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para Autistas
Módulo 1
Aula 1 – Etapa 1
Levar uma criança que tem o transtorno do espectro autista até o momento da alfabe-
tização é a preocupação de muitos pais e professores e é sempre um caminho que
precisa ser percorrido com paciência, sem pressa e envolve muitas etapas. Por isso,
esse curso busca trazer algumas informações, sugestões e estratégias de avaliação de
alternativas de atividades para alfabetizar as nossas crianças.
Então, a primeira etapa diz respeito a conhecer quem é seu personagem, quem é esse
aluno e quais são as suas características, a fim de entender se já é possível iniciar o
processo ou não. Em alguns casos, já se pode poder entrar com o trabalho vendo os
fonemas de imediato, mas em outros tem que se percorrer um longo caminho, cons-
truindo uma história até chegar na fase onde vai ser possível decodificar a leitura.
Nessa primeira aula, vamos tratar da identificação das alterações das habilidades que
envolvem o processo de aprendizagem e uma avaliação comportamental dos nossos
alunos, o que significa que existem habilidades prévias. No caso do TEA, com certeza é
porque é um processo que exige um amadurecimento da neurobiologia do cérebro.
Dessa forma, não podemos esperar que uma criança de 1 ano aprenda a ler, assim
como ela ainda não pode se alimentar com determinados alimentos. Logo, nós preci-
samos de habilidades prévias e se nós não as tivermos, o que vai acontecer é um insu-
cesso, fazendo com que e nós acreditemos que a criança com TEA não é capaz de
aprender a ler e, na verdade, não é isso. O que ocorre é que nós deixamos de cumprir
alguns elementos básicos, algumas histórias prévias que antecediam esse processo de
alfabetização.
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
Às vezes nós nos surpreendemos quando a criança pronuncia a primeira palavra, pois
para nós a sensação é de que aquilo está começando naquele momento, mas na
verdade o ser humano começa a trabalhar as habilidades para falar e andar desde o
seu nascimento.
A causa do autismo ainda é desconhecida, o que nós temos são muitas hipóteses,
sendo que uma das possíveis causas diz respeito ao prejuízo qualitativo na área da
linguagem.
Por isso, dentro de uma visão desenvolvimentista, que considera a linguagem como
ponto central no estudo do autismo, é necessário voltar aos precursores de linguagem
- que nada mais é do que tudo aquilo que acontece desde o nascimento de um bebê
até o momento em que ele vai falar, expressar oralmente aquilo que ele deseja, ou
seja, onde surge a linguagem expressiva e compreensiva. Vejamos a seguir sobre esses
precursores.
Todo esse caminho que a criança percorre envolve o uso do olhar, sendo que a troca do
olhar com o cuidador é responsável pelo afeto e, consequentemente, pelo desenvolvi-
mento da inteligência. Isso, inclusive, é explicado pelas teorias desenvolvimentistas e
cognitivistas: a afetividade está presente na troca do olhar. Dessa forma, o olhar está
diretamente ligado a alfabetização, pois é através dele que a criança pode acompanhar
todas as atividades que lhe estão sendo fornecidas e é fundamental que esse olhar
seja um olhar de qualidade.
Nesse contexto, muitas pessoas ficam com dúvidas, uma vez que é muito falado que o
autista não olha nos olhos. No entanto, às vezes conhecemos portadores da síndrome
de asperger que olham nos olhos, sim. Nesses casos, o que é avaliado é a qualidade do
olhar, como que esse olhar se comunica, se tem uma duração socialmente aceita, se é
muito fixo, vazio, entre outros aspectos.
Também há a questão da vocalização, que é os gritos que o bebê costuma dar no berço
ou no colo, que são sinais de saúde, de que a linguagem está tomando o percurso
adequado. está interpretando. Quando a criança vocaliza, isso facilita o processo de
alfabetização, pois é mais fácil fazer com que a ela repita os fonemas. Do contrário, isso
não representa um impedimento,, pois existe uma diversidade muito grande dentro
do autismo, tendo crianças não-verbais e com plenas capacidades de aprender a ler e
escrever.
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
Mas, e como saber? Simples, porque elas interpretam, escrevem o que estão pensan-
do, você faz perguntas sobre o texto e ela mostra na gravura o que ela vê. Portanto, a
autista não-verbal também pode aprender a ler e escrever.
Um outro movimento precursor que a criança faz, lá pelos seus cinco ou seis meses de
vida, é o movimento antecipatório. Um exemplo disso é quando o bebê começa a jogar
os braços para manifestar a vontade de ir para o colo de alguém em que ele tem confi-
ança, antecipando um desejo dele. Essa questão interfere no processo de alfabetiza-
ção porque para a criança aprender qualquer coisa, ela precisa saber demonstrar o seu
desejo, saber se antecipar.
Outro fator que merece atenção, é a imitação arbitrária, que é quando a criança apren-
de a fazer uma imitação espontânea, sendo ela muito necessária para cópia, escrita,
para pronunciar os fonemas e repetir.
Também temos a fala referencial, que em geral antecede a fala fluente. Ou seja, é o
momento em que a criança começa a falar pedaços de palavras e apelidos. Assim, a
criança está iniciando uma verbalização e isso normalmente ocorre aos um ano e oito
meses de idade.
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Isso significa que antes de mais nada, para alfabetizar, é preciso desenvolver esses
precursores de linguagem, fazendo com que aquilo que não aconteceu naturalmente,
aconteça de uma forma artificial por meio de um acompanhamento terapêutico.
Desse modo, é fundamental fazer uma avaliação detalhada e fidedigna para que a
intervenção e as atividades sejam mais acertivas e apropriadas para as necessidades
da criança. Lembre-se que o trabalho no TEA envolve sempre o resgate do desenvolvi-
mento, da afetividade e da interação social para que as demais áreas possam ser
desenvolvidas.
Nesta etapa falaremos sobre como avaliar os precursores de linguagem, visto que
muitas vezes o professor pode ter dificuldades de pensar em quais atividades podem
ser realizadas para desenvolver essa habilidade ou mesmo identifica-la na criança.
Na aula anterior, tratamos sobre uma série de precursores e fizemos o caminho que o
bebê percorre até chegar à fala, ressaltando que nem todos eles que tocarão no pro-
cesso de alfabetização. As características que interferem diretamente no processo de
leitura e escrita, bem como a compreensão e a interpretação, são:
Para que essa avaliação seja mais precisa, é interessante que o interlocutor mova-se
verificando se a criança acompanha estes movimentos. Ainda, uma outra forma
importante de fazer essa observação é utilizar um objeto de interesse da criança
colocando-o no plano vertical e/ou no horizontal, verificando se existe a coordenação
visomotora, bastante necessária para a prática de escrever. É também muito impor-
tante avaliar se a criança possui a percepção dos detalhes, ao contar uma história ou
apresentar uma gravura, se acompanha e explora o objeto com o olhar.
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É importante lembrar que essa etapa é parte de uma sequência e somente poderá ser
desenvolvida depois for feita a avaliação do uso do olhar e os movimentos antecipató-
rios.
Crianças sem autismo olham para o local mostrado, enquanto que as crianças autistas
tendem a olhar para a ponta do seu dedo. Então, caso você não seja um avaliador
preparado, talvez não perceba a sutileza dessas diferenças. Por isso, é muito bom que
você faça essa avaliação em conjunto com outra pessoa, que possa fazer anotações
enquanto você observa ou vice-versa.
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Depois é necessário que a criança faça uma troca de olhares, compartilhando a aten-
ção. Esse gesto se relaciona com a formação do diálogo: no processo de leitura, quan-
do você apresenta uma letra ou um fonema e questiona qual a figura que se relaciona
com o som que você está produzindo, a criança deve fazer o uso do olhar no papel e
voltar o olhar para você. Uma forma de fazer isso é trabalhar com a criança sobre uma
mesa, trocando objetos de posição, observando se ela consegue alternar o olhar, ou
colocando algum objeto perto do seu rosto para que ela direcione o olhar para você, ou
chamando outra pessoa para o trabalho fazendo um jogo com bola, obrigando a
criança a olhar para você.
Todas as atividades sugeridas são utilizadas não somente para avaliar, como também
para intervir quando a criança não tem habilidade.
IMITAÇÃO ARBITRÁRIA - O que esperamos é que a criança faça uma imitação espontâ-
nea já por volta dos treze meses, quando a ensinamos a bater palminhas, por exemplo.
Em geral, uma criança autista com 6-7 anos não imita ou então tem uma imitação
atrasada, ou seja, aquela em que a criança ouviu uma frase há um tempo e acaba
repetindo fora de contexto.
A criança precisa repetir o fonema que você está emitindo, imite a escrita, pois a cópia é
uma forma de imitação. Um ótimo exercício para isso é utilizar o espelho. Se a criança é
muito refratária à questão da imitação, pode-se induzí-la imitando seus gestos: se a
criança bate na mesa, você bate também, colocando-se à frente dela como se fosse um
espelho ou uma sombra.
As imitações motoras são também bastante atrativas: brincar de bola, pular em uma
cama elástica, jogar bolinhas para o alto... Ensinar a criança a imitar coisas simples e
através da brincadeira, auxiliarão muito na imitação da escrita, que nada mais é do que
uma cópia.
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feitas pelo menos três tentativas a cada dez minutos, alternando as atividades para
evitar o cansaço e a perda de interesse da criança frente aos estímulos.
É muito importante que encaremos esse processo de forma científica, fazendo anota-
ções, produzindo relatórios sobre os resultados, observando quais são as falhas, o que
precisa ser melhorado.
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HABILIDADES VISOESPACIAIS
- O aluno olha para o local adequado enquanto realiza a tarefa? -> Muito importan-
te, independente da idade do aluno.
- O olhar é sustentado? -> É normal que, durante uma aula, o aluno olhe para outros
lados, mas deve voltar o olhar para a atividade.
- Consegue mudar o olhar de plano sem perder a atenção? -> Observar se a criança
leva o olhar e retorna à atividade ou ela perde o foco e busca outras coisas.
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- Nomeia objetos? -> Se for verbal. Se não for, que a criança pelo menos saiba
demonstrar apontando aquilo que ela precisa ou quer.
- Ouve histórias ou relatos por pelo menos 5 minutos? -> Sabemos que existem
muitos problemas de comportamento envolvidos no TEA e vários deles estão em torno
da dificuldade de atenção e da ansiedade. Crianças muito ansiosas, por exemplo,
demonstram esteriotipias, não têm foco. Então é necessário que a criança que está se
propondo a aprender a ler e escrever seja capaz de ouvir por pelo menos 5 minutos.
Em primeiro lugar, pelo fato da qualidade da atenção, pois caso a criança não tenha
essa capacidade, não haverá percepção que se sustente ou memória que se concreti-
ze. Em segundo lugar, se a criança não suporta ouvir um relato de cinco minutos, pode
significar que ela não suporta interação com o outro.
Uma sugestão de atividade que tem dado muito certo na prática é procurar aumentar
o tempo de concentração da criança utilizando música. Por exemplo, proponha fazer
uma atividade enquanto a música está tocando. No decorrer do tempo, a duração da
atividade pode aumentar, com a execução da mesma tarefa enquanto a música toca
duas vezes.
- Compreende ordens? -> Toda vez que se deseja fazer com que a criança se torne
mais compreensiva do que está no seu entorno e esteja mais inserida no contexto, a
aprendizagem da linguagem oral se dá sempre pelos verbos, pois substantivos são
altamente arbitrários, enquanto os verbos são ações que podem ser demonstradas.
Então, a criança com autismo consegue aprender melhor a função e aplicação da
linguagem quando começamos pelos verbos (risque, coma, pule, pinte).
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Sabemos que a criança precisa ter perpecção visual e auditiva bem desenvolvidas para
aprender a ler e escrever. Quando se trata em crianças com TEA, essa questão é mais
complicada, pois existe a possibilidade de hiper ou hipossensibilidade visual e/ou
auditiva, ou seja, a incapacidade de perceber diferenças ou mesmo ter aversão à
certos estímulos.
Nessa etapa do curso, estamos considerando que você conhece o seu aluno suficiente-
mente para saber se ele possui essas características, se ele se incomoda com foco de
luz ou cores muito fortes, ou se ele é do tipo que não se dá conta de detalhes. Além
disso, a questão da localização no espaço, pois sempre trabalharemos a leitura associ-
ada à escrita.
Existem crianças ou jovens com autismo que rejeitam a escrita, especialmente aqueles
que aprenderam a ler sozinhos. Nesse caso, podemos substituir a escrita pela colagem
de uma letra, a representação de um fonema, ou mesmo pela tecnologia de um com-
putador, tablet ou qualquer outro equipamento que cause um pouco mais de interes-
se nessa pessoa. O que não pode ser permitido é que a leitura se dê sem a escrita.
- Percebe detalhes sem se fixar neles? -> Tanto podemos ter um aluno que passa as
páginas de uma revista sem nenhuma fixação, como podemos ter uma criança que se
interessa por determinado personagem que para em uma página mas foca a atenção
em um detalhe mínimo e desimportante. Ambas situações não são saudáveis. O ideal
é que a criança explore o espaço inteiro e tenha uma dimensão do visual como um
todo.
- Consegue montar quebra-cabeças mesmo que de poucas peças? -> O que impor-
ta não é a habilidade de montar o quebra-cabeça mas sim se ela percebe a questão do
todo e das partes. Com essa atividade, podemos analisar se a criança tem a capacidade
de síntese, de juntar partes, habilidade esta que será cobrada no futuro, quando
solicitarmos que ela junte o fonema “b” com a letra “a”.
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- Completa imagens e/ou letras? -> Isso tem uma relação com a percepção visual -
habilidade que envolve a leitura - como também possui uma relação importante com
a teoria da coerência central. Se a criança vê o pedaço de uma letra, pode não reconhe-
cer a letra completa, então precisamos mostrar isso comparando as duas formas (a
letra de forma completa e incompleta).
Após a conclusão dessa avaliação, na medida em que for constatado que existe algu-
ma falha nessas questões apresentadas, devemos sempre buscar fazer um trabalho
de suplência, de maneira a compensar aquilo que não é bem desenvolvido, até que a
criança tenha eficiência nesses tópicos.
Essa é uma questão muito importante na aprendizagem de qualquer ser humano, mas
especialmente no TEA devemos observar e avaliar a capacidade de simbolizar, memo-
rizar e evocar a informação aprendida. Sabemos que uma das grandes dificuldades de
uma criança autista é a habilidade de simbolizar, pois a utilização de símbolos é alta-
mente subjetiva. Como existe uma dificuldade muito grande na interação social,
consequentemente, a criança com TEA não se apropria dessa cultura.
Sabendo que existe uma falha no processo de imaginação na criança que tem TEA,
precisaremos avaliar o nível dessa fragilidade, bem como procurar desenvolvê-la.
Quando uma criança se interessa mais por uma caixa de papelão do que por um brin-
quedo, é sinal de que existe uma falha na sua capacidade lúdica e aí precisamos produ-
zir isso. Isso é muito importante, pois no momento da alfabetização, precisamos deixar
a imagem da “bola” e passar para o fonema que inicia a palavra “bola”, o que depende
de uma capacidade de simbolização bastante intensa.
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cadeira. Brincar que conversa com alguém com um telefone de brinquedo é imaginar;
pegar um objeto qualquer, como uma garrafa vazia, fazendo de conta que esse objeto
é um telefone, é algo muito mais complexo do que brincar com um telefone. Isso
significa que a criança está simbolizando, imaginando e colocando algo dela ali, ou
seja, é uma conduta simbólica.
Quando a criança começa a brincar com o “faz de conta”, temos boa parte do jogo
ganho!
- Apresenta memória de trabalho? -> Uma características de várias crianças com TEA
é uma capacidade incrível de memorização. Mas a memória de trabalho é aquela em
que ela registra e memoriza enquanto realiza um exercício.
Estimular a memória é muito importante, não somente com o copiar ou o decorar, mas
sim pela busca de criar um repertório dentro do sujeito, para que ele possa construir
novas aprendizagens.
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Módulo 2 – Aula 1
Estudo de caso – Habilidades necessárias ao
processo de alfabetização
THÉO
Ao avaliar uma criança de 8 anos com TEA que frequenta o primeiro ano de uma escola
regular, encontramos o seguinte quadro:
1 – Théo olha nos olhos do seu interlocutor por 3 segundos, mas isso nunca ocorre de
forma espontânea – ele precisa ser convidado.
2 – Quando deseja algum objeto que está na mão de um adulto, ele tira o objeto rapi-
damente e evita a interação.
Théo só olha na direção solicitada se for convidado com o indicador do adulto que conversa
com ele. Não aponta e utiliza a mão do adulto como ferramenta, ou seja, coloca a sua mão
sobre a mão do adulto para pegar um objeto que está ao seu alcance.
Nesse caso, o ideal é inverter a posição das mãos, colocando a sua mão sobre a da
criança e pega o objeto para que ela perceba que tem condições de fazer isso. Esse
gesto demonstra a falta de maturidade do Théo em relação à independência e autono-
mia.
Ao ter a sua atenção desafiada para o compartilhamento, olha em duas direções, mas em
seguida escolhe um único foco e fixa o olhar no objeto eleito.
Por exemplo, se você oferece ao Théo uma caneta e uma tesoura, ele olha rapidamente
para os dois e escolhe um. Se estivéssemos falando de dois brinquedos ou dois objetos
que lhe sejam interessantes, esperaríamos que Théo alternasse o olhar e não esco-
lhesse um objeto fixando o olhar em um único ponto. Nesse tipo de situação, a propos-
ta é que você inverta a posição dos objetos para que a criança possa olhar para os dois
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Ao entrar na sala, Théo segue uma espécie de ritual, passando pelos mesmos brinquedos e
atividades antes de aceitar um novo convite.
Frente a essa situação, uma boa sugestão é começar a quebrar a rotina alterando
gradativamente a sequência de atividades, substituindo a última, inicialmente, depois
a penúltima, e assim sucessivamente. Além disso, caso a criança já domine uma ativi-
dade de vida autônoma como escovar os dentes – se ela sabe a função da escova de
dentes e sabe escová-los com independência -, pode-se utilizar uma outra escova de
dentes para fazer uma pintura. Por outro lado, se não existe essa autonomia com
relação ao objeto, não se deve utilizá-lo para outras atividades.
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Existe ainda o desafio da atenção conjunta, pois a criança precisa aprender a olhar sem
que você convide somente com o indicador e entender que deve olhar para onde se
está convidando somente com a utilização da fala ou mesmo com o olhar do interlocu-
tor. Por isso, é necessário aumentar este treino, utilizando lanternas e o seu próprio
olhar, fazendo movimentos com a cabeça e desenvolver o apontar da criança. Leve o
dedo da criança até o objeto desejado para que ela aprenda a finalidade.
Com base nesse contexto, não poderíamos começar hoje o trabalho de alfabetização
com o Théo sem antes reparar todas essas falhas e prepará-lo para o movimento de
perceber letras, fonemas e tudo mais que esse processo exige.
Módulo 2 - Aula 2
Habilidades necessárias ao processo de alfabetização
Nesta aula comentaremos sobre algumas atividades que foram vivenciadas na prática.
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Sabemos que o fonema é a menor unidade da língua. Por isso existe a enorme necessi-
dade de que a criança seja consciente da ideia do todo e suas partes. Através de uma
brincadeira como essa, trabalharemos a percepção, habilidade de comunicação, a
habilidade visoespacial, ou seja, todas as habilidades necessárias para a criança apren-
der a ler.
Imaginando a situação de uma criança que ainda não consegue fazer essa montagem,
juntando essas cinco peças e fazer um todo, em primeiro lugar entregamos à ela o
quebra-cabeças montado e desmontamos retirando pedaço por pedaço, conforme a
imagem a seguir, chamando a atenção para cada peça com o dedo indicador.
Existem casos de criança que, aos dois anos, montam quebra-cabeças com 48 peças
com perfeição. Isso pode ser resultado de uma memória muito poderosa, mas que não
é eficiente para os casos de aprendizagem, pois quando é feita a evocação da atividade
aprendida, ela falha. Nesses casos, pode-se voltar a uma atividade como essa.
Após desmontar o brinquedo, peça para que a criança faça a montagem sozinha.
Desse modo, proporcionamos à criança o pensamento de “vai e volta”, para que no
futuro, por exemplo, o som do R com o A, vai fazer o RA, e o A com o R, vai fazer o AR.
Assim estamos preparando o terreno para depois trabalharmos com o todo e as par-
tes, com unidades menores, com situações em que uma letra ou um fonema troca de
posição, etc.
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Sabemos que uma das alterações de uma criança autista é exatamente na percepção
(hipo ou hipersenssibilidade), por isso é importante que se evite imagens com muitas
cores ou poluição visual.
Na imagem abaixo vemos um tipo de quebra-cabeça que não é adequado para uma
criança autista, pois o personagem aparece muito decorado, uma imagem infantiliza-
da. Não significa que não se possa utilizar imagens infantis, afinal, estamos trabalhan-
do com crianças. Mas seria muito interessante apresentarmos uma zebra de verdade,
para evitar certa confusão visual.
Esse tipo de brinquedo faria um grande sucesso com crianças típicas, mas não com
crianças que possuem alterações nas percepções.
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Na imagem a seguir podemos ver um outro brinquedo simples e que pode ser encon-
trado facilmente e são utilizadas como se fossem cubinhos de gelo. É muito importante
também utilizarmos objetos dessa natureza, como gelo ou mesmo bolsas térmicas.
O canal sensorial é uma porta aberta para a aprendizagem. Toda vez que adquirimos
aprendizado, isso se dá por meio das percepções, pelo visual, pelo auditivo, pelo corpo,
etc. Em geral, temos essa queixa da criança com autismo, que muitas vezes possui
aversão ao toque. Então, ao fazermos essa estimulação sensorial, estamos também
trabalhando para equilibrar essa questão da sensibilidade, treinando ainda a criança
para que seja mais tolerante a ambientes com diferentes temperaturas.
Não podemos pensar na leitura sem a escrita! Essas duas habilidades precisam cami-
nhar juntas, pois precisamos da representação grafofonêmica para desenvolvermos a
consciência fonológica. Não adianta nada a criança saber ler muito bem mas não ser
capaz de transcrever aquilo que lê.
Na imagem a seguir, vemos um tabuleiro com letras de encaixe. Apesar de ser lindo,
colorido e um presente muito bacana para crianças que não tem alterações na percep-
ção, não é adequado para trabalharmos com crianças com TEA.
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Utilizando este tabuleiro, com tantas texturas e cores diferentes, a criança teria muita
dificuldade na percepção do contorno. Por isso, não é o indicado para trabalharmos
com crianças autistas.
Uma questão que sempre surge é a questão de letra cursiva x letra de caixa alta. Às
vezes a criança aprende a escrever, mas utiliza somente letras maiúsculas e não utiliza
a letra cursiva, o que traz uma preocupação muito grande. Na verdade, todos os esfor-
ços devem ser focados no ato de escrever, de conseguir representar o pensamento de
uma forma escrita, e não no tipo de letra que a criança utiliza.
Essa atividade ainda pode ser feita com a utilização de balões de aniversário, que
sejam resistentes e não estourem com facilidade. Depois, aos poucos vá introduzindo
a cartolina, ou uma folha A4, pois a criança já estará familizaridada com esse tipo de
caneta, já experimentou o prazer de escrever e quebrou a resistência.
É interessante não ficar preso às letras nesse momento, mas sim aproveitar para falar
sobre as cores, qual o objeto que está sendo pintado, para que serve, etc. Dessa forma
se desenvolve, ao mesmo tempo, a linguagem, a relação visoespacial, a capacidade de
se comunicar e também a memória das brincadeiras.
Aqui está outra sugestão para trabalharmos, não somente com crianças, mas também
com adultos autistas que precisam superar a resistência à escrita: utilizando o mesmo
tipo de caneta para escrever em um espelho, conforme a imagem a seguir.
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Nessa imagem, estamos trabalhando o plano horizontal, mas esse espelho também
pode estar preso em uma parede e, nesse caso, estaríamos trabalhando o plano verti-
cal. Quando a criança tem dificuldade em iniciar em um plano vertical, coloque o
espelho na parede, depois utiliza um plano mais inclinado, com o espelho na diagonal
e depois colocá-lo deitado sobre uma superfície. O ato da escrita depende também do
uso do olhar, pois a criança terá que transcrever do plano vertical para o horizontal. Se
a criança tem essa dificuldade, é interessante fazer isso por etapas.
Quando se dá uma linha pontilhada para a criança cobrir, com a intenção de que ela
aprenda a escrever a letra B, podemos obter como resultado justamente o que está
demonstrado nesta imagem.
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Por isso, o ideal seria já entregar a criança a letra completa e aí sim pedir que ela cubra a
letra com outra cor, seja com uma caneta, com tinta ou com os dedos, conforme a
imagem abaixo:
Dessa forma a criança entenderá com mais facilidade como é que se desenha essa
letra.
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Módulo 3 – Aula 1
A leitura precoce e uma análise crítica dos
métodos de alfabetização
Para chegarmos ao processo considerado adequado para a alfabetização de crianças
com TEA, precisamos conhecer um pouco do que se fala a respeito de cada um destes
métodos.
O PAPEL DA MÚSICA
Outra importante atividade prática que pode ser feita na escola e na área terapêutica, é
o trabalho com a música. Alguns médicos, inclusive, recomendam a musicoterapia. A
música, em geral, trabalha com rimas, então pode ajudar a criança a entender rimas, a
finalização e inicialização de palavras e também auxilia na construção de uma prosódia
bastante interessante. Então, ao trabalharmos com música, estamos preparando a
criança para entender a pontuação. Além disso, é possível mostrar à criança como
respirar na hora certa, o que fará com que, no futuro, ela saiba utilizar a vírgula no lugar
adequado.
RIMAS
As rimas têm uma importância muito grande para trabalhar a percepção auditiva e a
consciência fonológica. Ao trabalharmos dessa forma, podemos perceber que, algu-
mas crianças com autismo não verbais e que vão se tornando verbais com o passar do
tempo, começam a falar pelo final das palavras. Então a rima ainda colabora para a
oralização da criança.
Quando trabalhamos com rimas, em uma fase inicial da alfabetização, não se utiliza a
escrita, então utilizamos imagens e sons. A escrita aparece somente depois da percep-
ção auditiva, ou seja, depois que tudo esteja bem organizado na cabeça da criança.
ALITERAÇÃO
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Para responder essas questões, a criança precisa entender como começam e como
terminam as palavras.
- Trocar símbolos por letras: proponha uma atividade em que toda vez que existir um
“quadradinho verde” a criança tenha que substituí-lo por uma letra;
- Colar letras: fazer exercícios de colagem. No lugar de dar um desenho para colorir, dê
letras vazadas para a criança colorir, pois isso faz com que ela se familiarize com aquela
forma;
- Escrever em quadros brancos;
- Escrever no chão;
- Escrever em quadros mágicos.
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Módulo 3 – Aula 2
Habilidades necessárias para o processo de
alfabetização
O trabalho do desenvolvimento da escrita deve ser realizado com atividades práticas.
Muitos pais têm dúvidas se o filho que é não verbal pode aprender a ler e a escrever, e
ele pode aprender, sim. Pois, a escrita também pode ser vista como uma forma de
comunicação alternativa ampliada, sendo assim é bem possível que a criança que tem
dificuldade na fala e na verbalização, consiga escrever adequadamente.
Destaca-se que é fundamental dar um pouco de valor ao desenho, uma vez que ele é
peça-chave no desenvolvimento da escrita. Infelizmente, às vezes o desenho da crian-
ça com autismo é relativamente menosprezado, como se isso não fosse importante. É
muito comum que questões como a importância do comportamento, das habilidades
sociais, das atividades da vida autônoma e até da escolarização sejam enfatizados e
que o desenhom que é algo de extrema importância para que depois a criança possa
desenvolver a capacidade de escrever as letras seja em caixa alta ou da forma que for.
Por isso, a seguir analisaremos alguns exemplos de trabalhos em desenho que foram
realizados com crianças.
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Desenho 2: se percebe que não existem formas geométricas perfeitas, mas a criança
foi ajudada a fazer o limite e, quando for preciso auxiliá-la, pode segurar na mão ou
fazer um exemplo para que ela possa copiar, caso tenha condição. Nesse desenho
acima, foi combinado com a criança para que ela colorisse somente dentro do limite e a
partir daí ela foi guiado passo a passo, com cada traço sendo monitorado e recebendo
dias. Assim, foi realizada uma intervenção de fato para que ela construa a ideia de uma
imagem, de um desenho e que a percepção dela se estabilize dentro dessa possibilida-
de.
Desenho 3: a ideia foi trabalhar a comparação de cores para que a criança aprenda a
fazer essa diferenciação, a trabalhar percepção através do desenho. No azul, a criança
ficou bastante livre e no vermelho ela foi direcionada.
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
Desenho 4: já é uma outra criança com um autismo menos grave e que apresenta uma
característica do autismo no desenho. Todo mundo costuma pensar que estereotipias
podem ser notadas apenas no movimento de mãos ou então sonoros. Nesse exemplo,
temos um desenho considerado estereotipado, porque existe uma forma que parece
um carrinho e que se repete em várias situações, além de um bonequinho que imita
personagens de desenho animado.
Dessa forma, esse desenho que tem uma presença muito repetida é considerado um
desenho estereotipado, em que a criança desenha, mas não expressa, não demonstra
a imaginação, é algo que vai se repetindo como se fosse um engessamento. Isso sigini-
fica que é uma criança que talvez tenha mais dificuldade para aprender a ler do que
aquela do desenho anterior, que consegue imitar e consegue fazer diante de um
modelo que você coloca e essa que foi um pouco mais resistente quando recebeu a
prospota para que fizesse outros desenhos precisa desenvolver a flexibilidade para
que aprenda a desenhar outras coisas.
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
Desenho 8: dá para perceber o ápice do nosso trabalho com a mesma criança dos
desenhos estereotipados, a qual conseguiu fazer alguma coisa de maneira autônoma.
Assim, somem os monstrinhos e a fixação sobre personagens e nós contamos uma
história e ele faz uma representação com muitos detalhes. Esse desenho é uma rique-
za e celebra né todo o desenvolvimento de um processo, mas é claro que para chegar a
esse resultado, nós desenhamos muitas vezes quase toda vez que nos encontráva-
mos.
Módulo 3 – Aula 3
Pseudoleitura e hiperlexaia - Atitudes pedagógicas
diante desses comportamentos
O QUE É A HIPERLEXIA?
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
Entendemos que uma criança é hiperléxica de fato, quando aprende a ler em uma faixa
etária diferente daquela que se espera (no Brasil, por volta de 6 ou 7 anos), e sem a
orientação de um instrutor.
Porque na criança com TEA a memória, às vezes, tem um potencial muito grande, mas
não é uma memória de qualidade, ou seja, é um grande banco de dados, onde se
registra informações que não podem ser processadas. A criança memoriza um grande
número de palavras mas não faz a relação, por exemplo, da sílaba MA de MACACO com
a sílaba MA de MALA.
A hiperlexia ocorre também pelo fato de que a criança com TEA possui dificuldade na
interação social, o que faz com que ela aprenda de forma muito autônoma. Outra fato
que faz com que a hiperlexia se dê é a alteração nas percepções, como discutimos em
aulas anteriores.
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
Outra estratégia é fazer com que a criança desenhe aquilo que está supostamente
lendo, para dar início a uma representação gráfica, visto que a leitura sem a escrita é
um outro problema causado pela hiperlexia.
Se a criança rejeitar todas essas estratégias, será necessário seguir o passo a passo do
método fônico, que estudaremos no próximo módulo, refazendo caminhos para
garantir a representação da escrita, a representação grafofonêmica e também a capa-
cidade de interpretação.
Módulo 3 – Aula 4
Causas do Sucesso e insucesso dos processos
de alfabetização
A situação no Brasil é extremamente séria no que diz respeito ao fracasso escolar no
processo de alfabetização. Nós temos índices assustadores de fracasso de crianças
típicas que não conseguem aprender a ler e que muitas vezes não conseguem dominar
o processo de leitura e de escrita e vinte trinta anos atrás isso não ocorria, então isso
acaba nos levando a um questionamento de porque existe essa dificuldade na alfabeti-
zação das crianças nos dias de hoje?
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
Um outro problema também é que toda criança que não consegue aprender a ler e
escrever, em geral ela é encaminhada para o consultório com suspeita de dislexia e
assim acabamos tendo muitos diagnósticos com falso positivo, ou seja, crianças que
muitas vezes são consideradas disléxicas e passam por terapias de fonoaudiologia e
psicopedagogia por conta de uma suposta dislexia. E quando vamos avaliar esse
histórico de como a criança recebeu o diagnóstico da hiperlexia, de como ela aprendeu
e ler e de quais são as características que ela apresenta hoje, nós chegamos a conclu-
são de que houve um diagnóstico falso positivo e que toda a origem do problema
estava no método foi escolhido para a criança ser alfabetizada. Esse é um problema
sério, porque normalmente o problema é buscado na criança e não no método escola
utiliza.
Nós temos dois tipos de métodos de alfabetização que depois vão se classificar em
processos, esses métodos são classificados de acordo com o processamento psicológi-
co da criança. Assim, nós aprendemos através de duas formas de processamento
psicológico: por análise ou por síntese.
MÉTODOS ANALÍTICOS
São considerados métodos analíticos aqueles que partem de um todo para uma
unidade menor. E são eles: psicolinguístico, natural, sentenciação, palavração.
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
Nessa etapa, a professora deve escolher uma palavra para poder apresentar as famíli-
as silábicas de cada palavra e, posteriormente, pegar essas sílabas e formar novas
palavras, a fim de ampliar o vocabulário da criança.
Destaca-se que esse método não é indicado para ser utilizado com crianças que têm
autismo, porque a criança trabalharia pela via da memória e não pelo significado, ou
seja, ela memorizaria essa silabação e não conseguiria reconhecer essa mesma sílaba
na maioria dos casos.
No exemplo acima, deve ser realizado o mesmo trabalho silábico, exercícios para
reconhecimento e, para finalizar, a formação de novas palavras. Ressalta-se que
quando as crianças se encontram em um estágio já avançado, formando palavras, o
que se espera desse processo todo é a ampliação de vocabulário, sempre procurando
avaliar a aprendizagem através do ditado e se tudo estiver caminhando conforme o
esperado, significa que está correto, mas dentro de um processo de memorização, o
que não nos atende no caso do autismo, pois o que se espera no TEA é justamente fugir
disso.
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Esse método também trabalha com análise, visto que sai do todo para a parte. Ao ver a
imagem acima você deve estar se perguntando qual é a diferença entre o método de
sentenciação e o método psicolinguístico. No psicolinguístico, obrigatoriamente a
frase é proveniente de uma situação real, de algo que aconteceu na sala de aula; na
sentenciação, a frase a escolhida de acordo com os interesses do professor. Neste
caso, a intenção foi trazer para a criança uma palavra que tivesse duas sílabas através
de uma música que chamasse a atenção dela; uma palavra que também tivesse encon-
tro vocálico e que ao mesmo tempo tivesse uma palavra com "ão", um monossílabo
com acento, para que se possa trabalhar um conceito gramatical. Sendo assim, essa
escolha foi intencional, para exercitar todos esses dados que envolvem a língua portu-
guesa.
Para trabalhar esse tema com uma criança típica, a oração deve ser dividida para que
se possa tecer algumas explicações sobre cada uma dessas palavras e também para
realizar exercícios para garantir a memorização. Agora, no caso de uma criança com
autismo, esse trabalho seria de alta complexidade, pois são vários conceitos ao
mesmo tempo e também levaria a memorização.
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
MÉTODOS SINTÉTICOS
Os métodos sintéticos são utilizados para alfabetização de crianças com TEA, sendo
eles: alfabético; silabação; fônico. Esses métodos são denominados sintéticos por que
parte é uma parte menor, como a letra, a sílaba e o fonema para formar o todo (palavra
e sílaba).
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Módulo 3 – Aula 5
A importância da consciência fonológica no
processo de alfabetização
Durante o processo de leitura, existem áreas do cérebro que são ativadas e que são
responsáveis pelo processo de leitura e escrita. O método fônico se afina muito bem
com essa neurobiologia da aprendizagem e essa é uma das principais razões de se
adotar este método.
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- Escrita Logográfica: Esse é o momento em que a criança faz diversos desenhos e diz
que escreveu uma carta. A criança ainda não sabe a diferença entre imagens, letras e
números e entende como se tudo fosse a mesma coisa.
- Escrita Alfabética: Quando a criança descobre que as letras existe e que é diferente
dos desenhos e dos números, passando a perceber que existe uma unidade, que é a
letra, e começa a escrever de maneira indiscriminada.
Esse caminho acontece tanto com as crianças neurotípicas, quanto com as crianças
autistas.
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Módulo 4 - Aula 1
Programa de Alfabetização para Alunos com TEA:
As etapas do processo de alfabetização
Apresentação geral do programa
Nesta aula veremos as etapas do processo de alfabetização e uma apresentação geral
do programa:
Na imagem acima temos um exemplo de exercício inicial, que é feito depois do traba-
lho feito com música e rima. As imagens podem ser apresentadas de diferentes manei-
ras, como em cartazes, em folhas ou em uma apresentação de slides, preferencialmen-
te em cores, para ajudar a criança a diferenciar os objetos. A criança pode escolher os
objetos pintando, circulando ou simplesmente apontando a resposta certa.
Observe que não há nesse momento os nomes dos objetos escritos. Isso porque o que
nos interessa agora é a consciência e a percepção auditiva da criança, a capacidade de
associar o som ao desenho.
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É muito importante ressaltar que somente podemos passar para a etapa seguinte
quando tivermos certeza de que a etapa anterior foi vencida com sucesso. Do contrá-
rio, a criança pode apenas memorizar e não interiorizar em termos de aprendizagem.
Observe na imagem acima que são apresentadas duas vogais. O motivo de apresen-
tarmos dessa forma é porque a criança aprende melhor por discriminação e por com-
paração.
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Módulo 4 – Aula 2
Apresentação das vogais – Procedimentos do alfabe-
tizados e atividades
Na aula anterior vimos exemplos de atividades relacionadas a rimas, às terminações
das palavras. Agora, vamos começar a focar estes exercícios nos fonemas apresenta-
dos. Nessa primeira atividade, temos o som relacionado à imagem:
# Evite sempre dar a crianças com TEA comandos como marque, circule, sublinhe,
pinte... Apenas pergunte “Quais?”.
# Pronuncie as palavras de forma vagarosa e enfática, para que a criança identifique o
som.
# Fale direcionando a boca para os olhos da criança, depois abaixe a cabeça para que
ela repita olhando nos seus olhos.
# Apresente à criança mais de um exercício, para que a criança possa entender qual é
o som.
# Repita o exercício até que você tenha certeza de que a criança esteja identificando
corretamente o som inicial das palavras.
Depois que a criança dominar o som associado à gravura, apresente a ela a grafia da
letra sem o apoio da imagem, conforme a imagem a seguir:
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
Quando for o caso de uma criança mais comprometida, com um pouco mais de dificul-
dades, tenha em mãos dois cartões, por exemplo, um com a letra A e outra com a letra
O e peça para que ela escolha um dos cartões para colar ou então que ela escreva.
Após todas estas etapas vencidas, apresente à criança a segunda vogal escolhida
anteriormente e repita os mesmos passos feitos com o som do A, conforme as ima-
gens a seguir.
Depois destas atividades, para ter certeza de que a criança aprendeu, realize primeiro
um ditado com apoio de uma imagem: mostre um desenho e peça para que a criança
escreva a letra correspondente ao som. Após, faça outro ditado, porém sem a utiliza-
ção de imagens de apoio.
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
Módulo 4 – Aula 3
Apresentação dos encontros vocálicos
Ao apresentarmos os encontros vocálicos, partimos do princípio de que a criança já
domina completamente todas as vogais.
Não existe uma ordem de apresentação dos encontros vocálicos – é interessante que
você observe e utilize-os de acordo com a situação. Para exemplificar, escolhemos AI e
EU, com o cuidado de escolher encontros vocálicos que tivessem letras diferentes para
que possamos utilizar 4 vogais e também porque estes encontros facilitam na repre-
sentação gráfica.
Como a criança já domina o som e a letra, nesta etapa já podemos apresentar a figura
com a grafia. Na imagem abaixo, podemos ver a representação de uma criança com
dor.
A partir do momento em que você conseguir mostrar essa imagem e a criança ter a
capacidade de escrever ou apontar que tem a habilidade de reconhecer essa sensação,
já pode mostrar outras ideias.
Nesse caso, podemos utilizar um retrato da criança, ou mesmo uma foto sua, e fazer
com que ela diga quem é esse EU.
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
Precisamos mostrar, graficamente, a junção das letras. Faça isso com um vídeo, uma
animação, ou então com cartões colados em palitinhos e depois apresente as duas
vogais juntas. Dessa forma, a criança é capaz de perceber que as duas vogais trabalha-
das anteriormente agora estão juntas e formam um novo som. Se não trabalharmos
bem essa junção, pode ficar a ideia de que o AI é uma terceira coisa e não duas letras
que se unem para um novo contexto.
Em uma próxima etapa, caso se verifique eu a criança aprendeu, peça à criança que
cubra as letras estudadas. Até aqui ainda é admissível que a criança ainda não esteja
escrevendo, mas não podemos passar para as consoantes sem o domínio da escrita
adequadamente.
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A última etapa deste processo onde apresentamos três encontros vocálicos é verificar
se é possível prosseguir. Faça um ditado, sem o apoio visual das figuras, somente com
uma folha em branco, peça para a criança transcrever os sons dos encontros vocálicos
que você disser.
Lembre-se que cada uma dessas etapas tendem a demandar um tempo considerável,
por isso é preciso ter paciência, respeitando o tempo de aprendizagem da criança.
Somente passe para a próxima etapa se a anterior estiver vencida.
Módulo 4 – Aula 4
Apresentação dos encontros vocálicos - Parte 2
Nesta aula vamos observar o que costumamos propor como uma segunda etapa de
apresentação de encontros vocálicos.
Observe que, nesse momento, temos o cuidado de escolher encontros vocálicos que
tem uma vogal que se repete. Como podemos ver na imagem abaixo, a letra I se repete
nos três encontros:
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
Dessa forma, mostramos à criança que as letras e os sons são os mesmos, mas que
associado a um outro som, produz um terceiro som e a ideia mental de uma imagem
completamente diferente.
Nesta etapa, nos preocupamos em trazer imagens que possam representar os sons e é
necessário que a criança esteja preparada para compreender emoções.
Demonstre para a criança como ocorreu a junção das letras do novo encontro vocálico,
da mesma maneira que tratamos na aula anterior:
Depois, apresente os fonemas novamente, um de cada vez, para que haja uma fixação
da aplicação.
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
Passada esta etapa, peça para que a criança cubra as letras dos encontros vocálicos
estudados. Se a criança já domina a escrita, mesmo que seja em caixa alta, podemos
passar um exercício de cópia, colagem, passar tinta em cima, etc.
Nesse momento, peça para que a criança cubra os encontros vocálicos trabalhados.
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
Nas duas imagens cabe tanto o AI quanto o UI. Deixe que a criança escolha. Case seja
uma criança verbal, podemos aproveitar para trabalharmos também a capacidade de
interpretação, perguntando, por exemplo, “por que você escolheu o AI na imagem
onde cai a panela no pé do menino?”. Dessa forma, podemos entender a razão das
escolhas da criança.
É importante lembrar que é necessário criar várias situações, com figuras e desenhos
diferentes, que representem os encontros vocálicos de formas variadas, para que haja
uma fixação adequada.
Na imagem a seguir, vemos uma situação em que a criança não tem mais o apoio das
letras e precisa escrever baseada no estímulo do som.
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
trabalhado antes, para que haja a generalização. Dessa forma, a criança vai reconhecer
o AI dentro da palavra PAI, EU dentro de MEU, por exemplo, ampliando o seu universo e
sua capacidade de aprender.
Se essa parte for vencida com sucesso, passamos para a próxima fase.
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
Módulo 5 – Aula 1
Apresentação do primeiro grupo de consoantes
Procedimentos e Atividade
Nessa aula, vamos apresentar as consoantes. Elas não precisam ser apresentadas
necessariamente nesta ordem, mas é nossa indicação de que seja feito dessa forma.
Lembre-se sempre de que não podemos abrir mão da representação gráfica. Ainda
que seja utilizado um computador ou tablet, o ideal é que nesta etapa a criança já
esteja escrevendo. Nunca trabalhe o som sem saber o quanto a criança está conse-
guindo representar graficamente que está ouvindo ou pronunciando.
Outro ponto importante nessa etapa das consoantes é que aqui vai começar a apare-
cer alguma dificuldade que antes não ocorria, tanto em crianças autistas como em
crianças neurotípicas. Por exemplo, se perguntamos “com que som começa a palavra
“ffffffaca”, a criança pode dizer que é com A e não com o “ffff” do F. Isso é perfeitamente
comum, visto que as vogais são muito abertas, especialmente na nossa pronúncia, e
acabam chamando mais atenção do que a consoante. Portanto, a consoante precisa
ser auditivamente bem demarcada para que o som da primeira vogal não se sobressa-
ia em detrimento dela.
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
Módulo 5 – Aula 2
Apresentação do segundo grupo de consoantes
Procedimentos e Atividades
A segunda sequência de consoantes que devem ser trabalhadas é com as letras J, N e V.
Nesse momento, é interessante que se utilize um espelho para que seja feita a obser-
vação de qual é a posição da língua, dos lábios, qual o gesto que deve ser feito para
emitir o som. Coloque também a criança em frente ao espelho para que ela também
possa reproduzir, momento em que podemos perceber a importância da imitação –
quesito importante durante a avaliação de uma criança autista.
A partir daí, formamos a família silábica de cada consoante, da mesma forma como foi
feito com o grupo trabalhado na etapa anterior. Depois, trabalhamos a formação de
palavras com o grupo atual de consoantes, ampliando o vocabulário. Por fim, realiza-
mos a junção das palavras aprendidas com os dois grupos de consoantes já apresenta-
dos (Z, N, V, J, F, M) e apresentamos todos os sons de uma vez.
Algumas pessoas costumam perguntar se não seria melhor apresentar uma letra de
cada vez à criança. Na verdade, como sabemos que a criança aprende melhor por
diferenciação e comparação, o ideal é que as letras sejam apresentadas em grupos,
para que ela possa comparar os sons e possa memorizar mais facilmente.
Módulo 5 – Aula 3
Apresentação do terceiro grupo de consoantes
Procedimentos e Atividades
Nesta fase, esperamos que a criança tenha uma leitura mais experiente e aí começa-
mos a aumentar, aos poucos, o grau de dificuldade. Nesse momento, apresentaremos
à criança quatro novas consoantes de uma vez.
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
Módulo 5 – Aula 4
Apresentação do terceiro grupo de consoantes
Procedimentos e Atividades
Nas aulas anteriores falamos sobre como se apresenta às crianças o som de cada
consoante e a ordem de apresentação delas. Nesta aula (e na próxima também),
apresentaremos algumas técnicas e exercícios para lhes trazer ao entendimento a
teoria que estudamos até aqui.
Lembre-se de não pedir à criança para marcar ou circular as imagens, pois tudo isso
exige um conhecimento prévio. Para evitar que a criança tenha dificuldades com a
execução da tarefa, apenas pergunte “quais as figuras que começam com ‘ffff’” deixe
que ela responda da maneira que quiser, pintando, cobrindo ou apontando. Faça a
mesma coisa para o som Z e para o som M.
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
Passada esta etapa, começamos a apresentação das palavras que iniciam com os três
fonemas apresentados. Observe na imagem abaixo que já mostramos a primeira
sílaba em cores diferentes, pois logo serão trabalhadas as famílias silábicas.
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
Com as sílabas iniciais pintadas de outra cor, a criança começa a entender que uma
palavra é feita de pedaços.
É importante salientar que não podemos nunca abrir mão da representação gráfica,
ou seja, devemos sempre aliar a leitura e a escrita – não só o reconhecimento e a orali-
zação – mas tudo que é trabalhado precisa ser representado graficamente, seja no
papel ou em algum meio digital. É isso que garante que a criança está aprendendo,
principalmente se for um aluno não verbal, pois nesse caso a escrita torna-se uma
forma de comunicação alternativa.
IMPORTANTE LEMBRAR:
Ainda nesta etapa, a criança precisa ser capaz de realizar exercícios de completamen-
to. Nesta atividade, não representamos a letra, mas sim o apoio do som. A criança
precisa ter a imagem mental da grafia da letra.
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
Módulo 5 – Aula 5
Famílias Silábicas
Após todas as etapas anteriores vencidas, chega o momento de trabalharmos as
famílias silábicas de todas as consoantes estudadas. Veja na imagem abaixo que a
ordem é alterada e fazemos dessa forma justamente para evitar que a criança apenas
memorize e não faça a leitura e a interpretação de maneira adequada.
Depois disso, vamos mostrar para a criança as famílias silábicas dentro das palavras e
pedir para que ela faça o reconhecimento: quais as palavras que começam com “ffff”?
Explore aqui a família silábica do fonema, pedindo à criança que identifique o pedaço
da palavra. Mostre para a criança, na prática, o que é um “pedaço” de alguma coisa
(pedaço de biscoito, por exemplo). Nesse momento, para ajudar o reconhecimento,
ainda vamos utilizar as sílabas iniciais marcadas com cores diferentes – por isso traba-
lhamos tanto a percepção visual, para que a criança consiga reconhecer esse tipo de
diferenciação entre as cores e sílabas.
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
Note que, nesta etapa, estamos trabalhando a sílaba inicial das palavras, não mais o
fonema e a consoante.
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
Módulo 6 – Aula 1
Apresentação das dificuldades ortográficas
Primeira etapa: Procedimentos e Atividades
Reconhecemos como dificuldades ortográficas os dígrafos, inversões do R, os sons do
X, o Ç, o H, entre outros. Nesse momento, apresentaremos três dígrafos importantes:
CH, LH e NH. Na nossa língua, o conceito de dígrafo é a junção de duas letras que apre-
sentam um único som.
Até chegarmos nessa etapa, todas as habilidades já devem ter sido bem treinadas,
para que a criança seja capaz de imaginar, trabalhar policemias e diversos significados.
Como podemos ver na imagem a seguir, nesta etapa deve-se montar um vocabulário.
É interessante que apresentemos, semore que possível, uma representação imagética
para cada uma destas palavras, levando objetos para mostrar à criança, colando
figuras, desenhando, etc.
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
Com a mesma ideia da etapa anterior, mostre primeiro o vocabulário com os dígrafos
em cores diferentes e depois todas as palavras na mesma cor.
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
Nesse momento temos um leitor experiente, ávido por querer ainda mais e por isso
vamos ampliar cada vez mais o vocabulário. Não é necessário escrever todas as pala-
vras aprendidas, mas é sempre bom renovar o vocabulário e para termos certeza de
que estamos conseguindo ter êxito, o ideal é fazer o ditado, como em todas as etapas
anteriores.
Módulo 6 – Aula 2
Apresentação QUA e QUO
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
Os mesmos passos citados acima são válidos para quando se for trabalhar o GE e o GI,
devendo retornar ao som do J, procurando mostrar que quando o G é seguido das
letras A, O ou U, o som da letra G muda, mas quando é acompanhada por I ou A, o som
fica muito próximo do som da letra J.
A mesma coisa vale no momento de apresentar os dígrafos GUE e GUI, sendo necessá-
rio voltar ao GA, GO e GU, a fim de mostrar a diferença. Esse confronto é de grande
relevância para a criança que tem autismo e também para crianças típicas, pois isso
facilita consideravelmente o processo de assimilação.
Note que nunca se deve passar de uma etapa para a outra sem ter certeza que a etapa
anterior ficou bem solidificada, que a criança aprendeu e quee consegue generalizar
aquilo que foi aprendido.
Módulo 6 – Aula 3
Apresentação dos sons do R
Essa etapa se caracteriza por ser muito promissora, haja vista que as crianças chegam
nela já com o processo de leitura bastante avançado e, inclusive, fazendo deduções, e
isso vale tanto para crianças típicas quanto crianças disléxicas ou autistas. Aqui, nós já
procuramos apresentar aquelas letras que são um pouco "ingratas" da língua portu-
guesa juntamente com as regras gramaticais e ortográficas.
A letra R exige bastante treino, sendo que o R inicial, que dispõe daquele som mais
forte (ex: rainha) é apresentado no começo. Mas também existem variações, como, por
exemplo, nas palavras "armário", "jacaré", "marreta" e assim por diante.
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
Ressalta-se que cada fonema apresentado deve ter o objetivo de gerar um vocabulá-
rio, uma ficha de leitura, enfatizando para a criança o som que está sendo trabalhado
no momento, mas sem deixar de resgatar as palavras que foram trabalhadas anterior-
mente, para verificar se a aprendizagem realmente está solidificada.
Muito antes dessa fase, é fundamental já estar focado também na formação de frases,
resgatando todas as palavras e fonemas aprendidos para auxiliar na elaboração das
frases.
Mas quais são as letras consideradas de maior dificuldade para se aprender? A criança
normalmente tem muita dificuldade em entender a letra H pelo fato dela não ter som;
as letras K, I e W também; CH, LH, QUA, QUO, NH, GUA, GUO; sons do G, do E e do X;
sons do L; M e N em final de sílaba; encontros consonantais, como o CR, CL, BR, FL,
entre outros.
Portanto, é imprescindível que não se tenha pressa para finalizar cada uma das etapas,
pois o ideal é somente partir para uma nova fase após ter a certeza de que a criança
aprendeu com qualidade.
Módulo 6 – Aula 4
Consolidação da leitura e da produção textual:
Observações e estratégias importantes
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
# Para facilitar a ideia do H, peça para que a criança junte essa letra às vogais. O H é a
última consoante a ser apresentada à criança, justamente por conta da ausência do
som.
# Às vezes a criança tem dificuldade pra entender o que é fonema, o que é letra, sílaba,
palavra ou frase. Por isso é muito importante procurarmos relacionar as sílabas como
pedaços de palavras. Para facilitar, trabalhe com nomes próprios.
Módulo 6 – Aula 5
Consolidação da leitura e da produção textual:
Observações e estratégias importantes
# Uma vez que estamos utilizando o método fônico, devemos sempre voltar a esta
menor unidade da língua.
Peça para que a criança complete a frase e faça com que ela desenhe a cena, para que a
frase seja representada graficamente, garantindo a aprendizagem e a percepção.
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Alfabetização para Autistas Professora Dayse Serra
# Arrumar as frases dividindo as palavras. Mostre à criança uma frase inteira sem
espaços e peça para que a criança separe a frase em palavras de forma coerente.
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