido à distância da região de extração. Além disso, é freqüente a
dúvida relativa à verificação da espécie botânica dos lotes de madeira a serem adquiridos,
possibilitando a ocorrência de erros que afetam o desempenho da estrutura de madeira.

Mesmo com o esforço dos laboratórios nacionais em investigar as propriedades mecânicas da


madeira de espécies com potencialidade de utilização comercial, a maior parte da madeira
utilizada com finalidade estrutural restringe-se ao uso de poucas espécies, levando à escassez
destas essências pelo uso intensivo e conseqüente encarecimento provocado pela diminuição
da oferta. É o caso da madeira espécie Peroba-Rosa, que atualmente possuem elevado custo
e baixíssima disponibilidade, ocasionados pela exploração intensiva.

A utilização das classes de resistência permite orientar a escolha do material para a elaboração
do projeto estrutural, de tal modo que um projeto assim especificado poderá utilizar a madeira
disponível na região de construção da estrutura, desde que os valores das propriedades
mecânicas dos lotes a serem empregados se enquadrem na classe definida no projeto. Com
isto, eliminam-se boa parte dos problemas relativos à verificação da espécie botânica do lote
de madeira adquirido, pois o enquadramento nas classes de resistência será obtido em função
dos valores das propriedades de resistência deste lote, como ocorre de modo semelhante com
outros materiais estruturais.

A aplicação do sistema de classes de resistência para a madeira de folhosas poderá facilitar a


disseminação de madeiras de reflorestamento na construção civil. A madeira de eucalipto além
de apresentar menor custo quando disponível em locais próximos aos de sua utilização, sua
extração pode se dar em menor idade relativamente às folhosas da floresta amazônica,
usualmente empregadas no sul e sudeste brasileiros.

Portanto, a utilização de classes de resistência para madeiras nativas e cultivadas representa


importante contribuição no sentido de favorecer a utilização da madeira como material
estrutural, tornando-a mais competitiva em relação a outros materiais como aço e concreto.

Dentro do contexto apresentado, o presente trabalho pretende propor a introdução de um


sistema de classes de resistência específico para o gênero Eucalipto cultivado no Brasil. Em
função do crescente uso da madeira serrada de eucalipto em estruturas, e também pela
dificuldade na obtenção de nativas tropicais, a madeira de eucalipto tem se tornado uma das
melhores opções de folhosas tropicais para a utilização em estruturas. Deste modo, esta
proposição de classes exclusivas para o Eucalipto permitirá aprimorar a NBR 7190:1997, e
também possibilitar a continuidade da utilização do sistema de classes de resistência sem que
haja aumento de complexidade para o projetista.

2. Sistemas de classes de resistência

De maneira geral, os sistemas de classes de resistência independem dos métodos utilizados


para classificar a madeira, pois possuem o objetivo de facilitar a especificação do material na
fase de concepção do projeto estrutural, enquanto os métodos de classificação visual e
mecânica são utilizados com o intuito de selecionar e homogeneizar lotes de madeira com
características específicas visando o adequado aproveitamento do material para fins
estruturais.
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Para o desenvolvimento de um sistema de classes de resistência, segundo GREEN;


KRETSCHMANN (1990) (3), geralmente são utilizados um dos seguintes procedimentos:
ƒ Utilização dos valores das propriedades de resistência e rigidez de espécies ou grupo
de espécies usualmente empregadas com finalidade estrutural. Os valores dos limites
das classes são estabelecidos visando facilitar a especificação do material para o
projeto, de modo a obter uma distribuição mais racional dos valores das propriedades
das espécies ou grupos de espécies;

ƒ Utilização de uma série matemática para escolher os valores dos limites das classes. As
séries geralmente utilizadas são a aritmética e a geométrica, sendo que o limite de cada
classe de resistência é representado por um passo na série.

Nos dois procedimentos as espécies podem ser enquadradas nas classes de resistência, em
função das suas propriedades de resistência e rigidez.

COOPER (1951) apud BOOTH (1967) (4) demonstrou a validade da série geométrica para o
desenvolvimento das classes de resistência, e propôs a adoção das séries de Renard ou
“preferred number series” (série de números preferidos) visando o estabelecimento de classes
de resistência para a madeira. As séries de Renard são representadas por R5, R10, R20, R40
etc., onde o numeral indica o número de intervalos da série. Os números gerados por essa
série são calculados pela raiz quinta, décima, vigésima, quadragésima etc., respectivamente,
de 10, em função da quantidade de intervalos desejados, numa progressão geométrica. Desse
modo, para cinco intervalos, tem-se a seguinte razão:
5
10 = 1,5849
Considerando os valores aproximados, a série gerada com cinco intervalos entre zero e 10 é
representada por: (1,00; 1,60; 2,50; 4,00; 6,30; 10,00).

Uma das principais vantagens da série de números preferidos é a facilidade de formação de


novas séries. O produto de dois números da série também pertence à série, e esta pode ser
estendida indefinidamente, dividindo-se ou multiplicando-se sucessivamente por 10.

Os valores dos limites das classes denotados pelos números gerados na série de Renard
representam os valores do módulo de ruptura na flexão (MOR em psi). Estes valores são os
utilizados na especificação da madeira no projeto de estruturas. Os valores de MOR podem ser
estimados pelos valores do módulo de elasticidade longitudinal na flexão (MOE), obtidos a
partir dos procedimentos de classificação mecânica de peças estruturais. Outras propriedades
de resistência e rigidez podem ser incluídas no sistema de classes de resistência assim
desenvolvido, por meio da utilização de relações entre estas e o MOR. Geralmente, os
sistemas existentes utilizam as seguintes propriedades: MOR, MOE, resistência à tração
paralela às fibras, resistência à compressão paralela às fibras, resistência ao cisalhamento e
massa específica, GREEN; KRETSCHMANN (1990) (3).

Nos sistemas de classes de resistência utilizados atualmente, consideram-se valores


característicos para as propriedades de resistência, e valores médios para as propriedades de
rigidez. O teor considerado para a umidade de equilíbrio da madeira geralmente é de 12%
(FEWELL, 1991) (4).

No Brasil, as classes de resistência para madeira estão indicadas na NBR 7190/97 e foram
definidas a partir dos estudos desenvolvidos por SALES (1996) (2), o qual aplicou técnicas de
análise multivariada e métodos hierárquicos para a obtenção de grupos homogêneos para a
representar as classes de resistência para madeiras de coníferas e folhosas cultivadas em
nosso país. O teor considerado para a umidade de equilíbrio da madeira foi de 12%,
correspondente às condições ambientais nas quais têm-se valores médios anuais de umidade
relativa Uamb ≤ 65% e, temperatura de 20oC. A consideração desse valor do teor de umidade
de equilíbrio (U = 12%) para a madeira segue uma tendência internacional de uniformização
da normalização pertinente à madeira e estruturas de madeira. O EUROCODE 5 “Common
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unified rules for timber structures”, (apresentado pela COMISSION OF THE EUROPEAN
COMMUNITIES) (5), utiliza essa condição para as propriedades consideradas nas classes de
resistência. Na NBR 7190:2005 (em revisão) a especificação por meio das classes de
resistência é feita a partir da determinação da resistência característica à compressão paralela
às fibras fc0k. A utilização dessa propriedade visa permitir que a resistência da madeira seja
estimada por um ensaio destrutivo de fácil execução. Esta forma de especificação reflete o
modelo de segurança empregado na NBR 7190:1997 baseado no método probabilista de
estados limites. As classes de resistência estabelecidas são C20, C30, C40, C50 e C60, para
as folhosas, as quais estão apresentadas na Tabelas 1.

Tabela 1: Classes de resistência para folhosas (NBR 7190:2005 - em revisão).

Classe
fc0,k fv0,k Ec0,m ρbas,m ρap,m,12%
(MPa) (MPa) (MPa) (kg/m3) (kg/m3)

C20 20 4 9500 500 650


C30 30 5 14500 650 800
C40 40 6 19500 750 950
C50 50 7 22000 770 970
C60 60 8 24500 800 1000

onde:
fc0,k - valor característico da resistência à compressão paralela às fibras;
fv0,k -valor característico da resistência ao cisalhamento paralelo às fibras;
Ec0,m -valor médio do módulo de elasticidade longitudinal obtido no ensaio de compressão
paralela às fibras;
ρbas,m - valor médio da massa específica básica;
ρap,m,12% - valor médio da massa específica aparente a 12 % de umidade.

3. Espécies de utilizadas no estudo para estabelecimento do sistema de classes de


resistência para eucaliptos

Os resultados considerados abrangem dezesseis espécies de eucalipto, caracterizadas no


Laboratório de Madeiras e de Estruturas de Madeira (LaMEM) do Departamento de Estruturas
(SET), da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), da Universidade de São Paulo (USP).
O financiamento dos projetos de pesquisa que permitiram a caracterização dessas espécies foi
obtido junto ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e Secretaria de Ciência,
Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo. Esses resultados
consistem em 427 séries de ensaios com madeira de eucalipto.

As espécies foram escolhidas em função dos seguintes critérios:


• existência de áreas reflorestadas com estas espécies de eucalipto que possibilitem
exploração comercial;
• potencialidade de utilização destas espécies nos diversos setores da construção civil;
• existência dos valores individuais de ensaios necessários à determinação das propriedades
físicas, de resistência e de rigidez;
• ensaios realizados segundo uma mesma metodologia experimental.

As espécies de eucalipto utilizadas nesta pesquisa foram retiradas de hortos florestais do


Estado de São Paulo.

A seguir estão listados os nomes comum e científico de cada uma das dezesseis espécies de
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eucaliptos estudadas. O registro dos nomes científicos foi efetuado segundo MAINIERI
(1983)(6), MAINIERI; CHIMELO (1989)(7) e JANKOWSKY (1990)(8).

ƒ Eucalipto Alba (Eucalyptus alba)


ƒ Eucalipto Camaldulensis (Eucalyptus camaldulensis)
ƒ Eucalipto Citriodora (Eucalyptus citriodora)
ƒ Eucalipto Cloeziana (Eucalyptus cloeziana)
ƒ Eucalipto Grandis (Eucalyptus grandis)
ƒ Eucalipto Maculata (Eucalyptus maculata)
ƒ Eucalipto Maidene (Eucalyptus maidene)
ƒ Eucalipto Microcorys (Eucalyptus microcorys)
ƒ Eucalipto Paniculata (Eucalyptus paniculata)
ƒ Eucalipto Propinqua (Eucalyptus propinqua)
ƒ Eucalipto Punctata (Eucalyptus punctata)
ƒ Eucalipto Saligna (Eucalyptus saligna)
ƒ Eucalipto Tereticornis (Eucalyptus tereticornis)
ƒ Eucalipto Triantha (Eucalyptus triantha)
ƒ Eucalipto Umbra (Eucalyptus umbra)
ƒ Eucalipto Urophylla (Eucalyptus urophylla)

4. Análise multivariada e de agrupamento

As técnicas de análise multivariada possibilitam analisar simultaneamente um grande número


de dados e variáveis, JOHNSON; WICHERN (1988) (9).

HINZ (1975) (10) define a análise de agrupamento como sendo um processo de arranjar séries
de dados em grupos, de tal maneira que os dados de um grupo tenham alto grau de
homogeneidade, comparados aos dados de grupos diferentes. Segundo BUSSAB et al.
(1990)(11), a análise de agrupamento engloba uma variedade de técnicas e algoritmos cujo
objetivo é encontrar e separar objetos em grupos similares.

Um importante conceito na utilização de técnicas de análise de agrupamento é a escolha de


um critério que quantifique o quanto dois objetos são parecidos. Esta quantificação pode ser
mensurada por meio das medidas de similaridade e de dissimilaridade.

Nas medidas de dissimilaridade quanto maior o valor observado menos parecidos (mais
dissimilares) serão os objetos, enquanto na similaridade quanto maior o valor observado mais
parecidos são os objetos. O coeficiente de correlação é um exemplo de medida de
similaridade, enquanto a distância euclidiana é um exemplo de dissimilaridade (BUSSAB et al.,
1990) (11).

Na presente pesquisa aplicou-se a análise de agrupamento às séries consideradas de ensaios


com eucaliptos, utilizando as propriedades físicas, de resistência e rigidez como variáveis de
estudo. Com isto, foi possível discriminar as séries de ensaios em grupos homogêneos e com
significativa diferenciação (dissimilaridade) entre estes grupos assim obtidos.

Portanto, o estabelecimento das classes de resistência foi realizado com base nos grupos
obtidos na análise de agrupamento e de acordo com os parâmetros relativos às variáveis
analisadas em cada grupo.

4.1 Matriz de distâncias

Utilizando a matriz de dados e aplicando o critério de dissimilaridade escolhido, pode-se


construir a matriz de distâncias (ou de dissimilaridade), segundo a distância euclidiana dos
dados.

A matriz de distâncias permite verificar a distância de um objeto (série de ensaio) a qualquer


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outro objeto pertencente ao conjunto de dados, ou seja, o quanto estes objetos são
dissimilares. Optou-se por trabalhar com os dados originais visto que, em análises preliminares,
foram obtidos grupos homogêneos com significativa diferenciação entre grupos.

A distância euclidiana (d) é definida como sendo:

p
d( x, y) = ( x1 − y1 ) 2 2
(
+ ( x 2 − y 2 ) +...+ x p − y p ) 2
= ∑ (x i − y i )
2

i =1 (1)
onde:
 x1   y1 
   
 x2   y2 
x= :  y= : 
   
 :   : 
x  y 
 p ,
 p e p = número de variáveis

4.2 Método hierárquico centróide

As técnicas hierárquicas são algoritmos nos quais os objetos são classificados em grupos em
diferentes etapas, de modo hierárquico, produzindo uma árvore de classificação, CORMACK
(1971) apud BUSSAB et al. (1990) (11).

Na aplicação das técnicas hierárquicas aglomerativas, por meio de fusões sucessivas dos “n”
objetos, vão sendo obtidos n-1, n-2 etc. grupos, até reunir todos os objetos num único grupo.

O método hierárquico centróide, MHC, é uma técnica hierárquica aglomerativa que possibilita
produzir grupos homogêneos com grande diferenciação entre os grupos. Em função disso e a
partir de investigações preliminares com outras técnicas aglomerativas, o MHC foi adotado
para o processamento dos dados da presente pesquisa.

Esse método utiliza a distância euclidiana como critério de dissimilaridade. A sua aplicação
consiste em substituir cada junção de objetos num único ponto representado pelas
coordenadas de seu centro, de modo que em cada etapa procura-se fundir grupos que tenham
a menor distância entre si. A determinação desses pontos é facilitada utilizando-se os
elementos constituintes da matriz de distâncias.

No MHC a distância entre os grupos é definida pela distância entre os seus centros, sendo que
cada junção efetuada diminui uma dimensão da matriz de distâncias, até reunir todos os pontos
em um único grupo.

O procedimento ‘CLUSTER’ do programa SAS (SAS, 1990)(12), fornece uma tabela na qual é
apresentada em cada etapa a formação dos grupos e os respectivos níveis de dissimilaridade
em que eles são formados.

4.3 Representação gráfica por meio de dendrogramas

Conhecendo-se os níveis de dissimilaridade das junções dos grupos obtidos na aplicação do


MHC, é possível representar graficamente a análise efetuada por meio da construção de um
dendrograma (gráfico em forma de árvore).

No eixo horizontal do dendrograma são indicadas, de maneira eqüidistante, as séries de


ensaios ou grupos formados pelas junções das séries. A escala vertical à esquerda, indica os
níveis de dissimilaridade, sendo que as linhas verticais partindo dos grupos (ou séries)
possuem altura correspondente ao nível no qual os objetos são considerados semelhantes.
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5. Resultados obtidos para os eucaliptos

A aplicação do método hierárquico centróide resultou na formação de quatro grupos


formadores das classes de resistência. No dendrograma apresentado na Figura 1 estão
indicadas as quatro classes de resistência obtidas para os eucaliptos.

1.6

1.4

1.2
Nível de similaridade

1.0

0.8
Classe 1
Classe 4
0.6
Classe 2
Classe 3
0.4

0.2

0.0
GR16 GR18 GR17 GR74 GR87 GR12 GR19 GR13 GR26 GR14 GR15 GR
318.6

Grupos

Figura 1 - Dendrograma obtido para os eucaliptos

As análises realizadas segundo a metodologia proposta e com base nos resultados


experimentais considerados permitem propor as seguintes classes de resistência para a
madeira serrada de eucaliptos cultivados no Brasil, Tabela 2.

Tabela 2: Classes de resistência para eucaliptos.

Classe
fc0,k fv0,k Ec0,m ρbas,m ρap,m,12%
(MPa) (MPa) (MPa) (kg/m3) (kg/m3)

C25 25 4,0 9500 500 750


C30 30 5,0 14500 650 900
C35 35 5,5 17500 700 950
C40 40 6,0 19500 750 1000
Esta proposição de um sistema de classes de resistência para os eucaliptos permite distribuir
as das espécies estudadas, conforme os grupos que podem ser observados no próximo item.

5.1 Agrupamento das espécies estudadas no sistema de classes de resistência para


eucaliptos

A aceitação de um lote de madeira como pertencente a uma das classes de resistência


especificadas segundo a NBR 7190/97(13) é feita sob a condição fc0k, efetivo ≥ fc0k, especificado ,
ou seja, a aceitação de um lote madeira como pertencente à classe C40 é feita sob a condição
fc0k, efetivo ≥ 40 Mpa (Tabela 2), e assim por diante.
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A determinação de fc0k, efetivo é realizada conforme procedimento para a investigação direta


da resistência, descrito na NBR 7190/97. Uma outra forma para determinar-se este valor é a
utilização dos valores médios da resistência à compressão paralela às fibras de espécies já
investigadas considerando a variabilidade da resistência da madeira.

De acordo com diversas pesquisas relativas à variabilidade da resistência da madeira, é


possível admitir um coeficiente de variação CV = 0,18 (1,2). Desse modo, pode-se estimar a
resistência característica à compressão paralela aplicando-se os valores médios obtidos para
cada uma das séries de ensaios realizados para as quarenta e duas espécies estudadas.

O agrupamento das espécies estudadas no sistema de classes de resistência para eucaliptos


está apresentado na Tabela 3.

Tabela 3: Agrupamento de espécies de eucaliptos no sistema de classes de resistência para


eucaliptos proposto.

Espécie C25 C30 C35 C40


E. Alba
E. Camaldulensis
E. Citriodora
E. Cloeziana
E. Grandis
E. Maculata
E. Maidene
E. Microcorys
E. Paniculata
E. Propinqua
E. Punctata
E. Saligna
E. Tereticornis
E. Triantha
E. Umbra
E. Urophylla

Na presente proposta, as dezesseis espécies estudadas estão distribuídas nos seguintes


grupos:

ƒ duas espécies na classe C25;


ƒ seis espécies na classe C30;
ƒ três espécies na classe C35;
ƒ cinco espécies na classe C40.

Na Figura 2 está esquematizado a distribuição das dezesseis espécies estudadas no sistema


de classes de resistência para eucaliptos proposto para a NBR 7190:2005.

Na proposição do sistema de classes de resistência para eucaliptos as espécies deste gênero


estudadas neste trabalho estão distribuídas conforme a Figura 2.
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Figura 2 – Distribuição das dezesseis espécies estudadas segundo o sistema de classes de


resistência para eucaliptos (NBR 7190:2005)

6. Considerações finais

O agrupamento de espécies segundo as classes de resistência fornece maior flexibilidade ao


projeto, viabilizando a construção da estrutura de madeira em função das espécies disponíveis
no centro consumidor, além de possibilitar a redução do custo da madeira devido ao
transporte do material.

Esse procedimento poderá levar a um incremento na utilização da madeira de eucalipto como


material estrutural, ao facilitar a escolha de diversas essências numa mesma especificação,
permitindo assim um melhor aproveitamento das diversas espécies do gênero Eucalipto
cultivadas no Brasil.

Outras espécies de eucalipto poderão ser classificadas e agrupadas conforme o sistema de


classes de resistência proposto para a NBR 7190:2005, facilitando a escolha e especificação
da madeira serrada de eucalipto, além de permitir um melhor aproveitamento das
características mecânicas de espécies de folhosas de reflorestamento.

7. Referências bibliográficas

(1) SALES, A. 2000. Classes de Resistência para Madeira. Revista Madeira: arquitetura e
engenharia, v.1, n.1, p. 25-30.

(2) SALES, A. Proposição de classes de resistência para madeira. Tese (Doutorado) - Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1996. 223p.

(3) GREEN, D.W.; KRETSCHMANN, D.E. Stress class systems: an idea whose time has
come? US Department of Agriculture. Forest Sevices. Forest Products Laboratory.
Research Paper, n.FPL-RP-500, p.1-22, 1990.

(4) BOOTH, L.G. The application of preferred numbers to the determination of basic stresses,
grades and sizes of structural lumber. In: ANNUAL MEETING OF INTERNATIONAL UNION
OF FORESTY RESEARCH ORGANIZATIONS, Munich, 1967. Anais. v.1, 16p.

(5) COMISSION OF THE EUROPEAN COMMUNITIES. EUROCOE 5 - Common unified rules


for timber structures. Luxembourg, 1995.
Revista Madeira Arquitetura e Engenharia, n. 17, ano 6, Set.- Dez. 2005. ISSN 1806-6097

(6) MAINIERI, C. Manual de identificação das principais madeiras comerciais brasileiras. São
Paulo, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, 1983.

(7) MAINIERI C.; CHIMELO, J.P. Fichas de características das madeiras brasileiras. 2.ed.
São Paulo, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, 1989.

(8) JANKOWSKY, I.P. Madeiras brasileiras. Caxias do Sul, Spectrum, 1990.

(9) JOHNSON, R. A.; WICHERN, D. W. Applied multivariate statistical analysis. 2.ed.


Englewood Cliffs, New Jersey, Prentice Hall, 1988. p.341-79, 543-81.

(10) HINZ, P.N. A method of cluster analisys and some applications. In: EK, A.P.;
BALSINGER, J.W.; PRAMNITZ, L.C., eds. Forest modeling and inventary. Madison, Society
of American Foresters, 1975. p.111-22.

(11) BUSSAB, W.O.; MIAZAKI, E.S.; ANDRADE, D.F. Introdução à análise de agrupamentos.
In: SIMPÓSIO NACIONAL DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA, 9., São Paulo, 1990.
Anais. São Paulo, Associação Brasileira de Estatística, ABE, 1990. v.1, p.1-20, 42-57.

(12) SAS. System analysis statistical: user’s guide, version 6. 4.ed. Cary, NC, USA, SAS
Institute, 1990.

(13) Associação Brasileira de Normas Técnicas (1997). NBR 7190 – Projeto de estruturas de
madeira. São Paulo. 107p.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao Laboratório de Madeiras e Estruturas de Madeira da EESC/USP, ao


CNPq e à FAPESP.

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