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Impresso no Brasil

Tiragem: 300 exemplares


 Copyright 2002 – Laís Maria Passos Rodrigues e Teresinha dos Santos Brandão

Layout, editoração eletrônica e digitalização das imagens:


Nara Rejane da Silva

Capa:
Flávia Garcia Guidotti

Atualização de dados:
Ana da Rosa Bandeira

Esta obra complementa outra anterior, denominada Práticas do Dizer: um exercício da linguagem,
publicada em 1999 pelas mesmas autoras, em edição assinada por L. M. P. Rodrigues. Pedidos para
Av. República do Líbano, 160 – Bairro Três Vendas – Pelotas, RS – CEP 96055-710.

É proibida a reprodução de parte ou do todo desta obra sem a prévia


autorização das autoras.
A L E I P R O íB E
FO T O C O P IA R ES TA O B R A

Esta obra encontra-se no prelo e o pedido de seu número de inscrição


junto à Biblioteca Nacional já foi encaminhado.
Sumário

 Apresentação.....................................................................................................................5
 Algumas sugestões para a elaboração de respostas às questões analítico-
expositivas.................................................................................................................................7

 Ia PARTE - Questões analítico-expositivas.................................................................9


 IIa PARTE - Questões objetivas................................................................................. 61
 IIIa PARTE - Questões de vestibulares.................................................................... 77

 Referências Bibliográficas........................................................................................ 109


dsfsf.
Apresentação

Caro(a) Aluno(a)

Os exercícios deste Caderno de Exercícios visam dar continui-


dade ao trabalho proposto em Práticas do Dizer: um exercício da linguagem,
de nossa autoria.

Você terá contato com diversidade de textos e de linguagens


através de questões as quais pretendem conduzi-lo(a) a uma maior re-
flexão sobre a língua materna.

Ademais, acrescentamos algumas sugestões para a elaboração


de respostas às questões analítico-expositivas por entendermos que nelas
interessam não só o conteúdo da resposta como também a qualidade da
expressão já que, para cada questão, é preciso elaborar uma resposta com-
pleta, sintética, clara, organizada, atendendo às normas prescritas pelas
gramáticas normativas e ao comando do enunciado proposto.

Sucesso

Um abraço

As autoras
.
Algumas sugestões para a elaboração de respostas às
questões analítico-expositivas

1) Para explicar, relacionar:


ALUDE A (...)
CONCERNE A
FAZ REFERÊNCIA A
O conteúdo do texto/ da charge/ da propaganda REFERE-SE A
CRITICA
SUGERE
REPRESENTA/SIMBOLIZA

2) Para definir:
EVIDENCIA (...)
O termo “X” CONSTITUI
SIGNIFICA

3) Para explicar o efeito de sentido:


PROVOCA (...)
O uso do termo “X” OCASIONA
DESENCADEIA

4) Para comparar:

 No texto I ocorre “X”, ENQUANTO no II percebemos “Y”.


 O texto I critica “X”; JÁ o II, “Y”.
 Em ambos os textos notamos “X”.
Laís Maria Passos Rodrigues & Teresinha dos Santos Brandão
8

C
A
D
B
9
 usuário da língua (= falante);
 estrutura frasal (= frase);
 impropriedade vocabular (= vocabulário inadequado);
 registro/ nível de linguagem (= heterogeneidade lingüística).

Lembre-se!!!!
Identificar ou reconhecer significa assi- Comparar significa descobrir as relações
nalar os elementos fundamentais de uma de semelhança e/ou diferença entre deter-
argumentação, uma época, um processo etc. minadas épocas, processos, argumentações
etc.
Analisar é construir uma reflexão objetiva
baseada em argumentos válidos. Analisar é Interpretar é reproduzir o conteúdo do
tecer argumentos ou fundamentações que texto, de maneira resumida, parafraseando-
justifiquem e tornem válidas as nossas re- o.
flexões.
Resumir é identificar idéias centrais e se-
Comentar é relacionar os conteúdos de um
cundárias de um texto. É apresentar a sín-
texto com uma determinada realidade, de
tese do texto que corresponde à compreen-
maneira opinativa.
são do que foi lido.
O raciocínio de causalidade parte de uma situação cujas causas são dadas e que nos levam a
estabelecer conseqüências, conclusões a partir e através das premissas ou causas dadas.
Ia PARTE
Questões a nalítico-expositivas

1) José Simão, colunista da Folha, utilizou em seu texto, de 19/12/99, um recurso es-
tilístico bastante explorado em textos humorísticos – a paronomásia – uso de pala-
vras com sons semelhantes e sentidos diversos.
Após lê-lo, explique o jogo de palavras “Piaget” e “Pinochet”, considerando as
informações implícitas no texto, assim como as que a ele seguem.

José Simão
Em tempos de peru, solte
a franga!

B
uemba! Buemba! Macaco Simão
Urgente! E como gritava a Tiazinha
chegando numa festa de Natal:
“Happy News Year! Happy News
Year!”. E como disse um amigo meu: “Estou
educando os meus filhos pelo método Piaget *
e, quando o saco estoura, apelo pro método
Pinochet.**” (...)

* Piaget: famoso pedagogo e psicólogo suíço, conhecido principalmente por seus estudos acerca de aspectos parti -
culares da psicologia infantil. Tais estudos evidenciam uma preocupação em educar sem apelo à agressividade.
** Pinochet: ex-ditador chileno, conhecido por seus métodos violentos de governar. No ano de 1999, o senador vita-
lício foi alvo de processo judicial na Inglaterra, devido sobretudo às torturas e perseguições, na época de seu man-
dato, sofridas pelo povo do Chile. Tendo sido liberado, retornou a seu país de origem e, em junho de 2000, perdeu a
imunidade parlamentar para que pudesse ser processado por seus crimes contra a humanidade .

2) A regência verbal enfoca o relacionamento entre os termos da oração, verificando


se os verbos requerem uma ligação direta do complemento como em “Ver filmes”,
ou seja, sem o uso da preposição, ou, ao contrário, ligando-se, indiretamente, ao
complemento como, por exemplo, em “Aspirar ao cargo”.
Na norma culta, deve-se observar atentamente o relacionamento entre os verbos
e seus complementos. Nos trechos abaixo, extraídos de redações de alunos, essa rela-
ção é inadequada. Reescreva-os de acordo com o esperado pelas gramáticas normati-
vas.

“As organizações envolvem e dão exemplo à população a fim de (...)”


“Deve-se apoiar e colaborar com as instituições filantrópicas (...)”
(assunto: dar esmolas: uma medida eficaz ou não?; ano: 1999)
“Após ler e refletir sobre algumas matérias, publicadas em jornais e revistas, as quais tinham
por tema gerador o trabalho realizados pelas ONGs, resolvi escrever-lhe (...)”
(carta dirigida ao presidente da ABONG; assunto: terceiro setor; ano: 2002)
“Sendo assim, peço-lhe que considere e lute por minhas propostas, exigindo a obrigatoriedade
do cumprimento das leis criadas pelo CONAR.”
(carta dirigida ao presidente do CONAR; assunto: censura no meio publicitário; ano: 2003)
3) A maneira como alguns textos são estruturados pode produzir certos efeitos de
incoerência, conforme podemos observar em um trecho do texto abaixo, extraído do
jornal Folha de São Paulo, de 01/03/99:
“O objetivo é substituir as brincadeiras creches e orfanatos, o plantio de árvores e
e a violência do trote tradicional por trotes até um encontro com os sem-terra de um
que envolvam os calouros em ações de cida- acampamento do MST.
dania. A maior parte das faculdades manteve a
Na semana passada, várias faculdades doação de alimentos e de sangue de anos
deram início a esses trotes, que incluíram a anteriores, mas algumas ampliaram as tare-
limpeza de praças e margens de rios, visita a fas e criaram ações inusitadas.”

a) Transcreva o trecho incoerente.


b) Explique o porquê da incoerência.
c) Explique o que, do ponto de vista sintático, provocou a incoerência.
d) Reescreva-o de forma a desfazer o problema, realizando apenas as modifi-
cações indispensáveis.

4) Na tira abaixo, a lesma Flecha manifesta duas opiniões contraditórias. Observe:

(Extraída de: VERÍSSIMO, Luís Fernando. As cobras em: se Deus existe que eu seja atingido
por um raio. Porto Alegre: LP&M, 1997, p.37)
a) Quais são essas opiniões?
b) Em qual delas ele realmente acredita? Justifique.

5) Observe, no texto abaixo, extraído da Folha, de 24/12/99, como se dissimulam os


sentidos implícitos:
Memórias eqüestres
No início de dezembro, um almoço de di- qüentava era a hípica.
plomatas e presidentes comemorou os 40 anos  Ia de manhã, e lá estava o Figueiredo. Ia
do Banco Interamericano de Desenvolvimento, de tarde, também. De noite, a mesma coisa.
no hotel Quitandinha, em Petrópolis (RJ). Acabaram ficando tão amigos que, segundo
Em uma das mesas, um dos executivos do ele, o jovem era a única pessoa que Figueiredo
BID, nascido na Argentina, começou a fazer deixava montar em seu cavalo.
perguntas sobre João Figueiredo,* de quem se Anos depois, já morando em Buenos Aires,
dizia amigo. o jovem interrogou o pai, que ia para Brasília.
Os comensais ficaram curiosos, e o argenti-  Vou à posse do Figueiredo, lembra dele?
no então explicou que, na adolescência, morara Virou presidente...
em Brasília, onde o pai era diplomata. Na época, E o jovem:
contou, adorava cavalos, e o lugar que mais fre-  Da hípica?
*O ex-presidente João Figueiredo declarou, certa vez, que preferia o cheiro dos cavalos ao do povo brasileiro.
Agora responda:
1
3
a) Explicite o comentário que estaria de acordo, no último período, com a
expectativa.
b) Explique o que podemos depreender dessa pergunta.

6) A impropriedade vocabular pode ser responsável pela incoerência de um texto.


Observe o problema no trecho abaixo, extraído de redação de aluno:

“Além do mais, vale ressaltar que os únicos culpados por um atrope-


lamento provocado por um adolescente, irresponsável, seriam seus pais.
Até porque, nesta idade, o jovem é penalmente imputável.”
(assunto: projeto do deputado Sérgio Carneiro  possibilidade de se conduzir
veículos, legalmente, aos 16 anos; ano:1999)

Agora responda:
a) Cite o termo o qual ocasiona incoerência.
b) Explicite a intenção do autor ao utilizar tal termo.
c) Explique o que ele realmente afirmou ao utilizá-lo.
d) Reescreva o trecho incoerente, de modo a desfazer o problema.

7) Há determinadas estruturas gramaticais as quais obedecem a uma lógica interna.


O texto abaixo, extraído de redação de aluno, expressa um sentido oposto ao preten-
dido, decorrente do uso de tal estrutura. Observe:

“(...) pois é inaceitável que um país, visando vencer os obstáculos do subdesenvolvi-


mento não pode permanecer impassível diante de um problema de tanta relevância.”
(assunto: combate ao narcotráfico; ano:1999)

a) Reescreva o texto de forma a desfazer o mal-entendido.


b) Explique a ocorrência desse tipo de estrutura inadequada.

8) Um problema de coesão, decorrente da conexão inadequada entre as idéias, pode


ocasionar incoerência textual. Observe no texto abaixo:

“Um exemplo que pode ser analisado é o caso do senador ACM; este
tolera o familismo, ao passo que, hoje, aproximadamente, 15 dos seus
parentes exercem algum cargo de poder político na Bahia.”
(redação de aluno; assunto: nepotismo; ano:1999)

a) Transcreva do texto o elemento de coesão responsável pela incoerência.


b) Reescreva o texto de forma a eliminar tal problema.
9) Muitas vezes, ao falarmos ou escrevermos, cometemos alguns deslizes decorren-
tes de uma distração, de uma falha por parte do usuário da língua, o qual, quando a
percebe, tenta desfazê-la. No entanto, tais deslizes podem ser vistos, ainda, como
fruto de uma ação deliberada, com intenções específicas.

Aviso aos socialites


Quer dizer que a CNBB pediu aos fãs,
digo, aos fiéis das missas pop do padre Marcelo
que se comprometam com os pobres e com o
aprofundamento da catequese? Sei, sei, sei.
(Folha de São Paulo, 21/12/98)

*
Marcelo Rossi, padre da Igreja Católica, é conhecido por sua maneira não convencional de rezar missas. Tem, por um lado,
o respaldo de muitos, e, por outro, é duramente criticado por sua atuação, na mídia, pois alegam que ele acabou por relegar
a um segundo plano os princípios fundamentais da Igreja Católica.

Agora responda:
a) No caso do texto acima, como pode ser encarado o deslize: uma falha não
intencional ou intencional?
b) Qual a marca lingüística responsável pela identificação de tal deslize?
c) Que função tal marca exerce no texto?
d) Há marcas lingüísticas de ironia no texto. Identifique-as.
e) O autor do texto deu preferência ao uso do discurso indireto. Que efeito de
sentido ele provoca no leitor, levando-se em conta tratar-se de um texto
irônico?
Obs.: Questão extraída do artigo “A heterogeneidade em Arthur-Revuz: da teoria à prática escolar”, de autoria de
Teresinha dos Santos Brandão e Luiz Gustavo Ribeiro Araújo. Em: Leffa, Vilson J. Produção de materiais de
ensino: teoria e prática. Pelotas: Educat, 2003.

10) A maneira como certos textos/frases/enunciados são escritos pode produzir


efeitos de incoerência, como no caso abaixo, extraído de uma manchete, seguida de
um comentário. Observe, ademais, o trecho que acompanha a manchete:

Domingo, 28 de fevereiro de 1999  CIDADE DIÁRIO POPULAR

Cães começam a ser questionados


Pedestres e crianças sentem-se mais ameaçados principalmente pelos ferozes Pitbulls
Cães de pequeno e de grande porte pas- derados agressivos e violentos. Em diver-
seiam constantemente pelas ruas da cida- sos países da Europa é proibido criar este
de, levados pelos seus donos. Muitos não tipo de cachorro. De acordo com o veteri-
causam nenhum temor, mas outros, princi- nário Listi Turino Farias, esta raça é agres-
palmente pelo tamanho, assustam crianças siva e a mordida deste cachorro tem o do-
e adultos. É constante ver jovens passe- bro da força da de outros cães. Ele pode
ando com cachorros da raça Pitbull, consi- matar um cão de raça Fila. (...)
_________________________________________________________________________
1
5
Agora responda:

a) Se tomada literalmente, a manchete leva a uma interpretação absurda. Qual é


ela?
b) Qual a interpretação pretendida pelo autor?
c) Reescreva a manchete, explicitando a intenção do autor e fazendo as alterações
absolutamente indispensáveis.

11) Freqüentemente, o usuário da língua intencionalmente “não diz” para que o


interlocutor o compreenda. É devido a essa atitude que percebemos o quanto o
silêncio significa. Baseando-se nessas informações e na tira abaixo, aponte um sentido
possível para justificar o silêncio que se estabelece entre Helga e Hagar.
HAGAR – Dik Browne

(Folha de São Paulo, 26/11/99)

12) É um recurso muito utilizado para incitar a curiosidade do leitor o uso de uma
estrutura isolada que contenha uma incoerência a qual, na verdade, é intencional.
Foi o que ocorreu no Diário Popular, em sua capa, no dia 5/6/99. Observe:

“PAZ É ACEITA MAS A GUERRA VAI PROSSEGUIR”


No entanto, ao nos reportarmos à matéria em questão, vemos que a manchete
não contém uma incoerência.

“A GUERRA CONTINUARÁ ATÉ QUE SE CONCRETIZE A PAZ


DETALHES DO ACORDO ESTÃO SENDO DISCUTIDOS PELA ALIANÇA”
É somente lendo trechos da matéria que conseguimos entender tais manchetes:

Bruxelas – Esperando a relativamente intenso, se- Otan, Jaime Shea. A aceita-


paz, cujos detalhes eram ob- gundo a Aliança. ção de um plano de paz, na
jeto ontem de várias discus- Por enquanto, a Aliança quinta-feira, por Belgrado,
sões entre os ocidentais, os não tem nenhuma prova de não interrompeu os bombar-
aviões da Otan prosseguiram que as tropas iugoslavas es- deios.
os bombardeios, num nível tejam se retirando de Ko- (...) Porém, os aliados se
sovo, disse o porta-voz da negam a prever uma suspen-
são da guerra, enquanto não de maneira irreversível por acatar as condições impos-
estiverem seguros de que parte de Belgrado, que deve tas.
sua aplicação possa ser feita
1
7
Baseando-se nas informações da reportagem, responda:
a) Explique por que não há verdadeiramente uma incoerência na manchete da
capa.
b) Refaça a manchete que se encontra nas páginas do interior do jornal, de
modo que ela não se torne óbvia.
c) Que informações da reportagem você levou em conta para responder ao item
b) desta questão?

13) Leia o texto abaixo e responda às questões propostas:

F “Ser ou Não Ser” HC


Josias de Souza
São Paulo – A indecisão é um atributo con- “Diet ou normal?”
gênito de FHC. A dúvida é, no seu caso, uma “Hummm... esquece. Quero só água mine-
condição de vida. Como as escamas do peixe. ral.”
Ou as penas na ave. FHC não é propriamente “Com gás ou sem gás?”
um presidente. É a ausência de decisão com “A conta. Traga-me a conta.”
doutorado. É a dúvida com PhD a “Mas o senhor não tomou nem mesmo um
contemplar-nos do Palácio do Planalto. cafezinho.”
Não há notícia de ponto de interrogação “Está bem. Traga-me um café.”
que tenha ido tão longe na carreira política. “Com adoçante ou com açúcar?”
A mente de FHC é uma espécie de latifúndio “A conta.”
improdutivo, invadido por ACM. “Mas, mas...”
O cargo de presidente tirou de FHC a “A conta. E não se fala mais nisso.”
proteção de habitar o mundo acadêmico. FHC sempre poderá alegar que não está
Para um “scholar”, habituado a observar os só em sua indecisão. Poderá invocar, por
paradoxos da sociedade de longe, com dis- exemplo, a companhia ilustre do príncipe que
tanciamento brechtiano,* até uma ida ao res- Shakespeare** imaginou para a Dinamarca.
taurante pode significar um martírio. Poderá até mesmo tomar por empréstimo a
“E para beber, Excelência?” estrutura do solilóquio*** de Hamlet. “ACM
“Vinho, por favor.” or not ACM? Eis a questão.” Ou ainda:
“Branco ou tinto?” “Ford or not Ford?”.
“Você tem uísque?” Enquanto estiver se divertindo com a sen-
“Doze anos ou oito anos?” sação de que sua reflexão é útil para o país,
“Uma Coca. Vou de Coca-Cola.” FHC se livra de tarefas menores. Trabalhar,
por exemplo.
(Folha de São Paulo, 1999)

*brechtiano: referente a Brecht, dramaturgo alemão, que resistiu ao regime totalitário fascista.
**Shakespeare: dramaturgo inglês, em cuja peça teatral o personagem Hamlet usa uma expressão de dúvida
existencial profunda: “Ser ou não ser?”
***solilóquio: fala de alguém consigo mesmo; monólogo.

a) Na frase “A indecisão é um atributo congênito de FHC”, qual o significado da


palavra assinalada? Transcreva outra(s) frase(s) do texto que serviu (serviram)
de “pista” para você chegar a essa conclusão.
b) Shakespeare foi citado por Josias de Souza, autor do texto acima, para estabe-
lecer que tipo de comparação com FHC?

c) Tomando por base o diálogo transcrito por Josias, no qual FHC faz uma série
de pedidos ao garçom, levante uma hipótese que justifique a fala do ex-presi-
dente: “A conta. E não se fala mais nisso.”

d) Substitua os trechos em que há o discurso direto para o discurso indireto.

14) Observe o texto abaixo:

Vereadora rebate crítica maldosa


A sessão especial sobre o Dia Internacio- de jornalista, pois está denegrindo a profissão.
nal da Mulher, proposta pela vereadora Mi- O texto pode ser classificado em três aspectos:
riam Marroni (PT), foi alvo de artigo nesta simplório; ignorância e má fé. Talvez falte
semana na imprensa. A parlamentar lamenta a conhecimento mais profundo para compreen-
desinformação e malícia do autor, que não der a forma como me apresentei na sessão. A
aborda o conteúdo da sessão, restringindo-se imprensa tem liberdade para exercer a crítica,
ao traje da parlamentar. Miriam caracterizou- mas não pode omitir o debate que ocorreu. O
se como “bruxa” para identificar a história da autor agiu maldosamente, preocupando-se
trajetória feminina, comparando com a atuali- com a roupa, e não com as mulheres queima-
dade. das que carregamos como herança (...)”
A parlamentar ocupou a tribuna para re-
bater o teor do articulista. “É pena que se trata (Diário Popular, 28/03/99)

Há nele um trecho em que a estrutura gramatical utilizada não respeita o parale-


lismo gramatical por não serem usados elementos de mesmo valor sintático.
a) Transcreva o trecho onde isso ocorre.
b) Reescreva-o de forma a haver respeito ao paralelismo gramatical.

15) Um assunto que deve ser levado em conta no estudo dos verbos é o valor dos
modos e tempos verbais para que possamos melhor entender o funcionamento dessa
categoria gramatical.
Na tira abaixo, explique o valor da locução verbal “está indo” e do verbo “foi”.

(Folha de São Paulo, 26/01/99)


A partir da fala de Hagar (“Já foi”), aponte uma característica possível a ser atri-
buída a esse personagem.
1
9
16) O texto abaixo é um exemplo de que o pronome “cujo” (e variações) é pouco
usual, tanto em textos orais quanto escritos. Observe:

TIROTEIO
De João Paulo Cunha (PT-SP), sobre FHC e – É um deboche com os milhares de traba-
os líderes governistas terem comemorado a lhadores que a política econômica deste governo
aprovação da reforma da Previdência com colocou na informalidade e que agora terão
champanhe no Planalto: ainda mais dificuldades para se aposentar.
(Folha de São Paulo, 16/02/98)

Reescreva o trecho em que deveria, de acordo com a norma culta, ser empregado
adequadamente tal pronome.

17) É comum, devido a determinados “erros” gramaticais, compreender-se um texto


de forma diferente da pretendida pelo seu autor. Observe:

“Tim Maia depõe a CPI e acusa gravadoras”


(Folha de São Paulo, agosto de 95)

a) Qual o “erro” gramatical presente na manchete acima?


b) Reescreva-a, explicando a intenção do autor.
c) Quais os sentidos desencadeados pelo verbo “depor”:
– antes de você reescrever a frase;
– após sua reescritura?

18) Observe o texto abaixo:

Mórmons têm vida mais longa


Os mórmons, adeptos da Igreja de Jesus Cristo dos Santos do Último Dia, não
fumam, não bebem, não tomam café nem refrigerantes com cafeína, não usam drogas e
só têm sexo com a esposa. Em compensação, eles vivem mais do que outras pessoas (...)
(Jornal da Tarde, São Paulo, maio de 90)

Há nele o uso de uma expressão a qual ocasiona uma incoerência se descartarmos


o uso da ironia.
a) Transcreva tal expressão.
b) Explique por que seu uso provoca tal incoerência.
c) Reescreva-a de forma a desfazer o mal-entendido.
*
Os textos das questões 17 e 18 foram extraídos de: JAPIASSU, Moacir. Jornal da imprença: a notícia levada
açério. São Paulo: Jornal dos Jornais Editora, 1997, p.103 e 110.
19) Leia a tira abaixo e, considerando que ela encerra uma crítica ao funcionamento
do sistema televisivo de nosso país, explique-a.

(Jornal dos Jornais: a revista da Imprensa, ano I, p.49, mar. 1999)

20) Leia o texto seguinte e responda às questões propostas.

TEXTO I:

José
1a “E agora José? 3a E agora, José? 6a Sozinho no escuro
A festa acabou, sua doce palavra, qual bicho-do-mato,
a luz apagou, seu instante de febre, sem teogonia,
o povo sumiu, sua gula e jejum, sem parede nua
a noite esfriou, sua biblioteca, para se encostar,
e agora, José? sua lavra de ouro, sem cavalo preto
e agora, você? seu terno de vidro, que fuja a galope,
você que é sem nome, sua incoerência, você marcha, José!
que zomba dos outros, seu ódio – e agora? José, para onde?”
você que faz versos,
(Carlos Drummond de Andrade)
que ama, protesta? 4a Com a chave na mão
e agora, José? quer abrir a porta,
não existe porta;
2a Está sem mulher, quer morrer no mar,
está sem discurso, mas o mar secou;
está sem carinho, quer ir para Minas,
já não pode beber, Minas não há mais.
já não pode fumar, José, e agora?
cuspir já não pode,
a noite esfriou, 5a Se você gritasse,
o dia não veio, se você gemesse,
o bonde não veio, se você tocasse
o riso não veio, a valsa vienense,
não veio a utopia se você dormisse,
e tudo acabou se você cansasse,
e tudo fugiu se você morresse...
e tudo mofou, Mas você não morre,
e agora, José? você é duro, José!
2
1
a) Por que aparece repetidamente a expressão “E agora José?” no decorrer do poema?
b) Relacione o título da poesia com o seu conteúdo.
c) Qual é o verso que exprime concisamente a idéia de que José é “ninguém”?
d) Existe, nos versos de 9 a 11, uma contraposição entre a habilidade de “José”, capaz
de tantas proezas, e a sua dificuldade para superar os obstáculos colocados pela
vida. O que evidencia essa dificuldade?
e) José teria, segundo o poeta, possibilidades de alterar seu destino. Em que versos
essas possibilidades estão evidenciadas? Entre elas, qual seria a mais extremada?
f) José demonstra ser uma pessoa sem norte. Em que versos isso fica mais evidente?
g) Quais os sentimentos expressos na figura de José que perpassam toda a poesia? O
que esses sentimentos evidenciam?
h) Na 2a estrofe, a preposição “sem” e o advérbio “não” exercem uma função deter-
minada. Qual é ela?

21) Substitua a expressão grifada por aquelas sugeridas nos parênteses. Faça as
adaptações necessárias.

a) Algo deteve José, mas e se não detivesse?


(reter / conter)
b) José não fez nada para mudar sua vida, mas e se ele fizesse?
(eu / nós / vocês / tu)
c) Se José gritasse, mudaria seu destino.
(tu / nós / eu)
d) José não obteve sucesso na vida, mas e se ele obtivesse?
(eu /eles /tu / nós)
e) Se José retiver seus sentimentos, poderá agravar sua crise existencial.
(nós / eu / tu)
f) Se José refizer seu universo interior, mudará seu destino.
(tu / nós / eu)
g) Se José repuser seus sentimentos em ordem, poderá alterar seu destino.
(vocês / tu / nós / eu)
h) Quando José transpuser suas barreiras interiores, alterará sua história de
vida.
(nós / eu / tu)
i) Se eu intervier na vida de José, poderei ajudá-lo.
(tu / nós / vocês / alguém)
j) Ninguém propôs nada para alterar a vida de José; mas e se tu propuseres?
(eu / nós / vocês)
l) José adia suas decisões; mas e se ele não adiar?
(eu / tu / nós)
m) José anseia por uma vida melhor, e você?
(eu / nós / tu / eles)
n) José remedeia seus conflitos interiores; adiantará?
(eu / tu / vocês / nós)

22) Todo texto mantém relações com outros textos, ele é formado por uma série de
textos que se cruzam na sua constituição, em relações diversas de ruptura, reiteração
(confirmação) ou transformação. Existem textos, portanto, que só fazem sentido
quando entendidos em relação a outros textos de cujo conhecimento dependem. A
esse processo de “cruzamento” de textos, dá-se o nome de intertextualidade.
A paródia consiste basicamente na apropriação de um texto primitivo com inten-
ções críticas, humorísticas ou apelativas. Nesse processo estilístico, emprega-se o di-
zer do outro com o objetivo de se opor ao texto original.
Observe o texto a seguir e compare-o com o texto original de Drummond.

TEXTO II:
Um novo José
Josias de Souza Diga: ora, Drummond,
agora FMI.
São Paulo –
1a Calma, José. 3a Se você gritasse,
A festa não recomeçou, se você gemesse,
a luz não acendeu, se você dormisse,
a noite não esquentou, se você cansasse,
o Malan não amoleceu. se você morresse...
Mas se voltar a pergunta: O Malan nada faria,
e agora, José? mas já há quem faça.
Diga: ora, Drummond,
agora Camdessus.*
4a Ainda só, no escuro,
2 a
Continua sem mulher, qual bicho-do-mato,
continua sem discurso, ainda sem teogonia,
continua sem carinho, ainda sem parede nua,
ainda não pode beber, para se encostar,
ainda não pode fumar, ainda sem cavalo preto
cuspir ainda não pode, que fuja a galope,
a noite ainda é fria, você ainda marcha, José!
o dia ainda não veio, Se voltar a pergunta:
o riso ainda não veio, José, para onde?
não veio ainda a utopia, Diga: ora, Drummond,
o Malan** tem miopia, por que tanta dúvida?
mas nem tudo acabou, Elementar, elementar.
nem tudo fugiu, Sigo pra Washington.
nem tudo mofou. E, por favor, poeta,
Se voltar a pergunta: não me chame de José.
e agora, José? Me chame Joseph.

(Folha de São Paulo, 4/10/99)


*
Camdessus era o diretor-gerente no FMI.
**
Ex-ministro da Fazenda, de FHC, negociante com o FMI.
2
3
a) Nos últimos versos do poema de Drummond há a reiteração (confirmação) de
que José encontra diante de si obstáculos intransponíveis, não conseguindo,
dessa forma, encontrar saída para seus problemas. Já no texto de Josias, o que
expressa o verso “por que tanta dúvida?” ?

b) A expressão “novo”, no título do texto II, pode ser lida como uma ironia?
Explique por quê.

c) Transcreva da 4a estrofe desse texto uma das marcas lingüísticas que sugere tal
ironia.

23) Observe o texto abaixo e compare-o com o texto original de Drummond.

TEXTO III:
E agora José?
A fechadura encrencou
A geladeira quebrou
A pia vazou
A enceradeira queimou
A mulher reclamou e agora José?
Desculpe, José é claro que isso
tudo não vai acontecer de uma vez
Mas que de vez em quando acontece,
acontece. Daí a mulher pede para você
Providenciar o conserto
Você não tem tempo, você esquece,
Você não encontra quem arrume
E como depois de uma ligeira
reclamação sempre vem uma grande
bronca, a coisa fica feia.
Até que Páginas Amarelas faz as pazes.
Basta uma rápida consulta e você
Acha o que precisa
De serviços e de produtos
De A até Z Páginas Amarelas
tem de tudo.
(Catálogo Telefônico de Belo Horizonte, 1985)

(Extraído de: SOUZA, Luiz Marques, CARVALHO, Sérgio Waldeck de. Compreensão e produção de textos.
Rio de Janeiro: Vozes, 1995.)

a) Nos dois textos há, evidentemente, referência a situações que se identificam.


Sucintamente, explique quais são elas.
b) Por outro lado, em determinados trechos do texto III, percebe-se um afasta-
mento total das situações presentes no texto I. Explique tal afastamento.

Obs: você pode ilustrar suas explicações citando alguns versos dos poemas e comparando-os.

24) Leia o texto a seguir, extraído da IstoÉ, de 04/02/04, e responda às questões a ele
referentes.
2
5
a) O texto apresenta um recurso comumente usado em peças publicitárias: o em-
prego de expressões em seu sentido não-literal, metafórico. Explicite a ex-
pressão que serviu de base para esse recurso e explique seu significado no
contexto.
b) Indique três argumentos usados no texto como justificativa para comprovar
que a escravidão não foi abolida no Brasil.
c) Transcreva do texto duas marcas lingüísticas que permitam reconhecer, no
processo de interlocução, o locutor (aquele que se dirige ao interlocutor) e
duas as quais digam respeito ao interlocutor (aquele a quem a peça publicitá-
ria se dirige.
d) Identifique os termos aos quais se referem os elementos sublinhados no texto.
e) Transcreva do texto pelo menos um trecho que justifique o uso do termo “ile-
gal” em “desmatamento ilegal”.
f) Substitua os dois-pontos empregados após o termo “história” por um nexo
que garanta a coesão e a coerência do texto. Além disso, indique a idéia que tal
nexo expressa.
g) Considerando o valor dos tempos e modos verbais, explique qual o efeito de
sentido provocado pelo uso do gerúndio nas palavras “explorando”, “derru-
bando” e “queimando”.
h) Acrescente um nexo de conclusão no último parágrafo e explicite como justifi-
cativa para o uso de tal nexo a relação semântica (de significado) existente en-
tre este parágrafo e o restante do texto.
i) Em quase todo o texto os verbos estão flexionados no presente do indicativo
ou gerúndio, à exceção de “A escravidão não foi abolida”. Chama atenção, no
entanto, o verbo “funcionava”, empregado no pretérito imperfeito do indica-
tivo. Se substituíssemos “funcionava” por “funciona”, usado no presente do
indicativo, que relação haveria entre “aula de história” e “funciona”? Qual o
efeito de sentido que provocaria essa substituição no texto em sua totalidade?

25) No jornal Folha de São Paulo, de 27/01/99, Angeli explora a ambigüidade (possibili-
dade de mais de uma leitura), evidentemente, de forma intencional, como recurso
humorístico. Observe:

CHICLETE COM BANANA – Angeli


Sobre a tira pergunta-se:
a) Como o segundo personagem interpretou a fala do primeiro?
b) Como o segundo personagem deveria ter interpretado tal fala?
c) Transcreva a fala da tira a qual desencadeia a ambigüidade.

26) Peter Burke, historiador inglês e colaborador da Folha, em um artigo intitulado


Na Estrada da Vida, analisa temas, provérbios e outros tipos de mensagens, veiculados
nas traseiras dos caminhões brasileiros, textos os quais são tidos como expressão da
filosofia popular de nosso país. Observe algumas dessas mensagens, extraídas de tal
artigo, de 17/01/99, e responda ao que é solicitado.

1) “A mulher é como lenha verde, chora, mas pega fogo.”


2) “Se me vires abraçado com mulher feia, pode apartar que é briga.”
3) “O melhor remédio contra Aids é comida caseira.”
4) “Não me inveje porque sou rico, apenas trabalho.”
5) “100 destino.”
6) “A morte me namora, mas eu amo a vida.”
7) “Minha escola é a vida, meu professor é Deus.”
8) “Nas curvas do teu corpo, capotei meu coração.”
9) “O sapo tem olho grande, mas vive na lama.”
10) “Enquanto os cães ladram, a caravana passa.”
a) Quais as informações implícitas em 1, 2, 4 e 9?

b) Em 3, explique a que se refere “comida caseira”.

c) Em 5, há um jogo de palavras com o uso de “cem” e “sem”, assim como o


duplo sentido da palavra destino. Explique o duplo sentido.

d) Explique, através das metáforas existentes em 6, 7 e 8, as mensagens


veiculadas.

e) Em qual das mensagens observa-se o uso da prosopopéia? Explique qual a


temática que a mensagem encerra.

f) A que faz referência a mensagem 10?


2
7
g) Já que as mensagens acima visam a transmitir parte de nossa cultura popular,
é comum a “mistura” de tratamento – “tu” X “você”. Como a mensagem 2
seria reescrita, em outro contexto, se evitássemos tal mistura?

27) Em 24/09/99, a Folha publicou um histórico, acompanhado de reportagem, o


qual tratava da evolução das campanhas contra a Aids, elaboradas por ONGs e
Ministério da Saúde. (Obs.: o histórico não está apresentado na íntegra.)

A evolução das campanhas


80 a 85  Ênfase na prevenção; início da difusão da imagem da camisinha

1) “Aids, você precisa saber evitar.”

2) “Cuide-se:
a Aids leva qualquer um para a cama.”
(mostra a imagem de um paciente terminal num leito hospitalar)

3) “Aids não tem cura e mata. Use a camisa-de-vênus, ela


afasta da Aids mas não afasta você de quem você gosta.”

85 a 90  Campanhas ganham agressividade e usam a imagem da morte para conscientizar

4) “A Aids mata sem piedade – e está se espalhando por


aí. Não deixe que esta seja sua última viagem.”

5) “A noite traz perigos. Quem vê cara, não vê Aids. Use


camisa-de-vênus.”

6) “Eu tive tuberculose, eu tive cura.


Eu tive sífilis, eu tive cura.
Eu tive câncer, eu tive cura.
Eu tenho Aids, eu não tenho cura.”

7) “Se você não se cuidar, a Aids vai te pegar.”


90 a 95  A universalidade do risco domina as campanhas do período

8) “No mundo todo, acontecem 100 milhões de


relações sexuais por dia. Os casos de Aids
entre jovens no Brasil aumentaram dez vezes
em seis anos. Não existe grupo de risco, o que
existe é comportamento de risco. Aids não
discrimina.”

9) “Não dá para falar de sexo sem falar de Aids. A


Aids é transmitida através de relação sexual e
do uso de drogas injetáveis. Não existem
grupos de risco, existem práticas de risco.”

95 a 98  A prevenção volta ao primeiro plano, dessa vez adequando-se ao


comportamento tradicional do brasileiro

10) “Vira, vira, mexe, rola. E bota camisinha.”

11) “Aperto de mão pega? Não pega.


Alicate de unha sem esterilizar pega? Pega.
Usar mesma toalha pega? Não pega.
De mãe para feto pega? Não pega.
Sexo oral pega? Não pega.
Sentar no mesmo lugar do ônibus pega? Não pega.
Evite a Aids.”

12) 13)

“A mulher de casa nem sempre é santinha,


use a camisinha com ela também.”
2
9
1998

14) “Há várias gerações os jovens se vestem


para defender seus ideais. Agora, chegou a
sua vez. Use sempre camisinha.”

15) “Sabe em que grupo de pessoas a Aids aumentou nos


últimos anos: homens e mulheres, solteiros e casados.”

1999

16) “Viver sem Aids só depende de você.”


(Regina Casé)

a) Identifique, a partir das mensagens contidas nas propagandas, assim como de


seus próprios conhecimentos sobre o assunto, a característica comum para se
evitar a Aids, em que se assentam as informações dos textos.

b) Como você pôde observar, o tom das campanhas, bem como sua finalidade,
foram se transformando com o passar do tempo. Levando em conta a conjun-
tura em que foram criadas, resuma, embasando-se nos quatro blocos – anos 80
a 90; 90 a 95; 95 a 98; 98 a 99 – as idéias, os objetivos das mensagens neles vei-
culadas.

c) O uso de algumas expressões pode ocasionar uma dupla interpretação. Expli-


que a que se refere, na mensagem 2, a expressão “levar para a cama”.

d) Ainda na mensagem 2, substitua os dois-pontos (:) por um nexo (conector)


que mantenha o sentido veiculado na propaganda. Ademais, identifique a
idéia que tal nexo explicita.

e) Na mensagem 3, se reuníssemos os dois períodos em um só, que nexo poderia


ser utilizado no lugar do primeiro ponto-final? Que relação existe entre o pri-
meiro e o segundo períodos? O nexo utilizado por você expressa idéia de quê?

f) Fazendo apelo a um recurso próprio da linguagem – a polissemia –, em 4, nota-


se a possibilidade de atribuirmos à palavra “viagem”, no mínimo, dois senti-
dos. Explique-os.

g) A propaganda 5 faz alusão a um dito popular. Cite-o. Ademais, explique o


motivo da comparação do ditado com o fato de se evitar a Aids.
h) Num texto argumentativo, a enumeração dos fatos obedece a uma orientação
de enunciados no sentido de uma determinada conclusão. A enumeração
pode, pois, ser organizada com argumentos de menor peso aos de maior, ou,
ao contrário, de maior peso para os de menor.
No caso de 6, explique como se deu a ordenação dos argumentos. Além disso,
justifique o uso de tal ordenação em se tratando do assunto posto.

i) Transcreva a tese, ou seja, a afirmação básica que o autor toma como verdadei-
ra e defende em 8. Após, cite o argumento que o autor utilizou para defender
sua tese. Para elaborar tal tese, ele levou em conta uma idéia em anos anteri-
ormente aceita, mas hoje vista como ultrapassada. Explicite-a.

j) Observe a frase: “Não existe grupo de risco, o que existe é comportamento de


risco.” Reescreva-a, primeiramente, usando a expressão “embora”; depois,
reelabore a frase original, usando o nexo “mas”.

k) Atente-se à frase: “Aids não discrimina.” Agora, crie duas frases, mantendo a
informação anterior; a primeira, referindo-se à existência ou não de grupos de
risco; a segunda, aludindo a preconceitos relacionados à doença.

l) Explique a ressalva feita em 9 “Não existem grupos de risco, existem práticas


de risco.”

m) Há marcas lingüísticas nas propagandas as quais reiteram (confirmam) a


idéia de que não há grupos de risco. Transcreva-as das seguintes mensagens:
2, 4, 13, 15.

n) A propaganda 11 caracteriza-se, ao veicular as informações, pelo uso de um es-


tilo bastante informal de linguagem, isto é, há nela estruturas típicas da linguagem
coloquial oral, objetivando, com o uso deste estilo, aproximar-se do interlocutor.
Imaginemos um outro contexto em que tais informações poderiam ser utili-
zadas: um médico, reconhecido mundialmente por suas pesquisas em torno
da Aids, deverá apresentar essas mesmas informações, em um congresso in-
ternacional, em nosso país, sobre a doença.
Para tanto, o estilo de linguagem a ser empregado deverá ser outro, ou seja, o
formal, com o uso de regras prescritas pelas gramáticas normativas.
Reescreva o texto, mantendo as informações, com exceção daquelas que, de
acordo com as pesquisas feitas posteriormente à propaganda, devem ser re-
vistas.

OBS.: É importante ressaltar que algumas dessas informações veiculadas pelas propagandas
devem ser revistas já que o avanço das pesquisas acerca da Aids renovou tais informações.

o) Também se nota um estilo informal de linguagem, com a mistura de tratamento,


na propaganda 7. Compare o uso deste estilo com aquele previsto ao se usar a
norma culta, reescrevendo a frase de acordo com a última modalidade. Depois
de reescrevê-la, responda: a frase reescrita ocasiona o mesmo efeito de sentido
ao interlocutor? Justifique.
3
1
p) Explicite as informações implícitas na propaganda 13. Ademais, levante uma
hipótese que justifique a propaganda utilizar-se de uma ressalva.

q) Se recorrermos a um dicionário, percebemos que o verbo vestir possui várias


acepções. Na frase “Há várias gerações os jovens se vestem para defender seus
ideais.”, qual o sentido desse verbo? Que outro sentido pode ser atribuído a tal
verbo, levando em conta o sentido global da propaganda?

r) A mensagem 15 retoma idéia(s) de outras propagandas. Que idéia(s) é (são)


essa(s)? Cite quais propagandas são retomadas.

28) Abordar o tema Aids sem relacioná-lo ao amor e à sexualidade é limitar-lhe o


sentido, simplificando-o, reduzindo-o.
O texto abaixo, extraído da Folha, de 20/09/99, apesar de criado há alguns anos,
retoma, pela sua atualidade, a temática mencionada. Podemos estabelecer uma
relação entre os três últimos versos e as conseqüências do ato sexual, sem a devida
prevenção, as quais podem gerar o risco de contaminação do HIV. Após ler o poema,
compare os três últimos versos com as informações que você tem sobre a tríade
Aids/ sexualidade/ amor.

Texto de Gibran
“Quando o amor vos chamar, segui-o,
Embora seus caminhos sejam agrestes e
escarpados;
E, quando ele vos envolver com suas asas, cedei-lhe,
Embora a espada oculta na sua plumagem possa
ferir-vos;
E, quando ele vos falar, acreditai nele,
Embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos
como o vento devasta o jardim.”

29) Observe as mensagens abaixo, contidas nos Agradecimentos, do CD Stonewall Cele-


bration Concert, de Renato Russo, ex-integrante do também ex-grupo Legião Urbana:

“A ignorância é vizinha da maldade.”


(provérbio árabe)

“Buscar informação é o melhor caminho.


Força sempre.”

Relacione tais mensagens com o conteúdo das campanhas extraídas da Folha, de


24/09/99.
30) O caso de uma menina, 11 anos, estuprada em Sapucaia (RJ), foi alvo de críticas,
na coluna Painel do Leitor, por parte de alguns leitores da Folha de São Paulo. Observe:

ÉTICA NA IMPRENSA
Não entendo por que a Folha trata o (...) Causa repulsa também a maneira (...)
caso de M. da seguinte forma: “M. diz pela qual a Folha fere (...) por meio de frases
que foi estuprada” (...) como “suposto estupro” e “afirma ter sido
Elisa Sayez (São Paulo, SP) estuprada” (...) Juliana Schiel (São Carlos, SP)
(Folha de São Paulo, 01/01/98)

Explique por que, em termos argumentativos, as críticas dos leitores ao jornal


Folha de São Paulo são pertinentes.

31) Na propaganda abaixo, notamos a sobreposição de textos em uma mesma peça


publicitária. Observe:

(Folha de São Paulo, 12/03/98)

Agora, responda:

a) De que forma esse entrecruzamento se faz representar?

b) Qual o efeito de sentido de tal representação?


3
3
c) Nota-se a presença da ironia como recurso argumentativo. Identifique as mar-
cas lingüísticas verbais indicadoras de tal recurso e explique o efeito de senti-
do que elas produzem na propaganda.

d) Uma outra maneira de introduzir um novo texto nesta peça publicitária, em


especial, ocorreu através de uma “nota-de-rodapé”, não no seu sentido con-
vencional, mas claramente identificável pela disposição gráfica do comentário
“Todo mundo sonha (...) nem todo sonho é possível”. A que remete a expres-
são “Todo mundo” e qual a função por ela exercida?

e) Na mesma nota (ver “d”), a escolha do verbo sonhar, comparada ao substan-


tivo sonho, constrói sentidos diferenciados. Que sentidos são esses?

f) Ainda referente à nota mencionada em “d”, observa-se a presença da ironia


através de uma marca lingüística. Transcreva-a, explicando a possível intenção
do seu uso.

g) Há também a intervenção de um “outro texto” manifesta na assinatura da ma-


téria publicitária: “Ponto Frio. Faz melhor. E ponto”. Levando em conta o as-
pecto global do texto – o discurso escrito e visual –, qual a função exercida
pela frase “E ponto”?

Obs.: Extraído do artigo “A heterogeneidade em Arthur-Revuz: da teoria à prática escolar.” Em: Leffa,
Vilson J. Produção de materiais de ensino: teoria e prática. Pelotas: Educat, 2003.

32) A Folha de São Paulo criou um espaço em suas páginas, denominado Erramos, para
retificar problemas diversos detectados nas publicações de suas matérias, tentando,
dessa forma, melhorar a qualidade desse prestigioso jornal.
Leia o trecho problemático, bem como a solução proposta para reparar o dano,
publicados na edição de 06/05/98.

ERRAMOS Está incorreto o trecho “Os resultados do projeto Genoma (...) deverão
revolucionar a prevenção da saúde dos seres humanos”, da coluna de Luís
Nassif, publicada na pág. 2-3 (Dinheiro) da edição de 27/04. O correto seria
“deverão revolucionar a prevenção de doenças nos seres humanos”.

Lendo o trecho publicado em 27/04/98 e comparando-o com a correção feita,


notamos a alteração de sentido. Explique-a.

33) Observe atentamente a manchete da capa do Diário Popular, de 17/02/2000:

Pelotas pega o Caxias hoje com o técnico novo


Lendo a manchete da capa, isoladamente, percebemos nela uma dupla interpre-
tação (ambigüidade). Explique-a.
34) Leia os comentários da Folha, de 11/01 e 14/01, respectivamente, da coluna de
José Simão, e leve em conta as informações posteriores a ele para responder às
questões.

Buemba! Buemba! Macaco Simão Ur- desperdício. MENAS FARINHA diminui a


gente! Urgentíssimo! A Anameba Brega * PERCA! Rarará! E uma leitora foi operada
falou menas. É verdade! Eu ouvi: Menas! e fica na cama fazendo marcação cerrada
Menas farinha! Rarará! A Globo lulou. com a Anameba: “Em vez de olhar 43, ela
Lulou da Silva.** Agora é só mudar o nome falou olhar 33”. E ainda disse: “Dá pra
do programa de “Mais Você” para “Menas compretar a receita com leite”. Essa nem o
Você”. (...) Louro José agüentou: “Então compreta aí
E um outro me falou que estou sendo que eu vou dar uma volta de bicicreta”.
injusto com a Anameba Brega! Ela mandou Rarará! Sensacional. A Anameba Brega
botar “menas farinha” porque tava muito devia fazer um quadro cômico. (...)
*
Referência a Ana Maria Braga, apresentadora do programa de tevê Mais Você, da Rede Globo.
**
Referência ao presidente Luís Inácio Lula da Silva.

Algumas transgressões às normas prescritas pelas gramáticas normativas – tanto


em termos gramaticais, lexicais ou fonológicos – são alvo de críticas.
Após ler o texto de Simão, explique o motivo de Ana Maria Braga ter sido alvo
de ironia.

35) Lendo isoladamente a manchete abaixo, percebemos a possibilidade do duplo


sentido (ambigüidade). Porém, as informações posteriores a ela encarregam-se de
desfazer a dupla leitura. Observe:

Garoto quer saber se


pode beijar
a namorada com herpes
no lábio
“Minha namorada tem 20 anos e está com
herpes na boca. Gostaria de saber como se
pega essa doença. Não sei o que pensar;
somos virgens, e não tenho coragem de
falar sobre o assunto com ela.”
3
5
Agora responda:

a) Explique a dupla possibilidade de leitura da manchete quando observada


isoladamente.
b) Após confrontar a manchete com as informações posteriores a ela, descarte
uma possibilidade de leitura, desfazendo, dessa forma, a ambigüidade.

c) Reescreva a manchete com base nas informações posteriores a ela.

Leia o texto abaixo, extraído de Folha de São Paulo, de 02/01/00,


e responda às questões 36 e 37:

MULTIMÍDIA
Condenados à morte são tema
da nova campanha da Benetton
da “France Presse”
Depois dos doentes de Aids, doentes) com fins publicitários. As fotos serão impressas
dos deficientes e das vítimas de Desta vez, Oliviero Toscani em um suplemento de 96 pági-
guerra, em sua próxima campa- pôs suas câmaras nos corredo- nas, com os retratos e uma
nha publicitária, a Benetton vai res da morte de penitenciárias entrevista de cada um. A
publicar fotos de norte-ameri- de sete estados dos EUA. Benetton “deseja favorecer o
canos condenados à morte. A campanha estréia no nú- debate sobre a pena de morte”
Oliviero Toscani, o famoso e mero de fevereiro da nova re- com a campanha, afirma a em-
polêmico diretor artístico da vista norte-americana “Talk”, presa.
empresa de moda italiana, é o da qual Toscani é diretor artís- “A campanha não significa
autor da campanha, intitulada tico. A revista publicará sete que os dirigentes da empresa
“Encarar a morte”. páginas de fotos de condena- estejam engajados na luta pela
Toscani ganhou a fama de dos à morte, com nomes, ida- abolição da pena de morte”,
provocador desde que, em 82, des e datas da condenação, disse Mark Major, diretor de
passou a usar imagens da reali- além da marca United Colors comunicação da Benetton nos
dade (refugiados, combatentes, of Benetton. EUA.

36) No texto acima, o jornalista utilizou alguns adjetivos para marcar sua posição
diante da postura profissional de Toscani, organizador da campanha da Benetton –
“Encarar a morte”.

a) Que adjetivos são esses?


b) A escolha de tais adjetivos indica uma tendência nas campanhas da Benetton.
Qual é ela?
37) Uma ressalva, em um texto argumentativo, pode assumir mais de uma função:
flexibilizar o ponto de vista do autor, conciliar com o “adversário”, no caso da contra-
argumentação, defender o autor de possíveis acusações, entre outras.
a) Transcreva o trecho em que se percebe claramente o uso de uma ressalva.
b) Qual é o objetivo de tal ressalva?

38) Carlos Heitor Cony é um excelente cronista da Folha. Em suas crônicas, ora usa
uma linguagem formal, em consonância com a norma culta da língua, ora coloquial.
Se o cronista, em seus textos, só usasse uma variedade da língua – a culta –,
haveria, no texto abaixo, um trecho com um problema de regência verbal.

No que me tange e concerne (perdão pela


frase do finado Jânio Quadros), não gosto nem
aprovo o atual governo, mas não me lembro de
ter gostado ou aprovado qualquer governante.
Do síndico do meu prédio ao presidente da
República, todos me parecem deficientes ou
maus.
Mas admito cordialmente que a mulher do
síndico, seus filhos, genros e noras gostem dele
e o admirem. Tem mais: deixando de ser
síndico, topo até ser amigo dele, e admirá-lo
como cidadão e vizinho.

a) Transcreva esse trecho.


b) Reescreva-o levando em conta a hipótese contida no enunciado da questão.

39) Elio Gaspari, no texto abaixo, extraído da Folha, de 16/01/00, cria um neolo-
gismo, ou seja, uma palavra, frase ou expressão nova, ou palavra antiga com sentido
novo.

A fpilantropia e o atraso riram por último


Há fortes indícios de que o governo prepara alguma coisa
para voltar a cassar o benefício fiscal dado às entidades fpilantrópi-
cas (...) que drena o cofre da Viúva*. Desde 1952, eles não pagam a
contribuição patronal da Previdência e hoje estima-se (sem que se
saiba direito como essa conta foi feita) que a benemerência custe
R$2,3 bilhões à Viúva.
*
Referência à Previdência Social.

a) Transcreva o neologismo.
b) Para criá-lo, o autor usou um determinado tipo de processo, o qual “mistura”
palavras diferentes. Quais são elas?
c) Há um problema de coesão relativo à expressão “eles” em “eles não pagam”.
Substitua tal expressão por outra que garanta a coesão e o sentido do texto.
3
7
40) A maneira como se estruturam os enunciados pode produzir certos efeitos de
incoerência, conforme se observa nos trechos abaixo, extraídos de redações de alunos
e textos de jornais.

I – “(...) é preciso mobilizar a opinião pública para que se crie uma consciência sobre o
planejamento familiar, evitando, assim, os problemas que o País vem tentando superar
como, por exemplo, ter crianças e adolescentes nas ruas sem estudo.”
(assunto: planejamento familiar; ano: 2000)

II – “A proposta do governo brasileiro de reservar vagas nas universidades para negros


demonstra sua incapacidade em resolver com eficiência as questões sociais (...).”
(assunto: proposta do Brasil na conferência sobre racismo, em Durban, na África; ano:
2001)

III – “Não concordo com a manifestação de Tarcísio de Natal, opondo-se à reserva de vagas
nas universidades para os negros.”
(carta de leitor, assunto: cotas nas universidades e racismo; Zero Hora, 07/09/01)

IV – “A partir de agora meu coração tem uma cor só: rubro-negro.”


(declaração do zagueiro baiano, Fabão, ao chegar para jogar no Flamengo)

V – “Clássico é clássico e vice-versa.” (declaração de Jardel, ex-atacante do Grêmio)

VI – “Quando o jogo esta a mil, minha naftalina sobe.” (idem ao item IV)

VII – “CONTAS DE LUZ EXCESSIVAS” (Diário Popular, 31/01/92; manchete)

a) Transcreva, de cada trecho, a passagem incoerente.


b) Explique o porquê da incoerência.
c) Explique, do ponto de vista gramatical, o que provocou a incoerência em cada
trecho.
d) Reescreva-as de forma a desfazer o problema, realizando as modificações in-
dispensáveis.

41) Numa manchete do Diário Popular, de dezembro de 2001, publicou-se:

PORTUGAL
PONTE CAI, MATA CINQÜENTA E DERRUBA MINISTRO
a) Lendo a manchete isoladamente, o que podemos entender?
b) Ao confrontar a manchete com a matéria, o leitor é capaz de desfazer a dupla
leitura, pois entende-se que o ministro não foi vítima do acidente. Levando
em conta essa informação, reescreva a manchete de modo a evitar a ambi-
güidade.
42) Os trechos abaixo, amostras de redações de alunos, apresentam um problema
semelhante. Explique que problema é esse e reescreva-os, de maneira a desfazê-lo.

I – “Assim, torna-se conveniente que o governo invista e incentive o uso racional do lixo,
através de projetos (...).” (assunto: o lixo como fonte de renda nacional; ano: 2001)

II – “Frente à passividade das pessoas e, até mesmo, à aceitação, a mídia aproveita-se e


aumenta, gradativamente, seu controle (...).” (assunto: influência da mídia no cotidiano
das pessoas; ano: 2001)

III – “Assim, há necessidade de reverter essa supervalorização da imagem. A sociedade deve


decidir e selecionar suas escolhas, optando por programas culturais, além de (...).”
(idem ao II)

43) Leia o texto abaixo, extraído da Folha, de 17/4/01, e responda ao que é solicitado.

CONTRAPONTO
Sorriso amarelo
Nas eleições de 90 para o governo de O jornalista não se abateu:
Pernambuco, Joaquim Francisco derrotou – Mas a que se deve tamanho sucesso
o candidato de Miguel Arraes. da oposição?
Uma rádio local, após muita insistência, – Deve-se ao fato de ter tido mais votos
conseguiu marcar uma entrevista ao vivo – repetiu Arraes.
com Arraes, então governador, para que Preocupado, o entrevistador fez mais
comentasse o resultado. uma tentativa:
– Governador, como o senhor analisa o – Mas como o candidato apoiado pelo
resultado da eleição? – iniciou o entrevis- senhor conseguiu perder a eleição?
tador. – Perdeu porque teve menos votos.
– Ganhou quem teve mais votos – res- O radialista encerrou a entrevista e
pondeu Arraes. chamou os comerciais.

Percebe-se claramente nas respostas de Arraes uma determinada intenção a qual


possivelmente foi atingida já que o radialista viu-se forçado a interromper a entre-
vista. Levando em conta o contexto em que esta foi feita, explique o tipo de estraté-
gia argumentativa que Arraes usou em suas respostas e por que o fez.

44) Se nos atentarmos apenas a uma interpretação literal, ou seja, ao pé da letra, do


trecho abaixo, observamos uma ambigüidade apesar de, numa segunda leitura, per-
cebermos a intenção do autor. Observe:

“Convém salientar que essa guerra biológica acarreta conseqüências maléficas à


população que, além de provocar mortes, dissemina pânico entre as pessoas à
medida que surgem novas vítimas.” (assunto: bioterrorismo; ano: 2001)
3
9
Agora responda:

a) Identifique o trecho ambíguo.


b) O que se compreende de tal trecho?
c) Reescreva-o, atentando-se à intenção do autor.

45) O pronome “cujo” (e variações) raramente é empregado na linguagem oral, a não


ser em situações de formalidade. Talvez por isso, na escrita, alguns usuários da
língua apresentem dificuldades em utilizá-lo.
Nos trechos abaixo, extraídos de redações de alunos, esse pronome deveria ter
sido empregado. Reescreva-os, introduzindo “cujo” (e variações) e fazendo as
alterações absolutamente indispensáveis.

I – “(...) ao contrário dos países subdesenvolvidos que, muitas vezes, as famílias não têm nem
carro (...).” (assunto: relação lazer/trabalho; ano: 2001)

II – “No entanto, o combate a esse tipo de violência será reforçado nos principais meios de
acesso através dos quais tais grupos planejam seus ataques, que, por meio da tecnologia,
suas ações ficaram facilitadas.” (assunto: terrorismo; ano: 2001)

III – “Em decorrência disso, existe um alto índice de professores desempregados, que a qualifi-
cação deixa a desejar porque, com salários defasados, não podem freqüentar cursos de es -
pecialização ou adquirir livros para se atualizar.” (assunto: educação; ano: 2000)

IV – “A Internet a qual a possibilidade de acesso no Brasil é ainda restrita, tem provocado


alterações na conduta dos usuários tais como...” (assunto: uso da Internet; ano: 1999)
Texto referente à questão 46:

Foto: Sebastião Salgado – Amazonas Imagens

Você sabe quanto custa fechar uma das piores distribuições de


os olhos? renda de todo o mundo.
A conta é simples: se a cor- Agora, se você ainda não
rupção no Brasil fosse reduzida a está indignado, é melhor parar
índices semelhantes aos do Cana- de ler este anúncio. Porque da-
dá, por exemplo, a renda média qui em diante só os verdadeiros
anual de cada brasileiro aumenta- cidadãos brasileiros poderão
ria em cerca de 6 mil reais. Muita participar. Cidadãos como os
diferença para uma população mais de um milhão de eleitores
que nem bem consegue sustentar que ajudaram a aprovar a pri-
suas famílias. meira Lei de Iniciativa Popular
Com esse dinheiro milhões de Contra a Corrupção, que afasta
crianças estariam estudando, mi- imediatamente das eleições o
lhões de pessoas não estariam candidato que comprar votos ou
passando fome, teriam acesso ao que usar o dinheiro da adminis-
ROUBA, MAS FAZ sistema de saúde, poderiam viver tração pública em campanha
POBREZA
com dignidade e, o mais impor- eleitoral.
tante, com esperança em um futu- Voto não tem preço, tem
ro melhor. conseqüências. Não venda seu
Se você não ficou indignado, voto, não vote em corruptos.
lembre-se de que todo esse di- Ajude a fazer do Brasil um país
nheiro sai da população mais ca- mais justo, mais rico e melhor
rente e vai para poucos privilegi- para todos nós.
ados. É por isso que o Brasil tem

Para participar do Movimento Mundial de Combate à Corrupção, acesse a nossa


página www.transparencia.org.br

CORRUPÇÃO. CUSTA CARO PARA O PAÍS


E MUITO MAIS CARO PARA NOSSA GENTE.

(Grifos das autoras.)


PRÁTICAS DO DIZER 2: um exercício da linguagem
4
1
46) Depois de ler o texto, responda.

a) Se lida isoladamente, a frase “Rouba, mas faz” sugere uma determinada pos-
tura política. No entanto, quando lida na seqüência “Rouba, mas faz pobreza”,
percebe-se uma mudança significativa de sentido. Explique em que consiste
tal mudança.

b) Para atingir seus objetivos, a propaganda utiliza um slogan que, de tão habitu-
al, tornou-se “aceitável” em nossa sociedade. Certamente, esses objetivos po-
deriam ter sido alcançados através de outros recursos argumentativos. Justifi-
que a escolha do slogan pela agência publicitária.

c) O uso inteligente de determinantes, como artigos e pronomes, é recurso im-


portante na argumentação. Levando-se em conta que a propaganda veicula in-
formações sobre uma organização não-governamental, explique a diferença
de uso entre o artigo o em “custa caro para o País” e o pronome nossa em
“mais caro para nossa gente”.

d) As palavras alteram seu sentido conforme o contexto em que se inserem e a fi-


nalidade com que são empregadas. No período “Você sabe quanto custa fe-
char os olhos?”, o verbo custar remete a um sentido determinado. Que sentido
é esse? Quais os outros sentidos possíveis de serem atribuídos a esse verbo no
decorrer da leitura do texto?

e) Embora a palavra “se”, grifada no texto, apareça três vezes, em cada ocorrên-
cia nota-se um funcionamento diferente: no primeiro caso, ela convida o in-
terlocutor a imaginar um mundo hipotético; no segundo, o interlocutor é cha-
mado a engajar-se no mundo real, o que é reforçado através do terceiro uso.
Corresponde ao emprego de cada uma dessas ocorrências uma correlação ver-
bal. Explicite que tempo e modo acompanham cada uma das ocorrências e o
valor assumido por eles.

f) A relação de causa/conseqüência aparece repetidamente no texto. No 4º pará-


grafo, o nexo conclusivo por isso enfatiza essa relação. Reescreva o parágrafo,
mantendo a relação (causa/conseqüência), substituindo tal nexo por outro de
causa. Faça as adaptações indispensáveis.

g) Os adjetivos exercem função determinada em textos argumentativos: marcar a


posição, a visão de mundo do locutor. Nesse texto, o adjetivo “verdadeiros”,
reforçado pelo uso da expressão “só”, no 5º parágrafo, aponta para a exclusão
de alguns e a inclusão de outros no exercício da cidadania. Explique, levando
em conta a finalidade da propaganda, como se dá esse processo.

h) Observe a frase “Voto não tem preço, tem conseqüências.”, no último pará-
grafo, comparando-a com os sentidos que você estabeleceu para o verbo cus-
tar, na resposta à pergunta (d). Com quais desses sentidos você associaria tal
frase? Justifique.
i) O ponto-final empregado após o período referente à pergunta (h) poderia ser
substituído por ponto-e-vírgula, seguido de um nexo conclusivo que o uniria à
oração seguinte. Explicite-o.

j) Como você explicaria o uso das expressões enfatizadoras “mais” e “melhor”,


no último período do texto, considerando a série de argumentos expostos an-
teriormente?

Obs.: O exercício 46 foi elaborado pelo professor Luiz Gustavo Ribeiro Araújo e pelas autoras e cedido
gentilmente por ele para publicação nesta obra.

47) A tira abaixo contém implícita uma crítica. Relacione seu conteúdo implícito ao
do texto da questão 46.

(VERÍSSIMO, L. F. As aventuras da Família Brasil II. Porto Alegre: L&PM.)

48) A impropriedade vocabular é um problema grave em um texto já que, muitas


vezes, o autor acaba por expressar o contrário do que realmente quer dizer, ou então,
afirma algo que nada tem a ver com o assunto em foco.
Observe a declaração abaixo e responda às questões.

A luxúria é um horror. As pessoas ficam ricas e compram sete Cherokees.


(Núbia Ólive – ex Núbia de Oliveira. Declaração no programa Casa dos Artistas.
Em Veja, 14 de nov. de 2001.)

a) Identifique o termo usado impropriamente.


b) Explique o que a artista quis dizer ao usar tal termo.
c) Explique o que ela realmente disse.
PRÁTICAS DO DIZER 2: um exercício da linguagem
4
3
49) A Internet tem se mostrado um meio de comunicação com finalidades diversas:
informar, aproximar ou afastar as pessoas, divertir, entre outras. O texto que segue é
de autoria desconhecida, tendo circulado na rede, no ano de 2001, através do redire-
cionamento de e-mails, um dos quais chegou às autoras do livro. Percebe-se que seu
objetivo é satirizar as posições diversas assumidas pela mídia impressa, sendo que as
inferências as quais podem ser feitas através da leitura das manchetes denunciam
tais posições. Após lê-las, escolha seis manchetes para explicar qual a posição assu-
mida pelos citados jornais e revistas acerca da seguinte questão: Como a imprensa
noticiaria o fim do mundo?

Times (Londres)
RAINHA TEME VER DIANA DEPOIS DO FIM DO MUNDO

El Pais (Madrid)
SE HÁ GOVERNO NO OUTRO MUNDO, SOMOS CONTRA

O Globo (Brasil)
GOVERNO ANUNCIA O FIM DO MUNDO

Folha de São Paulo (Brasil)


SAIBA COMO VAI SER O FIM DO MUNDO (ao lado de imenso gráfico)

O Estado de São Paulo (Brasil)


CUT E PT* ENVOLVIDOS NO FIM DO MUNDO

Notícias Populares (Brasil)


PSICOPATA MATA A MÃE, DEGOLA O PAI, ESTUPRA A IRMÃ E FUZILA O
IRMÃO AO SABER QUE O MUNDO VAI ACABAR!

Tribuna de Alagoas (Brasil)


DELEGADO AFIRMA QUE FIM DO MUNDO SERÁ CRIME PASSIONAL

Zero Hora (Brasil)


OLÍVIO** ACABA MUNDO PARA IMPEDIR ATIVIDADES DA FORD NA BAHIA

Folha Universal (do Bispo Edir Macedo, Brasil)


PAGUE DÍZIMO ANTES DE PARTIR

Nova (Brasil)
O MELHOR DO SEXO NO FIM DO MUNDO

Sexy (Brasil)
COMO TRANSAR NO ALÉM

Diário do Congresso (Brasil)


ACABOU A MAMATA!

* O PT ainda não havia assumido a presidência da República na época.


** Olívio Dutra era governador do RS e a presidência da República estava a cargo de FHC. A Ford acabou por se
instalar na Bahia, onde ACM era governador.
50) Freqüentemente o usuário da língua usa de forma intencional determinadas es-
tratégias evitando “desviar-se” daquilo que não quer responder, manipulando, desse
modo, alguma pergunta que lhe foi feita e respondendo a ela conforme lhe convém.
Observe como isso ocorre no texto abaixo.

CUBA
FIDEL CASTRO FALA SOBRE MULHERES E PAIXÕES
das agências internacionais

Fidel Castro, presidente de Cuba, de- demais que querem um homem”, afirmou.
clarou ser um homem “eternamente atraído O presidente cubano disse ainda que “a
pelo sexo feminino”, e que ainda se apai- diferença é o mais estimulante para o amor”.
xona muito, mas “de maneira platônica”. À pergunta se alguma mulher o fez perder a
As frases foram publicadas na revista paciência, respondeu que “todas”.
“Juventud Rebelde”, semanário da União de Castro comentou ainda a natureza das
Jovens Comunistas de Cuba. Castro, 70, mulheres cubanas, que para ele “são muito
sempre reticente com sua vida pessoal, re- doces”. Falando sobre o homem cubano,
velou alguns de seus pontos de vista sobre o brincou: “Bom, não sei. Nunca tive um na-
amor e as mulheres. morado cubano.”
“As mulheres nunca devem demonstrar (Folha de São Paulo, 24/03/97)

Imaginando que o repórter tenha indagado a Castro sobre a natureza do homem


cubano, e, levando em conta a série de observações feitas anteriormente no texto, por
Fidel, acerca das mulheres cubanas e do amor, levante uma hipótese que justifique o
fato de o líder cubano “desviar-se”, no último parágrafo, da intenção da pergunta.

51) Leia o texto abaixo, respondendo à questão que segue.

CONTRAPONTO

SE TENTAR MELHORAR, PIORA


Há cerca de um mês, os pefelistas que é mais fácil conseguir o divórcio do que
Antonio Cabrera, ex-ministro da Agri- criar uma empresa vai para frente. É verdade!
cultura de Collor e candidato ao Senado, e Em seguida, disse que defenderia essa
o deputado Corauci Sobrinho, que tentará idéia em Brasília.
se reeleger, participaram de debate sobre Nessa hora, Corauci, que esperava pela sua
desemprego, em Ribeirão Preto (SP). vez de falar, não insistiu e interrompeu,
Cabrera disse que, para criar empre- provocando gargalhadas na platéia:
gos, o governo deveria estimular a criação — É melhor deixar quieto. Se você falar
de pequenas e médias empresas. E citou isso em Brasília, em vez de facilitar a criação
de cabeça o ex-presidente dos EUA, de empresas, só vai conseguir que dificultem
Ronald Reagan: o divórcio.
— Reagan dizia que nenhum país em (Folha de São Paulo, 07/05/98)

Tomando por base as informações implícitas dissimuladas na comparação entre


divórcio e estímulo à criação de pequenas e médias empresas, explique a ironia
expressa no último parágrafo do texto.
PRÁTICAS DO DIZER 2: um exercício da linguagem
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52) Uma mesma palavra pode revelar diferentes valores a respeito das realidades de
que se fala, assim como um mesmo referente pode ser expresso por meio de
diferentes palavras. Tal fato leva-nos a lidar, muitas vezes, com ideologias, interesses
e preconceitos de diversas ordens.
Tomando por base essas considerações, leia a anedota e o texto transcritos abaixo
e responda à questão proposta.

Perguntaram a um branco:
– O que é uma zebra?
Ele respondeu:
– É um animal branco com listras pretas.
Perguntaram a um negro:
– O que é uma zebra?
Ele respondeu:
– É um animal preto com listras brancas.

QUESTÃO DE NOMES
Carlos Heitor Cony

Rio de Janeiro — Não, não se trata Bem, escolhi uma coisa simples, mas que
de nomes para a sucessão presidencial, é o maître me garantiu como eficaz: codornas “à
assunto que considero chato e, honesta- Mme. Pompadour”. Por sinal, muito gostoso,
mente, não me preocupa. Falo de nomes, molho levemente picante, avermelhado e rude,
nomes de verdade, que a gente engole que combinava estupendamente com um vinho
como necessários e que sempre são relati- pastoso e quase sem perfume.
vos, dependentes de circunstâncias além Por causa do molho à Mme. Pompadour
da semântica. ou porque sou mesmo depravado, fui dar uma
Dou exemplos: num balé famoso, co- espiada no tal cabaré e lá passei o resto da
reografado por Leonid Massine, com mú- noite.
sica de Offenbach, há um personagem ri- Anos depois, vergado ao peso de muitos
dículo que é mencionado como “o brasi- pecados, fui fazer um retiro espiritual numa
leiro”. Quando o balé veio ao Brasil, o casa especializada em Verona, à margem do
personagem virou, sem mais nem menos, lago. Piedosos dominicanos davam a logística,
“o peruano”. Agora, esse peruano compa- incluindo as três refeições principais. Logo na
rece num palco americano como “o ira- primeira noite fui surpreendido por um prato
quiano”. Coisas. de codornas com um molho avermelhado e
Experiência pessoal minha. Certa rude. Por Júpiter! Já conhecia aquilo! Chamei
vez, em Copenhague, fui a um restaurante o frade-dispenseiro e perguntei pelo nome da-
especializado em comida afrodisíaca. quele molho. O frade gostou da pergunta, era
Pratos complicados que levantam defunto, especialidade do convento. E revirando os
tanto que, ao lado, havia um cabaré para olhos, como Dorival Caymmi, informou-me
receber a sobra do apetite dos clientes. que era o famoso, o inigualável molho “à Santa
Terezinha do Menino Jesus”.
(Folha de São Paulo, 09/12/97)

Os dois textos apresentam aspectos comuns. Comente sobre tais aspectos.


53) Há informações as quais, mesmo implícitas, são percebidas por um leitor atento.
Observe:

Responda:
Por que a declaração de Lula causou
constrangimento à delegação brasileira
e desencadeou tantas críticas na mídia?

Diário Popular, 09/11/03

54) A morte de Frei Damião, no início de junho de 1997, abalou profundamente


muitos nordestinos que viam o religioso como um santo na Terra. A jornalista Rose-
ann Kennedy reuniu algumas frases dos repórteres que fizeram plantão no hospital
onde frei Damião permaneceu em coma durante 20 dias, no Recife. Essas frases são
verdadeiras gafes jornalísticas, ou seja, grupos de palavras impensadas, que acabam
acarretando um significado desastroso. Analise-as e dê-lhes uma nova redação que
explicite o significado pretendido.

a) “Frei Damião está em morte vegetativa.”


b) “Caso piore, frei Damião vai entrar na tubulação.”
c) “A situação de frei Damião é muito grave, mas ele
passa bem.”
d) “Frei Damião permanece em coma artificial.”
e) “Estou em cima de você, no bom sentido.” (de um
repórter que estava num helicóptero sobrevoando o
hospital para outro repórter que estava em terra, IstoÉ;
07/06/97, p.16)

55) O jornal Folha de São Paulo, de 13/01/2000, ao tentar explicar o processo de pos-
sível extradição do ex-general Pinochet, do Chile, entre outras informações veiculou
as seguintes:

Entenda o caso Pinochet


PRÁTICAS DO DIZER 2: um exercício da linguagem
4
7
Quem é Augusto Pinochet
Comandante do Exército durante a Presidência do socialista Salvador Allende, de 1970 a 1973.
Liderou o golpe que derrubou Allende (11.set.73) e instituiu uma ditadura que durou até 1990. Fez
modificações na Constituição para garantir uma vaga vitalícia, com imunidade, no Senado. Tem
hoje 84 anos.

Supondo-se que um leitor, o qual não estivesse acompanhando o caso e, portan-


to, de nada soubesse tratar-se as informações acima tivesse, no momento, interesse
em interpretá-las, responda:
a) Qual das três justificativas dadas pelas três autoridades não seriam suficiente-
mente claras para elucidar o caso em questão? Por quê?
Após responder a essa pergunta, confronte-a com a explicação abaixo a fim de
assegurar se você estava certo em seu raciocínio.

11.jan.2000 Exames indicam que ex-ditador não teria condi-


ções físicas de enfrentar um processo prolongado na Espanha.

56) Construções do tipo “Se o governo propor medidas eficazes, resolverá o pro-
blema” ou “Xuxa e as Paquitas entreteram as crianças durante a apresentação do
show” são comuns na linguagem coloquial e aceitáveis na oralidade. Tais estruturas,
consideradas incorretas pela gramática normativa, no entanto, já estão sendo utiliza-
das na modalidade escrita, conforme se observa nos trechos abaixo.

a) Os 108 anos de tradição no ensino em Pelotas não impediram o Colégio Gonzaga –


hoje, Colégio La Salle Gonzaga – de entrar em uma crise financeira sem precedentes,
assumida pela direção ontem, mas que se arrasta desde 1999. Hoje, o déficit acumulado
chega a R$ 900 mil. O educandário pode fechar as portas definitivamente a partir do
próximo ano se a Sociedade Porvir Científico, mantenedora da instituição, não intervir e
promover uma reestruturação administrativa. (...) (Diário Popular, 10/10/03)

b) (...) Genoíno concedeu entrevista a uma emissora de tevê e criticou a senadora Heloísa
Helena (PT-AL), que tem se posicionado contra a reforma da Previdência proposta pelo
Governo. Segundo Genoíno, se a senadora se abster ou votar contra a reforma da
Previdência no Senado estará automaticamente expulsa do partido. “Ela é madura o
suficiente e sabe que no PT a lei funciona assim: ou vota com o partido ou está fora.”
(Diário Popular, 09/08/03)

c) É lei – Todas as roupas devem ter uma etiqueta com especificação de como lavar. Se
não conter essas informações, pergunte ao vendedor, na hora da compra, como deve ser
feita a manutenção. (ZH Donna – Zero Hora, 14/01/01)

d) (...) A SQA avalia que com o Plano Diretor haveria a construção de uma política de
estruturação e qualificação dos hortos municipais, o que permitiria aumento da produção
de mudas e incremento da arborização. Mas atingir níveis aceitáveis de área verde no
Município não será tarefa fácil, pois, conforme Rampazzo, “se mantermos nossa área de
cinco a dez mil mudas plantadas por ano demoraremos cerca de 50 anos para chegar perto
da recomendação da OMS”. (Diário Popular, 26/10/03)

Reescreva os trechos cuja conjugação verbal foge aos princípios das gramáticas
normativas.
57) Alguns textos pecam pela estruturação inadequada dos períodos, sobretudo
quanto à ordem dos termos, causando, portanto, dificuldades à leitura e, conse-
qüentemente, à interpretação. É o que acontece nos textos/trechos abaixo.

I – MEIOS DE COMUNICAÇÃO
Sílvio Santos anuncia venda do SBT para grupo mexicano
Empresário fez a revelação à revista Contigo. Grupo Televisa* confirma estudar a
aquisição de 30% da rede de televisão brasileira (Diário Popular, 11/07/03)
* Empresa mexicana de TV

II – “Concordo que a ignorância e a falta de diálogo e de esclarecimento de dúvidas sobre


sexo entre pais e filhos contribuem para a formação sexual precoce das crianças.” (tema:
“O excesso de erotismo e pornografia promovido pela publicidade e programas de TV
deformam a sexualidade infantil?”; ano: 1999)

III – O casório de Paulo Ricardo


Nos últimos meses, o cantor Paulo Ricardo tem vivido uma das melhores fases da sua
vida. Além de retornar com os amigos à frente do grupo RPM, o músico se casa com a
arquiteta e socialite Raquel Silveira, ex-mulher do publicitário Nisan Guanaes, com quem
já mora há alguns meses. (Diário Popular, 04/08/02)

Levando em conta o assunto dos textos, reescreva-os e altere a ordem dos termos
de forma a torná-los mais claros e elegantes.

58) A polissemia – propriedade que a palavra tem de assumir vários significados


num contexto – liga-se intimamente à homonímia, o emprego de expressões com som
igual, mas com grafia e significado diferentes. Assim, um mesmo termo, como evi-
dencia o cartum abaixo, extraído do Jornal do Brasil, de 27/01/91, pode manifestar
sentidos polissêmicos e homonímicos. Após analisá-los, explique a crítica feita pelo
cartunista em relação à guerra do Golfo Pérsico.
PRÁTICAS DO DIZER 2: um exercício da linguagem
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59) Observe o cartum abaixo, de autoria de Jaguar:

Nele, há uma expressão cujo som é semelhante mas a grafia é diferente.

a) Que expressão é essa?


b) Qual a expressão que estaria de acordo com a expectativa?
c) Que outro exemplo você pode citar com o processo semelhante ao do cartum?

60) Os neologismos não se criam aleatoriamente, mas sim a partir do sistema


lingüístico (por exemplo: radicais, prefixos, sufixos etc.)
A charge abaixo, produzida por Henfil, ainda muito atual, evidencia o uso de um
neologismo. Observe:

Agora responda:

a) Qual é esse neologismo?


b) Como se deu lingüisticamente a
formação de tal neologismo?
c) O que a oposição desencadeada pelo
uso do neologismo provoca em termos
de humor?
61) A manchete abaixo, se lida isoladamente, permite ao leitor uma dupla interpreta-
ção. Observe:

Acidente deixa pedestre ferida na área central


Somente após lermos algumas informações sobre o fato, conseguimos desfazer a
ambigüidade. Leia outros trechos da notícia e responda às questões propostas.

Um atropelamento registrado na tarde de tas, se deslocava pela Félix da Cunha e logo


ontem na área central, deixou ferida a pedes- após cruzar a sinaleira atropelou a vítima.
tre Nair Munhoz dos Santos, de 47 anos. A Nair foi encaminhada ao Pronto-Socorro
vítima tentava atravessar a rua quando foi Municipal (PSM) por uma ambulância da Se-
colhida por um automóvel. cretaria de Saúde e Bem-Estar Social
O acidente aconteceu por volta das 16h, (SMSBES). Até o começo da noite a vítima
no cruzamento das ruas Tiradentes, com Félix permanecia internada no setor de emergência
da Cunha, no Centro. De acordo com as in- do hospital. As circunstâncias em torno do
formações fornecidas pela Brigada Militar acidente passam a ser investigadas pela Dele-
(BM), o VW/Gol placas BJB 9258, de Pelo- gacia de Delitos de Trânsito (DDT).
(Diário Popular, 04/03)

a) Transcreva o trecho que dá margem a apenas uma interpretação.


b) Explique a ambigüidade da manchete.
c) Desfaça tal ambigüidade reescrevendo a manchete com base no item “a”.

62) Levando em conta o sentido global do texto, explique a inclusão do último


período.

Leite azedo
Voltaire de Souza

A solidão ataca quem vive na cidade hora marcada, a surpresa. Em vez da Morena
grande. Mariano estava separado da mulher. Carinhosa, era Cilmara quem esperava Mari-
Recorreu a uma agência de encontros. “Depois ano. “Lamento avisar, Mariano, mas grampeei
da Cilmara, qualquer uma vai ser melhor”. In- teu telefone. E a tal Morena expulsei daqui a
teressou-se por uma tal Morena Carinhosa. A tapa.” Os dois se beijaram e dividiram uma co-
fim de relacionamento estável. Combinaram o alhada. De leite azedo, é possível criar delica-
primeiro encontro numa lanchonete árabe. Na das sobremesas.
(Folha de São Paulo, 01/12/99)

63) Quando temos um texto, podemos tirar conclusões (inferências), a partir de


dados que se encontram implícitos. Leia o anúncio publicitário abaixo, indicando
uma inferência possível.
PRÁTICAS DO DIZER 2: um exercício da linguagem
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Há 40 anos dizendo
aonde você deve ir, o que
ler e o que assistir. Homenagem da Companhia das Letras
aos 40 anos da Folha Ilustrada.
Não, não é a sua mulher. (FSP, 10/12/98)

64) Leia o texto abaixo, extraído de Folha de São Paulo, de 17/10/99:

“(...) Deveriam ficar apenas em lugares mais


PS – Por causa da violência, assistimos, seguros como os aeroportos ou se tiverem
semana passada, uma proposta que mostra câmeras por todos os lados.
até onde estamos perdendo o controle. Na Parece aquela piada em que o marido,
impossibilidade de garantir segurança para flagrando a mulher com outro homem no
quem freqüenta os caixas eletrônicos dos sofá, lançou uma inusitada vingança: quei-
bancos, o Ministério da Justiça sugere: aca- mou o sofá.”
bem com os caixas eletrônicos. E-mail: gdimen@uol.com.br

Nesse texto, o autor lança mão de uma estratégia argumentativa bastante pecu-
liar, o suficiente para provocar risos ao leitor.
Sobre isso responda:

a) Que estratégia é esta?


b) Cite os trechos que ilustram, de forma bastante explícita, o uso de tal estraté-
gia.
c) Qual o efeito de sentido que causa no leitor o uso de tal estratégia dado o con-
texto apresentado?
d) Qual o sentido veiculado pelo uso do nexo em negrito?

65) No mesmo texto referente à questão anterior, nota-se que o autor não se preocu-
pou em estabelecer relações paralelas de mesma função sintática, ocasionando uma
falta de paralelismo gramatical.

a) Identifique em que trecho isso ocorre.


b) Reescreva-o, evitando a falta de paralelismo.

 Leia o belíssimo poema a seguir e responda às questões 66 e 67.


Guerra, Paz, Vida e Fé
Há nos teus passos nos teus passos
Um cansaço nos teus gestos
Que me angustia nos teus olhos
Há nos teus gestos no teu corpo
Uma lentidão nas tuas mãos
Que me preocupa A silenciosa e violenta guerra
Há nos teus olhos da sobrevivência, meu Irmão...
Uma busca E a pergunta surge solta e breve
Que me oprime E a paz?
Há no teu corpo mutilado É a ausência da guerra?
Restos de dor É equilíbrio de forças?
Que me revoltam Ah! A Paz é a luta
Há nas tuas mãos É a tua presença
O apelo de quem na busca
Tem fome, frio, da justiça construída
Carência de vida e afeto Com teus passos, gestos, olhos,
Há mil bombas corpo, mãos, sofrimento
Que explodem no teu espaço e alegria.
e me consomem É a consciência do possível
Imagens de guerra do encontro das gentes
Perpassam nos meus caminhos cansadas, sofridas, mas,
Ao longe, desolação e medo prontas para a VIDA
Guerra, armas, gente, competição, sofrimento. ainda que desiludidas,
E a guerra de todo dia? mas refeitas na FÉ.
(Primeiro Concurso de Poesia e Prosa Poética Mário Quintana)

66) A antítese é uma figura de linguagem definida como o emprego de palavras ou


expressões contrastantes, ou seja, de sentidos opostos.
Nesse poema, explora-se bastante tal recurso estilístico, principalmente pelo uso
da expressão “guerra/paz”.
Sobre isso pergunta-se:

a) A palavra “guerra” pode ser entendida como “luta armada entre nações ou
partidos; conflito bélico” (AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA. Novo Di-
cionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986, 2a.ed.
revista e aumentada).
Considerando o sentido global do texto, assim como a definição contida no
dicionário, que outro significado possível pode ser conferido ao termo
“guerra”?
b) Qual o verso que melhor sintetiza o outro significado atribuído por você no
item “a”?
c) Selecione do texto palavras – verbos, adjetivos, substantivos – que podem ex-
pressar o significado o qual contemple o termo “guerra” tanto em relação ao
sentido veiculado no dicionário quanto àquele estabelecido por você no item
“a”. (Cite, no mínimo, 6 expressões)
PRÁTICAS DO DIZER 2: um exercício da linguagem
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3
d) Os termos “silenciosa e violenta guerra”, em princípio, podem constituir uma
antítese. No entanto, o texto evidencia outra possibilidade. Qual é ela?
e) Dado o texto em seu sentido global, responda à pergunta do eu-lírico e jus-
tifique sua resposta: “E a paz/ É a ausência da guerra?”

67) No poema, o eu-lírico dirige-se a alguém que é seu interlocutor. Indique quatro
marcas lingüísticas que permitam identificar o eu-lírico e quatro que se relacionem
ao interlocutor.

Texto referente às questões de 68 a 70


HAGAR – Dik Browne

(Folha de São Paulo, 02/04/99)

68) Há, na tira acima, a manifestação de duas posições contraditórias expressas por
um mesmo personagem – Hagar. Quais são elas? Qual delas é a implícita e qual é a
explícita? Em qual delas Hagar realmente acredita?

69) Substitua as palavras sublinhadas no trecho “A menos que seja diferente do seu,
é claro!” por outra expressão que lhe garanta o sentido. Faça as alterações indispen-
sáveis.

70) Qual a idéia expressa pelo nexo “A menos que” referente à questão 69?

71) Os textos abaixo apresentam um recurso de estilo que torna a mensagem mais
expressiva, sobretudo pela escolha do vocabulário e a ordem das palavras. Observe:

I– “O karaokê é uma coisa completamente sem propósito,


dolorosamente humilhante e divertidíssima.
Experimente: faz bem para a alma.”
II – “Na verdade, é muito fácil ficar incrivelmente rico. Faça aquilo
que você realmente ama e as recompensas logo virão.”

Agora responda:
a) Explique em que consiste tal recurso.
b) Nesses textos, qual o valor do modo imperativo nas expressões “Experimen-
te” e “Faça”?
c) Reescreva o último período do texto I, substituindo os dois-pontos por um
nexo que respeite sua coesão e coerência. Explicite a idéia que tal nexo ex-
pressa.
d) Reescreva o último período do texto II utilizando um nexo de conclusão e
mantendo a relação causa/conseqüência.

72) O eufemismo costuma ser definido como o ato de suavizar a expressão de uma
idéia, substituindo a palavra ou expressão própria por outra mais agradável, mais
polida. No texto abaixo, lançou-se mão desse recurso.

“Você só é tão velho quanto se sente (e lembre-se de que


você não tem rugas, só marcas de expressão).”

a) Qual o trecho em que seu uso é evidente?


b) Com que finalidade usou-se tal recurso?

Obs.: Os textos e imagens das questões 71 e 72 foram extraídos de “Um dia ‘daqueles’”/ Agenda 2004, elaborada por
Bradley Trevor Greive. Rio de Janeiro: Editora Sextante, 2003.
PRÁTICAS DO DIZER 2: um exercício da linguagem
5
5
73) Leia a tira seguinte:

HAGAR – Dik Browne

(Folha de São Paulo, 04/03/97)

Nem sempre quando se utiliza a linguagem o entendimento entre os interlocuto-


res é bastante simples. Ao contrário disso, na maioria das vezes em que um enunci-
ado é proferido, seu sentido literal e o que ele adquire no contexto não coincidem.
Assim sendo, o uso de alusões, insinuações, ironias, metáforas, ambigüidades,
entre outros, são recursos comuns na linguagem cotidiana.
Observe o exemplo acima no qual consta uma expressão idiomática que é usada
em seu sentido não-literal.
Agora responda:

a) Que expressão é essa?


b) Levando em conta o sentido não-literal, explique seu significado no contexto.

74) Nos trechos abaixo, extraídos de redações de alunos e em jornais, há


impropriedade vocabular, ocasionando problemas de coerência. Reescreva-os
eliminando tais problemas.

a) “Na minha opinião o nepotismo não poderia ser uma lei tão radical.” (assunto:
nepotismo; ano: 1999)
b) “Assim, quando as mudanças se mostram impossíveis, os adolescentes procuram saí-
das eficazes, geralmente imediatistas, que os libertem da realidade social e econômica
imperante.” (assunto: descriminalização da maconha; ano: 1999)
c) “Além disso, haverá um decréscimo na comercialização de produtos ibéricos, diminu-
indo, assim, o número de beneficiados com o comércio de armas.” (assunto: projeto de
desarmamento no Brasil; ano: 1999)
d) “É necessário analisar a atitude dos policiais em Eldorado de Carajás, os quais são
acusados de massacrar e matar protestantes.” (assunto: julgamento dos envolvidos no
episódio citado – sem-terra e policiais)
e) “(...) Quando tocou a música ‘Começar de Novo’ e Silvio perguntou quem era a can-
tora que estava interpretando a canção, a mascarada disse: ‘Ah, essa é a Simone! A voz
dela é irreconhecível’...” (declaração de “Tiazinha” ao apresentador Silvio Santos no
quadro “Qual é a Música?”; publicado em Folha de São Paulo, em 05/09/99)
f) “Na última terça-feira, em uma reportagem sobre a origem italiana de alguns atores do
elenco de ‘Terra Nostra’, Letícia Nascimento perguntou a Ana Paula Arósio e Antônio
Calloni se eles tinham descendência italiana.” (publicado em Folha de São Paulo, em
18/07/99)
g) “Medidas profícuas, por parte das autoridades governamentais, não resolverão o pro-
blema do desemprego; por isso urge a mobilização da sociedade para tentar amenizar
tal situação.” (assunto: desemprego; ano: 1999)
h) “A saúde em nosso país, é um sério problema (...)” (assunto: saúde pública; ano: 1998)

75) Encaixe B em A, substituindo o elemento repetido por um pronome relativo, com


ou sem preposição.

1) A- “Carandiru” alcançou alto índice de audiência.


B- “Carandiru” aborda os problemas carcerários no Brasil.
2) A- A exploração da mão-de-obra infantil tem preocupado diversos setores da
sociedade.
B- A exploração da mão-de-obra infantil é uma realidade cruel.
3) A- A pedofilia é um crime.
B- Devemos todos lutar contra a pedofilia. (LUTAR CONTRA)
4) A- Os atentados do World Trade Center mudaram os rumos da humanidade.
B- Países do mundo inteiro insurgiram-se contra os atentados do World
Trade Center. (INSURGIR-SE CONTRA)
5) A- O turismo sexual tem sido objeto de debate entre os membros da
Embratur.
B- As autoridades devem se opor ao turismo sexual. (OPOR-SE A)
6) A- A crise na Argentina afeta vários outros países.
B- A mídia referiu-se à crise na Argentina. (REFERIR-SE A)
7) A- A crise no Oriente Médio não pode ser resolvida senão por meio de
acordos de paz.
B- Muito se fala da crise do Oriente Médio. (FALAR DE)
8) A- Os vícios na atividade política nacional poderão prejudicar a candidatura
de alguns políticos.
B- Devemos nos livrar dos vícios na atividade política nacional. (LIVRAR-SE
DE)
9) A- O 3º Fórum Social Mundial foi realizado na Índia.
B- Muitos debates aconteceram no 3º Fórum Social Mundial. (ACONTECER
EM)
10) A- O Afeganistão foi alvo de ataques dos EUA.
B- Muitos conflitos ocorreram no Afeganistão. (OCORRER EM)
11) A- “O Continente” é de autoria de Érico Veríssimo.
B- Comentamos sobre “O Continente”. (COMENTAR SOBRE)
PRÁTICAS DO DIZER 2: um exercício da linguagem
5
7
12) A- A Palestina vive em conflito com Israel.
B- Abate-se forte crise sobre a Palestina. (ABATER-SE SOBRE)
13) A- Moacyr Scliar não desistiu de sua candidatura à Academia Brasileira de
Letras.
B- Muitos escritores simpatizam com Moacyr Scliar. (SIMPATIZAR COM)
14) A- O stress pode ocorrer devido a um problema de ordem emocional.
B- Muitas pessoas convivem atualmente com o stress. (CONVIVER COM)
15) A- A paz entre os povos deve ser fruto de um esforço conjunto de todos os
países.
B- Tanto esperamos pela paz entre os povos. (ESPERAR POR)
16) A- A aprovação no vestibular depende de múltiplos fatores.
B- Muitos vestibulandos se empenham pela aprovação no vestibular.
(EMPENHAR-SE POR)

76) Una os períodos A e B em um só, usando o pronome relativo “cujo” (e variações)


com ou sem preposição.

1) A- Madre Tereza de Calcutá tornou-se um exemplo para a humanidade.


B- Ninguém questiona o perfil caridoso de Madre Tereza de Calcutá.
2) A- Guga tem o respeito de muitos tenistas mundiais.
B- Muitos têm se empenhado pelo sucesso de Guga.
3) A- Tony Blair tem recebido muitas críticas por sua intervenção no conflito
entre o Iraque e os EUA.
B- Os EUA contam com o apoio de Tony Blair. (CONTAR COM)
4) A- O alcorão é para muitos uma obra sagrada.
B- Nas páginas do alcorão se assentam os princípios do povo muçulmano.
(ASSENTAR-SE EM)
5) A- A ONU é uma organização internacional.
B- Muitos cientistas políticos desconfiam da imparcialidade da ONU.
(DESCONFIAR DE)

77) Observe a declaração de um jogador da Seleção Brasileira de Futebol ao justificar


os motivos pelos quais o Brasil não foi classificado para as próximas Olimpíadas.

“Sabíamos que seria difícil por estarmos


em outro país, comendo outra comida”
Robinho, artilheiro, sobre a derrota do Brasil
no Pré-Olímpico do Chile (IstoÉ, 04/02/04)

a) A justificativa contém implícita uma estratégia argumentativa. Qual é ela?


b) Qual o efeito de sentido que ela produz?

78) A charge abaixo trata das homônimas. Identifique os termos homônimos e expli-
que a crítica dissimulada por seu emprego.

(Zero Hora, 17/10/1997)

79) O paralelismo é uma das condições para que a frase seja clara. É uma convenção da
linguagem que consiste em apresentar idéias similares de uma forma gramatical idên-
tica. Para que seja mais elegante, é importante que, na sua organização, o período
contenha elementos de uma mesma função sintática e estes sejam formados por pa-
lavras de classe gramatical idêntica. Assim, uma oração adjetiva deve estar paralela a
outra; uma forma verbal deve estar paralela a outra também (em modo, tempo e pes-
soa).
Observe alguns casos em que há problemas de falta de paralelismo gramatical. Em seguida, modifique os
períodos, evitando-os.

Alimente-se bem

 Fuja de alimentos gordurosos, pesados. Nada de encarar um rodízio de carnes ou de pizza


amanhã
 Procure fazer refeições leves e não mude seu padrão de alimentação. Se você nunca comeu
frango, por exemplo, não é amanhã que vai comer
 Evite bebidas alcoólicas. O álcool diminui o reflexo, a concentração e sua disposição física
 O ideal é acordar cedo no domingo (mais ou menos às 8h), tomar um café simples e fazer um
almoço leve
 Mas como a maioria vai acordar apenas depois das 10h, é recomendável tomar um café
reforçado com cereais matinais, frios, pãozinho, frutas e iogurte
 Não vá fazer a prova sem comer nada, mas também evite comer na porta do local do exame.
Nunca se sabe o que o tio da barraquinha põe no cachorro-quente
 Não se esqueça de levar água
(Folha de São Paulo, 26/11/99)
PRÁTICAS DO DIZER 2: um exercício da linguagem
5
9
80) Em textos humorísticos, é muito comum que o significado implícito seja mais
expressivo do que o explícito.
Após lê-los atentamente, explique a crítica implícita que as charges contêm.

I– AS AVENTURAS DA FAMÍLIA BRASIL

II – AS COBRAS L.F. Veríssimo

III – AS COBRAS L.F. Veríssimo

81) Esta charge, criada por Angeli, faz-nos lembrar do Festival de Woodstock, ocor-
rido há aproximadamente 35 anos nos Estados Unidos, e revolucionou o mundo.
Depois de analisar sua linguagem verbal e não-verbal, responda às questões que se-
guem.
(Folha de São Paulo, 01/08/94)

a) Os dois termos – “Woodstock” e “Guerra do Paraguai” – são, no texto, marcas


de referência. Existe alguma relação entre eles? Como se explica o fato de
Wood ter usado o 1º termo e seu filho o 2º?
b) Baseando-se no que você respondeu em “a”, explicite a crítica implícita na
charge.

82) Na tira abaixo, seu autor utiliza a linguagem não-verbal para expressar suas
opiniões acerca dos procedimentos a serem tomados em caso de estresse.
Observe:

(Folha de São Paulo, 07/10/99)

Agora responda:
a) Se o cartunista optasse por utilizar a linguagem verbal, com o emprego do
imperativo, como tais procedimentos seriam escritos? (Utilize como interlo-
cutor, primeiramente, “você”. Depois, reescreva sua resposta tratando o in-
terlocutor por “tu”).
b) Qual(is) o(s) valor(es) expresso(s) pelo uso do imperativo na tira?

83) Substitua as locuções adverbiais em destaque por advérbios de sentido equiva-


lente.
PRÁTICAS DO DIZER 2: um exercício da linguagem
6
1
a) O governo agiu com cautela e ética durante a greve dos professores univer-
sitários.
b) O herbiatra “X” agiu sem pudor com os adolescentes durante as consultas
médicas, por isso, foi acusado de pedofilia.
c) De propósito, muitos manifestantes aproveitaram-se da situação de conflito
entre ecologistas e polícia.
d) Os funcionários públicos agiram com maturidade no decorrer das negociações
com o governo.
e) Pouco a pouco, alguns empresários estão se conscientizando quanto à respon-
sabilidade social que lhes cabe, meta a ser desenvolvida ainda em muitas em-
presas.

84) Em carta publicada na revista Veja, de 18/02/04, uma leitora escreve sobre a
situação lamentável provocada pelas enchentes em São Paulo.
Após sua leitura, responda às questões propostas.

“Infelizmente, Diogo Mainardi conseguiu descrever o


sofrimento de uma grande parcela da população de São
Paulo e também o descaso das autoridades locais perante
essa situação que há tantos anos se repete. Precisamos de
dirigentes competentes que estejam dispostos a construir
um país melhor, e não de políticos demagogos que nada
fazem para reverter situações caóticas.”
(Márcia Cristina de Andrade Jorge)

a) O emprego do advérbio “Infelizmente”, no início da carta, seguido de uma


série de comentários acerca das enchentes em São Paulo, acabou por tornar o
texto incoerente. Explique por que e substitua-o por outro que possa desfazer
a incoerência.
b) Qual o problema de argumentação presente no trecho sublinhado? Por que
ele pode ser considerado um “problema” em termos argumentativos?
c) Substitua a expressão mal “que nada fazem” por outra mais formal, man-
tendo o sentido manifesto no texto.
d) Qual teria sido provavelmente a intenção da autora ao usar “Infelizmente” no
texto?

85) Ao produzirmos textos, devemos ter o cuidado de estabelecer certas correlações


entre os verbos a fim de que eles se ajustem adequadamente às várias possibilidades
de emprego de tempos e modos. Além disso, essas correlações são responsáveis pela
coesão textual.
Os textos abaixo não atendem a essa exigência e, por isso, devem ser readapta-
dos. Faça, portanto, as readaptações, considerando as informações anteriores.

I – “(...) portanto, para continuar a tradição deveria haver regulamentos por parte das univer-
sidades, para que sejam feitos somente trotes saudáveis como, por exemplo, (...)” (trecho
de redação de aluno; carta argumentativa, dirigida ao editor do jornal Folha de São
Paulo; assunto: trote universitário)

II – “Gostaria então, [sic] que a senhora reavalie a posição do governo frente a [sic] necessi-
dade de criação de uma nova lei (...)” (trecho de redação de aluno; carta argumentativa di -
rigida à deputada Marta Suplicy; assunto: projeto de lei sobre assédio sexual)

III – “Paralelamente ocorreu uma abertura descontrolada da economia, o que inviabiliza a


união da estabilidade com um crescimento que gerasse empregos.” (dissertação ou carta
argumentativa dirigida ao presidente da República; assunto: avaliação dos quatro anos do
Plano Real/ 1998)

IV – “Para isso, deveria existir um órgão que fiscalizasse a programação, pois só assim cenas
de constrangimento entre os telespectadores poderão ser evitadas.” (carta argumentativa
dirigida à deputada Marta Suplicy; assunto: censura na televisão brasileira)

V – “Este ato irresponsável tem de ser reprovado pelo Congresso, pois caso for aprovado,
com certeza, só traria malefícios à sociedade.” (dissertação; assunto: Legalização dos
Cassinos)

86) Leia atentamente o texto abaixo, resolvendo as questões solicitadas.

Os 10 mandamentos de quem mora em uma república


1 – Procurarás manter sempre o bom hu- vacidade, principalmente se dormires no
mor. mesmo quarto.
2 – Não comerás a comida do próximo se 7 – Não avançarás nas roupas do próximo
vós não dividistes a conta do supermer- sem pedir autorização prévia.
cado. 8 – Manterás seus domínios em “alguma”
3 – Não ligarás o som alto se o próximo ordem.
estiver dormindo ou estudando. 9 – Manterás a louça em estado de uso e
4 – Não se esquecerás de pagar as contas NÃO sujarás todas as panelas, ou pratos,
do mês que ficaram sob tua guarda e res- ou talheres simultaneamente.
ponsabilidade. 10 – Não esconderás a correspondência
5 – Os ambientes comuns (sala, cozinha, do próximo no meio da tua nem deixarás
banheiro) deverão ser mantidos em ordem de dar os recados.
“familiar”. Fonte: e-mail para o Fovest enviado pelos membros da
6 – Respeitarás o direito do próximo à pri- república Arka! (Folha de São Paulo, 17/12/98)
a) O emprego das formas verbais, neste texto, corresponde adequadamente à de-
finição de futuro como designando “um fato ocorrido após o momento em que
se fala”? Justifique.
b) Imagine a seguinte situação: dois estudantes chegam a uma cidade e procuram
uma república a fim de se hospedarem. As personalidades de ambos diferem:
o primeiro é bastante obediente, regrado, disciplinado e cauteloso. Já o segun-
do tem um comportamento irreverente, rebelde e indisciplinado. Levando em
conta esses dados, aponte duas leituras possíveis que cada estudante faria do
emprego do futuro.

87) Tomando por base o valor dos tempos e modos verbais, assim como o uso dos
conectores, leia o texto abaixo e responda ao que é solicitado.

RISCO NO DISCO

Agenda condicional
Ledusha Spinardi
Se Chico chegasse em surdina seria dançar nas nuvens.
Se Alberto não existisse eu pularia da ponte. Se Manoel
insistisse tomava chá de sumiço. Se Frederico ligasse lhe diria
como é alto seu silêncio tão vizinho. Se Franco fosse só lindo
correria pros seus braços. Se Marcelo me pedisse inventaria
uma ilha. Se tivesse mais dinheiro iria com Marcos à Capri. Se
Paulo um dia voltasse meu amor abafaria o rude galope das
horas. Se meu coração falasse não usaria mais “blush”.
e-mail: ledusha@uol.com.br

a) Explique a relação estabelecida entre o título do texto e o valor expresso pelos


verbos nele flexionados.
b) O conector “Se” que, entre outras funções, pode introduzir orações indicando
circunstâncias. Além disso, ele é capaz de expressar imposições, propostas,
restrições, desejos, desencadear sentimentos, tais como os de culpa, ameaça
etc.
Depois de ler os enunciados abaixo, identifique o que a oração sublinhada,
introduzida pelo conector “Se”, é capaz de expressar.
(1) Se você fosse a Porto Alegre, iria também.
(2) Somente se você for a Pelotas, irei também.
(3) Não saberia o que fazer se você fosse a Pelotas...!
(4) Se você for a Pelotas, com certeza, irei também!
c) Escolha uma frase do texto, transcreva-a e, levando em conta o valor expresso
pelo conector “Se”, identifique a circunstância por ele manifesta. Para tanto,
considere as explicações contidas em “b” deste exercício.
IIa PARTE
Questões bjetivas

1) Observe as proposições abaixo:

I– “Eu tenho um ponto de vista com relação ao nepotismo. A meu ver (...)”
II – “Hoje em dia a maior preocupação de todos os governos é o desemprego que, no
Brasil, é o maior problema na atualidade, pois ele é o centro de tudo (...)”
III – “A carreira artística é difícil porque tem muitas dificuldades.” (declaração de Suzana
Alves, a “Tiazinha”, em Veja, 07/04/99)
IV – “É polêmico o caso do massacre de Eldorado de Carajás, pois, além de ser um fato
que diz respeito ao MST – reforma agrária – diverge muito a opinião das pessoas.”

*OBS.: trechos de dissertações de alunos; assunto: I – nepotismo; II – desemprego no Brasil; IV –


julgamento dos envolvidos no caso de Eldorado de Carajás – MST e policiais –, em 1996; ano: 1999.

Podemos afirmar, quanto à repetição de idéias, à circularidade de informações,


que tais problemas aparecem em:
a) II e III exclusivamente;
b) I e II exclusivamente;
c) I, II e III exclusivamente;
d) III e IV exclusivamente;
e) todas as proposições.

2) Observe as proposições abaixo:

Podemos afirmar sobre elas:

I– “Mas devemos encarar que há um grande número de drogados, tal qual, a


contaminação de doenças é muitas vezes fatal.” (dissertação de aluno; assunto:
Projeto de Redução de Danos, da Secretaria de Saúde/RS – troca de seringas usadas
por novas, a fim de evitar entre os drogados a transmissão de doenças; ano: 1998)
II – “Penso, inicialmente, que o acesso ao sistema de saúde é o principal direito de
qualquer cidadão, pois ela deve ser pública e gratuita.” (dissertação de aluno: saúde
pública no Brasil; ano: 1999)
III – “Vereador Rubens Ávila (PDT) estava entusiasmado ontem. Sugeriu a suspensão da
sessão para que os vereadores acompanhassem a reabertura da rua Saturnino de Britto
(...) Em sua manifestação, [o vereador] chegou a comparar o ato com a queda do
Muro de Berlim.” (Diário Popular, 28/04/99)
IV – “O trânsito registrou mais uma vítima fatal na manhã de ontem. A pedestre Celi Reys
Morales, de 55 anos, residente na rua Um, número 216, na vila Virgílio Costa, foi
atropelada por um veículo não identificado, uma vez que o condutor fugiu do local se
omitindo de prestar socorro à vítima. (...)” (Diário Popular, 27/04/99)
a) Somente I apresenta problema de comparação.
b) I e III apresentam problema de comparação.
c) Somente II apresenta problema de relação causa/efeito inadequada.
d) II e IV não apresentam problema de relação causa/efeito inadequada.
e) IV não apresenta problema de relação causa/efeito inadequada.

3) Na charge abaixo, percebe-se uma incoerência a qual é, efetivamente, fruto de uma


ação intencional do autor. Observe:

Sobre ela é INADEQUADO afirmar:


a) O trecho “ele liga o chuveiro e fica do lado de fora” é o que melhor revela a in-
coerência do personagem.
b) Nesse trecho (referente ao item a), o nexo “e” expressa idéia de adição (con-
junção aditiva).
c) A charge critica o distanciamento entre o discurso e a prática de determinados
políticos, revelando, neste caso, a hipocrisia do vereador.
d) “Faça o que eu digo, não faça o que eu faço” é condizente com a crítica implí-
cita na charge.
e) A fala dos personagens, nos dois primeiros quadrinhos, são idênticas, exceto
pelo fato de a palavra sublinhada – “sujeira” – diferençar o tipo de discurso
produzido pelo vereador: no 2º quadro, discurso “inflamado”.

Leia o texto a seguir, referente às questões 4 e 5, o qual faz parte de um sermão do Pe.
Antônio Vieira e data do Brasil Colônia (século XVII). Após, responda ao que é solicitado.

1 “Não são só ladrões, diz o Santo, os que cortam bolsas, ou espreitam os que se vão banhar
2 para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são
3 aqueles a quem os reis encomendam os exércitos, ou o governo das províncias, ou a adminis-
4 tração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos.
5 Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam de-
6 baixo do seu risco, estes, sem temor nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados; estes
7 furtam e enforcam.”

4) Assinale a alternativa que melhor sintetiza a tese, isto é, a afirmação básica que o
autor toma como verdadeira e defende nesse texto.
a) Segundo o autor, os ladrões diferenciam-se dos governos porque enquanto
aqueles são dignos, estes não o são.
b) Para o autor, há ladrões que roubam o povo, assim como “pessoas do povo”
que são ladrões.
c) Conforme o autor, os governantes são piores ladrões do que os “ladrões
comuns” pois os primeiros, além de praticarem atos bárbaros, não são
punidos, enquanto os segundos roubam mas o são.
d) O autor defende a idéia de que os verdadeiros ladrões são os governantes; os
reis, os outros, são vítimas destes.
e) Para o autor, o que diferencia os “ladrões comuns” dos governantes é apenas a
gravidade dos crimes que praticam.

5) Antônio Vieira utiliza, em seu texto, determinados elementos coesivos, ou seja,


termos que retomam outros anteriormente ou apontam para outros posteriores.
Assinale a alternativa na qual a relação coesiva dos termos em negrito é feita de
forma INCORRETA.

a) este título: os ladrões (linha 2).


b) os quais: os exércitos; o governo das províncias; a administração das cidades
(linhas 3 e 4).
c) os outros ladrões: os que cortam bolsas ou espreitam os que vão se banhar
para lhes colher a roupa (linhas 1 e 2).
d) estes: os exércitos; o governo das províncias; a administração das cidades
(linhas 3 e 4).
e) os outros: os exércitos; o governo das províncias; a administração das cidades
(linhas 3 e 4).

Foram alvo da mídia, em 1999, dois projetos que objetiva-


ram erradicar a miséria em nosso país: um de autoria do então
senador ACM (PFL – Bahia) e outro do ex-presidente FHC.
Ambos baseavam-se na criação de impostos/taxas a serem pa-
gos pela camada mais privilegiada economicamente, a fim de
beneficiar, em ambos os casos, uma outra camada menos abas-
tada de nossa nação, ou seja, os pobres, miseráveis.

Levando em conta tais informações, responda às questões 6 e 7.


6) 1 (...) E esse súbito surto de amor aos pobres do Grande
2 Painho ACM? Quer criar até imposto contra a pobreza.
3 CPMF 2, a Missão. Contribuição Pecuniária pro Mal-
4 vadeza* Faturar. Combate a Pobreza em Momento Fa-
5 vorável. E Candidato Promete Mundos e Fundos! E,
6
7
8
9
como disse um leitor amigo meu: chega de tanta
malvadeza com o Toninho. O novo Pai dos pobres, Pai
dos pobres, avô de rico, tio de milionário e sogro de tri-
liardária. Rarará! (...)
(José Simão, Folha de São Paulo, 23/07/99)
*
Malvadeza: apelido de ACM, cunhado durante o período do regime militar.

A ironia é um recurso de linguagem muito utilizado para se criticar ou satirizar,


mesmo que, por vezes, de forma extremamente sutil. Atualmente, tal recurso vem se
tornando bastante comum como estratégia argumentativa.
Tomando por base o texto de José Simão, assim como as informações imediata-
mente anteriores a esse texto, assinale a alternativa cuja(s) expressão(ões) NÃO
pode(m) ser considerada(s) relevante(s) para o autor obter o efeito irônico desejado
a) “leitor amigo” (linha 6).
b) “Pai dos Pobres” (linha 7).
c) “malvadeza” (linha 7).
d) “surto de amor” (linha 1).
e) “súbito” (linha 1).

(Folha de São Paulo, 04/08/99)

7) Depois de ter lido o cartum na página anterior, considere as seguintes afirmações:

I. O cartum comprova que a expressão “Contra a Miséria”, quando comparada às in-


formações dos projetos de ACM e FHC, mencionadas anteriormente, aponta para
mais de um sentido, dependendo do contexto em que foi enunciada..
II. Há diferenças de sentido entre os projetos de ACM e FHC e o mencionado no
cartum: o dos políticos objetiva, pelo menos em tese, erradicar, combater a miséria; o
do cartum visa a proteger-se dos miseráveis, evitá-los.
III. A marca lingüística responsável pela ambigüidade na expressão “Contra a Miséria” é
o uso da preposição “contra”, cujo sentido depende do contexto esclarecedor.

Sobre elas é ADEQUADO afirmar que:


a) só I e II estão corretas;
b) só II e III estão corretas;
c) só I e III estão corretas;
d) todas estão corretas;
e) nenhuma está correta.

Texto referente às questões de 8 a 10


Caco GalhardoOS PESCOÇUDOS

(Folha de São Paulo, 06/10/99)

8) Levando em conta o contexto e a tira em seu sentido global, use V ou F nos


parênteses.

( ) Há nela um exemplo de polissemia, ou seja, uma característica da linguagem


segundo a qual uma palavra pode ter mais de uma significação.
( ) Em havendo polissemia, uma palavra a qual ilustra tal característica da linguagem é
“depressão”.
( ) A palavra “turbulência” apresenta, na charge, mais de um sentido.

Agora assinale a alternativa cuja seqüência é ADEQUADA.


a) V-V-F b) V-F-F c) V-V-V d) F-F-V e) F-F-F

9) Podemos narrar, através da linguagem verbal, as possíveis falas relacionadas às


imagens da tira. Apresentam-se, em cada alternativa, empregos do uso da língua
(grifados), seguidos de trechos referentes à tira. Assinale a alternativa em que a
correspondência entre os termos em negrito e o respectivo trecho é feita de forma
INADEQUADA.
*
Observe o uso da norma culta.

a) uso do discurso direto:


A aeromoça aconselhou o passageiro:
– Para vencer a depressão, puxe a cadeira para frente e curve um pouco seu corpo.
Acrescentou:
– Agora, tire os sapatos para ficar mais à vontade, puxe um pouco mais a cadeira para
frente e curve igualmente seu corpo.
– Por fim – acrescentou uma vez mais –, baixe totalmente a cabeça, coloque-a sobre
as pernas e enlace seus braços em volta à cabeça.
– Permita-se chorar o quanto necessitar, sussurrou, ao aproximar-se do passageiro.

b) com o uso do discurso indireto:


A aeromoça aconselhou o passageiro que tentasse vencer a depressão, puxasse a ca-
deira para frente e curvasse um pouco seu corpo. Sugeriu-lhe que tirasse os sapatos para
ficar mais à vontade, puxasse um pouco mais a cadeira para frente e curvasse igualmente
seu corpo. Propôs-lhe que baixasse a cabeça, colocasse-a sobre as pernas e enlaçasse seus
braços em volta a ela. Finalmente, sussurrou, ao aproximar-se dele, que chorasse o quanto
lhe fosse necessário.

c) com o uso do imperativo, tratando o interlocutor por “tu”:


(*Observe, para tanto, as expressões em itálico e negrito na alternativa “a” desta questão)
(...) puxa (...) curva (...) teu; (...) tires (...) puxa (...) curva (...) teu;
(...) baixa (...) coloca-a (...) enlaça (...) teus; (...) Permita-te (...) necessitas

d) com o uso de estruturas frasais, observando o paralelismo gramatical:


A aeromoça aconselhou o passageiro a tentar vencer a depressão. Sugeriu-lhe puxar a
cadeira para frente e curvar um pouco seu corpo. Disse-lhe para tirar os sapatos a fim de
ficar mais à vontade, puxar um pouco mais a cadeira para frente e curvar igualmente seu
corpo. Propôs-lhe baixar a cabeça, colocá-la sobre as pernas e enlaçar seus braços em
volta a ela. Finalmente, sussurrou-lhe, ao aproximar-se dele, poder chorar o quanto lhe
fosse necessário.

e) Nenhuma das anteriores.

10) Segundo as gramáticas normativas, em nossa língua, há verbos primitivos, ou seja,


aqueles cuja conjugação serve de modelo a outros – seus derivados (rever: ver;
convir: vir; propor: pôr; conter: ter; ...). Leia as frases abaixo e assinale a alternativa
em que os verbos estão flexionados de acordo com a norma culta da língua.
a) Se a aeromoça não intervir quando um passageiro estiver em estado de depressão
emocional, provavelmente ele não vencerá suas angústias.
b) Se a aeromoça não intervisse ajudando o passageiro, provavelmente ele se mantesse
em estado de depressão emocional.
c) A aeromoça disse ao passageiro:
– Se tu não conteres tuas angústias, provavelmente não vencerás teu estado de
depressão emocional.
d) Se a aeromoça não interviesse ajudando o passageiro, provavelmente ele se mantivesse
em estado de depressão emocional.
e) A aeromoça disse ao passageiro que, se ele contesse suas angústias, provavelmente não
venceria seu estado de depressão emocional.

11) Observe as definições abaixo:

A metáfora é uma comparação em A metonímia consiste na substituição de


que não se explicita nem o termo com- um nome por outro em virtude de haver entre
parado, nem o termo comparativo, nem o eles algum relacionamento provocado por
ponto de comparação. (Ex.: Aquela uma relação de sentido, por uma associação
mulher é uma fera! = brava como uma de idéias. (Ex.: Bebi um porto ontem à noite.
fera.) = beber vinho do Porto)

Agora, leia o texto que segue, observando tais definições.


Os sonhos e o real
“Acabei lendo duas vezes o texto de ais e as oportunidades necessários para
Eduardo Giannetti (Ilustrada de ontem) realizá-las.
sobre os sonhos e as dificuldades de rea- Toda uma geração ficou diluída entre
lizá-los. Fiquei com os olhos marejados o sonho e o ‘real’.”
ao lembrar nosso país e suas dificuldades Elane C. Tonin (Sorocaba, SP)
e os milhões de jovens que vivenciam o
(Folha de São Paulo, 29/01/99)
fogo dessas paixões, não tendo os materi-

Assinale a alternativa ADEQUADA, levando em conta as definições do texto.


a) A expressão “olhos marejados” ilustra o conceito de metonímia.
b) “fogo dessas paixões” é um exemplo de metáfora.
c) “o sonho e o ‘real’” é um caso de metáfora.
d) O termo real aparece, no texto, entre aspas para enfatizar uma comparação implícita: o
sonho é como o real.
e) Não há caso de metonímia no texto.

12) Leia o texto a seguir, extraído do jornal Folha de São Paulo, de 21/12/97, e respon-
da ao que é solicitado.

Professor bonzinho
Aconteceu nas provas da Duke ram uma nova prova e foram atendidos.
University, nos Estados Unidos. No dia seguinte, o professor lhes en-
Dois ótimos alunos de biologia ti- tregou duas folhas com as questões. Impôs
nham exame na segunda-feira, mas decidi- uma só condição. Que respondessem em
ram passar o fim-de-semana numa cidade salas separadas.
próxima. Foram a uma festa, perderam a A primeira pergunta, valendo um
hora, e, quando chegaram, a prova já tinha ponto, era tão fácil que a prova seria uma
terminado. barbada.
Procuraram o professor, explicaram- A segunda pergunta, valendo nove
lhe que tinham viajado para longe e na pontos, era a seguinte:
volta um dos pneus do carro furou. Pedi- – Qual pneu furou?

Os ditados e provérbios abaixo – alguns adaptados por escritores brasileiros –


foram extraídos de fontes diversas. Observe:
I – “Malandro prevenido dorme de botina.” (Stanislaw Ponte Preta)
II – “Elogia o bem, mas não esculhamba o mal.” (Millôr Fernandes)
III – “Quando a cabeça não pensa o corpo padece.”
IV – “Quem semeia ventos colhe tempestades.”
V – “Na enxurrada da vida, o que cai na rede é peixe.”

Levando em conta o conteúdo do texto do jornal, bem como os provérbios


citados, é INADEQUADO afirmar que:

a) a proposição I faz referência à atitude tomada pelo professor, exposta no final do texto;
b) a proposição I diz respeito às atitudes dos alunos, não às do professor;
c) a proposição II sugere uma crítica à atitude tomada pelo professor, explícita no final do
texto;
d) as proposições III e IV fazem alusão ao comportamento dos alunos, não ao do
professor;
e) a proposição V não tem uma relação semântica (de significado) direta com o conteúdo
do texto.

Texto referente às questões de 13 a 15


HAGAR – Dik Browne

(Folha de São Paulo, 23/01/99)


13) É INADEQUADO afirmar sobre a tira:

a) O uso do imperativo em “Alegre-se” tem o mesmo valor do que em “não se meta em


brigas, nem tente escapar”.
b) Ela expressa uma crítica à tirania dos reis.
c) O verbo “concede”, utilizado pelo carcereiro, não pode ser interpretado como uma
ironia.
d) Compreende-se, na tira, o sentido de “bom comportamento” pela associação desse
termo à imagem exposta de Hagar, o prisioneiro.
e) Ao usar o termo “portanto” o que ocorre é a reiteração (confirmação) das idéias
expostas anteriormente na tira.

14) O texto de Dik Browne deve ser modificado em razão da sugestão proposta. Sem
alterar a idéia contida no texto, construa um novo, a partir do início proposto, de
forma a escolher o elemento em destaque que melhor se ajuste ao novo período. Faça
as mudanças indispensáveis.

“Às vezes, o rei concede ao prisioneiro redução da pena (...) Portanto, não se
meta em brigas, nem tente escapar”.

INICIE COM: Não se meta em brigas, nem tente escapar...


a) porém b) de forma que c) embora d) pois e) para que

15) É ADEQUADO afirmar que há na tira uma relação de:


a) causa/conseqüência, evidenciada por um nexo de causa;
b) condição, evidenciada por um nexo de condição;
c) causa/conseqüência, evidenciada por um nexo de conclusão;
d) oposição, evidenciada por um nexo de concessão;
e) concessão, evidenciada por um nexo de oposição (adversativo).

16) Einstein já dizia


“O grande cientista Albert Einstein disse
uma vez: ‘Triste época a nossa, é mais
Fonte: www.keirsey.com

fácil desintegrar um átomo do que


romper um preconceito’.”
Pedro Paulo Castelo (via e-mail)
(Folha de São Paulo, 25/10/99)

Sobre o texto acima é INADEQUADO afirmar:


a) Há nele uma comparação, não uma metáfora.
b) A citação do nome de um eminente cientista, como Einstein, utilizada pelo leitor da
Folha, tem a função de acrescentar ao seu ponto de vista sobre o preconceito o peso de
autoridade de um teórico reconhecido e respeitado universalmente.
c) A opção pelo uso do discurso direto ao citar o pensamento de Einstein pode ser vista
como uma forma de criar maior realismo e veracidade à argumentação do texto e,
desse modo, aumentar a credibilidade do interlocutor.
d) A expressão “Triste época” revela, na verdade, uma ironia por parte de Einstein e da
expressão “é mais fácil”.
e) “desintegrar” e “romper” são verbos cuja carga semântica (de significado) reforça a
idéia de dificuldade em se vencer o obstáculo em questão: o preconceito.

17) Leia a afirmação:

“O deputado Elton Rohnelt pede a João Batista


Campelo, da PF, para não depor em comissão de di-
reitos humanos.”
(Folha de São Paulo, de 18/06/99)

Sobre o texto acima, é INADEQUADO afirmar:

a) A frase sugere que o deputado não queria depor e pediu permissão a Campelo para tal.
b) A frase sugere que o deputado não queria que Campelo depusesse.
c) A frase é ambígua: pode-se entender tanto as afirmações contidas na alternativa “a”
quanto na “b”.
d) Em havendo ambigüidade, eis uma das formas de desfazê-la: O deputado Elton Roh-
nelt pede a João Batista Campelo que aquele não deponha...
e) A frase não é ambígua pois, sintaticamente, “depor” refere-se a João Batista Campelo.

18) Observe o texto abaixo:

Vírgula
O nome de Paulo Henrique Amorim tem sido
comentado na cúpula da Globo.

Por enquanto, o entusiasmo é comedido.
(Folha de São Paulo, 26/01/1999)

Agora, atente-se às proposições, usando, nos parênteses V ou F.

( ) O título, neste contexto, contém uma ironia.


( ) O uso da vírgula, no texto, deixa implícita a idéia de que, no futuro, o comentário so-
bre o nome de Amorim poderá ser amplamente comemorado.
( ) Um significado possível para “comedido” é: prudente; moderado.
( ) O uso da vírgula, no texto, de acordo com as gramáticas normativas, não procede.
( ) A expressão “tem sido comentado” sugere uma certa cautela ao se veicular a in-
formação do texto.

A seqüência obtida na vertical é:

a) V-V-V-F-V
b) V-V-F-F-V
c) F-F-V-V-V
d) V-F-V-F-V
e) F-V-F-V-F

19) A gradação é uma figura de linguagem que consiste na organização das idéias, em
ordem ascendente ou decrescente. Observe:

(...)
E, como disse aquele empresário nordestino bem-
sucedido em São Paulo: “Vim, vi, venci”. E FALI!
Vini, vidi, vinci e falici!
(Folha de São Paulo, 12/06/99)

Agora, leia atentamente as proposições abaixo.

I – As gradações, neste texto, apresentam as idéias em forma crescente e decrescente,


respectivamente.
II – O humor do texto encontra-se no inusitado do uso de um termo: “FALI!”
III –A ironia do texto consiste no uso das expressões paradoxais (em contraste) “nordes-
tino” e “São Paulo”.

Assinale a alternativa cuja seqüência é ADEQUADA.


a) I e II estão corretas;
b) I e III estão corretas;
c) II e III estão corretas;
d) nenhuma é correta;
e) todas são corretas.
20) As declarações/trechos/textos abaixo apresentam problemas variados, dificul-
tando ao leitor a interpretação. Depois de lê-los atentamente, responda ao que é soli-
citado.

I– “Movimentos sociais organizam comitê contra a fome e a vida.” (título publicado


em Correio Lageano, Lages-SC; março 94)
II – “Ao dar ré, o motorista de um mercedes preto quase encostou num modesto Palio
(...). Ao volante, de boné e óculos escuros, estava Tom Cavalcante.” (Folha de
São Paulo, 26/11/98: tal trecho foi extraído de uma carta de leitor o qual criticou a
reportagem, usando o termo “quase notícia”).
III – “A situação dos hospitais [psiquiátricos] é crítica, ao passo que muitos doentes
sofrem agressões físicas por parte dos funcionários.” (carta argumentativa,
redigida por aluno, sobre o tema “Reforma psiquiátrica; ano: 1999)
*
Obs.: I foi extraído de: JAPIASSU, M. Jornal da Imprença: a notícia levada açério. São Paulo:
Jornais dos Jornais Editora, 1997, p.186.

Assinale a alternativa adequada.

a) As proposições I e II apresentam problemas relativos à incoerência.


b) A proposição II torna-se ambígua ao leitor devido ao uso da palavra “quase” em
“quase encostou”.
c) Na proposição III, há um problema de coesão/coerência.
d) “por parte de”, na III, é uma expressão que aponta para uma incoerência.
e) Na proposição II, há problema de coesão.

21) Freqüentemente, a exposição de um ponto de vista se dá através de uma compa-


ração, provocando determinados efeitos em um texto. Leia os textos abaixo, e, levan-
do em conta essa afirmação, responda ao que é solicitado.

I – Juros altos: “Bem comparando, as taxas de juros praticadas pelo governo parecem
aquela história do marido que cobre a amante de jóias (capital especulativo) e trata
mulher e filhos a pão e água (sociedade brasileira). Desminta quem puder.” Maria
Adelaide Rodrigues. (São Paulo)
(Folha de São Paulo)
II – “Partido político é que nem dança de São João: antes de começar tem que formar
uma quadrilha.”
(O Grande Livro dos Pensamentos de Casseta e Planeta. Em Veja, 29/12/94).

Agora, assinale a alternativa INADEQUADA.


a) A comparação estabelecida no texto I foi um recurso utilizado pela autora para criticar
a exploração e desigualdade existentes em nosso país.
b) No texto I, podemos estabelecer as seguintes relações semânticas (de significado):
“amante” está para exploração de riquezas; “mulher e filhos” está para contenção de
despesas, assim como “marido” está para administrador, gerenciador de rendas.
c) No texto II, além de uma comparação explícita, existe, implícita, uma condição, esta
evidenciada pelo uso da expressão “é que nem”.
d) Através da comparação, o texto II critica a falta de ética, de princípios dos integrantes
dos partidos políticos: clientelismo, corrupção, entre outros.
e) Em ambos os textos, a comparação tem uma finalidade determinada: criticar as
autoridades políticas em nosso país.

22) Assinale a opção em que a mudança na ordem dos termos NÃO altera o sentido
do enunciado.

a) É bastante difundida a crença de que sexo só serve para procriar.


A crença de que só sexo serve para procriar é bastante difundida.
b) O terrorismo é apenas um dos exemplos de intolerância entre os povos da humanidade.
O terrorismo não é senão um dos exemplos de intolerância entre os povos da humani-
dade
c) O Projeto Genoma Humano é logicamente explicado pelos cientistas.
Logicamente, o Projeto Genoma Humano é explicado pelos cientistas.
d) Já não se acredita nos políticos como antigamente.
Antigamente, já não se acreditava nos políticos.
e) As pesquisas acerca da transgenia foram justificadas evidentemente pelos agrônomos.
As pesquisas acerca da transgenia, evidentemente, foram justificadas pelos agrôno-
mos.

23) Indique os valores ou tipo de relações estabelecidas pelas preposições ou locuções


prepositivas sublinhadas, numerando os parênteses em branco de acordo com a nu-
meração dos parênteses anteriores.

A – ( 1 ) O secretário-geral da ONU entende de Direitos Humanos.


( 2 ) Mortas de fadiga, muitas crianças, após realizarem trabalho em carvoarias,
ainda têm de ajudar na lida doméstica.
( 3 ) A distribuição de água no Planeta não deve ser prioridade da ONU.
( 4 ) Pelo protocolo de Kyoto, os países mais industrializados devem reduzir até
2012 a emissão dos gases-estufa em pelo menos 5% em relação aos níveis de
1990.
( 5 ) Todos ficaram em silêncio diante das imagens de destruição das Torres Gê-
meas, nos EUA, veiculadas pela televisão.

( ) causa ( ) assunto ( ) modo


( ) conformidade ( ) posse ( ) lugar
( ) limite ( ) tempo ( ) meio
B – ( 1 ) Vários países fizeram o máximo esforço para evitar a guerra entre EUA e
Iraque.
( 2 ) As idéias da ministra do Meio Ambiente foram ao encontro dos princípios
do PT.
( 3 ) A proposta de reposição salarial dos funcionários públicos foi de encontro
às idéias do partido durante as negociações na assembléia.
( 4 ) Temos de tomar medidas urgentes para evitar os casos de violência domés-
tica no Brasil.
( 5 ) A melhora da saúde do Papa é aguardada com ansiedade pelos fiéis.

( ) oposição ( ) tempo
( ) obrigatoriedade ( ) conformidade
( ) finalidade ( ) modo

C – ( 1 ) O discurso do presidente da República foi lido sem eloqüência por falta de


motivação.
( 2 ) Não resta quase nada de mogno na Amazônia devido à pirataria.
( 3 ) Em discursos pré-eleitorais, é comum ouvir-se que todo poder emana do
povo e em seu nome deve ser exercido.
( 4 ) O Greenpeace manifestou-se contra a instalação, nos EUA, de mais uma
usina nuclear.
( 5 ) A polícia federal procedeu à operação de Bangu I com armas sofisticadas.

( ) matéria ( ) oposição ( ) instrumento


( ) origem ( ) causa
( ) ausência ( ) causa

D – ( 1 ) Ante as reclamações e protestos dos que lidam com agronegócios, o gover-


no decidiu liberar a comercialização da safra de transgênicos de 2003.
( 2 ) Um dos maiores problemas enfrentados por quem tem a responsabilidade
de atacar a criminalidade é definir qual a melhor política de segurança pú-
blica a ser adotada.
( 3 ) Entre os antigos chineses, há muito já se pratica a acupuntura. No Brasil,
para muitos, essa técnica ainda é um tabu.
( 4 ) No PT, sempre houve polêmica entre uma facção e outra..
( 5 ) Chico Mendes, um defensor da Amazônia e pacifista, para não ser esqueci-
do tão facilmente, deveria ter seu nome lembrado nos livros didáticos e nas
aulas de História.

( ) especialidade ( ) fim ( ) reciprocidade


( ) meio social ( ) tempo ( ) fim
( ) fim ( ) conformidade ( ) conseqüência
PRÁTICAS DO DIZER: um exercício da linguagem – caderno de exercícios
7
9
24) Faça o mesmo que fez no exercício 23 com as expressões sublinhadas, de valor
adverbial.

A – ( 1 ) De jeito algum os brasileiros devem pensar na hipótese de internacionaliza-


ção da Amazônia.
( 2 ) Por certo, há países que pensam na internacionalização da Amazônia, mas
é preciso que o Brasil fique alerta a isso.
( 3 ) Numa imprensa democrática, as opiniões devem ser essencialmente livres.
( 4 ) É absolutamente necessário lutar-se contra a escassez de água, considerada
o problema ambiental grave deste milênio.
( 5 ) Finalmente, foi aprovado o Estatuto do Idoso com o intuito de garantir os
direitos dos cidadãos da terceira idade.

( ) intensidade ( ) negação ( ) fim


( ) modo ( ) afirmação
( ) tempo ( ) intensidade

25) Faça como nos exercícios anteriores, levando em conta as expressões denotativas
sublinhadas.

A – ( 1 ) O governador do RS sequer mencionou a possibilidade de fazer qualquer


aliança com outros partidos nas próximas eleições.
( 2 ) A cúpula do governo prometeu realizar uma reforma no Judiciário, aliás,
admitiu tal possibilidade.
( 3 ) A pneumonia asiática centrou-se, em 2003, em dois focos de transmissão, a
saber: China e Canadá.
( 4 ) O uso de preservativo durante as relações sexuais previne a gravidez inde-
sejada, a aquisição do HIV, e, até mesmo, diferentes doenças sexualmente
transmissíveis.
( 5 ) Eis o novo Código Civil ao alcance da população brasileira.

( ) explicação ( ) exclusão
( ) designação ( ) retificação
( ) inclusão
agafg
IIIa PARTE

Questões de v estibulares

1) (UNICAMP/00)

O tema desta tira é, tecnicamente falando, um “neologismo semântico”, isto é, um


novo sentido – surgido há alguns anos –, assumido por uma palavra que já existia. A
palavra em questão é o verbo “ficar”, que ocorre três vezes neste caso.
a) Qual (ou quais) das ocorrências representa(m) um sentido mais antigo do
verbo “ficar”? Qual(is) representa(m) o novo sentido?
b) Que palavra provavelmente preencheria as reticências da terceira fala?
c) A última fala pode ser interpretada como sendo irônica. Por quê?

2) (UNICAMP/00)
Perguntado em fins de 1997 pelo Jornal das Letras (Lisboa) se seu nome seria uma
boa indicação para o Prêmio Nobel de Literatura, junto com os nomes, sempre
lembrados pela imprensa, de José Saramago e Antônio Lobo Antunes, o escritor
português José Cardoso Pires deu a seguinte resposta:

“A Imprensa tem lá as suas razões. Durante os escritores portugueses. Que todos gosta-
anos e anos passei a vida a assinar papéis a riam de ter o Prémio Nobel também é verdade,
pedir um Nobel para um escritor português e mas se um ganhar ganhamos todos. De qual-
isso não serviu de nada. De modo que o facto quer modo o critério actual é o dos mais tradu-
da Imprensa agora prever isto ou aquilo... Uma zidos e os mais traduzidos são o Saramago e o
coisa eu sei: o Prémio Nobel dado a um escri- Lobo Antunes. Eu sou menos. Mas isso não me
tor português de qualidade beneficiava todos preocupa nada. Sinceramente”.

a) Aponte, na resposta de Cardoso Pires, as características de acentuação e grafia


que a identificam como um texto em português europeu.
b) Aponte, na mesma resposta, as construções que a caracterizam como um texto
em português europeu, e dê os prováveis equivalentes brasileiros dessas
construções.
c) Sabemos que o Nobel de Literatura foi ganho em 1998 por José Saramago. A
partir de qual passagem do texto poderíamos desconfiar de que, na opinião do
entrevistado, não necessariamente o vencedor é o melhor?

3) (UNICAMP/00)
A edição de 30 de janeiro de 1998 do Noite e Dia (Feira de Santana, BA) trazia, na
seção Zé Coió, a seguinte história:

“Vou pegar o talão!”


Cansado de não vender nada na sua loja, João tra meia volta e ficou bem ao seu lado. João
pegou o carro e saiu pelo interior para vender pegou a garrafa, começou a acariciar e de
seus produtos. Depois de 15 dias sem tirar um repente surgiu uma voz que disse:
só pedido, sentou-se embaixo de uma árvore – “Você tem direito a três pedidos!”
para descansar. De repente viu uma garrafa e João levantou correndo e disse:
chutou. A garrafa deu meia volta e chegou – “Espere aí que eu vou buscar o talão”. Cá,
junto. João tornou a chutar e a garrafa deu ou- cá, cá, cá, cá, cá, cá, cá.

a) A fala de João, retomada no título, revela um equívoco fundamental na identi-


ficação de quem fala de dentro da garrafa. Em que consiste esse equívoco?
b) Transcreva as palavras que, no diálogo entre as duas personagens, permitem
articular a resposta de João com sua experiência prévia de vendedor itinerante.

4) (UNICAMP/00)
O texto abaixo foi extraído de uma seção que divulga “novidades científicas”.
Leia-o e responda às questões que se seguem:

IDOSA PRECOCE – Dolly é uma cópia tão se dividindo ao longo da vida. Eventualmen-
exata da ovelha de cuja mama os cientistas do te, ficam tão pequenos que a célula perde
Instituto Roslin tiraram uma célula para clonar, essa capacidade. Nesse sentido, os telôme-
que já nasceu “velha”. Quando veio ao mundo, ros estão fundamentalmente ligados ao en-
o interior de suas células já apresentava traços velhecimento. Como Dolly foi criada a partir
não de uma filhote, mas de um animal adulto. de uma célula adulta, seus telômeros são
É o que os biólogos escoceses revelaram na curtos. Se essa anomalia pode acarretar o
revista Nature. O problema está nos envelhecimento precoce da ovelha ou não é
telômeros, apêndices dos cromossomos que outra história ainda a investigar. A compara-
compõem o material genético. Os de Dolly são ção com o drama dos replicantes do filme
20% mais curtos do que deveriam ser numa Blade Runner, andróides vigorosos, mas
ovelha de sua idade. Sabe-se que o de vida curta, é inevitável.
comprimento dos telômeros diminui à medida (ISTOÉ, 1548, 02/06/99)
que as células vão

a) O que é caracterizado como problema e como ele é explicado?


b) Cite a passagem do texto que expressa uma verdade genética conhecida de to-
dos e transcreva a expressão que indica que esse conhecimento é comparti-
lhado.
PRÁTICAS DO DIZER: um exercício da linguagem – caderno de exercícios
8
3
c) Cite uma passagem do texto que expresse uma hipótese.

5) (UNICAMP/00)
Leia o texto abaixo, que apresenta outra “novidade científica”:

RAPOSA NA PELE DE CORDEIRO – Os gol- – e morte em série de outros mamíferos


finhos sempre tiveram uma das mais agradá- aquáticos. Em locais tão distan-tes entre si
veis imagens do mundo animal. Dóceis e úteis, quanto a costa americana e a da Irlanda, os
permeiam a literatura infantil com gestos golfinhos usam seu bico pontudo e dentado
dignos do melhor samaritano. Flipper que o como clavas para bater e retalhar suas
diga. Bom, descobriu-se que a coisa não é presas. Mas, diferentemente de outros
bem assim. Seguindo um rastro de evidências animais carnívoros, eles não comem um pe-
perturbadoras, cientistas de vários países, que daço sequer de suas vítimas. Como a espé-
vêm estudando com mais cautela o cie é muito social com os humanos, teme-se
comportamento desses mamíferos, chegaram que essa violência possa se repetir em par-
a uma triste conclusão: os golfinhos estão ques aquáticos ou cidades costeiras, onde
longe de ser aquelas criaturas felizes e há muita proximidade com golfinhos.
pacíficas. Foram observadas práticas de
infanticídio – golfinhos adultos matando filhotes (ISTOÉ 1554, 10/07/99)

a) Suponha que alguém não saiba nada sobre golfinhos. Como os classificaria, do
ponto de vista da Zoologia, com base em informações fornecidas pelo texto?
b) Qual o receio expresso na última frase do texto, e o que o justifica?
c) Nas fábulas, o inimigo do cordeiro não é a raposa. Tendo isso em conta, qual
deveria ser o título deste texto?

6) (UNICAMP/00)
Millôr Fernandes, considerado um dos maiores humoristas brasileiros, escreveu o
texto “Leite, quéqué isso?” em sua coluna no Caderno 2, no jornal O Estado de S. Paulo,
de 22/08/99. Abaixo, está um excerto desse texto. Leia-o com atenção e responda:

Vocês, que têm mais de 15 anos, se lembram nos peitinhos dela pra tirar o leite dos filhos
quando a gente comprava leite em garrafa, na dela, com muito jeito pra ela não nos dar uma
leiteria da esquina? Lembram mais longe, quan- cipoada?
do a vaca-leiteira, que não era vaca coisa nenhu- Mas vocês não lembram de nada, pô! Vai
ma, era uma caminhonete-depósito, vinha ven- ver nem sabem o que é vaca. Nem o que é
der leite na porta de casa? Lembram mais longe leite. Estou falando isso porque agora mesmo
ainda, quando a gente ia comprar leite no está- peguei um pacote de leite – leite em pacote,
bulo e tinha aquele cheiro forte de bicho, de bos- imagina, Tereza! – na porta dos fundos e es-
ta e de mijo, que a gente achava nojento e só foi tava escrito que é pausterizado, ou pasteuri-
achar genial quando aprendeu que aquilo tudo zado, sei lá, tem vitamina, é garantido pela
era ecológico? Lembram bem mais longe ainda, embromatologia, foi enriquecido e o escam-
quando a gente mesmo criava a vaca e pegava bau.

a) A palavra “embromatologia” soa como um termo técnico, mas não é. Diga por
que parece e por que não é.
b) O texto mostra que a moda pode afetar nossos gostos. Em que passagem isso
aparece?
c) As informações técnicas que acompanham muitos produtos não necessaria-
mente esclarecem o consumidor, mas o impressionam. Transcreva a passagem
do texto em que o autor alude a esse problema.

7) (UNICAMP/01)
Na coluna “De zero a dez”, de Rubem Tavares, publicada na revista Business
Travell, 34, no primeiro semestre de 2000, p.13, encontram-se, entre outras, as se-
guintes notas, especialmente adaptadas:

“Para os lunáticos que insistem em soltar balões de grande porte, causando incêndios e
sérios riscos à segurança dos vôos: segundo o Controle de Tráfego Aéreo, em 1998 foram
registradas 99 ocorrências em Guarulhos. Em todo o ano passado foram registradas 33
ocorrências e, neste ano, só no período de janeiro a abril, já foram 31. As autoridades
deveriam enquadrar os responsáveis por crime inafiançável e trancafiá-los em presídios por
longos anos.”

“Não seria o caso de a Prefeitura pagar por cada nova pichação feita na cidade? É claro que
sim. Se todos entrassem com uma ação simultaneamente, com certeza o prefeito
encontraria novas atribuições para a Guarda Municipal. Vide sugestões na nota anterior que
também poderia ser aplicada nestes casos.”

a) Qual é a conclusão implícita na seqüência “neste ano, só no período de janeiro


a abril, já foram 31” que se encontra na primeira nota?
b) Explicite a sugestão dada no final da segunda nota.

8) (UNICAMP/01)
Quando o treinador Leão foi escolhido para dirigir a seleção brasileira de futebol,
o jornal Correio Popular publicou um texto com muitas imprecisões, do qual consta a
seguinte passagem:

“Durante sua carreira de goleiro, iniciada no do grupo que conquistou o tricampeonato


Comercial de Ribeirão Preto, sua terra natal, mundial, Leão não dava um passo em falso.
Leão, de 51 anos, sempre impôs seu estilo ao Cada atitude e cada declaração eram pensa-
mesmo tempo arredio e disciplinado. Por ou- das com um racionalismo típico de sua famí-
tro lado, costumava ficar horas aprimorando lia, já que seus outros dois irmãos, Edmílson,
seus defeitos após os treinos. Ao chegar à 53 anos, e Édson, 58, são médicos.”
seleção brasileira em 1970, quando fez parte (Correio Popular, Campinas, 20/10/2000)

a) O que aconteceria com Leão se ele, efetivamente, ficasse “aprimorando seus de-
feitos”? Reescreva o trecho de maneira a eliminar o equívoco.
b) A expressão “Por outro lado”, no início do segundo período, contribui para tor-
nar o trecho incoerente. Por quê?
c) Por que o emprego da palavra “racionalismo” é inadequado nessa passagem?
PRÁTICAS DO DIZER: um exercício da linguagem – caderno de exercícios
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9) (UNICAMP/01)
A breve tira ao lado fornece um bom
exemplo de como o contexto pode afetar a
interpretação e até mesmo a análise gramati-
cal de uma seqüência lingüística.

a) Supondo que a fala da moça fosse lida


fora do contexto dessa tira, como você
a entenderia? Se a fala da moça fosse
considerada uma continuação da fala
do rapaz, poderia ser entendida como
uma única palavra, de derivação não
prevista na língua portuguesa. Que
palavra seria e o que significaria?
b) As duas leituras possíveis para a fala
da moça não estão em contradição; ao
contrário, reforçam-se. O que significa-
rá essa fala, se fizermos simultanea-
mente as duas leituras?
Fonte: O Estado de S. Paulo, 24/09/2000.

10) (FURG/01)
A seguir, você tem uma relação de algumas expressões que integram os verbetes
“homem” e “mulher” do Novo Dicionário da Língua Portuguesa de Aurélio Buarque
de Holanda Ferreira.

Homem da lei. Magistrado, advogado, oficial de justiça. Homem de Deus.


Homem piedoso, santo (usado como vocativo, traduz um sentimento de
impaciência, enfado, ou de ironia: Deixe-nos e, paz, homem de Deus!). Homem
de empresa. Indivíduo que tem a seu cargo os negócios duma empresa particular;
empresário. Homem de Estado. Estadista. Homem de letras. Literato, intelectual.
Homem de negócios. Pessoa que trata de grandes negócios e/ou que tem
importantes relações no comércio. Homem de pulso. Homem enérgico, firme.
Homem do povo. Indivíduo considerado como representativo dos interesses e
opiniões do homem comum, homem da rua.

Mulher à toa. Meretriz. Mulher da rótula. Meretriz. Mulher da rua. Meretriz.


Mulher de César. Mulher de reputação inatacável. Mulher do amor. Meretriz.
Mulher do fado. Meretriz. Mulher do fandango. Meretriz. Mulher do pala aberto.
Meretriz. Mulher do piolho. Mulher muito teimosa (usado, em geral, comparati-
vamente: Ô velhinha teimosa! É pior que a mulher do piolho.) Mulher errada.
Meretriz. Mulher fatal. Mulher particularmente sensual e sedutora, que provoca ou
é capaz de provocar tragédias. Mulher perdida. Meretriz. Mulher vadia. Meretriz.

Analisando as duas listas, você pode observar que alguns aspectos de ordem so-
cial ou individual foram levados em conta na elaboração dos verbetes. Compare as
duas listas, considerando esses aspectos.
11) (UNICAMP/02)
Considere a tira abaixo:

Jornal da Tarde, 8/2/2001.

Nessa tira, a crítica ao “estrategista militar” não é explícita. Para compreender a


tira, o leitor deve reconhecer uma alusão a um fato histórico e uma hipótese sobre
transmissão genética.
a) Qual é o fato histórico ao qual a tira faz alusão?
b) Qual é a explicação para as qualidades profissionais do estrategista?
c) Explicite o raciocínio da personagem que critica o estrategista.

12) (UNICAMP/02)
São comuns na imprensa manifestações de profissionais liberais transmitindo ao
grande público informações sobre questões técnicas de interesse social. O texto a se-
guir, de autoria de um advogado, elabora uma distinção relevante para definir as
responsabilidades de uma certa categoria profissional, em caso de insucesso:

[...] Os processos judiciais contra médicos são complexos em razão da difi-


culdade de aferição da culpa pelo dano sofrido. A responsabilidade civil
dos médicos em ações de indenização é, em geral, de meios e não de resul-
tado. A obrigação de meios ocorre quando um profissional assume prestar
um serviço ao qual dedicará toda a sua atenção, cuidado e conhecimento
através das regras consagradas pela prática médica, sem se comprometer
com a obtenção de um certo resultado. A obrigação de resultado é aquela
em que o profissional se compromete a realizar um certo fim, a alcançar um
determinado resultado. As exceções consagradas pela jurisprudência são a
cirurgia estética embelezadora e a anestesia, atos médicos tidos como obri-
gações de resultado. Desde que o ordenamento jurídico brasileiro, a dou-
trina e a jurisprudência consagraram a necessidade da prova de culpa para
aquele que pretenda uma indenização por ato ilícito de outrem, a prova
desta mesma culpa, no caso dos médicos, tendo obrigação geral de meios,
reside na comprovação de que o profissional agiu com falta de cuidado ou
deixou de aplicar a prática dos recursos usuais da ciência médica aplicá-
veis ao caso concreto.

(Rafael Maines, “Responsabilidade”. Diário Catarinense, 25/8/2001)


PRÁTICAS DO DIZER: um exercício da linguagem – caderno de exercícios
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a) Diga, sucintamente, qual é a distinção apresentada no texto, e como ela afeta a
categoria profissional em questão.
b) Nos dicionários, as palavras aparecem, em geral, associadas a vários sentidos.
Para consagrar, o dicionário Houaiss anota, entre outros, os seguintes: “1.
Investir(-se) de caráter ou funções sagradas, dedicando(-se), por meio de um
rito, a uma ou mais de uma divindade; sagrar. 2. Entre os católicos e em certas
seitas protestantes, operar a transubstanciação pelo rito da eucaristia. 3.
Oferecer(-se) a Deus, a um santo, etc. por meio de voto ou promessa. [...] 6.
Aclamar, eleger, promover, elevar. 7. Reconhecer como legítimo; acolher,
sancionar. 8. Jurar pela hóstia consagrada”. Supondo que você tenha dúvidas
sobre o sentido de “consagradas” (“exceções consagradas”) e “consagraram”
(“a doutrina e a jurisprudência consagraram”), em qual das definições se
apoiaria para aproximar-se da acepção que essas palavras têm no texto?

13) (UNICAMP/02)

Alguém menos tolerante no que se refere a imprecisões de linguagem poderia


dizer que a notícia abaixo (publicada no jornal Folha de S. Paulo, de 26/5/2001) faz
referência a alguma coisa impossível.

FAÇANHA Erik Weihenmayer, 32, escala o monte Everest; ele tornou-se ontem o
primeiro cego a escalar a montanha mais alta do mundo e pretende repetir o feito em
outros continentes.

a) Que coisa é essa e por que é impossível?


b) O que, provavelmente, a legenda da foto quer dizer?
14) (UNICAMP/02)
Em julho de 1998, a sociedade brasileira tomou conhecimento pela imprensa de
que as pílulas anticoncepcionais comercializadas por um determinado laboratório
durante um certo período haviam sido fabricadas à base de farinha de trigo e não
continham as substâncias que deveriam constituir seu princípio ativo. A charge abai-
xo é alusiva a esse fato.

(Folha de S. Paulo, 14/7/1998)

a) Segundo o noticiário, qual era a relação entre farinha e pílulas anticoncepcio-


nais? Como esta relação aparece na charge?
b) O que sugere a expressão “Depois que virar pizza”, no segundo balão?
c) Para responder a b), o leitor deve considerar uma expressão idiomática que
não está no texto e que inclui a palavra “pizza”. Qual é a expressão e o que ela
significa?

15) (UNICAMP/02)
Uma revista semanal brasileira traz a seguinte nota em sua seção A SEMANA:

O HOMEM DAS BEXIGAS


O britânico Ian Ashpole bateu no domingo, 28, o recorde de altitude
em vôo com bexigas: subiu 3.350 metros amarrado a 600 balões, supe-
rando sua marca de 3 mil metros. Ian subiu de bexiga e voltou de pára-
quedas. “Quando eu era criança, assisti a um filme chamado Balão
vermelho. Desde então me apaixonei por esse esporte”, disse ele.
(ISTOÉ, 7/11/2001)

a) O título poderia ser considerado ambíguo, dado que a palavra “bexiga” tem
vários sentidos em português. Cite pelo menos dois desses sentidos.
b) Em que passagem do texto se desfaz a ambigüidade do título?
c) Dada a modalidade esportiva que Ian pratica, qual poderia ser o tema do
filme mencionado?
PRÁTICAS DO DIZER: um exercício da linguagem – caderno de exercícios
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16) (UNICAMP/02)

Os dois textos abaixo, extraídos do livro E os Preços Eram Commodos, de M. Gue-


des e R. de A. Berlink (São Paulo, Humanitas, 2000), representam um tipo de anúncio
comum nos jornais do século passado e são muito semelhantes, embora tratem de as-
suntos que hoje consideraríamos bastante diferentes.

ESCRAVO FUGIDO ANIMAL DESAPARECIDO


Fugio no dia 30 de Junho pp o escravo de nome Ana- Na noite de domingo para segunda-
cleto; creoulo, representando idade de 30 a 35 annos, feira, foi roubado em frente do Chico
com os seguintes signaes: altura mediana, côr fula, Pinto um animal com os seguintes sig-
corpo delgado, rosto comprido e um pouco entortado, naes: ruano, calçado dos quatro pés,
boca regular e falta de 2 ou 3 dentes da parte de cima, tem no queixo um osso saliente para
um signal de cada lado das maçans do rosto, cabello fora, andar de trote. O referido estava
cortado rente; a entrada da testa do lado esquerdo é arreado com basto, novo, pellego imi-
maior do que a do lado direito, falla manso mostrando tação de carneiro, sobrexincha de ca-
humildade. Sabe lêr e escrever e costuma inculcar-se darço verde. Quem der notícias certas
forro e voluntário da pátria. Levou vestido paletot e ou entregar ao proprietário, será grati-
calça de casimira preta com pouco uso e uma trouxa ficado com 50$000.
de roupa com calças e paletots brancos. Usa tambem
Antonio Victorino da Silva
de bigode e barba rapada.
Quem o prender e trouxer em Campinas e pozer na Jahú, 1º de agosto de 1897.
Cadêa receberá de gratificação 100$000 do sr (Correio do Jahu, 08 de agosto de 1897)
Joaquim Candido Thevenar.
(Gazeta de Campinas, 17 de julho de 1870)
a) Sem considerar as diferenças de ortografia, identifique no anúncio da Gazeta
de Campinas duas expressões que hoje não seriam correntes e, portanto, para
ser adequadamente compreendidas, exigiriam algum tipo de pesquisa históri-
ca ou lingüística.
b) Explicite pelo menos duas semelhanças no conteúdo dos dois anúncios.
c) Que traço da mentalidade escravocrata pode ser identificado pela comparação
dos dois anúncios?

17) (FUVEST/00)

Ao se discutirem as idéias expostas na assembléia, chegou-se à seguinte conclusão: pôr


em confronto essas idéias com outras menos polêmicas seria avaliar melhor o peso des-
sas idéias, à luz do princípio geral que vem regendo as mesmas idéias.

a) Transcreva o texto, substituindo as expressões sublinhadas por pronomes pes-


soais que lhes sejam correspondentes e efetuando as alterações necessárias.
b) Reescreva a oração Ao se discutirem as idéias expostas na assembléia, introduzin-
do-a pela conjunção adequada e mantendo a correlação entre os tempos ver-
bais.

18) (UFPEL/INVERNO/00)
Dois dias antes da decisão da Copa, as duas frases abaixo apareceram em perió-
dicos de circulação nacional, evidenciando diferentes opiniões dos redatores acerca
da possibilidade da conquista do pentacampeonato.

I. Os jogadores do time brasileiro ainda não sabem se conquistarão o


penta.
II. Os jogadores do time brasileiro ainda não sabem que conquistarão o
penta.

Identifique a frase cujo redator acredita nessa conquista. Justifique à luz do nexo
sublinhado.

19) (FUVEST/00)

Orientação para uso deste medicamento: antes de você usar este


medicamento, verifica se o rótulo consta as seguintes informações,
seu nome, nome de seu médico, data de manipulação e validade e
fórmula do medicamento solicitado.

a) Há no texto desvios em relação à norma culta. Reescreva-o, fazendo as corre-


ções necessárias.
b) A que se refere, no contexto, o pronome seu da expressão “seu nome”? Justifi-
que sua resposta.

20) (FUVEST/00)

Ouvir alguém falar não é como tornar a ouvi-lo através de uma


máquina: o que ouvimos, quando temos um rosto diante de nós,
nunca é o que ouvimos, quando, diante de nós, há uma fita que
gira. Um reluzir de olhos, um agitar de mãos, às vezes, torna
aceitável a frase mais idiota. Mas sem aquelas mãos, sem
aqueles olhos, a frase se desnuda em toda a sua desconcertante
idiotice.
(Oriana Fallaci. Os antipáticos)

a) Complete, mantendo o sentido do texto, o segmento A frase mais idiota torna-


se, às vezes, aceitável, a não ser que...
b) Termine a frase A presença física de nosso interlocutor ... com uma conclusão que
sintetize o texto.
PRÁTICAS DO DIZER: um exercício da linguagem – caderno de exercícios
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21) (FURG/01)

Brincadeiras de roda e com bonecas não estão mais fazendo parte do mundo
de fantasia de meninas com menos de dez anos. Elas agora se reúnem para um
estranho ritual: aprimorar coreografias sensuais ao som de grupos como É o Tchan e As
Meninas, e a graça está em competir para ver quem dança melhor.
O que, à primeira vista, parece uma brincadeira, ganha contornos sérios
quando os próprios adultos estimulam a erotização precoce. Basta entrar em uma loja
infantil. Na seção das meninas, é difícil encontrar moletons e outras roupas
confortáveis, que permitam a liberdade de movimentos.
Exemplo disso é um grande magazine de Porto Alegre. Lá os modelitos à
disposição são a mais pura imitação de roupas de adultos. O mais sedutora possível,
ainda que de mau gosto. O que dizer de blusas para meninas de dois a três anos,
coladas ao corpo, num tecido vermelho brilhoso? Há, inclusive, marcas especializadas
nessa transformação. Botas e sapatos de salto alto, tamancos com solados exagerados
é o que mais se encontra.
(Adaptado de Márcia Camarano, Extra Classe, n.44, ago. 2000)

Qual o tema central do texto acima? Qual a posição que a autora manifesta
quanto a esse tema?

22) (UFPEL/00)

No Diário Popular, do dia 16.5.1999, encontramos o seguinte texto:

ESCLARECIMENTO
Torno público, a quem interessar possa, que a intimação que me foi
feita pelo Serviço Notarial e Registral ROCHA BRITO, relativa a protesto
de título do Banco General Motors S.A., no valor de R$ 178,00, com
vencimento para o dia 7/4/1999, deveu-se a extravio do carnê de pagamento
e descuido da pessoa encarregada de pagar a dita prestação, sendo que a
mesma foi, de pronto, liquidada.
Pelotas, 14 de maio de 1999.
W.S.R.
(firma reconhecida)
Embora se deva admitir que, em termos de sentido, o texto não deixa dúvidas
acerca do que pretende o autor, uma determinada passagem, por ser ambígua, nos
leva a uma interpretação cômica do que ocorreu.
Com base em seus conhecimentos lingüísticos:
a) explicite a hipótese absurda a que essa passagem pode levar o leitor;
b) reescreva apenas o trecho problemático, eliminando a ambigüidade.
23) (UFPEL/00)

De uso freqüente em língua portuguesa, o pleonasmo vicioso consiste na repe-


tição desnecessária de uma informação, como, por exemplo, expressões do tipo “Ele
saiu pra fora”, “Ele me deu pra mim...”, “Atualmente, nos dias de hoje...”. Entretanto,
outras vezes, o uso repetido de uma informação pode denotar uma especial intenção
por parte do autor da mensagem ou pode conter uma informação adicional.
É o caso de uma frase proferida por um comentarista de futebol que, ao referir-se
à dificuldade de o Flamengo vencer o adversário com chutes de longa distância,
elogiou o gol de Romário, fruto de um cruzamento para a área, com a seguinte frase:
“Romário cabeceou com a cabeça”. Embora a aparente obviedade, podemos perceber
que, em função do contexto, a expressão com a cabeça nos remete a um outro
significado: ele cabeceou, e isso, no jogo, foi uma atitude inteligente.
No jornal Diário Popular, do dia 11.4.1999, encontramos o seguinte texto:

TEMPO
Passam, a cada 24 horas, cada um dos 15 dias de sobrevida do Pronto-Socorro da FAU.

Numa primeira leitura do trecho acima, parece haver uma obviedade. No


entanto, percebe-se que ela cumpre uma importante função de sentido dentro do
texto.
Com base nisso, responda:
a) Qual é a obviedade?
b) Que efeito de sentido ela confere ao texto?

24) (UFPEL/00)
Na revista Época de 16.8.1999, encontramos a seguinte matéria acerca da
campanha publicitária pelo desarmamento da população:

POLÊMICA
VAMOS DESARMAR OS BANDIDOS. NÃO OS CIDADÃOS DE BEM. Campanha de interesse público da Mainardi Propaganda.
Negro quem, cara-pálida?
Cinqüenta outdoors de uma campanha contra a proibição do uso de armas de fogo foram
retirados das ruas de São Paulo sob a acusação de racismo. A imagem de um rapaz de pele
escura com uma arma na mão e uma tarja negra nos olhos foi considerada preconceituosa por
duas procuradoras paulistas que convenceram a Justiça a recolher os painéis. O jovem que
emprestou seu rosto à campanha colocou a decisão em xeque com uma declaração
desconcertante. “Não sou negro”, avisou Deneílson Paulo, 25 anos, motociclista da agência
PRÁTICAS DO DIZER: um exercício da linguagem – caderno de exercícios
9
3
responsável pela campanha. A certidão de nascimento confirma: sua cor, oficialmente, é
branca. O publicitário Ênio Mainardi, criador da campanha, discorda de Deneílson. “Seria fácil
escapar dizendo que ele é branco. Mas ele não é. É da mesma raça vira-lata de todos nós,
brasileiros”, diz Mainardi. O publicitário está convencido de que o racismo foi só uma
desculpa. “Queriam atacar a campanha e arrumaram um argumento. Vou processar as duas
procuradoras por danos morais. Nunca fui racista”, afirma.

No conjunto da matéria, evidencia-se uma contradição por parte de Ênio


Mainardi.
a) Qual é essa contradição?

25) (UFPEL/00)
Na revista Época, de 16.8.1999, aparece o trecho de uma carta, transcrito abaixo,
que responde às críticas da cantora Rita Lee aos rodeios.

Percebo que, além dos comerciais de telefone, Rita Lee já está


precisando causar polêmicas para continuar na mídia. Se já foi provado que
os animais de rodeio não são prejudicados em nada, por que atrapalhar o
divertimento das pessoas com bobagens? Garanto que ser viciado em
rodeios é melhor do que o ser em outras coisas.
Ezio Fernando Molinar,
São Paulo, SP
Com base no texto e em seu conhecimento de mundo, responda:
a) Qual seria a diferença de sentido, em relação à ironia presente no texto, se, ao
invés de “já” (linha 1), tivesse aparecido “ainda”?
b) A que palavra ou expressão do texto se refere o pronome em destaque?

26) (UFPEL/00)

Alguns defeitos de construção de um texto decorrem da não-observância do


paralelismo gramatical, uma qualidade de estilo através da qual elementos da mesma
função devem ser representados pela mesma espécie de construção.
Distribuído por uma farmácia de manipulação da cidade, o texto abaixo,
reproduzido com pequenas alterações, contém exemplos de falta de paralelismo.
MÁSCARAS FACIAIS, O SEGREDO DE UMA MAGIA
APLICANDO AS MÁSCARAS EM QUATRO ETAPAS
1. Devemos primeiramente misturar a máscara 3. Aguardar de 15 a 20 minutos; neste tempo o
no pote, com o auxílio da espátula própria produto deverá agir, secar e formar uma más-
que acompanha o produto. cara rígida sobre a pele.
2. Retire, com o auxílio da mesma espátula, a 4. Molhar a ponta dos dedos, decorrido o tem-
quantidade necessária e coloque no rosto, po determinado, e, com movimentos circula-
distribuindo com a ponta dos dedos ou com res, fazer uma leve massagem sobre a pele,
um pincel largo. dissolvendo aos poucos a máscara. (...)

Tomando como referência a construção do item 2, reescreva os itens que apresen-


tam falta de paralelismo em relação a ele, fazendo apenas as modificações necessárias.

27) (UFPEL/00)

Na edição do jornal Zero Hora, do dia 22.8.1999, encontramos, na coluna de Élio


Gaspari, o seguinte texto:

Curso Madame Natasha de piano e português


Madame Natasha tem horror a música. Ela socorre
os desgovernados do idioma e deu uma de suas bolsas
de estudo aos diretores da General Motors.
A firma, com sede nos Estados Unidos, fatura US$ 161 bilhões (duas vezes superior ao Produto
Interno Bruto do Chile) e acaba de publicar um anúncio para seus fregueses.
Nele, pede aos proprietários de carros Astra 99 GLS e GL, com coluna de direção regulável, das
séries 0XB310 a 343.900 que os levem a uma oficina autorizada para que sejam inspecionados. Por
quê? É a seguinte a explicação da GM:
“Esse procedimento é necessário por existir a possibilidade de, em alguns veículos, a junta uni-
versal desacoplar-se da árvore de direção, levando à anulação do controle direcional.”
Madame Natasha sabe que a GM, escrevendo em gemês, quis dizer o seguinte:
“O carro pode se desgovernar.”
O uso da linguagem empolada para esconder o significado do que se deve dizer é coisa antiga.
No ano passado, por exemplo, o laboratório Schering descobriu que havia na praça cartelas do
seu anticoncepcional Microvlar com pílulas de farinha. Recomendou às consumidoras que se cui-
dassem, usando “métodos de barreira”. Não quiseram dizer o que deveriam: quem toma anticon-
cepcional de farinha deve usar camisinha.
A diretoria da GM sabe muito bem que essa conversa de “a junta universal desacoplar-se da ár -
vore de direção” significa que um de seus fregueses pode vir a perder o controle do Astra que di-
rige, acoplando-se, a 80 quilômetros por hora, ao tronco de uma árvore da calçada.
A enrolação foi deliberada. O que não se consegue entender é o seguinte: se a GM decidiu em-
pulhar os clientes que lêem o seu anúncio, qual o seu nível de responsabilidade se todos os donos
de Astras ameaçados forem enrolados? Poderá dizer que eles não sabem ler. Ou que não entendem
gemês.

a) Com relação à linguagem, que crítica está presente em todo o texto,


garantindo-lhe coesão?
PRÁTICAS DO DIZER: um exercício da linguagem – caderno de exercícios
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28) (UFPEL/00)
Como se sabe, o título e o subtítulo de uma matéria são responsáveis por chamar
a atenção do leitor para ela.
O texto abaixo, publicado nas principais revistas do país, ao referir-se a uma go-
leada sofrida pelo Brasil diante da sempre rival Argentina, utiliza a linguagem es-
portiva com o objetivo de chamar a atenção do leitor para o problema do não- paga-
mento dos direitos autorais.

ARGENTINA: 4 X BRASIL: 0
CULPA DO JUIZ
Em matéria de respeito ao Direito Auto- Da próxima vez que ouvir falar em Rock
ral o Brasil está tomando de goleada da Ar- In Rio, pense que, para os seus artistas favo-
gentina. ritos, melhor seria o Rock In Buenos Aires, já
A Argentina, com um território bem me- que do Rock In Rio II, realizado em 1994, os
nor do que o do Brasil e uma população que autores até hoje nunca viram a cor do di-
é um quinto da brasileira, paga três vezes nheiro.
mais aos seus compositores e Mas a maioria dos nossos
artistas do que o Brasil. juízes, indo contra um direito
Lá, as TVs a cabo e por as- tão óbvio, protela as decisões
sinatura sempre pagam o Di- e acaba protegendo os usuá-
reito Autoral. Aqui no Brasil, rios de música que nos devem
elas já existem há sete anos e R$ 200 MILHÕES.
nunca pagaram um tostão. E ainda lhes permitem
Quando o grupo de rock continuar usando música que
U2 esteve na Argentina, foram não lhes pertence, mesmo
arrecadados US$ 2 MILHÕES em Direito contra a vontade dos compositores e vio-
Autoral. Aqui no Brasil, o promotor do show lando a nossa Constituição, que diz:
se recusou a pagar e sumiu.
“AOS AUTORES PERTENCE O
Na Argentina, as emissoras de rádio e
DIREITO EXCLUSIVO DE UTILIZAÇÃO,
TVs abertas só funcionam se pagarem Di-
PUBLICAÇÃO OU REPRODUÇÃO DE
reito Autoral. Aqui no Brasil, elas o sone-
SUAS OBRAS.”
gam, desrespeitando a Constituição Federal,
a Lei de Direito Autoral e os tratados inter- Pelo menos nessa derrota do Brasil a
nacionais firmados pelo Brasil. E isso com a gente sabe que a culpa é do juiz.
tolerância da própria Justiça.

a) Diga quais foram, segundo o texto, os quatro gols feitos pela Argentina.
b) Explique por que o texto atribui a culpa ao juiz.
29) (UFPEL/98)
Também não é raro encontrar em periódicos, especialmente nos diários, estrutu-
ras ambíguas que, se não chegam a prejudicar a compreensão da frase, constituem,
pelo menos, motivo de estranhamento.
Observe:

Dúvida I
Na quarta-feira passada, o canal escolhido para assistir aos jogos do
Brasileiro foi a Bandeirantes. Cobertura completa e eficiente, diga-se de
passagem. Em determinado momento, aparece aquele número do “Disk-
Sport”, onde a gente concorre a uma grana com a marcação de gols, bola
na trave, pênalti etc. E lá foi feita uma “fezinha”.
(Fonte: Diário Popular, 09/12/97)
Reestruture o primeiro período do texto, desfazendo a ambigüidade.

30) (UFPEL/INVERNO/00)
No jornal Zero Hora de 24 de julho de 1999, encontramos a seguinte charge de
Marco Aurélio:

Caso você não se recorde, ela alude à passeata do movimento dos “sem” (sem-
teto, sem-emprego, sem-terra), que se manifestava contra a situação política do Bra-
sil.
Com base nisso, responda:
a) Como você interpreta o fato de “os de sempre” estarem à frente dos outros
grupos?
b) A quem a crítica do chargista é dirigida? Que elementos visuais nos levam a
essa conclusão?
PRÁTICAS DO DIZER: um exercício da linguagem – caderno de exercícios
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31) (UFPEL/INVERNO/00)
O texto abaixo – que servirá de base para as questões (a) e (b) – contém um frag-
mento do artigo de Sérgio Abranches “O povo não quer só...”, publicado na revista
Veja, de 29.09.99.

O que é mais importante? Combater a pobreza ou preservar a liberda-


de? Acertou quem respondeu as duas. Basta ler o prêmio Nobel Amartya
Sen, que não tem feito outra coisa senão estudar a difícil relação entre ética
e economia. A maioria de seus estudos diz respeito à pobreza e à desigual-
dade. Se há um intelectual que entende de pobreza e de desigualdade é ele.
E a miséria extrema tem sido sua principal preocupação.

a) A transformação de verbos em nomes (valorizar  valorização; polir 


polimento; aprender  aprendizagem) é recurso de que podemos lançar mão para
expressar-nos de muitas formas diferentes.
Reescreva as frases em que aparecem as formas verbais sublinhadas,
substituindo-as pelo nome correspondente e fazendo apenas as alterações
necessárias.
b) No fragmento acima, aparecem formas verbais compostas (...não faz outra coisa
senão...; ...a miséria extrema é sua principal preocupação), haveria uma certa
mudança no sentido das frases originais.
Que mudança de sentido haveria nelas?

32) (UFPEL/INVERNO/00)
Leia atentamente a tira abaixo, publicada em revistas de circulação nacional:

FOLHA DE SÃO PAULO


O jornal que mais se compra. E que nunca se vende.

A tira acima apresenta, intencionalmente, possibilidade de duas leituras, uma


delas superficial, contraditória. Essa dupla interpretação advém do emprego da
palavra se em funções diferentes.

a) Quais são as duas interpretações que podem ser depreendidas das frases da
tira acima?
b) A palavra nunca, na última delas, pressupõe que a Folha de São Paulo não se
vende em momento nenhum. Entretanto, ainda podemos perceber uma outra
informação implícita.
Qual é essa informação?
33) (UFPEL/INVERNO/00)
As várias denúncias de medicamentos falsos, como as famosas “pílulas de fari-
nha” (anticoncepcionais falsificados feitos à base de fubá), expuseram um dos mais
terríveis desrespeitos ao cidadão cometidos no país. A esse tema reporta-se o texto
abaixo, publicado no jornal Zero Hora, em 9 de agosto de 1998:

Não só os remédios são falsos


Todos nós, médicos, estudamos e trabalhamos para salvar vidas. Perseguimos a cura.
Sofremos com a morte e nos alegramos quando conseguimos adiá-la.
É por isso que hoje, depois de publicamente exposta à miríade de crimes que envolvem
os medicamentos, vimos a público manifestar nossa indignação.
O quadro de crise da saúde pública já era de todos conhecido: pessoas esperam nas filas,
horas, dias, meses, para obter um diagnóstico e, muitas vezes, morrem antes de consegui-lo;
instituições superlotam, fecham. Fraudes roubam o dinheiro da saúde. Agora, soma-se outro
quadro, onde a incompetência e o descaso escancaram brechas para a impunidade e ela,
como que atendendo a um convite irresistível, instala-se sem controle.
O próprio Poder Público compra os falsificados. O próprio Poder Público protege os
falsificadores, quando se ausenta da fiscalização preventiva.
Continuaremos, no entanto, nossa luta pela vida apesar dos fraudadores.
E dos que permitem a fraude.
Porto Alegre, 9 de agosto de 1998.
Dr. Marco Antônio Becker – Presidente do CREMERS
Dr. Martinho Alvares Silva – Presidente da AMRIGS
Dr. Paulo de Argollo Mendes – Presidente do SIMERS

Com base em sua leitura, responda:


a) O termo “não só” pressupõe que haja algo mais falso além dos remédios. Que
algo mais seria esse?
b) No antepenúltimo parágrafo, a expressão “O próprio Poder Público” não
precisaria ser repetida se o redator utilizasse o nexo “e”. Entretanto, qual o
efeito de sentido conferido por essa recorrência?

34) (UFPEL/01)

O texto ao lado apresenta uma


determinada visão sobre o mundo do
trabalho, nos dias de hoje.

a) Segundo a tira, qual é o perfil


que deve ter o profissional para
se adaptar a essa perspectiva?
b) De que forma está presente a
ironia, no texto?
PRÁTICAS DO DIZER: um exercício da linguagem – caderno de exercícios
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35) (UFPEL/01)
Revistas de circulação nacional têm publicado freqüentemente matérias sobre a
necessidade de os pais ou responsáveis imporem limites às crianças.
O quadro a seguir apresenta algumas sugestões a respeito do assunto.

Observar o comportamento da criança.


Manter o sim e o não que foram ditos.
Conduzir a criança a compreender que seus direitos
acabam quando começam os direitos dos outros.
Inserir, no dia-a-dia, a terapêutica do elogio.
Demonstrar, acima de tudo, bons exemplos.
(Isto É – nov/2000 – adaptado)

a) Reescreva o texto, transformando os verbos sublinhados em substantivos deles


derivados (ex.: exibir – exibição), e fazendo as alterações necessárias.

36) (UFPEL/01)
Observe o texto abaixo:

FOLGA PARA FAZER O EXAME


“Foi aprovado na Câmara e segue para o Senado estudo que prevê a falta ao
trabalho, um dia por ano, para realizar o exame preventivo de câncer ginecológico”.
(revista Cláudia, novembro 2000, página 48 – adaptado)

a) Da leitura do fragmento acima, se podem depreender informações implícitas.


Cite duas delas.
b) Reescreva esse fragmento, colocando a palavra grifada no plural e fazendo as
adaptações necessárias.

37) (UFPEL/INVERNO/01)
Em comemoração ao Dia das Mães, a TIM CTMR CELULAR veiculou a seguinte
mensagem:

SE VOCÊ LIGA PRA SUA MÃE,


DÊ UM TIM PRA ELA.

Baseando-se na leitura do texto, que reproduz a nossa linguagem quotidiana,


responda:
a) Que palavra admite uma dupla interpretação?
b) Que conotação foi dada a essa palavra, na propaganda?
38) (UFPEL/02)
Leia o texto abaixo, de Moacyr Scliar, veiculado no jornal “Zero Hora”, em
07/10/2001.

“Acreditem: a batalha final não será travada entre as Forças da


Luz e os Agentes das Trevas, mas sim entre aqueles que dizem:
‘Sim, os americanos são arrogantes e prepotentes, mas os ataques
terroristas são horríveis’ e os que dizem: ‘Sim, os ataques terroristas
são horríveis, mas os americanos são arrogantes e prepotentes’.”

No texto, há dois períodos em que, através da inversão na ordem dos segmentos


introduzidos por “mas”, houve uma mudança na orientação argumentativa.
a) Qual desses períodos poderia ser usado para justificar atos terroristas?
Explique porquê.

39) (UFPEL/INVERNO/01)
Observe atentamente o período abaixo:

Conforme esperam os promotores do espetáculo


destinado a arrecadar fundos para ampliar a Escola X,
se esse evento merecer a simpatia e a colaboração do
povo e mostrar a esperança de minimizar o problema
de crianças sem escola, terá atingido seus objetivos.

Copie novamente o período acima, fazendo as seguintes substituições:


a) o verbo esperar pelo verbo prever;
b) o verbo merecer pelo verbo obter;
c) o verbo mostrar pelo verbo trazer.

40) (UFPEL/INVERNO/01)
Estruturas como as seguintes são freqüentes na língua falada, já que a língua de
todos os dias é mais solta, mais livre das amarras da norma-padrão.

I. Faltava alguns dias para esgotar o prazo de entrega da pesquisa, quando o


professor pediu pra mim relatar as conclusões que cheguei.
II. A criança, levaram ela para o hospital.
III. O Dr. X. que eu não gostava dele, deu-me ótimas orientações a respeito do assunto.

Reescreva as estruturas acima, de acordo com a língua formal.


PRÁTICAS DO DIZER: um exercício da linguagem – caderno de exercícios
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41) (UFPEL/INVERNO/01)
Na tira abaixo, pode-se depreender a crítica do autor a um dos problemas que
comprometem a qualidade do texto.

fonte: ABAURRE & PONTARA, Português. Ed. Moderna, p.10

Com base nisso, responda:


a) Qual é o problema apresentado pela redação de Calvin?
b) Nessa redação, há uma crítica implícita. Que crítica é essa e a quem ela é
dirigida?

42) (UFPEL/INVERNO/01)

a) Que interpretação se pode tirar do fato de o autor referir-se aos participantes


da ALCA por “alcatéia”?
b) Qual a posição do Brasil na ALCA, na interpretação do autor?
43) (FURG/00)

Rosto

Das três dores de meu peito,


só uma se mostra. Mas
sem grito.
Conciliados se encontram
rosto e dor.
É uma pedra lisa e fria
o silêncio de meu rosto.
Nem no retrato de ontem –
corroído pelo tempo –
nem no de agora – tão triste! –
o grito transpõe a face.
Costurados em silêncio,
dor e rosto se confundem.
São como o musgo na pedra,
como a espada na bainha,
como a semente na flor.
Não sei se a dor vem do rosto
ou o rosto vem da dor!

O poema é da poetisa Lila Ripoll (1905-1967)

Os dois últimos versos expressam uma dúvida: se o rosto que esconde um


sentimento seria conseqüência ou causa da dor.
Justifique esta interpretação com base no poema.

44) (FURG/00)

O funcionário público, acima de tudo, coisa pública. A qualidade essencial do Ho-


deve desfazer-se da roupagem antiga e mem na Natureza é ficar de pé. O jargão
abandonar a polidez forçada, tão inconsis- ininteligível dos velhos ministérios deve dar
tente com a postura de homens livres, e que lugar ao estilo claro, conciso, isento de
é uma relíquia do tempo em que alguns ho- expressões de servilismo, de formas obse-
mens eram ministros e outros, seus escravos. quiosas, indiretas e pedantes, ou de qualquer
Sabemos que as velhas formas de governo já insinuação no sentido de que existe autori-
desapareceram: devemos até esquecer como dade superior à razão e à ordem estabelecida
eram. As maneiras simples e naturais devem pelas leis – um estilo que adote atitude natu-
substituir a dignidade artificial que freqüente- ral em relação às autoridades subalternas.
mente constituía a única virtude de um chefe Não deve haver frases convencionais, nem
de departamento ou outro funcionário desperdício de palavras.
graduado. Decência e genuína seriedade são (Apud LASSWELL, H., KAPLAN, A. A linguagem da
os requisitos exigidos de homens dedicados à política. Brasília: Ed. da Universidade de Brasília, 1979.)
PRÁTICAS DO DIZER: um exercício da linguagem – caderno de exercícios
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Muitos culpam a tecnologia pela poluição xico. Esse conhecimento é necessário no
generalizada, pelo esgotamento dos recur- nível da comunidade quando ela avalia o
sos naturais e até mesmo pela decadência impacto da construção de uma nova fábri-
da sociedade. No entanto, é melhor com- ca. E também no nível pessoal, quando se
bater os perigos da tecnologia com o co- decide pela compra de um produto em ae-
nhecimento, não com a ignorância. O poder rosol, ou se põem no lixo materiais perigo-
da ciência e da tecnologia traz consigo a sos. O modo de pensar científico torna-se
responsabilidade de manter o equilíbrio vital para a sociedade à medida que novos
natural. Para tanto, devemos conhecer as fatos são conhecidos e novas idéias sobre
regras básicas da natureza. É importante como cuidar do planeta são necessárias.
que os cidadãos estejam informados acerca
de como o mundo lida com coisas do tipo (Adaptado de HEWITT, P. Conceptual Physics.
chuva ácida, aquecimento global e lixo tó- Menlo Park: Addison-Wesley, 1992.)

46) (UFPEL/04)
Leia atentamente a tira abaixo.

O MELHOR DE CALVIN / Bill Watterson

(http://www.estado.estadao.com.br; acesso em: 07/09/2003)

a) Calvin tece comentários em relação a diferentes tipos de expressão artística.


De que recurso lingüístico se vale para expor suas idéias?
b) O que se pode concluir das falas de Calvin, com respeito à sua concepção de
arte?

47) (UFPEL/04)
O uso de palavras empregadas em sentido metafórico é recurso largamente
utilizado no discurso publicitário.
a) Transcreva do texto – uma propaganda da campanha Fome Zero – as palavras
que comprovam o que foi dito acima, explicitando-lhes o sentido.
(Zero Hora, 30/08/03)b) O texto foi estruturado em linguagem coloquial. Identifique a(s) marca(s) dessa
forma
(Zero Hora, 30/08/03)
de expressão.
c) O texto conduz a uma idéia de inevitabilidade. Copie a palavra que traduz essa
idéia.

48) (UFPEL/04)

O CÂNCER DA TRISTEZA
A depressão que um diagnóstico de câncer acar-
reta pode encurtar a vida do paciente. A revista
Psychosomatic Medicine publicou um estudo feito, ao
longo de uma década, pela Universidade de Roches-
ter, nos Estados Unidos, com 205 vítimas da doença.
Todas haviam recebido a notícia do câncer pouco
tempo antes do início da pesquisa. Oitenta pessoas
do grupo já morreram – a maioria delas apresentara
os piores resultados em testes psicológicos. A con-
clusão dos autores é que pacientes de câncer tam-
bém devem ter o acompanhamento de um psicólogo.
(Veja, 20/08/03)

a) O título da notícia pode levar a mais de uma leitura. Quais são elas?
b) O uso do vocábulo “também”, na última linha do texto, permite que se recu-
pere uma informação implícita. Explicite-a.

49) (UFPEL/04)

Observe o trecho a seguir.

O ex-general iraquiano Izzat Ibrahim al Durin esta-


ria coordenando os ataques no Iraque contra as tro-
pas da coalizão anglo-americana, afirmou hoje um
funcionário do Pentágono.
Segundo o funcionário, que pediu para não ser
identificado, o Pentágono teria informações de que Al
Durin está coordenando os ataques de combatentes
estrangeiros e iraquianos leais ao ex-presidente
Saddam Hussein. [...]
(www.folha.com.br, Folha Online, 29/10/03; acesso em
29/10/03)

a) A locução verbal “estar coordenando” aparece, no texto, de duas formas dife-


rentes. Comente a razão do uso de cada uma delas.
PRÁTICAS DO DIZER: um exercício da linguagem – caderno de exercícios
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b) Transcreva do texto uma forma verbal cujo emprego remete à mesma idéia de
uma dessas locuções.

50) (MAPOFEI-SP – adaptada)


Observe a lista abaixo.

tacitamente prolixamente
obscuramente radicalmente
sutilmente puerilmente
Escolha, nessa lista, o advérbio mais adequado a cada uma das ações a seguir
enunciadas, de acordo com o modelo.

MODELO: Falar com insolência. = Falar arrogantemente.

1) Dizer com palavras enigmáticas e difíceis de compreender.


2) Exprimir-se com palavras excessivas.
3) Concordar sem dizer palavras.
4) Agir como criança.
5) Insinuar com perspicácia e delicadeza.
6) Eliminar pela base.

51) (UFPEL/INVERNO/02)
Uma conhecida operadora de telefonia celular publicou a seguinte peça publici-
tária no jornal Diário Popular, edição do dia 24 de novembro de 2001:

Pode-se perceber, no entanto, que o texto con-


tém uma inadequação à modalidade padrão, que,
embora comum na linguagem coloquial, modifica o
sentido pretendido pela empresa.
Com base nisso, faça o que se pede.
a) Corrija o texto publicitário de acordo com o
sentido pretendido.
b) Se o texto fosse entendido ao pé da letra,
qual serviço a empresa estaria obrigada a
oferecer?

52) (UFPEL/03)

ANTINADA E ANTININGUÉM
O Brasil de hoje, independentemente das
sombras que pairam no horizonte do sistema fi-
nanceiro internacional, revela um vigoroso de-
sejo de renovação. No entanto, o clima de sinis-
trose renasce constantemente. A suposta implo-
são do Real e a iminente argentinização de
nossa economia foi anunciada inúmeras vezes.
A especulação, irresponsável e voraz, elevou a
cotação do dólar e repercutiu no endividamento
das empresas. Alguns ganharam, mas o Brasil
perdeu. A situação é grave. Certamente. Mas
está muito distante das previsões de certos uru-
bus do mercado. [...]
(Di Franco, Carlos Alberto, Diário Popular, 10/10/02)

Há contradição entre o conteúdo do texto e o título a ele atribuído? Justifique.

53) (UFPEL/INVERNO/02)
Dada a recorrência de um determinado cenário socioeconômico mundial, o jornal
Zero Hora republicou, em 22 de dezembro de 2001, uma charge que já o havia ilus-
trado em meados de junho daquele ano:

Com base na charge e em seus conhecimentos, faça o que se pede.


a) Identifique a situação real ali caricaturizada.
b) A charge traz, de forma implícita, um desfecho para essa situação. Explique,
através dos elementos visuais, que desfecho seria esse.

54) (UFPEL/03)
O fascículo 2 da série “Brasil 500 anos”, publicada pela Editora Abril, tem, como
introdução, o texto “Colonização e Nova Ordem”, do qual foi retirado o fragmento a
seguir.
PRÁTICAS DO DIZER: um exercício da linguagem – caderno de exercícios
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Demorou algum tempo para que os portu-
gueses tivessem idéia da extensão de seus do-
mínios americanos e se apercebessem do que
significariam para o Império Português, se fos-
sem bem explorados. Mapearam o litoral e nele
semearam pequenos pontos de apoio para a na-
vegação. Deram-se conta rapidamente de que
os índios nada produziam que pudesse interes-
sar ao mercado europeu além do pau-brasil cor-
tado e embarcado em troca de uns poucos pro-
dutos de valor medíocre.

Os tempos verbais utilizados no texto – por se tratar de um fragmento narrativo


– são os tempos do passado. Para provocar uma atitude de maior engajamento do
narrador, para aumentar a “tensão” em relação ao que está sendo relatado, é comum
aparecerem, nos textos do mundo narrado, tempos do presente.
Transcreva o parágrafo acima, utilizando tempos do presente.

55) (UFPEL/03)
Algumas palavras da língua que pertencem à esfera semântica das relações,
atuam na junção de elementos da frase. Este é o caso das preposições, que podem
estabelecer relações de sentido com os elementos por elas conectados. Um exemplo
disso é o que acontece com a preposição em, que pode trazer uma idéia de lugar (es-
tar em casa) ou uma idéia de modo (estar em dificuldades).
Examine as estruturas abaixo, todas elas apresentando a preposição por.

I. Todos lutam por melhores condições de vida.


II. Os dois prédios são unidos por uma passarela.
III. Muitos, por timidez, não conseguem dizer o que pensam.
IV. Por mim, podem fazer o que quiserem.
V. Ela sorria, enquanto andava por todas as peças daquela casa.

Explicite a relação de sentido que o uso dessa preposição trouxe a cada uma das
frases.
Laís Maria Passos Rodrigues & Teresinha dos Santos Brandão
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56) (UFPEL/INVERNO/02)

Poema da necessidade
É preciso casar João,
é preciso suportar Antônio,
é preciso odiar Melquíades,
é preciso substituir nós todos.
É preciso salvar o país,
é preciso crer em Deus,
é preciso pagar as dívidas,
é preciso comprar um rádio,
é preciso esquecer fulana.
É preciso estudar volapuque*,
é preciso estar sempre bêbedo,
é preciso ler Baudelaire,
é preciso colher as flores
de que rezam velhos autores.
É preciso viver com os homens,
é preciso não assassiná-los,
é preciso ter mãos pálidas
e anunciar o FIM DO MUNDO.

Carlos Drummond de Andrade


(Sentimento do mundo, 1940)
* Língua auxiliar de comunicação internacional, lançada em 1879
pelo alemão Mons. Johann M. Schleyer. (Dicionário Aurélio, 1986)

Considere a totalidade do poema e o momento histórico em que foi escrito.


a) Pode-se perceber a recorrência da expressão “é preciso” durante quase todo o
texto. Qual o efeito de sentido que pode ser extraído dessa escolha do poeta?
b) Analise a última estrofe, contextualizando-a.

(FURG/01)

Instrução: as questões de números 57 e 58 referem-se ao texto abaixo.


PRÁTICAS DO DIZER 2: um exercício da linguagem
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TEXTO

Livro eletrônico:
você ainda vai ler um
O avanço das novas tecnologias está
revolucionando a relação entre os
leitores e a literatura em todo o mundo
Você sabia?
Carlos Corrêa E-book é o livro eletrônico, que
pode ser lido de três diferentes
O acervo de toda a Feira do Livro de maneiras. As mais usadas são a
1
Porto Alegre – cerca de 210 bancas nesta leitura direta no computador ou
2
edição – em uma banquinha só. Clássicos então através de um aparelho
3
de Shakespeare, Machado de Assis ou específico, conhecido como e-
4
Balzac, de graça, ao alcance de um clique. book device. A outra maneira,
5
Uma estante inteira de livros dentro da me- menos comum, é através de um
6
mória do computador. palm top, um pequeno computa-
7
(...) dor de mão.
8 As infinitas possibilidades abertas
9 pelos e-books devem transformar comple-
10 tamente a relação dos leitores com a litera-
11 tura nos próximos anos. E essa revolução já
12 começou.
(Zero Hora, 4/11/00)

57) A propósito do texto, é INCORRETO afirmar que


a) a expressão Livro eletrônico (título) é colocada em primeiro plano e seguida
de dois pontos, para enfatizar o tópico a ser comentado.
b) o vocábulo ainda (título) é portador de pressuposição, isto é, sugere idéia não
explicitada.
c) o termo revolucionando (subtítulo) poderia ser substituído por está causando
impasse entre leitores e literatura.
d) a palavra avanço (subtítulo) é derivada de um verbo.
e) na palavra devem (linha 9) há marca do parecer de quem produziu o texto.

58) Considerando aspectos relativos ao uso da língua na construção do texto, é


INCORRETO afirmar que

a) o emprego do grau diminutivo em banquinha (linha 3) visa a opor as


dimensões da banca à extensão e qualidade do acervo.
b) a palavra clique (linha 5), por constituir-se na imitação de um som, é exemplo
de onomatopéia.
c) o termo Clássicos (linha 3) refere-se, no contexto, a obras que se caracterizam
pelo mais alto padrão de qualidade, tendo sido produzidas por escritores
famosos, legítimos representantes da melhor literatura, ao longo do tempo.
Laís Maria Passos Rodrigues & Teresinha dos Santos Brandão
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d) o modificador adverbial completamente (linhas 9-10) refere-se à relação do
leitor com a literatura.
e) a expressão essa revolução (linha 11) funciona como mecanismo de coesão
textual, remetendo o leitor a idéias expressas anteriormente.

(FURG/03)
As questões de 59 a 61 são vinculadas ao texto abaixo.

1 Produtores da região criam peixes


2 na lavoura de arroz

3 Após a introdução da piscicultura não


4 houve registro de ocorrência de bicheira da
5 raiz, não sendo necessária a utilização de
6 herbicida para seu controle. Também foi veri-
7 ficada uma melhoria nas condições de fertili-
8 dade do solo, o que pode ser constatado pelo
9 aspecto e vigor das plantas, em comparação
10 ao restante da área.
11 (Adaptado de A Razão, Santa Maria,
12 29/09/02, p.4)

59) Assinale a opção que, sem alterar o sentido do texto, poderia substituir o
segmento não sendo necessária a utilização de herbicida (linhas 5-6)
a) à medida que não se aplicou herbicida.
b) uma vez que não foi aplicado herbicida.
c) o que dispensou a aplicação de herbicida.
d) em detrimento da aplicação de herbicida.
e) por não ter sido aplicado herbicida.

60) A palavra seu (linha 6) refere-se à expressão


a) bicheira da raiz.
b) utilização de herbicida.
c) piscicultura.
d) registro de ocorrência.
e) introdução da piscicultura.

61) O segmento o que pode ser constatado (linha 8) refere-se à expressão


a) introdução da piscicultura.
b) fertilidade do solo.
PRÁTICAS DO DIZER 2: um exercício da linguagem
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Laís Maria Passos Rodrigues & Teresinha dos Santos Brandão
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PRÁTICAS DO DIZER 2: um exercício da linguagem
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d) protesto a um sistema político opressor
e) influência do “American way of life” (modo americano de viver) na educação
e no relacionamento social
Referências Bibliográficas

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PRÁTICAS DO DIZER 2: um exercício da linguagem
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