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Maktub
II
Paulo Coelho
Maktub II
Fonte Digital:
http://www.paulocoelho.com.br
eBookCult
Créditos
A tenção
Este te x to é distribuído
gratuitam e nte atravé s da
hom e page de Paulo C oe lho.
Ele não pode se r e ditado sob
ne nhum a form a. O autor
de té m todos os dire itos do
m anuscrito e m que stão.
5
"C om pre m o tijolo que
falta ", e scre ve u m inha
m ulhe r. Assim foi fe ito. E o
de se nho original foi m antido.
Naque la tarde , fique i
pe nsando m uito te m po no
ocorrido; quantas ve ze s, pela
falta de um sim ple s tijolo,
de turpam os com pletamente o
proje cto original de nossas
vidas.
6
DO DESERTO
7
de se rto? Nossas palavras
pare ce m pe rde r-se no ve nto,
nossos ge stos aparentemente
não de spe rtam qualque r
re acção.
João pe rsistiu; cabe a nós
faze r o m e sm o. As vozes que
clam am no de se rto são as que
e scre ve m a história do se u
te m po.
8
DA CA SA
9
a je itaram um a m ane ira de
conse guir tijolos, m ade ira,
cim e nto. Trabalhou com amor,
se m sabe r porquê ou para
que m . Mas se ntia que sua
vida pe ssoal ia m e lhorando à
m e dida que a re form a
avançava.
No fim de um ano, a casa
e stava pronta. E se us
proble m as pe ssoais
solucionados.
10
DA ESCOLA
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e scola pe rde . C omo chegam a
e sta pre cisão de re lógio
suíço?"
Ningué m disse nada. E o
am igo re sponde u à própria
pe rgunta: "Porque todos
que re m a m e sm a coisa , neste
caso, de sfilar bem. Quando há
união e m torno do m e sm o
obje ctivo, não há obstáculo
que atrapalhe ."
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DA PA RTICIPA ÇÃ O
A vida pe de -nos
constante m e nte : "participe!".
A participa çã o é ne ce ssária
para a nossa a le gria , m as
tam bé m para a nossa
prote cção. Q ue m se om ite
diante das barbaridade s que
vê , e stá pre stando se rviço a
força das tre va s, e isto lhe
se rá cobrado um dia.
Há m om e ntos e m que
e vita m os a luta, sob os m ais
dive rsos pre te x tos:
se re nidade , maturidade, senso
de ridículo. Ve m os a injustiça
se ndo fe ita a nosso próximo, e
ficam os calados. "Não vou me
m e te r à toa e m briga s", é a
e x plica çã o.
13
Isto não e x iste . Q ue m
pe rcorre um cam inho
e spiritual, carre ga consigo um
código de honra a se r
cum prido. A voz que clam a
contra o que e stá e rrado é
se m pre ouvida por De us.
Se o nosso irm ão não te m
m ais forças para re clam ar, é
nossa ve z de fazê -lo por e le.
14
DO A EROPORTO
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casam e nto na fre nte de todos
— e e la a ce itou.
Um com issário de bordo
com e ntou com igo: " de sde
que tra ba lho a qui, foi a coisa
m ais rom ântica que aconteceu
ne ste ae roporto".
16
DO DESEJO
17
re construire m os nosso quarto.
Isto irá nos ajudar a conhecer
m e lhor que m som os. Isto vai
nos faze r m odificar um a série
de coisas que e stão nos
incom odando.
Tanto as igre jas com o os
hom e ns sofre m o desgaste do
te m po — e por isso não se
pode parar nunca.
18
DO ERRO
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te nha fe ito algo de crue l,
te ne broso o suficie nte para
te rm ina r daque la m ane ira ;
m e sm o assim , nos últim os
m inutos de sua e xistência, um
pacto de fé o re dim e — e o
glorifica.
Le m bre m os de ste e x emplo
quando, por algum a razão,
nos julgarm os incapaze s de
te r um a vida e spiritual.
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DO SUICÍDIO
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be bido. Foi e ntão que tive
ce rte za que não que ria aquilo.
Fique i alguns m om e ntos
se gurando o copo e m minhas
m ãos, sabore ando a
possibilidade da m orte , até
pe nsar com igo mesmo: se sou
vale nte para m e m atar,
tam bé m sou vale nte para
continuar vive ndo".
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DO PILOTO
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vida própria, e com e ça a
inte rce ptar tudo que chega até
nós. Se u radar e stá ligado, e
e le se m pre m ove nosso avião
para longe de coisas que não
conhe ce . Assim , pe rde m os o
se ntido da ave ntura.
E que m pe rde o se ntido da
a ve ntura, de ce rta m ane ira
pe rde tam bé m o se ntido da
vida.
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DO CONTO
Um am igo m e u, Bruno
Saint-C ast, trabalha na
im plantação de alta tecnologia
na Europa. C e rta noite ,
se ntiu-se força do a e scre ve r
um te x to sobre um ve lho
a m igo de a dole scê ncia, que
havia e ncontrado no Tahiti.
Me sm o sabe ndo que teria que
acordar ce do no dia se guinte,
se ntou-se no com putador as 8
horas da noite , e só conseguiu
sair as 3 da m anhã — de pois
de have r e scrito a história
onde o tal am igo, John
Salm on, fazia um a longa
via ge m da P a tagónia a té a
Austrália. Enqua nto e scre via,
se ntia um a se nsação de
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libe rdade m uito grande, como
se a inspiração brotasse sem
qua lque r inte rfe rê ncia .
Na m anhã se guinte, recebeu
um te le fone m a de sua m ãe:
e la a ca ba va de sabe r que o
John Salm on havia m orrido.
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DA REFORMA
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Espe ro que o que se passou
na m inha casa, se passe
tam bé m e m m inha vida.
Espe ro e star abe rto para as
pe que nas novidades; que elas
se m pre m e chamem a atenção
para tudo que pre ciso mudar.
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DA NECESIDA DE
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dificuldade s. Este
individualism o le va ao
de se spe ro e solidão. Fingimos
que não nos im porta a
ate nção dos outros; mas basta
um ge sto de carinho, e nossa
pose de he rói cai por te rra".
"Não te nho m e do de
de pe nde r do próx im o: e le
tam bé m e stá pre cisa ndo de
m im ."
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DA CUMBUCA
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prisione iros de la. Não
pe rce be m os que é m e lhor
pe rde r um pouco, do que
pe rde r tudo.
Pe rm a ne ce m os na
arm adilha, não abrim os mão
do que conse guim os. Nos
julgam os sábios, m as — no
fundo do coração — sabemos
que é um a idiotice agir assim.
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DA CRIA NÇA
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com binar o e ntusiasmo infantil
com a sabe doria da
e x pe riê ncia . Para isto, é
ne ce ssário "nasce r de novo",
com o dizia Je sus.
Se hoje fosse o prim e iro dia
de sua vida, o que você
e staria faze ndo?
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DO PROFETA
O que é um profe ta ? O
filósofo Augusto de Franco
de fine m uito be m a arte da
profe cia, que e stá de ntro de
cada um de nós.
Se gundo e le , o profe ta é
capaz de ante ve r um a
situação de te rm inada, com os
olhos da fé . Q uando
profe tizam os, não e stam os
de finindo o que irá acontecer;
na ve rdade , possibilitam os a
nós m e sm os — e aos outros —
a e scolha do m e lhor caminho.
O profe ta não adivinha. Ele
e stim ula a criação de um
futuro. Se us oráculos, ao
invé s de fe char um a
possibilidade , e stão nos
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pre ve nindo das consequências
de nossas atitude s, e abrindo
novas alte rnativas.
O hom e m pode inventar seu
próprio futuro, se optar por
se guir se u próprio cam inho.
Para isto, e le pre cisa libe rtar-
se do passado, e das escolhas
que fize ram por e le — sem lhe
consultare m .
36
DO MITO
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Não dê a m e nor im portância
para o que os outros acham
de você . Ningué m m e lhor que
você m e sm o para sabe r as
própria s qua lida de s e
lim itaçõe s.
Se você se de ix ar envenenar
pe la opinião alhe ia, e stá
pe rdido.
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DO A MOR
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"C laro", re sponde u C amus.
"O livro te ria ce m páginas.
Nove nta e nove se riam e m
branco, pois não há o que
dize r. No final da ce nté sim a
página, e u e scre ve ria: "o
único de ve r do hom e m é
am ar"".
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DO A MOR
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nos lugare s supe rficiais"
(Patm ore ). "Q uanto m ais
a m a m os a lgué m , m ais
pe ne tram os nos m isté rios de
todos" (Jalal-Ud-Dim ). "Onde
e x iste a possibilidade de ódio,
e x iste tam bé m a possibilidade
de am or; basta faze r um a
e scolha" (Tillich).
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DO CONGRESSO
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continuou Khrusche v. —
Naque le m om e nto, e u estava
na m e sm a posição e m que
você e stá a gora .
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DA TRA DIÇÃ O
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hospitalidade não pode morrer
e m nossas vidas, mesmo que
e x ista — de ve z e m quando —
ge nte que abusa de nosso
te cto e carinho. Se m pre que
a colhe m os a lgué m , nos
a brim os para a a ve ntura e o
m isté rio.
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DA MENDIGA
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tirou de um dos plásticos dois
pacote s de le ite Longa-Vida, e
e ntre gou-os a e le s.
“Faze m caridade com igo,
pre ciso faze r caridade com os
outros”, foi se u com e ntário.
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DA RENOVA ÇÃ O
No de se rto de Mojave , é
fre que nte e ncontrarm os a s
fam osas cidade s-fantasm a:
construídas pe rto de minas de
ouro; e ra m a ba ndonadas
quando todo o produto da
te rra tinha sido e x traído.
Havia cum prido se u pape l, e
não tinha m ais se ntido
continuar se ndo habitadas
Q uando passeamos por uma
flore sta, tam bé m ve m os
á rvore s que — um a ve z
cum prido se u pape l,
te rm inaram caindo. Mas,
dife re nte das cidade s-
fanta sm a, o que a conte ce u?
Abriram e spaço para que a luz
pe ne trasse , fe rtilizaram o
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solo, e te m se us troncos
cobe rtos de ve ge tação nova.
A nossa ve lhice vai depender
da m ane ira que vive m os.
Pode m os te rm inar como uma
cidade -fantasm a. O u e ntão
com o um a ge ne rosa árvore ,
que continua a se r importante,
m e sm o de pois de caída por
te rra.
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DO CHÁ
No Japão, participe i da
conhe cida “ce rim ónia do chá”.
Entra-se num pe queno quarto,
o chá é se rvido, e nada mais.
Só que tudo é fe ito com tanto
ritual e protocolo, que um a
prática quotidiana transforma-
se num m om e nto de
com unhão com o Unive rso.
O m e stre do chá, O k ak usa
Kasuk o, e x plica o que
a conte ce : “a ce rim ónia é a
a dora çã o do be lo e do
sim ple s. Todo se u e sforço
conce ntra-se na te ntativa de
atingir o Pe rfe ito atravé s dos
ge stos im pe rfe itos da vida
quotidiana. Toda a sua beleza
51
consiste no re spe ito com que
é re a liza da .”
Se um m e ro e ncontro para
be be r chá pode nos
transportar até De us, o que
dize r das outras oportunidades
que aconte ce m todo dia — e
não nos dam os conta.
52
DOS COSTUMES
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chapé us e roupas sofisticadas,
vai adquirir tam bé m o bom -
gosto e a sofisticação de quem
as criou?
“O s obje ctos podem ser seus
aliados, m as não contê m —
ne le s m e sm os — qualquer tipo
de conhe cim e nto. Pratique
prim e iro a de voção e a
disciplina, e tudo o m ais lhe
se rá acre sce ntado.”
54
DOS PLA NOS
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inte rfe rindo e m ide ia s e
proje ctos distintos?
“Q ue m pode acre scentar um
til ou um jota a sua historia?”
diz Je sus C risto. Te m os uma
le nda pe ssoal para viver. Mas
e la se m anife sta a qui e agora,
e não nos planos que fazemos
para o futuro. O re sto é
de lírio.
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DA DECISÃ O
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e procuram os soluciona-las. O
re sultado prático é que cada
um te rm ina com prando aquilo
que já de se java ante s.”
É im portante que o guerreiro
da luz use e sta e stra tégia em
sua vida. Q ue m só de se ja
de m onstrar que e stá ce rto,
te rm ina por agir e rrado.
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DO SUICÍDIO
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Já e stam os acostum ados
com isto. É um a ve lha le i da
física: que brar a iné rcia é
difícil. C om o não pode m os
m udar a física, conce ntremos
a e ne rgia e x tra e
conse guire m os dar o primeiro
passo. De pois o próprio
cam inho ajuda.
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DOS DEFEITOS
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re param os im pie dosam ente,
nas costas do com panhe iro
que e stá a diante , todos os
de fe itos que e le possui.
E nos julgam os m e lhore s
que e le — se m pe rceber que a
pe ssoa andando atrás de nós,
e stá pe nsando a mesma coisa
a nosso re spe ito.
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DO CA SULO
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diz Kazantzak is. “Aque le
pe que no cadáve r é , até hoje,
um dos m aiore s pe sos que
te nho na consciê ncia. Mas foi
e le que m e fe z e ntender o que
é um ve rda de iro pe cado
m ortal: forçar as grande s leis
do unive rso. É pre ciso
paciê ncia , a guarda r a hora
ce rta, e se guir com confiança
o ritm o que De us e scolhe u
para nossa vida”.
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DO DESPOJA MENTO
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"Durante algum te m po
ace ite i isto, m as notei que não
podia m ais com partilhar da
vida a m inha volta. Foi e ntão
que largue i a re ligião. Hoje
te nho m e us conflitos, m e us
m om e ntos de raiva e de
de se spe ro, m as se i que estou
de novo pe rto dos hom e ns —
e conse que nte m e nte perto de
De us".
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DA UTILIDA DE
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"Nunca e sque ça do que viu",
disse o avô. "O sapate iro
a ce itou um a re cla m a çã o,
e nqua nto e ste homem a nosso
lado não quis m ove r-se . O s
hom e ns úte is, que fazem algo
útil, não se incom odam de
se re m tratados com o inúteis.
Mas os inúte is se m pre se
julgam im portante s, e
e sconde m toda a sua
incom pe tê ncia a trás da
autoridade ".
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DO PRESENTE
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profe ssora viu isto, começou a
chorar, e pe diu que Miie não
voltasse m ais a sua casa,
dize ndo: "Ante s, nossa relação
e ra de igualdade e amor. Você
tinha te cto, com ida, e tintas.
Agora , a o m e tra ze r e ste s
pre se nte s, você e stabe le ce
um a dife re nça socia l e ntre
nós. Se e x iste e sta diferença,
não pode e x istir compreensão
e e ntre ga ".
70
DA FLA UTA
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m ostrar sua be le za e sua
e te rnidade . De us não está na
tortura da alm a ou nas
confusõe s do pe nsam e nto,
m as na capacidade que o
hom e m te m — de sde os
te m pos m ais re m otos — de
olhar a s e stre la s e ficar
com ovido."
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DO METRO
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m ulhe r, e tom am os sak ê .
Você te m m ulhe r?"
O bê bado ficou desnorteado.
e re sponde u: "não te nho
m ulhe r, não te nho ningué m.
Só te nho ve rgonha de m im ".
O ve lho pe diu que o bêbado
se ntasse ao se u lado. Quando
Dobson de sce u, o hom e m
e stava chora ndo.
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DO OLHA R PA RA SI
Q ua ndo e u m e e ncontrava
faze ndo o cam inho de Roma,
um dos quatro cam inhos
sagrados de m inha tradição
m ágica, m e de i conta —
de pois de quase vinte dias
pra tica m e nte sozinho — que
e stava m uito pior do que
quando havia começado. Com
a solidã o, e u com e ce i a te r
se ntim e ntos m e squinhos,
am argos, pe que nos.
Procure i a guia do cam inho,
e com e nte i o fato. Disse que,
ao iniciar aque la peregrinação,
ache i que ia m e aprox im ar
m ais de De us. Entre tanto —
de pois de tantos dias —
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e stava m e se ntindo m uito
pior.
-"Você e stá m e lhor, não se
pre ocupe " — disse e la. "Na
ve rda de , qua ndo acendemos a
luz de nossas alm as, a
prim e ira coisa que vemos são
a s te ias de a ra nha e a poeira,
nossos pontos fracos. Mas
e sta é a oportunidade de
corrigi-los. Nunca de ix e que a
consciê ncia de suas fraquezas
lhe assuste ".
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DO VA ZIO
As ve ze s som os possuídos
por um a se nsação de tristeza
que não conse guim os
controlar. Não im porta o lugar
onde e stam os — no trabalho,
junto da pe ssoa a que m
am am os, num a fe sta — mas,
se m qua lque r e x plica çã o, o
m undo pe rde se u colorido, e a
vida e sconde sua m agia .
Ne ste s m om e ntos — nos fala
Kare n C ase y — nada m e lhor
que olhar para de ntro de nós
m e sm os. Ali e stá um a criança
com m e do, que não sabe bem
o que e stá faze ndo a qui,
porque quase não é ouvida e
consultada. Vam os se r
tole rante s com e sta criança .
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Vam os de ix ar que ela tome as
ré de as por quanto te m po for
ne ce ssário, até que se ntir-se
de novo am ada.
Em bre ve , nossos olhos
voltam a brilhar. E, a partir
daí, se não pe rde m os m ais o
contacto com e sta criança,
não pe rde re m os m ais o
se ntido da vida.
78
DE PA PA I NOEL
79
de silusão, e m pobre ce m os
nosso m undo, e desconfiamos
de qualque r m ilagre .
Não som os m ais crianças.
Pode m os convive r com as
de ce pçõe s ine re nte s ao
próprio cam inho e spiritual —
a liás, e ste é um caminho cheio
de de ce pçõe s. Mas, que m
pe rsistir, che ga lá.
80
DO CUIDA DO COM A S
PA LA VRA S
81
te m sido ge ne rosa até aquele
m om e nto — continuará sendo,
se supe rarm os com bravura o
obstáculo.
Mante nha as palavras
positivas no ar. Elas vão lhe
a juda r a cre sce r e m qua lquer
dificuldade .
82
DA SOMBRA DO HOMEM
83
re fle cte no pla no a stra l, e
tam bé m re torna.
Muita ge nte justifica sua
própria infe licidade ,
argum e ntando que e stá
pagando agora o que fe z em
vidas passadas. Ex iste m
alguns raros casos e m que
isto aconte ce , e — m e sm o
ne ste s casos — um verdadeiro
acto de am or apaga qualquer
culpa. De ve m os nos
conce ntra r e m m ovimentos de
harm onia, para que a sombra
que proje ctam os no m undo
e spiritual se ja se m pre um ato
de louvor a De us.
84
DA MÍSTICA
O te x to é de Le onardo Boff:
"C aptar De us é tê -Lo e m
todas as dim e nsõe s da vida,
não a pe na s e m situa çõe s
privile giadas, como quando se
com unga ou se re za. Te r a
e x pe riê ncia de De us se m pre
— andando na rua, respirando
o ar poluído, ale grando-se ,
tom ando ce rve ja, procurando
e nte nde r um te x to que se
e ste ja e studando. De us vem
m isturado com tudo isto; e
qua lque r situa çã o é
suficie nte m e nte boa para
capta-Lo e dize r: "Ele anda
connosco".
"A cha ve do m ístico é
procurar ve r o que e stá por
85
trás de cada coisa, o que a
constitui e suste nta. Não ficar
pre so ao supe rficial, — m as
faze r de tudo um símbolo, um
sinal, um sacram e nto, um a
im age m ".
"Pa ra que m te m a
e x pe riê ncia de Deus, o mundo
é um a gra nde m e nsa ge m ".
86
DA PRESENÇA
C he go e m Madrid a s 8 da
m anhã. Vou ficar ape nas
algum as horas, de m odo que
não adianta te le fonar para
a m igos e , m arca r a lgum
e ncontro. R e solvo cam inhar
sozinho por lugare s que m e
são que ridos, e te rm ino
se ntado num banco do parque
R e tiro.
"Você pare ce que não e stá
aqui", diz um ve lho que se
aprox im a.
"Estou há oito anos atrás,
e m 1986", re spondo. "Sentado
ne ste banco com um am igo
pintor. C onve rsando sobre um
assunto absurdo: onde tomar
aulas de dança".
87
"Aprove ite e sta be nção", diz
o ve lho. "Mas saiba que um
pouco de sal dá te m pe ro a
com ida, m uito sal e straga o
alim e nto. É pre ciso m uito
cuidado com as le m branças —
ou você acabará sem presente
para re cordar".
88
DA REA LIDA DE
89
Em 1968, Lara com e morou
70 anos de vida. Vários
jorna listas foram a fe sta e m
Tacotapla n — e a li, escutaram
histórias de ve lhos que havia
brincado com Lara e m sua
infância, as ruas onde fez suas
prim e iras cançõe s. No
m om e nto m ais im portante da
fe sta , o pre fe ito de Tacotaplan
lhe de u a s cha ve s da casa
onde nasce u!
90
DO A FECTO
91
bra ços e m e tocou. Ali e stava
e u, pe dindo a m eu pai que me
m ostrasse o quanto me queria
— e m bora e u já soube sse ".
"Se nti suas m ãos na m inha
cabe ça e — pe la prim e ira vez
— e scute i as palavras que seu
coração dizia, m as que se us
lábios jam ais haviam
pronunciado. "Te am o", disse
e le . E, a partir do m om e nto
e m que te ve corage m de
m ostrar se u am or, re cuperou
sua vontade de vive r."
92
DO UNIVERSO
93
a le ga ndo que não e ra
conside rado pe la crítica. "Pois
vou e dita-lo", disse Anne . "E
fare i o m e lhor".
Esta se m ana, com o livro
e logiado pe la crítica local, e
nas listas de m ais vendidos da
França, Anne te le fonou:
"Mande um pre se nte à
brasile ira que re cusou se u
livro. Há trê s anos, se ria
a pe na s lança m ento perdido no
m e io de outros. Agora foi um
de safio pe ssoal meu. Maktub!"
94
DO RETORNO
95
No inve rno se guinte , Hugh
te ve que se r ope ra do de
e m e rgê ncia. Enqua nto se
re cupe rava, num hospital
longe de sua casa, e scutou
algo bate ndo na jane la. Pediu
a e nfe rm e ira que a brisse; um
pom bo e ntrou voando pe lo
qua rto a de ntro, e pousou no
pe ito do rapaz.
Na pata dire ita e stava a
e tique ta com o núm e ro 167.
96
DA A CÇÃ O
97
só pode m propaga-las se
vive re m de acordo com e las.
Estou absolutam e nte
conve ncido de que qualque r
hom e m ou m ulhe r pode
re alizar o que re alize i, se fizer
o m e sm o e sforço e cultivar a
m e sm a e spe rança e fé ."
98
DA GA RRA FA
99
hora, de cidim os não ir m ais
a té o "ca nyon". Na volta , e u
pe nsava: quantas ve ze s
de ix am os de se guir o nosso
cam inho, atraídos pe lo falso
brilho do cam inho ao lado?
Mas pe nsava também: se eu
não fosse até lá, com o ia
sabe r que e ra apenas um falso
brilho?
100
DO PA DRE
Escute i no re staurante :
— Você de ve de ix ar e ste
e m pre go e faze r os tais
obje ctos de acrílico.
— Prim e iro pre ciso ganhar
dinhe iro.
— Você disse que e stá
ganhando m al, pé ssim o.
— De qualque r m ane ira é
um a se gurança.
— Mas você disse que pode
ganhar dinhe iro com os tais
obje ctos.
— Posso. Te nho ce rte za.
Te nho até e ncom e ndas.
— Então por que não larga
tudo?
— Porque pre ciso de
dinhe iro.
101
— Mas você não e stá
ganhando dinhe iro no
e m pre go!
— Mas pe lo m e nos é um a
garantia. Não e nche , vam os
com e r.
102
DA NEGA ÇÃ O
103
DE SÃ O FRA NCISCO
104
hospe dado na casa de um dos
habitante s da cidade . De
noite , ante s de dorm ir, Nelson
foi a té a e stante do qua rto, e
sorte ou um livro para le r.
Era o te x to de um
cate drático italiano,
de scre ve ndo o processo usado
por Francisco de Assis para
e scre ve r "O C â ntico das
C riaturas".
105
DA TA RTA RUGA
106
casco de tartaruga todo
adornado de ouro e pe dras
pre ciosas. "Não te inve jo,
antiga am iga", pe nsou a
tarta ruga . "Você e stá coberta
de jóias, m as e u e stou
faze ndo o que que ro"".
107
DO KOSMOS
108
— "Mas você s vive m no
m e lhor lugar da Te rra", e u
disse . "C om o é vive r no
paraíso?"
A holande sa ficou um longo
te m po quie ta. Então
re sponde u: "É a coisa m ais
chata do m undo. Aqui e stá
tudo ce rtinho, não sobrou
ne nhum de safio, ne nhum a
e m oçã o. O x a lá e u tive sse os
se us proble m as — e ntão
voltaria a se ntir-m e parte da
hum a nida de ".
109
DA FÓRMULA
110
dos outros é e m pobre ce r a
vida e m atar o e ntusiasmo da
Busca. O de safio é individual;
pode se r m ais difícil, m as é
m uito m ais anim ado, rico e
inte re ssante ."
111
DO FA MOSO
112
se u m ate rial ante s de sair ao
m ar", re sponde u He m ingway.
"Se e le não fize r isto, e a char
que só o pe ix e é im porta nte,
jam ais irá conse guir coisa
algum a".
113
DE SE PERDER
114
No cam inho, e x plicou: "há
cinco anos atrás, e stive no
Brasil. C e rta noite , pe rdi-m e
e m São Paulo. Eu não falava
um a palavra de portuguê s,
m as um rapaz brasile iro
te rm inou por e nte nde r o que
e u que ria, e le vou-m e a té ao
hote l. Hoje , De us permitiu-me
saldar e sta dívida".
115
DA GA IVOTA
116
da gaivota. E aprox im e -se
com calm a".
Fiz o que e la m andou. Duas
ve ze s não consegui nada, mas
na te rce ira — com o se e u
tive sse e ntra do e m "transe ",
conse gui tocar a gaivota.
R e pe ti o "transe ", com o
m e sm o re sultado positivo.
C onto a qui a e x pe riê ncia ,
para que m quise r te ntar. "O
a m or cria ponte s e m lugare s
que pare ce m im possíveis", diz
a m inha a m iga fe itice ira.
117
O SEXO
118
— "A paix ão é um truque . É
um a pe na que , com o diz
Sha w, justa m e nte qua ndo
duas pe ssoas se e ncontram
sob a influê ncia da m ais
viole nta, insana, e ilusória das
paix õe s, se m pre apare ce
algué m e x igindo que
pe rm ane çam continuam e nte
ne sta condição e x citada,
a norm al e e x a ustiva , a té que
m orte os se pare ".
119
DA FÉ
120
re ligiosas. Elas e nriqueceram-
m e , e e x e rce ram gra nde
influê ncia na m inha m ane ira
de pe nsar. A Igre ja, porém, é
m e u lar e spiritual. Te nho
noção das suas lim itaçõe s, e
a té m e sm o de sua e stre iteza
ocasional — o que m e de ix a
e m baraçado. Mas isto nunca
irá de struir o facto de que foi
e la que m e form ou, m e
m oldou, e fe z de m im o que
sou".
Pratique sua re ligião, se ja
e la qua l for. Todos nós
pre cisam os de um lar
e spiritua l.
121
DO A PENDICITE
122
gravíssim o. Q uando já se
re cupe rava, o m é dico foi
conve rsar com e la: "A
ape ndicite dá m uitos sinais;
dore s, fe bre alta, e tc. Por que
não ve io ante s?
— "Ve jo a doe nça como uma
re sposta do corpo a um
e nfraque cim e nto da mente —
re sponde u e la. — Te nte i lutar
por m im m e sm a".
E, por causa disto, quase
m orre u. Muito cuidado, gente.
123
DE COMO ERA
Je sus de ve te r pe nsado
m uito be m e m suas atitudes.
Sabia que e la s se ria m
com e ntadas pe los sé culos
vindouros, e pre cisa va dar o
e x e m plo.
Se u prim e iro m ilagre ? Não
foi curar um ce go, faze r um
cox o andar, e x orcizar um
de m ónio: m as transform ar
á gua e m vinho, e a nim a r a
fe sta.
Se us com panhe iros? Não
foram os que com andavam a
cultura e a re ligião da é poca;
m as hom e ns com uns, que
viviam de se u trabalho.
Suas com panhe iras? Não
e ra m com o Marta , que fazia
124
a plica da m e nte a tare fa
dom é stica; m as com o Maria,
que o se guia com libe rdade .
O prim e iro Santo? Não foi
um apóstolo, ne m discípulo,
ne m um fie l se guidor; m as o
ladrão que m orria ao seu lado.
O suce ssor? Não foi aque le
que m ais se aplicou e m
apre nde r se us e nsinamentos;
m as que m o ne gou no
m om e nto e m que m ais
pre cisa va de a juda .
Enfim , nada do que
m andava o m anual do bom
com portam e nto.
125
DA SA BEDORIA
126
E, outro dia, conhe ci outro
hom e m analfabe to e se m
cultura , que e m m e ia-hora
falou ape nas tolice s.
E, passado um te m po,
conhe ci outro hom e m culto,
poliglota, que m e abriu os
olhos para coisas
im portantíssim as.
Isto tam bé m já aconte ce u
com você . Portanto, te ntar
e stabe le ce r re gras,
pre conce itos, ou padrõe s,
a pe na s e m pobre ce nossa
busca . Estar a be rto para a
vida, é e star a be rto para o
próx im o. Q uando nosso anjo
usa as pe ssoas para nos dar
algum re cado, não as escolhe
da m ane ira que e scolhe mos.
127
DA MA ÇÃ
128
re luze nte , sucule nta m açã
e ntrou rolando na sala e parou
e m fre nte a e le !
Mais tarde , R ui de scobriu
que um a das m oças que
viviam ali tinha ido buscar
frutas no m e rcado ne gro. Ao
volta r, subindo a e scada,
le vou um trope ção e caiu; a
sacola de m açãs que havia
com prado abriu-se , e um a
de las rolou sala ade ntro.
C oincidê ncia? Be m, isto seria
um a palavra m uito pobre para
e x plicar e sta história.
129
DA CRIA NÇA
130
— "Se você re alm e nte fosse
criança , e staria ne ste
m om e nto cantando ale luia
para a s coisa s que e stão na
sua fre nte . E — livre das
te nsõe s, dos m e dos, e das
pe rguntas inúte is —
a prove ita ria e ste te m po para
e spe rar, curioso e pacie nte ,
pe lo re sultado das coisas onde
tanto inve stiu se u am or"
(C arlos C are tto, e rm itão
italiano).
131
DO MEDO E DESEJO
132
e ste s m e dos se jam
transfe ridos para nós.
"Só pe rdi o m e do de avião
quando, na vé spe ra de ce rta
via ge m , pe nse i com igo
m e sm a: te nho e ste pânico
porque m e u pai tinha medo, e
e u não posso a ce itar que
e stive sse e rrado."
É pre ciso ficar com as coisas
boas do passado, m as livrar-
se dos te m ore s irracionais.
Hoje , quando m e de fronto
com qualque r m e do, troco a
palavra por 'de se jo' e
pe rgunto: por que e stou
de se jando isto? E o
m e do/de se jo se a fa sta
norm alm e nte ".
133
DA INSISTÊNCIA
134
Q ua se m orri naque la tarde.
De onde tire i a ide ia da
cidade ? Por que não de sisti
quando vi que não havia
ne nhum a e strada?
Às ve ze s cism am os com
ce rtas coisas, e só
de scobrim os o e rro tarde
de m ais. Por isso é se m pre
bom le m brar da frase de
Goe the : "Ningué m conse gue
e nganar-nos m e lhor que nós
m e sm os".
135
DA Á RVORE
136
olho tre inado consegue vê-los.
Hoje — e m bora a inda cometa
e rros — e stou m ais
acostum ado a distinguir no
ce nário diante de m im a
caligrafia de De us. Assim
com o a be le za da orquídea se
de staca para que m sabe que
e x iste m orquíde as, os Sinais
se m ostram para quem tem a
corage m de de cifra-los.
W illiam Blak e dizia: "O tolo
não vê a m e sm a árvore que o
sábio vê ". C uste i a e nte nde r
isto, m as a ca be i a prendendo.
137
DA MULHER
138
Na m e sm a hora, procure i-a
e ntre os convida dos — e
Ivonne Be ze rra de Me llo ficou
sabe ndo da m inha admiração
por sua re sistê ncia e coragem.
Mas, ao voltar para casa, eu
pe nsa va : qua ntas ve ze s e m
m inha vida e stive diante de
algo que e ra im portante para
m im , e não pe rce bi?
139
DA MA TER CHRISTI
140
coração, a conve rsão também
pára.
"A palavra conve rsão ve m
de m e tanóia, que e m Gre go
que r dize r, m udança de
m e ntalidade . De us nos dá a
conve rsão pe la graça, e nós
re tribuím os com a acção. Não
é um cam inho fácil: o trabalho
é se m e lha nte ao de
transform ar um de se rto e m
pom ar; m as, se a ge nte
pe rm ite , o Espírito Santo se
e ncarre ga disto".
141
DA VIDA
142
corage m , é pre ciso dominar o
m e do. E assim por diante .
Vam os faze r as paze s com
nossos dias .É pre ciso não
e sque ce r que a vida e stá do
nosso lado. Tam bé m ela quer
m e lhorar. Vam os ajuda-la.
143
DA DETURPA ÇÃ O
144
fle cha assassina agora apenas
indica um a dire cção.
Um a le nda Ze n conta a
história de um m e stre que
se m pre m andava am arrar o
se u gato, que pe rturbava a
m e ditação dos discípulos. O
te m po passou, o m e stre
m orre u. O gato tam bé m
m orre u, e troux e ram outro.
C e m anos de pois, algué m
e scre ve u um tra ta do
re spe itadíssim o, sobre a
im portância de se te r um gato
am arrado durante a
m e ditação.
145
DO CA MINHO
146
abandonar o cam inho de pois
de constatar que os que estão
ne le ainda não re solve ram
se us proble m as. A angústia: o
cam inho foi abandonado, mas
um a se m e nte foi plantada: a
fé . E cre sce dia e noite . A
pe ssoa se nte -se
de sconfortá ve l, com a
se nsação de que de scobriu e
pe rde u.
147
DO CA MINHO
148
m e sm o. Atravé s dos sinais,
De us lhe e nsina o que precisa
sabe r. A noite e scura: são
fe itas as Escolhas. A pe ssoa
m uda sua vida e dá se us
passos — ape sar do m e do. A
com unhão: é o m om e nto em
que , com o dizia São Paulo, a
própria Divinda de passa a
habitar a pe ssoa. O m isté rio
dos m ilagre s se m anifesta em
toda m aravilha e grande za.
149
DO PÃ O
150
re sponde u: " Ale x andre não
te m pão e m se u re ino?
Precisava vir busca-lo tão
longe ?
Ale x andre continuou suas
conquistas, m as — ante s de
partir dali, m andou gravar
num a pe dra: "Eu, Alexandre o
Gra nde , vim a té a África para
a pre nde r com e stas
m ulhe re s."
151
DA PRINCESA
C he gue i a Ne w York , e
soube que m inha e ditora
a m e rica na re se rva ra o clássico
hote l W aldorf Astoria. Quando
a porta do e le va dor a briu no
m e u andar, vi que e stava
re ple to de se guranças — com
arm as a vista. De scobri, com
a cam are ira , que um a
prince sa á ra be e stava a li. Fiz
m ilhare s de fantasias de como
de via se r um a prince sa, a té
que um dia a vi no corre dor:
um a se nhora gorda, fe ia, os
pé s inchados, e um sé quito
cuidando de cada passo. A
a m iga que e stava com igo
conse guiu falar com e la;
soube m os que a se gurança
152
não a de ix a va ir à rua , que
sonhava e m ir a um cinema, e
que e a prim e ira e stra nge ira
com que m conve rsava e ra
m inha am iga. O s guarda-
costa s logo che ga ra m ,
inte rrom pe ndo a conve rsa —
alé m de nos re vistar em busca
de arm as ocultas. Foi a única
prince sa de ve rdade que
conhe ci e m m inha vida.
153
DO SA CO
154
e scuro; a o m e sm o tempo, era
pe que no — porque sua m ão
tocava as pare de s do saco.
Assim , e lim inado por completo
o se ntido de te m po e espaço,
a noviça e stava m ais abe rta
para um a nova pe rce pção da
re alidade ."
155
DE SA LOMÃ O
156
se ntísse m os inúte is ou
re pe titivos. Sua inte nção e ra
m ostrar-nos que , em nenhum
m om e nto, e stam os sozinhos.
Se De us fe z com que todas as
ge raçõe s ante riore s
e ncontrasse m se u rum o, fará
a m e sm a coisa por cada um
de nós. Afinal, Ele te m
m ilé nios de e x pe riê ncia com
nossos proble m as.
157
DA PA RA DA
158
nature za tive sse vontade de
produzir se m inte rfe rê ncia do
hom e m . De sta m aneira a terra
se re vigorava, e e ra capaz de
— no ano se guinte — aceitar a
se m e nte do agricultor.
Q ue m não pára por livre
vonta de , te rm ina se ndo
paralisado pe la vida. Na Busca
— com o e m tudo o m ais —
acção e inacção te m a mesma
im portância.
159
DA REBELDIA
160
que o ce rcavam e partiu para
cim a do filho.
"Eu pe nse i que fosse levar a
m aior de scom postura pública
da m inha vida", m e conta Luiz
C arlos Pre ste s Filho. "Mas ele
che gou diante de m im, olhou-
m e nos olhos, e disse :
"Pa ra bé ns. Você fe z
e x a ctam e nte o que e u proibi,
e isto m ostra o se u valor.
Espe ro que você m ante nha
se m pre e sta m e sm a firm eza
com os outros."
161
DA S RESOLUÇÕES
162
incapaz, e culpa da a té a
últim a se m ana do ano.
Q ua ndo, e nfim , e sta semana
che ga , e la faz de novo a s
prom e ssas, e o ritual se
re pe te .
Não de ve m os te ntar
m e lhorar naquilo que os
outros e spe ram de nós,
Judith; m as de scobrir o que
e spe ram os de nós mesmos. Aí
ne m é pre ciso prom eter nada,
porque m udam os com prazer
e a le gria .
163
DO CA MINHA R
164
que lhe a conte ce na vida.
Q ualque r actividade tocada
pe lo am or, é m otivo de prazer
e júbilo.
Mas e le não conse gue ; a
cam inhada é um tratam e nto
m é dico, nada m ais. Por isso,
sua hora e m e ia de a le gria
tra nsform a-se e m suplício e
torm e nto.
165
DA S DEFINIÇÕES
166
Escrito num m uro e m
Bue nos Aire s (e anotado por
Fabia na R iboldi): "Se a m a s
algué m , de ix a-o em liberdade.
Se e le volta r, foi porque
pre cisou. Se e le não voltar, foi
porque pre cisou".
167
DO MONUMENTO
168
um a de stas pe dras, e x iste o
nom e de um lugar onde
jude us foram m ortos. Artistas
anónim os criaram e sta praça
durante a II Gue rra, e iam
a cre sce ntando a s laje s a
m e dida e m que novos locais
de e x te rm ínio e ram
de nunciados. Me sm o que
ningué m visse , aqui ficava o
te ste m unho".
169
DO TRA DUTOR
Durante um a conferência em
Toulouse , sou apresentado ao
tradutor de m e us livros para o
sue co. De scubro que se rviu
com o piloto na Inglate rra —
durante a II Gue rra Mundial.
De pois, re solve u m udar-se
para R e cife , onde vive u m ais
de vinte anos.
No jantar, conta-m e a sua
e x pe riê ncia nos cam pos de
batalha da Europa: "Na
Gue rra de scobrim os a ilusão
do pode r. Um Ge ne ral pode
com anda r m ilha re s de
hom e ns, e se ntir-se o homem
m ais im portante do Mundo:
m as e sta se nsação dura
a pe na s a té o m om e nto e m
170
que e le dá a ordem de ataque.
A partir de e ntão, se u pode r
de sapare ce com pletamente —
passa a e star nas m ãos de
Soldados que nunca viu, de
Sarge ntos que não sabe o
nom e .
"Um bom com andante sabe
que o pode r não e x iste . Sua
capacidade re side em
transform ar m uitas vontades
dife re nte s e m um a vontade
única."
171
DO PERDÃ O
172
confusão quotidiana, e
e ncaram os de fre nte a
e x istê ncia.
Ao pe rguntar, tam bé m
pre cisam os re sponde r.
Som os um a m anife stação
do pe nsam e nto de De us. Ele
e spe ra que a nossa vida seja
digna disso.
173
DOS SINA IS
174
obe de ce m os. Furam os o sinal
ve rm e lho um a ve z, outra vez,
se m que aconte ça nada. E
acostum am o-nos a agir assim
— até que um dia...
Por isso, ate nção. Não se ja
im prude nte com os se us
sonhos. Não use sua sorte em
bobage ns.
175
DO ESCRA VO
176
sua alde ia. Este hom e m não
tinha o m e lhor se ntido de
e conom ia".
"Ao contrário", re sponde u
Saint-Ex upé ry. "Ele sabia que
o m e lhor inve stim e nto do
Mundo são as pe ssoas.
Gastando assim , conseguiu de
novo ganhar o re spe ito de
se us conte rrâne os, que
te rm inarão por lhe dar
e m pre go. Afina l de contas, só
um ve nce dor pode se r tão
ge ne roso".
177
DA PA SSA RELA
178
palco, um laço fino, m as
suficie nte m e nte forte — m e
pe rm ite com unicar a poesia de
que m e scre ve u a s á rias. A
be le za ajuda-nos a ficar mais
pe rto de De us. Ela pode não
te r a força de um a ponte, mas
te m a utilidade de um a
passare la que , — m e sm o
a pa re nte m e nte frá gil —
cum pre sua m issão de
transportar os hom e ns sobre
águas turbule ntas".
179
DO DESENHO
180
valore s m udam , a e spe rança
re nasce , e o cam inho de volta
é fe ito com sabe doria".
C re io que é um proce sso
onde os riscos são
e x a ge ra da m e nte grandes. Se
vislum bra m os a luz, é melhor
largar tudo e se gui-la. Mas
Moe bius pe nsa dife rente, e eu
re solvi re gistrar aqui.
181
DA A JUDA
182
pode m m oldar nosso
com portam e nto. Elas não têm
o pode r de de finir nosso
carácte r.
De us — cuja opinião, no
fundo, é a única que conta —
jam ais foi ingrato connosco.
Vam os agarrar-nos a isto;
vam os continuar te ntando
com portar-nos da m ane ira
que que re m os.
183
DA VELHICE
184
garoto ve ndo as rugas, e a
triste za e m se us olhos. Q ual
não foi sua surpre sa quando,
de pois de alguns instantes, o
m e nino re sponde u: "Mamãe!
C om o a ve lhice é bonita!"
185
DO MERCA DO
186
adm irando as m e rcadorias.
Se rá que podíam os juntar
dinhe iro para que possa
com prar algo?" "Te nho tudo
que de se jo", re sponde u
Sócra te s. "Ma s a doro ir a o
m e rcado, para de scobrir que
continuo com ple tam e nte feliz
se m aque le am ontoado de
coisas!"
187
DA GENTE
188
sé rio no que e stá faze ndo.
Aprove ite .
Entre tanto, se e ste tipo de
torcida afastar você de se u
cam inho, é porque e ste não
e ra se u cam inho. Se fosse, só
m e sm o a m ão de De us
pode ria te r fe ito alguma coisa
contra.
189
DA VERDA DE
190
O que m e conta rá s é útil?"
"Útil?", disse o visitante .
"Be m , útil não é ". "Então",
concluiu o filósofo sorrindo,
"se o assunto não é
ve rdade iro, ne m bom , ne m
útil, é m e lhor não se
pre ocupar com e le ".
191
DOS DESA FIOS
192
grande salto sobre o abism o
— se m pre surge
ine spe radam e nte , e parte
logo. Sua pre se nça foi
re sultado de um trabalho
invisíve l que re alizam os, sem
que nos dé sse m os conta. É
pe gar ou largar para se mpre.
C laro que pode m os cair no
abism o. Mas o que , ne sta
vida, não é arriscado?
193
DO PERDÃ O
194
C laro que não! — Então, você
ainda continua prisione iro
de le s.
195
DA CA NA LIZA ÇÃ O
A canalização é um processo
de conta ctar a e ne rgia interior
e e x te rior. De scre ve re i o
m é todo ge ralm e nte utilizado,
que dura e m torno de de z
m inutos: Se nte -se num lugar
tranquilo, de pre fe rê ncia no
final do dia — quando você
e stá cansado. Fe che os olhos,
pe nse no que te m vontade de
pe nsar. De pois de algum
te m po, re ze . Pe ça a Deus luz,
prote cção, e ajuda. Então,
com e ce a falar: não procure
lógica nas palavras; escute os
sons que sae m da sua boca.
Em aprox im adam e nte um a
se m ana, e ste s sons começam
a transform ar-se em palavras,
196
e stas palavra s e m fra se s, e
se u Anjo usará e ste canal para
se com unicar. Faça as
adaptaçõe s ne ce ssárias a você
, e pratique com disciplina.
Jam ais pe rca a consciê ncia
durante a canaliza çã o; é
de sne ce ssário e pe rigoso.
Ex iste um unive rso e spiritual
— procure e ntra r e m contacto
com e ste Unive rso.
197
DE ENSINA R
Um a m ãe le vou se u filho ao
Mahatm a Gandhi e im plorou:
"por favor, Mahatm a, peça ao
m e u filho para não com e r
açúcar". Gandhi, de pois de
um a pausa, pe diu: "m e traga
se u filho daqui a duas
se m anas".
Duas se m anas de pois, e la
voltou com o filho. Gandhi
olhou be m fundo nos olhos do
garoto e disse : "não com a
açúcar".
Agrade cida — m as pe rplexa
— a m ulhe r pe rguntou: "por
que m e pe diu duas semanas?
Podia te r dito a m e sm a coisa
ante s!"
198
E Gandhi re sponde u: "há
duas se m anas atrás, e u
e stava com e ndo açúcar".
199
DO MA R
200
O m e stre com e nta a
re spe ito: "assim com o
ningué m pode ajudar-nos a
olhar o oce ano, não podemos
usar os olhos de ninguém para
e nte nde r e e nx e rga r o que
aconte ce connosco".
201
DE BORGES
202
e ficou um a hora se m dize r
nada. No final, le vantou-se e
agrade ce u aos se us
acom panhante s: "obrigado
por e sta tarde ine sque cíve l".
C om o sabe m os, Borges era
ce go. Mas isto não o im pediu
de pe rce be r tudo com sua
alm a.
203