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Introdução:
Desde 1999 eu tenho me envolvido com este tema – corpo e tecnologias – e como toda
pesquisa esta também tem uma história que não será contada aqui. Mas vale dizer que
neste ano de 1999 eu publiquei um livro “Breve história do corpo e de seus monstros” e
que este novo texto introduzindo o adjetivo novo antes de corpos e mencionando
encontros entre ficção e tecnologia, dialoga e expressa um pouco sobre este percurso de
mais de dez anos.
Neste tempo não foi apenas a pesquisa que avançou, ou novas fontes bibliográficas que
foram encontradas; o que se deu foi uma incrível aceleração, um conjunto de novas
experiências e o surgimento de novo projetos que eram impensáveis para o domínio da
ciência e talvez só tivessem se apresentado até então no campo da ficção- científica. O
transplante de rosto é um destes: do Face OFF de John Woo, 1996, para a francesa que
fez o primeiro em 2005, ocasião em que o cirurgião que coordenou a operação afirmou
que não entendia nosso espanto já que a identidade agora era baseada no DNA e não na
antropometria. O que não impede imaginarmos como é viver sem se reconhecer no
espelho e sem ser reconhecido pelos seres queridos que têm que reaprender a amar este
novo rosto. Até então meu melhor exemplo era Aimee Mullins.
Apresentando as premissas:
Primeira premissa: Já tínhamos dito que o corpo é um conceito, uma pele cultural: o que
nós temos de material são sangue, nervos, ossos e músculos (sendo grosseiros) Trata-se,
portanto, de uma categoria, certamente a mais persistente na cultura ocidental,
sobretudo porque suporta pela sua aparente evidência, as ideias de gênero, raça,
identidade etc. Sendo um conceito e uma forma de presença no mundo, o corpo como
conceito não é universal (há sociedades que têm outra relação com esta materialidade) e
é histórico, ou seja, produz e sustenta formas diferentes de habitar o tempo e ocupar o
espaço. O corpo grego do qual Tucídites diz que: O corpo nu é o auge a civilização não
é o mesmo corpo que o judaico-cristão, que não é também o mesmo que identificamos
na modernidade.
Este conjunto de elementos tornou possível à biologia não apenas falar de quase
qualquer coisa como de, legitimamente, discursar sobre o humano. O que teve graves
consequências, das quais ainda não estamos suficientemente alertas: basta pensar que
nos nossos tempos a biologia não atua mais no antigo campo clínico da terapia, mas
trata da regulação da vida; temos uma sociedade cada vez mais medicalizada.
Então, tanto a saúde tornou-se um valor em si mesmo, um padrão para julgar e rejeitar
comportamentos e condutas, a partir da avaliação dos riscos aí implicados, quanto se
procedeu a uma “somatização da subjetividade” (2) que aparece em duas direções: a
primeira é a das modificações na direção da sua estetização, longevidade e afastamento
do envelhecimento, o que inclui o controle de normas que incluem alimentação
controlada, codificação da relação com as bebidas alcoólicas e energéticas, check-ups
permanentes, num apertado controle de si e de um virtual uso dos prazeres. A segunda
consiste na patologização dos que parecem estar “fora do ritmo”, em geral vistos como
deprimidos (tome Prozac) ou vítimas de DDTA, distúrbios de atenção e hiperatividade,
comum no diagnóstico das crianças que passam a ser “normatizadas” à base de ritalina.
Comecemos com um pequeno recuo histórico: entre a última década do século XIX e a
primeira parte da primeira década do século XX, podemos identificar um ponto de
convergência histórico que, certamente, não foi produto de qualquer casualidade, onde
se relacionam a cultura visual médica e o cinema; a década que vai de 1895 a 1905 viu
oficialmente nascer o cinema e a descoberta dos Raios X (3). Trata-se de uma nova
relação de visibilidade que, nos dois casos, altera irremediavelmente as concepções que
então vigoravam sobre a vida, a realidade, o homem e seu corpo.
Como expressa David Le Bréton: “Pela primeira vez, a entrada no labirinto dos tecidos
humanos não exige como condição necessária a morte do homem. Este último é posto
em face do seu próprio esqueleto sem desfazer-se de sua pele.” (4)
Esta nova transparência vinculava-se a uma transformação na prática médica que, desde
os séculos XVII-XVIII, buscava considerar o corpo como um objeto legível: a princípio
a partir de uma variedade de técnicas que iam da dissecação à manutenção de registros
regulares. Mais tarde, o “Nascimento da Clínica” (5), como consolidação da medicina
moderna necessitava da transformação do corpo num conjunto de práticas discursivas,
ou seja, configurava-se um jogo intersemiótico: para que o corpo fosse totalmente
legível era necessário transformar imagens em palavras e palavras em imagens. Ver e
fazer ver, dizer e fazer dizer. Descre-ver, o que equivaleu a inventar como objeto
empírico de conhecimento.
Foram muito mais amplas as consequências do encontro entre a cultura visual médica e
o cinema e envolveram questões interessantes também sintomáticas da leitura da vida
moderna: vemos desde o uso pelos médicos do cinema em especialidades e aplicações
(ambos vinculados a uma nova visibilidade) até discursos médicos reformistas que
temiam ser a própria experiência do cinema prejudicial à saúde: lugares fechados e
abafados, propícios à disseminação de doenças assim como “moralmente suspeito”, já
que homens e mulheres, próximos e anônimos, no escuro, estariam fruindo as imagens
em movimento e experimentando sua própria posição, não sujeita à vigilância (7).
Assim, tanto o cinema quanto a nova cultura visual médica trabalham o corpo como
espetáculo, aliando prazer, curiosidade, desejo de exploração e as invenções e
ficcionalizações que vão povoar o universo da ficção-científica, o gênero chave na
construção dos corpos-máquina (8).
Seria tentador explorar na história do cinema sua relação com os temas, tratamentos,
personagens e questões que reconhecemos como pertencentes às narrativas de ficção-
científica. Os exemplos seriam numerosos, o que podemos entender facilmente, se
considerarmos que na ficção-científica temos, na própria enunciação, um oxímoro que
associa a liberdade da ficção e o rigor da ciência e que o cinema é, ele mesmo, uma
particular associação de arte e técnica. Feitos um para o outro, diria o século XX mesmo
quando, ou talvez especialmente aí, considerava a ficção científica um gênero menor, já
que questionava a intervenção da técnica mais do que os caminhos (e descaminhos) da
consciência humana rumo à sua autonomia, ou quando discutia a especificidade do
cinema, que não se posicionava enquanto arte porque não representava resistência à
técnica (9).
Resumindo, sendo o cinema híbrido, seria o terreno adequado para a acolhida desta
forma narrativa que fala de hibridações, misturas, outras experiências espaços-
temporais, outras subjetividades, inteligências e mesmo anatomias.
“A direção do corpo. Sou ateu. Não creio em vida após a morte. Acredito apenas no
corpo. O que acontece com o corpo é a realidade. Por isto há violência física nos meus
filmes. O dramaturgo George Bernard Shaw dizia que o conflito é a essência do drama.
Para quem vê o corpo como base para a percepção da realidade, a violência é uma
forma de conflito essencial. A mesma lógica vale para o sexo e para o amor.” (Globo.
24/09/2009).
Significa dizer que não são criaturas irreais nascidas nos nossos antigos mitos, embora
tenham com estes um parentesco bastante importante: na mitologia os monstros eram
figuras que misturavam elementos de diferentes naturezas, homens e animais
(Minotauro), homens e deuses (Centauros) etc. Neste sentido eram transgressões às
regras da natureza, assim como seriam, posteriormente, transgressões às regras das
classificações, caindo no fosso comum dos anormais. Transgressão, aliás, explicada
também nos mitos, como o desejo de criar o inexistente, de roubar dos deuses, da
origem divina, a possibilidade de criação. O roubo do fogo realizado por Prometeu e
cantado por Ésquilo mostra tanto o gesto do Titã de entregar o fogo transformador aos
homens quanto o seu castigo.
Aqui cabe uma observação sobre monstros, no entanto, ligada, principalmente, sobre a
sua função na nossa civilização ocidental: não é qualquer coisa que é um monstro, uma
mosca, mesmo repelente, não o é. O monstro é monstro sendo o corpo do outro e o
outro do corpo. Podemos, aliás, entender parte do nosso trajeto de produção do sentido
de nós mesmos se olharmos o trajeto dos monstros e, principalmente, a explicação das
causas do seu surgimento, que varia imensamente em diversos períodos culturais,
desvelando “verdades”, valores, crenças e preconceitos.
Dando uma voltinha na história, Ambroise Paré em Traité des monstres et des prodiges,
lista treze causas para os nascimentos de monstros ou “freaks”: A primeira é a glória de
Deus. A segunda, sua indignação. A terceira, uma quantidade muito grande de sêmen. A
quarta uma quantidade muito pequena. A quinta, a imaginação. A sexta, útero estreito
ou pequeno. A sétima, a impropriedade da mulher que, enquanto grávida, permanece
sentada por muito tempo com as pernas cruzadas ou pressionadas contra o estômago. A
oitava, por quedas ou golpes contra o estômago da mãe durante a gravidez. A nona, por
doença hereditária ou acidental. A décima, por deterioração ou decomposição do sêmen.
A décima primeira por mistura ou mescla de sangue. A décima segunda, pelo ardil de
mendigos errantes. A décima terceira, por demônios ou diabos. Esta aparente
enciclopédia borgiana aponta para uma mistura de elementos teológicos e etiológicos,
mostrando um momento de transição civilizacional.
Os monstros de Cronenberg apontam para esta nova situação, realizando dela uma
curiosa síntese. Se não, vejamos: vivemos hoje uma prodigiosa proliferação de monstros
que nos surgem de todos os lugares: do cinema, das histórias em quadrinhos, das
exposições de artes plásticas, dos brinquedos e video-games, etc. Talvez o mais
interessante seja o fato de que, além de sua multiplicação numérica, eles nos sejam
apresentados também nas revistas científicas, programas educativos, nos nossos mais
conceituados laboratórios, científicos, como o rato a que implantaram uma orelha no
torso, ou artísticos ou como a coelhinha verde da obra de Eduardo Kac.
Podemos destacar duas tendências, que quase nunca se apresentam tão “purificadas”,
mas que desenham as novas relações corpo-ficção-tecnologia, sucedendo-se nas
imagens que frequentamos (ou que nos visitam) no cinema e representam espécies de
apostas teóricas que separam em correntes distintas os pensadores da atualidade.
Os herdeiros imediatos deste imaginário representam uma primeira posição nesta
relação contemporânea corpo-novas tecnologias, tematizando as mutações até as suas
formas mais radicais, através de figuras que são a própria simbiose com a máquina,
criaturas híbridas com corpos variáveis, regenerativos, com trânsito livre entre os
gêneros sexuais e os objetos. Criaturas pós-biológicas ou pós-humanas que aparecem,
ao mesmo tempo, como nosso futuro e nossa extinção. Significa dizer que a própria
vida tornou-se técnica, o que leva estudiosos como Freeman Tyson a acreditar que, em
50 anos, teremos quer uma fusão plena interespécies, quer a gênese de espécies
completamente novas (12).
O “abandono” do corpo
As consequências são curiosas quando se adere com tal entusiasmo a esta perspectiva de
telepresença e ciberespaço, que tem uma gênese curiosa apontando para uma
duplicidade do mundo medieval cristão onde havia um espaço para os corpos, esta
realidade material, presente e histórica, e um espaço para as almas, fora do tempo e do
espaço geofísicos, regido pelo princípio da eternidade (14).
“Creio que a sexualidade orgânica, corpo a corpo, pele contra pele, não é mais
possível, simplesmente porque nada pode ter a menor significação para nós fora dos
valores e da paisagem tecnomidiática” (16).
Notas de conclusão:
,
O que parece ter mudado é a forma da pergunta: não se trata mais de inquirir qual é a
sua especificidade nesta tipologia produzida pelo evento-crime da literatura policial
moderna, mas sim, a que espécie você pertence neste novo real?
Talvez tenhamos saído de uma pergunta epistemológica moderna para um atual retorno
a um problema radicalmente ontológico: até que ponto permanecemos humanos?
Notas de rodapé:
1 Le Bréton, David. Adieu au corps. Paris: Métaillée, 1999. e Anthropologie du corps et modernité.
Paris: PUF, 3ème édition, 2003.
2 Expressão feliz cunhada por Francisco Ortega in O Corpo Incerto, 2007.
3 Na verdade temos duas datas para o nascimento dos raios X; 1898 quando Roetgen os descobre, quase
que por acaso, e 1913, quando passam a se utilizar da radioatividade, descoberta em 1898 por Becquerel.
4 LE BRETON, David. Anthropologie du corps et modernité. Paris: PUF, 2003. p.211.
5 Referência aos trabalhos de Michel Foucault.
6 CHARNEY, Leo e SCHWARTZ, Vanessa, R. O cinema e a invenção da vida moderna. São Paulo:
Cosac & Naify, 2001.
7 Algumas gerações, aliás, foram marcadas pelos namoros iniciados ou vividos “no escurinho do
cinema”.
8 Nesta perspectiva voyeurista dois filmes curiosos merecem citação uma vez que seu tema comum é
uma viagem espetacular pelo interior do corpo humano: Viagem fantástica (Fantastic Voyage) de Richard
Lester, 1966 e Viagem Insólita (Innerspace) de Joe Dante, 1987.
9 Esta avaliação da ficção-científica como menor vigorou, com exceções, até os anos 60, na periodização
consensual dos estudiosos do tema. Quanto à relação cinema e arte, inscreveu-se numa polêmica que
cobriu parte do século XX: a técnica será o caminho de libertação do homem ou de sua escravização?
10 A este respeito recomendamos a trilogia Temps et technique de Bernard Stiegler, sobretudo o terceiro
volume, Le temps du cinema et la question du mal-être. Paris: Galilée, 2001.
11 Sem dúvida a ficção-científica tem sido a narrativa cinematográfica que mais explora os chamados
“efeitos especiais”, investimentos técnicos e estéticos.
12 Comentado por Luiz Alberto Oliveira em “Biontes, bióides e Borges”, In: O homem-máquina: a
ciência manipula o corpo. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
13 Apud, LE BRÉTON, David. Adeus ao corpo. In: O homem-máquina: a ciência manipula o corpo.
São Paulo: Companhia das Letras.
14 A este respeito, WERTHEIM, Margaret. A história do espaço de Dante à Internet. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2001.
15 Apud Le Bréton, opus cit, p.127.
16 J.D.Ballard, apud Le Bréton, p.135.
Bibliografia:
SERRES, Michel. Éléments d’histoire des sciences. Paris: Bordas, 3ème édition, 1994.
CORPOS CONTEMPORÂNEOS
Vera Pollo
A psicanálise não pensa diferentemente e, desde Freud, afirmamos sem cessar que “o eu
é, primeiro e acima de tudo, um eu corporal, não simplesmente uma entidade de
superfície, mas, ele próprio, a projeção de uma superfície” (1923/1976, p.40). Isso
equivale a dizer que a imagem do corpo é prevalente em tudo que o homem elege e/ou
produz como objetos para o desejo. No entanto, em nossos dias, a ciência permite ao
sujeito refazer seu corpo, de modo que ele se sente “autorizado a escolher onde outrora
o corpo lhe impunha seu limite.” (Castanet, 2010, p.70)
Se, como propõe Lacan em 1970 (2003, p.406), “o corpo, a ser levado a sério, é, para
começar, aquilo que pode portar a marca adequada para situá-lo numa sequência de
significantes”, algo sucede aos sujeitos contemporâneos cujos corpos parecem não ter
sido marcados em tempo hábil durante os anos da infância, lhes dificultando, quando
não impossibilitando, a narração, com o corpo e por meio dele, de uma história de vida
e de família. Algo que os leva a inscrever sobre a pele uma marca substituta.
A busca voluntária pela manipulação não significa que o sujeito esteja ciente das razões
que o movem, as quais podem ser totalmente inconscientes. No caso dos fenômenos
bulímicos e anoréxicos, as transformações corporais podem se tornar irreversíveis,
quando não letais. O curioso é que, independente das consequências, mais ou menos
graves, “a clínica mostra que a intervenção voluntária sobre o real do corpo se impõe,
com frequência, como uma “necessidade”. Compete-nos então sustentarmos, em cada
caso, a interrogação sobre as razões estruturais daquilo que se apresenta como
“necessário” no nível subjetivo (Mieli, idem).
Embora a história nos ensine que práticas de tatuagem, até mesmo de escarificações,
existam desde sempre em culturas milenares, não se pode negar que estão surgindo
técnicas inéditas de modificação do corpo, como resultado de outra cumplicidade
contemporânea. Referimo-nos, nesse caso, à cumplicidade das pesquisas médicas –
genéticas e farmacológicas – não apenas com o discurso do capitalismo, através dos
laboratórios multinacionais, mas também com o discurso que, sob o emblema do saber
biopsicossocial, implica a produção de “corpos ideais”. A imisção discursiva, ingerência
mútua e recíproca de diferentes campos de saber, faz crer aos mais ingênuos que se trata
de um corpo acessível a todo cidadão, despertando-lhe midiaticamente o desejo de
posse deste corpo.
Das mais diversas cirurgias ditas ‘estéticas’ e/ou ‘reparadoras’, passando também pelas
cirurgias de mudança de sexo, pelas tatuagens que chegam a ocupar enormes extensões
da superfície corporal, pela aplicação de piercings nos mais diferentes lugares do corpo,
os seres falantes estão buscando uma forma corporal diferente daquela que herdou dos
genitores ou, pelo menos, daquela que eles veem no espelho e que nem sempre
corresponde ao que os outros veem.
O corpo já não é visto como o mero objeto passivo dos processos de aculturamento e
civilização e das relações de poder, mas como parte integrante, inclusive agente, do
projeto de modernidade. Impõe-se a necessidade de desfazer os pares tradicionais –
natureza/cultura, mudança/imutabilidade, real/virtual -, em busca de um entendimento
conjunto dessas categorias. Villaça (2009, p.35) ressalta então a diferença entre o
projeto moderno, em que o corpo era uma exterioridade a ser controlada, e o
contemporâneo no qual o corpo surge como carne e imagem, matéria e espírito
simultaneamente.
Como um homem de seu tempo, o psicanalista – cujo discurso, vale lembrar, nasce
junto com o da ciência moderna –, também deverá encontrar respostas às questões
relativas ao desejo de mudanças no corpo, sua forma ou seu tamanho, questões que se
fazem cada vez mais presentes em sua clínica e, como mencionamos acima, têm
eventualmente conduzido os pesquisadores a respostas exatamente contrárias: ou o
corpo realiza o voto de Descartes ou insiste contra ele.
Por fim, queremos apenas salientar que a psicanálise trabalha com a distinção entre o
corpo, a carne e o organismo, por ter verificado, desde seus primórdios, que “...
distúrbios graves na distribuição da libido, tal como a melancolia, são temporariamente
interrompidos por uma moléstia orgânica intercorrente e, na verdade, mesmo uma
condição plenamente desenvolvida de demência precoce é capaz de remissão temporária
nessas mesmas circunstâncias.” (Freud, 1920/1976, p.50)
Se a clínica psicanalítica nos ensina que falar em “corpo simbólico” não é fazer
metáfora, uma vez que, no nível subjetivo, ter um corpo equivale a poder falar dele, até
os dias de hoje, nada, nenhuma teoria esclarece por completo “o mistério do corpo
falante” (Lacan, 1973).
Notas:
1 A primeira edição em língua portuguesa data de 2008.
2 Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria/Corpo Freudiano do Rio de Janeiro, 2002.
3 Organizado por Adauto Novaes e publicado pela Editora Companhia das Letras, 2003.
4 Organizado por Velloso, Rouchou & Oliveira, pesquisadoras da Fundação Casa de Rui Barbosa. Rio de
Janeiro, realizado em 2008.
5 Publicação da APPOA (Associação Psicanalítica de Porto Alegre).
"Todo usuário de Saúde Mental tem direito à liberdade, dignidade, ser tratado e ouvido como pessoa
humana com direitos civis, políticos e sociais como qualquer cidadão."
Na entrevista, a pessoa deve falar por que está procurando o Ambulatório de Psiquiatria.
O objetivo desta conversa é saber se o problema que a pessoa apresentou precisa de um
acompanhamento psiquiátrico ou se é melhor encaminhar para outro setor ou programa
e qual a melhor forma de tratamento. Um familiar ou amigo pode participar.
Para ser atendido na Sala de Acolhida é preciso marcar previamente. Essa marcação é
feitas às quintas-feiras, conforme ordem de chegada, podendo vir o próprio interessado
ou um familiar. É preciso chegar antes das 08h00, pois as marcações são feitas para toda
a semana e são limitadas.
Pessoas com problemas com álcool e/ou seus familiares podem procurar o PROEXA
para atendimento conforme dias e horários oferecidos. Todos os dados são mantidos em
sigilo e o tratamento é ambulatorial e gratuito, contando com uma equipe de médicos,
enfermeiros, psicólogos e conselheiros que atuam de forma integrada.
São atendidos homens e mulheres, maiores de 18 anos, que tenham problemas somente
com bebidas alcoólicas.
Você pode levar um parente, um amigo ou ir você mesmo para fazer uma avaliação
no Programa de Alcoologia.
Setor de Serviço Social
Coordenação: Assistente Social Tânia de Oliveira
Formentar a articulação com os movimentos sociais e toda a forma de
organização popular, entendendo que é através da participação popular que se
constrói alternativas para uma sociedade mais justa;
O Serviço Social não estabelece número de marcação por turno. O atendimento ocorre a
partir da dinâmica de funcionamento do ambulatório e da lógica do modelo de
assistência dos projetos de intervenção em desenvolvimento. Em linhas gerais, o serviço
se organiza do seguinte modo:
1.
A marcação de novos usuários não segue uma periodicidade organizacional, ela associa-
se à demanda apresentada, à necessidade observada pelo técnico e explicitada pela
população usuária. Não há estabelecimento de triagem para o Serviço Social do
ambulatório da UDA de psiquiatria. São atendidos tanto usuários do HUPE como do
SUS, os quais não possuem prontuário no hospital.
Modalidades de atendimento:
Ensino e Pesquisa
Supervisão, aulas para graduação e pós-graduação (residência médica e especialização),
curso de extensão em Psiquiatria da Infância e Adolescência, projeto de pesquisa
vinculado a SR-3/UERJ, estágios e treinamento profissional.
Produção Científica
Participação em congressos, jornadas e fóruns de psiquiatria, psicanálise, psicologia,
neuropsiquiatria, pediatria e psicopedagogia. Publicações de artigos em meios de
publicações especializadas.
ATIVIDADES DE ENSINO
Equipe docente: Prof. Elie Cheniaux Jr., Prof. Jerson Laks, Prof. Luiz Augusto Brites
Villano, Prof. Marcos Baptista, Prof. Max Luix de Carvalho, Prof. Miguel Chalub, Prof.
Osvaldo Luiz Saide, Prof. Paulo Roberto Chaves Pavão, Prof. Roberto A. M. Piedade.
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