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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2015.0000135424

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº


0045171-69.2010.8.26.0053, da Comarca de São Paulo, em que é apelante FAZENDA
DO ESTADO DE SÃO PAULO, é apelado PORT DISTRIBUIDORA DE
INFORMATICA E PAPELARIA LTDA.

ACORDAM, em 2ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de


São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de
conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores


CARLOS VIOLANTE (Presidente) e VERA ANGRISANI.

São Paulo, 24 de fevereiro de 2015.

LUCIANA ALMEIDA PRADO BRESCIANI


RELATOR
Assinatura Eletrônica
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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

2ª Câmara Seção de Direito Público

Apelação Cível n° 0045171-69.2010.8.26.0053


Apelante: ESTADO DE SÃO PAULO
Apelado: PORT DISTRIBUÍDORA DE INFORMÁTICA E
PAPELARIA LTDA.
Comarca/Vara: SÃO PAULO/2ª VARA DE FAZENDA PÚBLICA
Juiz prolator: MARCELO SERGIO

VOTO Nº 13.828

Apelação Cível Contrato administrativo Sanção


Administrativa - Atraso na entrega do objeto contratado
Aplicação de penalidade de suspensão temporária de
participação em licitação e impedimento de contratar com a
Administração Pública pelo período de um ano, além de multa
Fornecedora que não tinha o produto em estoque Edital
exigia suprimentos originais do fabricante do equipamento -
Ausência de disposição editalícia obrigando a manutenção em
estoque pelo contratado - Violação ao princípio da
proporcionalidade Recurso desprovido.

Trata-se de ação de rito ordinário, precedida de


medida cautelar inominada, ajuizadas por Port Distribuidora de Informática
e Papelaria Ltda. em face do Estado de São Paulo objetivando a anulação
de penalidade administrativa consistente na suspensão temporária de
participação em licitação e impedimento de contratar com a Administração
Pública Estadual pelo prazo de um ano, bem ainda a repetição do valor de
R$ 850,05, pago a título de multa.

Apelação nº 0045171-69.2010.8.26.0053
Voto nº 13.828
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As ações foram julgadas procedentes (fls.


264/266).

Apela, tempestivamente, o Estado de São Paulo


pretendendo a reforma do julgado (fls. 272/280). Recurso regularmente
processado e contrariado (fls. 300/313).

É o relatório.

Port Distribuidora de Informática e Papelaria


Ltda. ajuizou ação anulatória de ato administrativo consistente na
suspensão temporária de participar de licitação e contratar com a
Administração Pública pelo período de um ano, com aplicação de multa,
em razão de atraso no cumprimento de contrato administrativo cujo objeto
era a entrega de suprimentos de informática para impressoras. O
ajuizamento desta ação foi precedido de medida cautelar inominada, com
pedido de liminar. Pediu a anulação da referida penalidade por ferir o
princípio da razoabilidade, com a repetição da multa aplicada e já paga.

Houve por bem o MM. Juiz de Direito deferir a


liminar na cautelar preparatória e julgar procedente a ação para anular a
sanção de proibição de participar de licitação e contratar com a
Administração Pública pelo prazo de um ano, referente a contrato
administrativo após regular licitação que culminou com o atraso na entrega
do objeto licitado (fls. 36/49).

Apelação nº 0045171-69.2010.8.26.0053
Voto nº 13.828
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Contra esta r. sentença insurgiu o Estado de São


Paulo sustentando, em suma, legalidade de sua atuação, mormente
considerando que respeitou os princípios que regem a Administração
Pública.

Mas sem razão.

Ao que se colhe dos autos, a autora venceu os


lotes 02 e 03 do Pregão Eletrônico nº 005/2010 para fornecimento de toner
originais de impressoras HP e Lexmark à Secretaria de Estado de
Transportes Metropolitanos. Ela tinha até o dia 14/05/2010 para a entrega
de suprimentos de informática relativamente à nota de empenho
2010NE00124 (fls. 51). No dia anterior ao vencimento do prazo, requereu
a prorrogação por mais 20 dias, mas o pedido foi negado (fls. 55/56).
Reiterou o pedido em 25/05/2010, que foi novamente negado (fls. 58/59).
Após procedimento administrativo, foram aplicadas as penalidades
questionadas nesta ação.

Inegável que houve o atraso no cumprimento do


contrato administrativo cujo objeto era a entrega de toner para impressoras.

É cediço que ao teor da disposição constante no


artigo 87 da Lei de Licitações não se vislumbra a necessidade de
comprovação efetiva do prejuízo ou dano sofrido pela Administração, e
nem poderia, pois a inexecução de um contrato administrativo, mesmo que
parcial, traduz-se num prejuízo evidente à coletividade. A Administração

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deixa de cumprir seu papel por falta de objeto que necessitava e que
motivou uma licitação. Ademais, em respeito ao princípio da legalidade
deve impor sanção administrativa conforme a legislação atinente à matéria.

Todavia, princípios outros como o da


proporcionalidade também devem orientar a aplicação da penalidade por
parte da Administração Pública. No escólio de Marçal Justen Filho, ainda
que se insista acerca da legalidade e da ausência de discricionariedade, é
pacífico que o sancionamento ao infrator deve ser compatível com a
gravidade e a reprovabilidade da infração. São inconstitucionais os
preceitos normativos que imponham sanções excessivamente graves, tal
como é dever do aplicador dimensionar a extensão e a intensidade da
sanção aos pressupostos de antijuridicidade apurados. O tema traz a lume
o princípio da proporcionalidade. Aliás, a incidência do princípio da
proporcionalidade no âmbito do processo administrativo federal foi objeto
de explícita consagração por parte do art. 2º, parágrafo único, inc. VI, da
Lei nº 9.784, que exigiu “adequação entre meios e fins, vedada a
imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas
estritamente necessárias ao atendimento do interesse público”.1

Pertinente ainda ressalvar, prosseguindo no


ensinamento de Marçal Justen Filho, que a punição ao particular está
sujeita ao controle do Judiciário. Cabe não apenas revisar a
imparcialidade e a satisfatoriedade do processo administrativo como a
própria correção jurídica do sancionamento eventualmente imposto. Não é
cabível invocar a discricionariedade administrativa para imunizar o ato
1 Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, 11ª edição, Dialética, p. 617.

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decisório à fiscalização jurisdicional.2

Consoante se infere dos ensinamentos acima


expostos, inegável a desproporção da pena aplicada consubstanciada na
suspensão temporária de licitar e contratar com a Administração Pública
pelo prazo de um ano, além de multa. Malgrado inexistam parâmetros na
disposição do artigo 87 da Lei de Licitações, não se pode perder de vista
que o contrato não possui valor elevado, não resultaram grandes prejuízos,
o atraso dizia respeito a apenas 8 toners e não há notícia nos autos de que a
empresa em questão seja contumaz no descumprimento de suas obrigações.

Impossível ignorar, outrossim, que o atraso


decorreu de ausência de estoque na própria Lexmark Internacional do
Brasil Ltda., conforme as declarações juntadas nas fls. 82/85.

Ora, não acode o Estado de São Paulo o absurdo


argumento de que quanto à imputação de culpa ao fornecedor do
suprimento não é cabível já que esta foi uma má escolha do requerente que
tem a liberdade de contratar com qualquer outro fabricante e por isto deve
arcar com as consequências de sua opção (fls. 279).

Na verdade, o edital previa claramente que a


presente licitação tem por objeto a AQUISIÇÃO DE SUPRIMENTOS DE
INFORMÁTICA ORIGINAIS DO FABRICANTE DO EQUIPAMENTO
PARA REPOSIÇÃO NO ESTOQUE DO ALMOXARIFADO DESTA
PASTA (fls. 36, grifei).
2 Op. cit. p. 621.

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Ora, a Administração tem liberdade para fixar os


termos do edital conforme sua conveniência. Se ela exigiu do autor, ora
apelado, o fornecimento de cartuchos originais do fabrica, não pode agora
carrear à contratada a responsabilidade por uma escolha que nunca existiu.

Outrossim, sem razão a apelante ao afirmar que o


apelado deveria manter em estoque todos os suprimentos, pois tal
exigência não pode ser havida como implícita e o edital não trazia qualquer
previsão nesse sentido.

Destarte, a bem lançada sentença de primeiro


grau deve ser mantida.

Para fins de prequestionamento se tem por


inexistente violação a qualquer dispositivo constitucional ou
infraconstitucional invocado e pertinente à matéria em debate.

À vista do exposto, pelo meu voto, nego


provimento ao recurso.

LUCIANA ALMEIDA PRADO BRESCIANI


Relatora

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