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ANÁLISE DE ESTABILIDADE DE TALUDE DE ÁREA DE RISCO NO BAIXO

ROGER EM JOÃO PESSOA/PB

Fábio Lopes Soares


Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Brasil, flseng@uol.com.br

Jailane de Melo Souza


Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Brasil, jailane.ms@gmail.com

RESUMO: A ocupação desordenada ligada à moradia no Brasil é uma problemática de ordem


socioeconômica e ambiental. Como conseqüência de tal situação observa-se os mais variados tipos
de assentamento urbano, de maneira irregular, situados em áreas de preservação que ocasionam
riscos de acidente a população local. O foco da pesquisa fixa-se em examinar e avaliar as condições
apresentadas em taludes da região do Baixo Roger da cidade de João Pessoa-PB que apresenta
problemas com instabilidade. Para isso, utilizou o auxilio do mapeamento de área que foi detalhado
segundo os procedimentos sugerido pelo Ministério das Cidades. De posse da classificação quanto
ao risco geotécnico das áreas analisadas e dos dados da caracterização física obtida através de coleta
de amostras deformadas, fez-se uma análise da estabilidade do talude da região em estudo, por meio
do método determinístico de Bishop. Por fim, obteve-se resultados de análise de estabilidade, com a
utilização do programa SLOPEW, que mostra a importância referente à relação da variação da
umidade e sua influência na parcela da coesão na resistência ao cisalhamento do solo.

PALAVRAS-CHAVE: Áreas de risco, mapeamento, estabilidade de taludes, João Pessoa.

1 INTRODUÇÃO com as políticas de habitação, saneamento e


defesa civil (BRASIL, 2007).
As ocupações irregulares são fatores A fim de minimizar a vulnerabilidade e o
preponderantes para a deflagração de risco de ocorrência de novos acidentes, faz-se
movimentos de massa. Os movimentos de massa necessário uma solução de forma a eliminar ou
podem ocorrer naturalmente ou por execução de minimizar riscos de deslizamentos. Diante disto,
cortes e aterros. A deflagração do movimento é o Ministério das Cidades propôs o
ocasionada por meio do aumento dos esforços gerenciamento das áreas de riscos por meio de
atuantes ou da redução da resistência dos mapeamento de risco, com medidas preventivas
componentes dos materiais. e/ou corretivas.
Ciente de sua responsabilidade na Perante esta realidade, a presente artigo
promoção do desenvolvimento urbano, o busca analisar a estabilidade de um talude
Ministério das Cidades tem apoiado, dentre situado no bairro do baixo Roger na cidade de
outros, os municípios mais atingidos por João Pessoa - PB, local que apresenta áreas
deslizamentos de encostas, visto que apresentam propensas a riscos geológico-geotécnicos.
maior registro de vítimas, embora as inundações Frente a esta situação, esta análise servirá como
causem maiores danos materiais. A atuação tem auxílio para o desenvolvimento de uma solução
se voltado principalmente para as ações de para eliminar/mitigar a instabilidade do local,
planejamento e de capacitação técnica para que modelado a atender as especificações e
as equipes técnicas tenham condições de, a necessidade que se enquadre nas possíveis
partir do reconhecimento e dimensão do alternativas para realidade local, de forma a
problema, montar um sistema municipal de garantir a segurança da população de forma
gerenciamento de riscos, articulado e integrado eficaz e econômica.
2 METODOLOGIA informal com a população local e investigação
“in situ”.
2.1 Área de Estudo A correta delimitação da área deu-se por
consulta a imagens de satélite usando o
A área de estudo esta situada no bairro aplicativo Google Earth e mapa classificatório
do Roger, que é subdividido em alto e baixo dos riscos desenvolvido por equipes da
Roger, dois núcleos que apresentam Universade Federal da Paraíba (UFPB) segundo
disparidades devido à ocupação desordenada da o modelo de divisão de riscos sugerida pelo
população pobre e de baixa renda na Ministérios das Cidades, conforme Figura 1 e
extremidade baixa do bairro. Quadro 1.
Segundo o censo demográfico do IBGE
do ano 2010, o Roger possui uma população
residente de 10.381 habitantes, sendo estes
4.979 homens e 5.402 mulheres, com 2.874
domicílios particularmente ocupados com uma
proporção média de 3,5 habitantes por
domicílio.
O bairro dispõe de uma topografia
acidentada e infraestrutura básica como água,
drenagem, esgoto, pavimentação, rede elétrica,
iluminação pública, além de agregar três
referencias na cidade, destacados pelo parque
Arruda Câmara, popularmente conhecido como
“Bica”, o antigo “Lixão do Roger” desativado
em 1997 e a maior penitenciária da cidade,
popularmente conhecida como presídio do
Roger (Fósculo da Nóbrega).
As fáceis do relevo predominante na Figura 1. Mapeamento das áreas de risco do Baixo
Roger. Fonte: Neto, 2013.
cidade de João Pessoa, de acordo com
Nascimento (2009), são os Baixos Planaltos
Costeiros com forte presença de Tabuleiros. Os Legenda
Tabuleiros são feições morfológicas que
possuem relevo suavemente ondulado a
- Risco Baixo
ondulado, que atinge altitudes aproximadas ou
inferiores a 100 metros, avançando na direção
leste originando as falésias ativas e inativas, - Risco Médio
moldados sobre os sedimentos do Grupo
Barreiras, a qual possui estrutura constituída por - Risco Alto
sedimentos emconsolidação de granulometria
variada e material que apresenta cores e formas - Risco Muito Alto
variadas, com mistura de areias e argilas.

2.2 Análise de Riscos

Para o desenvolvimento do estudo foi


realizadas análise física para o reconhecimento e
identificação das áreas de riscos da região por
meio de visitas técnicas, com o reconhecimento
prévio de problemas através de entrevista
Quadro 1 – Caracterização das áreas de risco do 2.4 Análise de estabilidade de talude
Baixo Roger
O método de análise de estabilidade de
talude aqui empregado foi o de Bishop que
utiliza uma metodologia analítica bidimensional
para verificação de estabilidade de um talude,
que consiste na aplicação de subdividir o talude
em fatias assumindo que a base da fatia é linear
baseiada na idéia de se analisar separadamente
as fatias do solo. Posteriormente, efetua-se o
equilíbrio de forças em cada fatia, assumindo
que as tensões normais na base da fatias são
oriundas do próprio peso do solo da fatia e
desenvolve o cálculo do conjunto por meio da a
equação de equilíbrio de momentos.
Para o refinamento dos dados, obteve-se a
determinação do fator de segurança com o
auxílio do programa SLOPE/W versão 2012 da
GEOSTUDIO que possui aplicação dos
métodos de Ordinary, Bishop, Spencer e Jambu.
A partir da análise probabilística, definiu-
se a superfície de ruptura mais desfavorável.
Identificou-se o fator de segurança mínimo
Fonte: Neto, 2013. recomendado para os níveis de segurança contra
danos materiais e ambientais e níveis de
2.3 Coleta de Dados segurança contra perda de vidas humanas,
sugeridas pela norma da ABNT 11682,
Para identificação do solo, foram conformeos Quadro 2, 3 e 4.
coletadas amostras do talude, conforme a norma
NBR 6457 (ABNT, 1986), para realização de Quadro 2 - Níveis de segurança desejados
contra danos a vidas humanas
investigações laboratoriais.
Os ensaios de laboratório compreenderam
em caracterização física documentados pelos
ensaios de análise granulométrica, conforme a
NBR 7181 (ABNT, 1984), de compactação
segundo a NBR 7182 (ABNT, 1986) e teor de
umidade por meio da norma DNER – ME 52 -
64/94 – método do “Speedy”, que juntos
definem a natureza do material.
Devido a indisponbilidade para realização
do ensaio de cisalhamento, foi feita a análise de Fonte:ABNT NBR – 11682/2009.
estabilidade do talude utilizando os parâmetros
de resistência (coesão e ângulo de atrito)
referenciados no estudo de Gusmão Filho et al.
(1997), por possuir dados do solo característico
da Formação Barreira.
Quadro 3 - Níveis de segurança desejados contra
danos materiais e ambientais

Fonte:ABNT NBR – 11682/2009. Figura 2 - Corte irregular do talude.

Quadro 4 - Fatores de segurança mínimos para O talude da Figura 3 foi utilizado como
deslizamentos referencia para a elaboração de ensaios de
caracterização. Houve a constatação de
residências com aproximadamente de um metro
e meio de distancia do topo do talude, bem
como a detecção de lançamento inadequado de
águas servidas e presença de fossa séptica,
construída por moradores, gerando uma
contribuição hídrica constante para esse talude,
visto pela Figura 4 e 5.
Informações obtidas através de
entrevistas informais com moradores serviram
como referencia para o correto diagnóstico da
configuração do talude, configuração esta que
sempre é alterada devido a pequenos
deslizamentos frequentes.
Fonte:ABNT NBR – 11682/2009.

3 ANÁLISE DOS RESULTADOS

3.1 Mapeamento de riscos

O diagnóstico mais detalhado da situação


de risco da área em estudo, representada na
Figura 1 como área 2, foi classificado conforme
o padrão do manual “Mapeamento de riscos em
encostas e margens de rio”.
A Figura 2 mostra a vulnerabilidade e a
alta susceptibilidade de escorregamento devido a Figura 3 - Vista frontal do talude.
cortes realizados por pessoas sem orientação.
granulometria, 48,3 % de areia de areia grossa,
22,6% de areia fina, 0,9% de pedregulho e
28,2% de silte e argila.
Os parâmetros de resistência do solo
retirados do registro de ensaios de cisalhamento
direto do trabalho de Gusmão Filho et al.
(1997), são definidos por meio da variação da
umidade do solo (que pertence a Formação
Barreira) como: solo não saturado, solo não
completamente saturado e o solo
completamente saturado.
O Quadro 6 representa os valores de
Figura 4 - Descarte inadequado de águas servidas. coesão e ângulo de atrito, com suas respectivas
médias.
Quadro 6 - Média da coesão e ângulo de atrtito

3.3 Análise da estabilidade do talude

Com a geometria do talude, a


Figura 5 - Fossa séptica no topo do talude. caracterização do solo e a estimativa dos
parâmetros de resistência, realizou-se o a análise
3.2 Ensaios Laboratóriais de estabilidade do talude que possui uma altura
de 7 metros, vegetação de grande porte no topo
O resultado da análise realizada nas e ângulo de inclinação próximo aos 90º.
amostras pode ser visto no Quadro 5. Utilizando o programa SLOPE/W versão
2012 da GEOSTUDIO, que divide o talude em
Quadro 5 – Resumo da granulometria 30 fatias, pode-se fazer uma análise da
estabilidade do talude por meio do método de
Bishop com uma malha de 49 centros de
verificação do fator de segurança, como se pode
observar nas Figuras 10, 11 e 12.

Característico da Formação Barreira, o


solo estudado se compõe de sedimentos não
consolidados e apresenta-se constituído por
sedimentos com alternância de camadas de
forma desordenada. A amostra coletada possui
predominância de areia grossa, de cor vermelha-
clara e amarela, apresentando em sua Figura 10 - Perfil de ruptura e definição do fator de
segurança (FS) para o solo natural.
de segurança indicados no quadro 4 define um
FS mínimo de 1,4, mas devido a incerteza dos
parâmetros geotécnicos, a norma preconiza que
o FS mínimo deve ser majorado em 10%, ou
seja, o FS mínimo para o talude em questão
deve ser de 1,54.
A comparação dos valores encontrados no
estudo com o definido pela norma identifica que
apenas o solo natural enquadra-se em um nível
de segurança quanto aos danos a vidas humanas
como também de materiais e meio ambiente, já
para o solo parcialmente saturado e saturado, o
talude apresenta certa instabilidade, em que
necessitar de um projeto com obras de
Figura 11 - Perfil de ruptura e definição do fator de
estabilização viável para a área, de forma a
segurança (FS) para o solo parcialmente saturado
manejar adequadamente as águas que incidem
no talude.

4 CONCLUSÃO

O desenvolvimento deste trabalho revela as


características dos riscos geotécnicos em que a
comunidade do Baixo Roger esta inserida, caso
identificado através dos assentamentos
inadequados em encostas, bem como o
lançamento de águas servidas, presença de
vegetação de grande porte e acúmulo de lixo no
Figura 12 - Perfil de ruptura e definição do fator de topo do talude.
segurança para o solo saturado. Esta realidade colabora para a instabilidade
da encosta, ou seja, são fatores preponderantes
As Figuras mostram as várias curvas de para deflagração de movimentos de massa.
rupturas possíveis, com a ilustração detalhada Os estudos realizados em encostas tornam-
para o centro de menor fator de segurança e se cada vez mais importantes, uma vez que há
curvas de situações mais críticas. necessidade de conhecer a realidade dessas áreas
Observa-se um decréscimo do fator de para que, a partir daí, possa desenvolver a
segurança à medida que a saturação vai mitigação dos processos geomorfológicos e
crescendo, o que se faz devido à variação dos hidrológicos sobre encostas, principalmente em
valores de coesão, que diminui áreas densamente ocupadas, caso verificado no
significativamente quando o solo recebe água, Baixo Roger, onde os riscos de perda de vidas
caso este não identificado no ângulo de atrito humanas e de bens materiais aumentam cada vez
que apresentou pequena variação em mais com o passar dos anos.
comparação com a coesão. A análise de estabilidade de talude é
De acordo com os critérios adotados na imprescindível para se ter um maior
ABNT da norma NBR 11682, conforme os conhecimento da variação dos parâmetros de
Quadros 2 e 3 da metodologia, que considera resistência do solo, ou seja, para poder se obter
parâmetros visando cobrir as incertezas naturais valores representativos da vulnerabilidade dessas
das diversas etapas de dimensionamento, encostas a presença de águas e uso do solo pelo
classifica o grau de segurança para o talude homem.
como sendo de risco médio, com isso os fatores
Por fim, verifica-se a necessidade de Nascimento, Maria Odete Teixeira do. Riscos de
execução de alternativas possíveis para deslizamentos e inundações e condições de
estalibização da encosta, de modo que se adeqüe moradia em aglomerados subnormais na
a realidade local, seja por meio de execução de bacia do rio Sanhauá: avaliação e análise
projetos de estabilização que forneça índices de integrada. Dissertação de Mestrado UFPB
confiabilidade para a região ou pela relocação 2009.
das famílias que se encontrem em alto risco com Neto, Genival Gomes Barboza. Proposta de
a fiscalização sistemática impedindo a ocupação estabilização para áreas de alto risco
dessas áreas. mapeadas no Baixo Roger. João Pessoa,
Logo é necessária a realização de debates 2013. 54 p.
com os moradores da comunidade, buscando
tirar dúvidas sobre os riscos na região e sobre os
possíveis projetos executados na comunidade
com suas funcionalidades e forma de
manutenção, tendo em vista a prevenção e
diminuição dos riscos nessas áreas.

AGRADECIMENTOS

A Rosinaldo José, Rodrigo Massao, Sérgio


Ricardo e João Dantas pela ajuda e apoio no
desenvolvimento desta pesquisa.

REFERÊNCIAS

Associação brasileira de normas técnicas. NBR


11682: Estabilidade de encostas. Rio de
Janeiro, 2009.
Brasil. Ministério das Cidades / Instituto de
Pesquisas Tecnológicas – IPT. Mapeamento
de Riscos em Encostas e Margem de Rios.
Celso Santos Carvalho, Eduardo Soares de
Macedo e Agostinho TadashiOgura,
organizadores – Brasília: Ministério das
Cidades; Instituto de Pesquisas Tecnológicas
– IPT, ISBN 978-85-60133-81-9, 176 p.,
2007.
Gusmão Filho, J.A.; Ferreira, S.R.M. e Amorim
Jr, W.M. (1997). Escorregamentos em
Morros Urbanos dorecife: O caso do
Boleiro. In: 2nd
PanamericanSymposiumonLandslides, Rio de
Janeiro, ABMS. Anais, Vol.2.
IBGE. (2013). Censo demográfico 2010. Brasil:
IBGE. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br. Acesso em: 17 de
Janeiro de 2014.

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