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Com efeito, a estratégia de construção dessa ordem económica assentou na liberalização dos fluxos de
mercadorias e de capitais, com o objectivo explícito de se proporcionar melhores condições de vida às
populações, através dos ganhos potenciados pelo aumento da eficiência dos mercados nacionais e
internacionais.
A globalização da emigração
As migrações são uma componente essencial do actual modelo de globalização, pois num contexto
económico internacional de livre circulação de mercadorias, de capitais e até de ideias, não é possível
confinar as populações aos limites das fronteiras.
E em Portugal?
Naturalmente, a globalização das migrações também se fez sentir em Portugal, pois além da
persistência da emigração de portugueses (5), assistiu-se a um elevado aumento da imigração para
Portugal. Este crescimento foi particularmente evidente nos últimos dez anos (175%), apesar das
notórias debilidades do desempenho económico nacional, registado para o mesmo período.
Perfil dos imigrantes
O aumento da imigração foi acompanhado por significativas alterações no que concerne ao perfil dos
imigrantes, em termos do país de origem (cf. Repartição dos imigrantes por país de origem), nível de
instrução e de qualificações profissionais (cf. Níveis de qualificações académicas de imigrantes) e
repartição por sexo (cf. População imigrante feminina). Com efeito, a inesperada entrada em cena dos
imigrantes provenientes de países do Leste europeu, cuja taxa de crescimento foi de 840%, entre
2000 e 2004 (6), elevou significativamente o nível de qualificação médio da população estrangeira,
uma vez que o grau de instrução destes imigrantes é mesmo superior ao dos cidadãos comunitários
residentes em Portugal.
Contudo, o aumento da distribuição percentual dos imigrantes em actividades pouco qualificadas (cf.
Repartição dos trabalhadores imigrantes por profissão / sector de actividade), demonstra a
persistência da segmentação do mercado de trabalho em Portugal e continua a afectar os imigrantes
aos bad jobs, independentemente das suas qualificações (7).
Esta evolução levou a uma maior visibilidade da presença e do papel dos imigrantes na sociedade
portuguesa, facto que fomentou a discussão científica e política sobre os custos e benefícios da
imigração e conduziu a diversas iniciativas legislativas, visando a construção de uma política nacional
de imigração mais integradora.
Com a chegada dos imigrantes provenientes de países do Leste europeu, o nível médio de qualificações
da população estrangeira residente em Portugal elevou-se substancialmente. Contudo, continuam a
ser-lhes destinados os bad jobs.
No que concerne à construção de uma política de imigração mais integradora, há a destacar três
iniciativas legislativas: a Lei 115/99 (11) de 3 de Agosto, orientada para a promoção de associações de
imigrantes; a nova Lei da nacionalidade (12); o recentíssimo anteprojecto da Lei de Imigração, sujeito
a ampla discussão pública, que introduz diversas medidas positivas no sentido de facilitar a legalização
dos imigrantes e, assim, atribuir-lhes a dignidade inerente a qu
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ões.
1 - Segundo o W
World Migration
n Report 2003, 1 em cada 35 ha
abitantes do pla
aneta é migrante; o número tottal de migrantes
passou de 84 m
milhões, em 198
85, a 175 milhõe
es em 2002.
2 - LINDERT, Pe
eter H.; WILLIA
AMSON, Jeffrey G.
G — “Globaliza
ation and Inequa
ality: A Long His
story”, NBER W
Working Paper 82
228,
National Bureau
u of Economic Research,
R Cambridge, 2001: Co
omunicação apre
esentada na Conferência Anuall do Banco Mundial
4 - LEMAÎTRE, G
George — “The Comparability of
o International Migration Statistics, Problems and Prospects””. OCDE, Statistics
5 - Essencialme
ente para países
s da UE e Suíça; segundo o Ban
nco Mundial, Po
ortugal ainda figurava no grupo
o de países que
usufruem das m
mais elevadas re
emessas de emiigrantes, em 20
001.
6 - ACIME, com
m base em inform
mações do Minis
stério do Traballho e da Solidarriedade Social.
7 - FERREIRA, E
E. Sousa; RATO
O, Helena; MORT
TÁGUA, Maria Jo
oão — Novos Ca
aminhos da Europa, A imigraçãão de Leste.
Oeiras: Celta Ed
ditora, 2005.
8 - CORRÊA D’A
ALMEIDA, André
é — Impacto da Imigração em Portugal nas Co
ontas do Estado, Observatório d
da Imigração.
9 - FERREIRA, E
E. Sousa; RATO
O, Helena; MORT
TÁGUA, Maria Jo
oão — Viagens de Ulisses, Efeittos da Imigraçãão na Economia
Portuguesa. Ob
bservatório da Im
migração. Lisboa: ACIME, 2003
3.
10 - Valor Acres
scentado Bruto..
12 - Lei Orgânic
ca n.º 2/2006 de
d 17 de Abril.
Observatório da
a Imigração. Lis
sboa: ACIME, 20
004.
14 - GARCIA, R
Ricardo, in Públic
co, 23 de Janeirro de 2006.
15 - Comunicaç
ção da Comissão
o ao Conselho, ao Parlamento E
Europeu, ao Comité das Regiõe
es, relativa à im
migração, à
integração e ao
o emprego [COM
M (2003) 336 fin
nal – não publiccada no Jornal Oficial].
O
Oeiras: Celta Ed
ditora, 2000.
17 - PEREIRA, A
Ana Cristina — Delinquência Ju
uvenil. In Pública
a, n.º 526, 2 de
e Julho de 2006.
18 - Integração
o socioprofission
nal dos inquirido
os na sociedade portuguesa. Disponível em
http://www.Cid
dadevirtual.pt/cp
pr/integra/Relatt2.html
* Helena Ra
ato
Licenciada em
m Economia pela Universidade Livre d
de Bruxelas. Mestre
M em Ec
conometria. D
Doutora em
Economia pe
ela Universida
ade Técnica de
d Lisboa. Dirrectora do De
epartamento de Investiga
ação e de
Desenvolvim
mento do Instituto Naciona
al de Adminisstração, onde
e detém a cattegoria de Inv
vestigador
Principal. Me
embro do Con
nselho Editoriial da Galileu , Revista de Economia e Direito
D da Un
niversidade
Autónoma de
e Lisboa.
www.januson
nline.pt 2007
7