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1.INTRODUÇÃO
Esses espaços eram pontos de encontros dos cidadãos gregos onde discutiam idéias
praticando assim o desenvolvimento da democracia (dêmos –povo/kratía-força-
poder) e da liberdade de expressão, realizavam festas e outras atividades práticas
essenciais para o fortalecimento das aspirações da população. Era nas praças
medievais que as pessoas estavam livres de qualquer pressão seja ela do clero ou dos
reis. ” Dessa forma, a cultura popular não-oficial dispunha na idade Média e ainda
durante o Renascimento de um território próprio: a praça pública, e de uma data
própria: os dias de festa e de feira (BAKHTIN 1987, p.132).
Logo se percebe que a praça tinha essa capacidade de reunir as pessoas e de promover
o debate, fortalecendo as relações interpessoais além de se apresentar como espaços de uso para
a construção da sociabilidade e difusão da cultura fomentando os ideais de liberdade e justiça
dentro da comunidade.
Figura 01 –Praça Meire de Pinho -Imperatriz MA Figura 02- Praça da Bíblia - Imperatriz -MA
Figura 03- Jardim Botânico - Rio de Janeiro Figura 04-Arcos da Lapa -Rio de Janeiro
No início do século XVIII com a vinda de da família real para o Brasil o processo de
paisagismo e de construção de praças começou se intensificar, com a construção do jardim
botânico, alargamento de ruas um aumento na infraestrutura da cidade do Rio de Janeiro. Pois
com a mudança da capital brasileira de Salvador na Bahia para o Rio de Janeiro em 1763, esses
investimentos foram direcionados de maneira mais objetiva principalmente na capital carioca e
em alguns estados como Minas Gerais e São Paulo.
Já no período republicano brasileiro a função e uso das praças que antes eram
direcionadas principalmente para atividades de cunho religioso, militar e comercial, passa a ser
utilizado para atividades de recreação, lazer, divulgação da cultural e implementação de
cenários paisagísticos com a construção e implementos de equipamentos de ginástica um
incentivo a práticas de esportes.
A partir da década de 1930 já no século XX, no Brasil, o conceito de praça é
popularmente associado às áreas verdes e jardinagem urbana. Por isso, no país espaços públicos
como as praças são importantes para a manutenção e criação de microclimas nesses espaços
públicos. A grande maioria das praças brasileiras que normalmente se formaram a partir dos
pátios das igrejas e mercados públicos que são comumente chamados de adros ou lagos e que
geralmente são formados com grandes quantidades de áreas verdes e árvores de espécies
frutíferas ou simplesmente plantadas para encontros, lazer e sombreamento.
[...] o surgimento da praça ajardinada é um marco na história dos espaços livres
urbanos brasileiros, pois altera a função da praça na cidade. O mercado foi
transferido para edificações destinadas a atividades comerciais; as demonstrações
militares de poder perdem força no Brasil republicano, não acontecem mais nos
largos e campos, deslocando-se para grandes avenidas. Assim a praça-jardim deixa
de ser—como eram, no período colonial, o largo, o terreiro e o adro da igreja—o
palco da vida mundana e religiosa, civil e militar da cidade. A praça agora é um belo
cenário ajardinado destinado ás atividades de recreação e voltado para o lazer
contemplativo, a convivência da população e o passeio. ROBBA e MACEDO (2003,
p.28-29).
Nesse contexto histórico atual, a praça ganha outro significado, passando a ser
usada pela população em geral para suas manifestações não só de protestos, reivindicações de
direitos como também para manifestações culturais a céu abertos, ou seja, trata-se de um espaço
totalmente livre de pressões ou de influências estatais, um lugar de construção de ideias e ideais,
uma conquista para o fortalecimento e crescimento da democracia no país.
As praças, sempre constituíram uma forte influência para a história das cidades
sendo um marco importante para o seu surgimento e desenvolvimento. Muitas cidades no Brasil
e no mundo surgiram a partir das praças. Em seu entorno iam surgindo povoados e vilas, com
o passar dos anos esses espaços foram sendo transformados, até se tornarem cidades de
pequeno, médio e grande porte.
A praça passa a representar e ser um local inerente ao processo de urbanização das
cidades, sendo um refúgio da luta enfadonha de todos os dias, um lugar para descontrair,
praticar esportes, encontrar os amigos, enfim socializar ideias, conhecer pessoa. Por isso
necessita desses espaços denominados praças como palco para ter essas relações humanas de
fundamental importância para o seu crescimento e desenvolvimento psicológico.
A praça tem essa função de tornar o espaço urbano e sua construção e evolução
mais humano, tornando a paisagem urbana mais dinâmica e flexível, fazendo desse lugar ou
procurando fazer, reproduzir a extensão de um lugar natural que outrora fora uma floresta ou
vegetação nativa da região, através de seus trabalhos de arborização e paisagismo. Com a
evolução das cidades, as praças passaram a receber um melhor tratamento por parte dos seus
gestores públicos, realizando serviços essenciais para a sua conservação e utilização da melhor
maneira possível pela sociedade.
No entanto, as praças e o espaço urbano das cidades têm que andar juntos para
serem pensadas e planejadas de forma coerente no plano diretor de cada cidade. Pois
direcionando o lugar mais apropriado para sua construção e execução cumpriram seu papel de
espaços agradáveis dentro desse planejamento urbano, tornando mais acolhedor.
As praças nas cidades são consideradas como importantes elementos indicadores
de qualidade do ar, mudança de temperatura através das árvores plantadas em seu interior e seu
entorno, ou seja, uma praça bem cuidada e conservada dentro dos centros urbanos oferece um
melhor conforto e qualidade de vida para toda população, procurando quebrar essa monotonia
entre o verde de suas árvores e as paredes de concreto dos prédios em seu entorno fazendo
sempre esse contraste entre homem e natureza.
Portanto, as praças têm um papel de fundamental importância na vida social da
população, pois ela sendo bem cuidada e conservada de forma adequada não só vai colaborar
para uma paisagem mais harmônica com os prédios e casas em seu entorno de forma estética,
mais vai atrair a população de forma efetiva, pois as pessoas vão se sentir bem estando lá, como
também com a implementação de árvores adequadas para o processo de arborização e
jardinagem tornando o clima mais agradável e implantação de equipamentos de ginásticas e
locais para prática de esportes incentivando as pessoas a procurar ter uma vida mais ativa e
saudável.
2.1- Espaço público acessível democrático e planejado: uma abordagem a partir das
praças públicas no Brasil
A praça tem que ser pensada, vista e sentida pela população como uma extensão de
sua casa. Para que estas se sintam verdadeiramente à vontade como se tivessem em seus lares.
Necessitou-se transformar em um ambiente propicio de comodidade e bem-estar um lugar
acolhedor que estimule e motive os adultos, jovens e crianças a prática de esportes, a ter o hábito
de conversar, ou seja, fazer com que esse público possa ter uma melhor interação e interferindo
na qualidade de vida desses sujeitos.
Uma alternativa de atrair um contingente cada vez maior de simpatizantes a esses
logradouros públicos como as praças é a implementação de áreas verdes, ou seja, plantação de
arvores nesses locais em quantidades e volumes suficientes para atender de forma satisfatória
toda a população.
As árvores podem contribuir para a purificação de ar tanto pela eliminação da
propagação de poeira como pela assimilação de certas emissões tóxicas. Sendo que
plantações bem dimensionadas de uma vegetação protetora contribuem mais para a
despoluição do que árvores isoladas. Tais plantações podem reduzir a velocidade do
vento em decorrência do que sedimentam partículas de poeiras de maiores dimensões
(>0,04 mm de diâmetro). Partículas mais finas são retidas em suas maiorias pela folha
das árvores, além disso, as plantas podem reter uma parte de gases tóxicos como
CO,SO² (GUNTER ,1980, p.91).
No entanto, muitos gestores públicos ainda não têm essa visão de uma urbanização
voltada à sociedade, procurando manter uma relação e interação com os cidadãos da cidade,
pois muitos não consideram o processo de arborização e paisagismo de ruas e praças como
elementos fundamentais para a formação e estruturação da paisagem urbana. A maioria dos
nossos representantes considera todo esse processo apenas como um acessório, pois entendem
que as áreas verdes são destinadas apenas a recreação em conjunto com as praças.
Muitas vezes a insensibilidade e a falta de conhecimento faz por parte da grande
maioria das pessoas incluindo aí os nossos representantes legais, não dão a devida importância
para os processos de arborização e ornamentação de locais públicos como as praças. Esses
procedimentos não apenas colaboram com o embelezamento da paisagem urbana, mas também
ajudam com o melhoramento do microclima local, ajuda a reduzir a temperatura, tornando-a
mais amena e agradável. As árvores também têm capacidade de remover e absorver partículas
de gases poluentes e nocivos ao homem e o meio ambiente, proporcionando as pessoas uma
melhor qualidade de vida. Conforme Silva (1980)
Costuma-se excluir a arborização ao longo das vias públicas como integrante de sua
área verde, por se considerar acessório e ter objetivo distinto já que as áreas verdes
são destinadas principalmente à recreação e ao lazer e aquela tem finalidade estética,
de ornamentação e sombreamento (SILVA, 1997, p.80).
O município de Imperatriz é banhado pelo rio Tocantins que durante décadas foi o
propulsor do crescimento comercial, demográfico e urbano da cidade, que também possui
vários sistemas modais como: o aeroporto Cortês Moreira, a ferrovia Norte Sul e atravessado
pela rodovia Belém-Brasília, situando-se na região Sudoeste Maranhense na divisa com o
Estado do Tocantins.
A cidade de Imperatriz –MA devido a sua posição geograficamente estratégica
passou a ter influência socioeconômica em toda a região tocantina impulsionando o seu intenso
crescimento urbano, demográfico e econômico ao receber uma série de grandes projetos
ligados á área hidrelétrica, podemos citar como exemplo o Consórcio Estreito Energia –
CESTE, responsável pela operação da Usina Hidrelétrica Estreito (UHE) Estreito instalada na
cidade de Estreito-Ma no ano de 2012, formado pelas empresas Engie, Vale, Alcoa e
InterCement, multinacionais ligadas a serviços de extração mineral , implantação e produção
de usinas geradoras de energia elétrica, a instalação da empresa Suzano Papel e Celulose no
município de Imperatriz-MA no ano de 2014 sendo ,uma das maiores produtoras mundiais de
celulose de eucalipto e uma das líderes globais no mercado de papel, cuja produção é destinada
ao mercado europeu e norte-americano . Portanto a cidade de Imperatriz-MA, atualmente tem
se tornado um atrativo para a instalação de uma série de grandes projetos e empresas do ramo
atacadista, varejista, educacional, mineralógicos, hidrelétricos, fazendo do município um polo
regional de prestação de serviços. Consórcio Estreito Energia – CESTE, formado pelas e,
A Lei Federal nº 10.257/2001 que dispõe sobre o estatuto das cidades foi criada
para regulamentar os artigos 182 e 183 da Constituição Federal de 1988 para cuidar
especificamente do desenvolvimento e política urbana e da função social da propriedade. O
estatuto é uma forma de democratizar a administração e gestão pública das cidades de todo o
Brasil.
Art.2º A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das
funções sociais da cidade e da propriedade urbana mediante as seguintes diretrizes
gerais: XII- proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e
construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico
(BRASIL. Lei 10257/2001.).
Fonte: Lei Federal nº 10.257/2011; Lei ordinária nº 1068/2003; Lei Federal nº 9605/1998; Lei ordinária
nº1642/2016; Portaria nº182/2016
Organização: Sa, Francisco Darcio Barbosa da Silva -2018.
No contexto atual, com base nos marcos legais expostos é importante destacar a
reestruturação das praças como logradouro de uso público que se constitui em um processo
importante de transformação urbana, paisagística, ornamental e consequentemente, contribui
de forma integrada para o planejamento e construção desses espaços públicos, procurando com
essas ações, proporcionar uma melhor qualidade de vida para a sociedade.
Essa modificação do espaço urbano visa uma junção harmoniosa e estratégica que
envolve entre outras características a pavimentação do local escolhido a implantação de mudas
de árvores especifica da região e próprias para o processo de arborização e paisagismo dos
logradouros públicos em especial as praças, contemplando esses espaços com infraestrutura
adequada com a implantação de bancos ,iluminação, procurando proporcionar conforto para os
usuários da praça ou outro logradouro de uso público .
A cidade e seus espaços têm de estar totalmente integrados com toda a sociedade.
É nesse contexto que acontece as suas relações interpessoais processo fundamental para o
crescimento, amadurecimento e construção de um espaço urbano mais democrático, harmônico
e humanizado procurando transformar e modernizar esse ambiente de forma integralizada,
coesa e agradável para o convívio das pessoas.
Os moradores acreditam que a revitalização do espaço da praça melhorará o entorno
como um todo e melhorará também o convívio entre os mesmos que acabam não se
encontrando, ―os espaços na praça moderna foram idealizados para a permanência e
não para o simples caminhar dos transeuntes‖ (ROBBA e MACEDO, 2003, p. 38)
Após este processo de escolha e seleção das espécies vegetais que foram utilizadas
para o embelezamento, arborização e ornamentação da Praça da Sagrada Família a proposta
aqui apresentada, nesse estudo. A finalidade central se volta a implementação de melhorias de
infraestrutura, com o objetivo de tornar esse logradouro público um espaço de uso mais
interessante e útil para a visitação das pessoas e um incentivo para a prática de atividades físicas,
com o intuito de oferecer uma melhor qualidade de vida para os moradores do bairro da Vilinha
e Parque Alvorada I e II. Então essas melhorias estruturais que serão implantadas estão contidas
e visualizadas nas imagens 1 e 2 abaixo.
Figura 08 - Planta da Praça Sagrada Familia Figura 09 - Planta da Praça Sagrada Família
Estrutura física da praça será composta de: 1. um palco para shows , apresentações
e atividades culturais; 2. uma praça de alimentação, com quiosques e banheiro público; 3.
Quadra poliesportiva; 4. Implantação de lixeiras; 5. Pista para prática de esportes radicais; 6.
Rampa para deficiente; 7. Play Graud; 8. Poste de iluminação pública e, 9. Instalação de dois
telefones públicos. Conforme Santos (1997)
“A paisagem nada tem de fixo, de imóvel. Cada vez que a sociedade passa por um
processo de mudança, a economia, as relações sociais e políticas também mudam, em
ritmos e intensidades variados. A mesma coisa acontece em relação ao espaço e à
paisagem que se transforma para se adaptar às novas necessidades da sociedade. ”
(SANTOS, 1997, p. 37)
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BRASIL, Lei Federal 6766/79: Lei do parcelamento do solo urbano, Brasília – DF, 1979.
BRASIL. Estatuto das Cidades: Lei 10.257/2001 que estabelece diretrizes gerais da política
urbana. Brasília, Câmara dos Deputados, 2001.
BRASIL. Lei Federal 9605/98:Lei de Crimes Ambientais. São Paulo: Saraiva, 2005.
GUNTER, P. Upsizing: como gerar mais renda, criar mais postos de trabalho e eliminar a
poluição. Porto Alegre, RS: Fundação Zeri Brasil/L&PM, 1980.
ROBBA, F. e MACEDO, S. S. Praças brasileiras. 2.ed. São Paulo: Editora da USP: Imprensa
Oficial do Estado de São Paulo, 2003.