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COMENTÁRIOS A LEI EUSÉBIO DE QUEIROZ

Analice Camara Carvalho1

RESUMO
Este trabalho se propõe a analisar aspectos jurídicos da lei nº 581 de 1850, conhecida como Lei
Eusébio de Queiroz que estabelece medidas para repressão do tráfico de africanos para o Brasil. O
artigo é dividido em quatro partes: inicialmente é feita uma contextualização histórica do período
em que a lei foi promulgada, em seguida é feita uma breve contextualização dos instrumentos
jurídicos utilizados à época, bem como uma síntese sobre o direito penal na visão de Damásio de
Jesus, para num terceiro momento serem analisados os artigos 1º, 3º e 4º que definem e tipificam a
conduta de importação de Africanos para o Brasil, com o fim de escravizá-los, além disso, tais
artigos equiparam o transporte de Africanos à pirataria e permitem a apreensão de embarcações com
este intuito. Por fim por fim chega-se a conclusão de que a Lei Eusébio de Queiroz foi fundamental
para o processo, ainda que tardio, de interrupção da escravidão no Brasil.

1.INTRODUÇÃO

Durante o período do Segundo Reinado, o Brasil passa por diversas transformações, dentre
elas o fim do comércio de escravos africanos, que durante um longo período rendeu muito dinheiro
para os comerciantes e demais envolvidos nessa cadeia. O arrefecimento desta atividade se deu
diante de pressões internas e externas, pois a Inglaterra já havia iniciado um movimento pelo fim da
escravidão muito antes da promulgação da lei Eusébio de Queiroz e com isso pressionava o Brasil,
outro fator importante foi a libertação dos negros nos Estados Unidos que também solidificava essa
tendência abolicionista.
O período regencial foi marcado por inúmeros levantes que se deram no país, foi um
momento conturbado da história brasileira. O príncipe só governaria o país após atingida a
maioridade, que se deu precocemente, aos 16 anos. Após assumir o trono, o ele enfrentaria diversos
desafios e questões espinhosas para o Brasil, entre elas estava a questão da escravidão. Como parte
de um tendência abolicionista e de uma tentativa brasileira de se adequar ao ambiente internacional
e cumprir com os pactos firmados com outras nações, aos poucos foi se dando o processo de
interrupção da escravidão.
Para termos uma melhor noção do instrumento jurídico que nos propomos a analisar, fomos
buscar uma base teórica que explique um pouco do direito e principalmente do direito penal, ramos
em que estão incluídas as leis do período da escravidão.
Além disso, tivemos também a promulgação de um dos mais importantes marcos para o

1 Graduanda em Direito pela Universidade Estácio de Sá.


direito penal brasileiro, que foi o Código Criminal de 1830, que aos poucos foi tomando o lugar das
Ordenações Filipinas e disciplinando as relações jurídicas do Brasil. É nesse contexto conturbado
que ele se apresenta como marco para o direito brasileiro.
Passamos então para a análise dos três artigos da Lei Eusébio de Queiroz três artigos que nos
permitem identificar a intenção do Governo Imperial Brasileiro, ainda que tardiamente, de impedir,
através da tipificação da conduta, o tráfico intercontinental de africanos para o Brasil.
Por fim conclui-se que As leis editadas no período da escravidão são leis tipicamente penais,
pois junto aos elementos do tipo, estão cominadas penas para aqueles que as transgredirem, isso
inclui a lei Eusébio de Queiroz, que veio para impedir o tráfico de escravos vindos da África. No
que pese a característica sancionatória e educativa das penas, é sabido que, embora a referida lei não
tenha impedido de todo o tráfico de escravos, foi fundamental para sua interrupção e para o
processo de libertação que viria a acontecer posteriormente com a lei Áurea.

2. CONTEXTO HISTÓRICO

Durante o período do Segundo Reinado, o Brasil passa por diversas transformações, dentre
elas o fim do comércio de escravos africanos, que durante um longo período rendeu muito dinheiro
para os comerciantes e demais envolvidos nessa cadeia. O arrefecimento desta atividade se deu
diante de pressões internas e externas, pois a Inglaterra já havia iniciado um movimento pelo fim da
escravidão muito antes da promulgação da lei Eusébio de Queiroz e com isso pressionava o Brasil,
outro fator importante foi a libertação dos negros nos Estados Unidos que também solidificava essa
tendência abolicionista. O próprio Dom Pedro I já havia assinado a Convenção de 1826, que
tornava pirataria o tráfico de escravos africanos, tal documento previa um prazo de 3 anos para o
fim do tráfico, no entanto, está só entrou em vigência em 1830 e por questões estruturais, apenas em
1850 o Brasil proíbe definitivamente o tráfico de escravos, já no reinado de Dom Pedro II
(PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO, s/n).
Enquanto no ambiente externo aconteciam grandes movimentos trabalhistas, como a
revolução de 1848, o Brasil enfrentava suas próprias questões internas. Um país que havia crescido
e se desenvolvido com base no latifúndio e na monocultura, com braços escravos e que tinha como
principal produto de exportação a cana-de-açúcar (FREYRE, 2006) e posteriormente, em menor
medida, o ouro, não conseguia se desvencilhar tão fácil do emprego de mão da obra escrava, pois
sofria também pressões internas para a continuidade da escravidão.
Durante o período regencial inúmeros levantes se deram no país, foi um período conturbado
da história brasileira. Instaurado o período regencial, o príncipe só governaria o país após atingida a
maioridade, que se deu precocemente, aos 16 anos. Após assumir o trono, o príncipe regente
enfrentaria diversos desafios e questões espinhosas para o Brasil. Como afirmam as historiadoras
Lilia Schwarcz e Heloisa Starling:

De um lado, no poder desde 1848, estava um ministério nitidamente conservador: Araújo


Lima (Marquês de Olinda), Eusébio de Queiroz, Paulino José Soares de Sousa e Joaquim
José Rodrigues Torres. A Câmara seguia igual coloração, tendo um liberal para 110
conservadores. Mas esse mesmo ministério que tendia ao imobilismo, seria obrigado a se
agitar diante de questões fundamentais: o problema da estrutura agrária, o incentivo à
imigração e por fim, a espinhosa questão do tráfico de escravos.
Em primeiro lugar, a recorrente pressão pelo fim do “comércio infame” aumentou ainda
mais nessa conjuntura, com a Inglaterra à frente do movimento. Entre 1839 e 1842
multiplicaram-se as apreensões de navios negreiros, até que em 1850 a situação se tornou
insuportável. Internamente, o tema era dos mais embaraçosos: apesar de compactuar com o
tráfico, o Estado imperial sabia que a interdição do mesmo se transformava em condição
fundamental para legitimar sua autonomia política. Ainda a manutenção desse gênero de
negócio jogava o Brasil dentro do grupo de nações bárbaras, imagem em tudo oposta à
feição civilizada que o império brasileiro começava a divulgar. Para piorar, o tema não era
de fácil assimilação no interior do país, muito dependente desse tipo de mão de obra. Entre
os anos de 1841 e 1850, o destino de 83% do total de africanos transportados para a
América era o Brasil, 12% rumavam para Cuba, e o restante se dividia entre Porto Rico e
Estados Unidos. Isso sem falar no lucro obtido pelos traficantes, uma vez que a organização
tinha repercussões continentais e envolvia outros comércios paralelos (SCHWARCZ;
STARLING, 2015, p. 274).

Isto posto, percebe-se que o clamor pelo fim da escravidão vinha de priscas eras e que, no
entanto, foi sustentado pelo Brasil até atingir o seu ápice e deixar de ser um negócio lucrativo e
vantajoso, para se transformar em elemento de publicidade negativa e de baixo retorno,
principalmente com o incentivo a imigração que o ciclo do café viria a iniciar.

3. BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DO DIREITO PENAL NA VISÃO DE


DAMÁSIO DE JESUS E O CÓDIGO CRIMINAL DE 1830

Para termos uma melhor noção do instrumento jurídico que nos propomos a analisar, fomos
buscar uma base teórica que explique um pouco do direito e principalmente do direito penal, ramos
em que estão incluídas as leis do período da escravidão. Damásio de Jesus explica o fato social, a
formação do direito e sua importância na sociedade, além de mostrar de onde surge a pretensão
punitiva do Estado, assim em suas palavras:

O fato social é sempre o ponto de partida na formação da noção do Direito. O Direito Surge
das necessidades fundamentais das sociedades humanas, que são reguladas por ele como
condição essencial à sua própria sobrevivência. Assim, o fato social que se mostra contrário
à norma de Direito forja o ilícito jurídico, cuja forma mais séria é o ilícito penal, que atenta
contra os bens mais importantes da vida social. Segue o doutrinador afirmando que o meio
ação de que se vale o Direito Penal é a pena, em que já se viu a satisfação de uma exigência
de justiça, constrangendo o autor da conduta punível a submeter-se a uma mal que
corresponda em gravidade ao dano por ele causado […] Assim temos que o Direito penal
regula relações jurídicas em que de um lado surge o Estado com o Jus Puniendi (JESUS,
1992, p. 03).

Mais a frente temos uma noção sobre as fontes do direito penal e a aplicação das penas, de
onde surge também para o cidadão o direito de ser punido apenas por ato ilícito praticado ao qual o
direito penal tenha estabelecido pena. Dai podemos entender que o direito penal não pode ser
interpretado em malefício do réu.

A lei é fonte imediata de conhecimento do Direito Penal. A Lei penal é o pressuposto das
infrações e das sanções, mas não é só a garantia dos qu enão realizam condutas sancionava,
pois dela advêm pretensões para o Estao e para os próprios criminosos. Como observava
Asúa, “da lei nasce a pretensão punitiva do Estado a reprimir os atos catalogados em seu
texto como delitos, com a pena cominada, e por isso a lei é fonte e medida do direito de
punis”. Em consequência, o Estado não pode castigar um comportamento que não esteja
descrito em suas leis, nem punir o cidadão quando inexistente a sanctio juiris cominada ao
delito. Ao mesmo tempo , da lei surge uma pretensão subjetiva em favor do delinquente, no
sentido de não ser punido quando incexistente a sanctio juris cominada ao delito. Ao
mesmo tempo, da lei surge uma pretensão subjetiva em favor do delinquente, no sentido se
não ser punido senão em decorrência subjetiva em favor do delinquente, no sentido de não
ser punido senão em decorrência da prática de ações e comissões por ela determinadas,
portanto, “ a lei penal é garantia da liberdade para todos. Finamente as leis penais
asseguram também as pretensões punitivas e reparadoras mda vítima, posto que nelas se
consagra a responsabilidade penal e civil oriunda dos fatos puníveis. Evidencia-se pois, o
princípio da legalidade: nullum crimin, nulla poena sine lege ( JESUS, 1992, p. 51).

Do sistema de capitanias hereditária, que deu origem à uma nova organização administrativa e
jurídica do Brasil, até o ano de 1850, o País passou por transformações no seu ordenamento
jurídico. Assim explica Carlos Fernando Mathias (2008, p. 44) “O advento do governo-geral
implicaria, naturalmente, em uma grande mudança no sistema de colonização do Brasil, em
particular no que diz respeito à organização colonial, ao mesmo tempo em que fazia surgir [...] uma
nova legislação não só de ordem administrativa, mas também eclesiástica, além de normas
referentes aos índios, ao tráfico dos escravos negros e à atividade judiciária ”. Nesse trabalho nos
restringimos ao tráfico de escravos negros, a atividade normativa e a atividade judiciária.
Continua o mesmo autor dizendo que “Os altos interesses da justiça – a observação é de J.
Isidoro Martins Júnior, in História do Direito Nacional – isto é, as aplicações das regras de direito
aos casos ocorrentes, ficavam a cargo do ouvidor-geral – magistrado incumbido de julgar e punir, na
maior parte dos casos sem apelação nem agravo, mas em alguns com audiência do governador, em
toda a extensão do território colonizado” (JESUS, 2008, p. 45).
Seguimos então pela estrutura judiciária no Brasil, que ficou sob domínio espanhol, para em
seguida passar pela estrutura judiciária estabelecido no período Holandês, em que tivemos também
uma criação de cargos pelos costumes durante o governo espanhol que se deu no maranhão,
fenômeno pouco recorrente no Brasil (JESUS, 2008).
Até a promulgação do Código Criminal de 1830, o que regulava o direito penal e o processo
penal no Brasil era um documento chamado Ordenações Filipinas, que seguia o mesmo modelo
usado em Portugal que, com o tempo foi sendo substituído, mas sem deixar de exercer influência no
direito penal vigente.
foi a partir da nossa Independência, em 1822, que os textos das Ordenações Filipinas foram
sendo paulatinamente revogados, mas substituídos por textos que, de certa forma,
mantinham suas influências. Primeiro surgiu o Código Criminal do Império de 1830, que
substituiu o Livro V das Ordenações; em seguida foi promulgado, em 1832, o Código de
Processo Criminal, que reformou o processo e a magistratura; em 1850 surgiram o
Regulamento 737 (processo civil) e o Código Comercial. Os Livros I e II perderam a razão
de existir a partir das Revoluções do Porto em 1820 e da Proclamação da Independência
brasileira (MACIEL, 2006. s/n).

Passamos então a adotar o sistema de códigos francês e abandonar as ordenações. Segundo o


historiador Américo Jacobina Lacombe, Código Criminal que, após a Carta de 1824 seria "o
segundo monumento legislativo derivado das Câmaras do Império". Em breve síntese disponível no
sítio eletrônico da prefeitura do Rio de Janeiro, explica-se o processo de votação do Código
Criminal, os tipos de crimes nele previstos, seu tempo de vigência e a intenção por ele prevista.

Código foi aprovado por uma comissão especial mista, composta por deputados e
senadores, trazia no seu texto a regulamentação da ordem social. […] Com a intenção de
assegurar a ordem social do país o Código Criminal - que vigorou por 60 anos, alcançando
os primeiros anos republicanos - tratava dos crimes e dos delitos e, conseqüentemente, das
penas a serem aplicadas. Estabelecia três tipos de crimes: os públicos, entendidos como
aqueles contra a ordem política instituída, o Império e o imperador - dependendo da
abrangência seriam chamados de revoltas, rebeliões ou insurreições; os crimes particulares,
praticados contra a propriedade ou contra o indivíduo e, ainda, os policiais contra a
civilidade e os bons costumes. Estes últimos incluíam-se os vadios, os capoeiras, as
sociedades secretas e a prostituição. O crime de imprensa era também considerado policial.
Em todos esses casos, o Governo imperial poderia agir aplicando as penas que constavam
no Código - como prisão perpétua ou temporária, com ou sem trabalhos forçados,
banimento ou condenação à morte. O Código criminal pretendia reprimir os levantes da
"malta urbana", por fim às lutas pela posse da terra, combater as inssurreições dos escravos
e destruir os quilombos, além de procurar conhecer a população do Império, sua
distribuição e ocupação, vigiando os que eram vistos como vadios e desordeiros (RIO DE
JANEIRO, S/N).

Foi um código votado por uma maioria conservadora, mas que foi obrigada a tomar uma
posição uma pouco mais liberal. Procurava-se organizar o império e evitar os levantes, contendo
assim a massa urbana e rural, tipificando condutas, mas tentava também organizar um país que ia
tomando grandes proporções.

4. DA LEI Nº 758 DE 1850 E A ANÁLISE DOS ARTS. 1º, 3º E 4º

Passamos então a analisar os artigos 1º, 3º e 4º da lei nº.578 de 1850. No artigo 1 estão
disciplinadas os tipos de embarcações que podem vir a ser apreendidas pelo crime de importação de
pessoas livres, também possibilita a apreensão no caso da modalidade tentada.
Art.1º As embarcações brasileiras encontradas em qualquer parte, e as estrangeiras
encontradas nos portos, enseadas, ancoradouros, ou mares territoriaes do Brasil, tendo a seu
bordo escravos, cuja importação he prohibida pela Lei de sete de Novembro de mil
oitocentos trinta e hum1, ou havendo-os desembarcado, serão apprehendidas pelas
Autoridades, ou pelos Navios de guerra brasileiros, e consideradas importadoras de
escravos.
Aquellas que não tiverem escravos a bordo, nem os houverem proximamente
desembarcado, porêm que se encontrarem com os signaes de se empregarem no trafico de
escravos, serão igualmente apprehendidas, e consideradas em tentativa de importação de
escravos (BRASIL, 1850).

Já o art. 3º, traz os sujeitos ativos do crime, sendo eles o dono, o capitão ou mestre, o piloto e
o contramestre da embarcação e o sobrecarga, caracterizando o crime como sendo próprio. Quanto
aos cúmplices a lei não estabelece um rol taxativo, mas sim exemplificativo das pessoas, e diz que
qualquer um que concorra para ocultar ao conhecimento da autoridade ou para os subtrais a
aprensão no mar ou em ato de desembarque, também pode ser considerado cúmplice, assim, em um
tipo pode haver mais de um agente, havendo concurso de pessoas.

Art.3º São autores do crime de importação, ou de tentativa dessa importação o dono, o


capitão ou mestre, o piloto e o contramestre da embarcação, e o sobrecarga. São complices
a equipagem, e os que coadjuvarem o desembarque de escravos no territorio brasileiro, ou
que concorrerem para os occultar ao conhecimento da Autoridade, ou para os subtrahir á
apprehensão no mar, ou em acto de desembarque, sendo perseguido (BRASIL, 1850).

O art. 4º por sua vez equipara o crime de importação de escravos ao de pirataria e estabelece
as penas a serem aplicadas aos autores do crime e os tribunais competentes para o julgamento. Traz
ainda a possibilidade de modalidade tentada, como uma forma de apreensão da embarcação.

Art.4º A importação de escravos no territorio do Imperio fica nelle considerada como


pirataria, e será punida pelos seus Tribunaes com as penas declaradas no Artigo segundo da
Lei de sete de Novembro de mil oitocentos trinta e hum. A tentativa e a complicidade serão
punidas segundo as regras dos Artigos trinta e quatro e trinta e cinco do Codigo Criminal 2
(BRASIL, 1850).

1 O tráfico de pessoas era punido tanto com multa quanto com pena de prisão. Art. 2º Os importadores de escravos no
Brazil incorrerão na pena corporal do artigo cento e setenta e nove do Código Criminal, imposta aos que reduzem á
escravidão pessoas livres, e na multa de duzentos mil réis por cabeça de cada um dos escravos importados, além de
pagarem as despezas da reexportação para qualquer parte da Africa; reexportação, que o Governo fará effectiva com a
maior possivel brevidade, contrastando com as autoridades africanas para lhes darem um asylo. Os infractores
responderão cada um por si, e por todos (Código Criminal do Império, 1830). Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/LIM-16-12-1830.htm> Acesso em: 15 out. 2016.

2. Nela estão presentes o tipo penal, revela ainda que a é um crime que permite tentativa e concurso de agentes, no caso
chamado de cumplicidade. Aplicando-se a essa modalidade os artigos 34 e 35 do código criminal, que preconiza o
seguinte:
Art.34. A tentativa, á que não estiver imposta pena especial, será punida com as mesmas penas do crime,
menos a terça parte em cada um dos gráos.
Se a pena fôr de morte, impôr-se-ha ao culpado de tentativa no mesmo gráo a de galés perpetuas. Se fôr de
galés perpetuas, ou de prisão perpetua com trabalho, ou sem elle, impor-se-ha a de galés por vinte annos, ou de prisão
com trabalho, ou sem elle por vinte annos. Se fôr de banimento, impôr-se-ha a de desterro para fóra do Imperio por
vinte annos. Se fôr de degredo, ou de desterro perpetuo, impôr-se-ha a de degredo, ou desterro por vinte annos.
Art.35. A complicidade será punida com as penas da tentativa; e a complicidade da tentativa com as mesmas
penas desta, menos a terça parte, conforme a regra estabelecida no artigo antecedente.(Código Criminal do Império,
1830). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/LIM-16-12-1830.htm> Acesso em: 15 out. 2016.
Assim, temos três artigos que nos permitem identificar a intenção do Governo Imperial
Brasileiro, ainda que tardiamente, de impedir, através da tipificação da conduta, o tráfico
intercontinental de africanos para o Brasil.

5.CONCLUSÃO

Essas são as conclusões relevantes extraidas da lei 578, de 1850, que equipara o tráfico de
escravos à pirataria. As leis editadas no período da escravidão são leis tipicamente penais, pois junto
aos elementos do tipo, estão cominadas penas para aqueles que as transgredirem, isso inclui a lei
Eusébio de Queiroz, que veio para impedir o tráfico de escravos vindos da África.
São elementos objetivos do tipo a importação de escravos no território do império,
estabelecendo as regras básicas e sua aplicação no referido período. Na referida lei, está implícita a
tutela ao direito fundamental à liberdade em detrimento do direito à propriedade, posto que se pode
apreender embarcações, de acordo com a classificação proposta anteriormente, é um crime que se
enquadra nos crimes contra o indivíduo, sendo tutelado pelo direito penal.
O crime tipificado pela lei é um crime próprio no seu núcleo, cabendo a modalidade tentada e
o concurso de pessoas. Além disso podemos perceber que as leis penais embora ainda recorressem
aos castigos corporais, foram de grande importância para o direito penal, pois não só o princípio da
legalidade é observado, como se inicia uma tendência de retirar da pena, algumas características
cruéis, como os castigos corporais mais degradantes.
No que pese a característica sancionatória e educativa das penas, é sabido que, embora a
referida lei não tenha impedido de todo o tráfico de escravos, foi fundamental para sua interrupção e
para o processo de libertação que viria a acontecer posteriormente com a lei Áurea.
REFERÊNCIAS

FREYRE, Gilberto. Casa Grande Senzala. 34 ed. São Paulo.Global, 2006.

JESUS, Damásio e. de, Direito Penal. v.1. Parte Geral. 16 ed. São Paulo.Saraiva, 1992.

MATHIAS, Carlos Fernando. Notas para uma história do judiciário no Brasil. Brasília.
Fundação Alexandre de Gusmão, 2009.

SCHWARCZ, Lilia Moritz, STARLING, Heloisa Murgel. Brasil:uma biografia. São Paulo.
Companhia das Letras, 2015.

MACIEL, José Fábio Rodrigues.Ordenações Filipinas:considerável influência no direito


brasileiro. 2006. Disponível em: <http://www.cartaforense.com.br/conteudo/colunas/ordenacoes-
filipinas—consideravel-influencia-no-direito-brasileiro/484>. Acesso em: 14 out. 2017

Prefeitura do Rio de Janeiro. Promulgação do Código Criminal. Disponível em:


<http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/promulgacao.html> Acesso em: 14 out. 2017.

BRASIL. Código Criminal do Império, 1830. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/LIM-16-12-1830.htm> Acesso em: 15 out. 2017.

BRASIL. LEI Nº 581, DE 4 DE SETEMBRO DE 1850. Disponível em:<


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/LIM581.htm> Acesso em: 14 out. 2017.

BRASIL. LEI 7 DE NOVEMBRO DE 1831. Disponível em


<http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei_sn/1824-1899/lei-37659-7-novembro-1831-564776-
publicacaooriginal-88704-pl.html> Acesso em: 14 out. 2017.

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