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Mensagem de Inspiração

Thomas S. Monson publicação mensal da Igreja de Jesus Cristo


do Conselho dos Doze dos Santos dos Últimos Dias editada pelo
Centro Editorial Brasileiro
R. São Tomé, 520 - V. Olímpia
CP 19079, São Paulo, SP
Tel. 80-9675
bedeçam ao conselho do apóstolo Pedro, que recomendava: " . . . estai sem­ Editor

O pre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos
pedir a razão da esperança que há em vós." (I Pedro 3:15) Levantem a
voz e testifiquem a verdadeira natureza da Deidade. Prestem testemunho do Livro
de Mórmon. Transmitam as gloriosas e belas verdades contidas no plano de salvação.
Hélio da Rocha Camargo
Redator
Aldo Francesconl
Estaca São Paulo
R. Iguatemí, 1980, São Paulo, SP
Lembro-me de certo missionário nôvo de uma comunidade rural, que servia no
Estaca São Paulo Leste
Canadá. Era pequeno de estatura, porém grande em testemunho. Junto com seu com­
R. Ibituruna, 82, São Paulo, SP
panheiro, procurou a casa de Elmer Pollard, em Oshawa, Província de Ontário, no
Correspondente
Canadá. Penalizado, o Sr. Pollard convidou os dois jovens que, mesmo com a ofus­
Estevam Giagnório
cante tempestade de neve, batiam de casa em casa, para entrar. Êles apresentaram-
lhe a mensagem, cujo espírito não foi compreendido. Após algum tempo, foram des­ Estaca São Paulo Sul
R. Catequese, 432, Santo André, SP
pedidos com a recomendação de não voltar. As últimas palavras daquele senhor,
Correspondente
ditas com escárnio, ao deixarem a entrada principal, foram: “ Vocês, por certo, não
Armando Jekabson
esperam que eu acredite realmente que crêem em que Joseph Smith foi um profeta
de Deus!", e bateu a porta. Os élderes desceram pelo caminho. Então, o jovem cam­ Missão Brasil Central
ponês disse ao companheiro: “ Élder, não respondemos à dúvida do Sr. Pollard. Êle R. Henrique Monteiro, 215
CP 20.809, São Paulo, SP
disse que não acreditávamos que Joseph Smith foi um verdadeiro profeta. Vamos
Tel. 80-4638
voltar e prestar-lhe nosso testemunho." A princípio, o missionário mais experimenta­
Correspondente
do hesitou, mas, finalmente, aquiesceu. Com o coração tomado de temor, voltaram
Bruce G. Howard
à porta da qual haviam sido mandados embora. Uma batida, o confronto com o Sr. Pol­
lard, um instante angustioso, depois o poder de um testemunho nascido do Espírito: Missão Brasil Sul
R. Dr. Flôres, 105, 14.°
"Sr. Pollard, o senhor disse que não acreditávamos que Joseph Smith foi realmente
CP 1513, Pôrto Alegre, RS
um profeta de Deus. Sr. Pollard, testifico-lhe que êle foi um profeta e traduziu o Livro Tel 24-9748
de Mórmon. Êle viu a Deus, o Pai, e a Jesus Cristo, o Filho. Eu sei que isto é Correspondente
verdade."
Wilma Bing Torgan
Missão Brasil Norte
O Sr. Pollard, agora Irmão Pollard, algum tempo mais tarde declarou numa reunião
R. Stefan Zweig, 158, Laranjeiras
do Sacerdócio: “ Naquela noite, não consegui dormir. Em meus ouvidos, continuavam CP 2502, ZC-00, Rio de Janeiro, GB
a ressoar aquelas palavras": Joseph Smith foi um profeta de Deus. Eu sei que isto é Tel. 225-1839
verdade: Eu sei. Eu sei. Eu sei. “ No dia seguinte, telefonei aos missionários. A men­ Correspondente
sagem, aliada ao testemunho dêles, mudou minha vida e a da minha fam ília." Pre­ Charles K. Gunn
guem a verdade com testemunho.
Construção Geral no Brasil
R. Itapeva, 378, São Paulo, SP
Nêste Número Tel. 288-4118
Correspondente
Mensagem de Inspiração. Thomas S. Monson 2 Manoel Marcelino Netto
A Santidade do Matrimônio. Pres. Joseph Fielding Smith 3 Departamento Fotográfico
Todos Prestaram Testemunho. D elbert L. Stapley 5 Rui Marques Bronze
Aonde Mandares Irei. A lb ert L. Zobell, Jr. 7
A LIAHONA — Edição brasileira do “ The Unified Maga­
Depois de Dez A n o s ... Betty M cM illan 9 zine" da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Meu Encontro Com o Mormonismo. Robert L. Cannon 10 Dias, acha-se registrada sob o número 93 do livro B,
n.° 1, de Matrículas de Oficinas Impressoras de Jornais
Cataclismos no Peru. Relato de Dois M issionários 11 e Periódicos, conforme o Decreto n.° 4857 de 9-11-1930.
Um Nôvo Aspecto. Lawrence W. Rand 12 "The Unified Magazine" é publicado, sob outroò títulos,
Oferecer um Sacrifício Aceitável ao Senhor. Owen C. Bennion 14 também em alemão, chinês, coreano, dinamarquês, es­
panhol, finlandês, francês, holandês, inglês, italiano, ja­
A Lande e a Abóbora. La Fontaine 17 ponês, norueguês, samoano, suéco, taitiano e tonganês.
O Jôgo do Sorriso. Bernadine Beatie 18 Composta pela Linotipadora Godoy Ltda., R. Abolição, 263.
Enfrentar os Desafios da Vida. Bispo John H. Vandenberg 21 impressa pela Editora Gráfica Lopes, Rua Francisco da
Silva Prado, 172, São Paulo, SP.
O Risco do Amor. Catherine Kay Edwards 23 Devido à orientação seguida por esta revista, reserva­
O Presidente da Igreja. H. Parker Blount 26 mo-nos o direito de publicar somente os artigos solici­
tados pela redação. Não obstante, serão bem-vindas
O Hábito de Ser Grato. Bonnie J. Babbel 30 tôdas as colaborações para apreciação da redação e da
Notícias da Igreja no Brasil. 32 equipe internacional do “The Unified Magazine". Cola­
Boas Maneiras no Casamento. Richard L. Evans 36 borações expontâneas e matéria oriunda dos correspon­
dentes estarão sujeitas a adaptações editoriais.
Subscrições: Tôda a correspondência sôbre assinaturas
Capa deverá ser endereçada ao Departamento de Assinatu­
ras, Caixa Postal 19079, São Paulo, SP. Preço da assi­

A natura anual para o Brasil: CrS 10,00: para o exterior,


simples: USS 3,00; aérea: USS 7,00. Preço do exemplar
avulso em nossa agência: CrS 1,00; exemplar atrasado:
capa dêste número reproduz um nôvo quadro de autoria do pintor Tom Lovell, CrS 1,20. As mudanças de endereço devem ser comunica­
que será amplamente utilizado pelo Serviço Inform ativo da Igreja, nos centros de das indicando-se o antigo e o nôvo endereço, devendo-se
visitantes. aguardar até oito semanas para o processamento postal.
A Santidade
do Matrimônio
Presidente Joseph Fielding Smith

casamento é considerado por muita,

O muita gente como um mero contrato


ou acôrdo civil entre um homem e
uma mulher, estipulando que irão viver juntos
“ até que a morte os separe” .

Nenhuma ordenança ligada ao Evangelho


de Jesus Cristo é mais importante, de natureza
mais solene e sagrada e mais necessária à
felicidade eterna do homem, do que a do ca­
samento na casa do Senhor. É um princípio
eterno do qual depende a própria existência da
humanidade. A lei matrimonial foi dada ao ho­
mem pelo Senhor, nos primórdios do mundo, co­
mo parte da lei do Evangelho. Segundo o plano
do Evangelho, o casamento deve perdurar por
tôda a eternidade. Vivesse a humanidade intei­ O Senhor deu à Igreja instruções definidas
ra em estrita obediência a êle, e naquele amor com referência a êsse princípio, tão essencial
gerado pelo Espírito do Senhor, todos os casa­ à felicidade do homem. Na Igreja, existe uma
mentos seriam eternos, não se conhecendo o cerimônia que proporciona às partes consor-
divórcio. ciantes bênçãos que não findam com a morte.
No conceito SUD, o casamento é um convênio
O divórcio não integra o plano do Evange­ destinado a ser perpétuo, sendo o fundamento
lho, tendo sido introduzido devido à dureza de para a exaltação eterna, pois, sem êle, não po­
coração e descrença do povo. Quando os fa ri­ deria haver progresso sem fim no reino de
seus tentaram Jesus, dizendo: “ É lícito ao ho­ Deus.
mem repudiar sua mulher por qualquer m oti­
vo?", êle respondeu-lhes: “ Não tendes lido que
Entre os santos dos últim os dias, os m atri­
aquêle que os fêz no princípio macho e fêmea
mônios são eternos quando devidamente cele­
os fêz, e disse: Portanto deixará o homem pai
brados, porque o Pai Eterno instituiu o convê­
e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois
nio do casamento que é recebido pelos casais
numa só carne? Assim não são mais dois, mas
que vão ao templo em busca dessa bênção. O
uma só carne, portanto o que Deus ajuntou não
conceito quase universal de que o casamento
o separe o homem." E quando, então, pergun­
é um contrato que infalivelm ente terminará
taram-lhe por que Moisés permitia o divórcio,
com a morte, não provém do Pai Celestial. Foi
retrucou: “ Moisés por causa da dureza dos vos­
introduzido pelo inimigo da verdade, que jurou
sos corações vos permitiu repudiar vossas mu­
destruir o reino da justiça, se lhe fôsse pos­
lheres; mas ao princípio não foi assim." (Veja
sível. O prim eiro matrimônio celebrado na terra
Mateus 19:3-8). O que Deus ajuntou é eterno.
o foi antes de a morte e xistir no mundo, e nêle
O casamento é um princípio que, quando não se cogitou a possibilidade de morte e
aceito, provê mais desafios e bênçãos do que separação.
outro qualquer. Deveria ser vivido no espírito
de paciência e amor, mesmo aquêle amor maior Possam todos os jovens SUD almejar, de
que nasce do poder do Espírito Santo. Nada todo o coração e alma, o verdadeiro e sagrado
mais preparará melhor a humanidade para a caminho do casamento eterno.
exaltação no reino de Deus, como a fidelidade
ao convênio do casamento. Através dêle, talvez Possam todos os pais e mães SUD ensinar
mais do que por qualquer dos outros, atingimos aos filhos a santidade do convênio do casa­
o grau perfeito da vontade divina. mento. Que instilem nos filhos que não há ou­
tro meio de se conseguirem as bênçãos da vida
Se devidamente recebido, êsse convênio eterna, que não seja honrando os convênios de
poderá ser o meio de o homem encontrar sua Deus, e entre os maiores, o do casamento
maior felicidade. Dêle emanam as maiores bên­ eterno.
çãos — as maiores honras nesta vida e na do
porvir — honra, domínio, e poder em perfeito Se forem fiéis a êsses mandamentos, sua
amor. Essas bênçãos de glória eterna estão glória e exaltação não terá lim ites: “ . . . tôdas
reservadas àqueles que estão dispostos a se­ as c o is a s ... são dêles e êles são de Cristo,
rem fiéis a êste e a todos os demais convênios e Cristo é de Deus. E êles vencerão tôdas as
do Evangelho. coisas.” (D&C 76:59-60).

4 A LIAHONA
Todos Prestaram
T estemunho
Delbert L. Stapley
do Conselho dos Doze

enho ouvido a juventude da Igreja indagar: “ Co­ Hoje em dia, m uitas vozes desafiam os padrões de

T mo saber que existe um Deus, um C risto, pro­


fetas, uma vida após a morte e que o homem
não evoluiu de alguma forma de vida in fe rio r? ”
conduta revelados por Deus através de seus profetas.
Tais falsas doutrinas estão transtornando a fé da juven­
tude e pervertendo seus valores morais e práticas é ti­
cas, tão importantes para uma vida profícua, alegre e
A iniqüidade, os podêres do maligno e as trevas feliz.
em que se debate o mundo estão destruindo a fé que a
juventude possui; por isso, existe uma profunda preo­ A real existência de Deus e de seu Filho, Jesus
cupação nos líderes da Igreja, em todos os níveis. Re­ C risto, pode ser irrefutavelm ente estabelecida pelas Es­
conhecem êles os ardilosos esforços dos corrutores, ho­ crituras e pelo testemunho ocular de homens de caráter
mens e mulheres, para confundir os jovens, m uitos dos irrepreensível.
quais estão sendo conduzidos "astutam ente ao inferno"
(Néfi 28:21), por pessoas que o Presidente J. Reuben Disse Paulo:
Clark Jr. chamou de “ induzidores de dúvidas” .
. . . Por bôca de duas ou três testemunhas será con­
Entre tais “ induzidores de dúvidas", podemos contar: firmada tôda a palavra. (II Cor. 13:1)

O cético — cujo maior empenho é questionar e de­ Jesus, falando aos apóstolos, afirm ou:
sacreditar a verdade aceita e divinamente revelada.
. .. porque nada há encoberto que não haja de reve­
lar-se, nem oculto que não haja de saber-se.
O agnóstico — que não aceita qualquer possibilida­
de de certeza religiosa e rejeita a validade de qualquer O que vos digo em trevas dizei-o em luz; e o que
prova ou confutação da existência de Deus. escutais ao ouvido pregai-o sôbre os telhados. (Mateus
10:26,27)
O ateísta — que não crê na existência de qualquer
tipo de divindade. Isto concorda perfeitam ente com o declarado por
Amós:
O ambíguo — que na maioria das vêzes, demonstra
incerteza quanto às crenças promulgadas, semeando, Certamente o Senhor Jeová não fará cousa alguma,
assim, dúvidas no coração dos crentes. sem ter revelado o seu segrêdo aos seus servos, os
profetas. (Amós 3:7)
Seja qual fô r a definição, as pessoas que ensinam
doutrinas falsas e procuram destruir a fé dos crentes Ouçam as testemunhas que predisseram a vinda de
sinceros devem ser evitadas. As pretendidas vítim as de­ C risto, sua vida e missão em ambos os hem isférios, e
vem esforçar-se em obter informação e orientação cor­ suas subseqüentes aparições aos discípulos dos dois
retas através de diligente estudo e oração. continentes, após a ressurreição. Atentem para o teste­
munho delas e mantenham a fé inabalável e forte.
Disse o sábio Salomão: “ Lembra-te do teu Criador
nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus O Profeta Isaías te stifico u : “ Eis que uma virgem
d ia s ... " (Eclesiastes 12:1) conceberá, e dará à luz um filh o .” (Isaías 7:14) Mais

Fevereiro de 1971 5
tarde, disse que Jesus nasceria do “ tronco de Jessé" Após sua morte na cruz e sua ressurreição, Jesus
(Isaías 11:1) C risto apareceu no continente americano. O referido em
3 Néfi mostra que ficou de pé no meio da multidão,
M iquéias profetizou: convidando as pessoas a se aproximarem e tocarem as
marcas dos cravos em suas mãos e pés, e o ferim ento
E tu, Belém Efrata,. . . de ti me sairá o que será o do peito. Dentre elas, escolheu doze discípulos, os quais
Senhor em Israel, e cujas saídas são desde os tempos comissionou para que pregassem ao povo e estabele­
antigos, desde os dias da eternidade. (M iquéias 5:2) cessem o seu reino entre êles. Êsses homens fizeram
como lhes foi mandado pelo Senhor e prestaram um
O nascimento de C risto ocorreu conforme fôra pro­ inatacável testemunho da sua existência e divindade.
fetizado e segundo o registrado em Mateus 1:18-21 e
Lucas 1:26-42. Nestes últim os dias, em resposta à fervorosa ora­
ção, o Salvador e Deus, o Pai, apareceram pessoalmente
Falando de Jesus, disse Isaías: ao adolescente Joseph Smith, no Bosque Sagrado, loca­
lizado no Estado de Nova York. Posteriormente, o Sal­
E repousará sôbre êle o espírito do Senhor... E de-
vador voltou a mostrar-se a Joseph Smith, O liver
leitar-se-á no temor do Senhor: e não julgará segundo
Cowdery e M artin Harris.
a vista dos seus olhos, nem repreenderá segundo o
ouvir dos seus ouvidos; A 16 de fevereiro de 1832, enquanto Joseph Smith
e Sidney Rigdon buscavam piamente uma resposta para
Mas julgará com justiça os pobres, e repreenderá
questões concernentes aos m ortos,” o Senhor tocou os
com eqüidade os mansos da te rra ...
olhos dos nossos entendim entos” e puderam ver a gló­
E a justiça será o cinto dos seus lombos, e a verda­ ria do Filho à mão direita de Deus. Após esta gloriosa
de o cinto dos seus rins. (Isaías 11:2-5) visão, prestaram o seguinte testemunho:

Ao iniciar-se o m inistério do Salvador, Deus, o Pai, E agora, depois dos muitos testemunhos que se
em pessoa, prestou testemunho de sua natureza divina, prestaram Dêle, êste é o testemunho último de todos,
quando declarou dos céus: “ Tu és o meu Filho amado que nós damos Dêle: que Êle vive!
em quem me comprazo.” (Marcos 1:11)
Pois vimo-Lo, mesmo à direita de Deus; e ouvimos
Seu m inistério aparentemente não é questionado, a voz testificando que Êle é o Unigênito do Pai —
nem mesmo pelo mais veemente dos “ induzidores de (D&C 76:22,23)
dúvidas” , mas reduziria sua condição à de um grande
m estre. Qual o crédito m erecido por tais pessoas? Em Êste testemunho ardia dentro da alma de Joseph
face dos fatos e da realidade de profetas testificando Sm ith, mesmo depois do solo de Carthage te r sido em­
a natureza real do Salvador, afirmações assim deveriam bebido e consagrado por seu sangue — o m ártir da cau­
ser rejeitadas por todos os santos sensatos e fié is. sa e obra de Deus.

As testemunhas mais dignas de fé — os apóstolos Declarou sàbiamente o Apóstolo Paulo:


por êle escolhidos e com os quais conviveu intim am en­
te — te stificam da vida, m inistério, morte e ressurrei­ Porque onde há testamento, necessário é que in-
ção do Salvador, eventos êsses também preditos pelos tervenha a morte do testador.
antigos profetas e aqueles que o viram após sua res­
surreição. Todos prestaram testemunho dêsses aconte­ Porque um testamento tem fôrça onde houve mor­
cimentos verdadeiros. te; ou terá êle algum valor enquanto o testador vive?

Para que não fôssem ludibriados, Jesus C risto, an­ A evidência é clara, o testemunho conclusivo de
tes da ressurreição, já dizia aos discípulos: que a vida de C risto foi predita. Êle viveu segundo as
predições dos profetas de Deus. Foi crucificado, ressus­
Porque se levantarão falsos cristos, e falsos pro­ citou e apareceu a muitas pessoas.
fetas, e farão sinais e prodígios, para enganarem, se fôr
possível, até os escolhidos. (Marcos 13:22) Para se conseguir a vida eterna, é necessário ter-se
conhecimento de Deus e Jesus C risto, e do plano do
Os quatro Evangelhos revelam-nos que, depois de Evangelho.
ressurgir dos m ortos, Jesus apareceu a Maria Madale­
na, a dois de seus discípulos no caminho de Emaús e Somos descendentes da Deidade e, portanto, eter­
também aos dez apóstolos congregados num recinto fe ­ nos por natureza, como Deus é eterno. Existe outra vida
chado, em Jerusalém; noutras ocasiões, apareceu aos futura após a mortal. E isto sendo verdade, precisamo-
onze; mais tarde, a sete dos apóstolos, junto ao mar nos preparar para êsse futuro, se quisermos atingir a
de Tiberíades; posteriorm ente ainda, a 500 irmãos de felicidade eterna. É im prescindível que cada um de nós
uma só vez; depois, aos onze no Monte das O liveiras. siga o rumo certo para alcançar essa meta. O Salvador
A li, “ depois de lhes te r falado, foi recebido no céu, e disse: "Eu sou o caminho, e a verdade e a vida. Nin­
assentou-se à direita de Deus.” (Marcos 16:19) guém vem ao Pai, senão por m im .” (João 14:6)

A LIAHONA
Deus criou o homem à sua própria imagem e seme­ dos no dia do julgam ento, e essa posição errônea provo­
lhança. C risto é a imagem expressa da pessoa do seu cará sua condenação.
Pai. Nossos prim eiros pais m ortais, Adão e Eva, foram
criados assim. Igual produz igual. Assim fo i desde o Não podemos ser felizes, a menos que sigamos o
princípio. Um cavalo sempre foi cavalo, e assim será a plano de vida do Evangelho durante todos os dias da
sua prole. O mesmo pode ser dito de tôda a vida animal nossa existência m ortal. Quão importante é agarrarmo-
e outras formas de coisas viventes. Não nos fará sentir nos à barra de ferro da visão de Léhi! As pessoas po­
mais nobres e importantes saber e te r a certeza de que dem discordar acêrca da doutrina, mas não negar o tes­
fomos criados à imagem de nosso Criador, Pai e Deus? temunho do Espírito.

O Apóstolo João escreveu: "Se recebemos o tes­ Sim, desde os prim órdios, Deus tem levantado pro­
temunho dos homens, o testemunho de Deus é m aior.” fetas por interm édio dos quais revela sua intenção e
(I João 5:9) Como poderá o homem imaginar, em seu vontade a seus filhos.
coração, ser mais instruído e sábio do que seu Criador?
Possam estas verdades e testemunhos serem fir ­
Quando os homens questionam os ensinamentos, memente implantados na mente de todos os membros
própositos e julgamentos de nosso Pai C elestial, estão da Igreja. Seu próprio testemunho será fortalecido pelo
assumindo uma posição pela qual serão responsabiliza­ conhecimento de que “ êle v iv e !”

Aonde Mandares
Irei
Albert L. Zobell, Jr.
Editor de Pesquisa

O
vigoroso jovem Melvin J. Ballard acabara de uma encatadora môça que, de aluna, passou a ser sua
formar-se na Academia Brigham Young, em sua noiva; juntos, planejaram seu ingresso em Harvard.
cidade natal de Logan, Utah. Mas sua sêde de Duas semanas antes do térm ino do ano escolar, re­
saber ainda não estava satisfeita, decidindo por isso
cebeu um chamado do Presidente W ilford W oodruff, para
ingressar na Universidade de Harvard, em Massachu- acompanhar o Presidente B. H. Roberts e o Élder George
setts. Como isto estava temporàriamente além de suas D. Pyper (mais tarde, superintendente geral das Es­
posses, resolveu então lecionar durante dois anos. No colas Dom inicais) que iriam iniciar o trabalho missioná­
segundo ano de professorado, fazia parte de sua classe rio nas grandes cidades dos Estados Unidos. Embora

Fevereiro de 1971 7
fôsse um duro golpe em seus planos pessoais, a ques­ do-se numa citara. Certo dia, um velho amigo deu-lhe o
tão mereceu pouco debate e antes de a noite cair, a poema “ Aonde mandares irei, Senhor” e, no mesmo ins­
resposta, aceitando a designação, estava a caminho. O tante, ela tocou a melodia no seu instrumento. Poste­
Élder Ballard casou-se com sua ex-aluna Martha A. Jo- riorm ente, outro amigo a transpôs em notas, sendo pu­
nes, a 17 de junho de 1896; já no dia 6 de julho, foi de­ blicada em forma um pouco diversa.
signado m issionário e, levando o dinheiro economizado
para custear um ano de estudo universitário, partiu dei­ Élder Ballard tornou-se homem de negócios e líder
xando a noiva em casa. com unitário, em Logan; sempre encontrava tempo para
trabalhar pela Igreja. No inverno de 1902-1903, aceitou
No campo m issionário, o Presidente Roberts prega­ uma missão de curto prazo, para ajudar na organização
va, o Élder Pyper cantava e o Élder Ballard, de 23 anos, de um ramo com os santos espalhados pela bacia do
orava, pregava e cantava. Pouco tempo depois, os élde- Boise, Estado de Idaho. Depois, aos trin ta e seis anos,
res Roberts e Pyper foram desobrigados, sendo o mais em abril de 1909, foi chamado como presidente da M is­
jovem designado como m issionário itinerante. Passou são Noroeste dos Estados Unidos. Aceitar implicaria
a noite chorando, sendo tentado pelo demônio a desis­ em prejuízos finaceiros, e alguns de seus sócios acha­
tir e voltar para casa. Mas recorreu ao Senhor, pedindo ram que seria tolice. Replicou-lhes que, mesmo que lhe
ajuda e orientação e, já antes do amanhecer, consegui­ fôsse pedido dez vêzes mais, ainda assim não seria sa­
ra dominar seu próprio espírito e escreveu uma carta, c rifíc io pois devia mais ao Senhor do que jamais pode­
aceitando a incumbência. Foi então que encontrou o poe­ ria pagar. Sua missão term inou ao ser ordenado após­
ma que se tornou o guia da sua vida, e da vida de in­ tolo e ocupar seu lugar no Conselho dos Doze, em 1919.
contáveis missionários depois dêle. Os versos, de au­
toria de Mary Brown, faziam parte de um pequeno livro, Falando na conferência geral de outubro de 1934,
intitulado Make His Praise Glorious (Torne Glorioso seu disse:
L ouvor):
"M a is tarde, voltei a Harvard, mas com trin ta e cin­
“ Talvez não seja ao alto mar co anos de atraso. Fui empossar um presidente de m is­
Que C risto me vá mandar são e era época de férias. Postado no lim iar daquela
Talvez não haja co nflitos lá, grande instituição de ensino, vi-me como poderia ter
Nem trevas eu vá encontrar. chegado trin ta e cinco anos antes, com as esperanças,
com os sucessos que poderiam te r acontecido; e, a des­
peito de apreciar títu lo s e diplomas, não estava desa­
Mas quando o C risto me chamar
pontado. Por outro lado, vi o que me havia acontecido:
A sendas que não trilh e i,
Onze anos como conselheiro de bispo e sumo conselhei­
Eu proclamarei, com amor: 'Ó Senhor
ro; catorze anos como m issionário da Igreja; quinze
Aonde mandareis irei.
anos como membro do Conselho dos Doze — quarenta
anos de vida gloriosa! A alegria resultante, as honras
Aonde mandares irei, Senhor,
e favores do Todo-poderoso, eu não os trocaria por to ­
Através de montanhas ou mar;
dos os título s e diplomas que Harvard pudesse oferecer-
O que ordenares farei, ó Senhor,
me, por mais que os admire, se, em troca, tivesse que
Aonde mandares irei
sacrificar as alegrias e a felicidade a mim proporciona­
das por ser obediente.
Talvez, da dúvida e do mal,
Eu venha a resgatar, “ Eis a lição que aprendi: Se faço o que o Senhor
Amados filhos do Bom Pastor, quer que eu faça, viverei para cum prir minha vida na
Que esperam o meu chamar. maneira mais plena e gloriosa. Nem sempre consigo ver
o que êle quer que eu faça, mas, freqüentem ente, êle
Porém, se o C risto me guiar inspira os que chamou e designou para d irig ir meus la­
Na própria senda do mal, bores, de modo que, se eu fô r obediente e atendê-lo,
Mensagem de amor cantarei: ‘Ó senhor, encontrar-me-ei preparado no fim .” (Conference Report,
O que me mandares fa re i." outubro de 1934, p. 117)

Pareceu-lhe uma mensagem do céu destinada a êle, Élder Ballard faleceu a 30 de julho de 1939, em Salt
e quanta alegria não trouxe à sua vida o tentar pôr em Lake C ity. O hino que descobriu e introduziu na Igreja
prática aquêles pensamentos. Completou sua missão, resume perfeitam ente seu m inistério. Diz a estrofe final:
voltando ao lar em dezembro de 1898.
“ Talvez floresça em minhas mãos,
Nada sabemos sôbre Mary Brown, a autora. Anos A messe do Salvador,
mais tarde, o Élder Ballard descobriu que fôra musica­ Pois com vigor quero trabalhar,
do, passando a cantá-lo em conferências de estaca e Por C risto, meu Redentor.
reuniões especiais por tôda a Igreja. 'C onfio em ti sem vacilar
E sempre te amarei;
A melodia foi composta por Carry E. Rounsefell, de A tua vontade farei, ó Senhor!
Boston, que se dedicava à obra evangélica, acompanhan­ Aonde mandares ire i.'”

8 A LIAHONA
Depois de Dez Anos
Jm Tributo aos Missionários
---—---

Betty McMillan

este mês de setembro, faz Estranhamente, vi-me concordando pé, e depois a andar, segurando-nos

N dez anos que Fiem, meu ma­


rido, e eu somos membros
da Igreja de Jesus C risto dos Santos
dos Ú ltim os Dias. Há dez anos fo ­
com que os dois jovens voltassem
na semana seguinte para conversar
com meu marido. Honestamente, não
acreditava que êle lhes desse ouvi­
pela mão — a princípio com passos
hesitantes, a seguir com mais con­
fiança, pela trilh a que conduz à me­
ta final almejada por todos os espí­
mos batizados pelos missionários. dos, como eu própria também não es­ ritos habitantes da terra.
tava interessada.
Respondiam a nossas dúvidas mu­
Sob certos aspectos, êsses anos
No dia marcado, os dois nos pro­ das, ansiosas; dirim iam as sérias,
não foram fáceis; porém, no mais, fo ­
curaram e, para meu pasmo, meu expressas. Muitas e longas noites f i­
ram tempos maravilhosos.
marido os convidou a entrar. Aquêle cávamos a debater questões de dou­
momento deu início à nossa fa m ilia ­ trina e, de alguma forma, sempre en­
Na prim eira vez que ouvimos fa­
ridade com os m issionários mór­ contravam as respostas certas. A ju­
lar dos missionários, vivíamos numa
mons. Foram aquêles dois que lan­ daram a desvendar aos nossos olhos
cidadezinha sonolenta ao sul de
çaram as prim eiras boas sementes o mundo glorioso e maravilhoso que
Houston, no Texas. Era comum ouvi­
acêrca da Igreja em nosso coração. sempre estivera ali, mas que jamais
rem-se risotas sôbre aquelas duplas
Depois, com o passar do tempo, v i­ conseguiríamos vislum brar.
de jovens que usavam chapéus e
percorriam a cidade em bicicletas, me no papel de espectadora, obser­ Então, lentamente, a maré come­
as abas dos paletós esvoaçantes. vando meu espôso. Fôra um fuman­ çou a mudar. Descobrimos que os
te inveterado, agora não fumava m issionários necessitavam tanto de
Então, num dia atarefado de prin­ mais. Sempre gostara de uma cer­ nós quanto nós dêles — iniciando-se,
cípios de maio, dois moços bateram veja, agora deixara de beber. O café então, a longa, maravilhosa convivên­
à porta. Ainda me surpreende de eu da manhã sempre lhe dera grande cia com grande número dêsses mo­
ter-me dado ao trabalho de pergun­ prazer, subitamente desistiu dêle. ços extraordinários. Nosso lar to r­
tar-lhes sôbre o que queriam — e Leu o Livro de Mórmon de capa a nou-se um refúgio para êles, um lu­
mais ainda, de tê-los convidado a en­ capa, tornado-se mórmom de cora­ gar onde descansar, tomar um re-
trar. Um dêles passou a d istra ir meu ção. Eu não. frêsco geladinho, para depois conti­
filho, que carregou para a sala todos nuar a faina.
Por essa época, um dos m issioná­
os brinquedos possíveis e imaginá­
rios foi transferido. Um môço alto, Temos sido ajudados por m issio­
veis, empilhando-os no colo do m is­
sionário. Enquanto isso, o outro co­ cabelos escuros e óculos de aro prê- nários nos períodos difíceis da vida;
to tomou o seu lugar. Certo dia, nos­ ensinaram-nos não só que, como
meçou a falar sôbre os mórmons,
so nôvo amigo perguntou — brincan­ membros da Igreja, somos um povo
um povo que eu conhecia apenas pe­
los livros de História. do, julguei então: "A senhora irá per­ religioso, mas também criaturas que
m itir que uma xícara de café a im ­ apreciam uma diversão salutar.
Naquela época, meu marido e eu peça de entrar no reino de Deus?”
Eu apenas ri, mas, uma semana mais Sem a contribuição dos inúmeros
freqüentávamos a igreja regularmen­ jovens élderes que viemos a conhe­
tarde, mais ou menos, comecei a re­
te, mas cuidávamos que nossos f i­ cer e amar desde o dia em que rece­
fle tir sèriam ente sôbre o que dis­
lhos (então com 12, 10, 8 e 2 anos) bemos os prim eiros dois, há dez
sera.
fôssem à Escola Dominical, prim ei­ anos, nossa vida continuaria árida e
ro numa depois noutra igreja. desprovida de sentido. Êles têm si­
Foi aquêle jovem e seu compa­
nheiro seguinte que nos batizaram, do uma fonte de alegria, felicidade e
em setem bro de 1960. muita sabedoria e conhecimento
ignorados — e qualquer comunida­
Betty McMillan, experiente jornalista, é Acolheram-nos em seus corações de, estado ou nação que pode con­
membro do Ramo de Orange, Texas. Tem ser­
vido em numerosos cargos na Igreja e é e de certo modo nos ensinaram, p ri­ tar com ao menos dois dêles, é
mãe de quatro filhos. m eiro a engatinhar, depois a fica r de abençoada e afortunada.

Fevereiro de 1971
Então, em certa tarde luminosa,
MEU ENCONTRO COM um médico amigo da família, que era
mórmon, convidou-me a comparecer
a uma conferência patrocinada pela
Universidade de Brigham Young. In­
O MORMONISMO formou-me que um professor daque­
la instituição de ensino seria o ora­
dor, deixando lisongeiramente im ­
plícito que ótim o não seria se a opi­
Robert L. Cannon nião de nós dois, o orador e eu, en­
trasse num acôrdo. Fui à conferência
e fiquei escutando. Enquanto o ora­
dor falava, meu problema quanto à
Trindade, imediata e um tanto inex-
plicàvelm ente, começou a desfazer-
se diante de meus olhos. E naquele
dia, no amplo recinto ocupado por
mórmons devotos, fui apresentado
ao nosso Pai Celestial. Descobri ser
té 1.° de agôsto de 1968, con­ quatro anos seguintes, não vi mais êle real, pessoal, afetuoso, e real­

A siderei o “ m orm onism o” co­


mo excentricidade. Era por
mim encarado como prática religio ­
nenhum missionário.

Êsses anos, contudo, não foram


mente capaz de expressar qualida­
des tais como ira e amor, alegria e
pesar. Saí da conferência agradàvel-
sa de uns poucos anglo-saxões, cam­ perdidos. Continuei trabalhando na mente aturdido, porém plenamente
poneses extravagantes que há mui­ minha igreja, cada vez mais insatis­ cônscio de que tivera um reencontro
tos anos vinham enganando a si pró­ fe ito, e todo o tempo topando com espiritual. Ao chegar a casa, já me
prios de que Sião era sinônimo do mais perguntas sem respostas: O dera conta de que a verdade fôra a
soberano Estado de Utah. Eu via a que ou quem é a Trindade? Por que vencedora. Senti-me impelido, sem
Igreja de Jesus C risto dos Santos se diz que o homem nasce pecador? mais demora, a ler as obras-padrão
dos Últim os Dias como simplesm en­ Qual o sentido da morte? Onde se da Igreja. Dentro de uma semana, es­
te mais uma dentre as muitas seitas fundamenta o princípio da autorida­ tava novamente conversando com
e denominações religiosas. Tinha o de — na igreja? no homem? no cre­ dois m issionários; foram longos e
Livro de Mórmon na conta de um gi­ do apostólico? Por que a igreja vive profundos debates. Durante todo o
gantesco lôgro, plágio inteligente ou sempre procurando arrancar mais di­ tempo, sentia-me tomado por uma
pura ficção de um desvairado colo­ nheiro para pagar o clero? Estas são sensação tôda especial de seguran­
no de Nova York. Comparava minha apenas umas poucas das perguntas ça e esperança quanto ao futuro. No
ignorância da doutrina mórmon aos que, aparentemente, nenhum livro ou fim de mais uma semana, fui batiza­
conhecimentos da minha própria indivíduo conseguia responder. do e confirmado.
igreja, concluindo, arrogantemente,
que era tudo a mesma coisa, afinal. Fiz uma breve incursão pelos ben­ Levei m uitos anos para descobrir
ditos santuários de outra igreja. Che­ e aceitar dois pontos evidentes sô­
guei mesmo a m atricular-me num de bre Deus e o homem. Primeiro, que
Não imaginava sequer que, no de­
seus seminários. Mas as respostas o Evangelho não necessita ser de­
correr dos anos, estava sendo impe­
encontradas para minhas perguntas fendido, justificado ou adornado. Por­
lido inexoravelmente para a verdade.
eram tão truncadas como as de sem­ tanto, é in ú til quererenfeitá-lo ou san-
Realmente, não conseguia perceber
pre, desta vez envolvidas numa ve­ tificá -lo com antigos ritos e costu­
que me estava aproximando do que
nerável crosta de pompa e tradição. mes cujas origens se perderam nas
hoje denominam um “ co nfron to ” .
Ainda em retrospecto, a persistên­ brumas do tempo. O Evangelho re­
cia de tais dúvidas era uma evidên­ siste por si próprio e assim aconte­
Em 1962, dois missionários mór- cia que se podia ve rificar, sem ne­ ceu desde que foi proclamado pela
mons despenderam m uito esforço cessidade de maior exame, de que prim eira vez. E o segundo, que a rea­
comigo. Minha reação às suas ten­ as sementes da verdade, lançadas ção do homem frente ao Evangelho
tativas de explicar-me o Evangelho pelos missionários, continuavam v i­ cabe inteiram ente a êle só. Nossa
que tanto amavam teria provocado vas dentro de mim. responsabilidade quanto ao Evange­
calafrios num “ iceberg” . Não me lho deve ser total e absoluta.
m ostrei hostil; na verdade, a hosti­ O momento crítico surgiu após m i­
lidade teria sido menos impiedosa nha decisão de abandonar o mundo
do que a tergiversação intelectual à da babel eclesiástica. Passei a dedi­
qual submeti aquêles dois moços de­ car-me a uma profissão secular e se­
dicados. Não obstante, mantiveram- cretam ente jurei nunca mais aproxi­ Robert L. Cannon, professor da Escola Do­
minical e supervisor do quorum dos sacerdo­
se firm es, e após duas semanas, con­ mar-me das form idáveis muralhas da tes na Ala de Eastmont (Califórnia), era mi­
sideramos a “ p artida ” empatada. Nos igreja. nistro protestante antes de se filiar à Igreja.

10 A LIAHONA
CATACLISMOS
NO PERU

Relato de Dois Missionários

o domingo, 31 de maio de preendemos que fôra um dos m elho­ uma vez que os terrem otos usual­

N 1970, um grave terrem oto


atingiu grande parte do Pe­
res lugares em tôda a cidade duran­
te o terrem oto. Era uma rua larga,
ru. Os maiores danos ocorreram ladeada
ca de trezentos quilôm etros ao nor­
cer­ por edifícios bastante só li­
dos, enquanto quase tôdas as ruas
mente são seguidos por outros, ain­
da que menores. Mas tudo correu
bem.

te de Lima, a uns oitenta quilôm e­ são extremamente estreitas, com ca­ “ Então, já estava escuro, e como
tros da costa, nos altiplanos da cor­ sas quase tôdas feitas de adôbe. Em sabíamos que não conseguiríamos
dilheira andina. Segue-se um relato vista disso, praticam ente todos os dorm ir, oferecemos nossos présti-
dos élderes Kent Toone, de Bounti- edifícios da cidade ruíram, sepultan­ mos ao hospital que também ainda
ful, Utah, e Ladd W ilkins, de Roose- do as ruas e todos os que ali es­ estava de pé. Êste apresentava uma
velt, Utah, então trabalhando na ci­ tava m. visão que nunca poderemos esque­
dade de Huaraz, que foi destruída cer. Carga após carga de feridos
em 90%. "Durante nossa busca dos mem­
eram trazidos — alguns sem as ore­
bros da Igreja, encontramos muita
lhas e narizes, muitos com a metade
“ Até cêrca de 15h25m, o dia 31 de gente sèriamente ferida e soterrada,
do rosto arrancado, outros com os
maio transcorreu como qualquer ou­ ainda com vida; ajudamos da melhor
ossos esmigalhados — de modo ge­
tro dia de domingo — um dia lindo, maneira que nos foi possível. Feliz­
ral, ferim entos e danos de todos os
quente, cheio de paz, em Huaraz, mente, encontramos todos os cin­
tipos. Os corredores e salas do hos­
Peru, nos altos dos Andes. Estáva- qüenta membros a salvo, sendo que
pital estavam atulhados de gente, ha­
mos justam ente dando uma aula sô­ apenas uns poucos estavam feridos.
vendo somente dois ou três médicos
bre a Igreja a certo homem, quando, Foi realmente um milagre, pois cedo
disponíveis na cidade inteira para
às 15h25m, a terra debaixo de nossos descobrimos que restavam poucas
cuidar de todos êles. Não havia água
pés começou a trem er. A princípio, fam ílias que não haviam perdido al­
nem remédios. Não obstante nossa
não demos muita atenção, pois que guém. Uma das últim as estim ativas
total inexperiência, nossa ajuda foi
leves trem ores de terra são bastan­ do número de mortos em Huaraz
bem recebida, e ficamos trabalhan­
te freqüentes no Peru. Mas, como acusou 20.000, ou seja, duas pessoas
do no hospital a noite inteira.
continuava e tornou-se mais forte, em cada cinco.
saímos para a rua onde estaríamos
mais a salvo de sermos atingidos À noite, voltam os para nossa casa, “ O dia seguinte — segunda-feira,
por escombros. Os trem ores prosse­ na esperança de poder salvar algu­ 1 ,c de junho — foi quase tão mau co­
guiram e até edifícios inteiros desa­ ma coisa de nossos pertences pes­ mo o anterior. Centenas de mortos
bavam. Quando cessaram os estron­ soais. Para surprêsa nossa, a casa eram retirados dos escombros, en­
dos, nossos corações começaram a ainda estava de pé. Embora fôsse pe­ quanto m uitos outros eram recupe­
se acalmar um pouco mais. rigoso lá estar, entramos ràpidamen- rados ainda com vida. Desenterra­
te por uma janela para recolher o mos um garotinho que ainda vivia,
“ Pusemo-nos a andar pela cidade, máximo possível das nossas coisas. após te r ficado oito horas soterrado
a fim de verificar o que acontecera Temíamos que a casa pudesse ruir na mesma posição, sem alimento,
aos membros da Igreja. Ao deixarmos em cima de nós, ou pior ainda, fôsse­ luz e pouquíssimo ar. Muitas pes­
a rua em que estiváramos, com­ mos surpreendidos por outro trem or, soas ficaram soterradas nos teatros

Fevereiro de 1971 11
GENEALOGIA
e outros locais de reunião. É d ifícil
imaginar que a natureza pudesse
causar tudo aquilo em somente 2
minutos e 20 segundos. A cidade in­
teira chorava e se lamentava, pois
quase tudo havia sido destruído.

“ Devido aos m uitos mortos não


sepultos, às precárias condições sa­
nitárias, e à falta de água potável,
temia-se uma epidemia de febre ti-
fóide. Por isso, no dia seguinte, a
despeito de nossa completa inexpe­
riência, nós também instalamos uma
Um Nôvo Aspecto para
mesa e passamos a aplicar vacinas
contra tifo . Nos dias que se segui­
ram, ajudamos a desenterrar os per­
Genealogistas Estacionados
tences de alguns amigos, inclusive
de duas môças do Corpo de Paz.

“ Oito dias depois do terrem oto,


conseguimos chegar a Lima, após
uma viagem de 40 horas. Naquela al­
tura, já havia suficientes auxiliares
no hospital, bem como suprimentos
e alimentação que haviam sido trans­
portados por helicóptero. Não mais
éramos necessários, e pensar em
roupas limpas e um banho de chuvei­
ro môrno foi certamente m otivador."

O Élder Gordon B. Hinkley, do Con­


selho dos Doze, que deixara Lima
cinco minutos antes do início do te r­
G E N E A LO G IA
remoto, retornou para lá no dia se­
guinte. Comunicou que, dos aproxi­
madamente 1000 membros da Igreja
residentes nas áreas mais atingidas,
Lawrence W. Rand
três estavam desaparecidos, presu­
m ivelmente mortos. “ Perder apenas
três membros num total de 50.000 ví­
tim as é extraordinário. Fomos m uito
abençoados,” disse êle. Imediata­
mente após o recebim ento das notí­

H
cias do desastre, diversas toneladas elen Keller, a notável autora nas um quadro de trabalho, trabalho,
de roupas, mantimentos, e suprim en­ e conferencista americana, e mais trabalho.
tos médicos foram despachados pe­ que aos 19 meses de idade, Tôda gente, muitas vêzes, faz uma
la Igreja, a fim de serem d istrib u í­ ficou privada da visão e da audição
imagem estereotipada do genealo­
dos entre os membros e não-mem- em conseqüência de encefalite, dis­ gista. Em prim eiro lugar, parecem
bros na Missão do Peru e Estaca de se, certa vez: “ Não há rei que não achar que os genealogistas têm que
Lima. conte um escravo entre seus ante­ ser quáse tão velhos quanto os an­
passados, e nem escravo que não tepassados que procuram. Segundo,
Quanto à conduta dos missioná­ não tenha um rei entre os seus.” Ao colocam tais pesquisadores fic tício s
rios durante a tragédia, disseram al­ ascendermos por uma árvore genea­ nos recônditos mais sombrios de bi­
guns moradores da cidade que “ os lógica, podem-se descobrir fatos não bliotecas, ou então, esgueirando-se
gringos” (referindo-se aos missioná­ menos extraordinários. Encontram-se furtivam ente entre os túm ulos de um
rios norte-americanos) foram os úni­ ramos perdidos, freqüentem ente nas­ cem itério. Protesto! Não somos se­
cos homens na cidade. Enquanto to ­ cem encantadoras amizades e, inva- cretas reincarações de certos perso­
dos os demais procuravam fu g ir dela riàvelm ente, acaba-se viajando um nagens de uma peça de suspense" de
correndo, pensando só em si, os bocado. Tais delícias precisam ser um Edgard Allan Poe. Nem tampou­
gringos iam em sentido oposto — salientadas, pois, de um modo geral, co necessàriamente idosos. Nossa
ajudando a todos que podiam .” o estudo da genealogia evoca ape­ maior falta é que tendemos a alar-

12 A LIAHONA
dear um pouco nossas façanhas, co­ grau", “ cidade-município-estado” , e fatos poderão ser bastante d iv e rti­
mo que dizendo: “ Por que vocês não “ nom e-de-solteira-completo” logo se dos. A que eu reservo para ocasiões
fazem o mesmo?” tornarão coisa fácil. O único obstá­ especiais refere-se ao meu tetravô
culo à sua frente é começar. em sétim o grau, Isaac Sheldon. Criou
Pois bem, por que não? Vocês sa­ uma fam ília enorme, repintando o
bem o que dizem as Escrituras. Co­ O método biográfico não está sen­ berço regularmente a cada dois anos.
nhecem a lógica na qual se ampara do suficientem ente acentuado em Mas, depois dos prim eiros doze, hou­
a doutrina da exaltação. Em tôdas as nossas estacas. Encontro uma por­ ve uma pausa de seis anos. E exa­
alas e estacas, vemos providências ção de talentos genealógicos sufoca­ tamente quando decidiram descartar-
para a genealogia. Posso adiantar dos pela urgência com que alguns se do berço de uma vez por tôdas,
umas poucas sugestões de como re­ de nós procuram com pilar seu livro apareceu o décimo terceiro. Sabem
novar o interêsse pelo assunto. de recordações. Procure aquelas ve­ qual o nome que lhe deram? Mercy!
lhas fotografias espalhadas pela ca­ (Agradecida. N. do T.)
Primeiro, façam seu trabalho aos sa. Desencave aquela poesia que
poucos. Se o gráfico de linhagem os você alinhavou nos tempos de esco­ Essas histórias foram tiradas de
deixa desconcertados, atenham-se a la, e a dissertação escrita na faculda­ verdadeiros registros de grupo fam i­
com pilar os registros de grupo fa­ de. Você ainda guarda o diário redi­ liar. Os episódios da parte biográfi­
m iliar para os parentes no local em gido fielm ente durante longos três ca do seu livro de recordações serão
que residem. Não se preocupem com meses? Apanhe aquelas cartas an­ jóias que você mais apreciará e re­
o Bisavô Silva — certifiquem -se de tigas e espalhe seu rico conteúdo cordará melhor.
que conseguiram tôdas as inform a­ diante de você. Depois, municiado
ções que puderam do Pai Silva, an­ Não deixa de ser verdade que tais
com tôdas as referências, comece a
tes de êle falecer. Preocupem-se p ri­ vislum bres íntimos de seus antepas­
escrever. Antes de se dar conta,
meiro com tôdas as centenas de de­ sados exigem um pouco de suor e
você terá um esbôço biográfico, um
talhes ao seu alcance; só isto já po­ sangue. Ao interrogar parentes, irá
“ arquivo de recordações” , um poe­
derá levar um ano ou dois! À medi­ descobrir coisas esquisitas e cômi­
ma de elogios, ou mesmo uma auto­
da que crescer sua experiência e o cas. Até escrever sua biografia, nun­
biografia. O único obstáculo à sua
álbum, vocês estarão automàtica- ca havia de imaginar que minha san­
frente é começar.
mente preparados para a tarefa mais ta avozinha, certa vez surrupiou fru ­
d ifícil. Existe um aspecto da genealogia tas da árvore do vizinho! E como foi
raramente mencionado. Ela pode ser que minha fam ília veio para o Oeste?
Os interêsses pessoais geralmen­ divertida! Qual a fam ília que não tem Não existe nenhum registro históri­
te se restringem a uma ou duas am­ uma anedota predileta, um caso en­ co de jornada através dos ermos,
plas áreas. Certo indivíduo, digamos, graçado, ou acontecim ento inesque­ nem carrinhos de mão ou “ Vinde ó
é do tipo científico. Esta pessoa ge­ cível? Nos poucos anos desde que santos” , na minha fam ília. Meu pai
ralmente é boa na matemática, gos­ me converti, desencavei dúzias de veio para cá em 1928, por estrada de
ta de fazer pequenos consertos pela incidentes interessantes. ferro. E alguma vez você já pergun­
casa, e quase sempre escreve ex- tou a seus pais e avós onde se co­
cepcionalmete bem em letra de fô r­ Os nomes por si só podem fazer nheceram? A resposta poderá sur-
ma. Para êsse tipo de indivíduos, o rir. Topei com tôda a espécie dêles, preendê-lo.
caminho lógico para a genealogia é desde Sám Rãnd até Cornelia Ger-
o método estatístico. trude van der Sluis. Quando tudo o mais falhar, ainda
restará você. Já anotou tôdas as v i­
Outros já se interessam mais pe­ A sabatina de informações a que tórias espirituais de sua vida, para
la beletrística. Essas pessoas têm submeti meus parentes, expôs enor­ que possam servir de inspiração a
je ito para escrever cartas, fazem dis- me variedade de capacidades men­ outros? Descreva com emoção os
cursinhos interessantes, são bons tais. Você ficaria admirado de quan­ apogeus da sua vida, seus sonhos,
conversadores e lêem livros aos tas esposas não sabem o segundo os momentos mais embaraçosos, as
montes. Êstes devem tentar o méto­ nome do marido, maridos que não se lições que o mundo lhe ensinou. In­
do biográfico. Obviamente, isto é lembram da data em que casaram, clua algumas idéias extravagantes ou
uma supersim plificação. Contudo, ou como o caso do meu avô m ater­ veleidades, para divertim ento dos
um levantamento de suas inclina­ no, que não conseguia lembrar a or­ bisnetos. Torne-se um escravo do há­
ções ajudá-los-á a a tingir seu objetivo dem de idade dos próprios irmãos e bito de escrever diariamente. Nem
mais facilm ente. irmãs! Mas, em contraposição, exis­ sempre precisa ser genealogia —
tem as “ enciclopédias am bulantes” , uma carta, copiar uma boa receita,
Para os inclinados ao método es­ de cujo covil você surge com pleta­ compor uma melodia ou poesia —
tatístico, o registro de grupo fam i­ mente exausto! Outro caso curioso mas que seja cotidiano. Exatamente
liar e o gráfico de linhagem são os são as crianças que lembram datas como o porquinho-cofre expele uma
mais indicados. O malabarismo de e lugares melhor do que seus pais. boa soma ao fim de poucos meses,
datas, parentescos intrincados e pre­ assim também o esforço consistente
cisão exigida aguçarão seu apetite. Quando tiv e r preenchido um pu­ um dia resultará num livro de recor­
Uma vez iniciado o trabalho, os têr- nhado de fôlhas de grupo fam iliar, dações digno de sua futura exalta­
mos tais como “ primo em quinto pare e volte a examiná-las. Alguns ção e de seus entes queridos.

Fevereiro de 1971 13
Oferecer um
Sacrifício Aceitável
ao Senhor
Owen Cannon Bennion

utro dia, ouvi uma jovem ora- Assim começou a antiga prática de

O dora falar sôbre os sa crifí­


cios oferecidos ao Senhor.
Discutiu o significado do sacrifício
e parecia interessada apenas no as­
ofertar sacrifícios de derramamento
de sangue e ofertas queimadas, que
persistiu desde os tempos de Adão
através da história de Israel, até a
pecto da exigência de nos privarmos vinda do Messias. Destinava-se a re­
de algo m aterial. Esta, naturalmen­ tratar o supremo sacrifício de Deus,
te, é parte importante do Evangelho; entregando seu Filho, por causa do
mas, ao ouvi-la, fiquei imaginando se seu amor pela humanidade.
os membros da Igreja freqüentem en­
te se lembram, ou se dão conta do A história de Caim e Abel demons­
sacrifício espiritual que Jesus man­ tra a importância de realizar ofertas
dou que lhe ofertássemos. Para me­ aceitáveis. “ E aconteceu ao cabo de
lhor entedimento, precisamos voltar dias que Caim trouxe do fruto da te r­
ao princípio. ra uma oferta ao Senhor.

Após a expulsão de Adão e Eva do “ E Abel também trouxe dos prim o­


Jardim do Éden, Deus mandou que gênitos das suas ovelhas, e da sua
lhe oferecessem as prim ícias do re­ gordura: e atentou o Senhor para
banho como sacrifício ao Senhor. “ E, Abel e para a sua oferta.
após m uitos dias, um anjo do Se­
nhor apareceu a Adão, dizendo: Por “ Mas para Caim e para a sua ofer­
que ofereces sacrifícios ao Senhor? ta não atentou. E irou-se Caim fo rte ­
E Adão respondeu: Não sei, exceto mente, e descaiu-lhe o seu sem­
que o Senhor me mandou. blante.

“ Então o anjo falou, dizendo: Isto "E o Senhor disse a Caim: Por
é à semelhança do sacrifício do Uni- que te iraste? E por que descaiu o
gênito do Pai, que é cheio de gra­ teu semblante?
ça e verdade.” (M oisés 5:6-7)
"Se bem fizeres, não haverá acei­
tação para ti? E se não fizeres bem,
o pecado jaz à p o r ta ... ” (Gên. 4:3-7)
Owen Cannon Bennion, superintendente
da AMM-Rapazes na 22.* Ala de Orem (Utah),
é instrutor do programa educacional para Ia- Sendo Caim um lavrador, achou
manitas da Universidade de Brigham Young. conveniente oferecer o que possuía,

14 A LIAHONA
em lugar do que o Senhor mandara. Em tôda a história da antiga Israel, espiritual entre Deus e o homem.”
Êsse relato revela a importância que vemos os servos de Deus mostran­ Diz ainda: “ No mais elevado senti­
Deus dá à oferta de um sacrifício do sua devoção ao Senhor com ofer­ do espiritual, a oferta de uma obla­
aceitável. Caim deixou de ver que tas de holocaustos. Com a crucifica­ ção consiste em prestar plena devo­
Deus queria um tipo especial de sa­ ção do Primogênito e Unigênito do ção ao Senhor, ofertando-lhe um co­
crifício. Julgou que o que possuía Pai, o derramamento de sangue e ho­ ração quebrantado e um espírito con­
deveria servir. locaustos se cumpriram . Enquanto trito ." (Mormon Doctrine/Bookcraft,
os nefitas se encolhiam nas trevas 1966/, pp. 662,541-42) Na seção 59
A história da provação de Abraão no continente americano, após a de Doutrina e Convênios, o Senhor
dá a tôda a Israel um exemplo de morte de C risto, ouviram a voz de nos dá instruções sôbre quando e
vontade inamovível de ofertar um sa­ A lfa e Ômega declarando o cum pri­ onde devemos oferecer êste sacri­
c rifício aceitável. Ninguém que não mento da lei. Foram instruídos a fício especial. Embora nossas ofer­
tenha um filho pequeno poderá aqui­ abandonar o antigo costume de sa­ tas sejam aceitáveis todos os dias,
latar plenamente a angústia de crificarem as prim ícias dos reba­ no dia do Senhor temos o manda­
Abraão no momento em que o peque­ nhos. O Filho de Deus fôra ofereci­ mento específico de comparecer à
no Isaac perguntou: “ Meu p a iI. . . do como sacrifício por tôda a huma­ reunião sacramental e oferecer nos­
Eis aqui o fogo e a lenha, mas onde nidade. Em substituição àquele, de­ so sacrifício. Nessa ocasião, renova­
está o cordeiro para o holocausto?” viam ofertar-lhe em sacrifício "um mos nossos convênios (oferecendo
(Gên. 22:7) É preciso não esquecer coração quebrantado e um espírito nossos sacramentos) e ofertamos o
o horror que Abraão tinha aos sacri­ co n trito ." (Néfi 9:20) Em nossos sacrifício de um coração quebranta­
fício s humanos, que, em sua época, dias, o Senhor reiterou êsse manda­ do e um espírito contrito (uma obla­
eram praticados pelos sacerdotes mento, dizendo: “ Em retidão ofere- ção) . Se atentarmos para as orações
idólatras. Ainda assim, Abraão teve cerás um sacrifício ao Senhor teu sacramentais e acrescentamos nos­
a calma, fé e obediência para respon­ Deus, sim, o de um coração quebran­ so amém, estamos renovando nossos
der à criança, seu filh o : “ Deus pro­ tado e espírito contrito. . . . (no) dia convênios com Deus. E se o fizer­
verá para si o cordeiro para o holo­ do Senhor, oferecerás as tuas obla- mos com reverência e intenção sin­
c a u s to ...” (Gên. 22:8) Como Deus ções e teus sacramentos ao A ltís ­ cera, estamo-nos preparando para
não deve ansiar que outros mostrem sim o. . . " (D&C 59:8, 12) oferecer um sacrifício. Então, duran­
a mesma disposição; como disse o te a últim a parte da reunião sacra­
Rei Benjamim: “ . . . como c ria n ç a ... Se dedicarmos a mesma importân­ mental, se o orador e nós, os ouvin­
disposto a se subm eter a tudo quan­ cia a êsse mandamento dado aos ne­ tes, estiverm os dotados com o Espí­
to o Senhor achar q u e ... (nos) deve fita s e a nós, como os antigos davam rito Santo, seremos edificados no
in flig ir, assim como uma criança se aos holocaustos por êles ofertados, que diz respeito à grandeza e mise­
submete a seu p ai.” (Mosíah 3:19) muitos de nós precisamos pensar um ricórdia de Deus, à esperança em
pouco se estamos oferecendo ao Se­ C risto, e à necessidade de todos
nhor um sacrifício aceitável. Talvez nós nos arrepender-mos das trans­
Passando agora para a história de estejamos, assim como Caim, o fer­ gressões. Esta abençoada percepção
Elias, vemos o poder de Deus mani­ tando uma oblação que nos convém, pode provocar um piedoso pesar,
festando a validez do sacrifício de ou então contrária ao que Deus man­ um ânimo quebrantado, um senti­
sangue, quando êle, Elias, invocou o dou, em lugar de procurar saber mento de contrição, uma brandura e
fogo dos céus para consumir a ofer­ como cum prir o exigido por Deus. O humildade de coração.
ta ao único Deus verdadeiro. (Veja I que significa ir à casa de oração no.
Reis 18:21-39) Êste relato tem um dia do Senhor e oferecer oblações e Se êste sentim ento é de verdadei­
significado oculto, que é, em certo sacramentos ao Altíssim o? ro pesar piedoso, nossa oferta será
sentido, a semelhança de algo que certam ente aceitável diante do Se­
está por vir a Israel e ao que aludi­ Segundo o Élder Bruce R. McKon- nhor. Será algo diverso que qualquer
remos mais tarde. kie: “ Um sacramento é um convênio coisa de valor mundano, como, por

Fevereiro de 1971 15
exemplo, dinheiro e as prim icias de grande fortaleza pessoal de homens fícios ao Senhor. Percebemos a m i­
nossos rebanhos. como Abraão, José, Moisés e Néfi. sericórdia e o amor de Deus. Nosso
Ao ler como eram capazes de falar coração está quebrantado simultâ-
Aparentemente, o Senhor condu­ com Deus e alcançar favor aos olhos neamente pelo pesar e alegria —
ziu seus filhos por um longo cami­ dêle, parece te r descerrado uma ja­ pesar devido aos pecados despre­
nho, levando-os gradualmente da nela em minha alma, que estivera zíveis, e jú b ilo por nossa salvação
oferta de coisas tangíveis, tal como cerrada pelo véu do esquecimento. resgatada pelo sofrim ento e expia-
uma ovelha ou novilha, às intangí­ Meu espírito ansiava por retornar à ção de nosso Senhor. Desta forma,
veis, como uma atitude ou estado de antiga associação com Deus. Ao in­ nosso espírito é contrito, penitente,
espírito. Estas representam um con­ sinuarem-se dúvidas em mim quanto sem mácula.
ceito diferente de sacrifício, atingin­ ao Evangelho, nos prim eiros anos de
do o íntimo do ser humano. Impedem adolescência, voltei-m e para o Livro Para certas pessoas, essa expe­
a dádiva enganosa destinada a im­ de Mórmon, orando para que me fôs­ riência pode ser secreta, uma comu­
pressionar terceiros, porque ninguém se dado saber se era uma Escritura nhão m uito pessoal com Deus. Ou­
poderá perceber tal presente ou sa­ verdadeira. Ao ler a história de Néfi tros talvez expressem sua experiên­
crifício, exceto Deus ou aquêles e seus irmãos, fiquei profundamen­ cia, como acontece nas reuniões de
abençoados com seu dom de discer­ te impressionado. O Santo Espírito testemunho, compartilhando-a com
nimento. te stificou de maneira maravilhosa os que ouvem. Mas, nos dois casos,
que o livro era divinamente revela­ existe analogia com a história de
Ao considerar a dificuldade de fa­
do. Daquele dia em diante, meu de­ Elias — o fogo dos céus veio reco­
zer uma oferta assim, ficamos a ima­
sejo de se rvir a Deus foi fortalecido. nhecer a validez da oferta. Jesus
ginar como jamais poderemos ofere­
prometeu aos nefitas: “ E todo aquê­
cer um sacrifício aceitável. Pagar o
Segundo, é preciso que nos pre­ le que a mim vier com um coração
dízimo, dar ofertas de jejum e ou­
paremos antes de oferecer o sacri­ quebrantado e um espírito contrito,
tras contribuições m ateriais ao Se­
fício de um coração quebrantado e eu o batizarei com fogo e com o Es­
nhor, ou negar a si próprio um luxo
um espírito contrito. Na antiga Is­ p írito Santo.” (3 Néfi 9:20)
almejado, requerem certo grau de
rael; escolhia-se a nata dos reba­
coragem e auto-domínio; não obstan­
nhos, os cordeiros sem mácula. Era Quanta fôrça não teríamos, se ofe­
te, é bem mais fácil do que ofertar
inimaginável sacrificar qualquer coi­ recêssemos êste sacrifício freqüen­
o próprio coração, numa circunstân­
sa impura ou imprópria. Nós, da mes­ tem ente no dia do Senhor, na sua
cia de a flitivo arrependim ento e um
ma forma, precisamos apresentar casa de oração, como êle mandou!
espírito contrito em sincera devo­
uma oferta imaculada. Embora não
ção. Como guardar êsse manda­
possamos esperar ser perfeitos, po- Não será então lícito afirm ar que,
mento?
demo-nos tornar sinceramente peni­ na história de Israel, temos um pro­
A resposta, típica do caminho do tentes; mas isto deve ser real, e não tó tipo do que é preciso acontecer na
Senhor, é m uito simples. Primeiro, é um sim ulacro ou aparência. Pela fé, vida de todos nós? Israel dispunha da
preciso ler as Escrituras, para obter arrependimento e batismo, é possí­ lei para levá-.la a C risto. Começou
um conhecimento básico acêrca de vel obter a remissão dos pecados, com sacrifícios m ateriais e será f i ­
Deus. Tal estudo nos aproxima de através da graça de C risto. Mas ês­ nalmente levada a oferecer um sa­
Deus e provê a motivação e desejo te processo deve ser algo contínuo c rifíc io espiritual. Certamente, há
de guardar seus mandamentos. em nossa vida. À medida que co nti­ necessidade de sacrifício material
nuamos a nos arrepender dos peca­ em nossas vidas, mas, a não ser que
Como ilustração, permitam-me re­ dos e fazemos jus à remissão, che­ progridamos até o nível de ofertar o
correr à minha própria experiência gamos à brandura e humildade de mais sublim e sacrifício espiritual de
na infância. Lembro-me de que, quan­ coração. (Veja Moroni 8:24-26) E é um coração quebrantado e um espí­
do comecei a ler as histórias dos pro­ nesta condição que estaremos pre­ rito contrito, falharemos em atingir
fetas de Deus, impressionou-me a parados para oferecer nossos sacri­ um dos reais propósitos desta vida.

16 A LIAHONA
Fábula de La Fontaine
Traduzida pelo Barão de Paranapiacaba

Deus bem sabe o que faz. Escusa procurar


As provas dêste asserto: a abóbora se vai dar.
Viu êste fruto um lorpa e, estando a contemplá-lo,
e achando-o muito grande e mui delgado o talo,
"Em que pensava (disse) o autor desta invenção,
Que da abóbora fêz tão má colocação?
Se fôsse cá por mim, não tinha mais trabalho
Que fazê-la pender daquele alto carvalho.
Por Deus que isto calhava; em árvore tão grande
Assenta fruto assim, e não mesquinha lande.
— Que pena foi, João, não teres figurado
Na assembléia de Deus, do cura apregoado!
Tudo ficava então melhor distribuído:
O fruto, que ao carvalho eu vejo suspendido,

A Lande
E ao meu dedo mindinho iguala na grossura
Pousara, em lugar dela, ao rente da planura.
Deus se enganou, de certo. E quanto mais medito
Na má colocação dos frutos, que hei descrito,
Mais me parece nisto equívoco e x is tir” .
Com estas reflexões, privado de dormir,

ea
O nosso camponês provava o dito certo:
— "Quem muito engenho tem conserva-se desperto,
"Porque lhe foge o sono” . — Entanto, à fresca sombra
Deita-se dum carvalhão em mole e verde alfombra.
Magoa-lhe o nariz lande que se despega:
Desperta em confusão; co’as mãos o rosto esfrega;
Na barba o fruto achou. Co’as dores do nariz:
"Olá! Pois não sangrou. Se fôsse mais pesada
A massa que tombou, que tal fôra a pancada
Se uma abóbora fôsse em vez desta frutinha,
Ficara em fresco estado a pobre face minha!
Tal não aprouve a Deus! Pois, sábio e onipotente,
Abóbora
Para assim proceder motivo houve excelente".
E graças dando ao céu por tudo quanto fêz,
A casa recolheu-se em paz o camponês!

Fevereiro de 1971 17
0 Jogo do Sorriso

Bernadine Beatie

— Mas eu posso cuidar de mim mesmo!

J
ean Louis bateu a porta do apartamento
com forte estrondo. Imediatamente — retrucou o menino, mal-humorado. — É que
esta voltou a ser escancarada, e Ma- a senhora não me quer.
demoiselle Chabas golpeou o assolho com sua
bengala. — Ora essa Você sabe muito bem que não
é verdade, meu querido! — Vovó puxou Jean
— Volte, Jean Louis! Venha aqui, agora Louis para junto dela no sofá. — Mlle. Chabas
mesmo, e feche a porta como deve! — disse muitas vêzes cuida de seus amigos. Os pais
enèrgicamente. dêles a têm em alta conta.

Jean Louis fingiu não ter ouvido e corria o — Mas eu não gosto dela! veio a resposta
quanto lhe permitiam suas pernas, pelo cor­ amudada. — E nenhum dos meus amigos tam­
redor em direção à rua. Bem sabia que estava pouco.
sendo malcriado, mas não fêz caso. Também
seus pais poderiam te r arranjado alguém me­ — Por que?
nos rabugenta do que a velha M lle. Chabas pa­
— Ela é tão rabugenta e má! Nunca conta
ra cuidar dêle, enquanto ficavam na praia em
histórias ou brinca com a gente como a senho­
visita aos seus amigos!
ra, vovó. Ela nem sabe sorrir!
— Trinta minutos! — resmungava Jean
— Pobre da Mlle. C habas... Dizer-se que
Louis. Como poderia ter um bate-papo com
tão bonita e alegre quando môça!
sua avó e estar de volta tão depressa? Mlle.
Chabas era mesmo mesquinha! — Bônita?! — gritou Jean Louis, admirado.
O menino chutou uma pedrinha pela rua, — Sim, senhor. Uma das môças mais bo-
que acabou parando bem defronte da barraca nitinhas de tôda a cidade de Reims. — Vovó
de flôres na esquina. Jean Louis também parou sorriu mansamente. — Eu tinha inveja dela por
e comprou uma rosa para a vovó. Seus olhos causa de seus olhos côr de violeta.
se iluminaram. Quem sabe vovó o deixaria f i­
car com ela?! Ela iria entender como se sentia Era difícil para Jean Louis poder acreditar
a respeito da Mlle. Chabas, e poderia telefonar, que sua gentil e alegre avó pudesse alguma
avisando-a. O menino sorriu. Assim não teria vez ter tido inveja de Mlle. Chabas. — Mas ela
que voltar e ouvir uma reprimenda por te r é velha, vovó, e usa uns vestidos pretos tão
batido a porta. feios! A senhora não é assim — a senhora é
bonita!
Mas, na verdade, desta vez vovó não queria
entender. Embora sorrisse e lhe desse um fo r­ — Isto é porque eu tenho você, meu que­
te abraço, quando lhe entregou a rosa, ela rido, e sua mãe e seu pai. Mlle. Chabas não
sacudiu a cabeça e fungou desaprovadoramen- tem ninguém. Passou a vida tôda cuidando de
te, quando disse que queria ficar com ela e não outros. Primeiro, da irmãzinha aleijada, depois
com Mlle. Chabas. dos pais, quando ficaram idosos, e sempre ha­
via falta de dinheiro.
— Passo a manhã inteira na loja, Jean
Louis, — explicou. — Não poderia tomar conta — Por que os amigos dela não ajudaram?
de você. — perguntou o garôto.

18 A LIAHONA
— Nós tentamos, mas quase todos éramos
muito pobres naquele tempo. — Vovó suspirou.
— Talvez não tenhamos tentado bastante. É
muito fácil esquecer as dificuldades alheias.
Agora, ela está velha e só, e não tem nada ao
que se apegar, a não ser cuidar dos filhos dos
outros.

Jean Louis enguliu o nó surgido repentina­


mente na garganta. — Sinto muito ter sido
malcriado com ela, vovó, — disse com voz
apagada.

Vovó colocou o braço em tôrno dos ombros


do netinho.

— Conheço um jôgo maravilhoso para vo­


cê brincar com ela. Jean Louis deu de ombros.
— Ela não vai querer — ela não gosta de brin­
cadeiras.

— Mas ela não vai saber! — retrucou vo­


vó. — Chama-se o “ jôgo do so rriso ” e para ga­
nhar, você precisa fazer M lle. Chabas sorrir.

O menino não achava que êsse tal jôgo


seria muito divertido, mas como vovó parecia
tão satisfeita, acabou concordando.

— Muito bem! — disse vovó. — Mas não


esqueça, para conseguir um sorriso, você pre­
cisa so rrir primeiro. Se você ganhar, levá-lo-ei
espetáculo de fantoches lá do parque, no
ado à tarde.

Ilustrado por Charles Quilter


quando lhe levava alguma. Hesitou um longo
momento, depois, lembrando-se do que a avó
contara sôbre os olhos de Mlle. Chabas, com­
prou um ramalhetizinho de violetas.

Perto de casa, seus passos tornaram-se


cada vez mais arrastados. Estivera fora muito
mais de meia hora. Mademoiselle iria ficar bas­
tante zangada.

— Então, é você! E ainda por cima atrasa­


do! — gritou M lle. Chabas, quando Jean Louis
entrou.

— Sinto muito estar atrasado, Mademoi­


selle — disse o menino, com um largo sorriso,
e entregou-lhe as violetas.

— Para mim? — admirou-se Mlle. Chabas,


de queixo caído.

— É sim. Achei que ficariam bem no seu


vestido. — confirmou Jean Louis, fitando espe­
rançoso o rosto dela, mas não houve sorriso
algum. Mas, ao menos, pregou as flôres na
gola.

Meio ofegante, o menino acrescentou: —


Os olhos da senhora são da côr das violetas!

Então, surgiu um leve sorriso nos olhos de


Mlle. Chabas, que se espraiou até seus lábios,
e fêz com que tôda a sua face parecesse alegre
e jovem.

— A senhora sorriu! — gritou o menino


feliz. — A senhora é tão bonita, Mademoiselle!

Havia um olhar perdido nos olhos de Mlle.


Chabas. — Faz muito tempo, Jean Louis, que
ninguém me fala assim.

— De agora em diante, a senhora vai ouvi-


lo muitas vêzes! — ria o garôto. Pois vou-lhe
Não vai ser fácil, — observou Jean ensinar um jôgo.
Louis
— Não sou muito boa em jogos. — foi a
— Garanto que há de encontrar um meio. resposta duvidosa.
— disse vovó.
— Mas êste a senhora pode aprender —
Mas, ao dirigir-se em passos lentos para qualquer pessoa pode! Chama -se “ jôgo do
casa, Jean Louis não tinha certeza assim de sorriso".
que conseguiria fazer M lle. Chabas sorrir. Não
achava graça em anedotas e considerava as Jean Louis deu-lhe um largo sorriso e não
charadas uma bobagem. O garôto parou junto ficou nem um pouquinho surprêso, quando ela
à barraca de flôres; vovó costumava sorrir, também sorriu.

20 A LIAHONA
0 Bispo Presidente Fala
à Juventude Sôbre:

Enfrentar os Desafios da Vida


Bispo John H. Vandenberg

esde o princípio, o homem em vão, não tendo a sua criação obe­ e manutenção da lei." (12.° Regra

D tem vivido num mundo an­


tagônico. Assim foi decre­
tado, quando Adão e Eva foram ex­
pulsos do Jardim do Éden e o Se­
decido a nenhum fim " (2 Néfi 2:
11-12, G rifo nosso)

Em virtude da visão e conhecimen­


de Fé)

Os santos dos últim os dias fié is


procuram enfrentar os desafios de
nhor declarou: “ ...m a ld ita é a te r­ to proporcionados por estas Escritu­ hoje para construir um mundo me­
ra por causa de ti; com dor come- ras quanto ao real propósito da opo­ lhor no qual todos os homens, atra­
rás dela todos os dias da tua vida; sição na vida, a juventude da Igreja vés de diligência pessoal, venham a
“ Espinhos, e cardos também, te não necessita deixar-se confundir te r a oportunidade de escolher o ca­
p ro d u zirá ... pelas vozes traiçoeiras que apregoam minho ascendente para a paz e ale­
a revolução e violência como meio gria eternas, recorrendo unicamente
“ No suor do teu rosto comerás o de estabelecer de pronto o mundo aos canais legais e constitucionais
teu p ã o ..." (Gên. 3:17-19} perfeito. No caminho para a vida devidamente estabelecidos.
eterna, como que numa sala de aula
Interessante é notar a declaração espiritual e moral, somos expostos a Uma pequena, ruidosa, violenta
“ maldita é a terra por causa de t i . ” lutas, pobreza, injustiças e fracas­ m inoria põe a culpa de todos os ma­
À prim eira vista, parece um para­ sos. Todos estão em movimento — les do mundo ao que denomina "in s ­
doxo, até refletirm os por um mo­ ou subindo em direção à perfeição, tituições estabelecidas” , advogando
mento na necesidade da oposição eterna paz e alegria, ou descendo a subversão e destruição do que sa­
na vida, pois nos dá um ponto ele­ para a imperfeição, eterno pesar e bemos não ser perfeito, não obstan­
vado ao qual nos d irig ir. E esta di­ angústia. O livre-arbítrio, a oportu­ te ser a única base disponível para
mensão ascendente cria, de manei­ nidade de escolher nossos atos, re­ se alcançar o progresso. Não dis­
ra automática, outro ponto oposto quer condições que permitam ao vio­ põem de nenhum plano, e muito me­
em direção descendente. Sem essa lento, pecaminoso, luxurioso, fazer nos de capacidade para melhorar até
lei dos opostos, tôdas as coi­ aquilo que lhes dê liberdade de ex­ mesmo as condições mais simples
sas permaneceriam estacionárias no pressar seus torpes desejos. E assim que tanto deploram. A menos que
tempo e no espaço. fazendo, originam condições que fe ­ uma pessoa disponha de planos, ca­
rem o inocente, perturbam a paz, pacidade e meios para su bstitu ir o
No Livro de Mórmon, Léhi explica criam necessidade e carência, preju­ que não é perfeito em nossa socie­
claramente por que deve haver anta­ dicam o crescim ento e progresso po­ dade, por algo melhor, ela provocará
gonismos na vida, a fim de que o sitivo dos que desejam obedecer ao uma regressão e decadência, em lu­
homem possa alcançar qualquer Senhor, buscando a ting ir a p erfei­ gar de progresso e elevação. A mo­
crescim ento ou progresso: “ Porque ção que será plenamente realizada cidade SUD tem consciência dos de­
é necessário que haja oposição em nas eternidades. safios e problemas do presente. Sa­
tôdas as coisas. Pois, se assim não be que esta vida é uma jornada, e
fô s s e ,... não haveria justiça nem Os membros da Igreja podem es­ que o seu objetivo com a paz e ple­
maldade, nem santidade nem misé­ perar problemas que necessitem re­ nitude almejados, não poderá ser to­
ria, nem bem nem mal. Portanto, é solver. Mas êles sabem que a manei­ talm ente atingido nesta terra. O ca­
preciso que tôdas as coisas formem ra produtiva de enfrentá-los é atra­ minho para a alegria eterna é íngre­
um conjunto; E, portanto, havendo vés dos processos legais e da auto­ me e áspero, mas também deveras
um corpo, haveria de estar como ridade constituída. Nenhum membro emocionante, conduzindo ao destino
morto, não tendo vida nem morte, em harmonia com a Igreja procurará que proverá tudo aquilo que deseja
nem corupção nem in co rru p çã o ... solucionar os problemas atuais de­ em retidão. Essa mocidade aceita de
nem sensibilidade nem insensibili­ sobedecendo à lei e à ordem “ cre­ bom grado as labutas da escalada.
dade. mos na submissão aos reis, presi­ Para ela, a caminhada desafiante e
dentes, governadores e magistrados, adversa é um oportunidade, e não
“ Deveria, portanto, te r sido criado como também na obediência, honra uma frustração.

Fevereiro de 1971 21
0 RISCO DO AMOR
em, afinal acabara aconte­ ção, que afetaria não somente a ela

B cendo aquilo que achara im­


possível, aquilo que dissera
como tôda a sua posteridade.

nunca aconteceria a ela, aquilo que


Haviam-se passado três anos des­
julgara acontecesse somente aos de que deixara o lar, para cursar
muito mais fracos do que ela — a escola de comércio e trabalhar na
amar um rapaz não pertencente à cidade. Dois e meio desde o dia em
Igreja. que dois m issionários mórmons ha­
viam chegado à sua porta — dois
Oh, sim, mostrara-se presunçosa e
anos e meio desde o dia em que,
segura de si. Olhara com compaixão
por pura gentileza, pedira que entras­
as mulheres solitárias na Igreja,
sem para tirá-los do sol ardente, e
eventualmente sentadas em compa­
depois, devido à nascente curiosi­
nhia dos filhos, mas nem por isso
dade espiritual, perm itira que vies­
aparentando menos solidão. De um
sem de nôvo.
modo geral, dividiam-se em dois
grupos — — aquelas que se con­
verteram sem os maridos, e as ou­ Desde aí, a Igreja era tudo o que
tras criadas na Igreja, mas que, em importava. Ela, uma jovem solitária
determinada ocasião, haviam-se es­ numa cidade grande, subitamente
quecido de encarar o casamento no viu-se rodeada de corações caloro­
tem plo como único padrão de ma­ sos. Ela, que não sabia como matar
trim ônio aceitável. Qual dos grupos o tempo, descobriu que não havia
seria mais lamentável? E quanta fal­ essa coisa chamada ociosidade en­
ta não fazia o apôio do Sacerdócio tre os verdadeiros mórmons. Ela,
na vida de am bos!! que se sentia perdida e incerta, en­
controu um mundo de questões to r­
"A mim não acontecerá", Júlia turantes e respectivas respostas sa­
prometera a si mesma, mas agora tisfatórias. Ela, que se sentira va­
perguntava: “ A mim tam bém ?” , ate­ gando a êsmo, ganhou nova confian­
morizada ante a magnitude da situa­ ça como filha amada de Deus.
Ficção
Catherine Kay Edwards
Ilustrado por Ralph Reynolds

Sua nova vida era uma experiênê- lescentes por não terem coragem
cia rica e sempre renovada, mas as suficiente para procurar as meninas
irmãs costumavam balançar a cabe­ de sua idade. Portanto, como have­
ça, dizendo: “ Ó Júlia, como deseja­ ria de sentir-se emocionada ao per­
ríamos que encontrasse um bom ceber um toque gentil no ombro e
jovem SUD." Intimamente, Júlia uma voz pedindo a próxima contra­
aquiescia, concordando. O casamen­ dança? Claro que não — — pelo
to que sempre fizera parte de seus menos, até voltar-se e fita r os lím ­
sonhos, tornou-se um anseio maior pidos olhos azuis de Eduardo Sales.
do almejado destino.
Não foi um amor à prim eira vista.
Certo dia, numa esporádica dispo­ Antes, uma impressão de "Parece
sição de auto-piedade e “ céus, a- alguém como sempre desejei conhe­
-vida-está-passando-ao-largo", a môça cer". E quanto ao Edu? Sua primeira
aceitou um convite para um baile na impresão foi simplesm ente de “ Foi
igreja de sua m elhor amiga. Rute bom encontrá-la. Gostaria de conhe-
encontrava-se em situação semelhan­ cê-la. m elhor.”
te à de Júlia como única jovem sol­
teira em sua igreja, provocando ime­ A noite inteira fôra um atordoa­
diata atração mútua. mento de luzes, música e risos, pelo
que Júlia conseguia recordar, até
Encontrar alguém de especial in- ver-se deitada em sua cama, ainda
terêsse era o que Júlia menos espe­ sorrindo, trêm ula e saboreando o fato
rava, enquanto enfiava seu vestido de te r um encontro marcado para a
de baile predileto — aquêle de próxima sexta-feira.
"c h iffo n ” rosa pálido. Já se confor­
mara com o fato de que seria igual Então, veio o desencanto!
a tantos outros bailes do passado —
— os homens mais velhos tirando-a Ela, Júlia Campos, membro fiel da
para dançar por educação, e os ado­ Igreja, firm e candidata a um casa-

Fevereiro de 1971 23
mento no templo, havia marcado um Apenas uma peça, mas o que vale representava tudo o que ela deseja­
encontro com rapaz não-mórmon, um jôgo incompleto, ainda mais va na vida, e da situação que não
além de membro firm e da própria quando lhe falta a peça mais impor­ sabia como enfrentar. O bispo es­
igreja. Certo, já saíra com outros tante: a chave que revelará tôda a cutava atentamente, vez por outra
rapazes de fora; isto não era tão sua beleza? Júlia bem que o com­ meneando a cabeça ou fazendo uma
desaprovado assim naquele meio em preendia, e Eduardo também. pergunta.
que havia falta de rapazes da sua
idade, m a s ... Seja sincera, êste Nesta época, também surgiram ou­ — M uito bem, já compreendi. Não
caso era diferente. M uito diferente tros problemas para Júlia. Às vêzes, deixa de ser um problema, mas o jo­
mesmo. arojava-se num turbilhão de ativida­ vem me parece um ótim o rapaz.
des e estudos religiosos, enquanto
Com certeza, pensou, não pode em outras ocasiões, tinha que forçar- — A í é que está, bispo; êle é tão
ser tão errado. Êle é pessoa tão ex­ se a freqüentar as reuniões. Às vê­ bom! Se fôsse um sujeito vulgar ou
cepcional — não fuma, não bebe, não zes, procurava agradar a cada um maçante sob qualquer aspecto, lar­
é briguento, nem parece vulgar. Sa­ dos irmãos e irmãs da Igreja; outras garia dêle, sem mais nem menos;
be como rir e divertir-se; tem boas vêzes, retribuía sêcamente qualquer mas êle não é. Quanto mais o co­
maneiras, um tanto tím ido, porém cumprim ento. Um dia,.jurava nunca nheço, mais qualidades admiráveis
ótima companhia. Em suma, um per­ mais encontrar-se com êle, e no dia descubro. Êle é --------bem, êle é tão
fe ito mórmon, exceto por uma coisa: seguinte, chorava porque não mais mórmon — — só que não se dá
não ser mórmon. conseguia viver sem êle. Quando se conta disso.
decidia a aceitar convite, de algum
Revirou tais argumentos durante a outro rapaz, tal perspectiva só fazia O bispo sorriu para ela e depois
noite inteira. Repetidamente, reviveu com que se sentisse mais ligada a respondeu:
as horas encantadoras da últim a noi­ Eduardo. Havia momentos em que a
te e enumerava as boas qualidades própria afinidade e mútua identifica­ — Agora você acabou de esbarrar
dêle, mas sempre voltava ao mesmo ção eram insuportáveis para ambos. num dos problemas mais tris te de
ponto — êle não era da mesma re li­ um bispo ou missionário ou mesmo
gião. Finalmente, antes de conciliar Certo domingo, ao sair apressada­ um sim ples mórmon. Tenho encon­
o sono, chegou a uma conclusão: mente da reunião sacramental, o trado tantas pessoas maravilhosas
sairia com êle, mas não passaria bispo perguntou-lhe se dispunha de que dariam ótimos mórmons, algu­
disso. Não perm itiria que o caso se alguns minutos para conversarem. mas das quais tiveram as lições e
transform ase em namôro firm e ; f i­ Ela anuiu prontamente, pois o tinha quase se batizaram, mas, por algu­
caria grata por te r encontrado al­ em alta conta e compreendia que não ma razão, não o fizeram. Que gran­
guém com quem usufruir umas horas mais poderia prescindir da orienta­ de benefício não teriam ao compar­
de diversão sadia. Continuava deter­ ção do Sacerdócio. Não obstante, há tilh a r nossas bênçãos e como have-
minada a casar-se somente com um m uito vinha temendo aquêle momen­ veriam de progredir! A Igreja precisa
digno portador do Sacerdócio e sa­ to, ao qual, bem o sabia, não pode­ delas, mas elas necessitam ainda
beria controlar suas emoções. Então, ria esquivar-se. mais da Igreja.
furtivam ente, ocorreu-lhe exatamen­
te que Edu diria a si mesmo: “ É uma — Estou contente, Júlia, pelo fato — É sim, — Júlia concordou emo­
boa menina, m a s ... é mórmon! Que de podermos conversar um pouco — cionada, — às vêzes dá vontade até
importa, não é nada sério, apenas observou êle, após umas poucas ob­ de sacudí-las e gritar: “ Você não
um nam orico.” servações prelim inares. — U ltim a­ compreende o que significa a Igre­
mente, procurei falar com você, mas ja? Não vê que isto é a coisa mais
Como poderia ela descrever as parece que nunca pude encontrá-la sublime que poderia acontecer a
semanas seguintes, ao aprofundar-se em tempo após as reuniões. Alguma você?”
sua amizade com Eduardo? Os dois coisa a está perturbando, não é?
apreciavam as mesmas coisas, t i­ O bispo riu ante o desabafo dela.
nham quase os mesmos problemas, Júlia continuava sentada tensa em Júlia não pôde deixar de rir com êle
sonhos e objetivos semelhantes. Tu­ sua cadeira, fitando suas mãos in­ e, repetidam ente, com grande alívio,
do o que faziam juntos lhes dava quietas, mas, mesmo assim, conse­ sentiu os nervos relaxarem pela p ri­
prazer; na vsrdade, não havia nada guiu concordar com um movimento meira vez nas últim as semanas.
de alarmante “ esmagador” na rela­ de cabeça.
ção dêles; os dois se ajustavam co­ — Júlia, — disse êle gravemente,
mo um maravilhoso jôgo de montar Hesitante, ela começou a falar sô­ — não vou dizer a você que largue
— que carecia apenas de uma peça. bre si mesma e o atraente rapaz que êsse môço. mas, sim, pedir-lhe uma

24 A LIAHONA
coisa bem mais d ifíc il. Quero que si mesma: “O que a Igreja significa dentro dêle estivesse tentando opor
você, à sua maneira e no tempo que para mim?” Sempre que achava as uma últim a resistência.
achar melhor, lhe mostre as belezas coisas d ifícies demais, procurava o
Conjeturava se tudo fôra em vão.
do plano do Evangelho. Você precisa bispo que, infalivelm ente, encontrava
Seria êste o fim de tôdas as suas
ser m uito firm e quanto à sua fé e as palavras certas para confortá-la.
orações e esforços? 0 que seria, se
um constante exemplo vivo do Evan­ Mencionou por alto seu problema a
não aceitasse a Igreja? Iria prosse­
gelho. Ame-o e ensine-o, mas, se alguns membros da ala e ficou pro­
guir mesmo assim, casar-se com êle,
notar que está endurecendo o cora­ fundamente comovida com suas ora­
na esperança de que, com o tempo,
ção contra a Igreja, então você pre­ ções e vo tos.de sucesso. Todos lhe
conseguiria mudar sua opinião? Sen-
cisará te r a fôrça, com o auxílio do asseguravam que uma pessoa tão
tir-se-ia desapontado com ela e com
Espírito Santo, de d esistir dêle e co­ maravilhosa não poderia deixar de
a Igreja, abandonando-a para sem­
meçar vida nova. constatar a veracidade do Evangelho.
pre? Neste caso, como conseguiria
Júlia sentia-se assoberbada pela E surgiram os prim eiros sucessos. refazer a vida? Isto faria com que
enormidade da tarefa que lhe pe­ ela ficasse com sentim entos antagô­
diam. Já desempenhara diversos Aquela prim eira vez em que a nicos à Igreja? Ou acabaria êle acei­
chamados na Igreja, mas nenhum que acompanhou à Igreja e descobriu que tando tôda a maravilhosa verdade,
se pudesse comparar a isto e que já conhecia e respeitava m uito de possibilitando que, juntos, através do
lhe significasse tanto. seus membros. Todos lhe estende­ Sacerdócio, construíssem uma eterna
ram a mão da amizade, deixando-o unidade de amor?
— Sei o quanto lhe estou pedindo, impressionado com a alegria entu­
De repente, ouviu fortes batidas
mas você não estará sozinha. M i­ siasta dos santos dos últim os dias.
na porta e a voz de Eduardo chaman­
nhas orações a acompanharão e, se
do por ela. Apressou-se em atender.
você concordar, também as de meus Houve a suspeita inicial dos pais
conselheiros, mas seu maior auxílio dêle, quando o filh o começou a ques­ — Sinto sinceramente por impor­
deverá v ir do Espírito Santo. Procure tionar a religião da fam ília, porém o tuná-la nessa hora, Júlia, mas aconte­
ganhar fôrças através da oração e calor de Júlia e a busca sincera de ceu algo e preciso falar com você.
do jejum. Pergunte a si mesma, a Eduardo acabaram por abrandá-los, Por favor!
cada dia e cada hora: “ O que o ca­ pois êle sempre fôra um bom filho
e merecia a confiança dêles também Sem nada dizer, ela saiu e fechou
samento no tem plo significa para
neste particular. a porta atrás de si. Caminharam um
mim? E o Sacerdócio?” Você teve
bom pedaço, em passos apertados e
que viver sem a assistência do Sa­
As festas da AM M , as partidas de sem falar. Pensamentos profundos,
cerdócio no lar. Será que deseja
tênis com os élderes, um jantar na preocupados, fervilhavam sua cabe­
continuar assim? Qual é o sentido
casa do bispo, as conferências da ça; ansiava por colocar sua mão na
real do Evangelho em sua vida?
estaca, as aulas da Escola Dominical dêle, contudo não ousava fazê-lo.
Júlia partiu com as bênçãos do dedicados aos investigadores — fo ­
Finalmente, êle parou junto à velha
bispo e uma humilde prece em seu ram semanas encantadoras estas,
árvore retorcida lá da praça da ci­
coração; nunca antes se sentira tão em que Eduardo veio a conhecer os
dade, um dos lugares favoritos dêles,
humilde e, no entanto, tão confiante mórmons e sua maneira de viver —
e ela apoiou-se num dos galhos mais
no futuro. Jamais necessitara tanto semanas nas quais Júlia compreen­
baixos. Era uma daquelas raras noi­
de Deus. deu o quanto desejava que seus des­
tes enluaradas, serena e suave.
tinos se ligassem.
Nenhuma palavra poderia descre­ — Júlia, e u . . . eu fiz uma coisa
ver as poucas semanas que se segui­ Semanas mais tarde, Júlia estava m uito incomum para mim esta noite.
ram — momentos de puro êxtase e sozinha em seu quarto, tentando ler Ela ficou sem saber o que dizer,
outros profundamente torturantes. um livro; seus pensamentos, porém, conseguindo articular somente um
estavam com Edu. Cerrou os olhos
débil “ O h” ! enquanto rogava intim a­
— Por favor, Júlia, conte-me do em angustiosa concentração, pois,
mente: “Ajuda-me a ajudá-lo"!
que se trata. Desejo ajudá-la, e su­ ultim am ente, as coisas não iam m ui­
ponho que você quer que eu o faça. to bem. Sempre houvera algumas dú­ — Hoje à noite, eu orei. Não, não
Gradualmente, ela começou a falar vidas na mente dêle, contudo, nas ria, por favor. Estou falando a verda­
ao môço sôbre alguns princípios da últim as aulas, surgiram coisas im por­ de. Veja, pensava te r orado antes,
Igreja e explicar-lhe o que significa tantes que não conseguira aceitar, mas, na verdade não o fiz, pelo me­
ser mórmon. quando só, levava m ui­ complicando a situação. Parecia que nos não dessa maneira. Nem tampou­
to tempo estudando e indagando a se anunciava uma crise, como se algo co senti jamais o que experimentei

Fevereiro de 1971 25
naquele momento. Paz, Júlia. A boa,
verdadeira e plena paz que nunca su­
pus existisse. Os élderes sempre me
pediam que orasse com um coração
sincero, mas, na realidade, nunca o

O PRESIDEN
fiz, e minha mente continuava sendo
atormentada por dúvidas e temores.
Mas, hoje à noite, ajoelhei-me e orei
com uma sinceridade que jamais
acreditei possível.

Ela continuava estática, sentindo a


fôrça dessa nova e profunda fé, e ma­
ravilhava-se de que êle a julgara dig­
na de compartilhá-la.
H. Parker Blount
— Foi aí que tôdas as minhas dúvi­
das se desvaneceram e pude ver tudo
tão belo, claro como cristal. Então, to ­
dos os meus m otivos para duvidar da
Igreja se foram. Não eram tão im por­
a noite de 27 de junho de Nessa reunião, Sidney Rigdon re­
tantes assim, mesmo que o povo pen­
se que eu aceitei a Igreja só por sua
causa. Sei que Joseph Smith foi um
profeta, que a Igreja dos Santos dos
N 1844, q Profeta Joseph Smith
e seu irmão Hyrum foram

Illinois. "A ssim , após catorze breves


clamou o d ireito de liderar a Igreja.

O Élder Rigdon baseou suas pala­


m artirizados na prisão de Carthage,
vras na passagem de Isaías 55:8,
Últim os Dias é a verdadeira Igreja de onde se lê: "Porque os meus pensa­
anos de serviço oficial, o m inistério
C risto sôbre a terra. Tudo o que de­
do Profeta chegava ao seu final e a mentos não são os vossos pensamen­
sejo, Júlia, é tornar-me um bom mór­ tos, nem os vossos caminhos os
nova Igreja enfrentava a maior crise
mon. Não quero fazê-lo pela metade, meus caminhos, diz o Senhor” . Re­
de tôda a sua história. A despeito de
mas sim devotar minha vida e meus latou uma visão que dizia ter-lhe o
terem sido prevenidos por êle, o povo
anseios a ser um bom membro da Senhor concedido a respeito da si­
achava-se completamente desprepa­
Igreja, um bom irmão ao meus seme­ tuação da Igreja, e disse que havia
rado para a terrível tragédia que os
lhantes, e um bom marido para você. a tin g ira ” . necessidade de designar-se um guar­
Quero crescer por tôda a eternidade, dião para e dificar a Igreja para
junto com você. Eu preciso de você, Ao saberem da morte do Profeta, Joseph como êste a começara.
Júlia, e a amo m uito! os membros do Conselho dos Doze,
que então se encontravam no Leste, Disse ser êle o próprio homem sô­
Ela continuou imóvel, as lágrimas cumprindo a missão especial de pre­ bre o .qual os antigos profetas can­
nascentes rolando mansamente, de­ gar o Evangelho e apresentar os pon­ taram, escreveram e se regozijaram,
sapercebidas. tos de vista políticos de Joseph e que fôra enviado para fazer o mes­
Smith como candidato independente mo trabalho que havia sido o tema
Querido Pai nos céus, orava em à presidência dos Estados Unidos, de todos os profetas de tôdas as ge­
seu coração, ajuda-me, por favor, a iniciaram seu retorno para Nauvoo. rações precedentes.
nunca esquecer êste momento ou a Com exceção de W illard Richards e Na sessão da tarde da reunião de
beleza da sua alma. Perdoa-me mi­ John Taylor, que estavam com Joseph 4 de agôsto, o Élder W illiam Marks,
nhas dúvidas e queixumes, e faça Smith em Carthage, os demais mem­ presidente da Estaca de Nauvoo, no­
com que eu seja digna dêle. Perdoa- bros dos Doze chegaram a Nauvoo no ticio u a pedido de Sidney Rigdon
me também a minha maior fraqueza dia 6 de agôsto. que, nos próximos dias, seria convo­
que agora reconheço: o egoísmo. cada uma reunião especial com “ o
Desde que o conheci, pensei apenas A morte de Joseph Smith tam­ propósito de escolher um guardião,
em torná-lo um mórmon, para que me bém provocou o retorno de Sidney (presidente e fiduciário) ” .
levasse ao templo. Perdoa por ter Rigdon, prim eiro conselheiro do Pro­
pensado mais nas minhas necessida­ feta no quorum da Primeira Presidên­
des do que nas do meu próximo. cia da Igreja. Rigdon que, contrarian­ H. Parker Blount, atualmente leciona e es­
do a vontade do Senhor, estivera re­ tuda para seu doutoramento em psicologia
sidindo em Pittsburgh, Pennsylvania. educacional na Universidade Purdue, em In­
Olhando para aquela face tão cara
diana. Em 1961, terminou sua missão nos es­
ao seu coração, acariciou-a delicada­ (Veja D&C (124:108,109), chegou a tados do Noroeste, diplomando-se posterior­
mente com as pontas dos dedos. Um Nauvoo no sábado, 3 de agôsto de mente pela Universidade de Brigham Young.
sorriso de felicidade ilum inou a face 1844, sendo convidado a reunir-se É casado com Shauna Olsen; o casal tem
dois filhos: são membros da Ala Purdue, Es­
dela, sendo correspondido por idên­ em conselho, no dia seguinte, com
taca de Indianápolis (Indiana), onde o Irmão
tica expressão. O risco do amor, re­ W illard Richards, Parley P. Pratt e Blount serve na presidência do quorum dos
fle tiu , e a certeza da verdade. George A. Smith. setentas.

26 A LIAHONA
TE DA IGREJA

No dia 7 de agôsto, quarta-feira, às Talvez haja pontos de vista opostos aos Doze: "Lancei os alicerces e de-
16 horas, realizou-se uma reunião dos quanto a êste assunto. Eu fui chama­ veis construir sôbre êles, pois sôbre
apóstolos, sumos conselheiros e su­ do para ser o porta-voz de Joseph, e vossos ombros repousa o reino ” .
mos sacerdotes. Brigham Young so­ quero e dificar a igreja a êle; e se o Brigham Young finalizou, convocan­
licitou a Sidney Rigdon que fizesse povo deseja apoiar-me nesse lugar, do uma conferência especial para o
uma declaração à Igreja, concernente quero que seja pelo princípio de que dia seguinte, 8 de agôsto, às 10 ho­
à visão e revelação que houvera re­ cada indivíduo deve fazê-lo por si ras, à qual deviam comparecer “ o po­
cebido. Êste fixou sua posição nos mesmo. vo com os vários quoruns do Sacer­
seguintes têrm os: Proponho-me a ser um guardião pa­ d ócio ” .
O objeto de minha missão é visita r ra o povo; assim fazendo, cumpri m i­ Nessa conferência especial, Sidney
os santos e oferecer-me a êles como nha missão e faço o que Deus me Rigdon discursou durante hora e meia
guardião. Tive uma visão em Pitts- mandou, e o povo que decida se me sôbre o tema de escolher um guar­
burgh, no dia 27 de junho p.p., a mim aceita ou não. dião para a Igreja, sendo êle o “ guar­
revelada não como uma visão aberta, Após Sidney Rigdon, foi a vez de dião" a ser escolhido.
mas antes uma continuação daquela Brigham Young, que falou a respeito
Brigham Young encerrou a sessão
mencionada no “ Livro de Doutrina e da liderança da Igreja, dizendo em
matutina da conferência, dizendo aos
Convênios” . parte:
santos que, se desejavam conhecer
Foi-me dado ver que esta Igreja Não faço questão de quem dirige o parecer e a vontade de Deus, de­
precisa ser edificada a Joseph, e que a Igreja, mesmo que seja Ann Lee; veriam reuni-se de acôrdo com a or­
tôdas as bênçãos que recebemos de­ mas uma coisa preciso saber, e isto dem e realizar uma assembléia geral
vem v ir através dêle. Fui ordenado é o que Deus diz acêrca disso. Eu nos diversos quoruns, tribunal êsse
porta-voz de Joseph, devendo v ir a possuo as chaves e os meios de de cujas decisão não haveria apela­
Nauvoo e providenciar que a Igreja obter a vontade de Deus quanto a ção. Solicitou uma assembléia dos
seja governada de maneira adequa­ êste assunto. quoruns às 14 horas daquela tarde,
da, Joseph mantém o mesmo relacio­ Sei que existem em nosso meio junto com a reunião geral dos mem­
namento com a Igreja que sempre aquêles que procurarão tira r a vida bros.
teve. Nenhum homem poderá tornar- aos Doze, como o fizeram a Joseph Nessa sessão vespertina, quando
se seu sucessor. e Hyrum. Devemos ordenar outros, Brighan Young se ergueu para falar,
dando-lhes a plenitude do Sacerdócio, ficou transfigurado diante do povo,
O reino deve ser edificado a Jesus
para que, se form os m ortos, a pleni­ que o viu na semelhança do Profeta
C risto através de Joseph; ainda de­
tude do Sacerdócio permaneça. Joseph Sm ith, tanto em estatura
verá haver revelação. O Profeta mar-
Joseph conferiu sôbre nossas cabe­ quanto à voz.
tirizado continua sendo o cabeça des­
ta igreja; todo quorum deve perma­ ças tôdas as chaves e podêres per­ Em seu discurso, reivindicou que
necer como vós o fizestes até agora tencentes ao apostolado que êle pró­ o Quorum dos Doze dirigisse a Igreja,
em vossos lavamentos e consagra­ prio possuía antes de nos ser arreba­ na falta da Primeira Presidência.
ções. Fui consagrado como porta-voz tado, e nenhum homem ou grupo de A prim eira posição por mim adota-
de Joseph, e ordenado a falar em homens pode interpor-se entre Jo­ ta em favor dos Doze e do povo é
nome dêle. A Igreja não está desor­ seph e os Doze, seja neste mundo fazer-vos algumas perguntas. Eu per­
ganizada, embora nosso cabeça se ou no mundo por vir. gunto aos santos dos últim os dias:
tenha ido. Quantas vêzes Joseph não disse Quereis vós como indivíduos, neste

Fevereiro de 1971 27
momento, escolher um profeta ou loqueis nenhuma barreira entre o Sa- cura a muitas pessoas, na verdade
guardião? Visto que nosso Profeta e cedócio e Deus. Joseph Smith, tendo previsto sua
Patriarca foi arrebatado de nosso morte, havia estabelecido princípios
meio, quereis alguém para vos guar­ Não podeis indicar um profeta; para a devida transferência de lide­
dar, guiar e conduzir por êste mundo mas, se perm itirdes que òs Doze per­ rança. Tais princípios não eram nem
para o reino de Deus, ou não? Todos maneçam e ajam segundo o seu cha­ de perto tão vagos como os eventos
os que quiserem que certa pessoa mado, as chaves do reino estão em da época possam sugerir.
seja guardião, ou profeta, um porta- poder dêles e poderão governar os
voz ou coisa parecida, manifeste-se negócios da Igreja e d irig ir tôdas as Joseph Smith recebeu do Senhor o
levantando a mão direita. (Nenhum coisas corretam ente. mandamento de chamar os doze
voto) apóstolos. (Veja D&C 18) Êstes
A seguir, falaram Amasa M. Ly-
Doze deviam ser escolhidos e orde­
Se o povo deseja ser dirigido pelo man, W illiam W. Phelps e Parley P.
nados pelas três testemunhas espe­
Presidente Rigdon, que seja; mas eu Pratt, todos êles endossando as pa­
ciais do Livro de Mórmon. Na tarde
vos digo que o Quorum dos Doze lavras de Brigham Young.
de 14 de fevereiro de 1835, a Primei­
possui as chaves do reino de Deus ra Presidência (Joseph Smith, Sidney
Depois de os irmãos concluírem
em todo o mundo. Rigdon e Frederick G. W illiam s)
suas observações, Brigham Young le­
vantou-se e pediu uma votação para abençoaram as três testemunhas. De­
Os Doze são designados pelo dedo
“ apoiar os Doze como Primeira Pre­ pois, uniram-se em oração e procede­
de D e u s ... os Doze, um corpo inde­
sidência do povo." Após a votação ram à chamada dos doze apóstolos.
pendente que tem as chaves do Sa­
cerdócio — as chaves do reino de afirm ativa, pediu os votos negativos.
Mão alguma se ergueu. Não havia dúvidas na mente de Jo­
Deus, para serem entregues a todo o
seph Smith quanto à posição ocupa­
mundo: isto é verdade, que Deus me
O Quorum dos Doze, presidido por da pelos Doze e a situação dêles no
ouça! Êles são os mais próxim os de
Brigham Young, nos próximos três tocante à autoridade e chaves na
Joseph, iguais-à Primeira Presidência
anos foi apoiado como conselho pre­ Igreja. Em numerosas ocasiões, pro­
da Igreja.
sidente da Igreja. A 5 de dezembro curou esclarecer essa posição peran­
Não podeis preencher o ofício de de 1847, na casa de Orson Hyde, os te o povo. Em 28 de março de 1835,
um profeta, vidente e revelador: isto apóstolos reunidos discutiram a re­ Joseph Smith recebeu uma revelação
cabe a Deus. organização da Primeira Presidência. em Kirtland, Ohio, que estabeleceu
Orson Hyde apresentou uma moção, definitivam ente o relacionamento en­
Repito novamente, nenhum homem apoiada unânimemente, indicando tre a Primeira Presidência e o Quo­
pode fica r à nossa testa, a não ser Brigham Young para presidente da rum dos Doze Apóstolos. O Senhor
que Deus o revele dos céuá. Igreja, sendo-lhe concedido o d ireito disse, entre outras coisas, que os
de escolher seus conselheiros. Foi três sumos sacerdotes presidentes,
Agora, se quereis que Sidney Rig­ realizada uma conferência geral da escolhidos pela assembléia da Igreja,
don ou W illiam Law, ou outro qual­ Igreja, de 24 a 27 de dezembro, sen­ formavam o quorum da Presidência
quer vos d irija, que assim seja; mas do que, no últim o dia, a Primeira Pre­ dela, e que os doze apóstolos, teste­
eu vos digo, em nome do Senhor, que sidência, formada por Brigham munhas especiais de C risto, compu­
nenhum homem pode interpor outro Young, Heber C. Kimball e W illard nham um quorum “ igual em autori­
entre os Doze e o Profeta Joseph. Richards, foi apoiada pelo voto unâ­ dade e poder aos três presidentes."
Por quê? Porque Joseph era sua viga- nime de todos os santos. (Veja D&C 107:23,24)
mestra, seu líder, e confiou-lhes as
chaves do reino para o mundo intei­ Não obstante a questão da lideran­ Dois anos mais tarde, a 23 de ju ­
ro nesta últim a dispensação; não co­ ça da Igreja parecer um tanto obs­ lho de 1837, foi revelado a Joseph

28 A LIAHONA
que as chaves do Sacerdócio eram da Igreja para o voto de apoio como Conheço diversas razões pelas
dadas tanto à Primeira Presidência presidente dela após a morte do Pro­ quais não devem fazê-lo. Primeiro,
como aos Doze. (Veja D&C 112:30-32) feta Joseph. Smith. Que tal prece­ por ocasião da morte do presidente
Além disso, o Profeta declarou: “ Os dente foi estabelecido, vê-se pelas da Igreja, os Doze tornam-se a auto­
Doze não estão sujeitos a ninguém, observações de John Taylor que su­ ridade que preside a ela, e o presi­
além da Primeira P re sid ê n cia ... e, cedeu a Brigham Young como pre­ dente dos Doze é realmente o presi­
onde eu não estiver, não haverá ne­ sidente da Igreja. dente da Igreja por virtude do seu
nhuma Primeira Presidência sôbre os ofício, tanto enquanto preside sôbre
Doze." Assim nossas p o s iç õ e s ... pare­ os Doze Apóstolos, como enquanto o
ciam claramente d e fin id a s ... Eu pre­ faz sôbre seus dois c o n s e lh e iro s ...
Orson Hyde falou dos sentim entos sidia o Quorum, e ocupando essa po­ Segundo, no caso de morte do presi­
e premonições do Profeta Joseph sição que era inteiram ente entendida dente da Igreja, é preciso uma maio­
Smith acêrca do Conselho dos Doze. pelo Quorum dos Doze, por ocasião ria dos Doze Apóstolos, para indicar
“ Certa vez, na presença de uns ses­ da morte do Presidente Young, quan­ o presidente da Igreja, sendo bastan­
senta indivíduos, êle (Joseph) disse: do os Doze assumiram a presidência, te irracional supor que a maioria
“ Minha obra está- por term inar; es­ sendo eu o presidente dêles, isto me dêsse quorum pudesse ser conven­
tou para me retirar por uns tempos. colocava na posição de presidente da cida a afastar-se do curso estabele­
Vou descansar do trabalho, pois su­ Ig re ja ... cido por inspiração, e seguido pelos
portei o fardo e o ardor dêsses dias, apóstolos por ocasião da morte de
e agora vou pôr-me de lado e des­ Tal assunto é ainda mais esclare­ C risto e pelos Doze, após a morte de
cansar um pouco. E passo o fardo cido no seguinte trecho: Joseph Smith.
que carrego sôbre os ombros aos dos
Doze Apóstolos. Pois bem,' disse Quando o presidente da Igreja fa­ Embora haja um precedente firm e ­
êle, ‘reuni vossos ombros e levai lece ou por um m otivo qualquer re­ mente estabelecido, convém lembrar
avante o reino.’ " nuncia ao seu ofício, a responsabili­ que Deus chama o homem para ser
dade de escolher seu sucessor sob profeta, porém o povo decide quem
Por ocasião da escolha dos mem­ revelação recai sôbre o Conselho dos será seu líder terreno. “ Não podeis
bros do Conselho dos Doze, foram Doze. O membro sênior, se q u a lifi­ preencher o ofício de profeta viden­
colocados em ordem de precedência cado, o sucederá nesse cargo, sen­ te e revelador: Deus é quem precisa
segundo a idade. Brigham Young era do ordenado pelo Conselho dos Doze, fazê-lo." Contudo,
precedido por Thomas B. Marsh e que retém tôda a autoridade inves­
David W. Patten. Mais tarde, o úl­ tida na Igreja. Um homem pode ser profeta, v i­
tim o foi morto e quando Marsh, dente e revelador, sem que isto nada
membro sênior e presidente dos A questão de quem deveria as­ tenha a ver com o fato de ser pre­
Doze, abandonou a Igreja, Brigham sum ir a liderança da Igreja, quando sidente da Ig re ja ... Joseph Smith
Young passou ao seu lugar. Numa a Primeira Presidência é dissolvida, foi presidente da Ig re ja ... por voto
reunião do Quorum dos Doze em foi plenamente esclarecida pela res­ do povo. Poderíeis encontrar qual­
Preston, Inglaterra, êle foi apoiado posta de W ilford W oodruff ao lhe quer revelação designando-o presi­
unânimemente como presidente dos perguntarem: “ O senhor conhece dente da Igreja? As chaves do Sa­
Doze. qualquer razão por que, em caso de cerdócio foram confiadas a ê le ...
morte do presidente da Igreja, os mas, quando foi chamado a presidir
Assim estava estabelecido o pre­ doze apóstolos não devem escolher sôbre a Igreja, o foi pela voz do po­
cedente de que o membro sênior e outra pessoa que não o presidente vo; não obstante, êle retinha as cha­
presidente do Quorum dos Doze de­ dos Doze para presidente da Igreja?” ves do Sacerdócio independente­
via ser apresentado à congregação Eis o que respondeu: mente dêsse voto.

Fevereiro de 1971 29
0 Hábito de
Ser Grato Bonnie J. Babbel

ntem, comprei alguns metros de fazenda e um

O carretei de linha da mesma côr, para confec­


cionar um vestido de verão para mim. Ao ver
a estonteante exibição de centenas de carretéis de li­
nha, veio-me a recordação de outro lugar e outra época
em que linha era coisa rara e agulhas guardadas como
um tesouro.

Eu tinha apenas três semanas, quando, em janeiro


de 1946, meu pai, Frederick W. Babbel, foi chamado pelo
Quinze meses mais tarde, meu pai retornou, com
Profeta do Senhor para acompanhar o Élder Ezra Taft sua vida modificada pela experiência vivida. Também
Benson numa missão especial à Europa. Foram encar­ a minha tem-se modificado, ao ouvi-lo contar as condi­
regados de d istrib u ir os suprim entos de socorro aos ções existentes na Europa depois da II Guerra Mundial.
santos naquelas terras arrasadas pela guerra, e resta­
Tornei-me mais cônscia da abundância de boas coisas
belecer lá o inteiro programa da Igreja.
que usufruo e sinto-me cheia de gratidão por elas.

“ Queiram tôdas as crianças presentes até oito anos


Bonnie June Babbel é filha de Frederick W. e June Andrew Babbel.
Terminou recentemente uma missão na Nova Inglaterra, sendo diplo­ de idade v ir aqui à frente. Gostaria de dar a cada uma
mada pela Universidade de Brigham Young. delas um presentinho."

30 A LIAHONA
Era o Élder Ezra Taft Benson falando. Êle acabara No dia seguinte, o Élder Benson e meu pai compa­
de dirigir-se a mais de 500 santos, na ex-grande cidade receram a uma reunião improvisada no que restava de
de Hamburgo, Alemanha, na primavera de 1946. Ham­ um velho prédio escolar em Hannover, Alemanha. Es­
burgo era um monte de destroços resultante de m ilha­ tava escurecendo ao chegarem. Pedaços de papelão ta­
res de reides de bombardeio. M ilhões de pessoas ain­ pavam os vãos onde antes houvera vidraças. Imaginem
da estavam por demais aturdidas e fracas por falta de a surprêsa dêles ao entrar e ver 20 crianças pequenas
alimentos, para fazer mais do que vaguear apáticas, ves­ de pé sôbre cadeiras, ao longo da passagem central,
tidas em trapos, as faces e corpos refletindo a devas­ os braços cheios de flôres, que espalhavam à passagem
tação da guerra. de Élder Benson e meu pai; naquela ocasião, andaram
sôbre maravilhosa passadeira de pétalas vivas! Estavam
Umas sessenta crianças se adiantaram no amplo, profundamente emocionados ao iniciarem a reunião.
semi-destruído auditório escolar, sendo presenteadas
pelo prim eiro apóstolo a vis ita r os santos na Europa Pouco depois, começou a chover. A fo rte ventania
após o recente holocausto, com bombons e outras gulo­ tornou necessário fechar os postigos. Sem vidraças que
seimas. Ao voltarem para junto dos pais, muitas per­ perm itissem a passagem de alguma luz de fora, conti­
guntaram: “ M utti (mãezinha), o que é isto?" nuaram a reunião em escuridão quase total. Mas o côro
formado às pressas cantou com tal entusiasmo e espí­
Imaginem, se puderem, crianças de seis a oito anos rito, que a escuridão pareceu desfazer-se.
que não conheciam um bombom ou balas! Incrível? Não
na Alemanha de após-guerra. Nós, jovens, hoje em dia, vemos freqüentes man­
chetes de descontentamento, crim e, guerras e ódios. O
A seguir, o Élder Benson convidou tôdas as mães a
rádio e televisão continuamente transm item reportagens
virem à frente. A cada uma, deu uma barra de sabão.
e programas que retratam a confusão e amargura que
Ao verem êsse insignificante presente em suas mãos,
parecem prestes a nos subm ergir. Precisamos de mais
diversas puseram-se a chorar de agradecimento. As pes­
demonstrações de amor, bondade, aprêço e gratidão.
soas presentes podiam sentir profundo o sentim ento de
gratidão. Ainda hoje, ao descascar batatas e jogar as cascas,
não consigo e s q u e c e r...
Finalmente, foram chamadas tôdas as mães que
amamentavam ou estavam esperando um filho . Apare­ O Élder Benson e meu pai estavam reunidos com
ceram umas três dúzias, e a cada uma delas, o Élder os membros da Igreja de Saarbrüken, Alemanha — na­
Benson deu uma grande laranja da C alifórnia. Êle con­ quela época, zona de ocupação francesa. Aquêles san­
seguira arranjá-las de um sargento de rancho naquela tos, durante semanas, haviam tentado arranjar algumas
mesma manhã, antes de partir da vizinha cidade de fatias de pão, a fim de poderem participar do sacramen­
Bremen. Aquelas mulheres não conseguiam acreditar to. Mas, como naquele tempo era impossível conseguir-
na sua boa fortuna. se pão, finalm ente decidiram usar cascas de batatas em
seu lugar. Tiveram que pagar o equivalente a 100 dó­
Quando uma daquelas mães se adiantou, ela avis­
lares por um “ bushel" dessas cascas — sem as batatas.
tou um carretei de linha e uma agulha que o Élder Ben­
(Cêrca de Cr$ 492,00 ao câmbio atual; 1 bushel eqüi­
son havia tirado da maleta ao descarregar as coisas que
vale a 35,238 litro s. — N. do T.) O Élder Benson asse­
estava distribuindo. Dirigindo-se ao meu pai, Frederick
gurou-lhes depois que estava certo de que o Senhor
W. Babbel, que dominava o alemão e estava servindo
aceitara essa oferta.
de intérprete, e pediu-lhe que indagasse ao Élder Ben­
son se êste não queria dar-lhe a linha e a agulha ao É fácil sentir-se grato pelas coisas grandes, porém,
invés da laranja. Quando meu pai transm itiu o pedido, muitas vêzes, esquecemo-nos das pequenas — não nos
o Élder Benson apenas assentiu com um movimento de dando conta de que o que precisamos desenvolver é o
cabeça, por demais sufocado pelas lágrimas para poder HÁBITO de ser gratos.
falar.
Quantas vêzes meu pai não nos lembra de uma das
Uns poucos instantes depois, aquela mãe voltava mais doces promessas feitas pelo Senhor:
para seu lugar, com sua agulha e carretei de linha. Ao
descer pela passagem central, a presidente da Socie­
dade de Socorro parou-a momentâneamente e disse: E aquêle que com ações de graças, receber tôdas
“ Irm ã .. . , sei que não se negará a partilhar a agulha e a as coisas, será feito glorioso; e as coisas desta terra
linha com algumas de nós. Nossa necessidade é tão ser-lhe-ão dadas, mesmo centuplicadas, sim, até mais.
grande quanto a sua.” (D&C 78:19]

Fevereiro de 1971 31
Missão Brasil Sul
Demos tração do fortalecimento da Igreja no Sul

N.° DE MISSIONÁRIOS CONVERSÕES


RAMOS/DISTRITOS ENDEREÇO PRESIDENTES MEMBROS Distr. Integral Setembro TOTAL

Bagé Av. Gal. Osório, 845 Rick Pettingill 274 _ 2 _ _


Dom Pedrito A v. Rio Branco, 1040 Wayne Bergenson 16 -- 2 4 16
Livramento R. 24 de Maio, 247 Luiz A. de Barros 474 -- 4 2 13
DISTRITO DE BAGÉ R. 24 de Maio, 247 Salvador Santana 764 — 8 6 34

Criciúma R. Henrique Lages, 503 Paulo de Oliveira 133 _ 2 _ 3


Florianópolis R. Ten. Silveira, 56, 1.» and. João Raulino 264 -- 6 — 11
Tubarão (dependente) R. S. Manoel - Gal. Pio XII, Craig Tallot — --- 2 — 2
Apto. 302
DISTRITO DE FLORIANÓPOLIS R. Ten. Silveira, 56, 1.° and. Bruno, Espíndola 387 — 10 — 16

Ipoméia Estr. Videira, s/n .° Heinrich Blind 42 _ _ _ _


Pôrto União R. Manuel Ribas, 100 Lino L. Alves 288 -- 2 _ 7
DISTRITO DE IPOMÉIA Estr. Videira, s/n.» Elias L. Alves 270 — 2 — 7

Blumenau R. Floriano Peixoto, 75 Thomas Rodolf 52 _ 2 _ _


Itajaí R. Lauro M uller, s/n .° Craig Rencher 79 - 2 — 2
Joinville R. Max Colin, 426 Ceslav Gontarsyck 229 - 2 — 2
DISTRITO DE JOINVILLE R. Max Colin, 426 Oscar Piske 360 — 6 — 4

Caràzinho R. Flôres da Cunha, s/n .° Waldomiro Radtke 60 _ 2 5 15


Erechim R. 7 de Setembro, s/n .° Celso Capudi 185 - 4 — 35
Passo Fundo Av. Brasil, 576 Timithy Blis 163 -- 4 1 7
DISTRITO DE PASSO FUNDO R. 7 de Setembro, s/n.» Celso Capudi 408 — 10 6 57

Pelotas R. Princesa Isabel, 86 José A. de Almeida 792 _ 4 4 22


Rio Grande R. Aquidaban, 621 José dos Santos 282 - 4 — 14
DISTRITO DE PELOTAS R. Princesa Isabel, 86 Pawlo Pawlenko 1074 — 4 4 36

Cachoeira do Sul R. Saldanha Marinho, 644 M iracildo B. de Quadros 155 _ 4 _ 15


Canôas R. 15 de Janeiro, s/n .° Antônio Krieger 271 2 4 5 21
Pôrto Alegre 1 R. Marquês do Herval, 349 Plínio Port 735 4 6 — 47
Pôrto Alegre II R. Princesa Isabel, s/n .° Leonildo G. Oliveira 661 1 6 2 45
Pôrto Alegre IV R. Princesa Isabel, s/n .° Nelson Delvaux 644 4 6 3 40
Pôrto Alegre V R. Adão Baino, 330 Dorival B. Kunz 114 2 6 5 35
Pôrto Alegre VI R. Sta. M aria, 80 Daniel Thomas 579 6 2 3 12
Pôrto Alegre VII R. Gen. Rondon, 42 Ivo da Silva 337 4 4 3 16
DISTRITO DE PÔRTO ALEGRE R. Marquês do Herval, 349 Joaquim da Costa e Silva 3496 23 38 21 231

Cruz Alta R. Coronel Pilar, 590 Ronald Peterson 162 _ 2 _ 1


Santa Maria R. Vale Machado, 1678 Dennis Ahem 237 — 4 — 5
DISTRITO DE SANTA MARIA R. Vale Machado, 1678 Gideon Gay 399 — 6 — 6

Santa Rosa R. Mal. Floriano, 2102 Wayne Hayes 45 _ 2 _ 3


Santo Ângelo R. Buenos Aires, 59 Décio Oliveira 27 — 4 3 11
DISTRITO DE SANTO ÂNGELO R. Mal. Floriano, 2102 Keith Evans 72 — 6 3 14

Caxias do Sul R. Júlia de Castilhos, 876 A ri Thomas 107 _ 4 1 2


Lages R. João de Castro, 451 Doug Cardon 104 — 2 — 2
Montenegro (dependente) John W illiam s — — 2 — —
Nôvo Hamburgo R. Pedro Adams, 5355 Reinaldo Grahl 163 — 4 — 16
São Leopoldo R. Theodomiro Fonseca, 484 Dennis Leatherman 179 — 4 — 12
Vacaria (dependente) R. Dr. Flôres, 157 John Pottenger — — — — 9
DISTRITO DE SÃO LEOPOLDO R. Pedro Adams, 5355 Darcy Garcia da Silva 553 — 16 1 41

Alegrete R. Valdemar Masson, 85 Mlchael Vehawn 437 _ 4 _ 14


São Borja R. Gal. Marquês, 1355 Steve Elgan 99 — 2 5 19
Uruguaiana R. 7 de Setembro, 1915 Toribio Chamorro 264 — 2 1 5
DISTRITO DE URUGUAIANA R. 7 de Setembro, 1915 Dale Black 800 _ 8 6 38
MISSÃO BRASIL SUL R. Dr. Flôres, 105, 14.® and. ORSON P. ARNOLD 8583 23 114 47 484

32 A LIAHONA
O edifício que abriga o Ramo de São Leopoldo

O Rumo dos Ramos em

São Leopoldo-MBS
0
desenvolvimento que a Igreja vem experimen­ circundada, por jardins e árvores, situada na R. Theodo-
tando em São Leopoldo, cidade de colonização m iro P. Fonseca, 484, tornou-se também sede do Dis­
alemã vizinha a Pôrto Alegre, tem causado trito de São Leopoldo, que congrega ainda os ramos de
admiração até mesmo aos não-membros por contar Lages,já Nôvo Hamburgo e dois ramos dependentes: Mon-
o Ramo dessa cidade, moldada pelo protestantism o, tenegro e Vacaria.
mais de 160 membros.
O Ramo de São Leopoldo fo i iniciado em 1961. Os Os membros de São Leopoldo pretendem iniciar a
prim eiros m issionários encontraram a costum eira resis­ construção de sua capela própria, dentro de um ano.
tência inicial que atualmente cedeu lugar a um cresci­ Para êsse fim , já foi adquirido um terreno na zona cen­
mento firm e e entusiasmador . A capela, uma bela casa tral da cidade.

Missão Brasil Norte


44E indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos céus •
Mateus 10:7
N.° de N.° de N.° de Mis­ CONVERSÕES
RAMOS/DISTRITOS ENDEREÇO PRESIDENTE Membros Famílias sionários Setembro TOTAL

Anápolis (não há ramo) 4 _ _


Belo Horizonte R. Levindo Lopes, 214 Cláudio I. Bueno 437 164 12 8 67
Floresta R. Levindo Lopes, 214 Robert G. Taylor 267 105 8 3 20
Brasília Av. W5, mod. 59, n.° 913 Pedro B. Pradera 370 144 8 6 39
Goiânia R. 55, n.° 33, CP 714 Fenton L. Broadhead 201 78 8 4 72
Juiz de Fora R. Espírito Santo, 743 Gerold Rey 270 92 6 _ 10
TOTAL DA AREA 1545 583 46 21 208
Cascadura R. Silva Telles, 99 Ovídio C. Vieira 440 129 22 9 96
Jardim Botânico R. Zara, 17 Vai H. Carter 408 135 14 2 26
Meier R. Silva Telles, 99 Mário N. Campanella 263 103 8 1 53
Niterói R. Miguel Couto, 413 Geraldo de J. S. e Silva 377 133 16 13 55
Nova Friburgo Av. Galdino do Vale, 43 Kent Gale 57 15 4 _ 17
Petrópolis R. Tereza, 52 Waldemar Sandri 149 57 4 — 9
Teresópolis R Carmela Dutra, 661 João Bonatti 124 48 2 — —

Tijuca R Silva Telles, 99 Rubens A. Galdo 401 140 14 9 62


Vitória R. Barão de Monjardim, 107 Elverson B. T. Miranda 91 20 4 — 9
Volta Redonda R. Panamá, 11 Heraldo B. Barroso 83 20 — — —

DISTRITO DO RIO DE JANEIRO R. Silva Telles, 99 JOÃO A. DIAS FILHO 2393 800 88 34 327
Campina Grande R. Siqueira Campos, 655 José F. Barbosa 83 21 4 1 21
Fortaleza R. Barão de Aracatí, 786 Paige Jeffs 70 24 8 2 16
João Pessoa Av. João Machado, 765 Luís P. de Carvalho 160 31 4 3 15
Maceió R. Uruguai, 321 Dean Cleverly 50 15 4 2 7
Recife R. das Ninfas, 30 Evaldo F. de Oliveira 445 151 12 9 46
DISTRITO DE PERNAMBUCO R. das Ninfas, 30 ALFREDO F.T. DE MIRANDA 808 242 32 17 105
MISSÃO BRASIL NORTE R. Stefan Zweig, 158 HAL R. JOHNSON 4746 1625 166 72 640

Fevereiro de 1971 33
Nossas capelas, construídas em moderna linha arquitetônica, contribuem grandemente para a divulgação da Igreja

Capela Própria
0 que é necessário à consecução dêsse objetivo?
Manoel Marcelino Netto
Representante do Departamento Financeiro da Igreja no Brasil

A
o observarem uma das capelas da Igreja, com apresentado à unidade interessada para a sua aprova­
tôdas as suas comodidades e espaço destina­ ção. Nessa oportunidade, o supervisor da área esclare­
dos ao bom desenvolvim ento dos programas cerá a respeito da participação dos membros no projeto.
requeridos pelo Evangelho, os membros de ramos e alas Aceito a plano prelim inar pela unidade, o supervisor é
que ainda funcionam em prédios adaptados, muitas vê­ autorizado a com pletar as plantas necessárias à cons­
zes perguntam: O que é preciso fazer para que tenha­ trução, ocasião em que preparará uma estim ativa do
mos uma capela própria? Eis aqui os vários passos custo do projeto, o orçamento.
necessários à consecução dêsse objetivo: 3 — APRESENTAÇÃO DO ORÇAMENTO AO RAMO
OU ALA: Após com pletar o orçamento do projeto, o su­
1 — FREQÜÊNCIA E ATIVIDADE: Ao examinar as
pervisor de construção visitará a unidade interessada,
possibilidades de construção de uma capela, o Departa­
para apresentá-lo aos membros, a fim de que êstes se
mento de Construção ve rifica a freqüência e a atividade
disponham a aceitar as diversas tarefas e encargos
dos membros na Igreja. É m uito importante que, no mí­
pelos quais terão que se responsabilizar durante a cons­
nimo, 70 membros freqüentem assiduamente as reuniões
trução da capela. (Nesta fase, a liderança e os mem­
e na ala ou ramo haja um Sacerdócio firm e.
bros comprometem-se a doar dinheiro e mão de obra
2 — APRESENTAÇÃO DOS PLANOS PRELIMINA­ ao p ro je to ).
RES: Se o ramo ou ala satisfizer os requisitos acima 4 — REMESSA DO ORÇAMENTO A SLC: O orça­
mencionados, deverá so licita r ao Departamento de Cons­ mento e os compromissos assumidos pela unidade são,
trução da Igreja no Brasil (R. Itapeva, 378; São Paulo — a seguir, apresentados ao Com itê de Construção e ao
Capital) sua aprovação e apoio para o projeto preten­ Comitê de Despesas em Salt Lake C ity que, após estu­
dido. O Comitê de Construção, em Salt Lake City, após darem as possibilidades dos membros quanto aos com­
estudar as estatísticas do ramo ou ala, enviará ao Su­ promissos de doarem mão de obra e dinheiro, aprovarão
pervisor da área no Brasil um plano prelim inar que será ou não o prosseguimento do projeto.

34 A LIAHONA
5 — SUPERVISÃO: Uma vez aprovado o orçamen­ cipantes com pletar tarefas definidas, sob a direção
to, o Escritório da Construção Geral no Brasil provi­ do surpervisor. Se os membros falharem em realizar
denciará o supervisor para o projeto, assumindo tôdas as tarefas a êles designadas, provocarão aumento do
as responsabilidades técnicas, contábeis e de compras seu compromisso em dinheiro, pois o ramo ou ala terá
do projeto. que arcar com as despesas. A unidade poderá dispor
6 — COMITÊ DE CONSTRUÇÃO DO RAMO OU de precioso auxílio, empregando o trabalho de construto­
ALA: Assim que o projeto estiver para ser iniciado, de­ res de capelas (antigamente chamados missionários
verá ser formado um Comitê de Construção do Ramo construtores), os quais são inteiram ente sustentados
ou Ala, obedecendo ao seguinte esquema: Sob a lide­ pela unidade que recebe o crédito pelas tarefas
rança do bispo ou do presidente do ramo, deverá reunir- executadas.
se pelo menos uma vez por semana com o supervisor Antes do processamento do pedido de construção
do projeto, para organizar a execução das tarefas, e rea­ da capela, o ramo ou ala deverá depositar uma parte do
lizar freqüentes programas para angariar fundos para o compromisso em dinheiro (no mínimo Cr$ 2.500,00)
projeto. com o representante do Departamento Financeiro da
7 — DISTRIBUIÇÃO DO COMPROMISSO LOCAL: Igreja no Brasil. Normalmente, nenhum projeto é apro­
O compromisso local deverá ser sempre distribuído da vado sem êsse depósito inicial. Durante a construção,
seguinte maneira: havendo dívida com referência ao compromisso em di­
A mão de obra deverá ser sempre fornecida na nheiro, esta deverá ser inteiram ente saldada antes do
quantidade e no tempo combinados, devendo os parti­ térm ino da construção da capela.

“...Se tendes desejo de servir a Deus,


sois chamados ao trabalho.”
D&C 4:2

Paulo Dias Machado

ode-se dizer que a sociedade em que vivem os fôrça, para que possais comparecer sem culpa perante

P é composta de três tipos de pessoas: os que


fazem as coisas acontecerem; os que deixam
o tribunal de Deus, no últim o dia.

que as coisas aconteçam e os que nem vêem as coisas


que acontecem.
“ Portanto, se tendes desejo de servir a Deus, sois
chamados ao trabalho.
"Ensinai diligentem ente e a minha graça vos aten­
Em que categoria você se enquadra? Já se deu derá, para que sejais instruídos mais perfeitam ente em
conta disto? De acôrdo com o nosso propósito na vida, teoria, em princípio, em doutrina, na lei do Evangelho
em qual dêstes grupos nosso Pai Celestial quer-nos ver? e em tôdas as coisas que pertencem ao reino de Deus,
Permita-nos ajudá-lo a responder a estas questões e que vos é conveniente com preender.” (D&C 4:2,3;
perguntando se já se converteu interiam ente num verda­ 88:78)
deiro discípulo do Senhor ou se apenas tenta fazer parte Um dos bons modos de servir à Igreja é trabalhar
do requerido a um verdadeiro converso? como professor nas organizações auxiliares. Após um
Dependerá da sua resposta o seu enquadramento período de treinam ento didático, você deve empenhar-se
naqueles grupos. Não obstante, você deseja pertencer com todo o entusiasmo que êste chamado requer.
ao prim eiro e isto é o que também desejamos. De que Devidamente treinado e orientado, você terá real
forma consegui-lo? oportunidade de servir a Deus, ajudando na salvação de
Servir na Igreja é uma das melhores maneiras de m uitos irmãos, fazendo coisas acontecerem.
pertencer ao grupo dos que fazem acontecer coisas.
Certamente, você estará nesse grupo, se viver segundo
estas palavras do Senhor: (“Curso de Treinamento Didático”, manual do ins­
“ Portanto, ó vós que embarcais no serviço de Deus, trutor de professores, em elegante capa rígida azul, está
vêde que o sirvais de todo o coração, poder, mente e à disposição dos interessados no CEB. Preço: 16,00).
Boas Maneiras no Casamento
Richard L. Evans
do Conselho dos Doze

assaram-se uns dois séculos e meio desde que Richard Steele,

P ensaísta e dramaturgo britânico (1672-1729) escreveu: “ Duas


pessoas que se escolheram mutuamente entre todos os de
sua e s p é c ie ,... para darem um ao outro conforto e entretenim ento,
com êste ato comprometeram-se a ser bem-humorados, afáveis, dis­
cretos, clementes, pacientes e alegres, respeitando as fraquezas e
im perfeições um do o utro". É um bom resumo — ou, pelo menos, um
bom início — do que se pode fazer ou esperar do casamento. O ma­
trim ônio não é um assunto frívolo, nem o deveria ser. Requer dura­
douras qualidades de caráter, devoção ao dever; enfrentar os fatos,
solucionar problemas; trabalho, solvência; ambição honesta, formação
de um lar, educação dos filhos; ajustamento à vida, aos outros, aos
desapontamentos. É um relacionamento que, dia a dia, requer enge­
nho mental, elasticidade emocional e absoluta honestidade. E ainda,
o casamento exige boas maneiras — civilidade, bondade, cortesia.
Dos estranhos, podemos afastar-nos ao nosso talante; amigos, pode­
mos encontrar de tempos em tempos; mas o casamento é uma das
relações mais constantes da vida. E quão importante não é que aque­
les que se casam tenham convicções comuns, propósitos comuns, in-
terêsses e ideais comuns, e concordem na educação dos filhos, evi­
tando a tragédia de dois pais impelindo os filho s em direções opos­
tas, às vêzes confundindo, às vêzes destruindo a fé e separando a
fam ília. Seria d ifíc il conceber decisão de m aior alcance do que o
casamento, levando em conta que a fam ília foi destinada a perdurar
para todo o sempre. Em nenhum lugar no mundo, deveria haver mais
bondade, urbanidade, honestidade e dignidade. Em nenhum outro lu­
gar, deveríamos ser mais puros, mais atenciosos. Em nenhum outro
lugar que não o lar, deveríamos m ostrar a m elhor face do nosso “ eu".

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