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Série metalmecânica - eletromecânica

Processos de
Manutenção
Mecânica
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA (DIRET)

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

Júlio Sérgio de Maya Pedrosa Moreira


Diretor Adjunto de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL (SENAI)

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor-Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações

Sérgio Moreira
Diretor Adjunto
Série metalmecânica - eletromecânica

Processos de
Manutenção
Mecânica
© 2014. SENAI – Departamento Nacional

© 2014. SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina

A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, mecâ-
nico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização, por
escrito, do SENAI.

Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI de
Santa Catarina, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por
todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional de Santa Catarina


Núcleo de Educação – NED

FICHA CATALOGRÁFICA
_ _ _ _ ____ __ _ __ __ _

S491
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Processos de manutenção mecânica / Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial. Departamento Regional de Santa Catarina. Brasília : SENAI/DN,
2014.
58 p. : il. color. (Série metalmecânica. Eletromecânica)

1. Lubrificação e lubrificantes. 2. Manutenção. 3. Mecânica.


4. Peças de máquinas. 5. Transformadores. I. Título. II. Série

CDD 621.816
CDU 62-7

SENAI – DN Sede

Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto


Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-
Departamento Nacional 9001 Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de figuras e quadros
Figura 1 -  Sistema típico de linha de transmissão – componentes.................................................................16
Figura 2 -  Sistema típico de linha de transmissão – componentes.................................................................17
Figura 3 -  Desmontagem de rolamento...................................................................................................................18
Figura 4 -  Desmontagem de rolamento...................................................................................................................18
Figura 5 -  Retirada do protetor.....................................................................................................................................19
Figura 6 -  Retirada do selo.............................................................................................................................................19
Figura 7 -  Marcação terminal e eixo deslizante......................................................................................................20
Figura 8 -  Separação terminal e eixo..........................................................................................................................20
Figura 9 -  Retirada do selo.............................................................................................................................................20
Figura 10 -  Remoção do protetor................................................................................................................................21
Figura 11 -  Montagem do protetor.............................................................................................................................22
Figura 12 -  Montagem do retentor.............................................................................................................................22
Figura 13 -  Alinhamento terminal deslizante e eixo.............................................................................................23
Figura 14 -  Montagem da vedação.............................................................................................................................23
Figura 15 -  União eixo transmissão.............................................................................................................................23
Figura 16 -  Montagem do rolamento........................................................................................................................24
Figura 17 -  Alinhamento furação.................................................................................................................................25
Figura 18 -  Aperto com torquímetro..........................................................................................................................25
Figura 19 -  Lubrificação do terminal..........................................................................................................................26
Figura 20 -  Movimentação do conjunto...................................................................................................................26
Figura 21 -  Aplicação graxa estriados........................................................................................................................27
Figura 22 -  Contato metal (maior atrito)...................................................................................................................32
Figura 23 -  Contato por rolamentos (atrito menor)..............................................................................................32
Figura 24 -  Contato fluido (menor atrito).................................................................................................................32
Figura 25 -  Contato direito ou metálico....................................................................................................................33
Figura 26 -  Película de lubrificante.............................................................................................................................33
Figura 27 -  Lubrificantes sintéticos.............................................................................................................................35
Figura 28 -  Formulação da graxa.................................................................................................................................36
Figura 29 -  Engrenagem cilíndrica de dentes retos..............................................................................................39
Figura 30 -  Engrenagens helicoidais..........................................................................................................................40
Figura 31 -  Engrenagem cilíndrica e eixo sem fim................................................................................................41
Figura 32 -  Engrenagem cônica de dentes retos...................................................................................................41
Figura 33 -  Engrenagens hipoides..............................................................................................................................42
Figura 34 -  Semimancais................................................................................................................................................44
Figura 35 -  Mancal bucha...............................................................................................................................................45
Figura 36 -  Mancais bipartidos.....................................................................................................................................45
Figura 37 -  Mancais de rolamentos............................................................................................................................46
Figura 38 -  Forma construtiva de rolamento de rolo...........................................................................................46
Figura 39 -  Ranhuras de lubrificação..........................................................................................................................48
Quadro 1 - Especificações de torque ..........................................................................................................................25
Quadro 2 - Quantidade de graxa..................................................................................................................................27
Quadro 3 - Dispersantes..................................................................................................................................................37
Quadro 4 - Classificação de viscosidade dos óleos lubrificantes para motor...............................................43
Sumário
1 Introdução...........................................................................................................................................................................9

2 Desmontagem e montagem de conjuntos mecânicos....................................................................................11


2.1 Procedimentos de desmontagem..........................................................................................................11
2.1.1 Procedimentos para a correta lavagem das peças........................................................12
2.1.2 Cuidados ao utilizar o ar comprimido na secagem das peças...................................13
2.2 Procedimentos de montagem de conjuntos mecânicos...............................................................14
2.3 Exemplo de desmontagem......................................................................................................................16
2.4 Montagem e instalação..............................................................................................................................22
2.4.1 Linha de transmissão ...............................................................................................................24
2.4.2 Terminais deslizantes estriados............................................................................................27

3 Lubrificação......................................................................................................................................................................31
3.1 Função do lubrificante................................................................................................................................31
3.2 Tipos de óleos básicos................................................................................................................................34
3.3 Noções de lubrificação de engrenagens industriais........................................................................38
3.3.1 Tipos de engrenagens mais comuns .................................................................................39
3.3.2 Requisitos dos lubrificantes ..................................................................................................42
3.3.3 Lubrificantes para mancais.....................................................................................................44

4 REFERÊNCIAS....................................................................................................................................................................51

5 MINICURRÍCULO DO AUTOR.......................................................................................................................................53

6 Índice...................................................................................................................................................................................55
Introdução

O termo inovação certamente está na agenda de um número cada vez maior de organiza-
ções, preocupadas em gerar importantes diferenciais para a sua própria sobrevivência em um
ambiente globalmente competitivo. A inovação, naturalmente, acontece pela ação de pesso-
as, que com muita criatividade e apoiadas em um ambiente favorável, passam a desenvolver
novos produtos, serviços e processos.
Assim, nesta unidade curricular, você perceberá a importância dos procedimentos de mon-
tagem e desmontagem de conjuntos mecânicos, a importância dos lubrificantes para os com-
ponentes, formas para eliminação de atritos, tipos de lubrificantes e aditivos, seleção e arma-
zenagem dos lubrificantes.
No capítulo 2, você terá oportunidade de conhecer os procedimentos de desmontagem e
montagem de conjuntos mecânicos. Você perceberá que esses procedimentos servem tam-
bém como forma de organizar as etapas da manutenção e ajudar a finalizar a revisão, caso não
seja o mesmo profissional que execute os procedimentos do início ao fim. Assim, uma função
fundamental para os procedimentos de desmontagem e montagem é garantir uma padroniza-
ção do serviço, independentemente se o profissional tenha muita ou pouca experiência.
Já no capítulo 3, você estudará que a lubrificação nos equipamentos é de fundamental im-
portância, pois evita o contato entre metais facilitando o deslizamento. No caso de rolamentos,
por exemplo, ela garante o aumento da vida útil do equipamento.
Muito bem! É hora de iniciar mais uma jornada de estudos! Seja muito bem- vindo à uni-
dade curricular de Processos de Manutenção Mecânica e esteja preparado para libertar-se de
paradigmas e ideias preconcebidas.
Desmontagem e montagem de conjuntos
mecânicos

Antes de iniciar a etapa de desmontagem você precisa conhecer o equipamento ou com-


ponente no qual irá fazer a revisão. A organização no trabalho a ser realizado é de fundamental
importância, pois caso você não consiga terminar o serviço antes da entrega do turno, outro
profissional terá que terminar. Um fator fundamental a ser observado antes da desmontagem, e
também para reduzir o tempo de revisão, é se antecipar e providenciar o reparo dos conjuntos
mecânicos.
Ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
• fazer a desmontagem de conjuntos mecânicos de forma organizada;
• compreender os procedimentos de montagem de peças.
Agora você conhecerá os procedimentos de desmontagem dos conjuntos mecânicos. Va-
mos lá!

2.1 Procedimentos de desmontagem

Atente para algumas ações que devem ser seguidas em procedimentos de desmon-
tagem:
• Para retirar os parafusos que estão travados ou oxidados utilize óleo desoxidante ou desen-
gripante. Esse fluido penetra entre as roscas das porcas e dos parafusos atuando sobre a
ferrugem e fazendo alívio nos apertos. Se, mesmo assim, você não conseguir soltar, pode
usar um aquecedor ou maçarico a gás no parafuso para retirar a cola entre as roscas.
• Para apertos múltiplos de parafusos utilize o manual do fabricante; para soltá-los deve-se
somente seguir a sequência inversa. Caso não tenha manual com foto ou sequência, é
importante fazer um croqui ou tirar fotos da parte que será desmontada.
• Retire as peças e coloque-as de forma ordenada sobre a bancada, isso facilitará a monta-
gem.
• Efetue marcações que registrem informações úteis para posterior montagem.
Processos de Manutenção Mecânica
12

• Retire sobras de cola, junta ou outros elementos de vedação do conjunto


desmontado, deixando as superfícies de contato bem limpas, sem poeira,
óleo ou resíduos da junta antiga. Caso isso não seja feito, poderá haver vaza-
mento após a montagem.

Sempre garanta que você ou qualquer outra pessoa vá


FIQUE conseguir montar corretamente os conjuntos. Para isso,
use todos os artifícios possíveis, como marcações nas pe-
ALERTA ças, desenhos e fotos. Assim, a etapa de montagem será
muito mais rápida e vai garantir a eficácia do reparo.

2.1.1 Procedimentos para a correta lavagem das peças

Entre outras normas, a OHSAS 18001 Saúde e Segurança Ocupacional proibe


o uso de solventes, gasolinas ou querosene para a limpeza das peças. Essa pre-
ocupação com o meio ambiente é muito importante e as empresas estão sendo
cobradas de forma bastante rigorosa. Assim, o primeiro passo para a correta lava-
gem das peças é retirar a graxa ou sujeira com uma espátula, deixando-as limpas,
após utilizar a máquina de lavar peça com produtos desengraxantes e pincel. Esse
procedimento é importante para verificar possíveis defeitos ou falhas. A seguir,
seguem alguns outros pontos a serem observados:
• sempre que utilizar a máquina de lavar peças, não se esqueça de usar óculos
de proteção e luvas, equipamentos de proteção individual (EPI) obrigatórios;
• utilize pincel de cerdas duras para auxiliar a limpeza e faça a lavagem final no
esguicho;
• para a secagem, retire as peças da máquina por alguns minutos e deixe-as
escorrer em um local limpo. Use ar comprimido para terminar a secagem das
peças.

A especificação da Série de Avaliação da Seguran-


ça e Saúde Ocupacional, OHSAS 18001, do inglês
Occupational Health and Safety Assessment Series,
foi desenvolvida para definir as bases para audi-
CURIOSIDADE toria e certificação. Ela foi criada em acordo com a
ISO 9001 e a ISO 14001. No entanto, ela não forne-
ce especificações detalhadas para o projeto de um
sistema de gestão. (OHSAS 18001, 1999).
2 Desmontagem e montagem de conjuntos mecânicos
13

2.1.2 Cuidados ao utilizar o ar comprimido na secagem das


peças

Antes de iniciar a montagem de conjuntos você deve garantir a limpeza das


peças, verificando se a mesma está seca e bem limpa, pois assim consegue-se ob-
servar a existência de trincas, desgastes, amassamentos. Seguem alguns cuidados
que você deve ter ao utilizar ar comprimido:
• utilizar pressão baixa, em torno de 4 bar;
• utilizar sempre óculos de proteção;
• não usar o jato de ar comprimido no corpo, pode provocar a entrada de pe-
quenas partículas nos poros da pele;
• após a limpeza, resguardar (proteger) conjuntos mecânicos expostos, cone-
xões, aberturas para lubrificação etc.;
• separação das peças em lotes, conforme o estado em que se encontram. Essa
separação se dará conforme o grau de reaproveitamento da peça.
Veja alguns exemplos:
1. Peças reaproveitáveis que não possuem defeitos.
2. Peças com defeito com possibilidade de recuperação.
3. Peças com defeito sem possibilidade de reaproveitamento.
4. Peças que deverão ser analisadas no laboratório.
Normalmente as máquinas ou os equipamentos possuem manuais técnicos
que fornecem informações como: a sua devida utilização, o modo de instalação,
os circuitos elétricos, hidráulicos e pneumáticos, fotos ou desenhos de peças e
conjuntos, sequência de montagem, plano de lubrificação, plano de manutenção
e especificações técnicas. Porém, pode acontecer de não ter mais o manual ou ele
estar incompleto, ou ser de interpretação difícil, ou escrito em língua estrangeira,
adverso à compreensão do operador ou mantenedor. Muitas vezes isso acontece
por se tratar de maquinário antigo ou por falta de conhecimento do pessoal da
área de compras das leis do comércio internacional, que obriga o fabricante de
qualquer máquina ou equipamento a fornecer o manual com todas as informa-
ções na língua do comprador, isto na hora da compra do equipamento novo.
Processos de Manutenção Mecânica
14

CASOS E RELATOS

Desmontagem de um motorredutor
Um bom exemplo a ser seguido na prática pode ser a desmontagem de
um motorredutor. Antes da desmontagem e revisão, é preciso que você
verifique no manual do fabricante quais são os componentes que deverão
ser providenciados. A compra antecipada dos componentes fará com que
você ganhe agilidade e reduza o tempo de manutenção. A manutenção de
um motorredutor sem planejamento poderá deixar o equipamento parado
caso seja desmontado sem a compra dos reparos antecipadamente.

Muito bem! Com os conjuntos mecânicos já desmontados e com as peças lim-


pas e separadas conforme o grau de defeito, inicia-se a etapa de recuperação das
peças que têm possibilidade de recuperação e substituição de peças ou conjun-
tos.

2.2 Procedimentos de montagem de conjuntos mecânicos

Para garantir a qualidade da revisão dos conjuntos mecânicos, você terá que
identificar a existência de possíveis anormalidades e efetuar a recuperação antes
da montagem. Portanto, antes de iniciar o processo de montagem, atente para
alguns itens que devem ser observados:
• ajuste e usinagem de novas peças ou parte delas;
• recuperação de roscas externas ou internas;
• troca de elementos de fixação danificados;
• substituição de peças ou conjuntos sem condições de utilização;
• verificação da limpeza das peças;
• aplicação de uma fina camada de óleo nas peças antes da montagem.
Feitas essas observações, pode-se iniciar a etapa de montagem de conjuntos
mecânicos que é o processo inverso da desmontagem. Note que se a desmon-
tagem foi realizada de forma organizada, ou substituindo os componentes da-
nificados, a qualidade do trabalho realizado atenderá as expectativas do nosso
cliente (produção).
Existem dois tipos de procedimento de montagem no ambiente industrial:
2 Desmontagem e montagem de conjuntos mecânicos
15

a) Montagem em série – Utilizada nas indústrias em que ocorre a montagem


seriada de peças em conjuntos mecânicos;
b) Montagem não seriada – É a montagem realizada na bancada, peça a
peça, feita pelo mantenedor.
Após a conclusão das etapas de desmontagem e limpeza das peças, o passo
seguinte é a montagem das peças e dos conjuntos. O principal objetivo é resta-
belecer a funcionalidade da máquina ou do equipamento, lembrando que o man-
tenedor é o principal responsável pelo perfeito desempenho da máquina após
a montagem, devendo ele ter atenção redobrada nesse momento, focando sua
atenção:
• na sequência correta das peças, acompanhando pelo manual técnico a or-
dem de montagem na seção de desenhos de conjunto;
• na verificação da qualidade das peças novas ou recuperadas a serem utiliza-
das, principalmente o dimensional;
• na verificação da limpeza das peças e do local da montagem;
• no exame de todas as peças antes da montagem, verificando suas posições
nos conjuntos a serem montados;
• na verificação de marcações ou referências que ajudem a localizar o lado
correto das peças que serão montadas, tendo o cuidado de não inverter a
posição da peça.
Antes de você desmontar e/ou montar qualquer componente ou equipamen-
to, preste atenção para alguns pontos fundamentais:
• entenda todas as instruções e os procedimentos antes de começar a assistên-
cia técnica nos componentes;
• observe avisos de Segurança, de Advertência e Cuidado contidos no manual
do fabricante, pois ajudam a prevenir sérias lesões pessoais, danos a compo-
nentes, ou ambos;
• siga as instruções de instalação, manutenção e serviço para não perder a ga-
rantia do fabricante do componente;
• utilize ferramentas especiais quando necessário para ajudar a evitar ferimen-
tos graves e danos aos componentes.
Lembre-se de que ao efetuar o teste de funcionamento dos subconjuntos e
conjuntos, de acordo com o andamento da montagem, você deve verificar o per-
feito funcionamento das partes.
Processos de Manutenção Mecânica
16

2.3 Exemplo de desmontagem

A seguir, você verá um exemplo de desmontagem de um eixo cardan utilizado


tanto na linha automotiva quanto nas indústrias para movimentação de conjun-
tos mecânicos. Na indústria, começou a ser utilizado devido à robustez do con-
junto de transmissão, fácil lubrificação e por sua movimentação ser com caixa de
redução. Antes da instalação do eixo cardan para movimentação de sistema de
transmissão, esses sistemas eram movimentados por sistemas hidráulicos que no
caso de rompimento de uma mangueira agredia ao meio ambiente (solo) e quan-
do utilizado ar comprimido também (ruído). Observe as figuras a seguir.

Conjunto acoplador Conjunto deslizante


Transmissão de eixo não deslizante padrão

Terminal de saída

Terminal soldado Tubo Base de Kit Terminal


rolamento rolamento estriado
central

Terminal Retentor Tubo Terminal


deslizante Tampão
soldado
Protetor
de aço

Selo
mecânico

Figura 1 -  Sistema típico de linha de transmissão – componentes


Fonte: Meritor (2011)
2 Desmontagem e montagem de conjuntos mecânicos
17

Conjunto acoplamento
deslizante curto

Terminal de Terminal de Terminal de


entrada saída saída Eixo traseiro
Eixo dianteiro Terminal de Selo Terminal de
deslizante eixo

Componentes da junta
universal

Terminal
Capa de
rolamento

Parafusos

Figura 2 -  Sistema típico de linha de transmissão – componentes


Fonte: Meritor (2011)

Vale ressaltar que com o crescimento da tecnologia nos tempos de hoje, mui-
tos profissionais têm certa resistência na implantação desse novo conjunto. Po-
rém, a instalação desses conjuntos de eixo cardan trará robustez para qualquer
aplicação desde que seja avaliado por um profissional capacitado.
De acordo com o manual de manutenção da Meritor, para desmontagem do
eixo cardan, atente para alguns cuidados:
1. utilize uma bancada ou outra superfície plana para desmontar o sistema de
transmissão;
2. as capas dos rolamentos do terminal estão presas por parafusos. Solte e
remova-as com cuidado;
3. utilize um extrator de rolamentos para retirar o primeiro rolamento do ter-
minal;
Observe a figura a seguir.
Processos de Manutenção Mecânica
18

Extrator de junta universal


Tiger Tool
número 10102

Bucha

Figura 3 -  Desmontagem de rolamento


Fonte: Meritor (2011)

4. remova o segundo rolamento, conforme a figura a seguir;

Figura 4 -  Desmontagem de rolamento


Fonte: Meritor (2011)

FIQUE Sempre apoie o eixo de transmissão quando você removê-


ALERTA lo do terminal.

5. para poder trabalhar no munhão livre do alojamento, deslize o terminal


para um dos lados;
6. para poder remover a junta universal, deslize o terminal na direção OPOSTA;
7. repita esta ação da etapa 2 até a etapa 6 para separar o terminal deslizante
da linha de transmissão.
Para a desmontagem da junta universal você deve ter alguns cuidados:
2 Desmontagem e montagem de conjuntos mecânicos
19

1. soltar e remover os parafusos dos dois rolamentos restantes no terminal do


sistema de transmissão;
2. sacar os rolamentos. Se necessário, usar um extrator de rolamento comercial
para remover os rolamentos dos mancais do terminal;
3. trabalhar nos munhões para a retirada da cruzeta do terminal soldado;
4. repetir da etapa 1 até a etapa 3 para a remoção da junta universal em cruz
do terminal deslizante.
Outra ferramenta essencial usada para a desmontagem é o martelo de bron-
ze ou sintético.Vale destacar que a utilização de um martelo de aço pode soltar
pedaços de uma peça podendo ocasionar graves lesões corporais e danos aos
componentes. Observe alguns passos a seguir:
1. use um martelo de bronze ou cobre e um punção para bater o protetor para
fora do selo deslizante. Tenha cuidado para não danificar o protetor;

Martelo

Punção

Figura 5 -  Retirada do protetor


Fonte: Meritor (2011)

2. use uma chave de fenda para forçar o selo para fora do sulco no terminal
deslizante;

Figura 6 -  Retirada do selo


Fonte: Meritor (2011)
Processos de Manutenção Mecânica
20

3. com o uso de um punção marque as seções do terminal deslizante e do eixo


deslizante para garantir que você possa remontá-las em suas posições origi-
nais conforme figura a seguir;

Figura 7 -  Marcação terminal e eixo deslizante


Fonte: Meritor (2011)

4. puxe separando as seções do terminal deslizante e eixo deslizante, confor-


me figura a seguir;

Figura 8 -  Separação terminal e eixo


Fonte: Meritor (2011)

5. a figura a seguir mostra como retirar o selo de vedação;

Figura 9 -  Retirada do selo


Fonte: Meritor (2011)
2 Desmontagem e montagem de conjuntos mecânicos
21

6. para retirar o protetor, veja as instruções na figura que segue;

Figura 10 -  Remoção do protetor


Fonte: Meritor (2011)

Portanto, após a desmontagem, efetue a limpeza completa de todos os com-


ponentes com desengraxantes que não agridam o meio ambiente. O segundo
ponto a ser observado é a existência de desgaste nos componentes, caso exista,
não poderá ser montado desta maneira, providencie a substituição do compo-
nente. Seguindo esses passos corretamente é possível garantir que as peças não
serão danificadas e o processo de montagem ficará muito mais fácil.

CASOS E RELATOS

Montagem e Desmontagem com Organização é Igual à Qualidade.


Júlio trabalhou por vários anos como mecânico de manutenção em uma
pequena empresa. Sempre fez as coisas do mesmo jeito, que foi a forma
como ele havia aprendido nos primeiros anos de trabalho. Recentemen-
te, ele recebeu uma proposta irrecusável para trabalhar em uma grande
empresa. Na primeira semana, ele recebeu todos os procedimentos de tra-
balho, mostrando como deveria ser feita cada atividade da manutenção.
Inicialmente, Júlio não gostou muito daquilo, pensando que todos os seus
anos de experiência não poderiam ser substituídos por um monte de pa-
pel, mas com o tempo ele percebeu que seguindo os procedimentos, a ati-
vidade era concluída em menos tempo e ficava muito mais fácil quando ele
tinha que passar instruções para um colega de outro turno.
Processos de Manutenção Mecânica
22

2.4 Montagem e instalação

Conforme você estudou, sempre que desmontar algum componente é impor-


tante efetuar a limpeza das peças, analisar, recuperar ou substituir as peças dani-
ficadas. Agora, acompanhe um exemplo de montagem do eixo de transmissão
ou eixo cardan.
1. Instale um novo protetor no terminal deslizante, conforme figura a seguir:

Figura 11 -  Montagem do protetor


Fonte: Meritor (2011)

2. Instale o novo retentor no pescoço do eixo estriado e tome cuidado para


que a vedação seja instalada virada para BAIXO, ou seja, para o lado oposto
ao estriado. Caso a vedação ficar virada para o estriado, o retentor não terá
a função de vedação.

Diâmetro
grande
Diâmetro
pequeno

Protetor

Figura 12 -  Montagem do retentor


Fonte: Meritor (2011)

3. Utilize uma bancada para alinhar o eixo estriado e a cruzeta observando as


marcas de referência feitas durante a desmontagem.
2 Desmontagem e montagem de conjuntos mecânicos
23

Marcas de referência

Figura 13 -  Alinhamento terminal deslizante e eixo


Fonte: Meritor (2011)

4. Certifique que o eixo estriado e as ranhuras estejam totalmente encaixadas


conforme figura e fixe a vedação na ranhura.

Figura 14 -  Montagem da vedação


Fonte: Meritor (2011)

5. Gire a vedação/o retentor. Se girar levemente, ela está instalada correta-


mente.
Atenção: se a vedação não girar com facilidade, será necessário remover e
reinstalar.
6. Instale o protetor de aço sobre o retentor com a mão conforme a figura an-
terior e se não encaixar, não utilizar martelo. Verifique se o selo está instala-
do corretamente. Repita a etapa 5.
7. Force o eixo de transmissão e a cruzeta um contra o outro conforme a figura
a seguir.

Figura 15 -  União eixo transmissão


Fonte: Meritor (2011)
Processos de Manutenção Mecânica
24

Seguindo as etapas apresentadas, o eixo de transmissão será montado com


a qualidade necessária, garantindo o bom funcionamento do resto do conjunto.
Fique atento, sempre que um componente ou conjunto for revisado por você,
antes de levá-lo para montagem, é necessário que o mesmo seja testado para
garantir a boa funcionalidade. No exemplo do eixo cardan, você pode efetuar os
testes de movimentação do eixo de transmissão e da cruzeta conforme a figura
anterior. A seguir, seguem algumas dicas para o bom funcionamento da linha de
transmissão.

2.4.1 Linha de transmissão

Tendo terminado a montagem do eixo cardan, é necessário montar a linha de


transmissão. Após montado, o rolamento não poderá ficar com aperto excessivo
e/ou com desalinhamento para não danificar os rolos de agulhas. Os itens a se-
guir mostram como fazer esta montagem da forma correta.
A capa do rolamento deve ser retirada para verificar se os rolamentos de agu-
lha estão no lugar, se não estiverem ou estiver faltando algum, substitua a capa.
Utilize um martelo de cobre ou latão para inserir levemente a capa de rolamento
completamente no furo do terminal.

Figura 16 -  Montagem do rolamento


Fonte: Meritor (2011)

Os orifícios da placa de cobertura devem estar alinhados com a orelha


do terminal de acordo com a figura a seguir.
2 Desmontagem e montagem de conjuntos mecânicos
25

Parafusos

Figura 17 -  Alinhamento furação


Fonte: Meritor (2011)

Se a placa de cobertura não fechar rente à superfície do terminal, verifique se


o rolamento agulha está alinhado com a capa do rolamento.
Com o auxílio de um torquímetro aperte os parafusos alternadamente confor-
me a figura a seguir.

Figura 18 -  Aperto com torquímetro


Fonte: Meritor (2011)

Após a etapa anterior, verifique as especificações corretas de torque,


conforme o quadro a seguir.

linha de “A”
diâmetro da Especificações de
transmissão polegadas
rosca polegadas torque ib-ft (nm)
Séries (mm)

16N 5.31 (134.87) 5/16-24 26-35 (35-47)

17N 6.09 (154.69) 3/8-24 38-48 (51-65)

176N 7.00 (177.8) 3/8-24 38-48 (51-65)

18N 7.55 (191.77) 3/8-24 38-48 (51-65)

Quadro 1 - Especificações de torque


Fonte: Meritor (2011)
Processos de Manutenção Mecânica
26

Concluída a instalação no terminal, lubrifique as juntas universais no ponto de


graxa até que ela flua dos selos de rolamento em todos os quatro munhões. Use
graxa com aespecificação NLGI 2 com aditivo EP, esta graxa possui lubrificante à
base de sabão de lítio, com elevada estabilidade mecânica para serviços severos.
Observe a figura a seguir.

Nova graxa deve fluir


pelos quatro selos

Mostrado sem os
terminais para facilitar
a visualização

Figura 19 -  Lubrificação do terminal


Fonte: Meritor (2011)

Se a graxa não expurgar dos selos, siga as seguintes orientações:


1. Mova o conjunto para cima e para BAIXO ou LADO A LADO, enquanto você
aplica graxa com pistola de pressão pneumática.

Figura 20 -  Movimentação do conjunto


Fonte: Meritor (2011)

2. Solte os parafusos de rolamento e adicione graxa até que ela vaze pelos se-
los.
3. Aperte os parafusos.
Se a graxa ainda não purgar de todos os quatro selos de munhão e se
você não encontrar o problema, então substitua a junta universal.
2 Desmontagem e montagem de conjuntos mecânicos
27

2.4.2 Terminais deslizantes estriados

Todo componente ou equipamento, após revisado por você e instalado, deve


ser lubrificado antes de iniciar funcionamento, já que a graxa ou o óleo utilizado
para a montagem não garante a total lubrificação da peça.
Acompanhe um exemplo: Para que a lubrificação dos estriados seja aplicada
correta e adequadamente, o conjunto deslizante deve ser totalmente desmon-
tado antes de aplicar a graxa. Segundo o Manual de Eixo Cardan (2011), a graxa
deve ter a especificação O-634-B, NLGI Grade 2 com aditivo EP ao ponto de graxa
do terminal deslizante.

Figura 21 -  Aplicação graxa estriados


Fonte: Meritor (2011)

Para a lubrificação dos eixos, é importante você saber que a quantidade de


graxa varia de acordo com o tamanho ou modelo de série da linha de transmis-
são. Para evitar o uso em excesso de graxa, quando o conjunto estiver totalmente
desmontado, siga as recomendações do quadro a seguir.

linha de
transmissão volume de graxa número de bombas
Séries

17N 0.7 oz (20 grams) 4-6

176N 0.7 oz (20 grams) 4-6

18N 1.1 oz (30 grams) 6-8

Quadro 2 - Quantidade de graxa


Fonte: Meritor (2011)

Lembre-se de que o excesso de graxa é desperdício e a mesma será expulsa


para fora do terminal podendo até danificar as vedações.
Processos de Manutenção Mecânica
28

Recapitulando

Neste capítulo, você estudou os processos de desmontagem e monta-


gem de conjuntos mecânicos e como a utilização das ferramentas cor-
retas e a organização são importantes para a manutenção eficaz. No ca-
pítulo a seguir, você conhecerá uma importante parte da manutenção, a
lubrificação. Vamos adiante!
2 Desmontagem e montagem de conjuntos mecânicos
29

Anotações:
Lubrificação

A lubrificação, procedimento fundamental para manutenção e integridade dos equipamen-


tos, elimina o atrito entre duas partes metálicas permitindo que ambas deslizem melhor por
meio da película lubrificante. Perceba que ela é uma ação preventiva, pois é um dos principais
fatores que influenciam nos equipamentos e que permite que os mesmos funcionem em per-
feitas condições. Vale ressaltar que o lubrificante contém aditivos para melhorar sua qualidade
e também prolongar a vida útil e cada fornecedor de lubrificante possui uma característica in-
dividual e define uma coloração diferente para graxa ou óleo.
Ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
• entender a diferença entre os tipos de lubrificantes;
• conhecer os aditivos existentes e suas funções;
• identificar os tipos de sistemas de transmissão e engrenagens;
• compreender os requisitos para os lubrificantes específicos para as engrenagens e outros
sistemas de transmissão.
Inicialmente, você estudará a função dos lubrificantes.

3.1 Função do lubrificante

A principal função de um lubrificante é a formação de uma película que impede o contato


entre duas superfícies de metal que se movem entre si. Com isso, o atrito entre as partes é re-
duzido a níveis mínimos, exigindo uma menor força e evitando o desgaste das peças. Com a
evolução dos lubrificantes, estes passaram a acumular novas funções como proteção contra a
corrosão, auxílio à vedação, transferência de calor e retirada de produtos indesejáveis do siste-
ma, entre outras.
Processos de Manutenção Mecânica
32

Figura 22 -  Contato metal (maior atrito)


Fonte: Chevron (2005)

O contato por rolamento faz com que os dois blocos de aços deslizem um so-
bre o outro com menor atrito e, em consequência disso, diminuem os esforços de
deslocamento, conforme figura a seguir.

Figura 23 -  Contato por rolamentos (atrito menor)


Fonte: Chevron (2005)

Observe na próxima figura que os metais são separados pela película de fluído
(óleo) que também reduz os esforços em caso de movimento.

Figura 24 -  Contato fluido (menor atrito)


Fonte: Chevron (2005)
3 Lubrificação
33

Perceba que o movimento relativo entre corpos sólidos, líquidos ou gasosos


origina um atrito, que produz calor representando uma perda de energia.
De acordo com informações da Internacional Lubrificantes Especiais (2014), no
funcionamento de qualquer máquina, ocorre o fenômeno conhecido como atrito
metálico nas partes animadas de movimentos relativos. Nesse caso, é importante
minimizar esse atrito para, consequentemente, reduzir a perda de energia, dimi-
nuir o ruído por desgaste de peças e eliminar risco de quebras das mesmas.
O uso de lubrificantes no deslizamento de duas peças metálicas, por exemplo,
forma uma película que, além de favorecer o deslizamento entre as peças diminui
o aquecimento, o ruído e o desgaste. Isso porque essa película exerce uma função
de lubrificação.
Com relação ao movimento relativo entre duas superfícies metálicas, cumpre
distinguir dois casos:
1. Contato direito ou metálico.

Corpo 1

Corpo 2

Figura 25 -  Contato direito ou metálico


Fonte: Chevron (2005)

Note que, na figura anterior, existem duas superfícies em movimento relativo,


sem lubrificação de espécie alguma e o atrito é então diretamente proporcional à
força aplicada contra as superfícies.
2. Separação completa pela interposição de uma película lubrificante.

Corpo 1

fluído

Corpo 2

Figura 26 -  Película de lubrificante


Fonte: Chevron (2005)
Processos de Manutenção Mecânica
34

Neste segundo caso, perceba que ocorre o deslizamento com fluido, em que
deve existir entre as superfícies uma película de espessura maior que a soma das
alturas das maiores rugosidades das duas superfícies a serem lubrificadas. As
principais vantagens do uso de uma lubrificação fluida são:
• redução de desgaste;
• diminuição das perdas por atrito;
• aumento da segurança de operação.
Perceba que a lubrificação é uma parte extremamente importante da manu-
tenção preventiva. Mas o excesso de lubrificação pode ser prejudicial. Ele gera
desperdício de lubrificante, sujeira e alguns tipos de lubrificantes podem corroer
materiais como borracha e plástico.
Para evitar desperdício na lubrificação, consulte o manual do fabricante, pois
nele deverá conter a quantidade de graxa ou óleo a ser aplicada e a maneira cor-
reta de aplicação.

Em qualquer meio de movimentação a lubrificação é de


suma importância para o bom funcionamento. Um bom
exemplo para você entender melhor é o funcionamento
de um automóvel, quando as trocas de óleo são feitas
FIQUE conforme o manual do fabricante, o veículo trabalha nor-
ALERTA malmente. A partir do momento que colocarmos qualquer
óleo, não respeitarmos a quilometragem para troca de
óleo, o veículo começará a apresentar problemas e você
estará contaminando o meio ambiente com possíveis po-
luições.

Agora que você entendeu o processo de atrito e o papel dos lubrificantes, veja
os tipos de óleos existentes.

3.2 Tipos de óleos básicos

Segundo Moura (1978, p. 443), os lubrificantes podem ser divididos em: óleos
minerais, graxos, compostos, sintéticos e graxas. Conheça as principais caracterís-
ticas de cada um deles.

Minerais

São óleos obtidos a partir da destilação do petróleo. Suas propriedades depen-


dem da natureza do óleo cru, cuja composição é muito variada. É formado por um
3 Lubrificação
35

grande número de hidrocarbonetos e, com isso, o lubrificante pode apresentar


variação de características na viscosidade, volatilidade e resistência à oxidação.
Os óleos minerais são os mais utilizados e os mais importantes em lubrificação.

Graxos

São óleos de origem vegetal ou animal. Foram os primeiros lubrificantes a se-


rem utilizados, e satisfaziam as modestas necessidades da época em que predo-
minava a tração animal. Atualmente, são pouco recomendados principalmente
por não suportarem temperaturas elevadas, oxidando-se facilmente, tornando-se
rançosos e formando ácidos. A industrialização progressiva dos centros de produ-
ção tornou imperativa sua substituição por produtos derivados do petróleo.

Compostos

São misturas de óleos minerais e graxos. Certas aplicações especiais requerem


muitas vezes o uso de óleos compostos, que confere ao produto obtido maior
oleosidade e maior facilidade de emulsão em presença de vapor. Utilizados em
equipamentos como perfuratrizes e cilindros a vapor.

Sintéticos

De acordo com o Manual da Indústria Petrobrás (1999), os lubrificantes sinté-


ticos são “criados” em laboratório por processo de polimerização, especialmente
para oferecer características especiais de viscosidade e resistência a temperaturas
elevadas ou muito baixas, de forma a atender aplicações especiais em algumas
indústrias. Esses lubrificantes são de custo bastante alto, devendo, portanto, ser
empregados apenas em casos específicos que não possam ser atendidos pelos
lubrificantes minerais.

Produto Final
Óleos Básicos Aditivo Óleo Petróleo

Figura 27 -  Lubrificantes sintéticos


Fonte: Chevron (2005)
Processos de Manutenção Mecânica
36

1 aditivos:
Você sabia que, na antiguidade, o petróleo foi usa-
São produtos químicos do para fins medicinais? Ele era conhecido como
que, adicionados aos óleos, CURIOSIDADE óleo de pedra, óleo mineral ou óleo de nafta. Já o
aumentam a eficiência dos lubrificante para rodas de carruagens e suporte de
mesmos reforçando-lhes vela dos navios era a gordura animal.
ou mesmo conferindo-lhes
características necessárias
às exigências das máquinas
modernas.
Graxas

As graxas são dispersões estáveis de sabões, a maioria metálicos em óleos mi-


nerais. Apresentam-se em função do tipo de sabão empregado, podendo apre-
sentar textura fibrosa, untuosa ou amanteigada. Alcançam suas estabilidades (fa-
tor importantíssimo para sua conservação) com adição de agentes estabilizantes
específicos tais como a glicerina, ácidos graxos, água, entre outros. Essas disper-
sões são fabricadas de modo a se obter produtos semifluidos ou pastosos que
possam ser aplicados como lubrificantes nos pontos em que seria pouco prático
ou impossível o emprego de óleos – uma vez que estes, em virtude de seu estado
físico (líquido), não ficariam retidos – ou onde a graxa possa proporcionar veda-
ção suficiente.

Sabão
Produto Final
(Graxa)
Óleo Mineral Aditivo

Figura 28 -  Formulação da graxa


Fonte: Chevron (2005)

SAIBA Para saber mais sobre lubrificação de elementos de máqui-


nas consulte o livro: PETROBRÁS. Lubrificantes: fundamentos
MAIS e aplicações. Rio de Janeiro (RJ), 1999.

Dispersantes / Detergentes

Os dispersantes são aditivos1 sem cinzas com alto poder de remover e disper-
sar resíduos sólidos. Os dispersantes também são capazes de manter em suspen-
são uma gama limitada de tamanhos de partículas.
Já os detergentes, com menor poder dispersante, possuem cinzas devido à
presença de metais em sua composição. São capazes de manter em suspensão
3 Lubrificação
37

partículas de vários tamanhos, tendo sob este ponto de vista maior eficácia em
relação aos dispersantes.
Observe, no quadro a seguir, os tipos de dispersantes, seu mecanismo e sua
estrutura.
dispersante mecanismo estrutura
METÁLICO Um filme adsorvido de moléculas do
Partículas Pequenas dispersante evita a coagulação das
(0-200 A) Micelas.

Partículas Grandes A superfície carregada evita a coagu-


(500-1500) lação das Micelas.

Um filme espesso de moléculas de


SEM CINZAS
dispersante, ligados à partículas por
(Baixo Peso molecular)
pontes de hidrogênio, evita a coagu-
Partículas de até 500A
lação da molécula.

Um filme espesso de grupos de


POLIMÉRICO dispersante, ligados à particulas por
Partículas de 0 à 1000A pontes de hidrogênio, evita a coagu-
lação da Micela.

Quadro 3 - Dispersantes
Fonte: Chevron (2005)

CASOS E RELATOS

Mancal do motor Exaustor Acabamento


Em um estudo feito nos mancais de uma máquina, verificou-se que um de-
les apresentava uma temperatura de 102°C, sendo que a temperatura máxi-
ma permitida é de 90°C. O mancal foi submetido a uma análise de vibração
e não foi encontrado nenhum defeito. A causa provável deste aumento de
temperatura é o excesso de graxa. No caso deste mancal, foi observado que
após a eliminação da graxa excedente, a temperatura caiu para 70°C. Na
temperatura de 102°C, o mancal não se danifica, mas a graxa que fica den-
tro dele perde as propriedades lubrificantes. (MECATRÔNIA ATUAL, 2013).
Processos de Manutenção Mecânica
38

De acordo com o Manual da Petrobrás Distribuidora S.A. Lubrificantes (1999),


quando um lubrificante contém aditivos detergentes/dispersantes, fica escuro
poucas horas após ter sido colocado no motor. Muitos mecânicos e motoristas
não compreendem este fenômeno, que é normal e benéfico ao motor, e recla-
mam indevidamente da qualidade do óleo.
Muito bem! Nesta seção você estudou as formas de atrito e a importância da
lubrificação correta para a manutenção. A seguir, veja como as engrenagens e os
sistemas de transmissão mecânica funcionam e quais são os lubrificantes adequa-
dos para esses elementos de máquinas.

3.3 Noções de lubrificação de engrenagens industriais

Um dos mais importantes elementos de máquinas, as engrenagens, também


precisam de lubrificação adequada. Elas formam conjuntos (um par no mínimo)
de rodas dentadas destinados à transmissão de movimento e potência. No par de
rodas dentadas, a de menor número de dentes é chamada pinhão e a de maior
coroa. Na linguagem corrente, as próprias rodas dentadas são denominadas en-
grenagens.
A teoria das engrenagens baseia-se na dos roletes, pois as engrenagens ou
rodas dentadas nada mais são do que roletes dispondo de saliências e reentrân-
cias que se conduzem mutuamente. As saliências e reentrâncias dão origem aos
chamados dentes da engrenagem.

De acordo com o site Guias OESP, os chineses


foram os inventores das primeiras engrenagens,
que eram usadas nas máquinas de fabricação de
cerâmica. Mas elas só se tornaram elementos im-
CURIOSIDADE prescindíveis na idade média, quando os primeiros
relógios começaram a ser desenvolvidos. Atribui-
-se a Leonardo da Vinci a invenção da engrenagem
cônica.

Você estudou na seção anterior que os lubrificantes utilizados para sistemas


de transmissão e engrenagens podem ser óleo ou graxa, dependendo da aplica-
ção. Lembre-se de que a graxa é composta de sabão com óleos minerais, porém
em sistema de transmissão o óleo ficará gotejando no chão e, no caso de en-
grenagens, será lubrificada por banho. O nível de óleo deverá ser de até 1/3 do
reservatório.
3 Lubrificação
39

Nesse contexto, a importância da lubrificação no sentido de prevenir falhas


no desempenho de engrenagens deve ser enfatizada. A lubrificação adequada
inclui:
a) o uso do produto recomendado pelo fabricante;
b) manutenção do óleo limpo e livre de materiais estranhos;
c) manutenção do suprimento adequado de lubrificantes.
A seleção de um lubrificante é uma decisão altamente complexa, baseada no
tipo de engrenagem, tipo de carga, velocidade, temperatura de operação, potên-
cia transmitida e razão de redução. Entretanto, o óleo para engrenagens executa
basicamente os mesmos serviços que em outras peças em movimento: limpando,
refrigerando, lubrificando e, ao evitar o contato metal-metal, reduzindo o atrito e
o desgaste.

3.3.1 Tipos de engrenagens mais comuns

As engrenagens são órgãos de contato direto e movimento misto: rolamento


e deslizamento. Sua finalidade é transmitir o movimento de rotação de um eixo
para o outro, modificando a velocidade e permitindo a transmissão de potência
elevada. Na sequência, você conhecerá alguns tipos de engrenagens mais co-
muns, acompanhe.

Cilíndricas de dentes retos

Transmitem o movimento entre eixos paralelos. São de funcionamento um


tanto ruidoso porque os dentes entram em contato entre si e se separam de uma
só vez, em todo o comprimento de seu fIanco. O movimento entre os dentes é
principalmente de rolamento.

Figura 29 -  Engrenagem cilíndrica de dentes retos


Fonte: Teixeira e Ruas (2006)
Processos de Manutenção Mecânica
40

Cilíndricas de dentes inclinados ou helicoidais

Transmitem o movimento entre eixos angulares ou paralelos. Possuem uma


maior superfície de contato porque mais de um dente de cada engrenagem está
simultaneamente em contato com os dentes da outra, sendo este contato inicia-
do e perdido gradativamente, proporcionando desta forma um funcionamento
mais suave e uma diminuição das vibrações e da fadiga. O movimento entre os
dentes é principalmente de deslizamento no caso de eixos angulares e de rola-
mento no caso de eixos paralelos.

Figura 30 -  Engrenagens helicoidais


Fonte: http://portuguese.alibaba.com/product-free/helical-gearboxes-speed-reducer-gear-reducer-smooth-quiet-dura-
ble-103599346.html

Cilíndricas com eixo sem fim

Existe uma ação para reduzir o contato entre os dentes do eixo sem fim,
em que será acoplado o motor para fazer o movimento da coroa (engrenagem
maior), com tendência de remover a película produzida pelo lubrificante e em
que as engrenagens funcionem em temperaturas elevadas e sofrem desgastes
consideráveis.
3 Lubrificação
41

Figura 31 -  Engrenagem cilíndrica e eixo sem fim


Fonte: http://eurobotica2012.blogspot.com.br/2012/04/engrenagens-encontro-i.html

Cônicas de dentes retos

São utilizadas para mudar a direção do movimento entre eixos concorrentes.


Seu emprego e suas restrições são semelhantes às cilíndricas de dentes retos.

Figura 32 -  Engrenagem cônica de dentes retos


Fonte: http://reioraculo.blogspot.com.br/2011_04_01_archive.html

Hipoides

Possuem eixos não concorrentes e permitem reduções de potência e veloci-


dades maiores que as demais, suportam cargas maiores sem a necessidade de
aumentar o tamanho das engrenagens. O movimento principal entre os flancos
dos dentes é o de deslizamento.
Processos de Manutenção Mecânica
42

Figura 33 -  Engrenagens hipoides


Fonte: http://fastmotos.com/2011/03/lancamento-yamaha-xt1200z-super-tenere-2012/

3.3.2 Requisitos dos lubrificantes

As condições de temperatura e velocidade de funcionamento das engrena-


gens interferem na seleção do lubrificante adequado. Desta forma, como regra
geral, quando a temperatura de trabalho é alta e a velocidade de funcionamento
é baixa, deve-se optar por um óleo de alta viscosidade e por um sistema de lubri-
ficação por esguicho ou splash.
Já nos casos em que a temperatura é baixa e a velocidade é alta, deve-se se-
lecionar um lubrificante de baixa viscosidade e um sistema de lubrificação pres-
surizado.
Quando as engrenagens estão trabalhando em condições específicas, os lubri-
ficantes precisam atender, no mínimo, as exigências a seguir:
• proteger o equipamento contra ferrugem (presença de umidade);
• suportar cargas mecânicas sem que ocorra desgaste nem controle das peças,
mesmo em condições de extrema pressão;
• reduzir a formação de espuma estável (agitação e aeração do sistema);
• reduzir sua oxidação (aeração e temperaturas elevadas).
A Sociedade dos Engenheiros Automotivos dos Estados Unidos, da sigla em
inglês SAE (Society of Automotive Engineers), classifica os óleos lubrificantes pela
sua viscosidade, a qual é indicada por um número. Quanto maior este número,
mais viscoso é o lubrificante. Observe no quadro a seguir a classificação de
viscosidade SAE dos óleos lubrificantes utilizados na indústria.
3 Lubrificação
43

grau de temp max p/ viscosidade a 100ºC (cst)


velocidade viscosidade de
sae 150.000 cp (ºc) MAX MIN
70 W -55 4,1 -
75 W -40 4,1 -
80 W -26 7,0 -
85 W -12 11,0 -
90 -55 13,5 -
140 - 24,0 24,0
250 - 41,0 41,0

Quadro 4 - Classificação de viscosidade dos óleos lubrificantes para motor


Fonte: Texaco (2014)

Os graus de viscosidade SAE dos óleos lubrificantes para engrenagens auto-


motivas não devem ser confundidos com os graus de viscosidade SAE dos óleos
lubrificantes para motor apresentados anteriormente. Um óleo lubrificante para
engrenagem e um óleo lubrificante para motor que possuam a mesma viscosi-
dade terão graus de viscosidade SAE diferentes, de acordo com suas respectivas
tabelas. Por exemplo, um óleo lubrificante com viscosidade igual a 14,0 cSt (Cen-
tistoke) a 100°C poderá ser um óleo lubrificante para engrenagem SAE 90 ou um
óleo para motor SAE 40, conforme sua formulação e finalidade.

É muito importante conhecer as características de tra-


FIQUE balho antes de escolher o lubrificante. Velocidade, inter-
ALERTA mitência e temperatura de trabalho são fatores que irão
influenciar na escolha.

A ISO (Internacional Organization for Standardization) também estabeleceu


um sistema de classificação de viscosidade aplicável a óleos lubrificantes indus-
triais que, à semelhança da classificação SAE, não considera qualquer outra ca-
racterística além da viscosidade. No caso do grau ISO, as faixas de viscosidade
cinemática de referência são a 40ºC.
Essa classificação, que já é usada pela maioria das companhias de petróleo
para identificação dos graus de viscosidade de seus óleos industriais, permitiu aos
fornecedores e usuários de lubrificantes, assim como fabricantes de equipamen-
tos, a utilização de um sistema comum e uniforme na recomendação e seleção de
óleos lubrificantes industriais para qualquer aplicação.
Processos de Manutenção Mecânica
44

3.3.3 Lubrificantes para mancais

Os mancais, encontrados obrigatoriamente em todas as máquinas, são supor-


tes que mantêm as peças, geralmente eixos, em posição ou entre limites, permi-
tindo seu movimento rotativo.
Dentre a grande variedade de tipos de mancais, os principais são: planos, se-
mimancais, de bucha, bipartidos ou de duas partes e de rolamentos. Observe, na
sequência, as principais características de cada um deles.

Mancais planos

São constituídos de metais mais macios que o dos eixos, que são de maior cus-
to e de mais difícil substituição. Os metais geralmente empregados nos mancais
são o metal patente, o bronze e as ligas de ferro ou cobre com chumbo. Podem
subdividir de acordo com sua forma em semimancais, mancais de bucha de duas
partes e quatro partes.

Semimancais

Segundo Moura (1978), semimancais são peças que não envolvem o eixo na
totalidade de sua circunferência. Uma aplicação típica desse mancal está nos ei-
xos de vagões ferroviários.

Figura 34 -  Semimancais
Fonte: http://www.silc.ind.br/products.php?product=Cavalete-Dianteiro-do-Mancal-%28-SC%252d01.160-%29

De bucha

O mancal de bucha consiste numa só peça, em forma de um tubo. É usado nos


pinos de êmbolos de motores de combustão interna, em que a bucha é fixada à
biela. São muitas vezes chamados de bronzina.
3 Lubrificação
45

Figura 35 -  Mancal bucha


Fonte: CEDUP (2014)

Bipartidos ou de duas partes

Formados por duas seções unidas por parafusos, são muito usados nas bielas
de motores. Encontram-se geralmente nas máquinas a vapor, suportando o eixo
do volante.

Figura 36 -  Mancais bipartidos


Fonte: http://www.ropecas.com.br/item/distribuicao-autorizada-seal-master

Mancais de rolamentos

São aqueles em que o modo principal de movimento é o rolante. São compos-


tos por dois anéis concêntricos, tendo entre eles os elementos rolantes e separa-
dores ou espaçadores. Enquanto o material usado para a fabricação de mancais
planos é sempre mais macio do que o aço, ocorre exatamente o contrário nos
mancais de rolamentos, cujo material é formado de aço extremamente duro e
polido. Isso porque, em um mancal desse tipo, um pequeno rolo ou uma pequena
esfera tem que suportar o peso inteiro do conjunto, enquanto que, em um man-
cal plano, a carga é distribuída sobre uma área bem maior.
Processos de Manutenção Mecânica
46

Figura 37 -  Mancais de rolamentos


Fonte: http://silwasferramentaria.mercadoshops.com.br/mancal-com-rolamento-para-eixo-30mm-10xJM

Mancais de rolamentos são fabricados com uma precisão muito grande, de-
vendo ser colocados na máquina de tal forma que se mantenham as condições
ideais de operação desse componente.
A deformação nas pistas e nos roletes pode ocorrer com cargas de serviço mui-
to altas; o calor gerado por esse fato, acrescido do calor gerado pelo atrito, tem
que ser dissipado em parte pelo lubrificante.
Os mancais de rolamentos são compostos de quatro partes:
I. pista interna;
II. pista externa;
III. elementos rolantes (esferas, cilindros);
IV. separador dos elementos rolantes (gaiola).

Figura 38 -  Forma construtiva de rolamentos de esferas


Fonte: http://portuguese.balljointbearings.com/china-needle_roller_bearings_of_axial_cylindrical_roller_bearings_with_
open_ends_closed_ends-311255.html
3 Lubrificação
47

Para aprofundar seus conhecimentos, consulte o livro Aco-


plamento motor carga: guia básico. Eletrobrás [et al.]. Brasí-
SAIBA lia: IEL/NC, 2008. Você pode encontrar uma versão em PDF
MAIS em: <http://arquivos.portaldaindustria.com.br/app/conteu-
do_18/2014/04/22/6281/Acoplamento.pdf>. Acesso em: 25
set. 2014.

Com relação à lubrificação, as principais propriedades para a escolha do tipo


de lubrificante para mancais são: a viscosidade (ou a consistência), a transfe-
rência de calor, a vedação e a bombeabilidade. Portanto, tenha em mente que:
a) O óleo tem uma mobilidade maior que a graxa e, portanto, transfere calor
muito mais facilmente. As graxas são limitadas normalmente a situações em
que o calor gerado pelo atrito em mancais é relativamente baixo, como nos
casos de mancais planos de baixa rotação e de mancais de rolamentos até
média velocidade, ou seja, onde o calor não tem que ser necessariamente
retirado do equipamento.
b) A bombeabilidade do óleo é bem maior que a da graxa. A queda de pressão
ao longo de tubulações é bem menor quando se usa óleo.
c) O uso de graxas em ambientes de muita poeira é vantajoso, pois ela age
como vedante nas extremidades do mancal. Em mancais de rolamento, é
absolutamente necessário que não haja contaminação por poeira.
d) Em equipamentos de uso esporádico a lubrificação a óleo de mancais pode
causar problemas de vazamento e, quando o equipamento estiver em uso,
pode haver uma quantidade insuficiente para uma lubrificação ideal. Nesses
casos, a graxa oferece maior proteção.
e) Quanto maior a carga, maior a preferência pelas graxas em virtude de sua
maior capacidade de manutenção da película lubrificante. Óleos com aditivo
de extrema pressão também podem ser usados nestes casos.
Com relação às folgas, ou seja, o espaço entre o eixo e o mancal, ela permite a
dilatação e a distorção dessas duas peças em função do calor e do esforço a que
estão sujeitas. Essa folga é aproveitada também para a introdução e distribuição
do lubrificante e para facilitar a formação da película de óleo. Vale ressaltar que
uma folga excessiva ocasiona vibração no eixo, enquanto que uma folga insufi-
ciente impede a entrada do lubrificante.
Você pode estar se perguntando: e com relação ao ponto de aplicação do
óleo?
Lembre-se de que o eixo cria forte pressão hidráulica ao girar velozmente; essa
pressão está localizada na parte baixa do mancal, que fica um pouco à esquerda,
se o sentido de rotação for horário, ou à direita se o sentido for o inverso. Assim,
Processos de Manutenção Mecânica
48

para a introdução do óleo, deve ser escolhido um ponto em que a pressão no


mancal seja mínima, isto é, na parte de cima do mancal, levando em consideração
que diferentes disposições de mancais aliadas a fatores externos podem alterar as
zonas de pressão máxima e mínima.
O trabalho de distribuir o óleo pelo eixo pode ser muito facilitado com o em-
prego de chanfros e ranhuras cortadas e localizadas corretamente, sempre na
zona de baixa pressão, como você pode observar na figura a seguir:

Figura 39 -  Ranhuras de lubrificação


Fonte: http://www.4shared.com/web/preview/doc/QT2Zvzek

As ranhuras existentes nos mancais bipartidos, vistos anteriormente, são de


fundamental importância para a lubrificação do sistema. O óleo ou a graxa pene-
tram por estes canais espalhando o lubrificante por toda a extensão do mancal
prolongando a vida útil do equipamento.
Como você viu, a lubrificação tem diversos detalhes que precisam ser obser-
vados. Lubrificar não é apenas colocar óleo ou graxa, mas também entender o
funcionamento e a aplicação de cada elemento de máquina de forma a escolher
e aplicar o lubrificante adequado.
3 Lubrificação
49

Recapitulando

Neste capítulo, você estudou os principais tipos de engrenagens, rodas


dentadas e mancais e também conheceu os lubrificantes existentes para
cada tipo específico. Todos esses conhecimentos devem ser agregados
aos conhecimentos de gestão da manutenção. O bom gestor vai conhe-
cer e entender a especificidade de cada área, diferenciando custo de in-
vestimento.
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MINICURRÍCULO DO AUTOR
Elson Marcio Manarin é Técnico em Mecânica, Técnico em Eletrotécnica, graduado em Tecnó-
logo de Manutenção Industrial e Pós-graduado em Engenharia de Manutenção, atua na área de
Planejamento de Manutenção em uma indústria multinacional desenvolvendo trabalhos para
prevenção de quebras de equipamentos, buscando quebras “zero” e “zero” perdas na fabricação
dos produtos por paradas de equipamentos com problemas de manutenção. Possui mais de 22
anos de atuação em área de manutenção de equipamentos como: extrusoras, termoformadoras,
injetoras, processos de rotomoldagem, cromagem, prensas, moinhos e atualmente é líder de pro-
jeto de implantação de RCM na manutenção e desenvolvimento de trabalhos com visão estraté-
gica em redução de custos na manutenção.
Índice

A
Ar comprimido 12, 13, 16

D
Desengraxantes 12, 21
Desmontagem 9, 11, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 21, 22, 28
Dispersantes 36, 37, 38

E
Eixo cardan 16, 17, 22, 24, 27
Engrenagens 31, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 49

I
Instalação 13, 15, 16, 17, 22, 26

L
Linha de Transmissão 16, 17, 18, 24, 25, 27
Lubrificação 9, 13, 16, 26, 27, 28, 31, 33, 34, 35, 36, 38, 39, 42, 47, 48
Lubrificante 9, 26, 31, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 42, 43, 44, 46, 47, 48, 49

M
Mancais 19, 37, 44, 45, 46, 47, 48, 49
Montagem 9, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 21, 22, 23, 24, 27, 28
Munhões 19, 26

O
OHSAS 12
Óleo 11, 12, 14, 27, 31, 32, 34, 35, 36, 43, 47, 48

S
Secagem 12, 13

V
Viscosidade 35, 42, 43, 47
DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA - DIRET

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SENAI - DEPARTAMENTO NACIONAL

Unidade de Educação Profissional e Tecnológica - UNIEP

Felipe Esteves Pinto Morgado


Gerente Executivo de Educação Profissional e Tecnológica

Nina Rosa Silva Aguiar


Gerente de Educação Profissional e Tecnológica

Sinara Sant’Anna Celistre


Gestora do Programa SENAI de Capacitação Docente

Nathália Falcão Mendes


Analista de Desenvolvimento Industrial

SENAI - DEPARTAMENTO REGIONAL DE SANTA CATARINA

Selma Kovalski
Coordenação do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional

Raphael da Silveira Geremias


Gerência de Educação no SENAI em Joinville

Carla Micheline Israel


Coordenação do Projeto

Michele Antunes Corrêa


Coordenação Técnica de Desenvolvimento de Recursos Didáticos

Ademir José dos Santos


Elaboração

Celso Picolli Filho


Revisão Técnica

Sabrina Paula Soares Scaranto


Design Educacional

Tatiane Hardt
Ilustrações e Tratamento de Imagens
Diagramação
Roseli Müller Izolan
CRB-14/472
Ficha Catalográfica

i-Comunicação
Projeto Gráfico

Jaqueline Tartari
Contextuar
Revisão Ortográfica e Gramatical

Jaqueline Tartari
Contextuar
Normalização

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