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GUIA INFORMATIVO

SOBRE PONTO DE
TROCA DE TRÁFEGO (PTT)

Superintendência
de Competição – SCP
Brasília/DF – novembro de 2018
ÍNDICE

Objetivo 3
O que é um PTT? 5
O PTT sujeita-se à regulamentação da Anatel? 6
Modelos de negócio e interconexão de dados 7
Por que estabelecer PTTs para as ORPAs de interconexão
e de transporte de dados em alta capacidade? 12
Estabelecimento do PTT 13
Do ato que estabelecerá o PTT 15
OBJETIVO

O presente Guia Informativo tem como objetivo orientar os interessados em participar da etapa de
definição dos Pontos de Troca de Tráfego (PTT), por meio de listagem anexa ao Ato a ser expedido
pela Superintendência de Competição (SCP) da Anatel.

O estabelecimento dos PTT por meio de Ato a ser expedido pela Superintendência de Competição
da Anatel está previsto no art. 29-A, § 6º, do Anexo IV, do Plano Geral de Metas de Competição
(PGMC), aprovado pela Resolução nº 600, de 8 de novembro de 2012, e alterado pela Resolução
nº 694, de 17 de julho de 2018.

O objetivo da referida norma é delimitar espacialmente – ou seja, no âmbito dos PTT que serão
estabelecidos no referido Ato – as Ofertas de Referência de Produto de Atacado (ORPA) de Inter-
conexão e de Transporte de Dados em Alta Capacidade.

Dessa forma, os interessados em constar da listagem da Anatel usufruirão da oferta atacadista de


transporte de alta capacidade prevista no PGMC.

Confiram-se os termos da mencionada norma:

PGMC (Anexo IV)

CAPÍTULO VI

OFERTA ATACADISTA DE TRANSPORTE DE DADOS EM ALTA CAPACIDADE

Art. 29. De acordo com a categorização de municípios e com o disposto neste ­Regulamento,
o Grupo com PMS no Mercado Relevante de Transporte de Dados em Alta Capacidade,
­estará sujeito às medidas regulatórias assimétricas da seguinte forma:

I - municípios na categoria 2: medidas regulatórias assimétricas de transparência, bem


como de tratamento isonômico e não discriminatório; e,

II - municípios na Categoria 3: medidas regulatórias assimétricas de transparência,


bem como de tratamento isonômico e não discriminatório, e apenas para o Mercados de
­Transporte de Dados em Alta Capacidade, cumuladas com medidas de controle de preços
de produtos de atacado.

Art. 29-A. O Grupo com PMS no Mercado Relevante de oferta atacadista de transporte de
dados em alta capacidade deve apresentar Ofertas de Referência de Transporte de Dados
em Alta Capacidade, de Interconexão para Trânsito de Dados e de Interconexão para Troca
de Tráfego de Dados, nos termos da regulamentação vigente e do art. 5º deste Anexo.

§ 1º Na oferta de Interconexão para Trânsito de Dados e de Interconexão para Troca de


Tráfego de Dados, o Grupo deverá observar, ainda, as disposições contidas no ­Regulamento
Geral de Interconexão (RGI).

§ 2º As ofertas referenciadas no caput devem ocorrer de modo independente, facultada


a contração conjunta, desde que não configure venda casada.

§ 3º Quando o demandante fizer a opção pela contratação conjunta, a interconexão ­deverá


ser operacionalizada em um dos centros de fios em que foi contratado o transporte de
dados em alta capacidade, conforme indicado pela demandante, salvo acordo entre as
partes.
§ 4º As ORPAs de Interconexão de que trata o caput deverão contemplar a conexão a
partir de:

3
I - Todos os Pontos de Interconexão - POI ou Pontos de Presença para Interconexão - PPI
localizados em municípios nos quais o Grupo for designado detentor de PMS, sendo no
mínimo 1 (um) por município; e,

II - Pontos de Troca de Tráfego – PTT.

§ 5º A Oferta de Referência de Transporte de Dados em Alta Capacidade deverá englobar


duas modalidades de prestação:

I - o transporte de dados entre todos os centros de fios ou PTTs que compõe a rede de alta
capacidade do Grupo localizados em municípios que o Grupo for designado PMS; e,

II - o transporte de dados entre um centro de fios ou PTT que compõe a rede de alta
capacidade do Grupo localizado em município que o Grupo for designado PMS e um PTT
localizado em outro município, distinto daqueles abrangidos pelo inciso I.

§ 6º As ofertas em PTTs de que tratam os parágrafos 4º e 5º acima somente


estarão disponíveis nos PTTs estabelecidos pela Anatel, por meio de ato da
Superintendência responsável pela homologação das ORPAs, que levará em
­
­conta aspectos técnicos e econômicos na sua elaboração.

Os PTT serão estabelecidos em conformidade com os critérios técnicos e econômicos ­identificados


a partir de metodologia adotada pela Anatel.

Nesta cartilha, serão esclarecidos:

1 - o conceito técnico de PTT e as situações que podem sujeita-lo à regulamentação da


Anatel; e

2 - a forma de participação dos interessados em compor o Ato de estabelecimento dos


PTTs.

4
O QUE É UM PTT?

No ambiente mundial, a Internet não possui um controle centralizado, o que possibilita afirmar
que não há um backbone principal. Virtualmente, contudo, a rede mundial pode ser representada
por uma região corresponde aos maiores provedores de serviços de Internet - do inglês, I­ nternet
Service Provider (ISP), que caracterizam as redes de distribuição de conteúdo, e aos maiores
­Pontos de Troca de Tráfego (PTT) da Internet.

A figura abaixo representa esse ambiente virtual, o qual suporta a parte mais significativa da
­Internet onde o tráfego de todas as outras partes é agregado:

Fonte: Análise de Impacto Regulatório para reavaliação


da regulamentação de mercados relevantes

Nesse complexo ecossistema, um Ponto de Troca de Tráfego (PTT), ou Internet Exch­ange­


(IX) é uma solução de rede tipicamente composta por switches e roteadores operando na ­Camada
2 do modelo de referência ISO/OSI, que oferece uma gama de serviços para a interligação de
Sistemas Autônomos (Autonomous System – AS), denominados Participantes.
Sistema Sistema
Autônomo Autônomo Sistema
Autônomo
Sistema
Autônomo
IX (PTT) Sistema
PIX Autônomo
PIX
Fibras
Sistema apagadas
Autônomo
Sistema
Fibras Autônomo
apagadas
PIX

Sistema
Fibras
Sistema Autônomo
Autônomo
apagadas

Sistema
PIX
Autônomo

Sistema Sistema
Autônomo Autônomo
Sistema
Autônomo
Adaptado de: Nic.br

Ou seja, os PTT são instalações onde há a presença de grandes provedores de conteúdo que
­podem se conectar entre si e que dividem os custos envolvidos entre todos os usuários.
5
O PTT SUJEITA-SE À REGULAMENTAÇÃO
DA ANATEL?

O PTT se sujeita à regulamentação da Anatel, somente quando sua infraestrutura - ou


parte dela - for utilizada como suporte para a prestação de serviços de ­telecomunicações.

Isso porque, compete à Anatel disciplinar o provimento de serviços de telecomunicações para


acesso à Internet, buscando a redução dos custos no transporte de dados de longa distância,
­impondo, nos termos do PGMC, medida assimétrica que incentive a conectividade aos PTT.

É importante compreender que, nos termos do art. 2º do Regulamento dos Serviços de


­Telecomuni­cações (RST), aprovado pela Resolução nº 73, de 25 de novembro de 1998, serviços
de telecom­unicações é conceituado como o conjunto de atividades que possibilita a oferta de
transmissão, emissão ou recepção, por fio, radioeletricidade, meios ópticos ou qualquer outro
­processo eletromagnético, de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações
de qualquer natureza.

Quando se utiliza a infraestrutura do PTT, ou parte dela, para o suporte à prestação de


serviços de telecomunicações, tal medida está em total conformidade com o art. 1º, parágrafo
único, da Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997 (Lei Geral de Telecomunicações – LGT), que assim
dispõe:

Art. 1º Compete à União, por intermédio do órgão regulador e nos termos das políticas
estabelecidas pelos Poderes Executivo e Legislativo, organizar a exploração dos serviços
de telecomunicações.

Parágrafo único. A organização inclui, entre outros aspectos, o disciplinamento e


a fiscalização da execução, comercialização e uso dos serviços e da ­implantação
e funcionamento de redes de telecomunicações, bem como da utilização dos
­recursos de órbita e espectro de radiofreqüências.

Com fundamento nas normas que regem o setor de telecomunicações e em amplos estudos ­técnicos
realizados pela Anatel, desenvolveu-se a metodologia da qual faz parte a orientação desta cartilha,
desenvolvida para que os Pontos de Troca de Tráfego (PTT) interessados em constar do Ato da
Anatel participem deste processo, possibilitando a disponibilização de ORPAs de Interconexão e de
Transporte de Dados em Alta Capacidade.

A seguir, serão esclarecidos como se revelam os relacionamentos comerciais no âmbito da


Internet para uma melhor contextualização do papel dos PTT.

6
MODELOS DE NEGÓCIO
E INTERCONEXÃO DE DADOS

O ecossistema da Internet envolve uma série de relacionamentos comerciais: (a) entre empresas
de telecomunicações; (b) empresas de telecomunicações e provedores de aplicações e conteú-
dos; (c) entre usuários e empresas de telecomunicações; e (d) entre usuários e provedores de
­aplicações e conteúdos.

Nesses relacionamentos são, em geral, estabelecidos parâmetros de desempenho, os chamados


acordos de nível de serviço (em inglês, Service Level Agreement – SLA), visando a garantir a
prestação adequada dos serviços e aplicações.

O ecossistema da Internet possui um número limitado daqueles que detêm infraestrutura de


­telecomunicações de abrangência nacional e prestam seus serviços de acesso, devido a um
­conjunto de peculiaridades técnicas e econômicas. Somado a isto, há agentes que prestam serviços
de ­telecomunicações de maneira regionalizada, por meio de suas infraestruturas de médio ou
pequeno porte.

Suportando-se sobre serviços de telecomunicações, há uma grande quantidade de


­provedores de aplicações e conteúdos. Há também aqueles agentes que atuam de maneira
verticalizada, sendo simultaneamente prestadores de serviços de telecomunicações e provedores
de aplicações e conteúdo.

Para entender como os diversos provedores de aplicações e conteúdos se conectam às redes de


telecomunicações para atingirem seus consumidores, de forma a explicar os diversos modelos
possíveis, utilizaremos como base a figura a seguir:

7
Além da natureza das aplicações e dos conteúdos, a experiência de utilização da Internet está
­diretamente ligada à hospedagem lógica e física dos conteúdos acessados. Isso significa, por
­exemplo, que usuários de uma mesma localidade, assinantes de uma mesma velocidade de ­acesso
de prestadores distintos de serviços de telecomunicações, poderão ter experiências muito ­distintas
ao requisitarem o mesmo conteúdo, a depender de como esses provedores o acessam.
A figura a seguir ilustra este conceito.

Para minimizar essas diferenças, surgiram soluções técnicas e comerciais que visam a aproximar
os conteúdos/aplicações dos usuários finais, por exemplo, os operadores de redes de distribuição
de conteúdo (em inglês, Content Delivery Networks – CDN). A figura a seguir ilustra este conceito.

8
Apesar de ainda estar localizado na rede A, o conteúdo X foi distribuído para as outras redes,
estando nelas disponível também, de modo a permitir que outros usuários possam ter acesso a
este conteúdo com uma experiência similar a do usuário 1.

Além do aprimoramento da experiência dos usuários, ao replicar o conteúdo em diversos pontos


da rede, essa solução pode implicar redução nos custos de tráfego entre redes de empresas de
telecomunicações, materializados nos tradicionais acordos de trânsito IP e peering.

Soluções para acessar aplicações e conteúdos localizados em outra rede de telecomunicações que
não a do usuário são os contratos de trânsito IP ou os acordos de peering.

As diferenças entre estes dois modelos residem essencialmente nas formas de roteamento e de
troca de tráfego. Um acordo de trânsito IP consiste na contratação de uma capacidade e/ou volume
de tráfego, por meio do qual a rede provê ao contratante conectividade com todo o ­ecos­sistema
da Internet. Já um acordo de peering consiste em um arranjo por meio do qual duas redes trocam
tráfego entre elas.

Em um relacionamento de peering as partes irão anunciar as rotas que dão acesso a seus ­próprios
blocos de endereços IP e aos blocos de seus clientes, inclusive aqueles para os quais provê ­trânsito.
Já em um relacionamento de trânsito, o provedor de trânsito anunciará ao contratante todas as
­rotas que ele conheça, assim como anunciará em todos os relacionamentos que possui que as
­redes do contratante podem ser acessadas por meio dele.

A figura a seguir apresenta essa lógica. Em um relacionamento de peering entre A e B, e entre


A e C, de acordo com a topologia apresentada, C teria capacidade de alcançar todas as redes
do ­sistema de A, mas não seria capaz de se conectar com qualquer endereço de B por meio do
­relacionamento que possui com A. Da mesma forma, B seria capaz de alcançar todas as redes
do sistema de A, mas não seria capaz de se conectar com qualquer endereço de C por meio do
­relacionamento que possui com A. Para tanto, seria necessário que utilizassem um ­relacionamento
de trânsito que adquirissem com qualquer outro provedor, até mesmo A. Nesse caso, suponha que
B também estabeleça com A um relacionamento de trânsito. Nesse caso, B e C conseguiriam se
conectar por meio de seus relacionamentos com A, uma vez que A passaria a anunciar B como
destino possível em sua relação de peering com C, já que B seria um cliente de trânsito.

Fonte: Elaboração própria

Por não haver coordenação central das interconexões estabelecidas na Internet, subentende-se que
cada AS atuará com o incentivo de estabelecer o máximo de conectividade (peering + trâsito)
que lhe traga o maior ganho na relação custo/benefício. Isso significa que o porte e a escala
dos diferen­tes “AS” na Internet e a função que desempenham influenciará significativamente nas
relações que serão capazes de estabelecer e no poder de barganha que terão.
9
Assim, o que define a Internet que existe atualmente é a interconexão entre diferentes “AS” que
utilizam um mesmo protocolo de roteamento para anunciar as rotas para a troca de tráfego entre
si, mas tem autonomia para estabelecer a própria política de roteamento.

Podem-se enumerar três aspectos da interconexão de dados que influenciam diretamente


no ­mercado de interconexão de dados: a ligação física estabelecida entre os sistemas de um
­parti­cipan­te e os sistemas de outro; o estabelecimento de conexões lógicas entre diferentes “AS”;
e as relações comerciais envolvidas no estabelecimento da interconexão.

Fonte: Elaboração própria

As redes de telecomunicações na Internet são baseadas no protocolo IP (Internet Protocol), e


identificadas unicamente por endereços IP, que designam redes e equipamentos na Internet que
podendo ser acessadas por meio de conexões lógicas estabelecidas pela interconexões entre os
participantes.

Os AS são responsáveis por operar individualmente os blocos de endereços IP unicamente atribuídos


a eles, portanto, para o funcionamento da Internet com plena conectividade é necessário garantir
que um AS seja capaz de encontrar qualquer outro AS na Internet e que qualquer AS seja capaz
de encontrá-lo.

O encaminhamento do tráfego na Internet é possível por meio da utilização dos roteadores,


­equipa­men­tos especializados na comutação de pacotes IP por intermédio do encaminhamento
para as interfaces físicas que o conectam às redes na Internet. Os roteadores da Internet são
capazes de dire­cionar os pacotes de dados para o destino correto por meio do estabelecimento de
rotas (caminhos virtuais) entre os inúmeros roteadores na Internet.

Como foi destacado anteriormente, o modelo de desenvolvimento da Internet propõe o estabe­


lecimento de diversas redes, operadas por sistemas autônomos, que se interconectam de modo
a obter a conectividade plena.

Os Pontos de Troca de Tráfego (PTT), ou, no inglês, Internet Exchange Points – IXPs apareceram
como solução ao problema de escala no estabelecimento de interconexões na Internet.

O estabelecimento de qualquer interconexão na Internet envolve custos relacionados aos meios


de transporte de dados utilizados, aos equipamentos necessários e sua operação (espaço ­f ísico,
­energia e manutenção). Dessa forma, quanto maior o número de interconexões na Internet,
maior o custo total. Nesse contexto, os PTTs são instalações por meio das quais os ISPs podem
­cone­c tar-se entre si dividindo os custos envolvidos entre todos os usuários.

A vantagem de um ISP em se ligar a um PTT está diretamente relacionada com a relação entre
o custo de investimento e o benefício obtido: um único link torna possível a conexão de um ISP a
inúmeros outros em detrimento do cenário de inúmeros links interligando inúmeros ISPs.
10
O modelo de exploração comercial dos PTTs varia significativamente. Messano (2013, pág. 20)
aponta três modelos possíveis:

i. Cooperativo: um grupo de empresas se une em torno de uma associação sem fins


­lucrativos com o objetivo de estabelecer um ponto de troca de tráfego;

ii. Privado: uma empresa estabelece uma infraestrutura para troca de tráfego e passa a
cobrar pelos serviços prestados nessa instalação;

iii. Modelo misto: uma associação sem fins lucrativos estabelece um PTT e coopera
com equipamentos e a operação da infraestrutura, deixando o modelo econômico da
­interconexão sob responsabilidade dos participantes.

Além dos benefícios financeiros, o modelo de interconexão nos PTT traz vantagens técnicas
­rele­van­tes para a qualidade percebida na Internet. Um modelo típico possível a um PTT é como
mostrado na figura a seguir.

Fonte: Elaboração própria

Em um PTT, os agentes envolvidos na Internet podem se interconectar diretamente, com o balanço


de tráfego sendo resolvido direta e localmente, sem a necessidade de se utilizar a intermediação
de redes de terceiros.

A atuação do PTT tem a característica de manter em âmbito local o tráfego que pode ser trocado
localmente, o que em geral resulta em melhor desempenho e qualidade das conexões dos usuários
envolvidos na troca de tráfego.

Na utilização de PTT existe um incentivo para aqueles que se interconectam em um PTT de


­estabele­cer relacionamentos de peering multilateral na esfera do PTT. Contudo, isso não ­impede que
relacionamentos de trânsito sejam estabelecidos nos PTT, aproveitando a infraestrutura ­existente.

11
POR QUE ESTABELECER PTTs
PARA AS ORPAs DE INTERCONEXÃO
E DE TRANSPORTE DE DADOS
EM ALTA CAPACIDADE?

Políticas públicas de expansão da rede de transporte de dados nacional de alta capacidade,


­somadas a uma política de expansão e melhoria da atratividade dos PTTs públicos, podem trazer
signi­­fi­cativos avanços na mitigação dos problemas de acesso ao mercado de interconexão.

No panorama regulatório da Anatel há o produto regulado “Interconexão para Troca de Tráfego


de Dados”, que nada mais é do que um contrato de peering. Para esse produto, como resultado
da vigência do PGMC, há grupos econômicos designados como detentores de Poder de Mercado
Significativo (PMS) em sua oferta que, por isso, têm suas condições comerciais homologadas
pela Anatel e tornadas públi­cas e disponíveis no Sistema de Negociações de Ofertas de Atacado
(SNOA). Há também definido no PGMC o produto “Interconexão para Trânsito de Dados”.

O SNOA foi criado no bojo do PGMC para ser o lócus exclusivo por meio do qual as empresas
­designadas como detentoras de PMS na oferta atacadista comercializam determinados produtos.

No SNOA estão cadastrados os PTTs proprietários utilizados pelas empresas pertencentes a ­grupos
detentores de PMS para fins de oferta dos produtos relacionados à conectividade, e que foram
­denominados, no âmbito do PGMC, de Interconexão para Trânsito de Tráfego de Dados e
­Interconexão para Troca de Tráfego de Dados (peering).

O PGMC também traz o diagnóstico do cenário competitivo do setor de telecomunicações com


as respectivas análises dos serviços, produtos e limites espaciais nos mercados considerados
­essenciais a essa análise: os mercados relevantes.

A definição de mercado relevante é feita com o objetivo de identificar uma falha de mercado, que
é presumida, cujo custo fosse superior ao da intervenção governamental, ou da falha de Estado¹.
Dessa forma, o estabelecimento de normas provenientes de uma regulamentação adequada, com
objetivos claros de estímulo e promoção da concorrência, pode eliminar ou atenuar as falhas de
mercado.

O PGMC foi desenvolvido a partir dessa avaliação dos mercados nos quais se verifica a ­necessidade
de atuação da Agência quando do exercício de sua missão de incentivar e promover a competição
livre, ampla e justa no setor de telecomunicações, nas hipóteses em que a probabilidade de
­exercício de poder de mercado por parte de Grupo detentor de PMS e em determinado mercado
relevante exige a adoção de medidas regulatórias assimétricas.

No âmbito do processo de revisão do PGMC, verificou-se a necessidade de se adotar assimetrias para


o referido Mercado Relevante de Oferta Atacadista de Transporte de Dados em Alta C
­ apacidade.

Em linhas gerais, a assimetria adotada ex-ante revela-se no incentivo aos PTTs em face da sua
relação com o Mercado de Transporte de Dados em Alta Capacidade e ao Mercado de Interconexão
de dados, uma vez que, no procedimento de identificação de tais mercados relevantes, veri­ficou-se o
seguinte cenário:

– tais mercados apresentam barreiras à entrada estruturais elevadas e não ­transitórias;

1. OLIVEIRA, Gesner e RODAS, João Grandino, Direito e Economia da Concorrência: Ensinam esses autores que há quatro
fontes de falha de mercado: poder de mercado, informação assimétrica, bens públicos e externalidades. No tocante ao
poder de mercado, ressalte-se que uma das condições necessárias para que o funcionamento dos mercados produza uma
alocação eficiente de recursos é a de que os produtores sejam tomadores e não formadores de preços. Se as empresas
têm poder de influenciar os preços, deixa-se de obter os resultados de eficiência de um mercado competitivo.
12
– em tais mercados há manutenção do risco de exercício de poder de mercado em um
horizonte de tempo não desprezível; e

– a aplicação da lei de concorrência e da regulamentação já existente não são sufi­cientes


para redução do risco de exercício de poder de mercado.

Essas falhas decorrem de algumas características peculiares aos referidos mercados, ­destacando-se
o fato de que o insumo Interconexão de Dados é muitas vezes comercializado conjuntamente com
o Transporte de Dados e, de forma semelhante, à oferta de Transporte.

Constatada essa situação, verificou-se que na maior parte dos munícipios brasileiros, a ­Interconexão
de Dados somente é ofertada pela operadora de atuação nacional presente naquele espaço local
(município/localidade).

A partir desse retrato e da avaliação do Mercado Relevante de Oferta Atacadista de Transporte


de Dados em Alta Capacidade, verifica-se que, a não ser que o prestador alternativo tenha a
­possibilidade de alcançar algum PTT, ele é automaticamente obrigado a comprar a Interconexão
de Dados exclusivamente de seu competidor, que, muitas vezes, pode impor preços não transpar-
entes, em razão da oferta conjunta com o produto de Transporte.

A partir desse cenário, no qual se observou falha no referido Mercado Relevante, observa-se que o
incentivo proposto no processo de revisão do PGMC visa à geração de estímulo à conectividade de
provedores aos PTTs que não detêm PMS, podendo-se, dessa forma, mitigar possíveis distorções
na oferta de varejo relacionada, contribuindo para a promoção da concorrência no mercado de
Serviço de Comunicação Multimídia (SCM) local.

ESTABELECIMENTO DO PTT

Dos critérios para o estabelecimento dos PTT

Os PTT serão estabelecidos pela Anatel por meio de listagem anexa ao Ato a ser expedido pela
Superintendência de Competição (SCP), que levará em conta aspectos técnicos e econômicos na
sua elaboração, nos termos do supracitado Art. 29-A, §6º, do PGMC.

Quanto aos aspectos quantitativo e geográfico, para efeito de atendimento ao disposto no


PGMC, será listado somente um PTT por munícipio.

Do limite quantitativo

O limite quantitativo restrito a um PTT justifica-se na compreensão de que, neste primeiro


momento e em sendo inovadora a medida adotada, deve-se manter no mínimo a carga
assimétrica regulatória, evitando-se qualquer excesso, e reduzindo os custos do aten­
dimento aos detentores de PMS, evitando a imposição de ônus excessivo no atendimento
da obrigação.

Do limite espacial

Já o limite espacial é coerente com a definição do Mercado Relevante de Transporte de


Dados em Alta Capacidade, uma vez que, sob a dimensão geográfica, utilizou-se o li­mite
municipal, conforme exposto no Informe nº 48/2015/SEI/PRRE/SPR (SEI nº 0090757), no
qual se propôs Consulta Pública sobre alteração do PGMC:

3.16.6. Transporte de Dados em Alta Capacidade: link de dados de capacidade


superior a 34 Mbps com a função de recebimento, transmissão e entrega de sinais
digitais, entre dois ou mais endereços preestabelecidos pela contratante, através de
13
interfaces padronizadas, em tráfego bidirecional, com condições de qualidade e segu­ran­ça
preestabelecidas, transparente ou não a protocolos e independente do suporte físico
utilizado na dimensão geográfica municipal.

Da hipótese de empate

Considerando-se a possibilidade de eventuais empates da identificação dos PTTs, ­previu-se


na metodologia adotada que, quando houver mais de um PTT que atenda aos ­critérios
­es­tabelecidos para um mesmo município, deverá ser primeiramente listado aquele cujo
­responsável pela gestão não possua relação de controle ou coligação com
detentora de outorga de serviços de telecomunicações de interesse coletivo,
­
nos termos do art. 1º do Regulamento para Apuração de Controle e de Transferência
de ­Controle em ­Empresas Prestadoras de Serviços de Telecomunicações, aprovado pela
­Resolução nº 101, de 4 de fevereiro de 1999.

A fim de se evitar incompatibilidade quanto ao critério quantitativo, na situação em que


houver mais de um PTT por município, que atenda aos critérios estabelecidos pela Anatel e
que não possua relação de controle ou coligação com outorgada de serviços de telecomu-
nicações de interesse coletivo, será estabelecido aquele PTT que permita troca de tráfego
multilateral. Caso os PTTs possuam esta capacidade, será estabelecido aquele que detiver
maior tráfego no mês considerado pela Anatel.

Ainda, se for preciso, será considerado o PTT que detiver o maior quantitativo de
­provedores de conteúdo, CDN ou Cloud dos grupos: Google, Facebook, Microsoft, Globo,
­Mercado Livre, UOL, Yahoo, Blogspot, Wikipedia, Netflix, Amazon, Akamai, Cloudfare, que
troca tráfego sem ônus em suas facilidades. Se necessário, será considerado o PTT que
detiver o maior quantitativo de Sistemas Autônomos habilitados a trocar trafego no mês
­consi­derado pela Anatel.

Por fim, será considerado o PTT que permitir acesso remoto de modo a permitir a troca de
tráfego por meio de infraestrutura no próprio PTT.

Da pessoa jurídica

Quanto ao aspecto qualitativo, será possibilitado a qualquer pessoa jurídica de ­direito


público ou privado apresentar informações pertinentes ao seu PTT, de ­forma a
­permitir a identificação, encaminhando informações tais como razão social, endereço
da sede, número de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), Contrato
­Social, e Relação das controladoras e controladas, direta e indiretamente, ­devidamente
identificadas.

Dessa forma, os PTT que constarem da listagem anexa ao Ato da SCP integrarão ­oferta
constante do Sistema de Negociação de Oferta de Atacado (SNOA), sendo, portanto, ­objeto
da Oferta Atacadista de Transporte em Alta Capacidade por parte da prestadora detentora
de PMS nesse mercado, conforme previsão constante do PGMC.

O atendimento caberá ao Grupo com PMS que detiver rede de alta capacidade com fibra
no município de localização do PTT.

Para que iniciem a oferta, os PTT deverão observar as orientações para cadastramento no
SNOA.
Relativamente aos critérios para identificação e listagem dos PTT que constarão, inicialmente,
na oferta de atacado constante do SNOA, foram selecionados os seguintes requisitos,
conco­mi­tantemente:

1 - Possuir pelo menos 50 Sistemas Autônomos (AS) habilitados a trocar tráfego no


mês considerado pela Anatel;

14
2 - Obtiver, em média, 10Gbps de troca de tráfego no mês considerado pela Anatel;

3 - Possibilitar a troca de tráfego sem ônus com pelo menos 3 (três) provedores de
­conteúdo, CDN ou Cloud dentre os seguintes grupos: Google, Facebook, ­ Microsoft,
Globo, Mercado Livre, UOL, Yahoo, Blogspot, Wikipedia, Netflix, Amazon, Akamai,
Cloudfare;

4 - Utilizar os protocolos TCP/IP nos modos Dual-stack IPv4/v6 (preferencial), IPv4 ou IPv6;

5 - Suporta os modos IPv4, IPv6 ou os dois simultaneamente para cone­xões ­dual-stack; e

6 - Possuir Protocolo de Roteamento BGP com suporte a Número de Sistema Autônomo


(ASN) público.

Assim, como forma de comprovar que atende aos critérios estabelecidos da Anatel, o PTT
interessado deverá:

1 - Indicar informações sobre quais os provedores de conteúdo, e seus respectivos ASN,


trocaram tráfego no respectivo PTT no mês considerado pela Anatel e comprovar a
­habilitação desses ASN em realizar a troca de tráfego, sem ônus aos demais participantes
do PTT. Tal demonstração deve ser passível de verificação por meio de consulta aberta
a sites (como, por exemplo: https://peeringdb.com ou similar), ou por meio de consulta
direta ao respectivo ofertante de conteúdo, CDN ou Cloud;

2 - Indicar o número médio total de tráfego trocado pelos participantes (ASN) no mês
considerado pela Anatel, que deve ser passível de verificação por meio de consulta aberta
a sites (como, por exemplo: https://peeringdb.com ou similar);

3 - Indicar o número de participantes (ASN distintos) que trocaram tráfego no mês infor­mado
de modo a demonstrar a habilitação dos mesmos para trocar tráfego no referido PTT. Tal
demonstração deve ser passível de verificação por meio de consulta a informações ­disponíveis
publicamente, tal como aquelas de sites como, por exemplo: https://peeringdb.com
ou similar; e

4 - Indicar quais os protocolos são utilizados e suportados no PTT para realização da troca de
tráfego, que deve ser passível de verificação por meio de consulta aberta em sites (como,
por exemplo: https://peeringdb.com ou similar).

Sob o aspecto temporal, o Ato de estabelecimento dos PTT indicará o período de revisão anual,
cabendo, ainda, a possibilidade de revisão excepcional e extemporânea, a critério da Anatel.

O tempo previsto, inclusive de revisão extemporânea, justifica-se pela alta possibilidade de


­alte­ra­ções na estrutura de mercado e de prestadores neste interstício de tempo, o que demanda
uma revisão dos PTT eventualmente estabelecidos no referido Ato.

DO ATO QUE ESTABELECERÁ O PTT

Após a identificação dos PTT aptos a constar no Ato de estabelecimento, este será publicado no
site da Anatel e no Diário Oficial da União, dando-se, portanto, ampla publicidade ao resultado.

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Superintendência
de Competição

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