Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
18090417521238800000000136594
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
M A N I F E S T A Ç Ã O
Página 1 de 31
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
Município de Teresina n. 4.837, de 18 de novembro de 2015, que prevê a subconcessão
integral dos serviços públicos de abastecimento de água e esgotamento sanitário
[acrescente-se: na zona urbana do Município], ao argumento de que esse dispositivo seria
incompatível com os arts. 19, caput, 20 e 22, inciso I, da Constituição do Estado do Piauí;
e com os arts. 12, inciso I, 16, 20, incisos I, alíneas ‘e’, ‘l’ e ‘p’, IV, da Lei Orgânica do
Município de Teresina.
Página 2 de 31
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
A alegação de inconstitucionalidade do art. 1º da Lei n. 4.837, de 18 de
novembro de 2015, do Município de Teresina, parte da má-compreensão dos limites da
regra jurídica que se extrai desse texto legal.
Página 3 de 31
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
Teresina;
IV – cumprir metas e ampliar os índices de cobertura, devendo ser
acompanhado e fiscalizado pela agência reguladora do Município;
V – manter o registro, controle e inventário físico dos bens e
instalações relacionados às atividades desenvolvidas, inclusive as
de propriedade do Município e do Estado em regime especial de
uso, para fiscalizações e indenizações de direito;
VI – reverter ao poder concedente, extinta a subconcessão, todos
os direitos, bens vinculados, próprios ou afetos à execução dos
serviços públicos, devendo ser formalizado em edital, contrato ou
termo.
Parágrafo único. Deverá ser publicado, na imprensa oficial, o
extrato da minuta do contrato para a subconcessão da prestação
dos serviços públicos de abastecimento de água e esgotamento
sanitário, a fim de garantir a transparência e a publicidade aos
munícipes.
Página 4 de 31
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
No entanto, para alegar a inconstitucionalidade desse dispositivo, o autor
da ADI precisa atribuir ao art. 1º da Lei n. 4.837/2015 um sentido normativo absurdo,
obviamente incompatível com os limites impostos pelo aludido texto normativo.
Página 5 de 31
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
4.310, de 11/07/2012, com alteração posterior, e no art. 118, da
Lei Orgânica do Município de Teresina, e autoriza a cessão do
Contrato de Programa celebrado com a Águas e Esgotos do
Piauí S.A – AGESPISA, ao Instituto de Águas e Esgotos do
Piauí”.
O Núcleo de Promotorias de Justiça da Fazenda Pública
argumenta que “o projeto de lei é extremamente simples e deixa
de trazer vários elementos essenciais, seja para a subconcessão,
seja para a cessão do Contrato de Programa, contrariando a
legislação federal pertinente”.
Os vícios apontados pelo Núcleo de Promotorias de Justiça da
Fazenda Pública podem ser sintetizados em três pontos,
destacados neste ato.
Página 6 de 31
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
subconcessão, considerando o art. 11, da Lei Federal nº 11.445/07
(Lei de Diretrizes Nacionais do Saneamento Básico), que trata das
condições de validade dos contratos para a prestação do serviço
de saneamento básico, entre elas a realização de audiência e
consulta públicas sobre o edital de licitação e sobre a minuta do
contrato.
Página 7 de 31
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
Página 8 de 31
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
Página 9 de 31
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
QUADRO 1 – HISTÓRICO DE POSIÇÕES DO MUNICÍPIO DE TERESINA NO
RANKING DO SANEAMENTO
14
14
12 11 11
10
8
8
0
2012 2013 2014 2015
Página 10 de 31
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
tratado
nto total
referido à
em
água faturamento (%)
esgoto
consumida
(%)
(%)
2013 16,02 16,02 20 54,47
2014 16,33 14,73 12 51,24
2015 17,87 14,60 6 49,29
Fonte: Ranking Trata Brasil, elaboração Fipe (2015).
Página 11 de 31
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
uma solução sustentável, eficiente e com a manutenção do
controle estatal para os serviços de abastecimento de água e
esgotamento sanitário no Município de Teresina e no Estado do
Piauí. A proposta aprovada foi a parceria com uma entidade
privada no Município de Teresina, mediante a manutenção do
controle e fiscalização estatal e regulação municipal – a presente
subconcessão. Nos demais municípios, a proposta aprovada é a
cessão gradual e planejada dos serviços prestados pela Agespisa
ao Instituto Águas e Esgotos do Piauí.
Após submissão desses estudos ao Comitê Gestor do Município,
restou verificada a necessidade de apreciação da proposta
submetida pelo Estado do Piauí por esta Douta Casa Legislativa,
razão pela qual foi encaminhado o projeto de lei em discussão.
Ao contrário de muitos estados e município brasileiros, o Estado
do Piauí e o Município de Teresina, por meio de seus Poderes
Executivos do Estado e Município, de pleno e comum acordo
submetem à esta Casa Legislativa e à população a proposta de
subconcessão e , tendo em vista a urgente necessidade de
melhorar a cobertura e indicadores dos serviços de abastecimento
de água e esgotamento sanitário na área urbana do Município de
Teresina, e o interesse primário da população de ter os serviços
prestados de maneira eficiente, propõem a autorização da
subconcessão dos serviços a um parceiro privado. Este será
escolhido após o devido procedimento licitatório e a constatação
de todas as premissas técnicas, jurídicas e financeiras necessárias
para prestar adequadamente os serviços à população urbana de
Teresina. Propôs-se também a autorização para uma futura
Página 12 de 31
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
possível cessão do contrato de programa ao Instituto, dado que é o
momento oportuno de discutir e aprovar a reestruturação dos
serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário no
Município.
Vale ressaltar que esta Câmara de Vereadores do Município de
Teresina é uma instituição do Poder Legislativo, responsável pela
representação política da vontade popular do Município. Nesse
sentido, a avaliação realizada por esta Ilma. Câmara, não obstante
subsidiada por elementos técnicos e jurídicos, é um juízo de
conveniência e oportunidade política, no qual são levadas em
consideração perspectivas mais amplas para atendimento do
interesse da população.
No caso em questão e de modo específico, o interesse da
população está definido, já em âmbito nacional, no art. 2º da Lei
Nacional de Diretrizes do Saneamento Básico: prestação
universal do serviço público e saneamento básico, de forma
ambientalmente sustentável, economicamente eficiente e
transparente.
Página 13 de 31
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
fim de instituir a gestão associada dos serviços de água e esgoto,
nos termos do artigo 241 da Constituição Federal.
O Convênio de Cooperação nº 10/2011 teve por objeto
implementar ações de forma associada para prestar os serviços de
água e esgoto em Teresina, nas zonas urbana e rural, de forma
universal e adequada. Neste sentido, o Convênio nº 10/2011
previu a transferência da prestação dos serviços à Agespisa,
mediante a via legal do contrato de programa (assinado em
28.06.2012), e a competência da Agência Reguladora Municipal
(ARSETE) para desempenhar as funções de regulação, inclusive
tarifária. 1
O contrato de programa, devidamente celebrado entre a Agespisa
e o Estado, em complemento ao Convênio, previu todas as
condições para a prestação dos serviços de abastecimento de água
e esgotamento sanitário na área urbana e rural do Município de
Teresina e inclusive autoriza a subconcessão dos serviços,
conforme será abordado no item 5.
No tocante à subconcessão, remete-se às razões já expostas na
exposição de motivos do Projeto de Lei [xxx]. Caso seja aprovada
a proposta de subconcessão dos serviços públicos de
abastecimento de água e esgotamento sanitário na área urbana,
ficará estruturada institucionalmente a prestação dos serviços de
água e esgoto na área urbana do Município conforme dispõe o
Quadro 3.
QUADRO 3: ESTRUTURA PROPOSTA DE PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS
Página 14 de 31
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
Página 15 de 31
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
Em relação à submissão da proposta às deliberações do
“Conselho da Microrregião”, os argumentos do Núcleo de
Promotorias de Justiça da Fazenda Pública não possuem
consistência em relação ao entendimento do Supremo Tribunal
Federal.
Um dos pontos mais controvertidos quando se trata dos serviços
de abastecimento de água e esgotamento sanitário é referente à
titularidade em regiões metropolitanas e a forma do
compartilhamento da gestão dos serviços. A discussão sempre
girou em torno da titularidade estadual ou municipal e suas
nuances para os serviços de saneamento em regiões
metropolitanas.
A tomada de posição do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a
temática, à luz da Constituição de 1988, iniciou-se com dois
julgamentos sobre o tema: a ADI 1842 do Rio de Janeiro e a ADI
2077 da Bahia. O julgamento da ADI 1842-RJ foi realizado em
06/03/2013 (DJe 13/09/2013), votando, no mérito, os Ministros
Maurício Corrêa, Nelson Jobim, Joaquim Barbosa, Gilmar
Mendes, Ricardo Lewandowski, Teori Zavascki, Marco Aurélio e
Rosa Weber; na mesma data, foi julgado o pedido cautelar da ADI
2077-BA (DJe 08/10/2014), para o qual apresentaram votos
relevantes os Ministros Ilmar Galvão, Nelson Jobim, Joaquim
Barbosa, Eros Grau, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski.
A decisão do STF não define uma única forma de organização dos
serviços em regiões metropolitanas, nem os ministros acordam
unanimemente nas posições. O STF decidiu que a titularidade e
competência sobre os serviços de saneamento básico em regiões
Página 16 de 31
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
metropolitanas não é nem exclusivamente municipal, nem
exclusivamente estadual. Trata-se de competência compartilhada.
O Acórdão trouxe critérios para a construção do
compartilhamento metropolitano. Esses critérios ratificaram e
validaram, inclusive, soluções contratuais negociadas entre alguns
Estados (suas empresas de saneamento estadual) e Municípios,
que haviam sido implantadas antes do julgamento da Suprema
Corte, como é o caso dos Municípios de São Paulo, Rio de
Janeiro e Recife.
Por outro lado, a decisão não apresentou modelo único de
governança, permitindo, assim, que cada aglomeração urbana
adote a solução tecnicamente mais adequada para a melhoria dos
serviços de saneamento básico em seu território.
O que se tem verificado como ponto comum em todos os casos é
a obrigatoriedade de consenso entre Município e Estado.
Deve ser respeitada a autonomia tanto do Estado, quanto do
Município, na forma que julgarem mais conveniente, como
recentemente indicado pelo Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo, que julgou inconstitucional leis municipais n. 7.095, 7.096
e 7.102 do Município de Guarulhos, Estado de São Paulo, que
instituíram a política municipal de saneamento em Guarulhos,
bem como autorizou a PPP e instituiu a agência reguladora
municipal. O Município de Guarulhos, ao adotar solução
individualizada na política municipal de saneamento, aprovar uma
PPP e instituir uma agência reguladora sem o compartilhamento
decisório com o Estado teve as suas leis declaradas
inconstitucionais em primeira instância. O Tribunal, porém,
Página 17 de 31
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
indicou que Município e Estado deveriam se pôr de acordo com
relação ao arranjo institucional e não, necessariamente, submetê-
lo a órgão metropolitano.
É possível que a operação dos serviços seja definida em
conjunto pelo estado e o município interessado. Isso não prejudica
o planejamento integrado que pode ser realizado pelo ente
metropolitano (quando operacional) ou pelo próprio estado.
No caso do Município de Teresina, foi acordada a gestão
associada dos serviços de abastecimento de água e esgotamento
sanitário com o Estado, a ser executado por uma empresa estadual
– a Agespisa. Ao Município compete tanto a realização das
atividades de regulação, quanto de planejamento, por meio do
Plano Municipal de Saneamento Básico.
Frise-se, a matéria submetida à análise da Câmara de Vereadores
é fruto de uma ação coordenada entre o Estado do Piauí e o
Município de Teresina (convenio de cooperação e contrato de
programa), firmados mediante prévia autorização do poder
legislativo municipal. Tanto os Poderes Executivos do Estado,
quanto Município estão de acordo com a proposta de
subconcessão.
Além dos argumentos jurídicos acima expostos, os sistemas de
abastecimento de água e esgotamento sanitário de todos os
municípios da microrregião de Teresina são tecnicamente
independentes entre si, ou seja, não estão interligados aos
sistemas dos demais municípios que compõem a microrregião
metropolitana. Não tem como se falar tecnicamente em interesse
Página 18 de 31
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
comum dos outros municípios, em sistemas que são geridos
individualmente.
Vale notar, ainda, que a solução apresentada no Município de
Teresina está em linha com as soluções apresentadas em outros
estados brasileiros, em que existe o convênio celebrado com
empresa estadual e cada um com um modelo de operação
diferenciado, mas igualmente válidas frente à decisão do STF.
O modelo adotado em São Paulo foi o de firmar convênio entre
Estado de São Paulo e Município e delegar à Sabesp (companhia
estadual de saneamento) a prestação dos serviços no Município,
por meio de contrato com a Prefeitura municipal. A regulação, por
sua vez, foi delegada a agência reguladora estadual (ARSESP). O
arranjo de 30 anos permitiu ao Município estabelecer metas de
investimento e de qualidade de serviços à Sabesp. Por outro lado,
trouxe estabilidade contratual na relação com o principal cliente
da Companhia (aproximadamente 50% de sua receita). A
referência expressa à gestão associada trazida pelo Acórdão
ratifica o modelo paulista.
O modelo da Região Metropolitana de Recife (RMR) é o de
operação dos serviços por empresa estadual, casada com parceria
público-privada (PPP). A exemplo de São Paulo, o Estado de
Pernambuco firmou convênios com todos os Municípios da RMR,
delegando à empresa estadual de saneamento COMPESA a
competência para prestar os serviços de água e esgoto nesses
Municípios. Porém, concomitantemente à assinatura/renovação
dos contratos, a COMPESA organizou PPP com empresa privada
que passou a prestar, sob orientação da COMPESA, os serviços
Página 19 de 31
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
de esgotamento sanitário e gestão comercial na RMR. Os serviços
de água permaneceram sob responsabilidade da COMPESA.
Além de estabilidade contratual, o arranjo permitiu à COMPESA
atrair capital e tecnologias privadas acelerando o ritmo de
universalização e melhorando a qualidade dos serviços em sua
base operada. Esse modelo está agora respaldado pela decisão do
STF.
Por fim, o modelo do Município do Rio de Janeiro, em que há a
operação dos serviços por empresa estadual casada com
concessão de esgoto à iniciativa privada. O modelo carioca traz
interessante inovação institucional, onde Estado e Município
pactuaram que a integralidade do território da cidade do Rio de
Janeiro teria seus serviços operados pela empresa de saneamento
estadual (CEDAE), com exceção dos serviços de esgotamento
sanitário da Área de Planejamento 05 do Município – AP05 (Zona
Oeste da Cidade). Nessa área, o Município realizou licitação para
selecionar concessionário privado que passou a ser responsável
pela prestação dos serviços de esgotamento sanitário na AP05. Foi
firmado contrato de interdependência com a CEDAE no intuito de
regular o relacionamento do concessionário privado e da
concessionária estadual na prestação dos serviços de água e
esgoto, respectivamente, na área do projeto. Os três modelos
listados acima são apenas exemplos de como a gestão associada
pode ser utilizada para criar uma estrutura de governança
compartilhada em regiões metropolitanas.
A este respeito, cumpre esclarecer que a Lei Complementar
Estadual nº 142/2009 promoveu a integração compulsória de
Página 20 de 31
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
municípios por meio da instituição da microrregião de Teresina,
atribuindo a um órgão colegiado composto por 11 membros da
Administração Estadual, um representante dos 16 municípios e 2
representantes da sociedade civil a competência para, dentre
outras, programar a integração e a unificação dos serviços
públicos comuns dos entes que integram a microrregião.
Agrega-se a esse ponto que a inexistência de planos e
programas deliberados pelo Conselho da Microrregião não
impede que o Município exerça a sua função de planejar e
oferecer, direta ou indiretamente, os serviços de saneamento
básico de forma universal.
Desde a sua criação, em 2009, até o presente momento, não há
notícia de efetiva constituição desse conselho, bem como de
quaisquer de suas deliberações. A ausência desse Conselho não
deve ser um obstáculo frente à decisão conjunta do Estado e
Município de oferecer a possibilidade concreta de universalização
dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário na
data final indicada no plano municipal.
Vale lembrar que o Projeto de Lei em análise visa apenas adequar
uma situação existente para que a operação do serviço público de
saneamento básico na Capital seja prestada na forma prevista no
planejamento já realizado, mediante o cumprimento das metas
estabelecidas no contrato de programa. O Contrato de Programa e
a subconcessão contam com a participação ativa do Comitê
Gestor, órgão paritário de participantes do Estado e Município, na
forma já estabelecida no Contrato de Programa.
Página 21 de 31
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
Deste modo, considerando (i) o entendimento do STF sobre a
matéria, (ii) a ausência de qualquer criação concreta e deliberação
desse Conselho criado pela Lei Complementar Estadual nº
142/2009, (iii) o acordo entre Estado e Município; (iv) a
existência do Comitê Gestor com participantes do Estado e
Município no Contrato de Programa e consequentemente na
subconcessão; (v) a independência técnica dos sistemas de
saneamento municípios da microrregião de Teresina, o Projeto de
Lei apresentado pelo chefe do Executivo municipal pode ser
objeto de análise e aprovação pela Câmara Municipal de Teresina.
5) DO CABIMENTO DA AUTORIZAÇÃO DA
SUBCONCESSÃO NA FORMA PROPOSTA
O Contrato de Programa, em sua Cláusula 1ª, § 4º, prevê que a
AGESPISA poderá subdelegar a terceiro, nos termos da lei, com
prévia e expressa autorização do MUNICÍPIO, a prestação dos
SERVIÇOS objeto deste CONTRATO, por meio de subdelegação,
subconcessão, parceria público privada, ou outra modalidade
contratual admitida na legislação.
Por sua vez, a Lei Municipal 4.310/12, alterada pela Lei
Municipal 4.443/13, que dispõe sobre os serviços públicos de
abastecimento de água e esgotamento sanitário, estabelece regras
acerca da política tarifária e dá outras providências, já autoriza a
subconcessão dos serviços públicos prestados pela Agespisa,
conforme disposto no art. 8º:
Art. 8º. Os serviços públicos de abastecimento de água e
esgotamento sanitário, objeto do contrato de programa
Página 22 de 31
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
mencionado no caput do art. 1º desta lei, poderão ser prestados
diretamente pela AGESPISA, ou, ainda, em regime de
subdelegação parcial, desde que obedecido o disposto no art.
118, da Lei Orgânica do Município”.
Parágrafo único. Em qualquer dos casos, caberá à Agência
Municipal de Regulação de Serviços Públicos de Teresina
ARSETE a regulação e a fiscalização dos respectivos serviços
públicos, nos termos previstos no contrato de programa,
observada a legislação pertinente, em especial a Lei Federal nº
11.445/07 e a Lei Municipal nº 3.600, de 22 de dezembro de
2006.
O artigo 118 da Lei Orgânica do Município remete à necessidade
de autorização legislativa para a concessão ou permissão de
serviços públicos. Razão do envio do referido Projeto para essa
Casa Legislativa.
O processo da subconcessão dos serviços de abastecimento de
água e esgotamento sanitário na área urbana do Município não é
um processo aleatório e randômico. A elaboração do Projeto em
referência é fruto de inúmeras autorizações legislativas prévias,
arranjos institucionais e contratos celebrados anteriormente. Em
evidência está a hierarquia de normas constitucionais e
infralegais.
Na raiz, está a Constituição Federal. A partir da autorização
contida no art. 241, da Constituição Federal, da Lei 11.107/05,
Lei 8.987/95 e Lei 11.445/07 e de acordo com a Constituição
Estadual e Lei Orgânica do Município, foram dadas as
autorizações legislativas estaduais e municipais (Lei Municipal nº
Página 23 de 31
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
4.133/11 e Lei Estadual nº 5.717/07) para a celebração do
Convênio 010/11 e respectivo contrato de programa, que
expressamente autoriza a subconcessão, como mencionado acima.
Posteriormente foi editada a Lei Municipal 4.310/12, que dispôs
sobre os serviços públicos de abastecimento de água e
esgotamento sanitário, estabeleceu regras acerca da política
tarifária e deu outras providências, além de outras normas
municipais e estaduais que regulam a matéria em discussão.
Repise-se: a autorização dada no projeto de lei é fruto de uma
vasta legislação e arranjos institucionais celebrados
anteriormente. A proposta de subconcessão está atualmente
adstrita às leis e obrigações vigentes na atualidade ao Contrato de
Programa. As minutas de edital e contrato serão objeto de
validação pela população.
Com a autorização da subconcessão ora em discussão, se satisfaz
o próprio interesse legislativo na aprovação da matéria, traz
publicidade, transparência, segurança jurídica ao processo. Em
outras palavras, trata-se do compromisso do Exmo. Sr. Prefeito e
do Exmo. Sr. Governador do Estado em dar total transparência ao
processo.
Neste sentido, cumpre informar que a audiência pública
mencionada pelo Ministério Público, prevista no art. 11, da Lei
Federal nº 11.445 (Lei Nacional do Saneamento Básico), não é a
mesma audiência pública que pode ser realizada no âmbito do
Poder Legislativo. Trata-se, naquele caso, de audiência pública
realizada no âmbito do Poder Executivo, a quem cabe conduzir o
processo administrativo licitatório para a formalização de
Página 24 de 31
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
contrato de subconcessão do serviço público e cujos documentos
inerentes serão disponibilizados à população ainda nessa semana.
Com relação a esta audiência pública, realizada pelo Poder
Executivo, urge frisar que já está agendada para acontecer no dia
20 de outubro, as 09:00 no Auditório do Tribunal de Contas do
Estado do Piauí, e será utilizada como um mecanismo de controle
social, podendo participar todos os interessados, desde
representantes do Poder Público (inclusive do MP), como
membros da sociedade civil.
O objetivo não é somente captar o conteúdo da vontade popular
para se realizar uma decisão legal, mas a de obter informações
traduzíveis em nível técnico, para subsidiar a elaboração e o
aperfeiçoamento das condições jurídicas específicas da licitação e
futura contratação da subconcessão. Por essa razão, é necessária a
disponibilização prévia dos estudos para a audiência pública
realizada no âmbito do Poder Executivo para a consulta dos
diversos segmentos sociais envolvidos.
Por fim, ao contrário do que afirma o Ministério Público, a
intenção do Poder Executivo não é obter um cheque em branco
para agir da forma como entender conveniente em relação à
subconcessão do serviço de saneamento básico na área urbana do
Município de Teresina.
Como explicitado, o Poder Executivo, de posse da autorização
legislativa solicitada, necessariamente deverá obedecer, no
processo administrativo para a subconcessão, os requisitos do art.
26, da Lei Federal nº 8.987 (Lei Geral de Concessões). Caso
assim não proceda, estará sujeito aos controles judicial e órgãos
Página 25 de 31
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
fiscalizadores, como o Tribunal de Contas e o próprio Ministério
Público.
Página 26 de 31
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
de aditar o contrato de programa, substituindo a Agespisa por
outro ente da Administração Pública estadual, na forma prevista
no art. 13 da Lei Federal nº 11.107, que regulamenta os contratos
de programas, e do art. 8º, da Lei nº 11.445 (Lei Nacional do
Saneamento Básico). Em outras palavras, se aprovada a cessão,
será facultado ao Estado e Município celebrarem a cessão. Isso
não quer dizer que a cessão necessariamente irá ocorrer, nem que
ocorrerá rapidamente. Se verificado que a cessão ao Instituto não
será interessante, ou que o Instituto não irá prover um serviço de
qualidade igual ou superior ao atualmente prestado pela Agespisa,
não haverá cessão. Diante da aprovação legislativa, haverá um
juízo de oportunidade e conveniência dos poderes executivos
estadual e municipal, na minúcia que somente o Poder Executivo
terá como avaliar e decidir.
Obviamente que, para realizar a cessão, se for o caso, o Poder
Executivo Municipal deverá observar o disposto no art. 27, da Lei
nº 8.987 (Lei Geral de Concessões), aferindo no exercício de sua
competência, em processo administrativo próprio, as exigências
de capacidade técnica, idoneidade financeira, regularidade
jurídica e fiscal do eventual substituto da Agespisa no contrato de
programa.
Tais atos administrativos, se ocorrerem, consoante a autorização
legislativa, estarão sujeitos ao controle judicial e do Tribunal de
Contas do Estado, todos eles objeto de fiscalização do Ministério
Público no foro adequado.
Noutro norte, em havendo a cessão do Contrato de Programa para
o Instituto, é importante ressaltar o compromisso do Ex.
Página 27 de 31
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
Governador do Estado com a manutenção dos direitos adquiridos
pelos empregados da AGESPISA e a preservação da matriz de
trabalho existente. Não há no cenário posto a possibilidade de
que, com a implementação do novo modelo de governança, sejam
gerados prejuízos aos funcionários que fazem parte do quadro
funcional da Companhia.
Sobre os pontos do processo legislativo que requeiram maiores
esclarecimento, conforme o entendimento parlamentar, serão
objeto de demonstração caso o Poder Legislativo os requisite na
forma do regimento interno da Câmara de Vereadores.
7) CONCLUSÃO
Diante do exposto, conclui-se que:
1) Os baixos indicadores de abastecimento de água e
esgotamento sanitário no Município são incompatíveis com a
visão do Município e do Estado para Teresina, que merece ser
uma referência em todos os setores, incluindo os serviços de
abastecimento de água e esgotamento sanitário;
2) A parceria com uma entidade privada, mediante a
manutenção do controle estatal, a fiscalização estatal, o
planejamento e regulação municipal, como a proposta de
subconcessão em discussão, é medida necessária para a
universalização dos serviços de saneamento à população;
3) O contrato de programa celebrado com a Agespisa somente
será cedido, somente será realizado quando e se o Instituto estiver
apto a assumir todas as obrigações e responsabilidades da
Agespisa já existentes no contrato de programa, conforme
Página 28 de 31
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
estabelecido no art. 2º do projeto de lei submetido à esta Casa
Legislativa. Enquanto não puderem ser transferidas essas
obrigações, ainda que com autorização legislativa, nem Estado,
tampouco o Município, assinarão mencionada alteração
contratual;
4) Com relação à região metropolitana, é possível que a
operação dos serviços seja definida em conjunto pelo estado e o
município interessado. Isso não prejudica o planejamento
integrado que pode ser realizado pelo ente metropolitano (quando
operacional) ou pelo próprio estado;
5) O Projeto de Lei apresentado pelo chefe do Executivo
municipal pode ser objeto de análise e aprovação pela Câmara
Municipal de Teresina seja pela ausência de qualquer criação
concreta e deliberação desse Conselho criado pela Lei
Complementar Estadual nº 142/2009; pelo acordo conjunto entre
Estado e Município; pela existência do Comitê Gestor com
participantes do Estado e Município no Contrato de Programa e
consequentemente na subconcessão; e, pela independência técnica
dos sistemas de saneamento municípios da microrregião de
Teresina;
6) O processo de autorização da subconcessão dos serviços de
abastecimento de água e esgotamento sanitário na área urbana do
Município não é um processo aleatório e randômico. Está em
discussão o fruto de inúmeras autorizações legislativas prévias,
arranjos institucionais e contratos celebrados que culminaram
neste projeto de lei. Em evidência está a hierarquia de normas
constitucionais e infralegais. O Projeto de Lei do Prefeito
Página 29 de 31
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
Municipal de Teresina, que tem como objeto pedido de
autorização legislativa para a subconcessão do serviço de
saneamento básico (água e esgoto) e a cessão do Contrato de
Programa para outro ente da Administração Pública estadual,
apresenta os elementos essenciais no seu texto; e
7) Os requisitos legais já previstos no ordenamento jurídico,
como os do art. 26 e 27, da Lei Federal nº 8.987/1997 (Lei Geral
de Concessões), e do art. 11, da Lei nº 11.445/2007 (Lei Nacional
do Saneamento Básico), deverão ser atendidos pelo Poder
Executivo no âmbito dos processos administrativos pertinentes,
sujeitos aos controles judicial e do Tribunal de Contas e à
fiscalização do próprio Ministério Público.
Reiterando a conveniência e oportunidade da reestruturação da
prestação dos serviços de abastecimento de água e esgotamento
sanitário, ficam o Prefeito do Município de Teresina e o
Governador do Estado à disposição para esclarecer quaisquer
outros pontos que julgarem pertinentes.
Página 30 de 31
E S T A D O D O P I A U Í
P R O C U R A D O R I A G E R A L D O E S T A D O
P R O C U R A D O R I A J U D I C I A L
3 A CONCLUSÃO
Página 31 de 31