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Quinta-feira, 24 de Março de 2016 I Série


Número 21

BOLETIM OFICIAL
2 165000 005638

ÍNDICE
ASSEMBLEIA NACIONAL:
Lei n.º 117/VIII/2016:
Procede à primeira alteração da Lei n.º 42/VII/2009, de 27 de julho, que define as bases em que assenta
o regime da Função Pública e, ainda, cria a Agência de Recrutamento de Recursos Humana da
Administração Pública. ........................................................................................................................ 726
Lei n.º 118/VIII/2016:
Cria a Taxa de Compensação Equitativa pela Cópia Privada ................................................................ 727
Lei n.º 119/VIII/2016:
Altera a Lei n.º 27/VIII/2013, de 21 de janeiro, que estabelece medidas de natureza preventiva e repressiva
contra o terrorismo e o seu financiamento. ........................................................................................ 729
Lei n.º 120/VIII/2016:
Altera a Lei n.º 38/VIII/2009, de 27 de abril, que estabelece medidas destinadas a prevenir e reprimir o
crime de lavagem de capitais, bens, direitos e valores ....................................................................... 749
Lei n.º 121/VIII/2016:
Cria a Agência Reguladora do Ensino Superior, designada por ARES e são aprovados os respectivos
estatutos ............................................................................................................................................... 793
Lei n.º 122/VIII/2016:
Estabelece o regime jurídico da economia social, sem prejuizo das normas específicas aplicáveis a cada
uma das entidades que a intregam, e determina medidas de incentivo à sua atividade em função dos
principios e fins que lhe são próprios. ................................................................................................ 803

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726 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

ASSEMBLEIA NACIONAL independente, dotada de personalidade jurídica e autonomia


administrativa e financeira e de independência funcional,
–––––– que está adstrita, para efeitos de relacionamento com o
Governo, ao departamento governamental responsável
Lei n.º 117/VIII/2016
pela área da Administração Pública.
de 24 de março
2. A Agência de Recrutamento de Recursos Humanos
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta, tem por missão principal:
nos termos da alínea b) do artigo 175º da Constituição,
o seguinte: a) Planear e organizar a realização de recrutamento
Artigo 1.º e selecção na Administração Pública, garantindo
a gestão previsional dos recursos humanos;
Objecto

1. A presente lei procede à primeira alteração à Lei b) Executar os procedimentos e as fases do recrutamento
nº 42/VII/2009, de 27 de Julho, que define as bases em e selecção de pessoal na Administração Pública; e
que assenta o regime da Função Pública, estabelecendo os
seus princípios gerais, bem como direitos, deveres, proibição c) Assegurar a gestão e o rigor dos procedimentos
éticas, responsabilidades e garantias dos funcionários, referidos na alínea anterior, de forma a garantir
no que respeita ao recrutamento dos titulares dos cargos a igualdade, meritocracia e transparência.
de direcção.
3. Os titulares dos órgãos da Agência de Recrutamento
2. A presente lei ainda cria a Agência de Recrutamento de Recursos Humanos da Administração Pública atuam
de Recursos Humanos da Administração Pública, nos de forma independente no exercício das competências
termos do artigo 3.º. que lhes estão cometidas por lei e pelos seus Estatutos,
Artigo 2º
não podendo solicitar nem receber instruções do Governo
ou de quaisquer outras entidades públicas ou privada.
Alteração à Lei nº 42/VII/2009, de 27 de Julho
4. Os titulares dos órgãos da Agência de Recrutamento
É alterado o artigo 93.º da Lei n.º 42/VII/2009, de 27
de Recursos Humanos ficam sujeitos ao regime de
de Julho, que passa a ter a seguinte redação:
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incompatibilidades e impedimentos estabelecido para os


“Artigo 93.º titulares de altos cargos públicos.
Recrutamento para os cargos de direcção
5. Os titulares dos órgãos da Agência de Recrutamento de
1. Os titulares dos cargos de direção superior são Recursos Humanos da Administração Pública não podem
recrutados, por escolha, de entre três indivíduos exercer quaisquer funções ou deter participações sociais
melhores classificados em concurso, vinculados ou não à em empresas ou quaisquer outras entidades externas à
Administração Pública, que possuam competência técnica, Administração Pública que prestem apoio à Agência de
aptidão, experiência profissional e formação adequadas Recrutamento de Recursos Humanos da Administração
ao exercício das respetivas funções. Pública no âmbito do exercício das suas competências.
2. Os titulares dos cargos de direção intermédia são
6. Os titulares dos órgãos da Agência de Recrutamento
recrutados, mediante concurso interno, de entre pessoal
de Recursos Humanos da Administração Pública são
técnico ou equiparado, ou indivíduos licenciados dotados de
providos, após audição pela Assembleia Nacional,
competência técnica e para o exercício de funções de direção,
por Resolução do Conselho de Ministros, sob proposta do
coordenação e controlo, que reúnam, cumulativamente,
membro do Governo responsável pela área da Administração
os requisitos constantes de diploma legislativo editado
Pública, em regime de comissão de serviço por um período
ao abrigo do número 1 do artigo 103.º.
de cinco anos, não podendo os mesmos titulares serem
3. Exceptua-se do disposto nos números anteriores o providos no mesmo cargo antes de decorrido igual período.
recrutamento para os cargos referidos no número 3 do
artigo 2.º e nos artigos 5.º e 9.º do Decreto-lei n.º 59/2014, 7. Cabe à Assembleia Nacional o controlo da actividade
de 4 de Novembro, que estabelece o estatuto do pessoal da Agência de Recrutamento de Recursos Humanos da
dirigente da Administração Pública. Administração e a defesa e promoção dos princípios
da isenção, mérito e transparência nos procedimentos
4. Diplomas orgânicos ou estatutários dos serviços de recrutamento e selecção para os cargos de direcção
e organismos cujas atribuições tenham natureza superior da Administração Pública.
predominantemente técnica podem adoptar particular
exigência na definição da área de recrutamento dos 8. Os Estatutos da Agência de Recrutamento de Recursos
respectivos dirigentes”. Humanos da Administração Pública são aprovados por
Artigo 3º Decreto-lei.
Agência de Recrutamento de Recursos Humanos da 9. Para efeitos do presente artigo, a Administração
Administração Pública
Pública abrange a administração directa, os institutos
1. A Agência de Recrutamento de Recursos Humanos públicos, fundos e serviços autónomos, seja qual for o
da Administração Pública é uma entidade administrativa grau da sua autonomia ou independência.

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Artigo 4.º por meios informáticos, bem como aos equipamentos de
Entrada em vigor fixação e reprodução digitais e correspondentes suportes,
ou às redes privativas de transmissão de dados.
A presente lei entra em vigor no dia seguinte ao da
Artigo 5.º
sua publicação.
Fato gerador
Aprovada em 28 de Janeiro de 2016.
A Taxa de Compensação decorre da obrigação de tributação
O Presidente da Assembleia Nacional, Basílio Mosso devida na importação dos equipamentos referidos no
Ramos. artigo 2.º e no consumo dos serviços de internet.
Artigo 6.º
Promulgada em 14 de Março de 2016.
Exigibilidade
Publique-se.
1. A Taxa de Compensação é exigível no momento em
O Presidente da República, JORGE CARLOS DE que se realiza a importação, nos termos aplicáveis aos
ALMEIDA FONSECA. direitos aduaneiros, sejam ou não devidos esses direitos.
Assinada em 17 de Março de 2016. 2. A taxa sobre o serviço da internet é aplicada no
momento da aquisição do referido serviço.
O Presidente da Assembleia Nacional, Basílio Mosso
Artigo 7.º
Ramos.
Isenções
–––––– 1. Estão isentos do pagamento da Taxa de Compensação
Lei n.º 118/VIII/2016 os equipamentos, serviços e suportes adquiridos por
pessoas singulares ou pessoas coletivas, públicas ou
de 24 de março
privadas, nas seguintes condições:
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta, a) Cujo objeto de atividade seja o apoio a pessoas
nos termos da alínea b) do artigo 175º da Constituição, com deficiência;
o seguinte:
b) Cuja atividade principal seja a salvaguarda do
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Artigo 1.º património cultural móvel;


Objeto c) Aparelhos, dispositivos ou suportes destinados
É criada a Taxa de Compensação Equitativa pela Cópia exclusivamente para fins clínicos, fins de investigação
Privada. científica e para as missões públicas da defesa, da
justiça e das áreas da segurança interna, bem como
Artigo 2.º dos utilizados para garantia da acessibilidade por
Incidência real pessoas com deficiência.
2. Estão também isentas do pagamento da Taxa
1. Sobre a importação de máquinas e aparelhos
de Compensação as pessoas coletivas que utilizem os
constantes da tabela anexa à presente Lei, que dela faz
equipamentos e suportes de armazenamento que sejam
parte integrante, que permitam a fixação de obras como
parte integrante de sistemas de processos automatizados
finalidade única ou principal e, bem assim, de todos e
de gestão documental e de dados que não incluam
quaisquer suportes materiais virgens analógicos das
reproduções de obras protegida, sem os disponibilizarem
fixações e reproduções que por qualquer desses meios
a pessoas singulares para uso individual.
possam obter-se, fixa-se uma Taxa de Compensação como
contribuição para a Cultura, tendo como base de cálculo Artigo 8.º
o valor CIF (Custo + Frete + Seguros). Base tributável

2. Sobre os serviços de acesso à internet recai uma taxa 1. O valor da taxa a incluir no despacho de importação
compensatória pelo uso do direito patrimonial. das máquinas, aparelhos de fixação e reprodução de obras
é igual a 10% do valor CIF.
Artigo 3.º
2. O valor da taxa que recai sobre o consumo do serviço
Incidência pessoal
da internet é de 0,5% sobre o montante de cada facturação
São sujeitos passivos da Taxa de Compensação os ao consumidor.
importadores dos equipamentos referidos no artigo anterior 3. A taxa é aplicada antes da imposição do imposto sobre
e bem como os consumidores dos serviços de internet e o valor acrescentado (IVA) o qual não é contabilizado na
outros responsáveis pelo pagamento da dívida aduaneira base de cálculo para a sua cobrança.
na importação desses equipamentos.
Artigo 9.º
Artigo 4.º
Cobrança
Exclusão de âmbito
A Taxa de Compensação é cobrada pela Direção-geral
A Taxa instituída pelo presente lei não se aplica aos das Alfândegas, sobre os importadores e pelos provedores
programas de computador nem às bases de dados constituídas de serviço de internet.

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Artigo 10.º Artigo 14.º

Consignação de Receitas Prestação de contas

Ao Fundo Autónomo de Apoio à Cultura, enquanto gestor de


1. A receita da Taxa de Compensação deve ser revertida
receitas provenientes da Taxa de Compensação, incumbe
a favor dos criadores e artistas nacionais.
o dever de prestação de contas, nos termos dos artigos
2. Os montantes da receita referida no número anterior 17.º e 18.º do Decreto-regulamentar n.º 4/2015, de 27 de
devem ser transferidos trimestralmente, pela entidade Março, que aprova os seus Estatutos.
cobradora, ao Fundo Autónomo de Apoio à Cultura, Artigo 15.º
mediante depósito em conta no Tesouro. Contraordenações
Artigo 11.º As falsas declarações e o desvio de uso ou aplicação
Distribuição das Receitas
dos equipamentos do fim para que foram declarados na
importação, de que resulte o não pagamento total ou
1. A receita arrecadada nos termos da Taxa de parcial do montante da Taxa de compensação pela cópia
Compensação é rateada da seguinte forma: privada, constituem contraordenações sancionáveis
com coima, no valor de três a cinco vezes o montante do
a) 30% para o Fundo Autónomo de Apoio à Cultura; produto da taxa não liquidada, sem prejuízo de outras
sanções previstas na lei.
b) 50% para as Sociedades de gestão coletiva dos
Artigo 16.º
Direitos de Autor e Conexos;
Destino das coimas
c) 20% para os produtores de fonogramas e de
1. A importância das coimas é distribuída da seguinte
videograma.
forma:
2. Os montantes destinados às Sociedades de Gestão a) 25% para o Fundo Autónomo de Apoio à Cultura;
Coletivas e aos Produtores são transferidos trimestralmente
pelo Fundo Autónomo de Apoio à Cultura ao Bureau dos b) 25% para o Tesouro;
Direitos Autorais (BUDA) mediante depósito em conta c) 50% para autuantes ou participantes, conforme
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no Tesouro, a favor do BUDA, que fará a sua distribuição o caso.


nos termos dos protocolos firmados entre as partes.
2. A tentativa e a negligência são puníveis.
Artigo 12.º
Artigo 17.º
Repartição Instrução dos processos e aplicação de coimas

O montante destinado ao Fundo Autónomo de Apoio à 1. A instrução dos processos relativos às contraordenações
Cultura deve ser repartido da seguinte forma: referidas no artigo 15.º, compete à Direção-geral das
Alfândegas e à Agencia Nacional das Comunicações.
a) 40% para o Fundo de Garantia do sistema Banco
2. A aplicação das coimas e de sanções acessórias é
de Cultura, para financiar atividades criativas
da competência da Direção-geral das Alfândegas e da
geradoras de rendimento, a título reembolsável;
Agencia Nacional das Comunicações.
b) 20% para financiar atividades culturais sem Artigo 18.º
retorno financeiro; Fiscalização

c) 30% para aplicações de sustentabilidade do Fundo A fiscalização do cumprimento do presente diploma


Autónomo de Apoio à Cultura; fica a cargo do serviço competente para a liquidação da
Taxa de Compensação, dos serviços com competências em
d) 10% para a criação de um Fundo Social Mutualista razão da matéria, bem como das autoridades policiais.
de apoio aos artistas.
Artigo 19.º
Artigo 13.º Medidas de combate à pirataria

Dever de Informação O Governo, em estreita cooperação com as demais


instituições públicas e privadas, deve promover a criação
A Direção-geral das Alfândegas e os provedores dos de mecanismos que visem incentivar o uso autorizado
serviços de internet comunicam semestralmente à entidade das obras, assim como o pagamento dos direitos de autor
gestora as seguintes informações: e conexos.
a) As quantidades de mercadorias sobre as quais Artigo 20.º
recaiu a taxa; Legislação subsidiária

b) O valor descriminado por nomenclatura e o total; À matéria da presenta Lei aplica-se subsidiariamente
as normas dos Códigos Geral e do Processo Tributário,
c) A remuneração total cobrada, nos termos da o Código Aduaneiro e legislações referentes às infrações
presente lei. fiscais e aduaneiras.

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Artigo 21º Lei n.º 119/VIII/2016
Disposição transitória de 24 de março

Até estarem criadas as condições básicas de distribuição Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta,
pela sociedade de gestão colectiva aos seus representados nos termos da alínea b) do artigo 175.º da Constituição,
o montante a elas destinadas fica cativo no bureau dos o seguinte:
direitos autorais (BUDA) na conta do tesouro. Artigo 1.º
Artigo 22.º
Alteração da Lei n.º 27/VIII/2013, de 21 de Janeiro
Entrada em vigor
O presente diploma altera os artigos 1.º, 2.º, 4.º, 5.º, 6.º,
A presente lei entra em vigor trinta dias após a data 8.º, 9.º, 11.º, 13.º, 16.º e 19.º da Lei n.º 27/VIII/2013, de 21
da sua publicação. de Janeiro, que estabelece medidas de natureza preventiva
e repressiva contra o terrorismo e o seu financiamento,
Aprovada em 26 de janeiro de 2016.
que passam a ter a seguinte redação:
O Presidente da Assembleia Nacional, Basílio Mosso “Artigo 1.º
Ramos.
[…]
Promulgada em 11 de março de 2016
O presente diploma estabelece medidas de natureza
Publique-se. preventiva e repressiva contra o terrorismo e o seu
financiamento e a proliferação das armas de destruição
O Presidente da República, JORGE CARLOS DE em massa e procede à primeira alteração ao Código
ALMEIDA FONSECA Penal, aprovado pelo Decreto-legislativo n.º 4/2003, de
Assinada em 17 de março de 2016. 18 de novembro.
Artigo 2.º
O Presidente da Assembleia Nacional, Basílio Mosso
Ramos. […]

ANEXO 1. Considera-se grupo, organização ou associação


(A que se refere o artigo 2.º) terrorista todo o agrupamento de duas ou mais pessoas que,
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actuando concertadamente, pratiquem actos terroristas,


1. Máquinas e aparelhos de impressão por meio de nos termos definidos na alínea a) do artigo 1.º-A.
blocos, cilindros e outros elementos de impressão;
2. […]
2. Máquinas automáticas para processamento de
dados e suas unidades; 3. […]
3. Outras impressoras, aparelhos de copiar e 4. […]
aparelhos de telecopiar (fax), mesmo combinadas
entre si; partes e acessórios. 5. […]
4. Leitores magnéticos ou óticos;
6. A pena pode ser especialmente atenuada se o agente
5. Máquinas para registar dados em suporte sob a abandonar voluntariamente a sua atividade, afastar
forma codificada; ou fizer diminuir consideravelmente o perigo por ela
6. Máquinas para processamento desses dados, provocado, impedir que o resultado que a lei quer evitar
não especificados nem compreendidos em outras se verifique, ou auxiliar concretamente na recolha das
posições. provas decisivas para a identificação ou a captura de
7. Aparelhos de gravação de som; aparelhos de outros responsáveis.
reprodução de som;
Artigo 4.º
aparelhos de gravação e de reprodução de
som; aparelhos videofónicos de gravação ou de […]
reprodução.
1. Quem praticar atos terroristas, com a intenção referida
8. Discos, fitas, dispositivos de armazenamento de
dados, não volátil, à base de semicondutores. na alínea do artigo 1.º-A, é punido com pena de prisão de
dois a dez anos, ou com a pena correspondente ao crime
9. “Cartões inteligentes”. praticado, agravada de um terço nos seus limites mínimo
10. Outros suportes para gravação de som ou para e máximo, se for igual ou superior àquela, não podendo
gravações semelhantes, mesmo gravados. a pena aplicada exceder o limite referido no artigo 51.º
11. Memórias e discos rígidos integrados em telefones do Código Penal.
móveis que permitam armazenar, ouvir obras
musicais e ver obras audiovisuais 2. Quem praticar crime de furto qualificado, roubo,
extorsão, burla informática ou falsificação de documento
12. Memórias ou discos rígidos integrados em
aparelhos tabletes multimédia que disponham administrativo com vista ao cometimento de actos
de ecrãs táteis e permitam armazenar obras previstos na alínea a) do artigo 1.º-A, é punido com a
musicais e audiovisuais pena correspondente ao crime praticado, agravada de
um terço nos seus limites mínimo e máximo.
O Presidente da Assembleia Nacional, Basílio Mosso
Ramos 3. […]

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Artigo 5.º c) Uma infracção de financiamento do terrorismo
[…] for cometida por uma organização terrorista;

1. Quem praticar os actos terroristas previstos na alínea a) d) Uma pessoa ou organização terrorista cometer
do artigo 1.º-A, com a intenção referida no número 1 do vários actos terroristas.
artigo 3.º, é punido com a pena de prisão de dois a dez Artigo 8.º
anos, ou com a pena correspondente ao crime praticado,
agravada de um terço nos seu limites mínimos e máximo, […]
se for igual ou superior àquela.
1. As autoridades competentes em matéria de prevenção
2. […] do terrorismo e do seu financiamento e proliferação de
Artigo 6.º
armas de destruição em massa devem cooperar o mais
possível com as autoridades de outros Estados em matéria
[…] de troca de informações, investigações e de procedimentos
judiciais, de extradição e ao auxílio judiciário mútuo, bem
1. Quem, pessoa individual ou coletiva, por quaisquer
como em relação às medidas cautelares ou provisórias,
meios, direta ou indiretamente, fornecer, recolher ou detiver,
nomeadamente através da apreensão ou da perda de
gerir fundos ou bens de qualquer tipo, bem como produtos
bens ou de fundos associados ao terrorismo ou ao seu
ou direitos suscetíveis de ser transformados em fundos,
financiamento.
com a intenção de serem utilizados ou sabendo que podem
ser utilizados, total ou parcialmente, no planeamento, na 2. A cooperação deve ser prestada de modo célere,
preparação ou para a prática de atos terroristas referidos construtivo e efetivo, devendo ser assegurados os
na alínea a) do artigo 1.º-A, ou praticar estes fatos com mecanismos eficazes de troca de informação.
a intenção referida no número 1 do artigo 3.º ou número
1 do artigo 4.º ou número 1 do artigo 5.º, é punido com a 3. A troca de informação deve ser efectuada
pena de prisão de oito a quinze anos. espontaneamente ou a pedido do país que submete o pedido
de informação, podendo ser referente ao financiamento do
2. […]
terrorismo, bem como em relação aos fatos ilícitos típicos
3. Constitui igualmente crime de financiamento do de onde provêm as vantagens.
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terrorismo, punido com pena de prisão de oito a quinze


4. A troca de informação não pode ser recusada ou
anos, a disponibilização ou recolha deliberada de fundos
sujeita a qualquer condição indevida, desproporcionada,
por cidadãos nacionais ou estrangeiros que estejam no
ou restritiva.
território caboverdiano com a intenção ou o conhecimento
de que os fundos são utilizados para financiar a viagem de 5. Em caso algum a cooperação internacional pode ser
indivíduos para um terceiro Estado que não o seu Estado de recusada com fundamento em questões fiscais.
residência ou nacionalidade com o objectivo de perpetrar,
planificar, preparar ou participar em actos terroristas, ou 6. A cooperação só pode ser recusada quando as
fornecer ou receber treinamento de terroristas. informações relevantes forem adquiridas em circunstâncias
que envolvam sigilo profissional.
4. Quem financiar com conhecimento de causa atos
terroristas, planeá-los ou incitar à sua prática é punido Artigo 9.º
com pena de prisão de oito a quinze anos.
Congelamento
5. Quem participar como cúmplice, organizar ou ordenar
1. [...]
a alguém a realização de financiamento do terrorismo, ou
contribuir para a prática de fatos típicos de financiamento 2. [...]
do terrorismo, é punido com pena de prisão de oito a
quinze anos. 3. A decisão de congelamento deve ainda ser comunicada
sem demora às instituições financeiras e às atividades e
6. A pena pode ser especialmente atenuada se o agente profissões não financeiras previstas na lei que estabelece
voluntariamente abandonar a sua atividade, afastar ou medidas destinadas a prevenir e reprimir o crime de
fizer diminuir consideravelmente o perigo por ele provocado lavagem de capitais, bens, direitos e valores, directamente
ou auxiliar concretamente na recolha de provas decisivas ou através das respectivas autoridades de supervisão, de
para a identificação ou a captura de outros responsáveis. fiscalização ou de inspeção.
7. A pena prevista no âmbito deste artigo pode ser
4. O período de congelamento pode ser renovado pela
agravada de 1/3 nos limites mínimo e máximo se:
autoridade referida no número 2, podendo cessar quando a
a) O financiamento do terrorismo é praticado de medida não se justificar ou existir algum erro em relação
forma habitual ou ocorre no exercício de uma à pessoa ou entidades cujos bens foram congelados ou
actividade profissional; em relação à identificação das contas ou bens a congelar.

b) O autor da infracção for reincidente, sendo que 5. O congelamento cessa sempre que não for confirmado
neste caso, as condenações havidas no exterior pelo Procurador-Geral da República, ou por Magistrado
são tomadas em conta para estabelecer a do Ministério Público por ele designado, no prazo de dois
reincidência; dias úteis.

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 731

6. Se forem aplicadas as medidas restritivas às pessoas Artigo 16.º


ou entidades designadas, tendo sido os fundos ou recursos […]
económicos congelados erradamente em virtude de terem
nomes e identificação iguais ou semelhantes, as medidas 1. […]
restritivas devem ser retiradas com a maior brevidade
2. A responsabilidade das entidades referidas no número
possível, após confirmação da sua identidade.
anterior não excluiu a responsabilidade individual dos
Artigo 11.º respectivos agentes.

[…] 3. Pelos crimes previstos no número 1 são aplicáveis às


pessoas coletivas as seguintes penas principais:
1. Quem estabeleça ou mantenha relação jurídica de
natureza económica com quaisquer sujeitos ou entidades, a) Multa;
sabendo que são suspeitos de estar envolvidos em atividades b) Dissolução, somente decretada quando os sócios
de terrorismo ou no financiamento de grupos, associações, da pessoa colectiva tenham tido a intenção,
organizações ou de atos terroristas ou financiamento exclusiva ou predominante de, por meio dela,
da proliferação das armas de destruição em massa ou praticar os crimes previstos no número 1 ou
adquira ou aumente a participação de controlo relativo a quando a prática reiterada de tais crimes mostre
imóvel, empresa ou outro tipo de pessoa colectiva, ainda que a pessoa coletiva ou equiparada está a ser
que irregularmente constituída, situados, registados utilizada, exclusiva e predominantemente, para
ou constituídos em território nacional ou em qualquer esse efeito, quer pelos seus membros, quer por
outra jurisdição, é punido com pena de prisão de três a quem exerça a respetiva administração.
cinco anos, caso se trate de pessoa singular, ou de pena
de multa até quinhentos dias, caso se trate de pessoa 4. Se a multa for aplicada a uma entidade sem personalidade
coletiva ou entidade equiparada. jurídica responde por ela o património comum e, na sua falta
ou insuficiência, solidariamente, o património de cada um
2. […] dos associados ou beneficiário efetivo.
3. […] 5. Pelos crimes previstos no número 1 podem ser aplicadas
às pessoas coletivas as seguintes penas acessórias:
2 165000 005638

4. […]
a) Interdição temporária do exercício de uma
Artigo 13.º actividade;
Listas de pessoas e entidades nacionais e internacionais b) Privação do direito a subsídios ou a subvenções
outorgados por entidades ou serviços públicos;
1. A lista de pessoas e entidades a que se referem os
artigos 9.° a 11.° é tornada pública nos sítios da internet c) Publicidade da decisão condenatória.
do Governo e do Banco de Cabo Verde, a pedido do Artigo 19.º
Procurador-Geral da República, autoridade central.
[…]
2. [...]
1. Às infrações previstas nos artigos 2.º a 6.º da presente
3. [...] lei é aplicável, com as devidas adaptações, o regime de
prevenção e repressão da lavagem de capitais previsto
4. [...] na lei.

5. A notificação da designação conforme referido no 2. Em circunstância alguma as considerações de ordem


número 3 deve ocorrer no mais curto tempo possível e política, filosófica, ideológica, racial, étnica, religiosa ou
é efectuada através de correio electrónico, fax, correios, de outro tipo similar podem justificar actos criminosos
pessoalmente, ou por telefone, sendo que neste último previstos na presente lei.”
caso, deve ser posteriormente confirmada por escrito. Artigo 2.º

6. As instituições financeiras e as Atividades e Profissões Aditamento à Lei n.º 27/VIII/2013, de 21 de Janeiro


Não Financeiras Designadas devem congelar os fundos São aditados à Lei n.º 27/VIII/2013, de 21 de janeiro, os
em até vinte e quatro horas após a receção da notificação artigos 1.º-A, 6.º-A, 9.º-A, 9.º-B, 9.º-C, 11.º-A, 13.º-A, 13.º-B,
do Procurador-Geral da República ou Magistrado do 13.º-C, 13.º-D, 13.º-E, 13.º-F, 13.º-G, 13.º-H, 13.º-I, 13.º-J,
Ministério Público por ele designado. 13.º-K, 13.º-L, 13.º-M e 13.º-N, com a seguinte redacção:
7. Para a prossecução dos objetivos previstos nos números “Artigo 1.º-A
2 e 3, o Procurador-Geral da República pode solicitar Definições
informações a qualquer entidade pública ou privada.
Para os fins do presente diploma, entende-se por:
8. Nenhum cidadão nacional e as pessoas ou entidades
no território nacional devem disponibilizar fundos e a) «Ato terrorista»: qualquer ato destinado a
activos a pessoas ou entidades designadas, nos termos ofender ou pôr em perigo a independência ou a
dos números 2 e 3. integridade territorial de país, destruir, alterar

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732 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

ou subverter o Estado de direito democrático económicos pertencentes a indivíduos ou


constitucionalmente consagrado, ou, ainda, entidades de que se suspeite estarem envolvidos
criar um clima e agitação ou perturbação social no terrorismo ou no financiamento de atos
ou forçar a autoridade pública, a praticar um terroristas que resultar de decisão de uma
ato, a abster-se de o praticar ou a tolerar que se autoridade competente quando tal seja necessário
pratique, ou a intimidar certas pessoas, grupos para a prevenção dos referidos ilícitos criminais,
de pessoas ou a população em geral, mediante: por aplicação das Resoluções do Conselho de
Segurança das Nações Unidas;
i. Crime contra a vida, a integridade física ou a
liberdade das pessoas; f) «Entidades de regulação e supervisão»: são a
Agência Nacional de Aviação Civil, a Direcção
ii. Crime contra a segurança dos transportes e das Alfândegas, as autoridades policiais, as
respetivas infra-estruturas e das comunicações, entidades com competência própria ou delegada
incluindo as informáticas, telegráficas, telefónicas, para a concessão de autorização prévia para a
de rádio ou de televisão; realização de operações de comércio externo,
as que forem determinadas pela lei;
iii. Crime de produção dolosa de perigo comum,
através de incêndio, explosão, libertação de g) «Financiamento da proliferação das armas de
substâncias radio-ativas ou de gases tóxicos destruição em massa»: é o financiamento da
ou asfixiantes, de inundação ou avalanche, proliferação das armas de destruição em massa
desmoronamento de obra ou construção, por actos proscritos pelas resoluções do Conselho
contaminação de alimentos e águas destinadas de Segurança das Nações Unidas relativas
a consumo humano ou difusão de doença, praga, à prevenção, à repressão e à interrupção da
planta ou animal nocivo; proliferação das armas de destruição em massa
e do seu financiamento;
iv. Atos que destruam ou que impossibilitem
o funcionamento ou desviem dos seus fins h) «Fundos»: bens de qualquer tipo, corpóreos ou
normais, definitiva ou temporariamente, total incorpóreos, móveis ou imóveis, qualquer que
ou parcialmente, meios ou vias de comunicação, seja o seu modo de aquisição, e documentos
infraestruturas, instalações de serviços públicos legais ou instrumentos em qualquer forma,
2 165000 005638

ou destinadas ao abastecimento e satisfação de incluindo electrónica ou digital, evidenciando


necessidades vitais da população; titularidade de, ou interesse em, tais bens,
incluindo a créditos bancários, ordens de
v. Investigação e desenvolvimento de armas pagamento, acções, títulos de tesouro, obrigações,
biológicas ou químicas; letras de câmbio, cartas de crédito, sem que
esta enumeração seja limitativa;
vi. Crimes que impliquem o emprego de energia
nuclear, armas de fogo, biológicas ou químicas, i) «Lista»: elenco de Estados, indivíduos, grupos e
substâncias ou engenhos explosivos, meios entidades que cometam ou tentem cometer
incendiários de qualquer natureza, encomendas actos terroristas, designadas pela autoridade
ou cartas armadilhadas, sempre que pela competente, decorrentes de:
sua natureza ou pelo contexto em que são
i. Requerimento de acto internacional relativo
cometidos, estes crimes sejam suscetíveis de
à manutenção da paz e segurança, tais como
afetar gravemente o Estado ou a população
as Resoluções do Conselho de Segurança das
que se vise intimidar.
Nações Unidas, e
b) «Armas de destruição em massa»: inclui para ii. Ordem interna, quando necessário à proteção da
além das armas químicas e biológicas, todos os segurança nacional, designadas pela autoridade
sistemas capazes de as transportar a grandes competente;
distâncias, nomeadamente os mísseis de cruzeiro
e os mísseis balísticos; j) «Medidas restritivas»: as de natureza financeira,
comerciais, diplomáticas ou outras que visam
c) «Autoridade competente»: é o Procurador-Geral a modificação das actividades aplicáveis a
da República ou o Magistrado do Ministério jurisdições, pessoas ou entidades com o propósito
Público por ele designado, com competências de combater o terrorismo e manter ou restaurar
decisórias e executoras a si atribuídas pela a paz e a segurança nacional e internacional;
presente lei;
k) «Órgão internacional competente»: órgão de
d) «Autoridade de revisão»: é o tribunal judicial uma organização competente nos termos do
competente para exercer as competências respectivo tratado constitutivo para adoptar
de decisão de recursos a si atribuídas pela normas tendo como destinatários as partes
presente lei; desse tratado constitutivo ou um comité ou uma
comissão para efeitos de questões específicas,
e) «Congelamento»: proibição temporária da nomeadamente o Conselho de Segurança das
transferência, conversão, alienação ou Nações Unidas e os seus respectivos Comités
movimentação de fundos ou de outros ativos de Sanções;

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 733

l) «Terrorista»: qualquer pessoa singular que: e) Interdição por um período de cinco a dez anos de
exercer a profissão ou a actividade que exercia
i. Cometa ou tente cometer atos terroristas, por quando o crime foi cometido e interdição de
quaisquer meios, directa ou indirectamente, exercer uma função pública;
ilegal e deliberadamente;
f) Interdição de deter ou de transportar uma arma
ii. Participe, como cúmplice, na prática de actos precedida de autorização durante cinco a dez anos.
terroristas ou no financiamento do terrorismo;
2. A confiscação dos bens ou dos objectos que serviram
iii. Organize ou induza outrem à prática de actos ou estavam destinados à praticar da infracção ou dos
terroristas; objectos que são seu produto, com a excepção dos objectos
susceptíveis de restituição.
iv. Contribua para a prática de actos terroristas
por duas ou mais pessoas agindo com um Artigo 9.º-A
propósito comum, quando esta contribuição Outras medidas restritivas
é intencional e visa realizar o acto terrorista,
ou com o conhecimento da intenção de duas 1. Adicionalmente às medidas de congelamento definidas
ou mais pessoas de cometer um ato terrorista. no artigo 9.º, às medidas restritivas podem incluir a
interrupção completa ou parcial das relações económicas,
m) «Pessoa ou entidade designada»: refere-se a: dos meios de comunicação marítimos, aéreos, postais,
i. Estados, indivíduos, grupos, empresas e telegráficos, radio-elétricos, ou de outra qualquer espécie,
entidades designadas pelo Comité do Conselho e o rompimento das relações diplomáticas, nomeadamente:
de Segurança instituído nos termos da Resolução a) Embargo relativo à venda, fornecimento ou
n.º 1267 (1999); exportações de armas de material relacionado
ou restrições no fornecimento de assistência ou
ii. Estados, indivíduos, grupos, empresas e
serviços relacionados com actividades militares,
entidades designadas pelo Comité do Conselho
apoio logístico-militar e serviços de natureza
de Segurança instituído nos termos da Resolução
militar;
n.º 1988 (2011);
b) Restrição de entrada, permanência ou trânsito de
2 165000 005638

iii. Qualquer pessoa singular ou colectiva ou


pessoas ou entidades em território nacional;
entidade designada pelo país ou por uma
jurisdição supranacional nos termos da Resolução c) Restrições de importação e exportação de
do Conselho de Segurança n.º 1373 (2001); equipamento potencialmente utilizado na
repressão interna ou agressão contra países
iv. Qualquer pessoa singular ou colectiva ou
estrangeiros;
entidade designada para aplicação de sanções
financeiras específicas nos termos da Resolução d) Restrições relativa ao transporte aéreo e à prestação
do Conselho de Segurança n.º 1718 (2006) e de serviços de engenharia e manutenção
suas resoluções subsequentes; relativamente a aeronaves que sejam propriedade
de pessoas ou entidades designadas, ou tenham
v. Qualquer pessoa singular ou colectiva ou sido alugadas ou utilizadas por estas ou em
entidade designada para a aplicação de sanções seu nome;
financeiras específicas nos termos da Resolução
n.º 1737 (2006) do Conselho de Segurança. e) Quaisquer outras medidas definidas em actos
internacionais aos quais a República de Cabo
Artigo 6.º-A
Verde se encontre vinculada.
Penas acessórias
2. A aplicação das medidas restritivas definidas a pessoas
1. As pessoas singulares condenadas pelas infracções ou entidades designadas deve ter lugar simultaneamente
tipificadas nos artigos 2.º a 6.º do presente diploma, podem com a publicação da decisão de designação pela autoridade
ser ainda condenadas às seguintes penas: competente.

a) Interdição de entrar no território nacional por Artigo 9.º-B


um período de cinco a dez anos, em caso de ser Regulação
cidadão estrangeiro;
1. As autoridades de regulação e supervisão devem
b) Interdição de sair do território nacional e retenção do promover a regulação adequada relativamente ao
passaporte por um período de dois a cinco anos; desenvolvimento de procedimentos e implementação
de mecanismos que permitam a aplicação imediata das
c) Interdição do exercício de direitos civis e políticos medidas restritivas previstas na presente lei.
por um período de dois a cinco anos;
2. Compete às entidades de regulação e supervisão,
d) Interdição de conduzir os engenhos a motor nomeadamente:
terrestres, marinhos e aéreos e a retenção de
autorização ou licença por um período de cinco a) Agencia Nacional da Aviação Civil: negar
a dez anos; ou cancelar a emissão de certificados de

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734 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

operador de transporte aéreo e certificados de d) Proibição de contactar determinadas pessoas, por


aeronavegabilidade, bem como emitir instruções um período de um a cinco anos;
para que seja negada a autorização a aeronaves
para descolarem ou aterragem no País ou e) Expulsão e interdição de entrar no País, quando
sobrevoarem o País ou para proibir a prestação estrangeiro, por um período de um a cinco anos;
de serviços de engenharia ou de manutenção
f) Encerramento temporário de estabelecimento,
a essas aeronaves, de acordo com as medidas
até cinco anos;
restritivas aplicadas nos termos da presente lei;
g) Encerramento definitivo de estabelecimento;
b) Direcção de Estrangeiros e Fronteiras: impedir
a realização de operações de comércio externo h) Dissolução judicial.
com pessoas ou entidades designadas grupo,
ou que os envolvam, de acordo com as medidas 2. As penas acessórias podem ser aplicadas
restritivas aplicadas nos termos da presente lei; cumulativamente.
c) Autoridades policiais: actuar de forma a impedir Artigo 13.º-A
a entrada, permanência ou transito através do Competência da autoridade competente para a designação
País das pessoas designadas, em relação as quais
tenham sido aplicadas medidas restritivas de Compete ao Procurador-Geral da República ou Magistrado
entrada, permanência ou trânsito de pessoas ou do Ministério Público por ele designado, no âmbito do
entidades em território nacional, com excepção processo de designação de pessoas ou entidades:
dos cidadãos nacionais;
a) Receber, analisar e decidir os pedidos de designação;
d) Entidades com competência própria ou delegada
para a concessão de autorização prévia para a b) Receber, analisar e decidir os pedidos de modificação
realização de operações de comércio externo: de identificação inclusa na lista;
negar, condicionar ou revogar licenças de
operação de comércio externo com pessoas ou c) Receber e encaminhar os pedidos de revisão;
entidades designadas, ou que envolvam, de d) Receber, analisar e decidir os pedidos de isenção;
acordo com as medidas restritivas aplicadas
2 165000 005638

nos termos da presente lei. e) Analisar e deliberar sobre a adopção das Listas de
Artigo 9.º-C Sanções internacionais, exaradas e mantidas
pelos Comités de Sanções das Nações Unidas ou
Deveres das entidades de regulação e supervisão
por outros Organismos Internacionais, através
As entidades de regulação e supervisão estão obrigadas a: da designação nacional dos Estados, pessoas,
grupos ou entidades, previamente designadas
a) Actuar imediatamente e a tomar as medidas por aquelas organizações, e respectiva inclusão
necessárias e adequadas ao cumprimento do na Lista Nacional, assim como promover os
acto internacional aplicável ou às medidas de processos de revisão e actualização;
execução ordenadas pela autoridade competente;
f) Deliberar sobre os pedidos de designação, respectiva
b) Emitir instruções e de as comunicar às entidades, verificação, modificação, relativamente a
publicas ou privadas, que estejam sob a sua designação para a Lista Nacional;
supervisão ou coordenação sempre que a
complexidade dos procedimentos a observar por g) Analisar e deliberar sobre os pedidos de remoção,
virtude do acto internacional aplicável o exija; respectiva verificação e solicitar recomendação
à autoridade competente pela revisão;
c) Comunicar à autoridade competente do
incumprimento, pelas entidades reguladas, das h) Promover a remoção periódica da lista;
obrigações previstas na presente lei.
i) Analisar e deliberar sobre os pedidos de isenções
Artigo 11.º-A
específicas e dos pedidos de isenção relativos
Penas acessórias as medidas restritivas aplicadas as pessoas ou
1. Quem for condenado por crimes previstos nos artigos 10.º entidades designadas;
e 11.º, atenta a concreta gravidade, pode ser sujeito às j) Efectuar a actualização e publicação da lista
seguintes penas acessórias: nacional de Estados, pessoas, grupos ou
a) Publicação da decisão condenatória em jornal de entidades designadas;
circulação nacional, a expensas do condenado;
k) Praticar os actos relativos ao congelamento de
b) Proibição do exercício de certas profissões ou fundos e recursos económicos, previstos na
actividades, por um período de um a dez anos; presente lei;

c) Privação do direito de participar em ajustes directos, l) Receber, analisar e disseminar informação que
consultas restritas ou concursos públicos, por possa facilitar o cumprimento da designação
um período de um a dez anos; de pessoas ou entidades;

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 735

m) Apresentar relatório anual e dados estatísticos ii. Pessoas colectivas, grupos ou entidades que
relativos ao processo de designação de pessoas cometam ou tentem cometer qualquer acto
ou entidades designadas, remoção, modificação, terrorista, ou que nele participem ou facilitem
medidas restritivas e isenções; e a prática de tal acto;
n) Estabelecer protocolos de cooperação de troca de iii. Pessoas colectivas, grupos ou entidades na
informação com as demais instituições. posse ou sob o controlo de uma ou mais pessoas
Artigo 13.º-B singulares ou colectivas, entidades ou organismos
Início do processo de designação
referidos em subalíneas anteriores; ou

O processo de designação das pessoas e entidades, a iv. Pessoas singulares ou colectivas, grupos ou
aplicação de medidas restritivas e a respectiva inclusão entidades que actuem em nome ou sob as
na Lista Nacional, tem lugar nos seguintes casos: instruções de uma ou mais pessoas singulares
ou colectivas, grupos ou entidades referidos em
a) Designações efectuadas por organismos
subalíneas i. e ii.
internacionais competentes, designadamente
Comités de Sanções da Organização das Nações b) Quando tal seja requerido por acto internacional
Unidas, com base em actos internacionais relativo à manutenção da paz e segurança, tais
relativos à manutenção da paz e segurança como as Resoluções do Conselho de Segurança
internacional; das Nações Unidas; e
b) Pedidos de designação.
c) Quando for necessário à protecção da segurança
Artigo 13.º-C nacional.
Submissão dos pedidos
2. A informação de identificação referente à pessoa
1. Podem submeter os pedidos de designação as seguintes designada deve incluir:
entidades:
a) Autoridades nacionais competentes com atribuições a) Nome;
de manutenção da paz e segurança nacional e b) Nomes pelos quais é conhecido;
2 165000 005638

internacional e com o combate ao terrorismo;


b) A Unidade de Informação Financeira; c) Apelido;

c) Entidades de regulação e supervisão, nos termos d) Apelido de solteiro, caso aplicável;


da presente lei;
e) Sexo;
d) Autoridades competentes pela designação em
outras jurisdições; f) Data e local de nascimento;
e) Os Comités de Sanções do Conselho de Segurança g) Nacionalidade;
das Nações Unidas.
2. Os pedidos devem conter, no mínimo, as seguintes h) Endereço;
informações:
i) Número de documento de identidade, com foto e
a) O motivo detalhado da designação, conforme os assinatura;
números 1, 2 e 3 do artigo 13.º-D;
j) Número de Identificação Fiscal; e
b) A informação de identificação das pessoas e
entidades designadas; k) Outra informação tida como relevante.
c) A medida restritiva aplicável a pessoa ou entidade
3. A informação de identificação relativa ao grupo ou
designada; e
entidade designada deve incluir:
d) A documentação relevante necessária juntamente
com o pedido que a sustente. a) Denominação completa;
Artigo 13.º-D b) Principais actividades;
Processo de designação nacional
c) Local em que se encontra registada a sede;
1. O Procurador-Geral da República pode designar um
Estado, uma pessoa, grupo ou entidade nas seguintes d) Data e número do registo;
circunstâncias:
e) Motivo pelo qual o grupo ou a entidade é designada;
a) Quando estiverem envolvidos ou associadas a
crimes de terrorismo, sejam: f) Número de Identificação Fiscal;
i. Pessoas singulares que cometam ou tentem g) Natureza do negócio; e
cometer qualquer acto terrorista, ou que nele
participem ou facilitem a prática de tal acto; h) Outra informação tida como relevante.

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736 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016


Artigo 13.º-E Artigo 13.º-G

Inclusão na Lista e comunicação da designação Conteúdo do pedido de remoção

Decidida a designação de pessoas ou entidades, a O pedido deve conter:


autoridade competente deve:
a) Todos os elementos de identificação constantes da
a) Actualizar e republicar a Lista de pessoas ou lista em que o requerente se encontra designado;
entidades designadas no prazo de dois dias
úteis após a publicação no Boletim Oficial da b) O motivo da designação;
decisão que determinar a designação; c) As medidas restritivas que tenham sido aplicadas;
b) Notificar as pessoas ou entidades designadas d) As razões pelas quais a pessoa ou entidade
acerca da designação e dos motivos que a designada efectua o pedido de remoção da
fundamentaram; lista e a cessação da aplicação das respectivas
c) Informar as entidades de regulação e supervisão medidas restritivas, designadamente:
relativamente à designação. i. Por erro comprovado de identificação;
Artigo 13.º-F
ii. Posterior alteração significativa dos fatos;
Pedido de remoção da lista
iii. Surgimento de novas provas;
1. Qualquer pessoa ou entidade designada pode requerer
à autoridade competente nos termos da presente lei, por iv. Outros fatos em virtude dos quais os critérios
escrito e devidamente fundamentada, a sua remoção da lista. e condições de designação deixaram de estar
preenchidos;
2. A autoridade competente deve proceder à análise e
decidir o pedido de remoção, salvo nos casos em que um v. Quaisquer outras informações consideradas
acto internacional determine de forma contrária. relevantes para a apreciação do pedido de remoção.
Artigo 13º-H
3. Recebido o pedido, a autoridade competente envia-o
2 165000 005638

à autoridade de revisão para recomendação. Revisão da designação

4. A autoridade de revisão decide, no prazo de dez 1. A autoridade competente deve, no mínimo, proceder
dias, se existem motivos razoáveis para recomendar anualmente à revisão da lista das pessoas e entidades
ao Procurador-Geral da República ou o Magistrado do designadas, para determinar se existem indícios de que os
Ministério Publico por ele designado a manutenção na critérios de designação já não se encontram preenchidos
lista ou a sua remoção. pelas pessoas ou entidades designadas constantes da
lista por si elaborada.
5. A autoridade competente deve decidir o pedido, no
prazo de trinta dias, a contar da data de recepção da 2. As pessoas ou entidades designadas devem ser
recomendação da autoridade de revisão. removidas da lista, caso o acto internacional no qual se
baseou a decisão da designação deixar de ser aplicável.
6. Caso a autoridade competente não decidir no
prazo previsto, nem prorrogar o prazo de decisão por 3. Se a designação nacional for baseada numa designação
um período determinado, informando o requerente da efectuada pelo órgão competente das Nações Unidas, a
referida prorrogação, o pedido da remoção considera-se revisão da autoridade competente apenas se limita a
tacitamente deferido. verificar se a designação se mantém aplicável.

7. Se a autoridade competente não estiver autorizada 4. A autoridade competente deve verificar, caso a
a tomar a decisão de remoção do requerente da lista, caso, se os critérios e condições que ditaram a decisão
deve encaminhar o processo ao responsável nacional de designação e aplicação de medidas restritivas, ainda
pela submissão dos pedidos internacionais ao órgão se encontram preenchidos, justificando a remoção ou
internacional competente, no prazo de quinze dias após não das pessoas ou entidades designadas da lista ou a
a recepção do pedido. modificação das medidas restritivas impostas.

8. A autoridade competente deve informar tempestivamente 5. Para efeitos de revisão da lista, devem ser considerados,
ao requerente referido no número 1 de qualquer decisão designadamente, os seguintes fatos:
tomada de acordo com os números anteriores.
a) Erro comprovado de identificação;
9. A pessoa ou entidade designada não pode realizar
b) Posterior alteração significativa dos fatos;
um outro pedido de remoção da lista, salvo se existir uma
modificação material nas circunstâncias do caso, após a c) Surgimento de novas provas;
submissão do último pedido.
d) Morte da pessoa designada;
10. A decisão de remoção revogando a decisão de
designação e publicado no Boletim Oficial. e) Liquidação da entidade designadas;

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 737

f) O acto internacional no qual a designação se baseou e) Informação relativa a pessoas e entidades a quem
já não se encontra em vigor; deve ser concedida a isenção;

g) Outros factores em virtude dos quais os critérios f) Junto, toda a documentação relevante disponível
e condições de designação deixaram de estar que suporte o pedido de isenção.
preenchidos.
8. O pedido é analisado e, se faltar algum documento a
6. Uma vez decidida a remoção da lista, a autoridade autoridade competente pode pedir informações adicionais
competente deve proceder conforme as alíneas do ao requerente, ou às entidades públicas ou privadas.
artigo 13.º-E.
9. Quando se trata de acto internacional conforme
Artigo 13.º-I referido no número 2, a autoridade competente submete
o pedido ao organismo internacional competente.
Pedidos de isenção
Artigo 13.º-J
1. A autoridade competente pode conceder isenções
específicas de modo a garantir que as necessidades básicas Concessão do pedido de isenção
de pessoas ou entidades designada sejam satisfeitas, tais 1. Com vista à decisão relativa ao pedido de isenção
como as despesas básicas e necessárias para o pagamento devem ser tidas em consideração:
de certos tipos de comissões, encargos com serviços ou
para as despesas extraordinárias. a) As condições previstas no número do artigo 13.º-H;
2. As pessoas ou entidades designadas podem fundamentar b) Quando aplicável, qualquer condições constantes
o pedido de isenção quando um ato internacional aplicável ou estabelecidas em consequência do acto
admita excepções às medidas restritivas. internacional relativo à manutenção da paz
e segurança.
3. O pedido de isenção deve ser efectuado pela pessoa ou
entidade designada cujos fundos ou recursos económicos 2. A decisão de concessão da isenção a deve incluir:
foram congelados.
a) Identificação das pessoas ou entidades a quem a
4. A autoridade competente deve fundamentar a recusa isenção é concedida;
2 165000 005638

do pedido, por escrito, notificando o requerente.


b) Descrição dos actos permitidos de acordo com a
5. A concessão de isenções deve ser transparente, isenção concedida;
razoável e proporcional, de modo a garantir que:
c) Condições às quais a isenção se encontra sujeita;
a) A finalidade para a qual a isenção é requerida e
d) Período de duração e a data em que expira.
comprovada, seja para as despesas básicas,
extraordinárias, pagamentos contratuais ou 3. A isenção pode ser modificada ou revogada a qualquer
com base em outras razões fundamentadas; momento, caso existam razões para o efeito.
b) Os riscos de desvio dos pagamentos autorizados 4. A concessão, modificação ou revogação da isenção
para outras finalidades que não aquelas para deve ser informado:
as quais a isenção foi concedida, incluindo
finalidades terroristas, são reduzidos; e a) Às pessoas ou entidades a quem a isenção seja
concedida;
c) O ónus sobre o sector financeiro seja minimizado.
b) Ao requerente do pedido de isenção; e
6. Se o pedido para a isenção estiver relacionado com
uma pessoa ou entidade designada de acordo com actos c) Às entidades de regulação e supervisão.
internacionais, incluindo as Resoluções da Organização
5. O pedido deve ser processado no prazo de trinta dias,
das Nações Unidas, quaisquer condições previstas
devendo ser priorizados os pedidos com fundamento em
nos referidos atos internacionais devem ser tidas em
razões humanitárias com carácter urgente, em relação
consideração pela autoridade competente.
aos procedimentos em curso.
7. O pedido deve conter: Artigo 13.º-K

a) Lista das sanções mantidas pelo Comité de Sanções, Processo de designação internacional
criada pelo Conselho de Segurança das Nações
Unidas, através da resolução n.º 1267/1989; 1. As pessoas ou entidades designadas constante da
Lista do Comité de Sanções das Nações Unidas, conforme
b) Lista Nacional mantida pela autoridade competente, a Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas
em conformidade com a presente lei; n.º 1267/1989, são designadas pelo referido Comité de
Sanções.
c) Descrição do motivo do pedido de isenção;
2. A lista referida no número anterior é elaborada,
d) Âmbito e duração da isenção; revista, actualizada e publicada pelo Comité de Sanções

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738 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

mencionado no número anterior, de acordo com os respectivos Artigo 4.º


critérios de designação e de revisão, não necessitando de Entrada em vigor
ser publicada em Boletim Oficial.
A presente lei entra em vigor no dia seguinte ao da
Artigo 13.º-L
sua publicação
Pedidos internacionais Aprovada em 29 de Janeiro de 2016.

A autoridade competente deve ter em consideração O Presidente da Assembleia Nacional, Basílio Mosso
acções e pedidos realizados por outros países relativamente Ramos.
a designação de pessoas e entidades designadas e
Promulgada em 14 de Março de 2016.
correspondente aplicação de medidas restritivas e decidir
se medidas semelhantes são aplicáveis na República de Publique-se.
Cabo Verde, no âmbito da presente lei.
O Presidente da República, JORGE CARLOS DE
Artigo 13.º-M ALMEIDA FONSECA.
Cooperação Assinada em 17 de Março de 2016.

As pessoas singulares e colectivas, públicas ou privadas O Presidente da Assembleia Nacional, Basílio Mosso
devem cooperar com a autoridade competente e com as Ramos.
autoridades de regulação e supervisão no âmbito do ANEXO
cumprimento da presente lei.
Republicação da lei n.º 27/VIII/2013,
Artigo 13.º-N de 21 de janeiro
(a que se refere o artigo 4.º)
Fornecimento de informação
Lei n.º 27/VIII/2013
1. Sem prejuízo do disposto nas normas relativas à
confidencialidade e sigilo profissional, as pessoas singulares de 21 de Janeiro
2 165000 005638

e colectivas, publicas ou privadas, devem:


Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta,
nos termos da alínea b) do artigo 175.º da Constituição
a) Fornecer mediante solicitação da autoridade
o seguinte:
competente, qualquer informação que possa
suportar a decisão de designação; CAPITULO I

b) Facultar imediatamente a autoridade competente DISPOSIÇÕES GERAIS


e as entidades de regulação e supervisão Artigo 1.º
quaisquer informações que possam facilitar o
cumprimento da presente Lei; Objeto

O presente diploma estabelece medidas de natureza


c) Comunicar à autoridade competente e às entidades
preventiva e repressiva contra o terrorismo e o seu
de regulação e supervisão, sempre que detenham
financiamento, a proliferação das armas de destruição
ou controlem fundos ou recursos económicos
em massa e procede à primeira alteração ao Código
na posse ou detidos por pessoas ou entidades
Penal, aprovado pelo Decreto-legislativo n.º 4/2003, de
designadas, durante um período de seis meses
18 de novembro.
antes da entrada em vigor da presente lei.
Artigo 2.º
2. A informação recebida deve ser utilizada apenas Definições
para o fim para o qual se destina.
Para os fins do presente diploma, entende-se por:
3. A prestação de informação de boa-fé, no cumprimento
das obrigações previstas na presente lei, por pessoas a) «Ato terrorista»: qualquer ato destinado a ofender
singulares ou colectivas, publicas ou privadas, não ou pôr em perigo a independência ou a
consubstancia numa violação de qualquer obrigação integridade territorial de país, destruir, alterar
de sigilo, nem acarreta qualquer responsabilidade aos ou subverter o Estado de direito democrático
prestadores da referida informação.” constitucionalmente consagrado, ou, ainda,
criar um clima e agitação ou perturbação social
Artigo 3.º ou forçar a autoridade pública, a praticar um
ato, a abster-se de o praticar ou a tolerar que se
Republicação pratique, ou a intimidar certas pessoas, grupos
de pessoas ou a população em geral, mediante:
É republicada, em anexo à presente lei, a Lei n.º 27/
VII/2013, de 21 de Janeiro, com as modificações ora i. Crime contra a vida, a integridade física ou a
introduzidas, e procedendo à renumeração dos artigos. liberdade das pessoas;

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 739

ii. Crime contra a segurança dos transportes e das Alfândegas, as autoridades policiais, as
respetivas infraestruturas e das comunicações, entidades com competência própria ou delegada
incluindo as informáticas, telegráficas, telefónicas, para a concessão de autorização prévia para a
de rádio ou de televisão; realização de operações de comércio externo,
as que forem determinadas pela lei;
iii. Crime de produção dolosa de perigo comum,
através de incêndio, explosão, libertação de g) «Financiamento da proliferação das armas de
substâncias radioativas ou de gases tóxicos destruição em massa»: é o financiamento da
ou asfixiantes, de inundação ou avalanche, proliferação das armas de destruição em massa
desmoronamento de obra ou construção, por atos proscritos pelas resoluções do Conselho
contaminação de alimentos e águas destinadas de Segurança das Nações Unidas relativas
a consumo humano ou difusão de doença, praga, à prevenção, a repressão e à interrupção da
planta ou animal nocivo; proliferação das armas de destruição em massa
e do seu financiamento;
iv. Atos que destruam ou que impossibilitem
o funcionamento ou desviem dos seus fins h) «Fundos»: bens de qualquer tipo, corpóreos ou
normais, definitiva ou temporariamente, total incorpóreos, móveis ou imóveis, qualquer que
ou parcialmente, meios ou vias de comunicação, seja o seu modo de aquisição, e documentos
infraestruturas, instalações de serviços públicos legais ou instrumentos em qualquer forma,
ou destinadas ao abastecimento e satisfação de incluindo eletrónica ou digital, evidenciando
necessidades vitais da população; titularidade de, ou interesse em, tais bens,
incluindo a créditos bancários, ordens de
v. Investigação e desenvolvimento de armas pagamento, ações, títulos de tesouro, obrigações,
biológicas ou químicas; letras de câmbio, cartas de crédito, sem que
vi. Crimes que impliquem o emprego de energia esta enumeração seja limitativa;
nuclear, armas de fogo, biológicas ou químicas, i) «Lista»: elenco de Estados, indivíduos, grupos e
substâncias ou engenhos explosivos, meios entidades que cometam ou tentem cometer
incendiários de qualquer natureza, encomendas atos terroristas, designadas pela autoridade
ou cartas armadilhadas, sempre que pela competente, decorrentes de:
2 165000 005638

sua natureza ou pelo contexto em que são


cometidos, estes crimes sejam suscetíveis de i. Requerimento de ato internacional relativo
afetar gravemente o Estado ou a população à manutenção da paz e segurança, tais como
que se vise intimidar. as Resoluções do Conselho de Segurança das
Nações Unidas, e
b) «Armas de destruição em massa»: inclui para
além das armas químicas e biológicas, todos os ii. Ordem interna, quando necessário à proteção da
sistemas capazes de as transportar a grandes segurança nacional, designadas pela autoridade
distâncias, nomeadamente os mísseis de cruzeiro competente;
e os mísseis balísticos; j) «Medidas restritivas»: as de natureza financeira,
c) «Autoridade competente»: é o Procurador-geral comerciais, diplomáticas ou outras que visam
da República ou o Magistrado do Ministério a modificação das atividades aplicáveis a
Público por ele designado, com competências jurisdições, pessoas ou entidades com o propósito
decisórias e executoras a si atribuídas pela de combater o terrorismo e manter ou restaurar
presente Lei; a paz e a segurança nacional e internacional;

d) «Autoridade de revisão»: é o tribunal judicial k) «Órgão internacional competente»: órgão de uma


competente para exercer as competências organização competente nos termos do respetivo
de decisão de recursos a si atribuídas pela tratado constitutivo para adotar normas tendo
presente Lei; como destinatários as partes desse tratado
constitutivo ou um comitê ou uma comissão para
e) «Congelamento»: proibição temporária da efeitos de questões específicas, nomeadamente
transferência, conversão, alienação ou o Conselho de Segurança das Nações Unidas e
movimentação de fundos ou de outros ativos os seus respetivos Comités de Sanções;
económicos pertencentes a indivíduos ou
entidades de que se suspeite estarem envolvidos l) «Terrorista»: qualquer pessoa singular que:
no terrorismo ou no financiamento de atos i. Cometa ou tente cometer atos terroristas, por
terroristas que resultar de decisão de uma quaisquer meios, direta ou indiretamente, ilegal
autoridade competente quando tal seja necessário e deliberadamente;
para a prevenção dos referidos ilícitos criminais,
por aplicação das Resoluções do Conselho de ii. Participe, como cúmplice, na prática de atos
Segurança das Nações Unidas; terroristas ou no financiamento do terrorismo;

f) «Entidades de regulação e supervisão»: são a iii. Organize ou induza outrem à prática de atos
Agência Nacional de Aviação Civil, a Direção terroristas;

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740 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

iv. Contribua para a prática de atos terroristas ou fizer diminuir consideravelmente o perigo por ela
por duas ou mais pessoas agindo com um provocado, impedir que o resultado que a lei quer evitar
propósito comum, quando esta contribuição se verifique, ou auxiliar concretamente na recolha das
é intencional e visa realizar o ato terrorista, provas decisivas para a identificação ou a captura de
ou com o conhecimento da intenção de duas outros responsáveis.
ou mais pessoas de cometer um ato terrorista. Artigo 4.º
m) «Pessoa ou entidade designada»: refere-se a: Outras organizações terroristas

i. Estados, indivíduos, grupos, empresas e 1. Aos grupos, organizações e associações previstas


entidades designadas pelo Comité do Conselho no número 1 do artigo anterior são equiparados os
de Segurança instituído nos termos da Resolução agrupamentos de duas ou mais pessoas que, atuando
n.º 1267 (1999); concertadamente, visem, mediante a prática dos fatos aí
descritos, prejudicar a integridade ou a independência de
ii. Estados, indivíduos, grupos, empresas e um Estado, impedir, alterar ou subverter o funcionamento
entidades designadas pelo Comité do Conselho das instituições desse Estado ou de uma organização
de Segurança instituído nos termos da Resolução pública internacional, forçar as respetivas autoridades
n.º 1988 (2011); a praticar um ato, a abster-se de o praticar ou a tolerar
que se pratique, ou ainda intimidar certos grupos de
iii. Qualquer pessoa singular ou coletiva ou entidade pessoas ou populações.
designada pelo país ou por uma jurisdição
supranacional nos termos da Resolução do 2. É correspondentemente aplicável o disposto nos
Conselho de Segurança n.º 1373 (2001); números 2 a 6 do artigo anterior.
Artigo 5.º
iv. Qualquer pessoa singular ou coletiva ou
Terrorismo
entidade designada para aplicação de sanções
financeiras específicas nos termos da Resolução 1. Quem praticar atos terroristas, com a intenção referida
do Conselho de Segurança n.º 1718 (2006) e na alínea do artigo 2.º, é punido com pena de prisão de
suas resoluções subsequentes; dois a dez anos, ou com a pena correspondente ao crime
praticado, agravada de um terço nos seus limites mínimo
2 165000 005638

v. Qualquer pessoa singular ou coletiva ou entidade e máximo, se for igual ou superior àquela, não podendo
designada para a aplicação de sanções financeiras a pena aplicada exceder o limite referido no artigo 51.º
específicas nos termos da Resolução n.º 1737 do Código Penal.
(2006) do Conselho de Segurança.
2. Quem praticar crime de furto qualificado, roubo,
CAPÍTULO II extorsão, burla informática ou falsificação de documento
administrativo com vista ao cometimento de atos
TERRORISMO E SEU FINANCIAMENTO previstos na alínea a) do artigo 2.º, é punido com a pena
Artigo 3.º correspondente ao crime praticado, agravada de um terço
nos seus limites mínimo e máximo.
Organizações terroristas
3. A pena pode ser especialmente atenuada, se o agente
1. Considera-se grupo, organização ou associação abandonar voluntariamente a sua atividade, afastar
terrorista todo o agrupamento de duas ou mais pessoas ou fizer diminuir consideravelmente o perigo por ela
que, atuando concertadamente, pratiquem atos terroristas, provocado, impedir que o resultado que a lei quer evitar
nos termos definidos na alínea a) do artigo 2.º. se verifique, ou auxiliar concretamente na recolha das
provas decisivas para a identificação ou a captura de
2. Quem promover ou fundar grupo, organização ou outros responsáveis.
associação terrorista, é punido com pena de prisão de
Artigo 6.º
oito a quinze anos.
Terrorismo internacional
3. Quem chefiar ou dirigir grupo, organização ou
associação terrorista é punido com pena de prisão de 1. Quem praticar os atos terroristas previstos na alínea a) do
dez a vinte anos. artigo 2.º, com a intenção referida no número 1 do artigo
4.º, é punido com a pena de prisão de dois a dez anos, ou
4. Quem aderir a grupo, organização ou associação com a pena correspondente ao crime praticado, agravada
terrorista, passando a ser seu membro, ou os apoiar, de um terço nos seu limites mínimos e máximo, se for
nomeadamente através do fornecimento de informações igual ou superior àquela.
ou meios materiais, é punido com pena de prisão de seis 2. É correspondentemente aplicável o disposto nos
a doze anos. números 2 a 3 do artigo anterior.
5. Quem praticar atos preparatórios da constituição Artigo 7.º
de grupo, organização ou associação terrorista é punido Financiamento do terrorismo
com pena de prisão de um a oito anos.
1. Quem, pessoa individual ou coletiva, por quaisquer
6. A pena pode ser especialmente atenuada se o agente meios, direta ou indiretamente, fornecer, recolher ou
abandonar voluntariamente a sua atividade, afastar detiver, gerir fundos ou bens de qualquer tipo, bem como

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 741

produtos ou direitos suscetíveis de ser transformados em b) Interdição de sair do território nacional e retenção do
fundos, com a intenção de serem utilizados ou sabendo passaporte por um período de dois a cinco anos;
que podem ser utilizados, total ou parcialmente, no
planeamento, na preparação ou para a prática de atos c) Interdição do exercício de direitos civis e políticos
terroristas referidos na alínea a) do artigo 2.º, ou praticar por um período de dois a cinco anos;
estes fatos com a intenção referida no número 1 do artigo d) Interdição de conduzir os engenhos a motor
4.º ou número 1 do artigo 5.º ou número 1 do artigo 6.º, é terrestres, marinhos e aéreos e a retenção de
punido com a pena de prisão de oito a quinze anos. autorização ou licença por um período de cinco
2. Para que um ato constitua a infração prevista no a dez anos;
número anterior, não é necessário que os fundos provenham
e) Interdição por um período de cinco a dez anos de
de terceiros, nem que tenham sido entregues a quem se
exercer a profissão ou a atividade que exercia
destinam, ou que tenham sido efetivamente utilizados
quando o crime foi cometido e interdição de
para cometer os fatos neles previstos.
exercer uma função pública;
3. Constitui igualmente crime de financiamento do
terrorismo, punido com pena de prisão de oito a quinze f) Interdição de deter ou de transportar uma arma
anos, a disponibilização ou recolha deliberada de fundos precedida de autorização durante cinco a dez anos.
por cidadãos nacionais ou estrangeiros que estejam no 2. A confiscação dos bens ou dos objetos que serviram
território cabo-verdiano com a intenção ou o conhecimento ou estavam destinados à praticar da infração ou dos
de que os fundos são utilizados para financiar a viagem de objetos que são seu produto, com a exceção dos objetos
indivíduos para um terceiro Estado que não o seu Estado suscetíveis de restituição.
de residência ou nacionalidade com o objetivo de perpetrar,
planificar, preparar ou participar em atos terroristas, ou Artigo 9.º
fornecer ou receber treinamento de terroristas. Proteção dos intervenientes
4. Quem financiar com conhecimento de causa atos É garantida a proteção a quem tiver colaborado
terroristas, planeá-los ou incitar à sua prática é punido concretamente na investigação dos crimes previstos no
com pena de prisão de oito a quinze anos. presente capítulo, nos termos da Lei n.º 81/VI/2005, de
12 de setembro, que estabelece medidas para proteção
2 165000 005638

5. Quem participar como cúmplice, organizar ou ordenar


a alguém a realização de financiamento do terrorismo, ou de testemunhas em processo penal.
contribuir para a prática de fatos típicos de financiamento Artigo 10.º
do terrorismo, é punido com pena de prisão de oito a
quinze anos. Cooperação Internacional

6. A pena pode ser especialmente atenuada se o agente 1. As autoridades competentes em matéria de prevenção
voluntariamente abandonar a sua atividade, afastar ou do terrorismo e do seu financiamento e proliferação de
fizer diminuir consideravelmente o perigo por ele provocado armas de destruição em massa devem cooperar o mais
ou auxiliar concretamente na recolha de provas decisivas possível com as autoridades de outros Estados em matéria
para a identificação ou a captura de outros responsáveis. de troca de informações, investigações e de procedimentos
judiciais, de extradição e ao auxílio judiciário mútuo, bem
7. A pena prevista no âmbito deste artigo pode ser como em relação às medidas cautelares ou provisórias,
agravada de 1/3 nos limites mínimo e máximo se: nomeadamente através da apreensão ou da perda de
a) O financiamento do terrorismo é praticado de bens ou de fundos associados ao terrorismo ou ao seu
forma habitual ou ocorre no exercício de uma financiamento.
atividade profissional;
2. A cooperação deve ser prestada de modo célere,
b) O autor da infração for reincidente, sendo que neste construtivo e efetivo, devendo ser assegurados os
caso, as condenações havidas no exterior são mecanismos eficazes de troca de informação.
tomadas em conta para estabelecer a reincidência;
3. A troca de informação deve ser efetuada espontaneamente
c) Uma infração de financiamento do terrorismo for ou a pedido do país que submete o pedido de informação,
cometida por uma organização terrorista; podendo ser referente ao financiamento do terrorismo,
d) Uma pessoa ou organização terrorista cometer bem como em relação aos fatos ilícitos típicos de onde
vários atos terroristas. provêm as vantagens.

Artigo 8.º 4. A troca de informação não pode ser recusada ou


Penas acessórias
sujeita a qualquer condição indevida, desproporcionada,
ou restritiva.
1. As pessoas singulares condenadas pelas infrações
tipificadas nos artigos 3.º a 7.º do presente lei, podem ser 5. Em caso algum a cooperação internacional pode ser
ainda condenadas às seguintes penas: recusada com fundamento em questões fiscais.

a) Interdição de entrar no território nacional por 6. A cooperação só pode ser recusada quando as
um período de cinco a dez anos, em caso de ser informações relevantes forem adquiridas em circunstâncias
cidadão estrangeiro; que envolvam sigilo profissional.

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742 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

CAPÍTULO III c) Restrições de importação e exportação de equipamento


potencialmente utilizado na repressão interna ou
CONGELAMENTO agressão contra países estrangeiros;
Artigo 11.º
d) Restrições relativa ao transporte aéreo e à prestação
Congelamento de serviços de engenharia e manutenção
1. Para os fins previstos no presente Capítulo, entendesse relativamente a aeronaves que sejam propriedade
por «congelamento», a proibição temporária da transferência, de pessoas ou entidades designadas, ou tenham
conversão, alienação ou movimentação de fundos ou sido alugadas ou utilizadas por estas ou em
de outros ativos económicos pertencentes a indivíduos seu nome;
ou entidades de que se suspeite estarem envolvidos no
e) Quaisquer outras medidas definidas em atos
terrorismo ou no financiamento de atos terroristas que
internacionais aos quais a República de Cabo
resultar de decisão de uma autoridade competente quando
Verde se encontre vinculada.
tal seja necessário para a prevenção dos referidos ilícitos
criminais, por aplicação das Resoluções do Conselho de 2. A aplicação das medidas restritivas definidas a pessoas
Segurança das Nações Unidas. ou entidades designadas deve ter lugar simultaneamente
com a publicação da decisão de designação pela autoridade
2. É competente para o congelamento de fundos e de
competente.
outros ativos financeiros o Procurador-geral da República
ou o Magistrado do Ministério Público por ele designado. Artigo 13.º

3. A decisão de congelamento deve ainda ser comunicada Regulação


sem demora às instituições financeiras e às atividades e
profissões não financeiras previstas na Lei que estabelece 1. As autoridades de regulação e supervisão devem promover
medidas destinadas a prevenir e reprimir o crime de a regulação adequada relativamente ao desenvolvimento
lavagem de capitais, bens, direitos e valores, diretamente de procedimentos e implementação de mecanismos que
ou através das respetivas autoridades de supervisão, de permitam a aplicação imediata das medidas restritivas
fiscalização ou de inspeção. previstas na presente lei.

4. O período de congelamento pode ser renovado pela 2. Compete às entidades de regulação e supervisão,
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autoridade referida no número 2, podendo cessar quando a nomeadamente:


medida não se justificar ou existir algum erro em relação
à pessoa ou entidades cujos bens foram congelados ou a) Agencia Nacional da Aviação Civil: negar
em relação à identificação das contas ou bens a congelar. ou cancelar a emissão de certificados de
operador de transporte aéreo e certificados de
5. O congelamento cessa sempre que não for confirmado aeronavegabilidade, bem como emitir instruções
pelo Procurador-geral da República, ou por Magistrado para que seja negada a autorização a aeronaves
do Ministério Público por ele designado, no prazo de dois para descolarem ou aterragem no País ou
dias úteis. sobrevoarem o País ou para proibir a prestação
de serviços de engenharia ou de manutenção
6. Se forem aplicadas as medidas restritivas às pessoas
a essas aeronaves, de acordo com as medidas
ou entidades designadas, tendo sido os fundos ou recursos
restritivas aplicadas nos termos da presente lei;
económicos congelados erradamente em virtude de terem
nomes e identificação iguais ou semelhantes, as medidas b) Direção de Estrangeiros e Fronteiras: impedir a
restritivas devem ser retiradas com a maior brevidade realização de operações de comércio externo
possível, após confirmação da sua identidade. com pessoas ou entidades designadas grupo,
Artigo 12.º ou que os envolvam, de acordo com as medidas
restritivas aplicadas nos termos da presente lei;
Outras medidas restritivas
c) Autoridades policiais: atuar de forma a impedir a
1. Adicionalmente às medidas de congelamento definidas
entrada, permanência ou transito através do
no artigo 9º, às medidas restritivas podem incluir a
País das pessoas designadas, em relação as quais
interrupção completa ou parcial das relações económicas,
tenham sido aplicadas medidas restritivas de
dos meios de comunicação marítimos, aéreos, postais,
entrada, permanência ou trânsito de pessoas ou
telegráficos, radioelétricos, ou de outra qualquer espécie, e
entidades em território nacional, com exceção
o rompimento das relações diplomáticas, nomeadamente:
dos cidadãos nacionais;
a) Embargo relativo à venda, fornecimento ou
exportações de armas de material relacionado d) Entidades com competência própria ou delegada
ou restrições no fornecimento de assistência ou para a concessão de autorização prévia para a
serviços relacionados com atividades militares, realização de operações de comércio externo:
apoio logístico-militar e serviços de natureza negar, condicionar ou revogar licenças de
militar; operação de comércio externo com pessoas ou
entidades designadas, ou que envolvam, de
b) Restrição de entrada, permanência ou trânsito de acordo com as medidas restritivas aplicadas
pessoas ou entidades em território nacional; nos termos da presente Lei.

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 743


Artigo 14.º 4. Havendo negligência, a pena é de prisão até um ano
Deveres das entidades de regulação e supervisão
ou de multa até quinhentos dias.

As entidades de regulação e supervisão estão obrigadas a: 5. A tentativa é punível.


Artigo 17.º
a) Atuar imediatamente e a tomar as medidas
necessárias e adequadas ao cumprimento do Penas acessórias
ato internacional aplicável ou às medidas de
execução ordenadas pela autoridade competente; 1. Quem for condenado por crimes previstos nos artigos
15.º e 16.º, atenta a concreta gravidade, pode ser sujeito
b) Emitir instruções e de as comunicar às entidades, às seguintes penas acessórias:
publicas ou privadas, que estejam sob a sua
supervisão ou coordenação sempre que a a) Publicação da decisão condenatória em jornal de
complexidade dos procedimentos a observar por circulação nacional, a expensas do condenado;
virtude do ato internacional aplicável o exija; b) Proibição do exercício de certas profissões ou
c) Comunicar à autoridade competente do incumprimento, atividades, por um período de um a dez anos;
pelas entidades reguladas, das obrigações c) Privação do direito de participar em ajustes diretos,
previstas na presente Lei. consultas restritas ou concursos públicos, por
Artigo 15.º um período de um a dez anos;

Violação do dever de congelamento de fundos ou de outros d) Proibição de contactar determinadas pessoas, por
ativos económicos um período de um a cinco anos;
1. Quem, violando o dever de congelamento, colocar, e) Expulsão e interdição de entrar no País, quando
direta ou indiretamente, à disposição das pessoas ou estrangeiro, por um período de um a cinco anos;
entidades de que se suspeita estarem envolvidas em
atividades de terrorismo ou no financiamento de grupos, f) Encerramento temporário de estabelecimento,
associações, organizações ou de atos terroristas, quaisquer até cinco anos;
fundos ou outros ativos económicos que aquelas possam
2 165000 005638

g) Encerramento definitivo de estabelecimento;


utilizar ou dos quais possam beneficiar é punido com
pena de prisão de três a cinco anos ou de pena de multa h) Dissolução judicial.
até quinhentos dias.
2. As penas acessórias podem ser aplicadas
2. Havendo negligência, a pena é de prisão até um ano cumulativamente.
ou de multa até quinhentos dias.
Artigo 18.º
3. A tentativa é punível.
Procedimentos cautelares de extensão do âmbito material
Artigo 16.º do presente capítulo

Violação de outros deveres Em processos-crime relativos aos fatos determinantes


da aplicação das sanções previstas nos artigos 15.º e 16.º,
1. Quem estabeleça ou mantenha relação jurídica de ou conexos com estes, ou em que o arguido esteja com
natureza económica com quaisquer sujeitos ou entidades, tais fatos relacionado, pode o Ministério Público requerer
sabendo que são suspeitos de estar envolvidos em atividades o arresto preventivo dos respetivos fundos e recursos
de terrorismo ou no financiamento de grupos, associações, financeiros.
organizações ou de atos terroristas ou financiamento
da proliferação das armas de destruição em massa ou Artigo 19.º
adquira ou aumente a participação de controlo relativo Listas de pessoas e entidades nacionais e internacionais
a imóvel, empresa ou outro tipo de pessoa coletiva, ainda
que irregularmente constituída, situados, registados 1. A lista de pessoas e entidades a que se referem os
ou constituídos em território nacional ou em qualquer artigos 11.º, 15.º e 16.º é tornada pública nos sítios da
outra jurisdição, é punido com pena de prisão de três a internet do Governo e do Banco de Cabo Verde, a pedido
cinco anos, caso se trate de pessoa singular, ou de pena do Procurador-geral da República, autoridade central.
de multa até quinhentos dias, caso se trate de pessoa
coletiva ou entidade equiparada. 2. Compete à autoridade referida no número 2 do
artigo 11.º proceder à atualização das referidas listas, em
2. A aplicação do número anterior não é prejudicada conformidade com as Resoluções do Conselho de Segurança
pelo fato de as aquisições ou aumentos de participação das Nações Unidas, nomeadamente ao aditamento,
em causa terem lugar, em troca do fornecimento de bens retirada ou modificação da identidade ou da identificação
corpóreos ou incorpóreos, de serviços ou de tecnologias, das pessoas ou das entidades constantes dessas listas.
incluindo patentes, de capitais, de remissão de dívidas
ou de outros recursos financeiros. 3. O aditamento, a retirada ou a modificação da
identidade ou da identificação das pessoas ou entidades
3. Os atos praticados em violação dos números anteriores das listas, a que se refere o número anterior, devem ser
são nulos. também sujeitos a publicidade.

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744 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

4. As listas de pessoas e entidades, bem como qualquer j) Efetuar a atualização e publicação da lista nacional
alteração das mesmas, devem ser também enviadas às de Estados, pessoas, grupos ou entidades
instituições financeiras e às atividades e profissões não designadas;
financeiras previstas na Lei que estabelece medidas
destinadas a prevenir e reprimir o crime de lavagem k) Praticar os atos relativos ao congelamento de
decapitais, bens direitos e valores, diretamente ou através fundos e recursos económicos, previstos na
das respetivas autoridades de supervisão, de fiscalização presente lei;
ou de inspeção. l) Receber, analisar e disseminar informação que
5. A notificação da designação conforme referido no possa facilitar o cumprimento da designação
número 3 deve ocorrer no mais curto tempo possível e de pessoas ou entidades;
é efetuada através de correio eletrónico, fax, correios, m) Apresentar relatório anual e dados estatísticos
pessoalmente, ou por telefone, sendo que neste último relativos ao processo de designação de pessoas
caso, deve ser posteriormente confirmada por escrito. ou entidades designadas, remoção, modificação,
6. As instituições financeiras e as Atividades e Profissões medidas restritivas e isenções; e
Não Financeiras Designadas devem congelar os fundos n) Estabelecer protocolos de cooperação de troca de
em até vinte e quatro horas após a recepção da notificação informação com as demais instituições.
do Procurador-geral da República ou Magistrado do
Ministério Público por ele designado. Artigo 21.º

7. Para a prossecução dos objetivos previstos nos números Início do processo de designação
2 e 3, o Procurador-geral da República pode solicitar O processo de designação das pessoas e entidades, a
informações a qualquer entidade pública ou privada. aplicação de medidas restritivas e a respetiva inclusão
8. Nenhum cidadão nacional e as pessoas ou entidades na Lista Nacional, tem lugar nos seguintes casos:
no território nacional devem disponibilizar fundos e a) Designações efetuadas por organismos internacionais
ativos a pessoas ou entidades designadas, nos termos competentes, designadamente Comités de
dos números 2 e 3. Sanções da Organização das Nações Unidas,
Artigo 20.º com base em atos internacionais relativos a
2 165000 005638

Competência da autoridade competente para a designação manutenção da paz e segurança internacional;

Compete ao Procurador-geral da República ou Magistrado b) Pedidos de designação.


do Ministério Público por ele designado, no âmbito do Artigo 22.º
processo de designação de pessoas ou entidades:
Submissão dos pedidos
a) Receber, analisar e decidir os pedidos de designação;
1. Podem submeter os pedidos de designação as seguintes
b) Receber, analisar e decidir os pedidos de modificação entidades:
de identificação inclusa na lista;
a) Autoridades nacionais competentes com atribuições
c) Receber e encaminhar os pedidos de revisão; de manutenção da paz e segurança nacional e
d) Receber, analisar e decidir os pedidos de isenção; internacional e com o combate ao terrorismo;
e) Analisar e deliberar sobre a adoção das Listas de b) A Unidade de Informação Financeira;
Sanções internacionais, exaradas e mantidas
pelos Comités de Sanções das Nações Unidas ou c) Entidades de regulação e supervisão, nos termos
por outros Organismos Internacionais, através da presente lei;
da designação nacional dos Estados, pessoas, d) Autoridades competentes pela designação em
grupos ou entidades, previamente designadas outras jurisdições;
por aquelas organizações, e respetiva inclusa
na Lista Nacional, assim como promover os e) Os Comités de Sanções do Conselho de Segurança
processos de revisão e atualização; das Nações Unidas.

f) Deliberar sobre os pedidos de designação, respetiva 2. Os pedidos devem conter, no mínimo, as seguintes
verificação, modificação, relativamente a informações:
designação para a Lista Nacional;
a) O motivo detalhado da designação, conforme os
g) Analisar e deliberar sobre os pedidos de remoção, números 1, 2 e 3 e no artigo 23.º;
respetiva verificação e solicitar recomendação
à autoridade competente pela revisão; b) A informação de identificação das pessoas e
entidades designadas;
h) Promover a remoção periódica da lista;
c) A medida restritiva aplicável a pessoa ou entidade
i) Analisar e deliberar sobre os pedidos de isenções designada; e
específicas e dos pedidos de isenção relativos
as medidas restritivas aplicadas as pessoas ou d) A documentação relevante necessária juntamente
entidades designadas; com o pedido que a sustente.

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 745


Artigo 23.º c) Local em que se encontra registada a sede;
Processo de designação nacional d) Data e número do registo;
1. O Procurador-geral da República pode designar um e) Motivo pelo qual o grupo ou a entidade é designada;
Estado, uma pessoa, grupo ou entidade nas seguintes
circunstâncias: f) Número de Identificação Fiscal;

a) Quando estiverem envolvidos ou associadas a g) Natureza do negócio; e


crimes de terrorismo, sejam:
h) Outra informação tida como relevante.
i. Pessoas singulares que cometam ou tentem Artigo 24.º
cometer qualquer ato terrorista, ou que nele
Inclusão na Lista e comunicação da designação
participem ou facilitem a prática de tal ato;
Decidida a designação de pessoas ou entidades, a
ii. Pessoas coletivas, grupos ou entidades que
autoridade competente deve:
cometam ou tentem cometer qualquer ato
terrorista, ou que nele participem ou facilitem a) Atualizar e republicar a Lista de pessoas ou entidades
a prática de tal ato; designadas no prazo de dois dias úteis apos a
publicação no Boletim Oficial da decisão que
iii. Pessoas coletivas, grupos ou entidades na
determinar a designação;
posse ou sob o controlo de uma ou mais pessoas
singulares ou coletivas, entidades ou organismos b) Notificar as pessoas ou entidades designadas
referidos em subalíneas anteriores; ou acerca da designação e dos motivos que a
fundamentaram;
iv. Pessoas singulares ou coletivas, grupos ou
entidades que atuem em nome ou sob as instruções c) Informar as entidades de regulação e supervisão
de uma ou mais pessoas ou coletivas, grupos ou relativamente sobre a designação.
entidades referidos em subalíneas i. e ii.
Artigo 25.º
b) Quando tal seja requerido por ato internacional Pedido de remoção da lista
2 165000 005638

relativo à manutenção da paz e segurança, tais


como as Resoluções do Conselho de Segurança 1. Qualquer pessoa ou entidade designada pode requerer
das Nações Unidas; e à autoridade competente nos termos da presente lei, por
escrito e devidamente fundamentada, a sua remoção da lista.
c) Quando for necessário à proteção da segurança
nacional. 2. A autoridade competente deve proceder à análise e
decidir o pedido de remoção, salvo nos casos em que um
2. A informação de identificação referente à pessoa ato internacional determine de forma contrária.
designada deve incluir:
3. Recebido o pedido, a autoridade competente envia-o
a) Nome; à autoridade de revisão para recomendação.
b) Nomes pelos quais é conhecido; 4. A autoridade de revisão decide, no prazo de dez dias, se
existe motivos razoáveis para recomendar ao Procurador-
c) Apelido; geral da República ou o Magistrado do Ministério Publico
d) Apelido de solteiro, caso aplicável; por ele designado a manutenção na lista ou a sua remoção.
5. A autoridade competente deve decidir o pedido,
e) Sexo;
no prazo de trinta dias, a contar data de receção da
f) Data e local de nascimento; recomendação da autoridade de revisão.

g) Nacionalidade; 6. Caso a autoridade competente não decidir no


prazo previsto, nem prorrogar o prazo de decisão por
h) Endereço; um período determinado, informando o requerente da
referida prorrogação, o pedido da remoção considera-se
i) Número de documento de identidade, com foto e tacitamente deferido.
assinatura;
7. Se a autoridade competente não estiver autorizada
j) Número de Identificação Fiscal; e a tomar a decisão de remoção do requerente da lista,
deve encaminhar o processo ao responsável nacional
k) Outra informação tida como relevante.
pela submissão dos pedidos internacionais ao órgão
3. A informação de identificação relativa ao grupo ou internacional competente, no prazo de quinze dias após
entidade designada deve incluir: a receção do pedido.

a) Denominação completa; 8. A autoridade competente deve informar tempestivamente


ao requerente referido no número 1 de qualquer decisão
b) Principais atividades; tomada de acordo com os números anteriores.

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746 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

9. A pessoa ou entidade designada não pode realizar b) Posterior alteração significativa dos fatos;
um outro pedido de remoção da lista, salvo se existir uma
modificação material nas circunstâncias do caso, após a c) Surgimento de novas provas;
submissão do último pedido. d) Morte da pessoa designada;
10. A decisão de remoção revogando a decisão de e) Liquidação da entidade designadas;
designação e publicado no Boletim Oficial.
f) O ato internacional no qual a designação se baseou
Artigo 26.º
já não se encontra em vigor;
Conteúdo do pedido de remoção
g) Outros fatores em virtude dos quais os critérios
O pedido deve conter: e condições de designação deixaram de estar
preenchidos.
a) Todos os elementos de identificação constantes da
lista em que o requerente se encontra designado; 6. Uma vez decidida a remoção da lista, a autoridade
competente deve proceder conforme alíneas do artigo 24.º.
b) O motivo da designação;
Artigo 28.º
c) As medidas restritivas que tenham sido aplicadas;
Pedidos de isenção
d) As razões pelas quais a pessoa ou entidade
designada efetua o pedido de remoção da lista e 1. A autoridade competente pode conceder isenções
a cessação da aplicação das respetivas medidas específicas de modo a garantir que as necessidades básicas
restritivas, designadamente: de pessoas ou entidades designada sejam satisfeitas, tais
como as despesas básicas e necessárias para o pagamento
i. Por erro comprovado de identificação; de certos tipos de comissões, encargos com serviços ou
para as despesas extraordinárias.
ii. Posterior alteração significativa dos fatos;
2. As pessoas ou entidades designadas podem fundamentar
iii. Surgimento de novas provas;
o pedido de isenção quando um ato internacional aplicável
iv. Outros fatos em virtude dos quais os critérios admita exceções às medidas restritivas.
2 165000 005638

e condições de designação deixaram de estar


3. O pedido de isenção deve ser efetuado pela pessoa ou
preenchidos;
entidade designada cujos fundos ou recursos económicos
v. Quaisquer outras informações consideradas foram congelados.
relevantes para a apreciação do pedido de
4. A autoridade competente deve fundamentar a recusa
remoção.
do pedido, por escrito, notificando o requerente.
Artigo 27.º
5. A concessão de isenções deve ser transparente,
Revisão da designação razoável e proporcional, de modo a garantir que:
1. A autoridade competente deve, no mínimo, proceder a) A finalidade para a qual a isenção é requerida e
anualmente à revisão da lista das pessoas e entidades comprovada, seja para as despesas básicas,
designadas, para determinar se existem indícios de que os extraordinárias, pagamentos contratuais ou
critérios de designação já não se encontram preenchidos com base em outras razoes fundamentadas;
pelas pessoas ou entidades designadas constantes da
lista por si elaborada. b) Os riscos de desvio dos pagamentos autorizados
para outras finalidades que não aquelas para
2. As pessoas ou entidades designadas devem ser as quais a isenção foi concedida, incluindo
removidas da lista, caso o ato internacional no qual se finalidades terroristas, são reduzidos; e
baseou a decisão da designação deixar de ser aplicável.
c) O ónus sobre o setor financeiro seja minimizado.
3. Se a designação nacional for baseada numa designação
efetuada pelo órgão competente das Nações Unidas, a 6. Se o pedido para a isenção estiver relacionado com
revisão da autoridade competente apenas se limita a uma pessoa ou entidade designada de acordo com atos
verificar se a designação se mantém aplicável. internacionais, incluindo as Resoluções da Organização
das Nações Unidas, quaisquer condições previstas
4. A autoridade competente deve verificar, caso a nos referidos atos internacionais devem ser tidas em
caso, se os critérios e condições que ditaram a decisão consideração pela autoridade competente.
de designação e aplicação de medidas restritivas, ainda
se encontram preenchidos, justificando a remoção ou 7. O pedido deve conter:
não das pessoas ou entidades designadas da lista ou a
modificação das medidas restritivas impostas. a) Lista das sanções, mantidas pelo Comité de Sanções,
criada pelo Conselho de Segurança das Nações
5. Para efeitos de revisão da lista, devem ser considerados, Unidas, através da Resoluções n.º 1267/1989;
designadamente, os seguintes fatos:
b) Lista Nacional mantida pela autoridade competente,
a) Erro comprovado de identificação; em conformidade com a presente lei;

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 747

c) Descrição do motivo do pedido de isenção; 2. A lista referida no número anterior é elaborada,


revista, atualizada e publicada pelo Comité de Sanções
d) Âmbito e duração da isenção; mencionado no número anterior, de acordo com os respetivos
e) Informação relativa as pessoas e entidades a quem critérios de designação e de revisão, não necessitando de
deve ser concedida a isenção; ser publicada em Boletim Oficial.
Artigo 31.º
f) Junto, toda a documentação relevante disponível
que suporte o pedido de isenção. Pedidos internacionais

8. O pedido é analisado e, se faltar algum documento a A autoridade competente deve ter em consideração
autoridade competente pode pedir informações adicionais ações e pedidos realizados por outros países relativamente
ao requerente, ou às entidades publicas ou privadas. a designação de pessoas e entidades designadas e
correspondente aplicação de medidas restritivas e decidir
9. Quando se trata de ato internacional conforme referido se medidas semelhantes são aplicáveis na República de
no número 2, a autoridade competente submete o pedido Cabo Verde, no âmbito da presente lei.
ao organismo internacional competente. Artigo 32.º
Artigo 29.º Cooperação
Concessão do pedido de isenção As pessoas singulares e coletivas, públicas ou particulares
devem cooperar com a autoridade competente e com as
1. Com vista à decisão relativa ao pedido de isenção
autoridades de regulação e supervisão no âmbito do
devem ser tidas em consideração:
cumprimento da presente lei.
a) As condições previstas no número 4 do artigo 27.º; Artigo 33.º

b) Quando aplicável, qualquer condições constantes Fornecimento de informação


ou estabelecidas em consequência do ato
1. Sem prejuízo do disposto nas normas relativas a
internacional relativo à manutenção da paz
confidencialidade e sigilo profissional, as pessoas singulares
e segurança.
e coletivas, publicas ou privadas, devem:
2 165000 005638

2. A decisão de concessão da isenção a deve incluir: a) Fornecer mediante solicitação da autoridade


a) Identificação das pessoas ou entidades a quem a competente, qualquer informação que possa
isenção é concedida; suportar a decisão de designação;
b) Facultar imediatamente a autoridade competente
b) Descrição dos atos permitidos de acordo com a
e as entidades de regulação e supervisão
isenção concedida;
quaisquer informações que possam facilitar o
c) Condições às quais a isenção se encontra sujeita; cumprimento da presente lei;

d) Período de duração e a data em que expira. c) Comunicar a autoridade competente e as entidades


de regulação e supervisão, sempre que detenham
3. A isenção pode ser modificada ou revogada a qualquer ou controlem fundos ou recursos económicos
momento, caso existam razões para o efeito. na posse ou detidas por pessoas ou entidades
designadas, durante um período de seis meses
4. A concessão, modificação ou revogação da isenção antes da entrada em vigor da presente lei.
deve ser informado:
2. A informação recebida deve ser utilizada apenas
a) Às pessoas ou entidades a quem a isenção seja para o fim para o qual se destina.
concedida;
3. A prestação de informação de boa-fé, no cumprimento das
b) Ao requerente do pedido de isenção; e obrigações previstas na presente Lei, por pessoas singulares
ou coletivas, publicas ou privadas, não consubstancia numa
c) Às entidades de regulação e supervisão. violação de qualquer obrigação de sigilo, nem acarreta
5. O pedido deve ser processado no prazo de 30 (trinta) qualquer responsabilidade aos prestadores da referida
dias, devendo ser priorizados os pedidos com fundamento informação.
em razões humanitárias com caráter urgente, em relação Artigo 34.º
aos procedimentos em curso.
Oposição às medidas de congelamento
Artigo 30.º
1. Qualquer pessoa singular ou coletiva cujos fundos ou
Processo de designação internacional ativos económicos foram congelados nos termos do artigo 11.º
pode impugnar aquela medida, através de reclamação,
1. As pessoas ou entidades designadas constante da devidamente fundamentada, para a autoridade competente,
Lista do Comité de Sanções das Nações Unidas, conforme que deve tomar uma decisão no prazo de dez dias.
a Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas
n.º 1267/1989, são designadas pelo referido Comité de 2. Da decisão referida no número anterior cabe recurso
Sanções. para os tribunais criminais a interpor nos termos gerais.

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748 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016


Artigo 35.º 2. Aos crimes previstos na alínea a) do número anterior
Acesso a fundos congelados não é aplicável o número 3 do artigo 4.º do Código Penal.

A autoridade competente para o congelamento dos Artigo 38.º


fundos ou de outros ativos económicos pode facultar o
Apreensão e perda
acesso aos mesmos, sempre que se revelem necessários
para o pagamento de despesas básicas ou de despesas Os bens, fundos ou outros ativos económicos utilizados
extraordinárias, em conformidade com a Resolução 1452 ou destinados a ser utilizados em atos de terrorismo ou
(2002), de 20 de dezembro de 2002 e depois de obtido o no financiamento de grupos, associações ou organizações
consentimento do Comité de Sanções, criado pela Resolução terroristas ou que foram congelados, podem ser apreendidos
1267 (1999), de 15 de outubro de 1999, das Nações Unidas. ou declarados perdidos por decisão transitada em julgado
CAPÍTULO III de um tribunal criminal, revertendo a perda a favor do
Estado.
DISPOSIÇÕES FINAIS
Artigo 36.º Artigo 39.º

Responsabilidade criminal das pessoas coletivas e entidades Prevenção e repressão


equiparadas

1. As pessoas coletivas e as entidades equiparadas são 1. Às infrações previstas nos artigos 3.º a 7.º da presente
responsáveis, nos termos gerais pelos crimes previstos lei é aplicável, com as devidas adaptações, o regime de
na presente lei. prevenção e repressão da lavagem de capitais previsto
na lei.
2. A responsabilidade das entidades referidas no número
anterior não excluiu a responsabilidade individual dos 2. Em circunstância alguma as considerações de ordem
respetivos agentes. política, filosófica, ideológica, racial, étnica, religiosa ou
3. Pelos crimes previstos no número 1 são aplicáveis às de outro tipo similar podem justificar atos criminosos
pessoas coletivas as seguintes penas principais: previstos na presente lei.

a) Multa; Artigo 40.º


2 165000 005638

b) Dissolução, somente decretada quando os sócios Valor das multas


da pessoa coletiva tenham tido a intenção,
exclusiva ou predominante de, por meio dela, Para efeitos previstos na presente lei, o valor de cada
praticar os crimes previstos no n.º 1 ou quando dia de multa é fixado em 5.000$00 (cinco mil escudos)
a prática reiterada de tais crimes mostre que e em 20.000$00 (vinte mil escudos) quando se tratar,
a pessoa coletiva ou equiparada está a ser respetivamente, de pessoa singular ou de pessoa coletiva
utilizada, exclusiva e predominantemente, para ou entidade equiparada.
esse efeito, quer pelos seus membros, quer por
Artigo 41.º
quem exerça a respetiva administração.
4. Se a multa for aplicada a uma entidade sem Punição de Atos Preparatórios
personalidade jurídica responde por ela o património
São punidos os atos preparatórios dos crimes previstos
comum e, na sua falta ou insuficiência, solidariamente,
na presente lei.
o património de cada um dos associados ou beneficiário
efetivo. Artigo 42.º
5. Pelos crimes previstos no número 1 podem ser aplicadas Direito subsidiário
às pessoas coletivas as seguintes penas acessórias:
a) Interdição temporária do exercício de uma atividade; São aplicáveis subsidiariamente à matéria constante
da presente lei as disposições do Código Penal e do Código
b) Privação do direito a subsídios ou a subvenções de Processo Penal.
outorgados por entidades ou serviços públicos;
Artigo 43.º
c) Publicidade da decisão condenatória.
Artigo 37.º Alteração ao Código Penal

Aplicação no espaço
O artigo 373.º do Código Penal, aprovado pelo Decreto
1. Para efeitos da presente lei, e salvo tratado ou convenção Legislativo n.º 4/2003, de 18 de Novembro, passa a ter a
internacional em contrário, a lei penal de Cabo Verde é seguinte redação:
aplicável aos fatos cometidos fora do território nacional:
«Artigo 373.º
a) Quando constituírem os crimes previstos nos
artigos 3.º e 5.º; Atos preparatórios não tipificados

b) Quando constituírem os crimes previstos nos artigos São punidos os atos preparatórios dos crimes previstos
4.º, 6.º e 7.º, desde que o agente seja encontrado nos artigos 268.º, 306.º, 307.º, 308.º, número 1, 309.º,
em Cabo Verde e não possa ser extraditado. números 1 e 2 e 313.º.»

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 749


Artigo 44.º b) «Banca correspondente»: a prestação de serviços
Revogação
bancários por um banco a outro banco;

São revogados os artigos 315.º e 316.º do Código Penal. c) «Banco de fachada»: banco que não dispõe de
qualquer presença física no país no qual
Artigo 45.º esteja constituído e autorizado, e que não se
Entrada em vigor integra num grupo financeiro regulado sujeita
à supervisão consolidada e efetiva;
A presente lei entra em vigor no dia seguinte ao da
sua publicação. d) «Beneficiário»: pessoa singular ou coletiva ou
entidade sem personalidade jurídica identificadas
Aprovada em 28 de Novembro de 2012. pelo ordenante como recetoras da transferência
eletrónica solicitada;
O Presidente da Assembleia Nacional, em exercício,
Júlio Lopes Correia e) «Beneficiário efetivo»: pessoa singular proprietária
última ou que detém o controlo final de um
Promulgada em 16 de Janeiro de 2013.
cliente e/ou a pessoa singular por conta da qual
Publique-se. é efetuada uma operação. Inclui também as
pessoas que controlam efetivamente uma pessoa
O Presidente da República, JORGE CARLOS DE coletiva ou uma entidade sem personalidade
ALMEIDA FONSECA. jurídica.
Assinada em 17 de Janeiro de 2013. f) «Bens»: ativos de qualquer tipo, designadamente:
O Presidente da Assembleia Nacional, em exercício, i. Corpóreos ou incorpóreos, móveis ou imóveis,
Júlio Lopes Correia. tangíveis ou intangíveis, adquiridos por qualquer
meio, de origem legítima ou ilegítima, e os
–––––– documentos ou instrumentos jurídicos que
Lei n.º 120/VIII/2016 atestam a propriedade ou outros direitos sobre
os referidos ativos;
2 165000 005638

de 24 de março
ii. Bens detidos pelo agente criminoso ou por
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta, terceiro, transferidos pelo agente criminoso
nos termos da alínea b) do artigo 175º da Constituição, para terceiro, permanecendo o primeiro com
o seguinte: direitos, tais como o direito de posse, usufruto,
Artigo 1.º direito de natureza hereditária, entre outros
de natureza obrigacional e real sobre o bem
Alteração
transferido;
São alterados os artigos 2.º, 3.º, 4.º, 5.º, 7.º, 8.º, 9.º, 10.º,
iii. Bens ou direitos obtidos mediante transação
12.º, 13.º, 14.º, 15.º, 16.º, 17.º, 18.º, 19.º, 20.º, 21.º, 23.º, 24.º,
ou troca com os bens obtidos por meio da prática
28.º, 31.º, 42.º, 43.º, 44.º e 46.º da Lei n.º 38/VII/2009, de
do fato ilícito típico;
27 de Abril, que passam a ter a seguinte redação:
“Artigo 2.º
iv. Direitos, direta ou indiretamente, obtidos
por meio do fato ilícito típico ou direitos sobre
[…] os bens obtidos direta ou indiretamente pela
prática do fato ilícito típico;
1. Para efeitos da presente lei, entende-se por:
v. Bens transformados ou misturados com os bens
a) «Autoridade competente»: todas as autoridades
provenientes da prática do crime de lavagem
públicas a quem foram atribuídas responsabilidades
de capitais.
no combate à lavagem de capitais ou crimes
subjacentes associados, designadamente: g) «Boa-fé»: ignorância desculpável de que os bens,
i. A Unidade de Informação Financeira (UIF); direitos, valores ou vantagens do crime se
relacionavam com atividades ilícitas;
ii. Os órgãos de polícia criminal;
h) «Caráter inabitual da operação»: operação isolada
iii. As autoridades judiciárias; em que ainda assim se não justifique em
virtude de, no caso concreto, não ser habitual
iv. As que recebem declarações sobre o transporte a sua prática;
transfronteiriço de numerário e de instrumentos
negociáveis ao portador; i) «Confisco»: a perda definitiva de bens ou vantagens
do crime, por decisão de um tribunal;
v. As com responsabilidades de regulação e
supervisão, para garantir que as entidades j) «Congelamento» ou «apreensão»: a proibição
sujeitas cumprem as suas obrigações de prevenção temporária de transferir, converter, alienar,
à lavagem de capitais. dispor ou movimentar bens ou fundos ou outros

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750 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

ativos económicos pertencentes a indivíduos ou r) «Natureza da operação»: tipo ou género de operação


entidades de que se suspeite estarem envolvidos ou uma série de operações suscetíveis de, por
em lavagem de capitais; si só, ser indiciadora da prática do crime de
lavagem de capitais;
k) «Entidades sujeitas»: são as instituições financeiras
e as atividades e profissões não financeiras s) «Organização sem fins lucrativos – OSFL»:
designadas, obrigadas ao cumprimento dos organização que tem por principal objeto a
deveres de prevenção em matéria de lavagem recolha e a distribuição de fundos para fins
de capitais e financiamento da proliferação das caritativos, religiosos, culturais, educacionais,
armas de destruição em massa, constantes do sociais ou fraternais ou para outras finalidades
artigo 3.º-A; similares;
l) «Entidades de regulação e supervisão»: as entidades t) «Pessoas politicamente expostas - PEP»: as pessoas
referidas no artigo 4.º com as competências de nacionais ou estrangeiras, a quem estão ou
prevenção dos crimes de lavagem de capitais, foram cometidas funções públicas proeminentes,
ali definidas; bem como os membros próximos da sua família
m) «Falsa declaração»: declaração incorreta do e pessoas que reconhecidamente tenham com
montante de numerário ou de instrumentos elas estreitas relações de natureza societária
negociáveis ao portador transportado ou ou comercial;
uma declaração incorreta de qualquer outra u) «Títulos ao portador»: instrumentos monetários
informação relevante exigida ou de outra na forma ao portador como cheques, cheques
forma solicitada pelas autoridades. Este termo de viagem e promissórias;
abrange igualmente a falta de declaração tal
como exigida; v) «Transação suspeita»: transação que é invulgarmente
complexa, que não tenha objeto legítimo
n) «Fundos»: quaisquer bens corpóreos ou incorpóreos,
aparente, não congruente com os negócios
tangíveis ou intangíveis, móveis ou imóveis,
habituais do cliente ou que a instituição
independentemente da forma como sejam
financeira ou atividades e profissões não
adquiridos, e os documentos ou instrumentos
financeiras designadas acreditem poder estar
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jurídicos sob qualquer forma, incluindo a


relacionada com um ato criminoso ou constituir
eletrónica ou digital, que comprovem o direito
o lucro da atividade criminosa. As operações
de propriedade ou outros direitos sobre esses;
suspeitas incluem tentativas de operações;
o) «Infração principal»: fato ilícito, típico e punível
w) «Transporte físico transfronteiras»: todas as
com pena de prisão de que derive um bem que
entradas ou saídas físicas de numerário ou de
possa passar a constituir objeto de uma infração
instrumentos negociáveis ao portador de um
definida no artigo 24.º;
país para outro, designadamente:
p) «Instrumentos negociáveis ao portador»:
instrumentos monetários ao portador, tais como: i. Na sua bagagem ou veículo;

i. Cheques de viagem; ii. Através de um contentor;

ii. Instrumentos negociáveis, incluindo cheques, iii. Remessa postal;


notas promissórias e ordens de pagamento, que
sejam ao portador, endossados sem restrição, x) «Unidade de Informação Financeira-UIF»: Serviço
feitos para um beneficiário fitício ou em tal de informação financeira que funciona como
forma que a titularidade seja transferível com centro nacional para receber, requerer, analisar
a entrega; e difundir informação relativa a eventuais
atividades de lavagem de capitais. A sua
iii. Instrumentos incompletos, incluindo cheques, organização, competência e funcionamento são
notas promissórias e ordens de pagamento, regulados em diploma próprio;
assinados, mas em que seja omisso o nome do
beneficiário; y) «Valor envolvido na operação» valor que, de
acordo com o critério de razoabilidade no caso
q) «Movimento físico transfronteiriço»: qualquer concreto, indicia a possibilidade de existência
entrada ou saída física de numerário ou de de lavagem de capitais;
instrumentos negociáveis ao portador de um
país para outro, seja através de: z) «Vantagens do crime»: bens de qualquer tipo,
direitos ou valores provenientes da prática,
i. Transporte físico por uma pessoa singular ou sob qualquer forma de comparticipação, de
na sua bagagem ou veículo; fato ilícito, típico e punível com pena de prisão,
ii. Envio de numerário através de um contentor, ou; assim como os bens que com eles se obtenham;

iii. Remessa postal de numerário ou de instrumentos aa) «Volume da operação» quantidade de operações
negociáveis ao portador por uma pessoa singular sucessivas de igual natureza que, por si só,
ou coletiva. não se justifique.

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 751

2. Para os efeitos previstos na alínea t) do número pessoa politicamente exposta de uma pessoa
anterior, e nos termos da presente lei, consideram-se coletiva, ou que com ele tenha relações comerciais
PEP designadamente: próximas;

a) “Funções públicas proeminentes”: ii. Qualquer pessoa singular que seja proprietária
do capital social ou dos direitos de voto de uma
i. Chefe de Estado; pessoa coletiva, que seja notoriamente conhecido
como tendo como único beneficiário efetivo a
ii. Chefe do Governo;
pessoa politicamente exposta.
iii. Membros do Tribunal Constitucional, do Artigo 3.º
Supremo Tribunal de Justiça, do Tribunal de
[…]
Contas, de tribunais superiores e de outros
órgãos judiciais de alto nível, cujas decisões Ao crime previsto na presente lei são subsidiariamente
não são habitualmente suscetíveis de recurso, aplicáveis as normas do Código Penal, Código de Processo
salvo em circunstâncias excepcionais; Penal, a lei que estabelece os princípios gerais da cooperação
judiciária internacional em matéria penal.
iv. Membros do Governo;
Artigo 4.º
v. Membros de família reais;
Entidades de regulação e supervisão
vi. Parlamentares;
São entidades de regulação e supervisão:
vii. Altos responsáveis dos partidos políticos; a) O Banco de Cabo Verde, para as instituições
viii. Embaixadores, Chefes de missões diplomáticas financeiras referidas no artigo 5.º;
e postos consulares; b) A Inspeção-geral de Jogos para pessoas físicas ou
coletivas que exploram casinos, jogos de fortuna
ix. Oficiais Superiores das Forças Armadas e da
ou azar, lotarias, apostas mútuas e promotores
Polícia;
de jogos de fortuna ou azar;
x. Presidentes das Câmaras Municipais;
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c) A Ordem dos Advogados, relativamente aos


xi. Os membros do Conselho ou Direção do Banco Advogados e Solicitadores;
Central; d) A Direção-geral dos Registos, Notariado e
xii. Dirigentes dos ministérios; Identificação, relativamente aos Notários e
Conservadores dos Registos;
xiii. Membros dos órgãos executivos de organizações
e) A Direção Nacional das Receitas do Estado,
de Direito Internacional;
relativamente à Direção das Alfândegas;
xiv. Membros dos órgãos de administração, f) A Inspeção-geral das Construções e da Imobiliária
da direção ou de fiscalização das empresas e relativamente às entidades que exerçam
públicas, do Conselho de Administração das atividades de promoção imobiliária, mediação
Autoridades Administrativas Independentes, e imobiliária, compra e venda de imóveis bem
de sociedades anónimas de capitais exclusiva ou como entidades construtoras que procedam à
maioritariamente públicos, institutos públicos, venda direta de imóveis;
fundações públicas, estabelecimentos públicos,
qualquer que seja o modo da sua designação, g) A Ordem dos Profissionais Auditores e Contabilistas
incluindo os órgãos de gestão das empresas certificados, relativamente aos Auditores,
integrantes dos setores empresariais e locais; Contabilistas e Consultores fiscais;

xv. Diretores, Diretores-adjuntos e Membros h) A Inspeção-geral das Atividades Económicas,


do Conselho de Administração e pessoas que relativamente aos comerciantes de bens de
exerçam funções equivalentes em organização valor elevado, nomeadamente veículos, obras
internacional; de arte, antiguidades e joias;

b) “Membros próximos da família”: i) A Plataforma das ONG’s, relativamente às


Organizações Sem Fins Lucrativos;
i. O cônjuge ou unido de fato;
j) A Unidade de Informação Financeira, relativamente
ii. Os pais, os filhos e os respetivos cônjuges ou às entidades que não estejam sujeitas à
unidos de fato, os irmãos; supervisão de outra autoridade.
Artigo 5.º
c) “Pessoas com reconhecidas e estreitas relações de
natureza societária ou comercial”: […]

i. Qualquer pessoa singular, que seja notoriamente 1. Estão obrigadas ao cumprimento dos deveres
conhecida como proprietária conjunta com a previstos na presente lei as instituições financeiras e as

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752 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

atividades e profissões não financeiras designadas que 6. São atividades e profissões não financeiras designadas:
tenham a sua sede no território nacional, assim como as
suas sucursais, filiais e outras formas de representação a) Os casinos, incluindo os casinos online;
que estejam sediadas aqui ou no exterior. b) As entidades pagadoras de prémios de apostas ou
lotarias, sempre que procedam a pagamentos
2. São instituições financeiras:
a vencedores de prémios de apostas ou lotarias
a) As instituições de crédito, designadamente: de montante igual ou superior a 300.000$00
(trezentos mil escudos);
i. Os bancos;
c) As pessoas responsáveis pela gestão, exploração
ii. As sociedades de investimento; e comercialização de lotarias e outros jogos de
azar respeitante às operações de pagamento
iii. As sociedades de locação financeira; de prémios;
iv. As sociedades de fatoring; d) As pessoas, físicas ou jurídicas, que se dedicam
v. As sociedades financeiras para aquisições e habitualmente ao comércio ou organizam a
crédito; venda de joias, pedras ou metais preciosos,
objetos de arte ou antiguidades;
vi. As sociedades emitentes ou gestoras de cartões
e) Os comerciantes de veículos;
de crédito;
f) As entidades que exerçam atividades de promoção
vii. As sociedades de garantia mútua; imobiliária, mediação imobiliária, compra e venda
viii. As sociedades de desenvolvimento regional; de imóveis, bem como entidades construtoras
que procedam à venda direta de imóveis;
ix. Outras que como tal sejam qualificadas pela lei;
g) Os comerciantes que transaccionem bens cujo
b) As instituições de moeda eletrónica; pagamento seja efetuado em numerário, em
montante igual ou superior a 1.000.000$00 (um
c) As seguradoras e as sociedades gestoras de fundos milhão de escudos), independentemente de a
de pensões;
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transação ser realizada através de uma única


d) Os fundos de pensões e os organismos de operação ou de várias operações aparentemente
investimento coletivo desde que dotadas de relacionadas entre si;
personalidade jurídica; h) As organizações sem fins lucrativas, nos termos
estabelecidos pelo artigo 20.º-A;
e) As sociedades gestoras de fundos de investimento
e as sociedades depositárias de valores afetos i) Os advogados, solicitadores, notários, conservadores
a fundos de investimento, de acordo com o dos registos, outras profissões jurídicas
Decreto-lei n.º 15/2005, de 14 de fevereiro; independentes, auditores, contabilistas e
consultores fiscais, quando intervenham ou
f) Sociedades de gestão financeira;
assistam, a título profissional, em operações de:
g) Sociedade de capital de risco; i. Compra e venda de bens imóveis, estabelecimentos
h) As agências de câmbio. comerciais e participações sociais;
ii. Gestão de fundos, valores mobiliários ou outros
3. São igualmente consideradas instituições financeiras:
ativos do cliente;
a) As instituições de autorização restrita;
iii. Abertura e gestão de contas bancárias, de
b) As sociedades de entrega rápida de valores em poupança ou de valores mobiliários;
numerário; iv. Organização de contribuições destinadas à
c) As entidades referidas como sujeitas à supervisão criação, exploração ou gestão de sociedades;
da Auditoria Geral do Mercado de Valores v. Criação, operação e gestão de pessoas coletivas
Mobiliários, nos termos do Código do Mercado ou de entidades sem personalidade jurídica e
de Valores Mobiliários; compra e venda de entidades comerciais;
d) Os serviços postais, na medida em que prestem vi. Alienação e aquisição de direitos sobre praticantes
atividades financeiras ao público. de atividades desportivas profissionais;
4. Ainda, consideram-se instituições financeiras outras j) Os prestadores de serviços a sociedades e a fundos
definidas em legislação específica. fiduciários sempre que preparem ou efetuem
operações para um cliente no quadro das
5. São abrangidas também as sucursais, filiais e agências
seguintes atividades:
situadas em território nacional, das entidades referidas no
número anterior que tenham a sua sede no estrangeiro, i. Atuação como agentes na constituição de pessoas
bem como as sucursais financeiras exteriores. coletivas;

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 753

ii. Atuação como administradores ou secretários de movimentos físicos transfronteiriços de moeda


uma sociedade, associados de uma sociedade de estrangeira ou de instrumentos negociáveis ao
pessoas ou como titulares de posições semelhantes portador, ou o seu registo e ficar disponível para
em relação a outras pessoas coletivas ou procedam a UIF, o Banco de Cabo Verde e as autoridades
às diligências necessárias para que um terceiro judiciárias e policiais competentes;
atue das formas referidas;
g) Emitir procedimentos e regras relacionados com
iii. Fornecimento de sede social, endereço comercial, a implementação do presente artigo;
instalações ou endereço administrativo ou postal a
uma sociedade ou a qualquer outra pessoa coletiva h) Criar um sistema de manutenção de informações
ou a entidades sem personalidade jurídica; e registo dos montantes em moedas ou
instrumentos negociáveis ao portador, bem
iv. Atuação como administrador de um fundo como dos dados de identificação do portador,
fiduciário explícito ou o exercício de função sempre que uma declaração ultrapasse o
equivalente para outros tipos de entidade limite previsto, uma declaração seja falsa ou
sem personalidade jurídica ou procedam às se suspeite de lavagem de capitais;
diligências necessárias para que outra pessoa
atue das formas referidas; i) Em caso de apreensão do montante superior ao
declarado ou não declarado, as instituições
v. Intervenção como acionistas por conta de outra envolvidas devem respeitar os procedimentos
pessoa ou procedam às diligências necessárias previstos em legislação.
para que outra pessoa intervenha dessa forma.
3. A obrigação de declaração não é reputada executada
k) As outras atividades e profissões que vierem a ser
se as informações fornecidas são incorretas ou incompletas.
designadas por lei.
Artigo 7.º 4. O disposto no número 2 também se aplica às pessoas
que transportem metais e pedras preciosas.
Dever de declaração de transportes físicos transfronteiriços

1. As pessoas, nacionais ou estrangeiras, que entram 5. É proibida a circulação da moeda não declarada,
ou saem do território caboverdiano, devem declarar, ou falsamente declarada até se determinar se ela está
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por escrito as divisas ou títulos ao portador ou moeda relacionada com a lavagem de capitais.
eletrónica, por qualquer meio, sempre que o montante
6. Havendo falsas declarações sobre a origem das divisas
transportado seja igual ou superior a 1.000.000$00 (um
e títulos ao portador, a quantidade não declarada de moedas
milhão de escudos) ou equivalente em moeda estrangeira.
nacional, estrangeira ou de instrumentos negociáveis ao
2. A Direção das Alfândegas deve: portador, o transportador/detentor sujeita-se ao crime por
falsas declarações previstas em legislação penal.
a) Por sua própria iniciativa, informar, de imediato a
UIF, sempre que saiba, suspeite ou tenha razões 7. A obrigação de monitorizar a circulação de moeda e
suficientes para suspeitar que teve lugar, está em instrumentos negociáveis ao portador também se aplica ao
curso ou foi tentada a realização de movimentos fluxo de moeda através do correio e do uso de contentores.
físicos transfronteiriços de moedas nacional,
estrangeira ou de instrumentos negociáveis ao 8. Do montante apreendido lavra-se um auto que é
portador, suscetíveis de estarem associados à remetido ao Banco de Cabo Verde, devendo este conservá-lo
prática de crime de lavagem de capitais; até decisão da autoridade judiciária.

b) Enviar a informação resultante destas declarações Artigo 8.º


à UIF; […]
c) Proceder à identificação do transportador de
1. As entidades sujeitas devem identificar os seus clientes,
espécies e instrumentos ao portador do montante
regulares ou ocasionais e verificar as suas identidades,
previsto no número anterior;
do beneficiário, fundador, administrador ou outra pessoa
d) Exigir informações aos transportadores sobre a com controlo efetivo dos fundos fiduciários sempre que
origem das divisas e títulos ao portador e a com eles estabeleçam qualquer relação de negócio.
que se destinam;
2. As entidades sujeitas devem identificar e verificar
e) Apreender ou reter a totalidade do montante de a identidade dos seus clientes e do beneficiário efetivo,
divisas ou dos títulos ao portador não declarados, quando:
sempre que exista uma suspeita de lavagem de
capitais ou sempre que tenham sido apresentadas a) Pretender abrir conta ou estabelecer uma relação
falsas declarações às autoridades alfandegárias, de negócio comercial com um cliente;
incumbindo tal tarefa ao agente aduaneiro
b) Realizar transações ocasionais no montante
responsável pelo turno, por um período nunca
igual ou superior a 1.000.000$00 (um milhão
inferior a 6 meses;
de escudos) independentemente de se tratar
f) Conservar pelo prazo de sete anos toda a de uma única transação ou várias transações
documentação recolhida relativamente a aparentemente conexas;

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754 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

c) Realizar transferência nacional ou internacional controlo do cliente e determinar a identidade


no montante igual ou superior a 1.000.000$00 da pessoa singular que efetivamente detêm
(um milhão de escudos) em nome de um cliente; poderes ou controlam o cliente;
d) Existir suspeita que as operações, b) Compreender e, quando adequado, obter informação
independentemente do seu valor e de qualquer sobre o objeto e a natureza da relação de negócio;
excepção ou limiar, possam estar relacionados
com o crime de lavagem de capitais, tendo c) Manter atualizados os elementos de informação
em conta nomeadamente a sua natureza, obtidos no decurso da relação de negócio.
complexidade, caráter atípico ou não habitual d) Manter uma vigilância contínua sobre a relação de
em relação ao perfil ou atividade do cliente, negócio e examinar atentamente as operações
valores envolvidos, frequência, local de origem realizadas no decurso dessa relação, para
e destino, situação económica e financeira dos assegurar que essas operações são consistentes
intervenientes ou meios de pagamento utilizados; com o conhecimento que a instituição tem do
e) Existir dúvidas acerca da veracidade ou adequação cliente, dos seus negócios e do seu perfil de risco,
de dados de identificação do cliente previamente incluindo, se necessário, a origem dos fundos.
obtidos. 2. Essas medidas devem ser adotadas sempre que:
3. É proibido manter relação negocial ou realizar a) Estabeleçam relações de negócio;
operações com pessoas físicas ou jurídicas que não tenham
sido devidamente identificadas. É vedada, em particular, b) Efetuem transações ocasionais, acima de
a abertura, contratação ou manutenção de contas, ativos 1.000.000$00 (um milhão de escudos);
ou instrumentos numerados, cifrados, anónimos ou com
nomes fitícios. c) Exista suspeita de lavagem de capitais; ou

4. Os elementos relativos à identificação do cliente d) Tenha dúvidas quanto à veracidade ou à adequação


devem ser anotados, por escrito, em impresso próprio dos dados de identificação do cliente previamente
ou no documento comprovativo da operação realizada. obtidos.
3. Quando as entidades sujeitas não puderem dar
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5. A identificação de centros de interesses coletivos


sem personalidade jurídica constituídos de acordo com o cumprimento ao previsto nas alíneas a) e b) do número
direito estrangeiro ou instrumentos legais semelhantes, 1, não deve abrir a conta, iniciar a relação de negócio
sem personalidade jurídica, deve incluir a obtenção e ou efetuar a operação, ou ainda, fazer cessar a relação
verificação do nome dos administradores, instituidores de negócio e, considerar a possibilidade de fazer uma
e beneficiários. comunicação de operação suspeita à UIF.

6. Sempre que a entidade sujeita tenha conhecimento 4. Os procedimentos de diligência relativos à clientela
ou fundada suspeita de que o cliente não atua por conta são aplicáveis quer aos novos clientes, quer aos existentes,
própria, deve tomar medidas adequadas que lhe permitam de modo regular e em função do nível de risco existente.
conhecer a identidade da pessoa ou entidade por conta
5. Considerando a avaliação do risco representado pelo
de quem o cliente está a atuar, nomeadamente dos
tipo de cliente, pela relação de negócio ou transação, as
beneficiários efetivos.
entidades de regulação e supervisão podem determinar,
7. As entidades sujeitas devem também verificar se através de regulamento, as situações em que as obrigações
os representantes dos clientes se encontram legalmente constantes previstas na presente lei podem ser reduzidas
habilitados a atuar em seu nome ou representação. ou simplificadas, em relação à identificação e verificação
da identidade do cliente ou do beneficiário efetivo.
8. A obrigação de identificação prevista no presente
artigo aplica-se também aos clientes já existentes quanto 6. Para além da identificação dos clientes, dos seus
às operações em curso e às futuras. representantes e dos beneficiários efetivos as entidades
sujeitas devem:
9. A verificação da identidade dos clientes existentes
será objecto de regulamentação emitida pelas autoridades a) Obter informação sobre a finalidade e a natureza
de regulação e supervisão, no prazo de cento e oitenta pretendida da relação de negócio;
dias após a entrada em vigor da presente lei.
b) Obter informação relativa a clientes que sejam
Artigos 9.º pessoas coletivas ou entidades sem personalidade
Dever de diligência relativo ao cliente jurídica, que permita compreender a estrutura
de propriedade e de controlo do cliente;
1. As entidades sujeitas devem adotar, para além da
identificação dos clientes, representantes e beneficiários c) Obter informação, quando o perfil de risco do
efetivos, as seguintes medidas de diligência em relação cliente ou as caraterísticas da operação o
aos clientes: justifiquem, sobre a origem e o destino dos
fundos movimentados no âmbito de uma relação
a) Tomar medidas adequadas que lhes permitam de negócio ou na realização de uma transação
compreender a estrutura de propriedade e de ocasional;

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 755

d) Manter um acompanhamento contínuo da relação sua atividade e a conhecerem, a partir de


de negócio, a fim de assegurar que tais operações informações publicamente disponíveis, a
são consistentes com o conhecimento que a reputação da instituição e a qualidade da sua
instituição possui do cliente, dos seus negócios supervisão, nomeadamente para o efeito de
e do seu perfil de risco, incluindo se necessário verificarem se a instituição em causa foi objeto
a origem dos fundos; de uma investigação ou de uma intervenção da
autoridade de supervisão, relacionada com a
e) Manter atualizados os elementos de informação lavagem de capitais;
obtidos no decurso da relação de negócio.
b) Avaliar os controlos existentes na instituição
7. Salvo quando existam suspeitas de lavagem de capitais, que solicita a relação de correspondência, em
as entidades sujeitas ficam dispensadas do cumprimento matéria de prevenção à lavagem de capitais;
dos deveres enunciados nos números 1 e 2 deste artigo e
no artigo 8.º, nas situações em que o cliente seja: c) Obter a aprovação da sua alta direção antes de
estabelecerem novas relações de correspondência;
a) Estado, autarquias ou pessoa coletiva de direito
público, de qualquer natureza; d) Recolher informação sobre a natureza das atividades
da instituição que solicita a relação;
b) Entidade que presta serviços postais;
e) Avaliar a reputação da instituição que solicita a
c) Autoridade ou organismo público sujeito a práticas
relação e a natureza da supervisão a que está
contabilísticas transparentes e objeto de
sujeita, de acordo com a informação disponível
fiscalização.
publicamente;
8. Nos casos previstos no número anterior, as entidades
f) Determinar se a instituição foi sujeita a investigação
sujeitas devem, em qualquer caso, recolher informação
ou a medida regulamentar envolvendo crime
suficiente para verificar se o cliente se enquadra numa
de lavagem de capitais;
das categorias ou profissões, bem como acompanhar a
relação negocial de forma a poder detetar transações g) Compreender claramente as responsabilidades
complexas ou de valor anormalmente elevado que não de cada instituição;
aparentem ter objetivo económico ou fim lícito.
h) Quanto às contas correspondentes de transferência,
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9. Excetuando-se as situações de suspeitas de lavagem que se assegurem de que o banco cliente aplicou
de capitais, as entidades financeiras ficam dispensadas as medidas de diligência contínua relativamente
do cumprimento dos deveres enunciados nos artigos 8.º à clientela que tem acesso direto às contas
e 9.º, nas seguintes situações: do banco correspondente, e de que aquele
banco está habilitado e capacitado a fornecer
a) Nos contratos de seguro Vida e de fundos de
os dados adequados sobre a identificação dos
pensões ou produtos de aforro de natureza
seus clientes, quando tal lhe for solicitado pelo
semelhante cujo prémio ou contribuição anual
banco correspondente.
não seja superior a 110.000$00 (cento e dez
mil escudos) cujo prémio único não exceda Artigo 12.º
220.000$00 (duzentos e vinte mil escudos); […]

b) Nos contratos de seguro associados a planos de 1. As entidades sujeitas podem recorrer a terceiros ou
pensão desde que não contenham uma cláusula intermediários para realizar a identificação e verificação
de resgate nem possam ser utilizados para da identificação dos clientes, se estiverem assegurados
garantir empréstimos; os seguintes critérios:
c) Nos regimes de pensão, planos complementares de a) Quando solicitados, possam fornecer imediatamente
pensão ou regimes semelhantes de pagamento cópias dos documentos de identificação dos
de prestações de reforma aos trabalhadores clientes e beneficiários efetivos bem como
assalariados, com contribuições efetuadas verificar a sua identidade e outros documentos
mediante dedução nos salários e cujo regime relacionados com a obrigação de diligência;
vede aos beneficiários a possibilidade de
transferência de direitos. b) Estejam estabelecidos em Cabo Verde ou noutro
Estado cuja legislação imponha obrigações
Artigo 10.º
de diligência equivalentes às exigidas pela
Bancos correspondentes presente lei e se encontrem sujeitos a supervisão
As instituições financeiras, no que respeita às suas adequada;
relações transfronteiras entre bancos correspondentes c) Tenham a possibilidade de compreender e, quando
e a outras relações semelhantes, além da aplicação das adequado, obter informação sobre o objeto e a
medidas de diligência relativas à clientela, devem: natureza da relação de negócio;
a) Recolher informações suficientes sobre a instituição d) Estejam sujeitos a regulação e supervisão, bem como
que solicita a relação e com quem executam adotar providências destinadas ao cumprimento
a relação de correspondência, de modo a das obrigações de diligência relativas à clientela
compreenderem plenamente a natureza da e de conservação de documentos.

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756 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

2. Sem prejuízo do referido no número anterior, a a verificação da identidade pode ser complementada por
responsabilidade pelo cumprimento dos deveres contidos documentos ou informações suplementares consideradas
na presente Lei continua a caber à entidade obrigada que adequadas para verificar ou certificar os dados fornecidos
recorreu a terceiros. pelo cliente.

3. No caso de operações financeiras realizadas 5. Ainda, as entidades sujeitas devem aplicar medidas
internacionalmente e sem contato pessoal com o cliente, de vigilância reforçadas:
caso subsistam dúvidas sobre a identidade do mesmo e o
montante ou a natureza da operação o justificarem, pode a) Para clientes, relações de negócio ou operações
ser solicitado ao beneficiário da operação que a identificação em categorias de risco mais elevadas;
e a natureza da operação sejam comprovadas por uma
instituição financeira reconhecidamente idónea. b) Aos clientes anteriores à promulgação do presente
diploma, em função do nível de relevância e
4. As instituições financeiras devem sempre, na risco, e cumprir o dever de vigilância sobre
determinação dos países em que podem estar estabelecidos os essas relações.
terceiros que cumprem os critérios, atender às informações
disponíveis sobre o nível de risco associado a esses países. 6. As instituições financeiras devem aplicar medidas de
diligência reforçadas a relações de negócio e operações com
Artigo 13.º pessoas, singulares e coletivas, e instituições financeiras
de países com um risco mais elevado de lavagem de
Dever de recusa de realização das operações
capitais para esse efeito designados pelo Grupo de Ação
Financeira Internacional, os quais devem ser eficaz e
1. As entidades sujeitas devem recusar o início da
proporcional aos riscos.
relação de negócio, a realização da operação pretendida:
7. As entidades sujeitas devem considerar a possibilidade
a) Em caso de ausência de identificação do cliente ou
de fazer uma declaração suspeita quando:
do representado ou beneficiário efetivo;
a) Se vê impossibilitada de verificar a identidade do
b) Se não for fornecida a informação sobre a estrutura
cliente ou do beneficiário efetivo;
de propriedade e controlo do cliente, a natureza
2 165000 005638

e a finalidade da relação de negócio; b) Iniciou uma relação de negócio e se vê


impossibilitada de verificar satisfatoriamente a
c) Se não se conhece a origem e o destino dos fundos
identidade do cliente ou do beneficiário efetivo
nos casos previstos na presente lei.
e, ainda pôr termo à relação de negócio.
Artigo 14.º
Artigo 15.º
[…]
[…]

1. Sem prejuízo do cumprimento do disposto nos artigos 1. As entidades sujeitas devem conservar, por um
8.º e 12.º, as entidades sujeitas devem aplicar medidas período mínimo de sete anos após o momento em que
acrescidas de diligência em relação aos clientes e às foi efetuada a transação ou a partir do fim da relação
operações, atendendo à natureza, complexidade, volume, de negócio ou após a data da transação, sob qualquer
caráter não habitual, ausência de justificação económica forma de suporte, os originais ou cópias dos seguintes
ou suscetibilidade de enquadrar num tipo legal de crime. documentos, internos ou internacionais:
2. Verificadas as circunstâncias descritas no número a) Demonstrativos da identidade dos clientes,
anterior, as entidades sujeitas devem procurar informação beneficiários e representados;
do cliente sobre a origem e destino dos fundos e reduzir
a escrito o resultado destas medidas, que deve estar b) Cópias dos registos relativos às transações
disponível para as autoridades competentes. executadas, de modo a permitir a reconstituição
das transações, bem como os relatórios escritos
3. São sempre aplicáveis medidas acrescidas de diligência referidos na presente lei.
às operações realizadas à distância e especialmente às que
possam favorecer o anonimato, às operações efetuadas 2. No caso das instituições financeiras, para além
com pessoas politicamente expostas, às operações de dos documentos constantes do número anterior, devem
correspondência bancária com instituições financeiras conservar as fichas de abertura de contas de depósito
bancárias estabelecidas em países terceiros e a quaisquer e correspondência relacionada, durante, pelo menos, o
outras designadas pelas autoridades de regulação e período de sete anos a seguir ao encerramento da conta
supervisão do respetivo setor, desde que legalmente ou ao fim da relação de negócio.
habilitadas para o efeito.
3. As entidades sujeitas, sempre que solicitadas, devem
4. Sem prejuízo de regulamentação emitida pelas fornecer cópias dos documentos referidos nos números
autoridades competentes, nos casos em que a operação anteriores às autoridades competentes e à UIF, para
tenha lugar sem que o cliente, ou o seu representante, ou efeitos de investigação do crime de lavagem de capitais
o seu beneficiário efetivo estejam fisicamente presentes, e inteligência de informações.

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 757


Artigo 16.º 7. Caso existam limitações de ordem técnica que
[…]
impeçam que as informações sobre o ordenante ou o
beneficiário, previstas no número 2, sejam transmitidas
1. As transferências eletrónicas podem ser nacionais com a transferência eletrónica doméstica correspondente,
ou transfronteiras. a instituição financeira que as recebe deve manter um
registo de toda a informação recebida da instituição
2. Quando as instituições financeiras desenvolvem financeira ordenante ou de outra instituição financeira
atividades de transferências eletrónicas nacionais, devem intermediária.
incluir:
8. A instituição financeira beneficiária que receber uma
a) O nome do ordenante;
transferência eletrónica transfronteira cuja informação
b) O número de conta do ordenante se essa for sobre o ordenante seja incompleta, tal como prevista no
utilizada para o processamento da operação. Na número 2, deve verificar a identidade do beneficiário
ausência da conta, o número único de referência dessa transferência.
utilizado para rastrear a operação;
9. No caso de transferências eletrónicas transfronteiriças,
c) A morada do ordenante, ou o número do documento as instituições financeiras beneficiárias devem:
de identidade nacional, ou o seu número de
identificação de cliente, ou a data e o local de a) Verificar a identidade do beneficiário, caso esta
nascimento; não tenha sido previamente verificada, as
informações dos clientes quando há suspeita de
d) O nome do beneficiário; e lavagem de capitais, e conservar esta informação
de acordo com o disposto no artigo 15.º;
e) O número de conta do beneficiário se essa conta
for utilizada para o processamento da operação b) Tomar medidas razoáveis no sentido de identificar
ou, na ausência da conta, o número único de transferências eletrónicas transfronteiras sem
referência que permita rastrear a operação. as informações do ordenante ou do beneficiário;
3. Quando as instituições financeiras desenvolvem
c) Ter políticas e procedimentos baseados em riscos para
atividades de transferências eletrónicas transfronteiras
2 165000 005638

determinar quem executa, recusa ou suspende uma


de fundos, igual ou superior a 1.000.000$00 (um milhão
transferência eletrónica por falta de ordenante ou
de escudos) devem também incluir informação acerca do
beneficiário e quando necessário tomar a medida
ordenante, como indicado para as transferências eletrónicas
de seguimento adequada.
nacionais, que devem acompanhá-las ao longo de toda a
cadeia de pagamento.
10. Além destas exigências, a autoridade de supervisão
4. A instituição financeira que pretenda efetuar uma pode exigir que as instituições financeiras apliquem outras
transferência eletrónica e que não esteja em condições medidas com a finalidade de gerir os riscos de lavagem
de cumprir os requisitos estabelecidos no número 2, deve de capitais decorrentes das transferências eletrónicas.
abster-se de efetuá-la.
11. As instituições financeiras que iniciem transferências
5. A instituição financeira que efetuar ou receber eletrónicas devem conservar todas as informações do
transferências eletrónicas transfronteiras, deve adotar ordenante e do beneficiário de acordo com o disposto no
medidas razoáveis, para identificar aquelas que não artigo 15.º.
incluam as informações exigidas no número 2, e aplicar
Artigo 17.º
procedimentos baseados no risco a fim de determinar
quando deve executar, receber, rejeitar ou suspender uma Dever de controlo
transferência eletrónica e quando deve adotar medidas
adequadas de acompanhamento. 1. As entidades sujeitas devem aprovar, por escrito e:
6. No caso das transferências eletrónicas transfronteiriças, a) Desenvolver políticas, procedimentos, programas,
as instituições financeiras intermediárias devem: sistemas e controlos internos de prevenção de
a) Assegurar que conservem as informações sobre o lavagem de capitais que incluam dispositivos
ordenante ou o beneficiário que acompanham adequados de observância regulatória;
a transferência eletrónica;
b) Desenvolver procedimentos adequados na
b) Tomar medidas razoáveis no sentido de identificar contratação e recrutamento dos seus funcionários,
transferências eletrónicas transfronteiras sem a fim de garantir que esta se efetua de acordo
as informações do ordenante ou do beneficiário; com critérios exigidos;

c) Ter políticas e procedimentos baseados em riscos, c) Implementar um dispositivo de controlo interno


para determinar quem executa, recusa ou independente para verificar o cumprimento das
suspende uma transferência eletrónica por falta políticas, procedimentos, sistemas e controlos
de ordenante ou beneficiário e quando necessário internos e assegurar que tais medidas são eficazes
tomar medida de seguimento adequada. e coerentes com o disposto na presente lei;

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758 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

d) Indigitar um responsável ao nível da direção para Artigo 18.º


aplicação dos requisitos previstos no presente Filiais e sucursais
diploma;
1. As instituições sujeitas, relativamente às suas sucursais
e) Estabelecer políticas e procedimentos de partilha ou filiais em que detenham uma participação maioritária,
de informações necessárias para efeitos de estabelecidas em países terceiros, devem:
diligência aplicável ao cliente e gestão da
a) Aplicar medidas equivalentes às previstas na presente
lavagem de capitais;
lei em matéria de deveres de identificação, de
diligência, de conservação e de formação;
f) Assegurar diligências para o cumprimento da
auditoria do cliente ao nível do grupo e a obtenção b) Comunicar as políticas e procedimentos internos
de informação das operações em sucursais e definidos em cumprimento do disposto no artigo
filiais, caso sejam necessárias ao combate da 19.º-B que se mostrem aplicáveis no âmbito da
lavagem de capitais; atividade das sucursais e das filiais.
2. Caso a legislação do país terceiro não permita a
g) Editar um manual de procedimento adequado
aplicação das medidas previstas na alínea a) do número
de prevenção à lavagem de capitais, que deve
anterior, as entidades sujeitas devem informar desse fato
ser atualizado, com informações completas
as respetivas autoridades de regulação e tomar medidas
sobre as medidas de controlo interno a que suplementares destinadas a prevenir o risco de lavagem
se referem os números anteriores. O manual de capitais.
estará à disposição da entidade de regulação
Artigo 19.º
e supervisão, que poderá propor a adopção de
medidas corretivas oportunas. Dever de colaboração e informação

2. Cabe igualmente às entidades sujeitas comunicar 1. As entidades sujeitas devem fornecer ao juiz ou
aos funcionários os procedimentos, políticas e controlos ao Ministério Público, quando estes o ordenarem ou
requererem, informações, documentos, bem como quaisquer
internos.
outros objetos ou outros bens que possam derivar de
2 165000 005638

atividade criminosa que tiverem na sua posse, que devam


3. Ainda, as entidades sujeitas devem possuir uma
ser congelados ou apreendidos e que sejam necessários à
função de auditoria interna independente dos demais
instrução do processo por crime de lavagem de capitais,
serviços, com funcionários especificamente destacados
afastando a obrigação de sigilo.
para esse efeito.
2. As informações constantes do número anterior devem
4. Os programas em matéria de prevenção e combate ser transmitidas à UIF e às entidades de regulação e
à lavagem de capitais, tal como previsto no número supervisão previstos na presente lei, sempre que estes
anterior, aplicam-se, conforme o caso, a todas as sucursais o solicitarem.
nacionais e estrangeiras, filiais e empresas com participação
3. O não cumprimento do dever nos termos dos números
maioritária.
1 e 2, ainda que negligente, faz incorrer o seu agente
num crime de desobediência qualificada, além de coima.
5. Sempre que o requisito do combate à lavagem de
capitais de um país de acolhimento for menos exigente Artigo 20.º
do que os do presente diploma, as instituições financeiras Dever de comunicação
devem aplicar os requisitos da presente lei às suas sucursais
e filiais maioritárias nos países de acolhimento. 1. As entidades sujeitas devem informar a UIF
imediatamente, via fax ou correio eletrónico, logo que
6. Caso não seja possível aplicar os requisitos previstos saibam, suspeitem ou tenham razões suficientes para
na presente lei às sucursais e filiais maioritárias nos suspeitar que teve lugar, está em curso ou foi tentada
países terceiros, as instituições financeiras devem aplicar uma operação suscetível de configurar a prática do
crime de lavagem de capitais, ou sempre que tenham
medidas de gestão de risco suplementares e informar o
conhecimento de quaisquer fatos que possam constituir
seu supervisor em Cabo Verde.
indícios da prática daqueles crimes.
7. As entidades sujeitas devem remeter à UIF o seu 2. Para além do enunciado no numero anterior, as entidades
manual de procedimento. sujeitas devem comunicar à UIF, independentemente
da suspeita, as operações em numerário de que tenham
8. Salvo no que respeitar às obrigações de identificação conhecimento cujos montantes sejam iguais ou superiores,
do cliente e de recusa em aceitar relação de negócios ou tratando-se de uma única ou várias operações que parecem
operação solicitada, não são exigíveis outras obrigações ligadas, a:
impostas na presente lei às entidades sujeitas que exerçam
a) 1.000.000$00 (um milhão de escudos) para:
actividades e profissões não financeiras que se mostrarem
manifestamente incompatíveis com a natureza, estrutura i. Operações de depósito em instituições bancárias,
e dimensão de tais entidades. compra de ações e aplicações financeiras;

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 759

ii. Pagamento de prémios de seguros ou de contratos Artigo 21.º


de seguros de pensões; […]

iii. Sociedades de entrega rápida de valores em 1. As entidades sujeitas, podem, quando haja receio
numerário; do desaparecimento dos fundos, sem informar o cliente,
suspender a execução de quaisquer operações que
iv. Operações de promoção, mediação, compra,
fundadamente suspeitem estar relacionadas com a
venda e revenda de imóveis;
prática dos crimes previstos no artigo 24.º, e informar
v. Para as operações de câmbio de moeda; desse fato a UIF.

vi. Comerciantes que transaccionem bens cujo 2. A UIF deve imediatamente transmitir o pedido
pagamento seja efetuado em numerário; ao Procurador-geral da República ou ao magistrado do
Ministério Público, por ele designado.
vii. Em operações de compra de fichas em casinos,
3. O Procurador-geral da República ou o magistrado do
por junto ou acumulado, numa mesma partida;
Ministério Publico por ele designado procede, no prazo
3. Excetuam-se do número anterior as operações de de dois dias úteis à confirmação ou ao levantamento
depósito em espécie por uma pessoa ou uma empresa da suspensão da operação, devendo, em qualquer caso,
cuja natureza da atividade necessita da utilização de tal notificar a entidade sujeita da decisão de confirmação da
procedimento, nomeadamente o Estado, os supermercados, suspensão, diretamente e imediatamente, por qualquer
as empresas de transporte público. meio, sob pena de a operação poder ser realizada por aquela
entidade, dando também conhecimento da decisão à UIF.
4. Às informações prestadas nos termos do número
Artigo 23.º
anterior é aplicável o regime previsto no artigo 19.º-B.
[…]
5. As informações fornecidas no presente artigo apenas
podem ser utilizadas em processo penal, não podendo ser 1. Não constitui violação do dever de sigilo bancário,
revelada, em caso algum, a identidade de quem as forneceu. nem envolve responsabilidade penal, civil, disciplinar
ou contraordenacional a prestação de informação ou
6. As comunicações recebidas e os relatórios disseminados colaboração, fundadamente e de boa fé para quem as
2 165000 005638

pela UIF ao Procurador-geral da República não têm valor tiver prestado ou para a instituição a que se encontrar
probatório e não podem ser incorporadas nos processos vinculado.
judiciais ou administrativos.
2. Igualmente, os dirigentes, administradores e funcionários
7. A UIF valora a qualidade das comunicações recebidas são eximidos, pela lei, de responsabilidade criminal ou
das entidades sujeitas e notifica-lhes periodicamente. civil por quebra das regras de confidencialidade, impostas
por contrato ou por qualquer disposição legislativa,
8. As comunicações de operações suspeitas devem conter regulamentar ou administrativa, quando declarem, de boa-fé,
as seguintes informações: as suas suspeitas à UIF, ainda que não conhecessem,
com precisão, qual era a atividade criminal em questão
a) Relação e identificação das pessoas físicas ou
e mesmo que a atividade ilegal de que suspeitavam não
jurídicas que participam na operação e conceito
tenha realmente ocorrido.
de sua participação na mesma;
Artigo 24.º
b) Atividade conhecida das pessoas físicas ou jurídicas
na operação e correspondência entre a atividade […]
e a operação; 1. [...]
c) Relação de operações vinculadas e datas a que se 2. [...]
referem com indicação da sua natureza, profissão,
moeda em que se realizam, quantia, lugar ou 3. [...]
lugares de execução, finalidade e instrumentos
4. [...]
de pagamentos ou descontos realizados;
5. O fato será punível ainda que o procedimento criminal
d) Medidas tomadas pelo sujeito obrigado ao comunicante
relativo à infração principal depender de queixa e esta
em investigar a operação comunicada;
não tiver sido tempestivamente apresentada.
e) Exposição das circunstâncias das quais se podem 6. Ainda incorre na mesma pena, quem:
inferir o indício ou certeza de relação com a
lavagem de capitais ou que tenham aparente a) Se associar para cometer, tentar cometer, ajudar
falta de justificação económica, profissional ou incitar alguém a cometer ou o aconselhar
ou de negócio para a realização da operação; para esse efeito, ou facilitar a execução dos
fatos previstos nos números anteriores;
f) Quaisquer outros dados relevantes para a prevenção
da lavagem de capitais que se determinar b) Estabeleça ou mantenha relação jurídica de
regulamentarmente. natureza económica com quaisquer sujeitos ou

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760 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

entidades, sabendo que estão envolvidos em b) Incumprimento da obrigação de aplicar medida


atividades de lavagem de capitais ou adquira de diligência devida aos clientes;
ou aumente a participação de controlo relativo
a imóvel, empresa ou outro tipo de pessoa c) O incumprimento da obrigação de aplicar medidas
coletiva, ainda que irregularmente constituída, de diligência reforçada;
situados, registados ou constituídos em território
nacional ou em outra jurisdição; d) O incumprimento da obrigação de abstenção;

c) For autor da infração principal, praticar os fatos e) O incumprimento da obrigação de comunicação


típicos ilícitos estabelecidos neste número e sistemática;
nos anteriores;
f) O incumprimento da obrigação de conservação de
7. Para a comprovação de que um bem é produto do
documentos;
crime de lavagem de capitais, não é exigível que a pessoa
tenha sido condenada por uma infração subjacente.
g) O incumprimento da obrigação de aprovar por escrito
8. A negligência é sempre punível. e aplicar medidas de políticas e procedimentos
Artigo 28.º declarados de controlo interno;
[…] h) O incumprimento da obrigação de estabelecer
1. [...] órgãos de controlo interno independente;

a) […] i) O incumprimento da obrigação de tomar medidas


b) […] adequadas para manter a confidencialidade
sobre a identidade dos funcionários, diretores
2. [...] ou agentes que realizaram uma comunicação;
3. [...]
j) O estabelecimento ou manutenção de relação de
4. A título acessório o tribunal pode aplicar às pessoas negócio ou a execução de operações proibidas;
coletivas, as seguintes penas:
2 165000 005638

a) Privação de subsídios públicos; k) O incumprimento da obrigação de declaração de


movimentos de meios de pagamento;
b) Proibição de participar em arrematações e concurso
públicos durante um período mínimo de três l) A ausência de definição e aplicação de políticas e
anos. procedimentos internos de controlo;
Artigo 31.º
m) A não adopção de medidas e de programas de
[…]
divulgação e formação em matéria de prevenção
1. [...] da lavagem de capitais;
2. [...] n) A abertura de contas anónimas ou manutenção de
3. A apreensão de bens ou vantagens do crime prevista contas anónimas ou sob nomes manifestamente
na presente lei, quando decretada no processo penal, fitícios;
extingue-se, e é oficiosamente cancelado o seu registo,
se decorrido oito meses, não for deduzida a acusação. o) O recurso à execução das obrigações de identificação
e diligência por entidades terceiras, com
Artigo 42.º
inobservância das condições e termos previstos
[…] no artigo 8.;
1. [...]
p) Não inclusão da informação na mensagem ou
2. [...] formulário de pagamento que acompanha a
3. A UIF é informada, semestralmente, pelas autoridades transferência eletrónica do ordenante;
de regulação e supervisão, de todas as sanções definitivas
q) A constituição de bancos de fachada em território
aplicadas às entidades reguladas.
caboverdiano, assim como o estabelecimento
Artigo 43.º de relações de correspondência com os bancos
Contraordenações graves fachada ou com outras instituições que
reconhecidamente permitam que as suas contas
1. Constituem contraordenações graves, puníveis
sejam utilizadas por bancos de fachada;
com coima de 500.000$00 (quinhentos mil escudos) a
5.000.000$00, (cinco milhões de escudos) as seguintes
r) A não adequação da natureza e da extensão dos
infrações:
procedimentos de verificação da identidade e das
a) O incumprimento de obrigação de obter informação medidas de diligência ao grau de risco existente,
sobre o propósito, relação de negócios e origem bem como a ausência de demonstração de tal
dos fundos; adequação perante as autoridades competentes;

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 761

s) A omissão, total ou parcial, de medidas acrescidas de tais operações, após a confirmação, pela
de diligência aos clientes e às operações autoridade judiciária ou pela UIF, da ordem
bancária com instituições estabelecidas em de suspensão;
países terceiros; e
l) O cometimento de uma infração grave antes de
t) O incumprimento da obrigação de recusa de decorridos 5 (cinco) anos sobre a prática da
execução de operações em conta bancária, de mesma infração;
estabelecimento de relações de negócio ou de
realização de transações ocasionais. 2. Quando a infração for praticada por uma pessoa
singular, a coima entre é de 400.000$00 (quatrocentos
2. Quando a infração for praticada por uma pessoa mil escudos) a 3.000.000$00 (três milhões de escudos).
singular, a coima é de 250.000$00 (duzentos e cinquenta
Artigo 46.º
mil escudos) a 2.500.000$00 (dois milhões e quinhentos
mil escudos). […]

Artigo 44.º Com as sanções previstas no artigo 30.º podem ser


aplicadas ao infrator as seguintes sanções acessórias:
[…]
a) Inibição do exercício de cargos sociais e de funções
1. Constituem contra-ordenações especialmente graves,
de administração, direção, gerência ou chefia
puníveis com coima de 750.000$00 (setecentos e cinquenta
de entidades financeiras, por um período de
mil de escudos) a 6.000.000$00 (seis milhões de escudos),
um a dez anos, quando o arguido seja membro
as seguintes infrações:
dos órgãos das entidades sujeitas exerça cargos
a) O incumprimento das obrigações de identificação de direção, chefia, gerência ou atue em sua
e de verificação da identidade de clientes, representação, legal ou voluntária;
representantes ou beneficiários efetivos,
b) Publicidade da decisão punitiva pela autoridade
previstos neste diploma;
de regulação ou supervisão, a expensas do
b) O incumprimento da obrigação de comunicação, infrator; e
nos termos previstos na presente lei;
2 165000 005638

c) Tratando-se de entidade sujeita que para operar


c) O incumprimento da obrigação de colaboração à carece de autorização administrativa, a
UIF, autoridades judiciárias e às entidades de revogação desta.”
regulação e supervisão; Artigo 2.º

d) O incumprimento da obrigação de confidencialidade; Aditamentos

e) O incumprimento da obrigação de observância de São aditados os artigos 3.º-A, 4.º-A, 5.º-A, 6.º-A, 8.º-A, 8.º-
medidas reforçadas aos clientes e às operações B, 10.º-A, 10.º-B, 10.º-C, 14.º-A, 14.º-B, 15.º-A, 17.º-A, 19.º-A,
suscetíveis de revelar um maior risco de lavagem 19.º-B, 20.º-A, 31.º-A, 31.º-B, 31.º-C, 31.º-D, 31.º-E, 31.º-F,
de capitais e às relações transfronteiriças de 31.º-G, 31.º-H, 31.º-I, 36.º-A, 41.º-A, 41.º-B, 41.º-C, 41.º-D,
correspondência; 44.º-A, 44.º-B, 46.º-A, 46.º-B e 46.º-C à Lei n.º38/VII/2009,
de 27 de abril, com a seguinte redação:
f) A resistência ou obstrução à realização da inspeção;
“Artigo 3.º-A
g) O incumprimento doloso da obrigação de congelar ou Entidades sujeitas
bloquear fundos, ativos financeiros ou recursos
económicos de pessoas físicas ou jurídicas, Estão obrigadas ao cumprimento dos deveres previstos
entidades ou grupos designados; na presente Lei as instituições financeiras e as atividades
e profissões não financeiras designadas que tenham
h) O incumprimento doloso da proibição de colocar os a sua sede no território nacional, assim como as suas
fundos, ativos financeiros ou recursos económicos sucursais, filiais e outras formas de representação que
à disposição de pessoas físicas ou jurídicas, estejam sediadas aqui ou no exterior.
entidades ou grupos designados;
Artigo 4.º-A
i) A ausência de conservação dos originais, das
Competências
cópias, das referências ou de outros suportes
duradouros; 1. Compete às autoridades de regulação e supervisão
regular, supervisionar, fiscalizar, inspecionar e garantir
j) O incumprimento do dever de abstenção de
o cumprimento do disposto na presente lei.
execução de operações suspeita e da respetiva
obrigação de prestação de informação à UIF e 2. Compete, especialmente, às autoridades de regulação
às autoridades judiciárias; e supervisão:
k) O incumprimento de ordens de suspensão da a) Editar regras de boas práticas com o propósito de
execução de operações suspeita e a execução combater a lavagem de capitais e de outros bens;

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762 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

b) Garantir que as entidades sujeitas estão a cumprir ou indireta, na administração de instituições


as suas obrigações no âmbito da alínea a) do financeiras ou na condução das atividades ou
artigo 5.º-A. do funcionamento de entidades sujeitas;

c) Acompanhar e fiscalizar a aplicação das regras e n) Manter dados estatísticos sobre medidas adotadas
medidas de prevenção aos respetivos setores; e sanções impostas no quadro de aplicação da
presente lei;
d) Recolher informação e outros dados junto das
entidades sujeitas e executar inspeções no o) Determinar o tipo e o âmbito de medidas a adotar
local ao nível do grupo, podendo as autoridades pelas entidades sujeitas para cada um dos
de regulação e supervisão delegar as suas requisitos estabelecidos no artigo 9.º, tendo em
competências a outras entidades; consideração o risco de lavagem de capitais e
o volume da atividade comercial;
e) Ordenar, quando e sempre que necessário, a
apresentação de quaisquer informações p) Informar as entidades sujeitas sobre o destino
relevantes, obter cópias de documentos, em das operações suspeitas comunicadas à UIF;
qualquer formato, e retirar documentos das
instalações de uma instituição financeira ou q) Emitir diretivas sobre a forma como apresentar
instituição não financeira; essas comunicações de operações suspeitas.

f) Aplicar medidas e sanções às instituições financeiras 3. Ainda, quanto às instituições financeiras e pessoas
e atividades e profissões não financeiras físicas ou coletivas que exploram casinos, jogos de fortuna
designadas por violação do cumprimento das ou azar, lotarias, apostas mútuas e promotores de jogos de
obrigações, previstas na presente lei, inclusive fortuna ou azar, cabe à entidade de regulação e supervisão:
o poder de cancelar, restringir ou suspender a
autorização, se for caso disso; a) Procurar que aquelas adotem as medidas necessárias
para evitar que os agentes dos crimes ou os
g) Aprovar regulamentos de execução, orientações e respetivos comparticipantes, adquiram ou
recomendações para ajudar as entidades sujeitas sejam beneficiários efetivos de participações de
no cumprimento das obrigações previstas na controlo ou de participações significativas em
2 165000 005638

presente lei; instituições financeiras ou que nelas ocupem


funções de direção;
h) Aprovar regulamentos que obriguem as entidades
sujeitas a aplicar medidas de diligência b) Garantir que as instituições financeiras
reforçadas, ou outras medidas, relativamente implementem políticas empresariais consistentes
a relações de negócio e operações com pessoas de acordo com as leis nacionais e os padrões
singulares e coletivas e instituições financeiras internacionais de supervisão, que devem
de países que não aplicam normas internacionais ser também aplicadas à supervisão em base
de prevenção à lavagem de capitais ou não as consolidada.
aplicam de forma satisfatória;
4. Tratando-se de atividades e profissões não financeiras
i) Cooperar e partilhar informações com outras designadas, cabe à entidade de regulação e supervisão
autoridades competentes no tocante a proceder à fiscalização em função do risco e assegurar a
investigações e processos relativos à lavagem boa aplicação de sistemas de fiscalização adequados a
de capitais, infrações subjacentes associadas; outras categorias de atividades e profissões não financeiras
designadas que garantam que o regime de prevenção de
j) Verificar se as sucursais estrangeiras e as filiais
lavagem de capitais seja implementado.
maioritárias das entidades sujeitas, adotam
e aplicam medidas para dar cumprimento ao Artigo 5.º-A
disposto na presente lei;
Deveres das entidades sujeitas
k) Colaborar sem demora e de forma eficaz com
suas homólogas que desempenhem funções As entidades sujeitas estão vinculadas, no desempenho
equivalentes, bem como com outras autoridades da respetiva atividade, ao cumprimento dos seguintes
competentes, quer nacionais quer estrangeiras, deveres:
nomeadamente na troca de informações;
a) Dever de avaliação e abordagem dos riscos;
l) Estabelecer e aplicar critérios de idoneidade e
adequação para a titularidade, controlo ou b) Dever de identificação e verificação de identidade;
participação, direta ou indireta, na direção, gestão c) Dever de diligência relativo à clientela;
ou funcionamento de instituições financeiras;
d) Dever de recusa;
m) Estabelecer regras e normas relativas às
percentagens de participação de accionistas e) Dever de conservação;
em instituições financeiras de controlo de
ações maioritárias e de participação, direta f) Dever de exame;

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 763

g) Dever de comunicação; d) Tomar medidas reforçadas quando identificam


cenários de risco mais elevado;
h) Dever de declaração de transportes físicos
transfronteiriços; e) Assegurar que documentos, dados e informações
i) Dever de abstenção; recolhidos no âmbito do dever de diligência
relativo à clientela são atualizadas e relevantes
j) Dever de colaboração; para a realização de revisões dos registos
existentes, sobretudo para categorias de clientes
k) Dever de confidencialidade;
com risco mais elevado. Os registos devem ser
l) Dever de controlo; postos à disposição da UIF, das autoridades de
regulação e supervisão e das demais autoridades
m) Dever de formação. competentes.
Artigo 6.º-A

Dever de avaliação nacional e abordagem dos riscos


f) A implementação das políticas, dos procedimentos e
dos controlos devem ser monitorados e reforçados
1. O Governo deve em diploma próprio tomar medidas sempre que necessário.
eficazes para avaliar, compreender e atenuar os riscos
da lavagem de capitais. 6. As políticas, os procedimentos e controlos referidos
na alínea a) do número anterior devem ser proporcionais
2. Será designada em diploma próprio, no prazo de
à natureza, ao tamanho e ao volume das atividades das
cento e vinte dias após a entrada em vigor desta lei, a
entidades sujeitas.
autoridade competente para coordenar a resposta nacional
aos riscos mencionados no número anterior. Artigo 8.º-A

3. As avaliações previstas no número 1 devem ser Dever de identificação e verificação de identidade específico
atualizadas, documentadas e colocadas à disposição das
autoridades competentes e dos organismos de regulação 1. As companhias de seguros e os intermediários de
e supervisão. serviços de seguros devem identificar os clientes e verificar
4. As entidades sujeitas devem adotar medidas adequadas a sua identidade, sempre que os prémios de seguros pagos
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para identificar, avaliar e compreender os respetivos riscos durante um ano excedam 110.000$00 (cento e dez mil
de lavagem de capital, nomeadamente o risco de cliente, escudos), se o pagamento for realizado sob a forma de
risco-país ou risco geográfico, fatores de riscos associados um prémio único excedendo 220.000$00 (duzentos e vinte
ao produto, serviço, operação ou canal de distribuição, mil escudos) e no caso de contratos de seguros de pensões
estando obrigados a: relacionados com o emprego ou a atividade profissional
do segurado, quando estes contratos contenham uma
a) Documentar as respetivas avaliações dos riscos; cláusula de remissão e possam ser usados como garantias
b) Considerar todos os fatores de risco relevantes de empréstimos.
antes de determinar o nível de risco global e o
nível adequado e tipo de medidas de atenuação 2. No caso de concessionários de exploração de jogos e
a aplicar; casinos o dever de identificação e verificação da identidade
dos frequentadores deve ser feito à entrada da sala de
c) Manter essas avaliações atualizadas; e jogo ou quando adquirirem ou trocarem fichas de jogo,
ou símbolos convencionais utilizáveis para jogar, num
d) Dispor de mecanismos adequados para comunicar
montante total igual ou superior a 300.000$00 (trezentos
a informação sobre a avaliação dos riscos às
mil escudos).
autoridades competentes e aos organismos de
auto-regulação.
3. Os concessionários de casinos devem emitir cheques
5. As entidades sujeitas devem ainda: seus, obrigatoriamente nominativos e cruzados, com
indicação de cláusula proibitiva de endosso apenas:
a) Dispor de políticas, procedimentos e controlos, que
devem ser aprovados pela alta direção, para a) Em troca de fichas ou símbolos convencionais à
atenuar e gerir eficazmente os riscos de lavagem ordem dos frequentadores identificados que os
de capitais identificados ao nível das pessoas tenham adquirido através de cartão bancário ou
sujeitas, dos países ou das zonas geográficas; cheque não inutilizado e no montante máximo
b) Aplicar medidas especificamente orientadas para equivalente ao somatório das aquisições;
a gestão dos riscos de lavagem de capitais, caso
estabeleçam relações de negócio ou executem b) Para pagamentos de prémios à ordem dos
operações com um cliente que não esteja frequentadores premiados previamente
fisicamente presente para efeitos de identificação; identificados e resultantes das combinações
do plano de pagamentos das máquinas ou de
c) Assegurar que as medidas destinadas a impedir ou a sistemas de prémio acumulado.
mitigar a lavagem de capitais são proporcionais aos
riscos identificados e lhes permitem desenvolver 4. A identidade dos frequentadores do casino deve ser
os seus recursos de modo mais eficaz possível. sempre objeto de registo.

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764 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

5. As entidades pagadoras de prémios de apostas ou 4. A verificação da identificação das pessoas coletivas é


lotarias devem identificar os vencedores dos prémios efetuada pela apresentação da certidão dos seus estatutos.
sempre que o montante ganho for igual ou superior a
600.000$00 (seiscentos mil escudos). 5. A identificação de fundos fiduciários constituídos de
acordo com o direito estrangeiro ou instrumentos legais
6. As entidades que exerçam atividades de mediação, semelhantes, sem personalidade jurídica, deve incluir
promoção imobiliária, compra e venda de imóveis, bem a obtenção e verificação do nome dos administradores,
como entidades construtoras que procedam à venda instituidores e beneficiários.
direta de imóveis, devem identificar os seus clientes,
Artigo 10.º-A
representantes e beneficiários efetivos, sempre que
realizem operações para os seus clientes, devendo ainda Bancos de fachada
recolher os seguintes elementos:
1. Nenhum banco pode operar em Cabo Verde se
a) Identificação clara dos intervenientes; não dispuser de presença física no país, se não estiver
licenciado pelo Banco de Cabo Verde e não pertencer a
b) Montante global do negócio jurídico; um grupo financeiro regulamentado sujeito a supervisão
c) Menção dos respetivos títulos representativos; numa base consolidada.

d) Meio de pagamento utilizado e respetivo 2. As instituições financeiras não devem estabelecer


comprovativo; nem manter relações de negócio:

e) Identificação do imóvel. a) Com bancos registados em jurisdições onde não


tenham presença física, e que não pertençam
7. Os negociantes em metais preciosos ou em pedras a um grupo financeiro regulamentado, sujeito
preciosas, obras de arte ou antiguidades, devem identificar a supervisão numa base consolidada.
os seus clientes sempre que realizem operações em
numerário com um cliente, de montante igual ou superior b) Com instituições, ou clientes de países que
800.000$00 (oitocentos mil escudos). permitam que as suas contas sejam utilizadas
por bancos registados em jurisdições onde não
8. Os Advogados, Solicitadores, Notários, Conservadores tenham presença física, e que não pertençam
dos Registos, Contabilistas, Auditores e Consultores a um grupo financeiro regulamentado sujeito
2 165000 005638

Fiscais, devem identificar os seus clientes sempre que a supervisão;


preparem ou efetuem operações para os seus clientes, no
âmbito das atividades descritas na alínea i) do número c) Se as obrigações previstas no número anterior não
6 do artigo 5.º. puderem ser cumpridas.

9. Prestador de serviços a sociedades e a fundos fiduciários, 3. As instituições financeiras devem assegurar-se que
devem identificar os seus clientes sempre que preparem as suas instituições clientes não permitam que as suas
ou efetuem operações para um cliente no quadro das contas sejam utilizadas por bancos de fachada.
atividades descritas na alínea j) do número 6 artigo 5.º. Artigo 10-B.º
10. As entidades que procedam a pagamentos a vencedores Transferência de fundos ou de valores
de prémios de apostas ou lotarias devem proceder à
identificação e verificação da identidade do beneficiário 1. Os prestadores de serviços de fundos ou de valores
do pagamento, sempre que o valor do prémio seja igual devem manter uma lista atualizada dos seus agentes que
ou superior a 600.000$00 (seiscentos mil escudos). podem ceder às autoridades competentes.
Artigo 8.º-B 2. Quando recorram a agentes devem assegurar que
Elementos de identificação e verificação da identidade de
estes se incluam nos seus programas anti lavagem de
clientes capitais e controlem o cumprimento destes programas
por parte dos mesmos agentes.
1. A identificação das pessoas singulares deve incluir
Artigo 10.º-C
o nome completo, filiação, estado civil, profissão, data e
lugar de nascimento, residência, Número de Identificação Novas tecnologias
Fiscal, o local de trabalho, o número de contato, o endereço
eletrónico. 1. A autoridade central em matéria de cooperação
internacional em matéria penal, as instituições financeiras
2. A verificação é efetuada pela apresentação de qualquer e as atividades e profissões não financeiras designadas
documento de identificação oficial válido, onde conste a devem identificar e avaliar os riscos de lavagem de capitais
respetiva fotografia e assinatura. que possam resultar:
3. A identificação das pessoas coletivas deve incluir; a) Do desenvolvimento de novos produtos e novas
práticas comerciais, nomeadamente novos
a) Nome, natureza e forma legal, lugar da sede;
mecanismos de distribuição,
b) Identidade dos gerentes ou administradores;
b) Da utilização de tecnologias novas ou em fase
c) Identificação de quem detém os poderes para as de desenvolvimento relacionadas com novos
obrigar. produtos ou com produtos pré-existentes.

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 765

2. As entidades sujeitas devem avaliar o risco antes do e o seu perfil de risco, qualquer conduta, atividade ou
lançamento dos novos produtos ou práticas comerciais operações cujos elementos caraterizadores o tornem
ou da utilização de tecnologias novas ou em fase de suscetível de estar relacionada com a lavagem de capitais.
desenvolvimento.
2. Para efeitos do número anterior o exame da operação
3. Ainda, as entidades sujeitas devem adotar medidas deve incidir, nomeadamente, sobre:
adequadas para gerir e mitigar esses riscos.
a) A natureza, a finalidade, a frequência, a complexidade,
Artigo 14.º-A a invulgaridade e a atipicidade da conduta,
Adequação ao grau de risco atividade ou operação;

1. No cumprimento dos deveres de identificação e de b) A aparente inexistência de um objetivo económico


diligência previstos nos artigos 8.º, 9.º e 14.º, as entidades ou de um fim lícito associado à conduta, atividade
sujeitas devem adaptar a natureza e a extensão dos ou operação;
procedimentos de verificação e das medidas de diligência,
c) O montante, a origem e o destino dos fundos
em função do risco associado ao tipo de cliente, à relação
movimentados;
de negócio, ao produto, à transação e à origem ou destino
dos fundos. d) Os meios de pagamento utilizados;
2. As entidades sujeitas devem estar em condições de e) A natureza, a atividade, o padrão operativo e o
demonstrar a adequação dos procedimentos adotados perfil dos intervenientes;
nos termos do número anterior, sempre que tal lhes
seja solicitado pela competente autoridade de regulação f) O tipo de transação ou produto que possa favorecer
e supervisão. especialmente o anonimato.
Artigo 14.º-B
3. A aferição do grau de suspeição evidenciado por
Pessoas politicamente expostas uma conduta, atividade ou operação não pressupõe
necessariamente a existência de qualquer tipo de
1. As entidades sujeitas quando estão a fazer negócio ou documentação confirmativa da suspeita, antes decorrendo
2 165000 005638

transações com pessoas politicamente expostas, além da da apreciação das circunstâncias concretas, à luz dos
aplicação de medidas de diligência relativas à clientela, critérios de diligência exigíveis a um profissional, na
devem: análise da situação.

a) Dispor de procedimentos adequados e baseados Artigo 17.º-A


no risco, para determinar se o cliente ou
Dever de formação
representante ou beneficiário efetivo é uma
pessoa politicamente exposta, e se nacional 1. Todas as entidades sujeitas devem garantir a formação
ou estrangeira; contínua e adequada aos seus empregados e dirigentes,
para assegurar que estes se mantêm informados sobre os
b) Obter a autorização da sua alta direção para o
vários aspetos do novo quadro regulamentar em matéria
estabelecimento ou manutenção, no caso de
de prevenção e combate à lavagem de capitais, novos
clientes existentes, de relações de negócio com
desenvolvimentos, técnicas, métodos e tendências das
tais clientes ou beneficiários efetivos;
atividades ligadas a estes.
c) Tomar as medidas necessárias para determinar a
origem do património e dos fundos envolvidos, 2. As medidas previstas no número anterior devem
nas relações de negócio ou nas transações incluir programas específicos e regulares de formação,
ocasionais; adequados a cada setor de atividade, que habilitem os
seus destinatários a reconhecer operações que possam
d) Efetuar um acompanhamento contínuo e reforçado estar relacionadas com a prática daqueles crimes e a
da relação de negócio. atuar de acordo com as disposições da presente lei e das
respetivas normas regulamentares.
2. O regime previsto no número anterior deve continuar
a aplicar-se a quem, tendo deixado de ter a qualidade de 3. As entidades sujeitas devem conservar, durante
pessoa politicamente exposta, continue a representar um um período de 5 anos, cópia dos documentos ou registos
risco acrescido de lavagem de capitais, devido ao seu perfil relativos à formação prestada aos seus empregados e
ou à natureza das operações desenvolvidas. dirigentes.

Artigo 15.º-A Artigo 19.º-A

Dever de exame Dever de abstenção

1. Sem prejuízo do dever de diligência reforçada, as 1. As entidades sujeitas devem abster-se de executar
entidades sujeitas devem examinar com especial cuidado qualquer operação sempre que saibam ou suspeitem
e atenção, de acordo com a sua experiência profissional, o estar relacionada com a prática dos crimes de lavagem
seu conhecimento do cliente, as suas atividades comerciais de capitais e informar desse fato a UIF.

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766 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

2. A UIF deve imediatamente solicitar ao Procurador- Artigo 20.º-A


geral da República ou ao magistrado do Ministério Público Organismos sem fins lucrativos
por ele designado, a confirmação ou o levantamento da
decisão de suspensão da operação. 1. As organizações sem fins lucrativos devem:
3. O Procurador-geral da República ou o magistrado a) Produzir relatórios, anualmente ou sempre que
do Ministério Publico por ele designado pronuncia-se haja alteração no objeto e a finalidade das suas
sobre a confirmação ou o levantamento da suspensão da atividades;
operação no prazo máximo de três dias úteis, sob pena
de a operação poder ser realizada. b) Identificar a pessoa ou pessoas que gerem, controlam
suas atividades, e compreendem os dirigentes,
4. O Procurador-geral da República notifica a entidade os membros do conselho de administração e os
comunicante da sua decisão dando também conhecimento administradores.
à UIF.
2. Igualmente, as organizações sem fins lucrativos
5. No caso da entidade sujeita considerar que a suspensão devem publicar anualmente, no boletim oficial ou no
referida no número 1 não é possível ou que, após consulta quadro de anúncios legais, seus estados financeiros com
à UIF, pode ser suscetível de prejudicar a prevenção ou a divulgação das suas despesas e receitas.
a futura investigação do crime de lavagem de capitais, a
3. Os dirigentes ou responsáveis das organizações não-
operação pode ser realizada, devendo a entidade sujeita
governamentais, em exercício de funções, o pessoal com
fornecer, de imediato, à UIF as informações respeitantes
responsabilidade pela gestão das mesmas zelam para que
à operação.
estas não sejam utilizadas para a lavagem de capitais.
Artigo 19.º-B
4. Para efeito do número anterior, as organizações
Dever de confidencialidade sem fins lucrativos ficam sujeitas durante o período de
sete anos a conservar todos os registos de identificação
1. As entidades sujeitas e os membros dos respetivos das pessoas que forneçam ou recebam a título gratuito
órgãos sociais, ou que nelas exerçam funções de direção, de fundos ou recursos da fundação, nos termos dos artigos
2 165000 005638

gerência ou de chefia, os seus empregados, os mandatários 8.º, 8.º-B e 9.º, devendo estes registos estar à disposição
e outras pessoas que lhes prestem serviço a título da UIF e da autoridade judiciária.
permanente, temporário ou ocasional que forneçam as
informações transmitidas ou requisitadas pela UIF ou 5. O disposto nos números anteriores será aplicável às
pelas autoridades judiciárias competentes sobre operações associações, correspondendo em tais casos aos órgãos do
suspeitas de lavagem de capitais, ou sobre processos em governo ou da assembleia geral, aos membros dos órgãos
investigação, não podem revelar tal fato a cliente ou a de representação que gere os interesses da associação e
terceiros, nem que se encontra em curso uma investigação o organismo encarregado de verificar a sua constituição,
criminal e, tampouco que foi transmitida à UIF uma no exercício das suas funções.
informação conexa com a comunicação realizada.
6. Atendendo aos riscos a que se encontram expostos
o setor, são extensíveis às fundações e às associações as
2. A identidade do empregado ou dirigente da entidade
restantes obrigações estabelecidas na presente Lei.
obrigada que tenha fornecido as informações referidas no
número anterior, deve ser mantida em sigilo, havendo Artigo 31.º-A
apenas lugar à identificação da entidade transmitente.
Bens, direitos ou valores oriundos de crimes praticados no
estrangeiro
3. Não constitui violação do dever enunciado no número
anterior, a divulgação de informações, legalmente devidas, 1. O juiz determina, na hipótese de existência de tratado
às autoridades de supervisão ou de fiscalização previstos ou convenção internacional e por solicitação de autoridade
na presente lei, incluindo os organismos de regulação estrangeira competente, medidas conservatórias sobre
profissional das atividades e profissões não financeiras bens, direitos ou valores oriundos de crimes precedentes
designadas sujeitas à presente lei. associados à lavagem de capitais praticado no estrangeiro.
4. Quem, ainda que com negligência, revelar ou 2. Aplica-se o disposto neste artigo, independentemente
favorecer a descoberta da identidade de quem forneceu de tratado ou convenção internacional, quando o governo
informações, ao abrigo dos artigos referidos no número do país da autoridade solicitante prometer reciprocidade
anterior, é punido com pena de prisão até três anos ou a Cabo Verde.
com pena de multa.
3. Na falta de tratado ou convenção, os bens, direitos
5. O disposto no número 1 também não impede a ou valores privados sujeitos a medidas conservatória por
divulgação da informação, para efeitos de prevenção solicitação de autoridade estrangeira competente ou os
da lavagem de capitais entre instituições congéneres, recursos provenientes da sua alienação serão repartidos
baseada no memorando de entendimento ou desde que entre o Estado requerente e Cabo Verde, na proporção
haja reciprocidade, em matéria de prevenção à lavagem de metade, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro
de capitais. de boa-fé.

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 767


Artigo 31.º-B venda, são repartidos em partes iguais entre o Estado
Perda
requerente e Estado de Cabo Verde, após decretada a
respetiva perda.
1. Sem prejuízo do regime geral previsto no Código
Artigo 31.º-D
Penal e dos direitos de terceiros de boa-fé, em caso de
condenação por lavagem de capitais ou por qualquer Cooperação e coordenação nacionais
infração principal, o tribunal declara a perda de fundos
ou bens que constituam: 1. O Governo cria por diploma próprio no prazo de
cento e vinte dias após a entrada em vigor deste diploma,
a) O produto de crime, incluindo rendimentos, uma comissão interministerial com atribuição de definir
recompensas, juros, fundos ou bens misturados e determinar a coordenação das políticas em matéria de
com esse produto ou obtidos a partir ou em troca prevenção e combate à lavagem de capitais.
de tal produto, ou bens cujo valor corresponde
ao valor dos proveitos obtidos; 2. As autoridades nacionais competentes devem cooperar
e, quando necessário, coordenar-se, no âmbito desta
b) Ativos de valor correspondente, na impossibilidade Comissão, ao nível operacional e da definição de políticas,
de apreender o produto do crime; para o desenvolvimento e a aplicação de estratégias e de
atividades, com base nos riscos identificados, destinadas
c) O objeto da infração; a prevenir e a combater a lavagem de capitais.
d) Receitas e outros benefícios resultantes de fundos Artigo 31.º-E
ou bens previstos nas alíneas anteriores;
Cooperação entre autoridades de regulação e supervisão
e) Instrumentos utilizados ou destinados a serem
As autoridades responsáveis pela regulação e supervisão
utilizados na prática do crime; ou
de entidades sujeitas, devem colaborar com as suas
f) Fundos ou bens referidos nas alíneas anteriores, homólogas estrangeiras na prevenção e na luta contra a
que foram transferidos para outrem, salvo lavagem de capitais e crimes subjacentes.
se o terceiro provar que adquiriu tais bens Artigo 31.º-F
mediante o pagamento de um preço justo ou
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como contraprestação por serviços no valor Cooperação entre as Unidades de Informações Financeiras
equivalente ao de tais bens, ou com base noutras
1. A UIF pode partilhar informações, quer espontaneamente,
razões fundadas, e que o terceiro não estava
quer mediante pedido, com qualquer congénere ou outras
ciente da origem ilícita de tais bens.
autoridades competentes estrangeiras, em matéria de
2. Se tiver sido cometida uma infração ao abrigo da prevenção e combate à lavagem de capitais e crimes
presente lei, e o seu autor não for condenado por ser subjacentes, numa base de reciprocidade ou de comum
desconhecido ou ter falecido, o Ministério Público deve acordo no quadro de acordos de cooperação.
solicitar ao Tribunal competente que emita uma declaração
2. Para os efeitos referidos no número anterior a UIF
de perda dos fundos ou bens a favor do Estado, desde que
pode celebrar acordos ou memorandos de entendimentos.
comprove que os fundos ou bens são proventos de lavagem
de capitais ou qualquer crime subjacente. Artigo 31.º-G

Artigo 31.º-C Cooperação com congéneres estrangeiras

Destino dos bens perdidos a favor do Estado 1. As autoridades nacionais competentes devem garantir
a cooperação internacional com as suas congéneres
1. Os bens e valores declarados perdidos a favor do
estrangeiras em matéria de prevenção e repressão da
Estado são destinados nos termos da Lei n.º 18/VIII/2012,
lavagem de capitais.
de 13 de Setembro, que criou Gabinete de Recuperação
de Ativos (GRA) e do Gabinete de Administração de Bens 2. A cooperação deve ser prestada de modo célere,
(GAB) e estabeleceu ainda as regras de administração construtivo e efetivo, devendo ser assegurados mecanismos
dos bens recuperados, apreendidos ou perdidos a favor eficazes de troca de informação.
do Estado.
3. A troca de informação deve ser efetuada espontaneamente
2. Não devem ser vendidos os bens, objetos ou ou a pedido do país que submete o pedido de informação,
instrumentos confiscados pelo Estado que, pela sua podendo ser referente à lavagem de capitais, bem como
natureza ou caraterísticas, podem ser utilizados para em relação aos fatos ilícitos típicos de onde provêm as
cometer outros crimes. vantagens.
3. Não devem ser destruídos os bens, objetos ou 4. A troca de informação não pode ser recusada ou
instrumentos confiscados que tenham interesse criminal, sujeita a qualquer condição indevida, desproporcionada,
científico ou didático. ou restritiva.
4. Na falta de acordo internacional, os bens, valores 5. A cooperação internacional não pode ser recusada
ou produtos apreendidos à solicitação de autoridade unicamente com o fundamento de que o pedido está
estrangeira, bem como os fundos provenientes da sua relacionado com questões fiscais.

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768 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

6. A cooperação não pode ser recusada com base em Artigo 41.º-A


legislação que imponha deveres de confidencialidade e de
Suspensão da prescrição
sigilo às autoridades nacionais competentes, exceto se as
informações relevantes forem adquiridas em circunstâncias 1. A prescrição do procedimento contraordenacional
que envolvam sigilo profissional. suspende-se, para além dos casos especialmente previstos
Artigo 31.º-H na lei, durante o tempo em que o procedimento:
Acesso, difusão e retorno da informação
a) Não puder legalmente iniciar-se ou continuar por
1. Para cabal desempenho das suas atribuições de falta de autorização legal;
prevenção da lavagem de capitais, a UIF pode requerer
e deve ter acesso, em tempo útil, à informação financeira, b) Estiver pendente a partir do envio do processo
administrativa, judicial e policial, a qual fica sujeita ao ao Ministério Público até à sua devolução à
disposto ao dever de sigilo. autoridade administrativa;

2. Compete à UIF, no âmbito das suas atribuições e c) Estiver pendente a partir da notificação do despacho
competências legais, e às autoridades de regulação e supervisão que procede ao exame preliminar do recurso da
mencionadas no artigo 4.º, emitir alertas e difundir informação decisão da autoridade de supervisão e inspeção
atualizada sobre tendências e práticas conhecidas, com o que aplica a coima, até à decisão final do recurso.
propósito de prevenir a lavagem de capitais.
2. Nos casos previstos nas alíneas b) e c) do número
3. A UIF deve dar o retorno oportuno de informação anterior, a suspensão não pode ultrapassar um ano.
às entidades sujeitas e às autoridades de supervisão
e de fiscalização mencionadas no artigo 4.º, sobre o Artigo 41.º-B
encaminhamento e o resultado das comunicações suspeitas
Interrupção da prescrição
de lavagem de capitais, por aquelas comunicadas.
Artigo 31.º-I 1. A prescrição do procedimento por contraordenação
Recolha, manutenção e publicação de dados estatísticos interrompe-se com a:

1. Cabe à UIF preparar e manter atualizados dados a) Qualquer notificação, nomeadamente comunicação
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estatísticos relativos ao número de transações suspeitas ao arguido dos despachos, decisões ou medidas
comunicadas e ao encaminhamento e resultado de tais contra eles definidos;
comunicações.
b) Realização de quaisquer diligências de prova,
2. As autoridades judiciárias, por intermédio do designadamente exames e buscas, ou com o
membro do Governo responsável pela área da Justiça, pedido de auxílio às autoridades policiais ou a
bem como as autoridades policiais devem remeter à UIF, qualquer autoridade administrativa;
anualmente, os dados estatísticos relativos à lavagem
de capitais, nomeadamente o número de denúncias c) Notificação ao arguido para exercício do direito de
realizadas, processos-crimes abertos, pessoas acusadas, audição ou com as declarações por ele prestadas
pessoas condenadas, pessoas extraditadas, pedidos de no exercício desse direito;
cartas rogatórias recebidos e solicitados, montante dos
bens congelados, apreendidos ou declarados perdidos a d) Decisão da autoridade de supervisão e inspeção
favor do Estado. que procede à aplicação da coima.
3. As autoridades judiciárias devem criar um sistema 2. Nos casos de concurso de infrações, a interrupção da
destinado a manter estatísticas completas sobre auxílio prescrição do processo criminal determina a interrupção
judiciário mútuo referente a apreensão, congelamento e da prescrição do procedimento contraordenacional.
confiscação de bens, extradição, bem como outros pedidos
de cooperação solicitados ou recebidos. 3. A prescrição do procedimento tem sempre lugar quando,
Artigo 36.º-A desde o seu início e ressalvado o tempo de suspensão,
tiver decorrido o prazo da prescrição acrescido de metade.
Aplicação no espaço
Artigo 41.º-C
Seja qual for a nacionalidade do agente, o disposto no
presente capítulo é aplicável a: Suspensão da prescrição da coima
a) Fatos praticados em território cabo-verdiano;
A prescrição do pagamento da coima suspende-se
b) Fatos praticados fora do território nacional de que durante o tempo em que:
sejam responsáveis as entidades referidas no
artigo 5.º, atuando por intermédio de sucursais a) Por força da lei ou regulamento a execução não
ou em prestação de serviços. pode começar ou não pode continuar a ter lugar;

c) Fatos praticados a bordo de navios ou aeronaves b) A execução foi interrompida;


de bandeira cabo-verdiana, salvo tratado ou
convenção internacional em contrário. c) Foram concedidas facilidades de pagamento.

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 769


Artigo 41.º-D Artigo 46.º-B

Interrupção da prescrição da coima Valor das coimas

1. A prescrição da coima interrompe-se com o início da Para efeitos previstos na presente lei, o valor de cada
sua execução, em caso de pagamento fracionado. dia de coima é fixado em 5.000$00 (cinco mil escudos)
e em 20.000$00 (vinte mil escudos) quando se tratar,
2. A prescrição da coima ocorre quando, desde o seu respetivamente, de pessoa singular ou de pessoa coletiva
início e ressalvado o tempo de suspensão, tiver decorrido ou entidade equiparada.
o prazo normal da prescrição acrescido de metade.
Artigo 46.º-C
Artigo 44.º-A
Punição de atos preparatórios
Contraordenações leves
São punidos os atos preparatórios dos crimes previstos
1. Constituem contraordenações leves punidas com na presente lei.”
coima de 100.000$00 (cem mil escudos) a 2.000.000$00
(dois milhões de escudos): Artigo 3.º

Revogação
a) O incumprimento por Organização de Sociedade
sem Fins Lucrativos (OSFL) da obrigação É revogado o artigo 11.º da Lei n.º 38/VII/2009, de 27
estabelecida nos números 2 e 4 no artigo 20.º-A; de abril.
b) Os incumprimentos de obrigações estabelecidos Artigo 4.º
especificamente na presente lei que não constituam
infração especialmente grave ou grave. Republicação

2. Quando a infração for praticada por uma pessoa É republicada, em anexo à presente lei, a Lei n.º 38/VII/2009,
singular, a coima é de 50.000$00 (cinquenta mil escudos) de 27 de abril, com as modificações ora introduzidas, e
a 1.000.000$00 (um milhão de escudos). procedendo à renumeração dos artigos.
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Artigo 44.º-B Artigo 5.º

Determinação da sanção aplicável Entrada em vigor

1. Na determinação da sanção atende-se às seguintes A presente lei entra em vigor no dia seguinte ao da
circunstâncias: sua publicação.

a) A quantia da operação ou os ganhos obtidos como Aprovada em 29 de janeiro de 2016.


consequência da omissão ou atos constitutivos
O Presidente da Assembleia Nacional, Basílio Mosso
da infração;
Ramos.
b) O grau de responsabilidade ou intenção com que
Promulgada em 14 de março de 2016.
atuou o infrator;
Publique-se.
c) A conduta anterior do infrator, na entidade culpada
ou em outra, em relação às exigências previstas O Presidente da República, JORGE CARLOS DE
nesta lei; ALMEIDA FONSECA.
d) O caráter da representação que a pessoa em Assinada em 17 de março de 2016.
causa possui;
O Presidente da Assembleia Nacional, Basílio Mosso
e) A capacidade económica do infrator quando a Ramos.
sanção seja multa.
ANEXO
2. A sanção a ser aplicável não pode ser mais benéfica
para o infrator do que o incumprimento das normas REPUBLICAÇÃO DA LEI N.º 38/VII/2009,
infringidas. DE 20 DE ABRIL
(a que se refere o artigo 4.º)
Artigo 46.º-A

Proteção dos intervenientes


Lei n.º 38/VII/2009

É garantida a proteção a quem tiver colaborado de 20 de abril


concretamente na investigação dos crimes previstos no
presente capítulo, nos termos da lei n.º 81/VI/2005, de 12 Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta,
de setembro, que estabelece medidas para proteção de nos termos da alínea b) do artigo 175.º da Constituição
testemunhas em processo penal. o seguinte:

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770 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

CAPÍTULO I ii. Bens detidos pelo agente criminoso ou por


terceiro, transferidos pelo agente criminoso
DISPOSIÇÕES GERAIS para terceiro, permanecendo o primeiro com
Artigo 1.º direitos, tais como o direito de posse, usufruto,
direito de natureza hereditária, entre outros
Objeto de natureza obrigacional e real sobre o bem
transferido;
A presente lei estabelece medidas destinadas a prevenir
e reprimir o crime de lavagem de capitais, bens, direitos iii. Bens ou direitos obtidos mediante transação
e valores. ou troca com os bens obtidos por meio da prática
Artigo 2.º do fato ilícito típico;

Definições iv. Direitos, direta ou indiretamente, obtidos


por meio do fato ilícito típico ou direitos sobre
1. Para efeitos da presente lei, entende-se por: os bens obtidos direta ou indiretamente pela
prática do fato ilícito típico;
a) «Autoridade competente»: todas as autoridades
públicas a quem foram atribuídas v. Bens transformados ou misturados com os bens
responsabilidades no combate à lavagem de provenientes da prática do crime de lavagem
capitais ou crimes subjacentes associados, de capitais.
designadamente:
g) «Boa-fé»: ignorância desculpável de que os bens,
i. A Unidade de Informação Financeira (UIF); direitos, valores ou vantagens do crime se
relacionavam com atividades ilícitas;
ii. Os órgãos de polícia criminal;
h) «Caráter inabitual da operação»: operação isolada
iii. As autoridades judiciárias;
em que ainda assim se não justifique em
iv. As que recebem declarações sobre o transporte virtude de, no caso concreto, não ser habitual
transfronteiriço de numerário e de instrumentos a sua prática;
negociáveis ao portador;
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i) «Confisco»: a perda definitiva de bens ou vantagens


v. As com responsabilidades de regulação e do crime, por decisão de um tribunal;
supervisão, para garantir que as entidades
j) «Congelamento» ou «apreensão»: a proibição
sujeitas cumprem as suas obrigações de prevenção
temporária de transferir, converter, alienar,
à Lavagem de Capitais.
dispor ou movimentar bens ou fundos ou outros
b) «Banca correspondente»: a prestação de serviços ativos económicos pertencentes a indivíduos ou
bancários por um banco a outro banco; entidades de que se suspeite estarem envolvidos
em lavagem de capitais;
c) «Banco de fachada»: banco que não dispõe de
qualquer presença física no país no qual k) «Entidades sujeitas»: são as instituições financeiras
esteja constituído e autorizado, e que não se e as atividades e profissões não financeiras
integra num grupo financeiro regulado sujeita designadas, obrigadas ao cumprimento dos
à supervisão consolidada e efetiva; deveres de prevenção em matéria de lavagem
de capitais e financiamento da proliferação das
d) «Beneficiário»: pessoa singular ou coletiva ou armas de destruição em massa, constantes do
entidade sem personalidade jurídica identificadas artigo 4.º;
pelo ordenante como recetoras da transferência
eletrónica solicitada; l) «Entidades de regulação e supervisão»: as entidades
referidas no artigo 5.º com as competências de
e) «Beneficiário efetivo»: pessoa singular proprietária prevenção dos crimes de lavagem de capitais,
última ou que detém o controlo final de um ali definidas;
cliente e/ou a pessoa singular por conta da qual
é efetuada uma operação. Inclui também as m) «Falsa declaração»: declaração incorreta do
pessoas que controlam efetivamente uma pessoa montante de numerário ou de instrumentos
coletiva ou uma entidade sem personalidade negociáveis ao portador transportado ou
jurídica. uma declaração incorreta de qualquer outra
informação relevante exigida ou de outra
f) «Bens»: ativos de qualquer tipo, designadamente: forma solicitada pelas autoridades. Este termo
abrange igualmente a falta de declaração tal
i. Corpóreos ou incorpóreos, móveis ou imóveis, como exigida;
tangíveis ou intangíveis, adquiridos por qualquer
meio, de origem legítima ou ilegítima, e os n) «Fundos»: quaisquer bens corpóreos ou incorpóreos,
documentos ou instrumentos jurídicos que tangíveis ou intangíveis, móveis ou imóveis,
atestam a propriedade ou outros direitos sobre independentemente da forma como sejam
os referidos ativos; adquiridos, e os documentos ou instrumentos

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 771

jurídicos sob qualquer forma, incluindo a habituais do cliente ou que a instituição


eletrónica ou digital, que comprovem o direito financeira ou atividades e profissões não
de propriedade ou outros direitos sobre esses; financeiras designadas acreditem poder estar
relacionada com um ato criminoso ou constituir
o) «Infração principal»: fato ilícito, típico e punível o lucro da atividade criminosa. As operações
com pena de prisão de que derive um bem que suspeitas incluem tentativas de operações;
possa passar a constituir objeto de uma infração
definida no artigo 39.º; w) «Transporte físico transfronteiras»: todas as
entradas ou saídas físicas de numerário ou de
p) «Instrumentos negociáveis ao portador»: instrumentos negociáveis ao portador de um
instrumentos monetários ao portador, tais como: país para outro, designadamente:
i. Cheques de viagem; i. Na sua bagagem ou veículo;
ii. Instrumentos negociáveis, incluindo cheques, ii. Através de um contentor;
notas promissórias e ordens de pagamento, que
sejam ao portador, endossados sem restrição, iii. Remessa postal;
feitos para um beneficiário fitício ou em tal
forma que a titularidade seja transferível com x) «Unidade de Informação Financeira -UIF»: Serviço
a entrega; de informação financeira que funciona como
centro nacional para receber, requerer, analisar
iii. Instrumentos incompletos, incluindo cheques, e difundir informação relativa a eventuais
notas promissórias e ordens de pagamento, atividades de lavagem de capitais. A sua
assinados, mas em que seja omisso o nome do organização, competência e funcionamento são
beneficiário; regulados em diploma próprio;
q) «Movimento físico transfronteiriço»: qualquer y) «Valor envolvido na operação» valor que, de
entrada ou saída física de numerário ou de acordo com o critério de razoabilidade no caso
instrumentos negociáveis ao portador de um concreto, indicia a possibilidade de existência
país para outro, seja através de: de lavagem de capitais;
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i. Transporte físico por uma pessoa singular ou z) «Vantagens do crime»: bens de qualquer tipo,
na sua bagagem ou veículo; direitos ou valores provenientes da prática,
sob qualquer forma de comparticipação, de
ii. Envio de numerário através de um contentor, ou; fato ilícito, típico e punível com pena de prisão,
iii. Remessa postal de numerário ou de instrumentos assim como os bens que com eles se obtenham;
negociáveis ao portador por uma pessoa singular aa) «Volume da operação» quantidade de operações
ou coletiva. sucessivas de igual natureza que, por si só,
r) «Natureza da operação»: tipo ou género de operação não se justifique.
ou uma série de operações suscetíveis de, por 2. Para os efeitos previstos na alínea t) do número
si só, ser indiciadora da prática do crime de anterior, e nos termos da presente lei, consideram-se
lavagem de capitais; PEP designadamente:
s) «Organização sem fins lucrativos – OSFL»:
a) “Funções públicas proeminentes”:
organização que tem por principal objeto a
recolha e a distribuição de fundos para fins i. Chefe de Estado;
caritativos, religiosos, culturais, educacionais,
sociais ou fraternais ou para outras finalidades ii. Chefe do Governo;
similares;
iii. Membros do Tribunal Constitucional, do
t) «Pessoas politicamente expostas - PEP»: as pessoas Supremo Tribunal de Justiça, do Tribunal de
nacionais ou estrangeiras, a quem estão ou Contas, de tribunais superiores e de outros
foram cometidas funções públicas proeminentes, órgãos judiciais de alto nível, cujas decisões
bem como os membros próximos da sua família não são habitualmente suscetíveis de recurso,
e pessoas que reconhecidamente tenham com salvo em circunstâncias excepcionais;
elas estreitas relações de natureza societária
iv. Membros do Governo;
ou comercial;
v. Membros de família reais;
u) «Títulos ao portador»: instrumentos monetários
na forma ao portador como cheques, cheques vi. Parlamentares;
de viagem e promissórias;
vii. Altos responsáveis dos partidos políticos;
v) «Transação suspeita»: transação que é invulgarmente
complexa, que não tenha objeto legítimo viii. Embaixadores, Chefes de missões diplomáticas
aparente, não congruente com os negócios e postos consulares;

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772 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

ix. Oficiais Superiores das Forças Armadas e da Artigo 5.º


Polícia; Entidades de regulação e supervisão
x. Presidentes das Câmaras Municipais; São entidades de regulação e supervisão:
xi. Os membros do Conselho ou Direção do Banco a) O Banco de Cabo Verde, para as instituições
Central; financeiras referidas no artigo 7.º;
xii. Dirigentes dos ministérios;
b) A Inspeção-geral de Jogos para pessoas físicas ou
xiii. Membros dos órgãos executivos de organizações coletivas que exploram casinos, jogos de fortuna
de Direito Internacional; ou azar, lotarias, apostas mútuas e promotores
de jogos de fortuna ou azar;
xiv. Membros dos órgãos de administração,
da direção ou de fiscalização das empresas c) A Ordem dos Advogados, relativamente aos
públicas, do Conselho de Administração das Advogados e Solicitadores;
Autoridades Administrativas Independentes, e
d) A Direção-geral dos Registos, Notariado e
de sociedades anónimas de capitais exclusiva ou
Identificação, relativamente aos Notários e
maioritariamente públicos, institutos públicos,
Conservadores dos Registos;
fundações públicas, estabelecimentos públicos,
qualquer que seja o modo da sua designação, e) A Direção Nacional das Receitas do Estado,
incluindo os órgãos de gestão das empresas relativamente à Direção das Alfândegas;
integrantes dos setores empresariais e locais;
f) A Inspeção-geral das Construções e da Imobiliária
xv. Diretores, Diretores-adjuntos e Membros e relativamente às entidades que exerçam
do Conselho de Administração e pessoas que atividades de promoção imobiliária, mediação
exerçam funções equivalentes em organização imobiliária, compra e venda de imóveis bem
internacional; como entidades construtoras que procedam à
venda direta de imóveis;
b) “Membros próximos da família”:
g) A Ordem dos Profissionais Auditores e Contabilistas
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i. O cônjuge ou unido de fato;


certificados, relativamente aos Auditores,
ii. Os pais, os filhos e os respetivos cônjuges ou Contabilistas e Consultores fiscais;
unidos de fato, os irmãos;
h) A Inspeção-geral das Atividades Económicas,
c) “Pessoas com reconhecidas e estreitas relações de relativamente aos comerciantes de bens de
natureza societária ou comercial”: valor elevado, nomeadamente veículos, obras
de arte, antiguidades e joias;
i. Qualquer pessoa singular, que seja notoriamente
conhecida como proprietária conjunta com a i) A Plataforma das ONG’s, relativamente às
pessoa politicamente exposta de uma pessoa Organizações Sem Fins Lucrativos;
coletiva, ou que com ele tenha relações comerciais
próximas; j) A Unidade de Informação Financeira, relativamente
às entidades que não estejam sujeitas à
ii. Qualquer pessoa singular que seja proprietária supervisão de outra autoridade.
do capital social ou dos direitos de voto de uma
Artigo 6.º
pessoa coletiva, que seja notoriamente conhecido
como tendo como único beneficiário efetivo a Competências
pessoa politicamente exposta.
1. Compete às autoridades de regulação e supervisão
Artigo 3.º regular, supervisionar, fiscalizar, inspecionar e garantir
Direito subsidiário o cumprimento do disposto na presente lei.

Ao crime previsto na presente lei são subsidiariamente 2. Compete, especialmente, às autoridades de regulação
aplicáveis as normas do Código Penal, Código de Processo e supervisão:
Penal, a lei que estabelece os princípios gerais da cooperação
a) Editar regras de boas práticas com o propósito de
judiciária internacional em matéria penal.
combater a lavagem de capitais e de outros bens;
Artigo 4.º
b) Garantir que as entidades sujeitas estão a cumprir
Entidades sujeitas as suas obrigações no âmbito da alínea a) do
artigo 8.º.
Estão obrigadas ao cumprimento dos deveres previstos
na presente lei as instituições financeiras e as atividades c) Acompanhar e fiscalizar a aplicação das regras e
e profissões não financeiras designadas que tenham medidas de prevenção aos respetivos setores;
a sua sede no território nacional, assim como as suas
sucursais, filiais e outras formas de representação que d) Recolher informação e outros dados junto das
estejam sediadas aqui ou no exterior. entidades sujeitas e executar inspeções no

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 773

local ao nível do grupo, podendo as autoridades o) Determinar o tipo e o âmbito de medidas a adotar
de regulação e supervisão delegar as suas pelas entidades sujeitas para cada um dos
competências a outras entidades; requisitos estabelecidos no artigo 9.º, tendo em
consideração o risco de lavagem de capitais e
e) Ordenar, quando e sempre que necessário, a o volume da atividade comercial;
apresentação de quaisquer informações
relevantes, obter cópias de documentos, em p) Informar as entidades sujeitas sobre o destino
qualquer formato, e retirar documentos das das operações suspeitas comunicadas à UIF;
instalações de uma instituição financeira ou
instituição não financeira; q) Emitir diretivas sobre a forma como apresentar
essas comunicações de operações suspeitas.
f) Aplicar medidas e sanções às instituições financeiras
e atividades e profissões não financeiras 3. Ainda, quanto às instituições financeiras e pessoas
designadas por violação do cumprimento das físicas ou coletivas que exploram casinos, jogos de fortuna
obrigações, previstas na presente Lei, inclusive ou azar, lotarias, apostas mútuas e promotores de jogos de
o poder de cancelar, restringir ou suspender a fortuna ou azar, cabe à entidade de regulação e supervisão:
autorização, se for caso disso;
a) Procurar que aquelas adotem as medidas necessárias
g) Aprovar regulamentos de execução, orientações e para evitar que os agentes dos crimes ou os
recomendações para ajudar as entidades sujeitas respetivos comparticipantes, adquiram ou
no cumprimento das obrigações previstas na sejam beneficiários efetivos de participações de
presente Lei; controlo ou de participações significativas em
instituições financeiras ou que nelas ocupem
h) Aprovar regulamentos que obriguem as entidades funções de direção;
sujeitas a aplicar medidas de diligência
reforçadas, ou outras medidas, relativamente b) Garantir que as instituições financeiras
a relações de negócio e operações com pessoas implementem políticas empresariais consistentes
singulares e coletivas e instituições financeiras de acordo com as leis nacionais e os padrões
de países que não aplicam normas internacionais internacionais de supervisão, que devem
ser também aplicadas à supervisão em base
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de prevenção à lavagem de capitais, ou não as


aplicam de forma satisfatória; consolidada.

4. Tratando-se de atividades e profissões não financeiras


i) Cooperar e partilhar informações com outras
designadas, cabe à entidade de regulação e supervisão
autoridades competentes no tocante a
proceder à fiscalização em função do risco e assegurar a
investigações e processos relativos à lavagem
boa aplicação de sistemas de fiscalização adequados a
de capitais, infrações subjacentes associadas;
outras categorias de atividades e profissões não financeiras
j) Verificar se as sucursais estrangeiras e as filiais designadas que garantam que o regime de prevenção de
maioritárias das entidades sujeitas, adotam lavagem de capitais seja implementado.
e aplicam medidas para dar cumprimento ao
CAPÍTULO II
disposto na presente Lei;
DISPOSIÇÕES PREVENTIVAS
k) Colaborar sem demora e de forma eficaz com
suas homólogas que desempenhem funções Artigo 7.º
equivalentes, bem como com outras autoridades
Âmbito subjetivo
competentes, quer nacionais quer estrangeiras,
nomeadamente na troca de informações; 1. Estão obrigadas ao cumprimento dos deveres
previstos na presente lei as instituições financeiras e as
l) Estabelecer e aplicar critérios de idoneidade e
atividades e profissões não financeiras designadas que
adequação para a titularidade, controlo ou
tenham a sua sede no território nacional, assim como as
participação, direta ou indireta, na direção,
suas sucursais, filiais e outras formas de representação
gestão ou funcionamento de instituições
que estejam sediadas aqui ou no exterior.
financeiras;
2. São instituições financeiras:
m) Estabelecer regras e normas relativas às
percentagens de participação de accionistas a) As instituições de crédito, designadamente:
em instituições financeiras de controlo de
ações maioritárias e de participação, direta i. Os bancos;
ou indireta, na administração de instituições
financeiras ou na condução das atividades ou ii. As sociedades de investimento;
do funcionamento de entidades sujeitas; iii. As sociedades de locação financeira;
n) Manter dados estatísticos sobre medidas adotadas iv. As sociedades de fatoring;
e sanções impostas no quadro de aplicação da
presente lei; v. As sociedades financeiras para aquisições e crédito;

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774 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

vi. As sociedades emitentes ou gestoras de cartões d) As pessoas, físicas ou jurídicas, que se dedicam
de crédito; habitualmente ao comércio ou organizam a
venda de joias, pedras ou metais preciosos,
vii. As sociedades de garantia mútua; objetos de arte ou antiguidades;

viii. As sociedades de desenvolvimento regional; e) Os comerciantes de veículos;

ix. Outras que como tal sejam qualificadas pela lei; f) As entidades que exerçam atividades de promoção
imobiliária, mediação imobiliária, compra e venda
b) As instituições de moeda eletrónica; de imóveis, bem como entidades construtoras
que procedam à venda direta de imóveis;
c) As seguradoras e as sociedades gestoras de fundos
de pensões; g) Os comerciantes que transaccionem bens cujo
pagamento seja efetuado em numerário, em
d) Os fundos de pensões e os organismos de montante igual ou superior a 1.000.000$00 (um
investimento coletivo desde que dotadas de milhão de escudos), independentemente de a
personalidade jurídica; transação ser realizada através de uma única
operação ou de várias operações aparentemente
e) As sociedades gestoras de fundos de investimento relacionadas entre si;
e as sociedades depositárias de valores afetos
a fundos de investimento, de acordo com o h) As organizações sem fins lucrativos, nos termos
Decreto-lei n.º 15/2005, de 14 de fevereiro; estabelecidos pelo artigo 35.º;

f) Sociedades de gestão financeira; i) Os advogados, solicitadores, notários, conservadores


dos registos, outras profissões jurídicas independentes,
g) Sociedade de capital de risco; auditores, contabilistas e consultores fiscais, quando
intervenham ou assistam, a título profissional,
h) As agências de câmbio. em operações de:
3. São igualmente consideradas instituições financeiras: i. Compra e venda de bens imóveis, estabelecimentos
2 165000 005638

comerciais e participações sociais;


a) As instituições de autorização restrita;
ii. Gestão de fundos, valores mobiliários ou outros
b) As sociedades de entrega rápida de valores em ativos do cliente;
numerário;
iii. Abertura e gestão de contas bancárias, de
c) As entidades referidas como sujeitas à supervisão poupança ou de valores mobiliários;
da Auditoria Geral do Mercado de Valores
Mobiliários, nos termos do Código do Mercado iv. Organização de contribuições destinadas à
de Valores Mobiliários; criação, exploração ou gestão de sociedades;

d) Os serviços postais, na medida em que prestem v. Criação, operação e gestão de pessoas coletivas
atividades financeiras ao público. ou de entidades sem personalidade jurídica e
compra e venda de entidades comerciais;
4. Ainda, consideram-se instituições financeiras outras
definidas em legislação específica. vi. Alienação e aquisição de direitos sobre
praticantes de atividades desportivas
5. São abrangidas também as sucursais, filiais e agências profissionais;
situadas em território nacional, das entidades referidas no
número anterior que tenham a sua sede no estrangeiro, j) Os prestadores de serviços a sociedades e a fundos
bem como as sucursais financeiras exteriores. fiduciários sempre que preparem ou efetuem
operações para um cliente no quadro das
6. São atividades e profissões não financeiras designadas: seguintes atividades:

a) Os casinos, incluindo os casinos online; i. Atuação como agentes na constituição de pessoas


coletivas;
b) As entidades pagadoras de prémios de apostas ou
lotarias, sempre que procedam a pagamentos ii. Atuação como administradores ou secretários de
a vencedores de prémios de apostas ou lotarias uma sociedade, associados de uma sociedade de
de montante igual ou superior a 300.000$00 pessoas ou como titulares de posições semelhantes
(trezentos mil escudos); em relação a outras pessoas colectivas ou
procedam às diligências necessárias para que
c) As pessoas responsáveis pela gestão, exploração um terceiro atue das formas referidas;
e comercialização de lotarias e outros jogos de
azar respeitante às operações de pagamento iii. Fornecimento de sede social, endereço comercial,
de prémios; instalações ou endereço administrativo ou postal

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 775

a uma sociedade ou a qualquer outra pessoa 2. Será designada em diploma próprio, no prazo de
coletiva ou a entidades sem personalidade cento e vinte dias após a entrada em vigor desta lei, a
jurídica; autoridade competente para coordenar a resposta nacional
aos riscos mencionados no número anterior.
iv. Atuação como administrador de um fundo
fiduciário explícito ou o exercício de função 3. As avaliações previstas no número 1 devem ser
equivalente para outros tipos de entidade atualizadas, documentadas e colocadas à disposição das
sem personalidade jurídica ou procedam às autoridades competentes e dos organismos de regulação
diligências necessárias para que outra pessoa e supervisão.
atue das formas referidas;
4. As entidades sujeitas devem adotar medidas adequadas
v. Intervenção como acionistas por conta de outra para identificar, avaliar e compreender os respetivos riscos
pessoa ou proceder às diligências necessárias de lavagem de capitais, nomeadamente o risco de cliente,
para que outra pessoa intervenha dessa forma. risco-país ou risco geográfico, fatores de riscos associados
ao produto, serviço, operação ou canal de distribuição,
k) As outras atividades e profissões que vierem a ser estando obrigados a:
designadas por lei.
a) Documentar as respetivas avaliações dos riscos;
Artigo 8.º
b) Considerar todos os fatores de risco relevantes
Deveres das entidades sujeitas antes de determinar o nível de risco global e o
nível adequado e tipo de medidas de atenuação
As entidades sujeitas estão vinculadas, no desempenho
a aplicar;
da respetiva atividade, ao cumprimento dos seguintes
deveres: c) Manter essas avaliações atualizadas; e
a) Dever de avaliação e abordagem dos riscos; d) Dispor de mecanismos adequados para comunicar
a informação sobre a avaliação dos riscos às
b) Dever de identificação e verificação de identidade; autoridades competentes e aos organismos de
c) Dever de diligência relativo à clientela; auto-regulação.
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5. As entidades sujeitas devem ainda:


d) Dever de recusa;
a) Dispor de políticas, procedimentos e controlos, que
e) Dever de conservação;
devem ser aprovados pela alta direção, para
f) Dever de exame; atenuar e gerir eficazmente os riscos de lavagem
de capitais identificados ao nível das pessoas
g) Dever de comunicação; sujeitas, dos países ou das zonas geográficas;

h) Dever de declaração de transportes físicos b) Aplicar medidas especificamente orientadas para


transfronteiriços; a gestão dos riscos de lavagem de capitais, caso
estabeleçam relações de negócio ou executem
i) Dever de abstenção; operações com um cliente que não esteja
fisicamente presente para efeitos de identificação;
j) Dever de colaboração;
c) Assegurar que as medidas destinadas a
k) Dever de confidencialidade; impedir ou a mitigar a lavagem de capitais
são proporcionais aos riscos identificados e
l) Dever de controlo;
lhes permitem desenvolver os seus recursos
m) Dever de formação. de modo mais eficaz possível.

Artigo 9.º d) Tomar medidas reforçadas quando identificam


cenários de risco mais elevado;
Transferências de Fundos e pagamentos
e) Assegurar que documentos, dados e informações
As transferências internacionais de moeda nacional recolhidos no âmbito do dever de diligência
ou estrangeira, meios de pagamento sobre o exterior ou relativo à clientela são atualizadas e relevantes
títulos ao portador, só podem ser realizadas por intermédio para a realização de revisões dos registos
de instituições bancárias ou financeiras autorizadas a existentes, sobretudo para categorias de clientes
proceder a essas operações. com risco mais elevado. Os registos devem ser
Artigo 10.º
postos à disposição da UIF, das autoridades de
regulação e supervisão e das demais autoridades
Dever de avaliação nacional e abordagem dos riscos competentes.
1. O Governo deve em diploma próprio tomar medidas f) A implementação das políticas, dos procedimentos e
eficazes para avaliar, compreender e atenuar os riscos dos controlos devem ser monitorados e reforçados
de lavagem de capitais. sempre que necessário.

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776 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

6. As políticas, os procedimentos e controlos referidos 3. A obrigação de declaração não é reputada executada


na alínea a) do número anterior devem ser proporcionais se as informações fornecidas são incorretas ou incompletas.
à natureza, ao tamanho e ao volume das atividades das
entidades sujeitas. 4. O disposto no número 2 também se aplica às pessoas
que transportem metais e pedras preciosas.
Artigo 11.º
Dever de declaração de transportes físicos transfronteiriços 5. É proibida a circulação da moeda não declarada,
ou falsamente declarada até se determinar se ela está
1. As pessoas, nacionais ou estrangeiras, que entram relacionada com a lavagem de capitais.
ou saem do território Cabo-verdiano, devem declarar,
por escrito as divisas ou títulos ao portador ou moeda 6. Havendo falsas declarações sobre a origem das divisas
eletrónica, por qualquer meio, sempre que o montante e títulos ao portador, a quantidade não declarada de moedas
transportado seja igual ou superior a 1.000.000$00 (um nacional, estrangeira ou de instrumentos negociáveis ao
milhão de escudos) ou equivalente em moeda estrangeira. portador, o transportador/detentor sujeita-se ao crime por
falsas declarações previstas em legislação penal.
2. A Direção das Alfândegas deve:
a) Por sua própria iniciativa, informar, de imediato a 7. A obrigação de monitorizar a circulação de moeda e
UIF, sempre que saiba, suspeite ou tenha razões instrumentos negociáveis ao portador também se aplica ao
suficientes para suspeitar que teve lugar, está em fluxo de moeda através do correio e do uso de contentores.
curso ou foi tentada a realização de movimentos 8. Do montante apreendido lavra-se um auto que é
físicos transfronteiriços de moedas nacional, remetido ao Banco de Cabo Verde, devendo este conservá-lo
estrangeira ou de instrumentos negociáveis ao até decisão da autoridade judiciária.
portador, suscetíveis de estarem associados à
prática de crime de lavagem de capitais; Artigo 12.º

b) Enviar a informação resultante destas declarações Dever de identificação e verificação da identidade


à UIF;
1. As entidades sujeitas devem identificar os seus clientes,
c) Proceder à identificação do transportador de regulares ou ocasionais e verificar as suas identidades,
espécies e instrumentos ao portador do montante do beneficiário, fundador, administrador ou outra pessoa
2 165000 005638

previsto no número anterior; com controlo efetivo dos fundos fiduciários sempre que
com eles estabeleçam qualquer relação de negócio.
d) Exigir informações aos transportadores sobre a
origem das divisas e títulos ao portador e a 2. As entidades sujeitas devem identificar e verificar
que se destinam; a identidade dos seus clientes e do beneficiário efetivo,
e) Apreender ou reter a totalidade do montante de quando:
divisas ou dos títulos ao portador não declarados,
a) Pretender abrir conta ou estabelecer uma relação
sempre que exista uma suspeita de lavagem de
de negócio comercial com um cliente;
capitais ou sempre que tenham sido apresentadas
falsas declarações às autoridades alfandegárias, b) Realizar transações ocasionais no montante
incumbindo tal tarefa ao agente aduaneiro igual ou superior a 1.000.000$00 (um milhão
responsável pelo turno, por um período nunca de escudos) independentemente de se tratar
inferior a seis meses; de uma única transação ou várias transações
f) Conservar pelo prazo de sete anos toda a aparentemente conexas;
documentação recolhida relativamente a c) Realizar transferência nacional ou internacional
movimentos físicos transfronteiriços de moeda no montante igual ou superior a 1.000.000$00
estrangeira ou de instrumentos negociáveis ao (um milhão de escudos) em nome de um cliente;
portador, ou o seu registo e ficar disponível para
a UIF, o Banco de Cabo Verde e as autoridades d) Existir suspeita que as operações, independentemente
judiciárias e policiais competentes; do seu valor e de qualquer excepção ou
g) Emitir procedimentos e regras relacionados com limiar, possam estar relacionados com o
a implementação do presente artigo; crime de lavagem de capitais, tendo em conta
nomeadamente a sua natureza, complexidade,
h) Criar um sistema de manutenção de informações caráter atípico ou não habitual em relação ao
e registo dos montantes em moedas ou perfil ou atividade do cliente, valores envolvidos,
instrumentos negociáveis ao portador, bem frequência, local de origem e destino, situação
como dos dados de identificação do portador, económica e financeira dos intervenientes ou
sempre que uma declaração ultrapasse o meios de pagamento utilizados;
limite previsto, uma declaração seja falsa ou
se suspeite de lavagem de capitais; e) Existir dúvidas acerca da veracidade ou adequação
de dados de identificação do cliente previamente
i) Em caso de apreensão do montante superior ao obtidos.
declarado ou não declarado, as instituições
envolvidas devem respeitar os procedimentos 3. É proibido manter relação negocial ou realizar
previstos em legislação. operações com pessoas físicas ou jurídicas que não tenham

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 777

sido devidamente identificadas. É vedada, em particular, tenham adquirido através de cartão bancário ou
a abertura, contratação ou manutenção de contas, ativos cheque não inutilizado e no montante máximo
ou instrumentos numerados, cifrados, anónimos ou com equivalente ao somatório das aquisições;
nomes fitícios.
b) Para pagamentos de prémios à ordem dos
4. Os elementos relativos à identificação do cliente frequentadores premiados previamente
devem ser anotados, por escrito, em impresso próprio identificados e resultantes das combinações
ou no documento comprovativo da operação realizada. do plano de pagamentos das máquinas ou de
sistemas de prémio acumulado.
5. A identificação de centros de interesses coletivos
sem personalidade jurídica constituídos de acordo com o 4. A identidade dos frequentadores do casino deve ser
direito estrangeiro ou instrumentos legais semelhantes, sempre objeto de registo.
sem personalidade jurídica, deve incluir a obtenção e
5. As entidades pagadoras de prémios de apostas ou
verificação do nome dos administradores, instituidores
lotarias devem identificar os vencedores dos prémios
e beneficiários.
sempre que o montante ganho for igual ou superior a
6. Sempre que a entidade sujeita tenha conhecimento 600.000$00 (seiscentos mil escudos).
ou fundada suspeita de que o cliente não atua por conta 6. As entidades que exerçam atividades de mediação,
própria, deve tomar medidas adequadas que lhe permitam promoção imobiliária, compra e venda de imóveis, bem
conhecer a identidade da pessoa ou entidade por conta como entidades construtoras que procedam à venda
de quem o cliente está a atuar, nomeadamente dos direta de imóveis, devem identificar os seus clientes,
beneficiários efetivos. representantes e beneficiários efetivos, sempre que
7. As entidades sujeitas devem também verificar se realizem operações para os seus clientes, devendo ainda
os representantes dos clientes se encontram legalmente recolher os seguintes elementos:
habilitados a atuar em seu nome ou representação. a) Identificação clara dos intervenientes;
8. A obrigação de identificação prevista no presente b) Montante global do negócio jurídico;
artigo aplica-se também aos clientes já existentes quanto
às operações em curso e às futuras. c) Menção dos respetivos títulos representativos;
2 165000 005638

9. A verificação da identidade dos clientes existentes d) Meio de pagamento utilizado e respetivo


será objecto de regulamentação emitida pelas autoridades comprovativo;
de regulação e supervisão, no prazo de 180 dias após a e) Identificação do imóvel.
entrada em vigor da presente lei.
7. Os negociantes em metais preciosos ou em pedras
Artigo 13.º
preciosas, obras de arte ou antiguidades, devem identificar
Dever de identificação e verificação de identidade específico os seus clientes sempre que realizem operações em
numerário com um cliente, de montante igual ou superior
1. As companhias de seguros e os intermediários de 800.000$00 (oitocentos mil escudos).
serviços de seguros devem identificar os clientes e verificar
a sua identidade, sempre que os prémios de seguros pagos 8. Os Advogados, Solicitadores, Notários, Conservadores
durante um ano excedam 110.000$00 (cento e dez mil dos Registos, Contabilistas, Auditores e Consultores
escudos), se o pagamento for realizado sob a forma de Fiscais, devem identificar os seus clientes sempre que
um prémio único excedendo 220.000$00 (duzentos e vinte preparem ou efetuem operações para os seus clientes, no
mil escudos) e no caso de contratos de seguros de pensões âmbito das atividades descritas na alínea i) do número
relacionados com o emprego ou a atividade profissional do artigo 7.º.
do segurado, quando estes contratos contenham uma 9. Prestador de serviços a sociedades e a fundos
cláusula de remissão e possam ser usados como garantias fiduciários, devem identificar os seus clientes sempre
de empréstimos. que preparem ou efetuem operações para um cliente no
2. No caso de concessionários de exploração de jogos e quadro das atividades descritas na alínea j) do número
casinos o dever de identificação e verificação da identidade 6 artigo 7.º.
dos frequentadores deve ser feito à entrada da sala de 10. As entidades que procedam a pagamentos a vencedores
jogo ou quando adquirirem ou trocarem fichas de jogo, de prémios de apostas ou lotarias devem proceder à
ou símbolos convencionais utilizáveis para jogar, num identificação e verificação da identidade do beneficiário
montante total igual ou superior a 300.000$00 (trezentos do pagamento, sempre que o valor do prémio seja igual
mil escudos). ou superior a 600.000$00 (seiscentos mil escudos).
3. Os concessionários de casinos devem emitir cheques Artigo 14.º
seus, obrigatoriamente nominativos e cruzados, com Elementos de identificação e verificação da identidade
indicação de cláusula proibitiva de endosso apenas: de clientes

a) Em troca de fichas ou símbolos convencionais à 1. A identificação das pessoas singulares deve incluir
ordem dos frequentadores identificados que os o nome completo, filiação, estado civil, profissão, data e

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778 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

lugar de nascimento, residência, Número de Identificação deve abrir a conta, iniciar a relação de negócio ou efetuar
Fiscal, o local de trabalho, o número de contato, o endereço a operação, ou ainda, fazer cessar a relação de negócio e,
eletrónico. considerar a possibilidade de fazer uma comunicação de
operação suspeita à UIF.
2. A verificação é efetuada pela apresentação de qualquer
documento de identificação oficial válido, onde conste a 4. Os procedimentos de diligência relativos à clientela
respetiva fotografia e assinatura. são aplicáveis quer aos novos clientes, quer aos existentes,
de modo regular e em função do nível de risco existente.
3. A identificação das pessoas coletivas deve incluir;
5. Considerando a avaliação do risco representado pelo
a) Nome, natureza e forma legal, lugar da sede; tipo de cliente, pela relação de negócio ou transação, as
b) Identidade dos gerentes ou administradores; entidades de regulação e supervisão podem determinar,
através de regulamento, as situações em que as obrigações
c) Identificação de quem detém os poderes para as constantes previstas na presente Lei podem ser reduzidas
obrigar. ou simplificadas, em relação à identificação e verificação
da identidade do cliente ou do beneficiário efetivo.
4. A verificação da identificação das pessoas coletivas é
efetuada pela apresentação da certidão dos seus estatutos. 6. Para além da identificação dos clientes, dos seus
representantes e dos beneficiários efetivos as entidades
5. A identificação de fundos fiduciários constituídos de sujeitas devem:
acordo com o direito estrangeiro ou instrumentos legais
semelhantes, sem personalidade jurídica, deve incluir a) Obter informação sobre a finalidade e a natureza
a obtenção e verificação do nome dos administradores, pretendida da relação de negócio;
instituidores e beneficiários.
b) Obter informação relativa a clientes que sejam
Artigos 15.º pessoas coletivas ou entidades sem personalidade
Dever de diligência relativo ao cliente jurídica, que permita compreender a estrutura
de propriedade e de controlo do cliente;
1. As entidades sujeitas devem adotar, para além da
identificação dos clientes, representantes e beneficiários c) Obter informação, quando o perfil de risco do
2 165000 005638

efetivos, as seguintes medidas de diligência em relação cliente ou as caraterísticas da operação o


aos clientes: justifiquem, sobre a origem e o destino dos
fundos movimentados no âmbito de uma relação
a) Tomar medidas adequadas que lhes permitam de negócio ou na realização de uma transação
compreender a estrutura de propriedade e de ocasional;
controlo do cliente e determinar a identidade
da pessoa singular que efetivamente detêm d) Manter um acompanhamento contínuo da relação
poderes ou controlam o cliente; de negócio, a fim de assegurar que tais operações
são consistentes com o conhecimento que a
b) Compreender e, quando adequado, obter informação instituição possui do cliente, dos seus negócios
sobre o objeto e a natureza da relação de negócio; e do seu perfil de risco, incluindo se necessário
a origem dos fundos;
c) Manter atualizados os elementos de informação
obtidos no decurso da relação de negócio. e) Manter atualizados os elementos de informação
obtidos no decurso da relação de negócio.
d) Manter uma vigilância contínua sobre a relação de
negócio e examinar atentamente as operações 7. Salvo quando existam suspeitas de lavagem de capitais,
realizadas no decurso dessa relação, para as entidades sujeitas ficam dispensadas do cumprimento
assegurar que essas operações são consistentes dos deveres enunciados nos númeross 1 e 2 deste artigo
com o conhecimento que a instituição tem do e no artigo 12.º, nas situações em que o cliente seja:
cliente, dos seus negócios e do seu perfil de risco,
incluindo, se necessário, a origem dos fundos. a) Estado, autarquias ou pessoa coletiva de direito
público, de qualquer natureza;
2. Essas medidas devem ser adotadas sempre que:
b) Entidade que presta serviços postais;
a) Estabeleçam relações de negócio;
c) Autoridade ou organismo público sujeito a práticas
b) Efetuem transações ocasionais, acima de contabilísticas transparentes e objeto de
1.000.000$00 (um milhão de escudos); fiscalização.
c) Exista suspeita de lavagem de capitais; ou 8. Nos casos previstos no número anterior, as entidades
d) Tenha dúvidas quanto à veracidade ou à adequação sujeitas devem, em qualquer caso, recolher informação
dos dados de identificação do cliente previamente suficiente para verificar se o cliente se enquadra numa
obtidos. das categorias ou profissões, bem como acompanhar a
relação negocial de forma a poder detetar transações
3. Quando as entidades sujeitas não puderem dar complexas ou de valor anormalmente elevado que não
cumprimento ao previsto nas alíneas a) e b) do n.º 1, não aparentem ter objetivo económico ou fim lícito.

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 779

9. Excetuando-se as situações de suspeitas de lavagem g) Compreender claramente as responsabilidades


de capitais, as entidades financeiras ficam dispensadas de cada instituição;
do cumprimento dos deveres enunciados nos artigos 12.º
e 15.º, nas seguintes situações: h) Quanto às contas correspondentes de transferência,
que se assegurem de que o banco cliente aplicou
a) Nos contratos de seguro Vida e de fundos de as medidas de diligência contínua relativamente
pensões ou produtos de aforro de natureza à clientela que tem acesso direto às contas
semelhante cujo prémio ou contribuição anual do banco correspondente, e de que aquele
não seja superior a 110.000$00 (cento e dez banco está habilitado e capacitado a fornecer
mil escudos) cujo prémio único não exceda os dados adequados sobre a identificação dos
220.000$00 (duzentos e vinte mil escudos); seus clientes, quando tal lhe for solicitado pelo
banco correspondente.
b) Nos contratos de seguro associados a planos de
pensão desde que não contenham uma cláusula Artigo 17.º
de resgate nem possam ser utilizados para
garantir empréstimos; Bancos de fachada

c) Nos regimes de pensão, planos complementares de 1. Nenhum banco pode operar em Cabo Verde se
pensão ou regimes semelhantes de pagamento não dispuser de presença física no país, se não estiver
de prestações de reforma aos trabalhadores licenciado pelo Banco de Cabo Verde e não pertencer a
assalariados, com contribuições efetuadas um grupo financeiro regulamentado sujeito a supervisão
mediante dedução nos salários e cujo regime numa base consolidada.
vede aos beneficiários a possibilidade de
transferência de direitos. 2. As instituições financeiras não devem estabelecer
nem manter relações de negócio:
Artigo 16.º

Bancos correspondentes a) Com bancos registados em jurisdições onde não


tenham presença física, e que não pertençam
As instituições financeiras, no que respeita às suas a um grupo financeiro regulamentado, sujeito
2 165000 005638

relações transfronteiras entre bancos correspondentes a supervisão numa base consolidada.


e a outras relações semelhantes, além da aplicação das
medidas de diligência relativas à clientela, devem: b) Com instituições, ou clientes de países que
permitam que as suas contas sejam utilizadas
a) Recolher informações suficientes sobre a instituição por bancos registados em jurisdições onde não
que solicita a relação e com quem executam tenham presença física, e que não pertençam
a relação de correspondência, de modo a a um grupo financeiro regulamentado sujeito
compreenderem plenamente a natureza da a supervisão;
sua atividade e a conhecerem, a partir de
informações publicamente disponíveis, a c) Se as obrigações previstas no número anterior não
reputação da instituição e a qualidade da sua puderem ser cumpridas.
supervisão, nomeadamente para o efeito de
verificarem se a instituição em causa foi objeto 3. As instituições financeiras devem assegurar-se que
de uma investigação ou de uma intervenção da as suas instituições clientes não permitam que as suas
autoridade de supervisão, relacionada com a contas sejam utilizadas por bancos de fachada.
lavagem de capitais;
Artigo 18.º
b) Avaliar os controlos existentes na instituição
que solicita a relação de correspondência, em Transferência de fundos ou de valores
matéria de prevenção à lavagem de capitais;
1. Os prestadores de serviços de fundos ou de valores
c) Obter a aprovação da sua alta direção antes de devem manter uma lista atualizada dos seus agentes que
estabelecerem novas relações de correspondência; podem ceder às autoridades competentes.

d) Recolher informação sobre a natureza das atividades 2. Quando recorram a agentes devem assegurar que
da instituição que solicita a relação; estes se incluam nos seus programas anti lavagem de
capitais e controlem o cumprimento destes programas
e) Avaliar a reputação da instituição que solicita a por parte dos mesmos agentes.
relação e a natureza da supervisão a que está
sujeita, de acordo com a informação disponível Artigo 19.º
publicamente;
Novas tecnologias
f) Determinar se a instituição foi sujeita a investigação
ou a medida regulamentar envolvendo crime 1. A autoridade central em matéria de cooperação
de lavagem de capitais; internacional em matéria penal, as instituições financeiras

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780 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

e as atividades e profissões não financeiras designadas Artigo 21.º


devem identificar e avaliar os riscos de lavagem de capitais Dever de recusa de realização das operações
que possam resultar:
1. As entidades sujeitas devem recusar o início da
a) Do desenvolvimento de novos produtos e novas relação de negócio, a realização da operação pretendida:
práticas comerciais, nomeadamente novos
mecanismos de distribuição, a) Em caso de ausência de identificação do cliente ou
do representado ou beneficiário efetivo;
b) Da utilização de tecnologias novas ou em fase
de desenvolvimento relacionadas com novos b) Se não for fornecida a informação sobre a estrutura
produtos ou com produtos pré-existentes. de propriedade e controlo do cliente, a natureza
e a finalidade da relação de negócio;
2. As entidades sujeitas devem avaliar o risco antes do
lançamento dos novos produtos ou práticas comerciais c) Se não se conhece a origem e o destino dos fundos
ou da utilização de tecnologias novas ou em fase de nos casos previstos na presente lei.
desenvolvimento. Artigo 22.º

3. Ainda, as entidades sujeitas devem adotar medidas Dever de diligência acrescida


adequadas para gerir e mitigar esses riscos.
1. Sem prejuízo do cumprimento do disposto nos artigos
Artigo 20.º
12.º e 20.º, as entidades sujeitas devem aplicar medidas
Identificação através de intermediários acrescidas de diligência em relação aos clientes e às
operações, atendendo à natureza, complexidade, volume,
1. As entidades sujeitas podem recorrer a terceiros ou caráter não habitual, ausência de justificação económica
intermediários para realizar a identificação e verificação ou suscetibilidade de enquadrar num tipo legal de crime.
da identificação dos clientes, se estiverem assegurados
os seguintes critérios: 2. Verificadas as circunstâncias descritas no número
anterior, as entidades sujeitas devem procurar informação
a) Quando solicitados, possam fornecer imediatamente do cliente sobre a origem e destino dos fundos e reduzir
cópias dos documentos de identificação dos a escrito o resultado destas medidas, que deve estar
2 165000 005638

clientes e beneficiários efetivos bem como disponível para as autoridades competentes.


verificar a sua identidade e outros documentos
relacionados com a obrigação de diligência; 3. São sempre aplicáveis medidas acrescidas de diligência
às operações realizadas à distância e especialmente às que
b) Estejam estabelecidos em Cabo Verde ou noutro possam favorecer o anonimato, às operações efetuadas
Estado cuja legislação imponha obrigações com pessoas politicamente expostas, às operações de
de diligência equivalentes às exigidas pela correspondência bancária com instituições financeiras
presente lei e se encontrem sujeitos a supervisão bancárias estabelecidas em países terceiros e a quaisquer
adequada; outras designadas pelas autoridades de regulação e
supervisão do respetivo setor, desde que legalmente
c) Tenham a possibilidade de compreender e, quando
habilitadas para o efeito.
adequado, obter informação sobre o objeto e a
natureza da relação de negócio; 4. Sem prejuízo de regulamentação emitida pelas
autoridades competentes, nos casos em que a operação
d) Estejam sujeitos a regulação e supervisão, bem como
tenha lugar sem que o cliente, ou o seu representante, ou
adotar providências destinadas ao cumprimento
o seu beneficiário efetivo estejam fisicamente presentes,
das obrigações de diligência relativas à clientela
a verificação da identidade pode ser complementada por
e de conservação de documentos.
documentos ou informações suplementares consideradas
2. Sem prejuízo do referido no número anterior, a adequadas para verificar ou certificar os dados fornecidos
responsabilidade pelo cumprimento dos deveres contidos pelo cliente.
na presente lei continua a caber à entidade obrigada que
5. Ainda, as entidades sujeitas devem aplicar medidas
recorreu a terceiros.
de vigilância reforçadas:
3. No caso de operações financeiras realizadas
a) Para clientes, relações de negócio ou operações
internacionalmente e sem contato pessoal com o cliente,
em categorias de risco mais elevadas;
caso subsistam dúvidas sobre a identidade do mesmo e o
montante ou a natureza da operação o justificarem, pode b) Aos clientes anteriores à promulgação do presente
ser solicitado ao beneficiário da operação que a identificação diploma, em função do nível de relevância e
e a natureza da operação sejam comprovadas por uma risco, e cumprir o dever de vigilância sobre
instituição financeira reconhecidamente idónea. essas relações.
4. As instituições financeiras devem sempre, na 6. As instituições financeiras devem aplicar medidas de
determinação dos países em que podem estar estabelecidos os diligência reforçadas a relações de negócio e operações com
terceiros que cumprem os critérios, atender às informações pessoas, singulares e coletivas, e instituições financeiras
disponíveis sobre o nível de risco associado a esses países. de países com um risco mais elevado de lavagem de

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 781

capitais para esse efeito designados pelo Grupo de Ação Artigo 25.º
Financeira Internacional, os quais devem ser eficaz e Dever de conservação de documentos
proporcional aos riscos.
1. As entidades sujeitas devem conservar, por um
7. As entidades sujeitas devem considerar a possibilidade período mínimo de sete anos após o momento em que
de fazer uma declaração suspeita quando: foi efetuada a transação ou a partir do fim da relação
de negócio ou após a data da transação, sob qualquer
a) Se vê impossibilitada de verificar a identidade do
forma de suporte, os originais ou cópias dos seguintes
cliente ou do beneficiário efetivo;
documentos, internos ou internacionais:
b) Iniciou uma relação de negócio e se vê
a) Demonstrativos da identidade dos clientes,
impossibilitada de verificar satisfatoriamente a
beneficiários e representados;
identidade do cliente ou do beneficiário efetivo
e, ainda pôr termo à relação de negócio. b) Cópias dos registos relativos às transações
executadas, de modo a permitir a reconstituição
Artigo 23.º
das transações, bem como os relatórios escritos
Adequação ao grau de risco referidos na presente lei.

1. No cumprimento dos deveres de identificação e de 2. No caso das instituições financeiras, para além
diligência previstos nos artigos 12.º, 15.º e 22.º, as entidades dos documentos constantes do número anterior, devem
sujeitas devem adaptar a natureza e a extensão dos conservar as fichas de abertura de contas de depósito
procedimentos de verificação e das medidas de diligência, e correspondência relacionada, durante, pelo menos, o
em função do risco associado ao tipo de cliente, à relação período de sete anos a seguir ao encerramento da conta
de negócio, ao produto, à transação e à origem ou destino ou ao fim da relação de negócio.
dos fundos.
3. As entidades sujeitas, sempre que solicitadas, devem
2. As entidades sujeitas devem estar em condições de fornecer cópias dos documentos referidos nos números
demonstrar a adequação dos procedimentos adotados anteriores às autoridades competentes e à UIF, para
nos termos do número anterior, sempre que tal lhes efeitos de investigação do crime de lavagem de capitais
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seja solicitado pela competente autoridade de regulação e inteligência de informações.


e supervisão. Artigo 26.º

Artigo 24.º Dever de exame

Pessoas politicamente expostas 1. Sem prejuízo do dever de diligência reforçada, as


entidades sujeitas devem examinar com especial cuidado
1. As entidades sujeitas quando estão a fazer negócio ou e atenção, de acordo com a sua experiência profissional, o
transações com pessoas politicamente expostas, além da seu conhecimento do cliente, as suas atividades comerciais
aplicação de medidas de diligência relativas à clientela, e o seu perfil de risco, qualquer conduta, atividade ou
devem: operações cujos elementos caraterizadores o tornem
suscetível de estar relacionada com a lavagem de capitais.
a) Dispor de procedimentos adequados e baseados
no risco, para determinar se o cliente ou 2. Para efeitos do número anterior o exame da operação
representante ou beneficiário efetivo é uma deve incidir, nomeadamente, sobre:
pessoa politicamente exposta, e se nacional
ou estrangeira; a) A natureza, a finalidade, a frequência, a
complexidade, a invulgaridade e a atipicidade
b) Obter a autorização da sua alta direção para o da conduta, atividade ou operação;
estabelecimento ou manutenção, no caso de
clientes existentes de relações de negócio com b) A aparente inexistência de um objetivo económico
tais clientes ou beneficiários efetivos; ou de um fim lícito associado à conduta, atividade
ou operação;
c) Tomar as medidas necessárias para determinar a
origem do património e dos fundos envolvidos, c) O montante, a origem e o destino dos fundos
nas relações de negócio ou nas transações movimentados;
ocasionais;
d) Os meios de pagamento utilizados;
d) Efetuar um acompanhamento contínuo e reforçado e) A natureza, a atividade, o padrão operativo e o
da relação de negócio. perfil dos intervenientes;
2. O regime previsto no número anterior deve continuar f) O tipo de transação ou produto que possa favorecer
a aplicar-se a quem, tendo deixado de ter a qualidade de especialmente o anonimato.
pessoa politicamente exposta, continue a representar um
risco acrescido de lavagem de capitais, devido ao seu perfil 3. A aferição do grau de suspeição evidenciado por
ou à natureza das operações desenvolvidas. uma conduta, atividade ou operação não pressupõe

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782 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

necessariamente a existência de qualquer tipo de b) Tomar medidas razoáveis no sentido de identificar


documentação confirmativa da suspeita, antes decorrendo transferências eletrónicas transfronteiras sem
da apreciação das circunstâncias concretas, à luz dos as informações do ordenante ou do beneficiário;
critérios de diligência exigíveis a um profissional, na
análise da situação. c) Ter políticas e procedimentos baseados em riscos,
para determinar quem executa, recusa ou
Artigo 27.º suspende uma transferência eletrónica por falta
de ordenante ou beneficiário e quando necessário
Obrigações relativas a transferências eletrónicas
tomar medida de seguimento adequada.
1. As transferências eletrónicas podem ser nacionais 7. Caso existam limitações de ordem técnica que
ou transfronteiras. impeçam que as informações sobre o ordenante ou o
beneficiário, previstas no número 2, sejam transmitidas
2. Quando as instituições financeiras desenvolvem com a transferência eletrónica doméstica correspondente,
atividades de transferências eletrónicas nacionais, devem a instituição financeira que as recebe deve manter um
incluir: registo de toda a informação recebida da instituição
financeira ordenante ou de outra instituição financeira
a) O nome do ordenante;
intermediária.
b) O número de conta do ordenante se essa for 8. A instituição financeira beneficiária que receber uma
utilizada para o processamento da operação. Na transferência eletrónica transfronteira cuja informação
ausência da conta, o número único de referência sobre o ordenante seja incompleta, tal como prevista no
utilizado para rastrear a operação; número 2, deve verificar a identidade do beneficiário
dessa transferência.
c) A morada do ordenante, ou o número do documento
de identidade nacional, ou o seu número de 9. No caso de transferências eletrónicas transfronteiriças,
identificação de cliente, ou a data e o local de as instituições financeiras beneficiárias devem:
nascimento;
a) Verificar a identidade do beneficiário, caso esta
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d) O nome do beneficiário; e não tenha sido previamente verificada, as


informações dos clientes quando há suspeita de
e) O número de conta do beneficiário se essa conta lavagem de capitais, e conservar esta informação
for utilizada para o processamento da operação de acordo com o disposto no artigo 25.º;
ou, na ausência da conta, o número único de
referência que permita rastrear a operação. b) Tomar medidas razoáveis no sentido de identificar
transferências eletrónicas transfronteiras sem
3. Quando as instituições financeiras desenvolvem as informações do ordenante ou do beneficiário;
atividades de transferências eletrónicas transfronteiras
de fundos, igual ou superior a 1.000.000$00 (um milhão c) Ter políticas e procedimentos baseados em riscos
de escudos) devem também incluir informação acerca do para determinar quem executa, recusa ou
ordenante, como indicado para as transferências eletrónicas suspende uma transferência eletrónica por
nacionais, que devem acompanhá-las ao longo de toda a falta de ordenante ou beneficiário e quando
cadeia de pagamento. necessário tomar a medida de seguimento
adequada.
4. A instituição financeira que pretenda efetuar uma
transferência eletrónica e que não esteja em condições 10. Além destas exigências, a autoridade de supervisão
de cumprir os requisitos estabelecidos no número 2, deve pode exigir que as instituições financeiras apliquem outras
abster-se de efetuá-la. medidas com a finalidade de gerir os riscos de lavagem
de capitais decorrentes das transferências eletrónicas.
5. A instituição financeira que efetuar ou receber
transferências eletrónicas transfronteiras, deve adotar 11. As instituições financeiras que iniciem transferências
medidas razoáveis, para identificar aquelas que não eletrónicas devem conservar todas as informações do
incluam as informações exigidas no número 2, e aplicar ordenante e do beneficiário de acordo com o disposto no
procedimentos baseados no risco a fim de determinar artigo 25.º.
quando deve executar, receber, rejeitar ou suspender uma
Artigo 28.º
transferência eletrónica e quando deve adotar medidas
adequadas de acompanhamento. Dever de controlo

6. No caso das transferências eletrónicas transfronteiriças, 1. As entidades sujeitas devem aprovar, por escrito e:
as instituições financeiras intermediárias devem:
a) Desenvolver políticas, procedimentos, programas,
a) Assegurar que conservem as informações sobre o sistemas e controlos internos de prevenção de
ordenante ou o beneficiário que acompanham lavagem de capitais que incluam dispositivos
a transferência eletrónica; adequados de observância regulatória;

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 783

b) Desenvolver procedimentos adequados na 8. Salvo no que respeitar às obrigações de identificação


contratação e recrutamento dos seus funcionários, do cliente e de recusa em aceitar relação de negócios ou
a fim de garantir que esta se efetua de acordo operação solicitada, não são exigíveis outras obrigações
com critérios exigidos; impostas na presente lei às entidades sujeitas que exerçam
actividades e profissões não financeiras que se mostrarem
c) Implementar um dispositivo de controlo interno manifestamente incompatíveis com a natureza, estrutura
independente para verificar o cumprimento das e dimensão de tais entidades.
políticas, procedimentos, sistemas e controlos
internos e assegurar que tais medidas são Artigo 29.º
eficazes e coerentes com o disposto na presente Dever de formação
lei;
1. Todas as entidades sujeitas devem garantir a formação
d) Indigitar um responsável ao nível da direção para contínua e adequada aos seus empregados e dirigentes,
aplicação dos requisitos previstos no presente para assegurar que estes se mantêm informados sobre os
diploma; vários aspetos do novo quadro regulamentar em matéria
de prevenção e combate à lavagem de capitais, novos
e) Estabelecer políticas e procedimentos de partilha
desenvolvimentos, técnicas, métodos e tendências das
de informações necessárias para efeitos de
atividades ligadas a estes.
diligência aplicável ao cliente e gestão da
lavagem de capitais; 2. As medidas previstas no número anterior devem
incluir programas específicos e regulares de formação,
f) Assegurar diligências para o cumprimento da
adequados a cada setor de atividade, que habilitem os
auditoria do cliente ao nível do grupo e a obtenção
seus destinatários a reconhecer operações que possam
de informação das operações em sucursais e
estar relacionadas com a prática daqueles crimes e a
filiais, caso sejam necessárias ao combate da
atuar de acordo com as disposições da presente lei e das
lavagem de capitais;
respetivas normas regulamentares.
g) Editar um manual de procedimento adequado
3. As entidades sujeitas devem conservar, durante um
de prevenção à lavagem de capitais, que deve
período de cinco anos, cópia dos documentos ou registos
ser atualizado, com informações completas
2 165000 005638

relativos à formação prestada aos seus empregados e


sobre as medidas de controlo interno a que
dirigentes.
se referem os números anteriores. O manual
estará à disposição da entidade de regulação Artigo 30.º
e supervisão, que pode propor a adopção de
medidas corretivas oportunas. Filiais e sucursais

2. Cabe igualmente às entidades sujeitas comunicar 1. As instituições sujeitas, relativamente às suas


aos funcionários os procedimentos, políticas e controlos sucursais ou filiais em que detenham uma participação
internos. maioritária, estabelecidas em países terceiros, devem:

3. Ainda, as entidades sujeitas devem possuir uma a) Aplicar medidas equivalentes às previstas
função de auditoria interna independente dos demais na presente lei em matéria de deveres de
serviços, com funcionários especificamente destacados identificação, de diligência, de conservação e
para esse efeito. de formação;

4. Os programas em matéria de prevenção e combate b) Comunicar as políticas e procedimentos internos


à lavagem de capitais, tal como previsto no número definidos em cumprimento do disposto no artigo
anterior, aplicam-se, conforme o caso, a todas as sucursais 33.º que se mostrem aplicáveis no âmbito da
nacionais e estrangeiras, filiais e empresas com participação atividade das sucursais e das filiais.
maioritária.
2. Caso a legislação do país terceiro não permita a
5. Sempre que o requisito do combate à lavagem de aplicação das medidas previstas na alínea a) do número
capitais de um país de acolhimento for menos exigente anterior, as entidades sujeitas devem informar desse fato
do que os do presente diploma, as instituições financeiras as respetivas autoridades de regulação e tomar medidas
devem aplicar os requisitos da presente lei às suas sucursais suplementares destinadas a prevenir o risco de lavagem
e filiais maioritárias nos países de acolhimento. de capitais.
Artigo 31.º
6. Caso não seja possível aplicar os requisitos previstos
na presente lei às sucursais e filiais maioritárias nos Dever de colaboração e informação
países terceiros, as instituições financeiras devem aplicar
medidas de gestão de risco suplementares e informar o 1. As entidades sujeitas devem fornecer ao juiz ou
seu supervisor em Cabo Verde. ao Ministério Público, quando estes o ordenarem ou
requererem, informações, documentos, bem como quaisquer
7. As entidades sujeitas devem remeter à UIF o seu outros objetos ou outros bens que possam derivar de
manual de procedimento. atividade criminosa que tiverem na sua posse, que devam

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784 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

ser congelados ou apreendidos e que sejam necessários à 3. Não constitui violação do dever enunciado no número
instrução do processo por crime de lavagem de capitais, anterior, a divulgação de informações, legalmente devidas,
afastando a obrigação de sigilo. às autoridades de supervisão ou de fiscalização previstos
na presente lei, incluindo os organismos de regulação
2. As informações constantes do número anterior devem profissional das atividades e profissões não financeiras
ser transmitidas à UIF e às entidades de regulação e designadas sujeitas à presente lei.
supervisão previstos na presente lei, sempre que estes
o solicitarem. 4. Quem, ainda que com negligência, revelar ou
favorecer a descoberta da identidade de quem forneceu
3. O não cumprimento do dever nos termos dos números informações, ao abrigo dos artigos referidos no número
1 e 2, ainda que negligente, faz incorrer o seu agente anterior, é punido com pena de prisão até três anos ou
num crime de desobediência qualificada, além de coima. com pena de multa.
Artigo 32.º 5. O disposto no número 1 também não impede a
Dever de abstenção
divulgação da informação, para efeitos de prevenção
da lavagem de capitais entre instituições congéneres,
1. As entidades sujeitas devem abster-se de executar baseada no memorando de entendimento ou desde que
qualquer operação sempre que saibam ou suspeitem haja reciprocidade, em matéria de prevenção à lavagem
estar relacionada com a prática dos crimes de lavagem de capitais.
de capitais e informar desse fato a UIF. Artigo 34.º

2. A UIF deve imediatamente solicitar ao Procurador- Dever de comunicação


geral da República ou ao magistrado do Ministério Público
por ele designado, a confirmação ou o levantamento da 1. As entidades sujeitas devem informar a UIF
decisão de suspensão da operação. imediatamente, via fax ou correio eletrónico, logo que
saibam, suspeitem ou tenham razões suficientes para
3. O Procurador-geral da República ou o magistrado suspeitar que teve lugar, está em curso ou foi tentada
do Ministério Publico por ele designado pronuncia-se uma operação suscetível de configurar a prática do
sobre a confirmação ou o levantamento da suspensão da crime de lavagem de capitais, ou sempre que tenham
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operação no prazo máximo de três dias úteis, sob pena conhecimento de quaisquer fatos que possam constituir
de a operação poder ser realizada. indícios da prática daqueles crimes.

4. O Procurador-geral da República notifica a entidade 2. Para além do enunciado no número anterior, as entidades
comunicante da sua decisão dando também conhecimento sujeitas devem comunicar à UIF, independentemente
à UIF. da suspeita, as operações em numerário de que tenham
conhecimento cujos montantes sejam iguais ou superiores,
5. No caso da entidade sujeita considerar que a suspensão tratando-se de uma única ou várias operações que parecem
referida no número 1 não é possível ou que, após consulta ligadas, a:
à UIF, pode ser suscetível de prejudicar a prevenção ou
a futura investigação do crime de lavagem de capitais, a a) 1.000.000$00 (um milhão de escudos) para:
operação pode ser realizada, devendo a entidade sujeita
fornecer, de imediato, à UIF as informações respeitantes i. Operações de depósito em instituições bancárias,
à operação. compra de ações e aplicações financeiras;

Artigo 33.º ii. Pagamento de prémios de seguros ou de contratos


de seguros de pensões;
Dever de confidencialidade
iii. Sociedades de entrega rápida de valores em
1. As entidades sujeitas e os membros dos respetivos numerário;
órgãos sociais, ou que nelas exerçam funções de direção, de
gerência ou de chefia, os seus empregados, os mandatários iv. Operações de promoção, mediação, compra,
e outras pessoas que lhes prestem serviço a título venda e revenda de imóveis;
permanente, temporário ou ocasional que forneçam as
informações transmitidas ou requisitadas pela UIF ou v. Para as operações de câmbio de moeda;
pelas autoridades judiciárias competentes sobre operações vi. Comerciantes que transaccionem bens cujo
suspeitas de lavagem de capitais, ou sobre processos em pagamento seja efetuado em numerário;
investigação, não podem revelar tal fato a cliente ou a
terceiros, nem que se encontra em curso uma investigação vii. Em operações de compra de fichas em casinos,
criminal e, tampouco que foi transmitida à UIF uma por junto ou acumulado, numa mesma partida.
informação conexa com a comunicação realizada.
3. Excetuam-se do número anterior as operações de
2. A identidade do empregado ou dirigente da entidade depósito em espécie por uma pessoa ou uma empresa
obrigada que tenha fornecido as informações referidas no cuja natureza da atividade necessita da utilização de tal
número anterior, deve ser mantida em sigilo, havendo procedimento, nomeadamente o Estado, os supermercados,
apenas lugar à identificação da entidade transmitente. as empresas de transporte público.

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 785

4. Às informações prestadas nos termos do número 4. Para efeito do número anterior, as organizações
anterior é aplicável o regime previsto no artigo 33.º. sem fins lucrativas ficam sujeitas durante o período de
sete anos a conservar todos os registos de identificação
5. As informações fornecidas no presente artigo apenas das pessoas que forneçam ou recebam a título gratuito
podem ser utilizadas em processo penal, não podendo fundos ou recursos da fundação, nos termos dos artigos
ser revelada, em caso algum, a identidade de quem as 12.º, 14.º e 15.º, devendo estes registos estar à disposição
forneceu. da UIF e da autoridade judiciária.
6. As comunicações recebidas e os relatórios disseminados
pela UIF ao Procurador-geral da República não têm valor 5. O disposto nos números anteriores será aplicável às
probatório e não podem ser incorporadas nos processos associações, correspondendo em tais casos aos órgãos do
judiciais ou administrativos. governo ou da assembleia geral, aos membros dos órgãos
de representação que gere os interesses da associação e
7. A UIF valora a qualidade das comunicações recebidas o organismo encarregado de verificar a sua constituição,
das entidades sujeitas e notifica-lhes periodicamente. no exercício das suas funções.
8. As comunicações de operações suspeitas devem conter 6. Atendendo aos riscos a que se encontram expostos
as seguintes informações: o setor, são extensíveis às fundações e às associações as
a) Relação e identificação das pessoas físicas ou restantes obrigações estabelecidas na presente lei.
jurídicas que participam na operação e conceito Artigo 36.º
de sua participação na mesma;
Suspensão de execução da operação
b) Atividade conhecida das pessoas físicas ou jurídicas
na operação e correspondência entre a atividade 1. As entidades sujeitas, podem, quando haja receio
e a operação; do desaparecimento dos fundos, sem informar o cliente,
c) Relação de operações vinculadas e datas a que se suspender a execução de quaisquer operações que
referem com indicação da sua natureza, profissão, fundadamente suspeitem estar relacionadas com a
moeda em que se realizam, quantia, lugar ou prática dos crimes previstos no artigo 39.º e informar
lugares de execução, finalidade e instrumentos desse fato à UIF.
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de pagamentos ou descontos realizados;


2. A UIF deve imediatamente transmitir o pedido
d) Medidas tomadas pelo sujeito obrigado ao comunicante ao Procurador-geral da República ou ao magistrado do
em investigar a operação comunicada; Ministério Público, por ele designado.

e) Exposição das circunstâncias das quais se pode 3. O Procurador-geral da República ou o magistrado do


inferir o indício ou certeza de relação com a Ministério Publico por ele designado procede, no prazo
lavagem de capitais ou que tenham aparente de dois dias úteis à confirmação ou ao levantamento
falta de justificação económica, profissional da suspensão da operação, devendo, em qualquer caso,
ou de negócio para a realização da operação; notificar a entidade sujeita da decisão de confirmação da
suspensão, diretamente e imediatamente, por qualquer
f) Quaisquer outros dados relevantes para a prevenção
meio, sob pena de a operação poder ser realizada por aquela
da lavagem de capitais que se determinar nos
entidade, dando também conhecimento da decisão à UIF.
termos regulamentares.
Artigo 35.º Artigo 37.º

Organismos sem fins lucrativos Participações da autoridade de supervisão

1. As organizações sem fins lucrativos devem: 1. O Banco de Cabo Verde deve igualmente informar
a) Produzir relatórios, anualmente ou sempre que a UIF sempre que, na sua atividade de inspeção ou de
haja alteração no objeto e a finalidade das suas qualquer outro modo, tenha conhecimento de fatos que
atividades; indiciem a prática de crime previsto na presente lei.

b) Identificar a pessoa ou pessoas que gerem, controlam 2. Às informações prestadas nos termos do número
suas atividades, e compreendem os dirigentes, anterior é aplicável o regime previsto nos artigos 31.º e
os membros do conselho de administração e os 34.º da presente ei.
administradores.
Artigo 38.º
2. Igualmente, as organizações sem fins lucrativos
devem publicar anualmente, no boletim oficial ou no Exclusão de responsabilidade
quadro de anúncios legais, seus estados financeiros com
1. Não constitui violação do dever de sigilo bancário,
a divulgação das suas despesas e receitas.
nem envolve responsabilidade penal, civil, disciplinar
3. Os dirigentes ou responsáveis das organizações não- ou contraordenacional a prestação de informação ou
governamentais, em exercício de funções, o pessoal com colaboração, fundadamente e de boa-fé para quem as
responsabilidade pela gestão das mesmas zelam para que tiver prestado ou para a instituição a que se encontrar
estas não sejam utilizadas para a lavagem de capitais. vinculado.

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786 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

2. Igualmente, os dirigentes, administradores e funcionários Artigo 40.º


são eximidos, pela lei, de responsabilidade criminal ou Agravação
civil por quebra das regras de confidencialidade, impostas
por contrato ou por qualquer disposição legislativa, A pena prevista no artigo anterior é agravada de metade
regulamentar ou administrativa, quando declarem, de boa-fé, nos seus limites mínimo e máximo se:
as suas suspeitas à UIF, ainda que não conhecessem,
com precisão, qual era a atividade criminal em questão a) O crime de lavagem de capitais for praticado por
e mesmo que a atividade ilegal de que suspeitavam não associação ou organização criminosa, por quem
tenha realmente ocorrido. dela faça parte ou a apoie;

CAPÍTULO III b) O fato ilícito típico de onde provêm as vantagens for


tráfico ilícito de estupefacientes e substâncias
DISPOSIÇÕES PENAIS
psicotrópicas, tráfico de pessoas ou armas
Artigo 39.º proibidas e substâncias explosivas;
Lavagem de capitais
c) O agente praticar o crime de lavagem de capitais
1. Quem converter ou transferir vantagens do crime, de modo habitual.
ou auxiliar ou facilitar alguma dessas operações, com o
Artigo 41.º
fim de dissimular a sua origem ilícita ou pôr obstáculos
à sua confiscação, ou, ainda, ajudar qualquer pessoa Determinação da pena aplicável
envolvida na prática da infração principal a furtar-se às
consequências jurídicas dos seus atos, será punido com 1. A pena aplicável nos termos do disposto no artigo
pena de prisão de quatro a doze anos. anterior não pode ser superior ao limite máximo da pena
prevista para a infração principal.
2. Na mesma pena incorre quem ocultar ou dissimular
a verdadeira natureza, origem, localização, disposição, 2. Para efeito do disposto no número anterior, no caso
movimentação, ou titularidade de vantagens do crime. das vantagens serem provenientes de fatos ilícitos típicos
de duas ou mais espécies, leva-se em conta a pena cujo
3. Incorre ainda na mesma pena, quem adquirir ou
limite máximo seja mais elevado.
receber a qualquer título, utilizar, detiver ou conservar
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vantagens do crime. Artigo 42.º

4. A punição pelo crime de lavagem de capitais previstos Responsabilidade criminal das pessoas coletivas
nos números anteriores tem lugar ainda que o fato ilícito
relativo à infração principal tenha sido praticado no 1. As pessoas coletivas, ainda que irregularmente
estrangeiro, desde que seja também punível pela legislação constituídas, e as associações sem personalidade jurídica
do lugar em que tiver sido praticado. são responsáveis pelo crime de lavagem de capitais,
quando cometido, em seu nome e no interesse coletivo:
5. O fato será punível ainda que o procedimento criminal
relativo à infração principal depender de queixa e esta a) Pelos seus órgãos ou representantes;
não tiver sido tempestivamente apresentada.
b) Por uma pessoa sob a autoridade destes, quando o
6. Ainda incorre na mesma pena, quem: cometimento do crime se tenha tornado possível
a) Se associar para cometer, tentar cometer, ajudar em virtude de uma violação dolosa dos deveres
ou incitar alguém a cometer ou o aconselhar de vigilância ou controlo que lhes incumbem.
para esse efeito, ou facilitar a execução dos
2. A responsabilidade das entidades referidas no número
fatos previstos nos números anteriores;
anterior não exclui a responsabilidade individual dos
b) Estabeleça ou mantenha relação jurídica de respetivos agentes.
natureza económica com quaisquer sujeitos ou
Artigo 43.º
entidades, sabendo que estão envolvidos em
atividades de lavagem de capitais, ou adquira Penas aplicáveis às pessoas coletivas
ou aumente a participação de controlo relativo
a imóvel, empresa ou outro tipo de pessoa 1. Pelo crime referido no número 1 do artigo anterior
coletiva, ainda que irregularmente constituída, são aplicáveis às entidades aí referidas as seguintes
situados, registados ou constituídos em território penas principais:
nacional ou em outra jurisdição;
a) Multa;
c) For autor da infração principal, praticar os fatos
típicos ilícitos estabelecidos neste número e b) Dissolução judicial.
nos anteriores.
2. A pena de multa é fixada nos termos do Código Penal.
7. Para a comprovação de que um bem é produto do
crime de lavagem de capitais, não é exigível que a pessoa 3. Se a multa for aplicada a uma associação sem
tenha sido condenada por uma infração subjacente. personalidade jurídica, responde por ela o património
comum e, na sua falta ou insuficiência, solidariamente,
8. A negligência é sempre punível. o património de cada um dos associados.

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 787

4. A título acessório o tribunal pode aplicar às pessoas Artigo 47.º


coletivas, as seguintes penas: Bens, direitos ou valores oriundos de crimes praticados
no estrangeiro
a) Privação de subsídios públicos;
1. O juiz determina, na hipótese de existência de tratado
b) Proibição de participar em arrematações e concurso ou convenção internacional e por solicitação de autoridade
públicos durante um período mínimo de três anos. estrangeira competente, medidas conservatórias sobre
Artigo 44.º
bens, direitos ou valores oriundos de crimes precedentes
associados à lavagem de capitais praticado no estrangeiro.
Atenuação especial da pena
2. Aplica-se o disposto neste artigo, independentemente
1. A pena pode ser especialmente atenuada quando de tratado ou convenção internacional, quando o governo
o agente auxilie concretamente, ou de forma relevante, do país da autoridade solicitante prometer reciprocidade
na recolha de provas decisivas para identificação e a Cabo Verde.
detenção dos responsáveis pela prática dos fatos ilícitos
subjacentes, bem como no congelamento e apreensão dos 3. Na falta de tratado ou convenção, os bens, direitos
bens e produtos provenientes dos mesmos fatos. ou valores privados sujeitos a medidas conservatórias por
solicitação de autoridade estrangeira competente ou os
2. É garantida a proteção de quem tiver colaborado recursos provenientes da sua alienação serão repartidos
concretamente na investigação do crime, nos termos da entre o Estado requerente e Cabo Verde, na proporção
lei de proteção de testemunhas. de metade, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro
de boa-fé.
CAPÍTULO IV
Artigo 48.º

DISPOSIÇÕES PROCESSUAIS PENAIS Perda


ESPECIAIS
1. Sem prejuízo do regime geral previsto no Código
Artigo 45.º Penal e dos direitos de terceiros de boa-fé, em caso de
condenação por lavagem de capitais ou por qualquer
2 165000 005638

Congelamento e confisco de bens e direitos de origem ilícita


infração principal, o tribunal declara a perda de fundos
Sem prejuízo do disposto no Código Penal quanto à ou bens que constituam:
perda de bens e instrumentos do crime, os bens imóveis a) O produto de crime, incluindo rendimentos,
ou móveis, direitos, títulos, valores, quantias e quaisquer recompensas, juros, fundos ou bens misturados
outros objetos depositados em bancos ou outras instituições com esse produto ou obtidos a partir ou em troca
de crédito pertencentes ao arguido de uma infração principal de tal produto, ou bens cujo valor corresponde
ou sobre os quais ele exerce poder de fato correspondente ao valor dos proveitos obtidos;
ao direito de propriedade ou qualquer outro direito real
ficam sujeitos à apreensão, como medida cautelar, e à b) Ativos de valor correspondente, na impossibilidade
confiscação. de apreender o produto do crime;
Artigo 46.º c) O objeto da infração;
Apreensão de bens e direitos
d) Receitas e outros benefícios resultantes de fundos
ou bens previstos nas alíneas anteriores;
1. A autoridade judiciária procede à apreensão de bens
imóveis ou móveis, direitos, títulos, valores, quantias e e) Instrumentos utilizados ou destinados a serem
quaisquer outros objetos depositados em bancos ou outras utilizados na prática do crime; ou
instituições de crédito, mesmo que em cofres individuais,
em nome do arguido ou de terceiros, quando tiver fundadas f) Fundos ou bens referidos nas alíneas anteriores,
razões para crer que eles constituem vantagens do crime, que foram transferidos para outrem, salvo
ou se destinam à atividade criminosa. se o terceiro provar que adquiriu tais bens
mediante o pagamento de um preço justo ou
2. As instituições financeiras ou equiparadas, associações, como contraprestação por serviços no valor
sociedades civis ou comerciais, repartições de registo equivalente ao de tais bens, ou com base noutras
ou fiscais e demais entidades públicas ou privadas não razões fundadas, e que o terceiro não estava
podem recusar o cumprimento de pedido de informação ciente da origem ilícita de tais bens.
ou apresentação de documentos efetuados pela autoridade
judiciária, respeitante a bens, depósitos ou valores a que 2. Se tiver sido cometida uma infração ao abrigo da
se refere o número anterior. presente lei, e o seu autor não for condenado por ser
desconhecido ou ter falecido, o Ministério Público deve
3. A apreensão de bens ou vantagens do crime prevista solicitar ao Tribunal competente que emita uma declaração
na presente lei, quando decretada no processo penal, de perda dos fundos ou bens a favor do Estado, desde que
extingue-se, e é oficiosamente cancelado o seu registo, comprove que os fundos ou bens são proventos de lavagem
se decorrido oito meses, não for deduzida a acusação. de capitais, ou qualquer crime subjacente.

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788 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016


Artigo 49.º Artigo 53.º

Destino dos bens perdidos a favor do Estado Cooperação com congéneres estrangeiras

1. Os bens e valores declarados perdidos a favor do 1. As autoridades nacionais competentes devem garantir
Estado são destinados nos termos da Lei n.º 18/VIII/2012, a cooperação internacional com as suas congéneres
de 13 de setembro, que criou Gabinete de Recuperação estrangeiras em matéria de prevenção e repressão da
de Ativos (GRA) e do Gabinete de Administração de Bens lavagem de capitais.
(GAB) e estabeleceu ainda as regras de administração
2. A cooperação deve ser prestada de modo célere,
dos bens recuperados, apreendidos ou perdidos a favor
construtivo e efetivo, devendo ser assegurados mecanismos
do Estado.
eficazes de troca de informação.
2. Não devem ser vendidos os bens, objetos ou 3. A troca de informação deve ser efetuada espontaneamente
instrumentos confiscados pelo Estado que, pela sua ou a pedido do país que submete o pedido de informação,
natureza ou caraterísticas, podem ser utilizados para podendo ser referente à lavagem de capitais, bem como
cometer outros crimes. em relação aos fatos ilícitos típicos de onde provêm as
vantagens.
3. Não devem ser destruídos os bens, objetos ou
instrumentos confiscados que tenham interesse criminal, 4. A troca de informação não pode ser recusada ou
científico ou didático. sujeita a qualquer condição indevida, desproporcionada,
ou restritiva.
4. Na falta de acordo internacional, os bens, valores
ou produtos apreendidos à solicitação de autoridade 5. A cooperação internacional não pode ser recusada
estrangeira, bem como os fundos provenientes da sua unicamente com o fundamento de que o pedido está
venda, são repartidos em partes iguais entre o Estado relacionado com questões fiscais.
requerente e o Estado de Cabo Verde, após decretada a
respetiva perda. 6. A cooperação não pode ser recusada com base em
legislação que imponha deveres de confidencialidade e de
Artigo 50.º sigilo às autoridades nacionais competentes, exceto se as
informações relevantes forem adquiridas em circunstâncias
2 165000 005638

Cooperação e coordenação nacionais


que envolvam sigilo profissional.
1. O Governo cria por diploma próprio no prazo de Artigo 54.º
cento e vinte dias após a entrada em vigor deste diploma,
Acesso, difusão e retorno da informação
uma comissão interministerial com atribuição de definir
e determinar a coordenação das políticas em matéria de 1. Para cabal desempenho das suas atribuições de
prevenção e combate à lavagem de capitais. prevenção da lavagem de capitais, a UIF pode requerer
e deve ter acesso, em tempo útil, à informação financeira,
2. As autoridades nacionais competentes devem cooperar administrativa, judicial e policial, a qual fica sujeita ao
e, quando necessário, coordenar-se, no âmbito desta disposto ao dever de sigilo.
Comissão, ao nível operacional e da definição de políticas,
para o desenvolvimento e a aplicação de estratégias e de 2. Compete à UIF, no âmbito das suas atribuições e
atividades, com base nos riscos identificados, destinadas competências legais, e às autoridades de regulação e
a prevenir e a combater a lavagem de capitais. supervisão mencionadas no artigo 5.º, emitir alertas e
difundir informação atualizada sobre tendências e práticas
Artigo 51.º
conhecidas, com o propósito de prevenir a lavagem de
Cooperação entre autoridades de regulação e supervisão capitais.

As autoridades responsáveis pela regulação e supervisão 3. A UIF deve dar o retorno oportuno de informação
de entidades sujeitas, devem colaborar com as suas às entidades sujeitas e às autoridades de supervisão
homólogas estrangeiras na prevenção e na luta contra a e de fiscalização mencionadas no artigo 5.º, sobre o
lavagem de capitais e crimes subjacentes. encaminhamento e o resultado das comunicações suspeitas
de lavagem de capitais por aquelas comunicadas.
Artigo 52.º
Artigo 55.º
Cooperação entre as Unidades de Informações Financeiras Recolha, manutenção e publicação de dados estatísticos

1. A UIF pode partilhar informações, quer espontaneamente, 1. Cabe à UIF preparar e manter atualizados dados
quer mediante pedido, com qualquer congénere ou outras estatísticos relativos ao número de transações suspeitas
autoridades competentes estrangeiras, em matéria de comunicadas e ao encaminhamento e resultado de tais
prevenção e combate à lavagem de capitais e crimes comunicações.
subjacentes, numa base de reciprocidade ou de comum
acordo no quadro de acordos de cooperação. 2. As autoridades judiciárias, por intermédio do
membro do Governo responsável pela área da Justiça,
2. Para os efeitos referidos no número anterior a UIF bem como as autoridades policiais devem remeter à UIF,
pode celebrar acordos ou memorandos de entendimentos. anualmente, os dados estatísticos relativos à lavagem

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 789

de capitais, nomeadamente o número de denúncias acusação, só o podendo ser em separado, em ação cível,
realizadas, processos-crimes abertos, pessoas acusadas, nos casos previstos no Código de Processo Penal, com as
pessoas condenadas, pessoas extraditadas, pedidos de necessárias adaptações.
cartas rogatórias recebidos e solicitados, montante dos
Artigo 59.º
bens congelados, apreendidos ou declarados perdidos a
favor do Estado. Autonomia dos crimes previstos nesta lei relativamente
aos crimes antecedentes
3. As autoridades judiciárias devem criar um sistema
destinado a manter estatísticas completas sobre auxílio 1. O processo do crime de lavagem de capitais e de confisco
judiciário mútuo referente a apreensão, congelamento e de bens é autónomo do processo da infração principal.
confiscação de bens, extradição, bem como outros pedidos
2. O processo do crime de lavagem de capitais e o
de cooperação solicitados ou recebidos.
pedido de confisco são instruídos, com base em indícios,
Artigo 56.º respetivamente, da existência da infração principal e da
Defesa de direitos de terceiro de boa-fé origem ilícita dos bens, sendo puníveis os fatos previstos
nesta lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o
1. Tomado conhecimento da apreensão, o terceiro que autor daquele crime.
invoque a titularidade de coisas, direitos ou valores
apreendidos nos termos do artigo anterior, pode deduzir, CAPÍTULO V
no processo respetivo, a defesa dos seus direitos, através
CONTRAORDENAÇÕES
de requerimento fundamentado em que alegue e prove
fatos de que resulta a sua boa-fé. Secção I

2. O requerimento a que se refere o número anterior é Disposições Gerais


autuado por apenso, notificando-se o Ministério Público
Artigo 60.º
para, em dez dias, deduzir oposição.
Direito subsidiário
3. A decisão é proferida pelo juiz logo que se encontrem
realizadas as diligências que considere necessárias, salvo Às infrações previstas neste capítulo é subsidiariamente
se quanto à titularidade das coisas, direitos ou valores aplicável o regime geral das contraordenações.
2 165000 005638

a questão se revelar complexa ou susceptível de causar


Artigo 61.º
perturbação ao normal andamento do processo penal, casos
em que o juiz pode remeter o terceiro para os meios cíveis. Aplicação no espaço

4. O disposto nos números anteriores é aplicável, ainda Seja qual for a nacionalidade do agente, o disposto no
que o terceiro de boa-fé tenha apenas tido conhecimento do presente capítulo é aplicável a:
desapossamento das coisas, direitos ou valores apreendidos
após terem sido declarados perdidos a favor do Estado. a) Fatos praticados em território cabo-verdiano;
Artigo 57.º b) Fatos praticados fora do território nacional de que
Confiscação de bens e direitos
sejam responsáveis as entidades referidas no
artigo 7.º, atuando por intermédio de sucursais
1. O juiz, a requerimento do Ministério Público, pode ou em prestação de serviços.
decretar na decisão final, o confisco de bens imóveis ou
móveis, direitos, títulos, valores, quantias e quaisquer c) Fatos praticados a bordo de navios ou aeronaves
outros objectos depositados em bancos ou outras instituições de bandeira cabo-verdiana, salvo tratado ou
de crédito, mesmo que em cofres individuais, em nome convenção internacional em contrário.
do arguido ou de terceiros, de origem ilícita. Artigo 62.º

2. Constitui indício da origem ilícita dos bens, depósitos Negligência


ou valores a que se refere o número anterior, para efeitos
de confiscação, a sua desproporcionalidade face aos Nas contra-ordenações previstas neste diploma é
rendimentos do arguido, a impossibilidade de determinar punível a negligência.
a licitude da sua proveniência, bem como a falsidade Artigo 63.º
da resposta do arguido às perguntas efectuadas pela
autoridade judiciária sobre a sua situação económica e Cumprimento do dever
financeira.
Sempre que a contra-ordenação resulte da omissão de
Artigo 58.º um dever, a aplicação da sanção e o pagamento da coima
Processo de confisco de bens ou vantagens do crime não dispensam o infrator do seu cumprimento, se este
ainda for possível.
1. O processo de confisco de bens ou vantagens do
Artigo 64.º
crime a que se refere a presente lei tem a natureza de
processo civil. Responsabilidade

2. O pedido de confisco de bens ou vantagens do crime 1. Pela prática das contra-ordenações que consistam
é deduzido no processo penal respetivo, até à dedução da na inobservância das regras de conduta das entidades

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790 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

financeiras são responsáveis estas entidades, desde que c) Notificação ao arguido para exercício do direito de
os seus dirigentes, empregados e representantes tenham audição ou com as declarações por ele prestadas
atuado no exercício das suas funções, ainda que de modo no exercício desse direito;
ilícito, ou em nome e no interesse das referidas instituições.
d) Decisão da autoridade de supervisão e inspeção
2. O disposto no número anterior não afasta a que procede à aplicação da coima.
responsabilidade disciplinar dos titulares dos órgãos
dirigentes, empregados ou colaboradores das entidades 2. Nos casos de concurso de infrações, a interrupção da
financeiras, a que haja lugar, nem o direito de regresso prescrição do processo criminal determina a interrupção
pelos prejuízos causados às instituições financeiras pelos da prescrição do procedimento contraordenacional.
seus dirigentes, empregados ou representantes. 3. A prescrição do procedimento tem sempre lugar quando,
3. A eventual invalidade ou ineficácia das operações desde o seu início e ressalvado o tempo de suspensão,
realizadas entre a instituição e o cliente não obsta à tiver decorrido o prazo da prescrição acrescido de metade.
responsabilidade da entidade financeira. Artigo 69.º
Artigo 65.º Suspensão da prescrição da coima
Destino das coimas
A prescrição do pagamento da coima suspende-se
O produto das coimas reverte a favor do Estado. durante o tempo em que:
Artigo 66.º a) Por força da lei ou regulamento a execução não
Prescrição
pode começar ou não pode continuar a ter lugar;

1. O procedimento relativo às contra-ordenações previstas b) A execução foi interrompida;


neste capítulo prescreve no prazo de cinco anos a contar c) Foram concedidas facilidades de pagamento.
da sua prática.
Artigo 70.º
2. A prescrição das coimas e sanções acessórias é de
Interrupção da prescrição da coima
cinco anos a contar da data da aplicação da sanção ou do
trânsito em julgado da sentença de impugnação.
2 165000 005638

1. A prescrição da coima interrompe-se com o início da


Artigo 67.º sua execução, em caso de pagamento fracionado.
Suspensão da prescrição 2. A prescrição da coima ocorre quando, desde o seu
início e ressalvado o tempo de suspensão, tiver decorrido
1. A prescrição do procedimento contraordenacional
o prazo normal da prescrição acrescido de metade.
suspende-se, para além dos casos especialmente previstos
na lei, durante o tempo em que o procedimento: Artigo 71.º

a) Não puder legalmente iniciar-se ou continuar por Competência para instrução e aplicação de sanções
falta de autorização legal;
1. A averiguação das contra-ordenações previstas neste
b) Estiver pendente a partir do envio do processo diploma e a instrução dos respetivos processos cabem
ao Ministério Público até à sua devolução à à entidade que detiver a competência de supervisão ou
autoridade administrativa; fiscalização do respetivo setor de atividade.

c) Estiver pendente a partir da notificação do despacho 2. Compete às autoridades de supervisão de cada setor e
que procede ao exame preliminar do recurso da na sua falta à UIF o poder de aplicar as coimas previstas
decisão da autoridade de supervisão e inspeção neste diploma, com a faculdade de delegação.
que aplica a coima, até à decisão final do recurso.
3. A UIF é informada, semestralmente, pelas autoridades
2. Nos casos previstos nas alíneas b) e c) do número de regulação e supervisão, de todas as sanções definitivas
anterior, a suspensão não pode ultrapassar um ano. aplicadas às entidades reguladas.
Artigo 68.º Artigo 72.º

Interrupção da prescrição Contraordenações graves

1. A prescrição do procedimento por contraordenação 1. Constituem contra-ordenações graves, puníveis


interrompe-se com a: com coima de 500.000$00 (quinhentos mil escudos) a
5.000.000$00 (cinco milhões de escudos) as seguintes
a) Qualquer notificação, nomeadamente comunicação infrações:
ao arguido dos despachos, decisões ou medidas
contra eles definidos; a) O incumprimento de obrigação de obter informação
sobre o propósito, relação de negócios e origem
b) Realização de quaisquer diligências de prova,
dos fundos;
designadamente exames e buscas, ou com o
pedido de auxílio às autoridades policiais ou a b) Incumprimento da obrigação de aplicar medida
qualquer autoridade administrativa; de diligência devida aos clientes;

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 791

c) O incumprimento da obrigação de aplicar medidas 2. Quando a infração for praticada por uma pessoa
de diligência reforçada; singular, a coima é de 250.000$00 (duzentos e cinquenta
mil escudos) a 2.500.000$00 (dois milhões e quinhentos
d) O incumprimento da obrigação de abstenção; mil escudos).
e) O incumprimento da obrigação de comunicação Artigo 73.º
sistemática;
Contra-ordenações especialmente graves
f) O incumprimento da obrigação de conservação de
documentos; 1. Constituem contra-ordenações especialmente graves,
puníveis com coima de 750.000$00 (setecentos e cinquenta
g) O incumprimento da obrigação de aprovar por escrito
mil escudos) a 6.000.000$00 (seis milhões de escudos),
e aplicar medidas de políticas e procedimentos
as seguintes infrações:
declarados de controlo interno;
h) O incumprimento da obrigação de estabelecer a) O incumprimento das obrigações de identificação
órgãos de controlo interno independente; e de verificação da identidade de clientes,
representantes ou beneficiários efetivos,
i) O incumprimento da obrigação de tomar medidas previstos neste diploma;
adequadas para manter a confidencialidade
sobre a identidade dos funcionários, diretores b) O incumprimento da obrigação de comunicação,
ou agentes que realizaram uma comunicação; nos termos previstos na presente lei;
j) O estabelecimento ou manutenção de relação de c) O incumprimento da obrigação de colaboração à
negócio ou a execução de operações proibidas; UIF, autoridades judiciárias e às entidades de
k) O incumprimento da obrigação de declaração de regulação e supervisão;
movimentos de meios de pagamento; d) O incumprimento da obrigação de confidencialidade;
l) A ausência de definição e aplicação de políticas e
e) O incumprimento da obrigação de observância de
procedimentos internos de controlo;
medidas reforçadas aos clientes e às operações
m) A não adopção de medidas e de programas de suscetíveis de revelar um maior risco de lavagem
2 165000 005638

divulgação e formação em matéria de prevenção de capitais e às relações transfronteiriças de


da lavagem de capitais; correspondência;
n) A abertura de contas anónimas ou manutenção de f) A resistência ou obstrução à realização da inspeção;
contas anónimas ou sob nomes manifestamente
fitícios; g) O incumprimento doloso da obrigação de congelar ou
bloquear fundos, ativos financeiros ou recursos
o) O recurso à execução das obrigações de identificação económicos de pessoas físicas ou jurídicas,
e diligência por entidades terceiras, com entidades ou grupos designados;
inobservância das condições e termos previstos
no artigo 8.º; h) O incumprimento doloso da proibição de colocar os
fundos, ativos financeiros ou recursos económicos
p) Não inclusão da informação na mensagem ou
à disposição de pessoas físicas ou jurídicas,
formulário de pagamento que acompanha a
entidades ou grupos designados;
transferência eletrónica do ordenante;
q) A constituição de bancos de fachada em território i) A ausência de conservação dos originais, das
cabo-verdiano, assim como o estabelecimento cópias, das referências ou de outros suportes
de relações de correspondência com os bancos duradouros;
fachada ou com outras instituições que
j) O incumprimento do dever de abstenção de
reconhecidamente permitam que as suas contas
execução de operações suspeita e da respetiva
sejam utilizadas por bancos de fachada;
obrigação de prestação de informação à UIF e
r) A não adequação da natureza e da extensão dos às autoridades judiciárias;
procedimentos de verificação da identidade e das
medidas de diligência ao grau de risco existente, k) O incumprimento de ordens de suspensão da
bem como a ausência de demonstração de tal execução de operações suspeita e a execução
adequação perante as autoridades competentes; de tais operações, após a confirmação, pela
autoridade judiciária ou pela UIF, da ordem
s) A omissão, total ou parcial, de medidas acrescidas de suspensão;
de diligência aos clientes e às operações
bancária com instituições estabelecidas em l) O cometimento de uma infração grave antes de
países terceiros; e decorridos 5 (cinco) anos sobre a prática da
mesma infracção.
t) O incumprimento da obrigação de recusa de
execução de operações em conta bancária, de 2. Quando a infração for praticada por uma pessoa
estabelecimento de relações de negócio ou de singular, a coima é de 400.000$00 (quatrocentos mil
realização de transações ocasionais. escudos) a 3.000.000 $00 (três milhões de escudos).

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792 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016


Artigo 74.º b) Publicidade da decisão punitiva pela autoridade
Contraordenações leves
de regulação ou supervisão, a expensas do
infrator; e
1. Constituem contraordenações leves punidas com
c) Tratando-se de entidade sujeita que para operar
coima de 100.000.$00 (cem mil escudos) a 2.00.000$00
carece de autorização administrativa, a
(dois milhões de escudos):
revogação desta.
a) O incumprimento por Organização de Sociedades Artigo 78.º
sem Fins Lucrativos (OSFL) da obrigação
estabelecida nos números 2 e 4 do artigo 35.º; Proteção dos intervenientes

b) Os incumprimentos de obrigações estabelecidos É garantida a proteção a quem tiver colaborado


especificamente na presente lei que não constituam concretamente na investigação dos crimes previstos no
infração especialmente grave ou grave. presente capítulo, nos termos da Lei n.º 81/VI/2005, de
12 de setembro, que estabelece medidas para proteção
2. Quando a infração for praticada por uma pessoa de testemunhas em processo penal.
singular, a coima é de 50.000$00 (cinquenta mil escudos)
Artigo 79.º
a 1.000.000$00 (um milhão de escudos).
Valor das coimas
Artigo 75.º

Determinação da sanção aplicável Para efeitos previstos na presente lei, o valor de cada
dia de coima é fixado em 5.000$00 (cinco mil escudos)
1. Na determinação da sanção atende-se às seguintes e em 20.000$00 (vinte mil escudos) quando se tratar,
circunstâncias: respetivamente, de pessoa singular ou de pessoa coletiva
ou entidade equiparada.
a) A quantia da operação ou os ganhos obtidos como
consequência da omissão ou atos constitutivos Artigo 80.º
da infração; Punição de atos preparatórios

b) O grau de responsabilidade ou intenção com que São punidos os atos preparatórios dos crimes previstos
2 165000 005638

atuou o infrator; na presente lei.


c) A conduta anterior do infrator, na entidade culpada Artigo 81.º
ou em outra, em relação às exigências previstas
Remissões
nesta lei;
As remissões de normas contidas em diplomas
d) O caráter da representação que a pessoa em
legislativos ou regulamentares para a legislação revogada
causa possui;
consideram-se referidas às disposições correspondentes
e) A capacidade económica do infrator quando a do presente diploma.
sanção seja multa. Artigo 82.º

2. A sanção a ser aplicável não pode ser mais benéfica Revogação


para o infrator do que o incumprimento das normas
infringidas. É revogada a Lei n.º 17/VI/2002, de 16 de dezembro.

Artigo 76.º Artigo 83.º

Montante das coimas Entrada em vigor

Em caso de negligência, o montante da coima não pode O presente diploma entra em vigor 30 dias após a sua
ser superior a metade do montante máximo previsto para publicação.
a respetiva contraordenação. Aprovada em 3 de março de 2009.
Artigo 77.º
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides
Sanções acessórias Raimundo Lima

Com as sanções previstas no artigo 45.º podem ser Promulgada em 14 de abril 2009
aplicadas ao infrator as seguintes sanções acessórias:
Publique-se.
a) Inibição do exercício de cargos sociais e de funções
de administração, direção, gerência ou chefia O Presidente da República, PEDRO VERONA
de entidades financeiras, por um período de RODRIGUES PIRES
um a dez anos, quando o arguido seja membro Assinada em 16 de abril de 2009
dos órgãos das entidades sujeitas exerça cargos
de direção, chefia, gerência ou atue em sua O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides
representação, legal ou voluntária; Raimundo Lima

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 793

Lei n.º 121/VIII/2016 Artigo 4.º

de 24 de março Património

Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta, 1. O património da ARES é o previsto no artigo 37.º
nos termos da alínea b) do artigo 175º da Constituição, dos seus Estatutos.
o seguinte: 2. Em caso de extinção, o património da ARES reverte
Artigo 1.º para o Estado, salvo quando se tratar de fusão por
incorporação, caso em que o património reverte para a
Criação entidade incorporante.
É criada a Agência Reguladora do Ensino Superior, Artigo 5.º
doravante designada por ARES, e são aprovados os Independência e princípios de actuação
respectivos Estatutos, publicados em anexo à presente
lei, que dela fazem parte integrantes. A ARES é independente no desempenho das suas
funções e não se encontra submetida à superintendência
Artigo 2.º nem à tutela do Governo no que respeita ao exercício
Natureza e regime das suas funções reguladoras, sem prejuízo dos poderes
de fiscalização atribuídos à Assembleia Nacional e ao
1. A ARES é uma autoridade administrativa independente, Governo e da coordenação sectorial.
de base institucional, dotada de autonomia administrativa, Artigo 6.º
financeira e patrimonial, criada para exercer funções
reguladoras, incluindo as de regulamentação, supervisão Dever de cooperação
e sancionamento de infracções. A Direcção-Geral do Ensino Superior (DGES), demais
2. A ARES rege-se pela presente lei, pelos respetivos serviços do Ministério do Ensino Superior, Ciência e Inovação
Estatutos e subsidiariamente pelas disposições aplicáveis (MESCI) e os serviços e organismos da Administração
às autoridades reguladoras e demais legislação aplicável. Pública e as instituições de ensino superior têm o dever de
colaboração e cooperação com a ARES, bem como o dever
Artigo 3.º de comunicação da informação que lhes seja solicitada,
2 165000 005638

no quadro do sistema de garantia da qualidade do ensino


Fins
superior.
1. A ARES, tendo por fim o cumprimento dos padrões de Artigo 7.º
desempenho institucional e de qualidade científica, técnica,
Pessoal
cultural e pedagógica das formações ministradas, fixados
na legislação nacional e nos estatutos e instrumentos 1. A ARES integra pessoal tecnicamente especializado
de gestão estratégica daquelas instituições, tem por fins para as funções a exercer, a recrutar mediante procedimento
garantir a qualidade do ensino superior no País, através de: concursal adequado, sendo as respectivas condições
e disciplina de trabalho definidas por regulamento, a
a) Avaliação e acreditação das instituições de ensino
aprovar pela ARES no quadro do regime do contrato
superior e dos seus ciclos de estudos;
individual de trabalho.
b) Reconhecimento de graus e diplomas conferidos 2. A ARES, pelo seu Conselho de Administração, aprova,
por instituições de ensino superior estrangeiras; no uso das competências que lhe estão atribuídas no
domínio da autonomia administrativa de que dispõe, a
c) Organização e manutenção de um sistema de
tabela remuneratória, remunerações adicionais, encargos
informação sobre o ensino superior;
e regalias a atribuir ao pessoal.
d) Desempenho das funções de fiscalização e controlo Artigo 8.º
do funcionamento das instituições do ensino
Atribuição de competências
superior públicas e privadas.
1. Após a entrada em vigor da presente lei, e por força do
2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, a
disposto no artigo 99.º do Regime Jurídico das Instituições
ARES pode ainda:
do Ensino Superior – RJIES, aprovado pelo Decreto-Lei
a) Participar, por determinação legal, na realização n.º 20/2012, de 19 de Julho, na redacção que lhe foi dada
de outras avaliações de natureza científica, pelo Decreto-Lei n.º 12/2015, de 24 de Fevereiro, e 91.º do
designadamente de instituições que integrem Regime Jurídico de Graus e Diplomas do Ensino Superior-
o sistema científico nacional; RJGDES, aprovado pelo Decreto-lei n.º 22/2012, de 7 de
Agosto, consideram-se como atribuídas à ARES todas as
b) Colaborar, em matéria das suas atribuições, com competências previstas no RJIES e no RJGDES bem como
organismos estrangeiros, seus congéneres, nas as atribuídas ao departamento governamental responsável
áreas da avaliação e da acreditação; pelo ensino superior, relativamente às matérias de:

c) Proceder à avaliação de instituições de ensino a) Avaliação, acreditação e registo das instituições


superior estrangeiras, quando solicitada. de ensino superior e dos seus ciclos de estudos;

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794 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

b) Acreditação dos sistemas internos às instituições 5. São, ainda, atribuídas à ARES as referências
do ensino superior de garantia da qualidade; do RJGDES ao membro do Governo com a tutela do
ensino superior, bem como as competências, previstas,
c) Reconhecimento de graus e diplomas conferidos designadamente, nos seguintes artigos:
por instituições de ensino superior estrangeiras;
a) Artigo 73.º, n.º 3;
d) Organização e manutenção de um sistema de
informação sobre o ensino superior; b) Artigo 75.º, n.º 2;

e) Fiscalização e controlo do funcionamento das c) Artigo 76.º, n.ºs 1 e 4;


instituições do ensino superior públicas e d) Artigo 82.º, n.º 2;
privadas.
e) Artigo 84.º, n.º 2.
2. São atribuídas à ARES as referências do RJIES ao Artigo 9.º
membro do Governo com a tutela do ensino superior,
designadamente, as competências, previstas nos seguintes Regime de instalação
artigos: 1. A entrada em funcionamento da ARES realiza-se em
regime de instalação, nos termos que decorrem da lei e
a) Artigo 10.º, n.º 4;
do presente diploma.
b) Artigo 12.º, n.º 4;
2. O regime de instalação tem a duração máxima de
c) Artigo 12.º-A, n.ºs 1 e 2; nove meses, que se inicia com a nomeação do Conselho
de Administração.
d) Artigo 22.º, n.º 3, alíneas a), c), f) e g);
3. Durante o período de instalação o Conselho de
e) Artigo 25.º, n.º 1, alínea b); Administração deve ser constituído necessariamente por
três membros, podendo um novo Presidente ser nomeado
f) Artigo 28.º, n.º 1;
após o decurso desse período.
g) Artigo 30.º n.º 2; 4. Durante o período de instalação o Conselho de
h) Artigo 31.º, n.º 1; Administração deve:
2 165000 005638

a) Elaborar os regulamentos internos necessários


i) Artigo 33.º, n.º 2;
ao seu funcionamento;
j) Artigo 34.º; b) Instalar os órgãos previstos nos estatutos;
k) Artigo 36.º, n.º 3, alínea b) e n.º 5; c) Preparar os instrumentos necessários ao exercício
l) Artigo 39º, n.ºs 1, 2 e 4; das suas atribuições e competências;
d) Apresentar ao Governo um relatório onde se
m) Artigo 43.º, n.º 2;
identifiquem as condições criadas e propondo
n) Artigo 48.º, n.º 4; o fim do regime de instalação.

o) Artigo 49.º, n.º 2; 5. Os membros integrantes da Comissão Instaladores


não podem ser nomeados para o primeiro conselho da
p) Artigo 51.º, n.º 2; administração
q) Artigo 53.º, n.º 6; 6. O regime de instalação cessa com a aprovação do
relatório previsto no número anterior.
r) Artigo 55.º, n.º 2;
Artigo 10.º
s) Artigo 70.º, n.º 3; Entrada em vigor
t) Artigo 77.º, n.ºs 2, 3 e 5; A presente lei entra em vigor no dia seguinte ao da
u) Artigo 82.º, n.º 1; sua publicação.
Aprovada em 28 de Janeiro de 2016.
v) Artigo 83.º, n.º 1;
O Presidente da Assembleia Nacional, Basílio Mosso
x) Artigo 91.º, n.º 2, alíneas d) e f); Ramos.
z) Artigo 94.º. Promulgada em 14 de Março de 2016.
3. As funções cometidas à Inspecção-Geral da Educação, Publique-se.
Formação e Ensino Superior, previstas no artigo 77.º e
O Presidente da República, JORGE CARLOS DE
no número 2 do artigo 94.º do RJIES, são transferidas
ALMEIDA FONSECA.
para a ARES.
Assinada em 17 de Março de 2016.
4. O Conselho para a Qualidade Académica, previsto
no artigo 76.º do RJIES, é extinto, sendo as suas funções O Presidente da Assembleia Nacional, Basílio Mosso
assumidas pelo Conselho Consultivo da ARES. Ramos.

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 795

ANEXO f) “Fiscalização e controlo”, processo de verificação


do cumprimento, por parte das instituições do
ESTATUTOS DA AGÊNCIA REGULADORA ensino superior, das normas e regulamentos
DO ENSINO SUPERIOR que definem a organização e funcionamento
institucional e dos respectivos ciclos de estudos;
CAPÍTULO I
g) “Avaliação institucional”, o processo de verificação
Disposições gerais e análise do funcionamento das instituições
para a prossecução das finalidades do ensino
Artigo 1.º superior;
Natureza jurídica h) “Sistemas internos de garantia da qualidade”,
o conjunto de estruturas, regulamentos e
A Agência Reguladora do Ensino Superior, doravante actividades com a finalidade de assegurar a
designada por ARES, é uma autoridade administrativa qualidade do funcionamento institucional e
independente, de base institucional, dotada de autonomia da oferta formativa, tendo como referência os
administrativa, financeira e patrimonial, criada para exercer parâmetros e disposições legalmente instituídos.
funções reguladoras, incluindo as de regulamentação,
supervisão e sancionamento de infracções. i) “Avaliação de cursos”, o processo de verificação e
análise das condições de funcionamento dos
Artigo 2.º
ciclos de estudos e a sua adequação ao grau
Conceitos
ou diploma a atribuir;

j) “Habilitações superiores estrangeiras”, graus e


Para efeitos dos presentes estatutos deve considerar-se:
diplomas emitidos por instituições de ensino
superior estrangeiras devidamente reconhecidos
a) “Ensino superior” o subsistema da educação
no país de origem; e
escolar que assegura formações e qualificações
de nível superior ao ensino secundário, nos k) “Reconhecimento de habilitações”, acto de verificação
termos da Lei de Bases do Sistema Educativo
2 165000 005638

da compatibilidade de habilitações estrangeiras


(LBSE), aprovada pela Lei n.º 103/III/90, de 29 ao sistema de graus e diplomas nacionais.
de Dezembro, com as alterações que lhe foram
introduzidas pela Lei n.º 113/V/99, de 18 de Artigo 3.º
Outubro, e Decreto-legislativo n.º 2/2010, de
Sede
7 de maio;
A ARES tem a sua sede na Cidade da Praia e exerce a
b) “Instituições de ensino superior”, As entidades
sua função em todo o território nacional.
acreditadas para desenvolver a docência (com
capacidade para conferir graus académicos e Artigo 4.º
diplomas), a investigação e a transferência do
conhecimento, nos termos previstos no Regime Fins
Jurídico das Instituições de Ensino Superior
(RJIES), aprovado pelo Decreto-lei n.º 20/2012, 1. A ARES, tendo por fim o cumprimento dos padrões de
de 19 de Julho, com as alterações que lhe foram desempenho institucional e de qualidade científica, técnica,
introduzidas pelo Decreto-lei n.º 12/2015, de cultural e pedagógica das formações ministradas, fixados
24 de Fevereiro. na legislação nacional e nos estatutos e instrumentos
de gestão estratégica daquelas instituições, tem por fins
c) “Ciclos de estudos”, o conjunto de unidades garantir a qualidade do ensino superior no País, através
curriculares cuja conclusão com sucesso conduz à da(o):
atribuição de graus académicos de licenciatura,
a) Avaliação e da acreditação das instituições de
mestrado e doutoramento, ou de diploma de
ensino superior e dos seus ciclos de estudos;
estudos superiores profissionalizantes, nos
termos do Regime Jurídico de Graus e Diplomas b) Acreditação dos sistemas internos de garantia
do Ensino Superior (RJGDES), aprovado pelo da qualidade;
Decreto-lei n.º 22/2012, de 7 de agosto;
c) Reconhecimento de graus e diplomas conferidos
d) “Graus académicos e diplomas”, documentos que por instituições de ensino superior estrangeiras;
sancionam a conclusão com sucesso de ciclos
de estudos; d) Organização e manutenção de um sistema de
informação sobre o ensino superior;
e) “Acreditação”, acto de reconhecimento das condições
para a integração de uma instituição no e) Fiscalização e controlo do funcionamento das
sistema de ensino superior ou para o registo e instituições do ensino superior públicas e
funcionamento de um ciclo de estudos; privadas.

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796 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, a v) Informação estatística, designadamente sobre


ARES pode ainda: vagas, candidatos, estudantes inscritos, graus e
diplomas conferidos, docentes, investigadores,
a) Por despacho ou portaria do membro do Governo outro pessoal, acção social escolar e financiamento
responsável pelo ensino superior, participar público e de informação sobre a inserção no
na realização de outras avaliações de natureza mercado de trabalho dos titulares de graus
científica, designadamente de instituições que académicos e de diplomas de estudos superiores
integrem o sistema científico nacional; profissionalizantes.
b) Colaborar, em matéria das suas atribuições, com e) Intervir no processo de fixação do número máximo
organismos estrangeiros seus congéneres nas de novas admissões e de inscrições em cada
áreas da avaliação e da acreditação; curso, no quadro do processo de acreditação e
nos termos previstos na lei;
c) Proceder à avaliação de instituições de ensino
superior estrangeiras que lho solicitem. f) Promover a difusão de informação acerca dos
estabelecimentos de ensino e seus ciclos de estudos;
Artigo 5.º
g) Zelar pelas condições de organização e
Regime funcionamento das instituições do ensino superior
através da fiscalização do seu cumprimento das
A ARES rege-se pela lei de criação, pelos presentes leis, das normas e das condições aplicadas para
estatutos e subsidiariamente pelas disposições aplicáveis a acreditação e registo de instituições e ciclos
às autoridades reguladoras e demais legislação aplicável. de estudos do subsistema do ensino superior
Artigo 6.º em Cabo Verde;

Relacionamento orgânico
h) Assegurar o funcionamento correto e transparente
do sistema do ensino superior, precavendo
1. A ARES relaciona-se com o Governo através do membro todas as práticas prejudiciais aos estudantes e
de Governo responsável pela área do ensino superior. formandos das instituições de ensino superior;
i) Reconhecer graus e diplomas conferidos por
2 165000 005638

2. Na prossecução das suas atribuições, a ARES relaciona-


instituições de ensino superior estrangeiras,
se especialmente com o departamento governamental
com objetivos e natureza idênticos aos graus e
responsável pela área da Educação e com o ministério
diplomas conferidos pelas instituições nacionais
responsável pela formação profissional.
e manter o correspondente registo público;
CAPÍTULO II j) Colocar ao serviço dos estabelecimentos de ensino
superior e de investigação, elementos para alicerçar
ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS
suas estratégias em matéria de formação;
Artigo 7.º
k) Disponibilizar aos estudantes as informações
Atribuições e competências necessárias e indispensáveis no processo de
escolha e orientação vocacional e profissional;
1. Para a prossecução dos fins que lhe estão cometidos, a
l) Propor medidas legislativas promotoras da cultura
ARES pode praticar todos os atos considerados necessários
da qualidade e da sua melhoria continua no
ou convenientes pelos seus órgãos, designadamente:
funcionamento do ensino superior, assegurando
a) Assegurar a satisfação dos requisitos exigidos para o desenvolvimento económico e social do país
a criação e funcionamento dos estabelecimentos e o reconhecimento internacional;
de ensino superior com vista à sua acreditação; m) Aconselhamento do Estado em matéria de garantia
da qualidade do ensino superior no País;
b) Homologar a denominação dos estabelecimentos
de ensino superior e promover o seu registo; n) Promover a divulgação pública de informação
pertinente sobre o ensino superior, seus projectos
c) Homologar ou registar, conforme o caso, os estatutos educativos e ciclos de estudos;
das instituições de ensino superior privadas e
o) A realização dos estudos e pareceres que lhe forem
suas alterações;
solicitados pelo Estado.
d) Organizar e manter um serviço de registo oficial de: 2. A ARES, para prossecução das suas atribuições,
dispõe nomeadamente, das seguintes competências:
i) Instituições de ensino superior;
a) De regulamentação, nos termos da legislação
ii) Ciclos de estudos em funcionamento; aplicável;
iii) Docentes e investigadores; b) De supervisão;
c) Sancionatória;
iv) Resultados da acreditação e avaliação das
instituições do ensino superior; d) Consultiva.

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 797


Artigo 8.º CAPÍTULO III
Competência de regulamentação COMPOSIÇÃO, COMPETÊNCIA
E FUNCIONAMENTO DOS ÓRGÃOS E SERVIÇOS
No âmbito da sua competência de regulamentação,
pode a ARES emitir normas de carácter obrigatório e Secção I
vinculativo para os seus destinatários, designadamente
relativas a procedimentos, critérios técnicos e outras, Organização
nos termos da lei. Artigo 12.º
Artigo 9.º Órgãos

Competência de supervisão
São órgãos da ARES:
No âmbito da supervisão, compete à ARES designadamente,
a) O Conselho de Administração;
desenvolver as competências de:
b) Fiscal Único; e
a) Acreditação e avaliação das instituições do ensino
superior e respectivos ciclos de estudo; c) O Conselho Consultivo.
b) Fiscalização e garantia do regular funcionamento Secção II
das instituições de ensino superior públicas e
Conselho de Administração
privadas;
Artigo 13.º
c) Reconhecimento de habilitações estrangeiras.
Definição e nomeação
Artigo 10.º
1. O Conselho de Administração é o órgão colegial
Competência sancionatória
executivo responsável pela administração da ARES.
No âmbito das suas competências sancionatórias,
2. A nomeação do Conselho de Administração é feita
compete à ARES o seguinte:
2 165000 005638

por Resolução do Conselho de Ministros, sob proposta do


a) Processar e punir as infracções administrativas membro do Governo responsável pelo ensino superior.
às leis e regulamentos cuja implementação
3. Os membros do Conselho de Administração são
ou supervisão lhe compete, bem como as
nomeados de entre pessoas com reconhecida idoneidade,
resultantes do incumprimento das suas próprias
independência, competência técnica de experiência
determinações;
profissional mínima de cinco anos na área do ensino
b) Propor ao Governo a punição das infracções às superior, investigação, regulação e qualidade.
leis e regulamentos cuja implementação ou
4. A nomeação é precedida de audição dos indigitados
supervisão não sejam da sua competência;
na comissão especializada competente da Assembleia
c) Participar às autoridades competentes as infracções Nacional, devendo o membro do Governo referido no
às normas de defesa da concorrência bem como número 1 remeter os currícula e uma justificação da
outras infracções de que tome conhecimento no respectiva escolha.
desempenho das suas funções;
5. Não pode haver nomeação do membro de Conselho
d) Adoptar medidas adequadas nomeadamente a de Administração depois de demissão do Governo ou
interdição, inutilização, apreensão e advertência, marcação das eleições para a Assembleia Nacional ou
quando e se necessário, nos termos previstos antes da aprovação da moção de confiança do Governo.
na lei. Artigo 14.º

Artigo 11.º Composição

Competência consultiva
O Conselho de Administração é composto por um número
No âmbito das suas competências consultiva, compete ímpar de membros, compreendendo um Presidente e dois
à ARES pronunciar-se sobre: ou quatro administradores.
Artigo 15.º
a) Todos os assuntos da sua esfera específica de
atribuições que lhe sejam submetidos pela Competência
Assembleia Nacional ou pelo Governo;
1. Compete ao Conselho de Administração a prática de
b) Questões atinentes à regulação submetidas todos os atos necessários à prossecução dos fins da ARES
pelas instituições de ensino superior ou por que não estejam, nos termos dos presentes Estatutos,
organizações de estudantes, de professores ou atribuídos a outros órgãos, dispondo dos mais amplos
profissionais. poderes de representação e gestão.

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798 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

2. Compete ao Conselho de Administração, no domínio i) Elaborar os pareceres, estudos e informações que


da garantia da qualidade do ensino superior: lhes sejam solicitados pela Assembleia Nacional
ou pelo Governo;
a) A iniciativa de realização dos procedimentos de
avaliação; j) Elaborar e aprovar o seu regimento interno.

b) A decisão final sobre os procedimentos de avaliação 4. Compete ao Conselho de Administração, no domínio


e de acreditação; da gestão financeira e patrimonial:

c) A aprovação dos relatórios resultantes de processos a) Elaborar, aprovar e submeter ao membro do


de avaliação ou de acreditação; Governo responsável pela área das Finanças, o
orçamento anual para homologação e assegurar
d) A eventual adopção, no quadro do sistema nacional a respectiva execução;
de avaliação e acreditação, dos resultados de
procedimentos de avaliação ou acreditação b) Gerir e arrecadar receitas e autorizar despesas;
solicitados pelas instituições de ensino superior
c) Elaborar as contas de gerências;
a outros organismos de garantia da qualidade,
nacionais ou estrangeiros, e que por aquelas d) Gerir o património da ARES;
lhe sejam sujeitos para esse fim;
e) Aceitar heranças, doações ou legados.
e) A aprovação de normas, no âmbito do sistema de
garantia da qualidade do ensino superior, com Artigo 16.º
observância dos termos de referência constantes Competência do Presidente do Conselho de Administração
do regime legal da avaliação;
1. Compete em especial ao Presidente do Conselho de
f) A decisão final sobre o reconhecimento de graus Administração:
e diplomas estrangeiros;
a) Convocar e presidir as reuniões, orientar os seus
g) Propor a cessação de actividades, o encerramento trabalhos e assegurar os cumprimentos das
de estabelecimentos de ensino superior;
2 165000 005638

suas deliberações;
h) Solicitar a colaboração das autoridades policiais b) Representar a ARES em juízo e fora dele;
para impor o cumprimento das normas e
determinações que, por razões de segurança c) Assegurar as relações da ARES com a Assembleia
devam ter execução imediata, no âmbito de Nacional, o Governo e os demais organismos
atos de gestão pública. públicos;

3. Compete ao Conselho de Administração, no âmbito d) Solicitar pareceres ao Fiscal Único e ao Conselho


da orientação e gestão da ARES, designadamente: Consultivo;

a) Representar a ARES e dirigir a respectiva e) Apresentar aos membros de Governo responsável


actividade; pelas áreas reguladas todos os assuntos que
devam ser submetidos à sua apreciação;
b) Elaborar os planos anuais e plurianuais de
actividade e assegurar a respectiva execução; f) Orientar e coordenar a actividade interna da
ARES e prover em tudo o que for necessário à
c) Elaborar o relatório de actividades; conservação e gestão do seu património;

d) Exercer os poderes de direcção, gestão e disciplina g) Autorizar despesas dentro dos limites que forem
do pessoal; fixados pelo Conselho de Administração e exercer
os demais poderes que lhe forem atribuídos por
e) Aprovar os regulamentos previstos nos estatutos lei e regulamento;
e os que sejam necessários ao desempenho das
atribuições da ARES; h) Exercer as competências que lhe sejam delegadas
pelo Conselho de Administração; e
f) Nomear os representantes da ARES junto de
organismos nacionais ou internacionais de i) Acompanhar a execução da orientação geral em
garantia da qualidade; matéria de instauração e instrução de processos
de contra-ordenação.
g) Celebrar acordos de cooperação com outras
entidades, públicas ou privadas, nacionais ou 2. Por razões de urgência, devidamente fundamentadas,
estrangeiras; o Presidente de Conselho de Administração pode
excepcionalmente praticar quaisquer atos da competência
h) Decidir processos de contra-ordenações da do Conselho de Administração, os quais devem, no
competência da ARES e aplicar as respectivas entanto, ser ratificados na primeira reunião do Conselho
coimas e sanções acessórias. de Administração.

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3. Caso a ratificação seja recusada, deve o Conselho b) Comunicar com as partes interessadas sobre
de Administração deliberar sobre a matéria em causa e assuntos relacionados com questões pendentes
acautelar os efeitos produzidos pelos actos já praticados. na ARES, fora dos procedimentos previstos por
lei ou regulamento.
4. O Presidente pode delegar, nos membros do Conselho
de Administração, determinados poderes, devendo essa 2. Os membros do Conselho de Administração não podem
delegação especificar os actos objecto de delegação e ainda, durante o seu mandato, exercer qualquer outra
constar da ata do Conselho de Administração. função pública ou actividade profissional em instituição
Artigo 17.º de ensino superior.
Funcionamento Artigo 21.º

1. O Conselho de Administração reúne ordinariamente Declaração de rendimentos


uma vez por mês e, extraordinariamente, sempre que o
Presidente o convoque, por sua iniciativa ou a solicitação Os membros do Conselho de Administração das entidades
de, pelo menos, dois administradores. reguladoras estão sujeitas à obrigação de declaração
de rendimento, interesses e património prevista na lei
2. Os membros do conselho de administração devem
n.º 139/IV/95, de 31 de Outubro e respectiva legislação
ser convocados para as reuniões, pelos meios e com a
regulamentar.
antecedência adequados.
Artigo 22.º
3. As deliberações do conselho de administração são
tomadas por maioria, não sendo admitidas abstenções. Vinculação

4. Das reuniões devem ser lavradas actas que, depois 1. A ARES obriga-se pela assinatura:
de aprovadas, devem ser assinadas por todos os membros
presentes. a) Do presidente do Conselho de Administração ou
Artigo 18.º no caso de ausência ou impedimento deste,
seu substituto;
Delegação de poderes

1. O Conselho de Administração pode delegar, por b) Do membro do Conselho de Administração a quem


2 165000 005638

deliberação consignada em acta, poderes em um ou tenham sido delegados, em acta, poderes para
mais dos seus membros e autorizar que se proceda à a prática de acto ou atos determinados.
subdelegação desses poderes, estabelecendo em cada caso
2. Os actos de mero expediente podem ser assinados
os respectivos limites e condições.
por qualquer membro do Conselho de Administração ou
2. A atribuição de pelouros não dispensa o dever que por trabalhador da ARES a quem tal poder tenha sido
incumbe a todos os membros do Conselho de Administração, de expressamente conferido por deliberação do Conselho de
acompanhar e propor providências relativas a qualquer deles. Administração.
3. As deliberações que envolvam a delegação de poderes 3. A ARES obriga-se ainda pelas assinaturas de
devem ser objecto de publicação na II Série do Boletim mandatários, no âmbito restrito dos poderes que lhes
Oficial. hajam sido conferidos.
Artigo 19.º
Artigo 23.º
Mandato
Responsabilidade dos membros
1. O mandato dos membros do Conselho de Administração
tem a duração de seis anos, sendo renovável uma única vez. 1. Os membros do Conselho de Administração são
2. Na primeira nomeação do Conselho de Administração, solidariamente responsáveis pelos atos praticados no
ou após a sua dissolução, o presidente é nomeado por exercício das suas funções.
cinco anos, e os demais administradores por três anos, 2. São isentos de responsabilidade os membros do Conselho
renováveis, em ambos os casos, por uma só vez, por mais de Administração que, tendo estado presentes na reunião
cinco anos em que foi tomada a deliberação, tiverem manifestado
3. Em caso de vacatura, o novo membro é nomeado pelo o seu desacordo, devendo este estar registado em acta.
período de cinco anos.
3. Ficam igualmente isentos de responsabilidade os
Artigo 20.º
membros que, tendo estado ausente da reunião, manifestem
Incompatibilidades e impedimentos por escrito o seu desacordo no prazo de três dias após o
conhecimento da deliberação.
1. Para além do previsto no artigo 47.º do RJERI em
matérias de incompatibilidade e impedimentos, os membros Artigo 24.º
do Conselho de Administração não podem:
Dissolução
a) Receber prendas ou ofertas das entidades reguladas
e das suas entidades instituidoras, incluindo os O Conselho de Administração só pode ser dissolvido
seus dirigentes individualmente, de associações por Resolução do Conselho de Ministros, após parecer
ou organizações que as representem; do Conselho Consultivo e comunicação à Assembleia

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800 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

Nacional, que pode proceder à audição do membro do f) Elaborar relatórios sobre a sua acção fiscalizadora,
Governo responsável pela área do ensino superior e dos incluindo um relatório anual global;
membros do Conselho de Administração, nos seguintes
casos: g) Propor a realização de auditorias externas, quando
isso se revelar necessário ou conveniente;
a) Por causas graves de responsabilidade colectiva
apurada em inquérito feita por entidade h) Verificar e declarar o excesso das despesas realizadas
independente; sobre as orçamentadas;

b) Considerável excesso das despesas realizadas sobre i) Pronunciar-se sobre todos os assuntos que lhe sejam
as orçamentadas, sem justificação adequada, submetidos pelo Conselho de Administração.
declarado pelo Fiscal Único.
Artigo 28.º
c) Grave violação, por acção ou omissão da lei ou dos
Poderes
estatutos da ARES.
Secção III Para prossecução das competências de que dispõe, o
Fiscal Único tem o direito de:
Fiscal Único
a) Obter do Conselho de Administração as informações
Artigo 25.º
e esclarecimentos que repute necessário;
Definição
b) Livre acesso a todos os serviços e à documentação
O Fiscal Único é o órgão responsável pelo controlo da ARES, podendo requisitar a presença
da legalidade e economicidade da gestão financeira dos respectivos responsáveis e solicitar os
e patrimonial da ARES e de consulta do Conselho de esclarecimentos que considere necessários;
Administração nesse domínio.
c) Tomar ou propor as demais providências que
Artigo 26.º considere indispensáveis ao cabal desempenho
Nomeação e mandato
das suas funções.
2 165000 005638

Secção IV
1. O Fiscal Único é nomeado por despacho conjunto do
membro do Governo responsável pela área das finanças e Conselho Consultivo
do membro do Governo responsável pela área do ensino
superior, devendo ser obrigatoriamente um auditor oficial Artigo 29.º
de contas.
Definição
2. O mandato do Fiscal Único tem a duração de três
O Conselho Consultivo é o órgão de consulta e participação
anos, sendo renovável por igual período.
na definição das linhas gerais de actuação da ARES e
3. Em caso de termo do mandato, o Fiscal Único nas tomadas de decisões do Conselho de Administração,
mantém-se no exercício das suas funções até à sua efectiva contribuindo para o exercício eficiente, eficaz e equilibrado
substituição ou à declaração de cessação de funções pelos da actividade reguladora.
membros do Governo referidos no número 1. Artigo 30.º
Artigo 27.º
Composição
Competências
1. O Conselho Consultivo é composto por:
Compete ao Fiscal Único:
a) Três representantes do Conselho de Reitores das
a) Acompanhar e controlar com regularidade o Universidades;
cumprimento das leis e regulamentos aplicáveis,
a execução orçamental, a situação económica, b) Dois membros a designar pelas associações de
financeira e patrimonial e analisar a contabilidade; estudantes do ensino superior;

b) Realizar um apuramento trimestral da situação c) Dois membros a designar pelo conjunto ordens e
patrimonial e financeira; associações públicas profissionais existentes;

c) Dar parecer sobre o orçamento e sobre as suas d) Um representante de cada uma das centrais
revisões e alterações; sindicais;

d) Dar parecer sobre o relatório e contas de gerência; e) Um representante do departamento governamental


responsável pela área do ensino superior;
e) Manter o Conselho de Administração informado
sobre os resultados das verificações de exames f) Um representante do departamento governamental
a que proceda; responsável pela área das finanças;

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 801

g) Um representante do departamento governamental proposta do Conselho de Administração, personalidades


responsável pela área da educação; ou representantes de instituições cuja presença seja
considerada necessária para esclarecimento dos assuntos
h) Até cinco especialistas cooptados pelo próprio em apreciação.
conselho.
Secção V
2. O Presidente do Conselho Consultivo é eleito de
Serviços e Pessoal
entre os seus membros.
Artigo 33.º
3. O Conselho Consultivo considera-se constituído
quando tiverem sido designados, pelo menos, dois terços Serviços
dos membros previstos no número 1.
O modelo de funcionamento da ARES é decidido pelo
4. O mandato dos membros do Conselho Consultivo Conselho de Administração.
não tem duração fixa, podendo ser substituídos a todo Artigo 34.º
o tempo, pela entidade representada e não podem ser
nomeados por mais de dois mandatos, os quais têm uma Pessoal
duração máxima de cinco anos.
1. Os serviços integram pessoal tecnicamente especializado
5. Enquanto não existir Conselho de Reitores das para as funções a exercer cuja tabela remuneratória,
Universidades, as Instituições do Ensino Superior Privado remunerações adicionais, encargos e regalias, são aprovados
designam dois representantes e as Instituições do Ensino pelo Conselho de Administração.
Superior Público designam um representante para o
2. O pessoal da ARES rege-se pelo regime geral do
Conselho Consultivo.
contrato individual de trabalho, sendo abrangido pelo
Artigo 31.º regime de previdência social dos trabalhadores por conta
de outrem.
Competência
3. O recrutamento do pessoal está sujeito a concurso,
1. Compete ainda ao Conselho Consultivo, pronunciar-se devendo obedecer aos seguintes princípios:
sobre os seguintes instrumentos de gestão:
2 165000 005638

a) Publicação da oferta de emprego pelos meios mais


a) Os planos anuais de actividades e o relatório anual adequados;
de actividades;
b) Igualdade de condições e oportunidade dos
b) O relatório e contas de gerência e o relatório anual candidatos;
do órgão de fiscalização;
c) Aplicação de métodos e critérios objetivos de
c) O orçamento; avaliação e selecção;

d) Os regulamentos internos da ARES. d) Fundamentação da decisão tomada.

2. Compete ainda ao Conselho Consultivo pronunciar-se 4. As condições de prestação e disciplina do trabalho


sobre a dissolução do Conselho de Administração, nos são definidas em regulamento próprio da ARES, com
termos previstos na lei. observância das disposições legais imperativas do regime
do contrato individual de trabalho.
3. Conselho Consultivo aprova o seu regimento interno.
5. Sem prejuízo do disposto nos números 1 a 4, o Conselho
4. O Conselho Consultivo pode apresentar ao Conselho de Administração pode solicitar às instituições públicas
de Administração sugestões ou propostas destinadas a com atribuições no âmbito do ensino superior, ciência e
fomentar ou aperfeiçoar as actividades da ARES. tecnologia, a cedência de trabalhadores para o exercício
de funções na ARES, nos termos da legislação aplicável.
Artigo 32.º

Funcionamento
6. A ARES pode ainda contratar quaisquer pessoas,
designadamente peritos ou conjuntos de peritos externos
1. O Conselho Consultivo reúne-se ordinariamente, em garantia da qualidade do ensino superior, para tarefas
pelo menos, duas vezes, por ano, e extraordinariamente de estudo ou avaliação inerentes aos respectivos fins.
sempre que convocado pelo presidente, por sua iniciativa Artigo 35.º
ou por solicitação do Conselho de Administração, ou a
pedido de 1/3 dos seus membros. Incompatibilidades

2. Os membros do Conselho de Administração e o Fiscal 1. A adopção do regime do contrato individual de trabalho


Único, podem assistir às reuniões do Conselho Consultivo não dispensa, nos termos da Constituição, os requisitos
e participar, nos trabalhos sem direito a voto. e limitações decorrentes da prossecução do interesse
público, nomeadamente os respeitantes a acumulações
3. Podem, ainda, participar nas reuniões, sem direito a e incompatibilidades legalmente estabelecidas para
voto, por convocação do respectivo presidente, mediante funcionários e agentes administrativos.

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802 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

2. Os trabalhadores da ARES não podem, em qualquer 2. A ARES pode ter sob sua administração bens do
dos casos, prestar trabalhos ou serviços, remunerados património do Estado que sejam afectos ao exercício das
ou não, a entidades reguladas ou outras cuja actividade suas funções, por lei ou por despacho conjunto do membro
colida com as atribuições e competências daquela. do Governo responsável pela área das finanças e do membro
do Governo responsável pela área do ensino superior.
CAPÍTULO IV
3. Sem prejuízo do disposto no número anterior, carece
GESTÃO FINANCEIRA E PATRIMONIAL
de aprovação do membro do Governo responsável pela
Artigo 36.º área do ensino superior a aquisição de bens imóveis.
Regras gerais
4. Os bens da ARES que se revelem desnecessários ou
1. A actividade financeira e patrimonial da ARES inadequados ao cumprimento das suas atribuições são
rege-se pelo disposto no RJERI, nos presentes Estatutos incorporados no património do Estado, salvo quando devam
e demais leis e regulamentos aplicáveis. ser alienados, sendo essa incorporação determinada por
despacho conjunto dos membros do Governo responsáveis
2. A ARES deve adoptar procedimentos contratuais regidos pelas Finanças e pelo ensino superior.
pelos requisitos de publicidade, da concorrência e da não
discriminação, bem como da qualidade e economicidade. 5. Em caso de extinção, o património da ARES reverte
para o Estado, salvo quando se tratar de fusão por
Artigo 37.º
incorporação, caso em que o património reverte para a
Receitas entidade incorporante.
1. Constituem, designadamente, receitas da ARES: CAPÍTULO V
a) As taxas devidas pelos actos de avaliação e
OUTRAS DISPOSIÇÕES
acreditação;
Artigo 39.º
b) As taxas devidas pelo reconhecimento e registo
de grau académico ou diploma estrangeiro; Dever de colaboração

c) As taxas devidas pela prestação de outros serviços;


2 165000 005638

1. A ARES, sempre que solicitada pelas entidades


d) O produto das coimas aplicadas no exercício da competentes, nomeadamente o governo, deve colaborar:
sua competência sancionatória, até ao limite a) Na definição de políticas e regras atinentes à
de 40% do respectivo montante, revertendo o sua área de intervenção, visando o regular
remanescente para o Estado através do Tesouro; funcionamento do subsistema de ensino superior;
e) O produto da alienação de bens próprios e da
b) Na elaboração de legislação nos domínios do sistema
constituição de direitos sobre eles;
e qualificações de ensino superior;
g) O percentual fixado nos termos da alínea f) do
artigo 67.º do Regime Jurídico das Entidades c) Na implementação da garantia da qualidade no
Reguladoras Independentes, revertendo o âmbito da sua intervenção;
remanescente para o Estado através do Tesouro;
d) Na definição de condições exigidas para o
h) As heranças, doações ou legados que lhe sejam funcionamento de instituições e qualificações
atribuídos; relativas ao ensino superior;

i) Quaisquer outros rendimentos ou receitas que e) Na recolha e prestação de informações relativas


por lei, designadamente Lei do Orçamento do às entidades reguladas;
Estado, lhe seja atribuída, destinada a assegurar
as despesas de funcionamento. f) No apoio técnico ao Governo nas áreas da sua
intervenção.
2. O montante das taxas devidas à ARES é fixado pelo
Governo nos termos da lei das taxas. 2. As entidades públicas, às quais a ARES solicitar
informações, opiniões e pareceres no âmbito das suas
3. A cobrança coerciva das dívidas provenientes da
atribuições, devem colaborar em tempo útil.
falta de pagamento dos montantes devidos pela avaliação
e acreditação realiza-se através de processo de execução Artigo 40.º
fiscal, servindo de título executivo a certidão emitida
Avaliação e acreditação
para o efeito pela ARES.
Artigo 38.º 1. As normas aplicáveis pela ARES aos procedimentos
Património
de avaliação das instituições de ensino superior e dos
seus ciclos de estudos são as previstas no Decreto-Lei n.º
1. A ARES dispõe de património próprio, constituído 20/2012, de 19 de Julho, e no Decreto-lei n.º 22/2012, de 7
pela universalidade dos seus bens, direitos, garantias ou de Agosto, bem como as constantes de quaisquer outros
obrigações de conteúdo económico. diplomas que regulem ou venham a regular essas matérias.

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 803

2. Os procedimentos de acreditação incluem Artigo 3.º


necessariamente a contribuição de entidades externas
Definição
relevantes para o processo, designadamente das ordens
e outras associações públicas profissionais, bem como 1. Entende-se por economia social o conjunto das
de outras entidades científicas, culturais e económicas. actividades económicas e empresariais, livremente levadas
a cabo, no âmbito privado, por entidades que prosseguem
3. Podem integrar os resultados de avaliações de os fins previstos no artigo seguinte e atuam de acordo
estabelecimentos de ensino ou de ciclos de estudos as com os princípios referidos no artigo 6.º.
realizadas por instituições nacionais, estrangeiras ou
internacionais que desenvolvam actividade de avaliação 2. As actividades previstas no número 1 subordinam-se
dentro dos princípios adoptados pelo sistema nacional de aos princípios orientadores estabelecidos no artigo 6.º e têm
garantia da qualidade do ensino superior. por finalidade prosseguir o interesse geral da sociedade,
quer directamente quer através da prossecução dos
4. Nos procedimentos de acreditação podem ser ouvidas interesses dos seus membros, utilizadores e beneficiários,
as entidades mais representativas das profissões para cujo quando socialmente relevantes.
exercício os ciclos de estudos em causa visem habilitar, Artigo 4.º
abrangendo ordens ou associações profissionais, associações
sindicais e patronais, e ainda os ministérios interessados. Fins da economia social

5. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores São fins da economia social:
é interdita a qualquer entidade que não a ARES a
a) Promover o desenvolvimento integral do ser
acreditação de qualquer instituição de ensino superior
humano;
ou ciclo de estudos.
b) Contribuir para o desenvolvimento socioeconómico
Artigo 41.º de Cabo Verde, participando na produção,
distribuição e consumo de bens e serviços
Logotipo socialmente necessários;
2 165000 005638

A ARES utiliza, para identificação de documentos e c) Promover a educação e formação impulsionando


tudo o mais que se relacionar com os respectivos serviços, práticas que consolidem uma cultura solidária,
um logotipo, cujo modelo é aprovado pelo Conselho de criativa e empreendedora;
Administração.
d) Contribuir para o exercício e aperfeiçoamento da
–––––– democracia participativa;

e) Promover aos membros das entidades que


Lei n.º 122/VIII/2016
integram a economia social a participação e
de 24 de março
acesso à formação, o trabalho, a propriedade, a
informação, a gestão e a distribuição equitativa
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta, de benefícios sem discriminação alguma;
nos termos da alínea b) do artigo 175º da Constituição, f) Promover a emancipação económica social das
o seguinte: comunidades; e

Artigo 1.º g) Promoção da cultura e do desporto.

Objecto Artigo 5.º

Entidades da economia social


A presente lei estabelece o regime jurídico da economia
social, sem prejuízo das normas específicas aplicáveis a 1. Integram a economia social, nomeadamente, as
cada uma das entidades que a integram, e determina seguintes entidades, desde que constituídas em território
medidas de incentivo à sua actividade em função dos nacional:
princípios e fins que lhe são próprios.
a) As instituições particulares de solidariedade social
Artigo 2.º de natureza associativa, ou fundacional ou que
equiparadas, a que se referem o número 3 do
Âmbito de aplicação artigo 70.º da Constituição;

A presente lei aplica-se a todas as entidades integradas b) As cooperativas;


na economia social, nos termos do disposto no artigo c) As fundações;
seguinte, sem prejuízo das normas substantivas específicas
aplicáveis aos diversos tipos de entidades definidas em d) As associações com fins altruísticos que desenvolvam
razão da sua natureza própria. a sua actividade no âmbito científico, cultural,

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804 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016

educacional, recreativo, do desporto amador, da i) A sindicabilidade pelos tribunais dos actos da vida
defesa do meio ambiente e do desenvolvimento interna das organizações;
local e em todos os campos da sociedade de
informação; e j) A transparência e publicidade das respectivas
contas;
e) Outras associações e organizações dotadas de
personalidade jurídica que respeitem os k) A cooperação com o Estado e com os outros atores
princípios orientadores da economia social sociais e económicos, na construção de novos
previstos no artigo seguinte e constem da base modelos de regulação e de governança; e
de dados da economia social.
l) O princípio da subsidiariedade.
2. Integram, ainda, a economia social meios de produção
Artigo 7º
comunitários geridos e possuídos por comunidades locais,
nos termos da parte final do número 6 do artigo 91º da Base de dados
Constituição.
1. Compete ao Departamento Governamental de tutela
3. A lei estabelece o regime legal de organização e elaborar, publicar e manter actualizada em sítio próprio
funcionamento específico das entidades integrantes da a base de dados permanente das entidades que integram
economia social e solidária. o sector da economia social, a qual deve ser tida em conta
para efeitos de reconhecimento da utilidade pública.
Artigo 6.º

Princípios orientadores 2. Deve ainda ser assegurada a criação e a manutenção


de uma conta satélite para a economia social, desenvolvida
As entidades da economia social são autónomas, emanam no âmbito do sistema estatístico nacional.
da sociedade civil e distinguem-se do sector público e do
Artigo 8.º
sector privado, actuando com base nos seguintes princípios
orientadores: Organização e representação

a) O primado das pessoas e dos objetivos sociais; 1. As entidades da economia social podem livremente
2 165000 005638

organizar-se e constituir-se em associações, uniões,


b) O livre acesso e a participação voluntária;
federações ou confederações que as representem e defendam
c) A autonomia política e de gestão face ao Estado e os seus interesses.
demais organizações públicas, salvo quando, no
2. Para efeitos do número anterior, as entidades da
que respeita aos meios de produção comunitários
economia social gozam, nos termos da lei, de autonomia na
geridos e possuídos pelas comunidades locais, os
elaboração dos respectivos estatutos, na eleição dos seus
órgãos representativos deleguem a sua gestão
órgãos sociais, gestão e administração do seu património
numa autarquia local;
e elaboração dos planos de actividades.
d) O controlo democrático dos respectivos órgãos
3. A lei estabelece um regime próprio para os titulares
pelos seus membros;
de órgãos sociais, estabelecendo benefícios que privilegiem
e) A conciliação entre o interesse dos membros, o cumprimento das suas funções, nomeadamente a
utilizadores ou beneficiários e o interesse geral; definição de um estatuto de dirigente das entidades da
economia social.
f) O respeito pelos valores da solidariedade, da
honestidade, da igualdade e da não discriminação 4. As entidades da economia social estão representadas
em função do género, da pertença étnica, da no Conselho Económico e Social e nos demais órgãos com
orientação sexual, das particularidades culturais, competências no domínio da definição de estratégias e de
sociais e psicofisiológicas, do território e da idade, políticas públicas de desenvolvimento da economia social.
da coesão social, da justiça e da equidade, da Artigo 9.º
transparência, da responsabilidade individual
e social partilhada e da subsidiariedade; Relação das entidades da economia social com o Estado

g) A gestão autónoma e independente das autoridades No seu relacionamento com as entidades da economia
públicas de quaisquer outras entidades exteriores social, o Estado deve:
à economia social;
a) Estimular e apoiar a criação e a actividade das
h) A afetação dos excedentes à prossecução dos fins entidades da economia social;
das entidades da economia social de acordo com
o interesse geral, sem prejuízo da garantia da b) Assegurar o princípio da cooperação entre a
auto-sustentabilidade necessária à prestação economia social e o Estado, considerando, no
de serviços de qualidade, cada vez mais eficazes planeamento e desenvolvimento dos sistemas
e eficientes, numa lógica de desenvolvimento sociais públicos, a capacidade instalada,
e crescimento sustentável; material, humana e económica das entidades

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I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 805

da economia social, bem como os seus níveis Artigo 11.º


de competência técnica e de inserção no tecido
Estatuto fiscal
social e económico do país;
As entidades da economia social beneficiam de um
c) Desenvolver, em articulação com as organizações estatuto fiscal específico definido por lei em função dos
representativas das entidades da economia social, respectivos substrato e natureza.
os mecanismos de supervisão que permitam
assegurar uma relação transparente entre Artigo 12.º
essas entidades e os seus membros, procurando
Concorrência
optimizar os recursos nomeadamente através
da utilização das estruturas de supervisão já As entidades que constarem da base de dados prevista
existentes; no artigo 7.º estão sujeitas às normas nacionais de
concorrência no que respeita ao desenvolvimento das
d) A promoção, em articulação com as entidades
actividades enquadráveis nos requisitos nelas estabelecidos.
da economia social do desenvolvimento de
mecanismos de contratualização estáveis, Artigo 13.º
transparentes, inequívocos e sustentáveis.
Conselho Nacional para a Economia Social,
e) Promover a necessária estabilidade das relações
Por diploma legislativo específico será criado o Conselho
de cooperação estabelecidas com as entidades
Nacional para a Economia Social, adiante designado
da economia social.
por CNES, órgão de acompanhamento e de consulta do
Artigo 10.º Governo no domínio das estratégias e das políticas públicas
de promoção e de desenvolvimento da economia social.
Fomento da economia social
Artigo 14.º
1. Considera-se de interesse geral o estímulo, a valorização
e o desenvolvimento da economia social bem como das Desenvolvimento legislativo
organizações que a representam.
1. No prazo de cento e oitenta dias a contar da entrada
2. Nos termos do disposto no número anterior, os poderes em vigor do presente diploma são aprovados os diplomas
2 165000 005638

públicos, no âmbito das suas competências em matéria legislativos que concretizam a reforma do sector da
de políticas de incentivo à economia social, devem: economia social, à luz do disposto no presente diploma
e, em especial, dos princípios estabelecidos no artigo 6.º.
a) Promover os princípios e os valores da economia
social; 2. A reforma legislativa a que se refere o número anterior
envolve, nomeadamente:
b) Fomentar a criação de mecanismos que permitam
reforçar a auto-sustentabilidade económico- a) A definição do regime jurídico das instituições
financeira das entidades da economia social; privadas de solidariedade social;

c) Promover a criação de novas entidades da economia b) A revisão do regime jurídico das cooperativas
social e apoiar a diversidade de iniciativas próprias
deste sector, potenciando-se como instrumento de c) A revisão do regime jurídico das fundações; e
respostas inovadoras aos desafios que se colocam d) A revisão do estatuto de utilidade pública.
às comunidades locais, regionais, nacionais
ou de qualquer outro âmbito, removendo os Artigo 15.º
obstáculos que impeçam a constituição e o Entrada em vigor
desenvolvimento das actividades económicas
das entidades da economia social; A presente lei entra em vigor trinta dias após a data
da sua publicação.
d) Incentivar a investigação e a inovação na economia
social, a formação profissional no âmbito das Aprovada em 26 de Janeiro de 2016.
entidades da economia social, bem como apoiar
o acesso destas aos processos de inovação O Presidente da Assembleia Nacional, Basílio Mosso
tecnológica e de gestão organizacional; Ramos.

e) Promover a formação profissional no âmbito das Promulgada em 10 de Março de 2016.


entidades da economia social, bem como apoiar o
Publique-se
seu acesso aos processos de inovação tecnológica
e de gestão organizacional; e O Presidente da República, JORGE CARLOS DE
f) Aprofundar o diálogo entre os organismos públicos ALMEIDA FONSECA
e os representantes da economia social a Assinada em 17 de Março de 2016
nível nacional e local promovendo, assim, o
conhecimento mútuo e a disseminação de boas O Presidente da Assembleia Nacional, Basílio Mosso
práticas. Ramos

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806 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016


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I SÉRIE

BOLETIM
O F I C I AL
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