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SPGD 2017

3º SIMPÓSIO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESIGN DA ESDI


Rio de Janeiro, 22 e 23 de novembro de 2017

Contribuições para o projeto gráfico e os


conteúdos do livro didático de Desenho
Contributions for the graphic design and contents of the
Drawing textbook

BATISTA, Cristina Jardim; MEDEIROS, Ligia Maria Sampaio de.

RESUMO: A proposta do artigo é a de discutir o papel do livro didático para o ensino


formal de Desenho na educação básica, revisando seu uso como instrumento central da
relação entre educador, estudante e conteúdos disciplinares. A fim de articular as questões
pedagógicas referentes aos aspectos positivos e negativos do livro didático e de seus usos,
discutem-se no artigo a realidade dos livros de Desenho em uso atualmente e as
possibilidades de emprego de outros materiais didáticos em lugar ou em par com este.
Apresentam-se possibilidades para a atualização desse instrumento e os referenciais que
podem ser usados para programar tais atualizações de maneira que forneçam aos
educadores novas e diferentes abordagens para a aplicação dos conteúdos curriculares.
Discutem-se as contribuições sócio-educacionais que podem resultar de tais mudanças,
entre as quais figuram o exercício das competências gráficas e o estudo de assuntos
referentes à cultura material desde a idade escolar.
Palavras-chave: Ensino de Desenho. Livro didático. Educação básica. Educação e
pedagogia do design. Design da informação.

ABSTRACT: The purpose of this article is to discuss the role of the textbook for the formal
teaching of Drawing in basic education, revising its use as a central instrument of
relationship between educator, student and disciplinary content. In order to articulate the
pedagogical questions regarding positive and negative aspects of the textbook and its uses,
the article discusses the reality of the Drawing books in use today and the possibilities of
using other didactic materials in place or in pairs with this one. Possibilities are presented for
the updating of this instrument and also the references that can be used to implement such
updates in a way that provides educators with new and different approaches to the
application of curricular contents. It discusses the socio-educational contributions that can
result from such changes, which include exercise of graphic skills and study of subjects
related to material culture since school age.
Keywords: Teaching of Drawing. Textbook. Basic education. Design education and
pedagogy. Information design.
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1 — Conteúdos, planejamento e avaliação pelo livro didático


O livro didático tem sido ao longo dos anos e até hoje a principal ferramenta de
planejamento de aulas para professores e de interação com as matérias escolares para os
estudantes. A seu favor pesam características como a facilidade de transporte e interação
concomitante entre diferentes conteúdos, páginas e capítulos; organização sistematizada
de conteúdos e maior resistência física em relação a mídias como o leitor digital. Em
contrapartida, pesquisas em educação alertam para o risco de se estabelecer na prática
docente a reprodução de um discurso científico autoritário pelo uso de uma referência
única, que o livro didático pode conformar, especialmente para os educadores com menos
experiência docente.

Güllich e Silva apontam entre as problemáticas do uso do livro didático como cartilha que
“No trabalho cotidiano, os professores descobrem nos livros não somente
os conteúdos a serem ensinados, mas também uma proposta pedagógica que passa
a influenciar de modo decisivo as suas ações” (2013, p. 156), o que implica em um
engessamento dos conteúdos e avaliações, com a repetição de um único discurso
apresentado de modo autoritário como verdade científica. Segundo os autores, “uma das
consequências dessa concepção de ciência é a preservação do modelo de ensino centrado
na transmissão-recepção de conteúdos tidos como verdadeiros” (GÜLLICH; SILVA, 2013, p.
156).

Para os estudantes, a grande problemática com o livro didático é que, com a maior parte
dos conhecimentos o ele não interage diretamente e nem faz uso prático que o permita
assimilar a informação por um maior número de canais, mas precisa armazená-los como
memória de longo prazo para talvez conseguir aplicá-los anos depois. Em uma fase do
desenvolvimento na qual recompensas imediatas são tão mais apelativas, e em uma época
onde o fluxo de informações é mais volumoso e dinâmico, os jovens apresentam
dificuldades em manter-se concentrados numa plataforma tão estanque quanto um livro-
texto extenso e com baixa interatividade.

Na educação pública, a seleção dos livros didáticos recomendados para consumo se dá,
segundo Miranda e Trugillo, por meio “da inscrição das editoras e autores dos livros,
por meio dos editais1. A partir da inscrição é feita uma triagem pela Secretaria de
Educação Básica (SEB)” (2014, p. 145). O processo é criticado pelas autoras em razão da
baixa transparência, ficando editoras e autores informados apenas da aprovação ou
reprovação de suas submissões e não dos critérios e justificativas pelos quais foram
eliminados. Nas escolas particulares, em geral os educadores selecionam seus materiais
também com base nas sugestões do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD)2, embora
possam dispor de maior autonomia nessas instituições em razão de a compra ser direta e
não demandar liberação de esferas governamentais de educação.

Como, então, estabelecer um equilíbrio entre a autonomia do professor para definir


métodos, abordagens e materiais de referência por um lado e, por outro, garantir a
sistematização de conteúdos para que haja unidade entre o que diferentes educadores
ensinam? Para considerável número de pesquisadores em educação, a resposta está na
consideração de como o ser humano aprende melhor, absorvendo mais informações e
articulando-as em novos e diferentes contextos. Para Antunes,

1 Decreto nº 7.084/2010.
2Programa do Governo Federal para regulamentar a distribuição de livros didáticos para as escolas públicas
de acordo com os conteúdos curriculares estabelecidos para cada disciplina.

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“somente aprendemos de forma duradoura quando somos transformados em centro


de produção da aprendizagem e que esta se constrói com interação entre as
informações que chegam e as guardadas em nossos saberes, passando de uma visão
sincrética para uma visão analítica e depois sintética deixa de ser ponto de vista desse
ou daquele educador, visão dessa ou daquela teoria, para se transformar em
postulado científico que deve ser trabalhado pelo professor”. (ANTUNES, 1999, p. 17).

Uma possibilidade para a busca desse equilíbrio entre autonomia de planejamento pelo
professor e a oferta de uma base teórica-prática para orientar e unificar os estudos
coletivos seria a de oferecer experiências sinestésicas como parte do livro didático,
acrescentando materiais audiovisuais, recursos gráficos interativos com materiais
diversos, propostas de trabalho que levem o estudante a criar vínculos afetivos3 com a
informação aprendida a fim de que se aproprie dela de fato.

2 — O livro didático de Desenho


Desenho não é mais disciplina obrigatória e portanto não está presente diretamente nos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)4 e nem na Base Nacional Curricular Comum
(BNCC)5. O que significa que, diferente de outras disciplinas de educação básica, não
possui um programa nacionalmente unificado. Da mesma forma, o Programa Nacional do
Livro Didático e outros órgãos semelhantes não apresentam recomendações de livros
didáticos que atendam a uma ciência que não mais existe como matéria escolar específica,
embora muitos de seus conteúdos ainda se encontrem dispersos entre Artes Visuais e
Matemática. Também são poucas as análises sociais, políticas e ideológicas realizadas
sobre esses materiais.
Considerando a ausência de critérios técnicos para a seleção de livros didáticos de
Desenho Geométrico, Zouin (2004) organizou uma ficha de avaliação para estes materiais
com base nos PCN e no Guia de livros didáticos de Matemática (2002) do PNLD. Essa ficha
serviu como base para orientar a avaliação que este trabalho pretende oferecer, trazendo
também os conteúdos de Desenho que atualmente não são contemplados pelos currículos
da maior parte das escolas brasileiras onde a disciplina ainda está presente.
A ficha de Zouin (2004) é iniciada por informações como título, volume, autor, editora e
ano de publicação/edição. E é apresentada a seguir com adaptações referentes a uma
proposta curricular mais abrangente para o Desenho, considerando mais um ciclo da
educação básica, o Ensino Médio, e conteúdos curriculares para além dos geométricos,
como proposto por Batista (2017):
“o enfoque exclusivo no estudo de conteúdos, e especialmente naqueles tão abstratos
como no caso do desenho geométrico, não contempla todas as necessidades e
possibilidades desejáveis para o desenvolvimento dos jovens, limitando tanto a sua
formação individual quanto suas contribuições sociais. Se é responsabilidade da
escola iniciar os estudantes naquilo que a humanidade conhece e faz, o Desenho,

3 Com base no domínio afetivo da taxonomia de objetivos educacionais de Bloom (1972), no qual o
aprendizado se dá pela valoração e pelo julgamento crítico da informação com base em um referencial de
experiências prévias do próprio indivíduo.
4Documento com proposta de currículo mínimo para a educação básica, criado com base nos princípios da Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de unidade e interdisciplinaridade de conteúdos. Em processo de
substituição pela BNCC.
5 Documento que trata dos objetivos e currículos da educação básica brasileira. Sua proposta consiste na
construção de um currículo mínimo obrigatório para todos os diferentes níveis educacionais, do
Infantil ao Médio, em diálogo com a sociedade por meio de consulta pública (BATISTA, 2017, p. 79).

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como campo de conhecimento que estuda a expressão gráfica e a cultura material


produzida por meio dela, não pode estar ausente de seu corpo disciplinar.” (BATISTA,
2017, p. 87)
As adições feitas à proposta de Zouin aparecem marcadas em itálico na tabela 1:
Tabela 1: Ficha de avaliação de livros didáticos de Desenho para o Ensino Fundamental e o Médio (continua)

I – LIVRO DO ESTUDANTE
1. ESTRUTURA EDITORIAL SIM NÃO PARCIALMENTE
1.1 Parte textual
1.1.1. Texto principal impresso em alto contraste
1.1.2. Estrutura hierarquizada (títulos, subtítulos) evidenciada por meio de
recursos gráficos
1.1.3. Impressão isenta de erros
1.2 Legibilidade
1.2.1. Adequação do tamanho e desenho das letras
1.2.2. Adequação do espaço entre letras, palavras e linhas
1.2.3. A impressão permite nitidez da leitura no verso
1.3 Qualidade visual
1.3.1. Textos e ilustrações distribuídos nas páginas de forma adequada e
equilibrada
1.3.2. Textos mais longos apresentados de forma a não desencorajar a
leitura (como recursos de descanso visual)
1.4 Ilustrações
1.4.1. Isentas de estereótipos
1.4.2. Isentas de preconceitos (origem, cor, etnia, gênero, linguagem,
religião, condição econômico-social ou outras)
1.4.3. Adequadas à finalidade para as quais foram elaboradas
1.4.4. Que auxiliam a compreensão
1.4.5. Que enriquecem a leitura dos textos
1.4.6. Que recorrem a diferentes linguagens visuais
1.4.7. Que não identificam marcas registradas ou logotipos reais
1.4.8. Que se justificam como elemento didático-pedagógico
1.4.9. Devidamente creditadas a seus autores
1.5 Estrutura física
1.5.1. O tamanho do livro favorece o manuseio pelo estudante
1.5.2. O tipo de encadernação favorece longa durabilidade do livro
1.5.3. Apresenta cheiro desagradável
1.5.4. A capa é resistente
1.5.5. O papel utilizado é de boa qualidade
1.5.6. O livro apresenta estética agradável
1.6 Identificação
1.6.1. Apresenta ficha catalográfica
1.6.2. Apresenta titulação dos autores
1.6.3. Apresenta atuação profissional dos autores
2. ASPECTOS TEÓRICO-CONCEITUAIS
2.1 Gerais
2.1.1. Há correção nos conceitos
2.1.2. Sem confusão nos conceitos
2.1.3. Sem contradição nos conceitos
2.1.4. São corretos os passos das construções nos traçados gráficos
2.1.5. A linguagem é simples e clara (adequada ao nível de ensino
proposto)
2.1.6. Estabelece relações interdisciplinares
2.1.7. Estabelece relações claras entre conceitos e aplicações
2.1.8. Explora distinções entre os significados usual e técnico de um mesmo
termo

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Tabela 1: Ficha de avaliação de livros didáticos de Desenho para o Ensino Fundamental e o Médio
(continuação)
2.1.9. Aborda conteúdos relacionados à graficacia6 além do desenho
geométrico (desenho conceitual, pictórico, projetivo)
2.1.10. Aborda conteúdos de modelagem (desenhística, estudo de materiais,
construção tridimensionais)
2.2 Formação de conceitos e desenvolvimento de habilidades e
atitudes
2.2.1. Contribui para a compreensão e atribuição de significados às noções,
procedimentos e conceitos relacionados ao campo do Desenho
2.2.2. Está adequado ao desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor do
educando
2.2.3. Valoriza o papel do educando na construção de significados
2.2.4. Estimula o uso de diferentes modos de representação, tais como
linguagem oral e escrita, desenhos, esquemas
2.2.5. Estimula a construção progressiva de uma linguagem gráfica
significativa
2.2.6. Estimula a construção da ideia de inferência em Desenho
2.2.7. Estimula a manipulação de material concreto para a (re)descoberta
de conceitos
2.2.8. Estimula e orienta para atividades que conduzam/possibilitem ao
estudante fazer conjecturas
2.2.9. Apresenta problemas que não tenham solução ou tenham mais de
uma solução
2.2.10. Apresenta e/ou estimula que o estudante desenvolva estratégias
distintas para a resolução de problemas
2.2.11. Apresenta e/ou estimula resoluções aritméticas ou algébricas
juntamente com as resoluções geométricas
2.2.12. Favorece o desenvolvimento da capacidade do estudante para
 Chegar à(s) resposta(s) mentalmente
 Estabelecer relações
 Formular e resolver problemas
 Observar regularidades e generalizar
 Compor mentalmente imagens e formas bi e tridimensionais
2.2.13. Estimula o desenvolvimento da capacidade de analisar, argumentar,
tomar decisões e criticar
3. ASPECTOS METODOLÓGICOS
3.1. O texto apresenta explicação dos símbolos e termos específicos
3.2. O tamanho das figuras facilita o entendimento pelo estudante
3.3. Usa cores para favorecer a compreensão
3.4. Orienta o uso das ferramentas de construção (régua, compasso etc.)
3.5. Permite estabelecer relações entre teoria e realidade
3.6. Há graduação de dificuldades
3.7. Há sequência na apresentação dos temas
3.8. São estabelecidas relações interdisciplinares
3.9. Existem justificativas para as construções geométricas
3.10. São citados teoremas
3.11. As construções geométricas são expostas apoiando-se na teoria da
geometria
3.12. Permite integração com outras disciplinas
3.13. Apresenta abordagens históricas
3.14. Complementa e aprofunda os conhecimentos de grandezas e medidas

6 “Graficacia é a habilidade de entender e apresentar informações na forma de rascunhos, fotografias,


diagramas, mapas, plantas, gráficos e outros formatos não textuais bidimensionais.” (ALDRICH; SHEPPARD,
2000, p. 1)

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Tabela 1: Ficha de avaliação de livros didáticos de Desenho para o Ensino Fundamental e o Médio
(continuação)
3.15. Sugere o uso do computador, provocando exercício de análise e
reflexão
3.16. Traz exercícios resolvidos com a explicação de todos os passos
3.17. Apresenta glossário sobre os termos usados com seu significado
3.18. Apresenta questões abertas e desafios, incluindo problemas cuja
solução necessite da seleção e interpretação de dados
3.19. Possibilita o desenvolvimento do raciocínio geométrico e habilidades
para identificar, caracterizar e classificar formas planas e 3D
3.20. Apresenta bibliografia e referências bibliográficas
4. ATIVIDADES PROPOSTAS
4.1. São adequadas aos objetivos pretendidos pelo autor
4.2. Incentivam o trabalho em equipe, exigindo diferentes agrupamentos
dos estudantes (duplas, grupos), propiciando a convivência, cooperação,
respeito e tolerância
4.3. Estimulam a prática da observação, investigação, análise, síntese e
generalização
4.4. Estimulam e propiciam a autoavaliação e autocrítica pelos estudantes
4.5. Propõem interações entre teoria, prática e o cotidiano
4.6. Estimulam a validação pelos estudantes dos seus resultados e
processos
4.7. Desenvolve estratégias que favorecem:
 Compreensão
 Memorização
 Análise
 Síntese
 Formulação de hipóteses
 Crítica
4.9. Favorecem o estabelecimento de relações com outras áreas do
conhecimento
4.10. Se aplicam à vivência atual do estudante
4.11. São reprodutíveis e podem ser ensinadas pelos estudantes para seus
familiares e amigos
4.12. Oferecem experiências em que o estudante pode conhecer práticas
profissionais relacionadas ao conteúdo em questão
4.13. Sugere outras atividades além das contidas no livro do estudante
5. Formação de valores
5.1. O livro veicula preconceitos que levem a discriminações de qualquer
tipo
5.2. Ocorrem no livro propaganda ou doutrinação religiosa ou ideológica
5.3. Há evidências de contribuições práticas do Desenho, referentes aos
conceitos, habilidade e atitudes, na construção da cidadania
5.4. Identificam-se as atribuições política, econômicas, sociais e culturais dos
conhecimentos abordados
II – MANUAL DO PROFESSOR
1. Explica os pressupostos teóricos e objetivos que nortearam a elaboração
da obra
2. Há ocorrência entre os pressupostos teóricos explicitados e o livro
didático
3. Contribui para a formação e atualização do professor
4. A linguagem é clara
5. Oferece informações adicionais ao livro do estudante
6. Sugere outras atividades além das contidas no livro do estudante
7. Apresenta a bibliografia utilizada pelo autor
8. Sugere leituras complementares para o professor
9. Sugere leituras complementares para o estudante
10. Sugere filmes e vídeos para o professor

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Tabela 1: Ficha de avaliação de livros didáticos de Desenho para o Ensino Fundamental e o Médio (conclusão)
11. Sugere filmes e vídeos para o estudante
12. Sugere ou incentiva a valorização da experiência de vida dos discentes
13. Orienta o professor quanto ao processo de avaliação e apresenta
sugestões adequadas
14. Apresenta resolução das atividades propostas
15. Há sugestão e orientação para a construção de materiais didáticos
16. Há sugestões e orientações do uso da tecnologia, para uso de softwares
na área de geometria
17. Contribui de forma efetiva para uma melhor utilização do livro
Fonte: Adaptado de Zouin, 2004, p. 8-11

O critério de seleção de livros didáticos para análise foi o de recorrência de uso atual nas
escolas públicas e privadas onde a disciplina Desenho ou Desenho Geométrico é oferecida,
livros que ainda são editados e/ou vendidos hoje:

 Apostilas de Desenho do Colégio Pedro II, de vários autores;


 Coleção Desenho Geométrico: imagens e ideias, de Sônia Jorge;
 Coleção Desenho Geométrico, de Elenice L. Ogassawara, et al;
 Coleção Desenho Geométrico, de Cecília Fujiko Kanegae Yamada.

3 — Contribuições
Da análise dos livros didáticos selecionados, pelos critérios da lista adaptada de Zouin
(2004), foram destacados aqueles não contemplados por um livro ou coleção a fim de
articular possibilidades de adaptação e atualização por meio de contribuições
identificadas na literatura, portanto:

 Ilustrações que recorrem a diferentes linguagens visuais (maioria de


desenhos pictóricos simplificados, poucas fotografias ou imagens composições
visuais com informações complexas), que não identificam marcas registradas
ou logotipos reais, ilustrações devidamente creditadas a seus autores;
Estudar diferentes níveis de complexidade na imagem pictórica. Quanto mais se abstraem
tonalidades, perspectivas e elementos de fundo, mais objetiva se torna a mensagem que a
figura pretende comunicar, e por isso seu uso é mais recorrente nos livros didáticos de
Desenho. Contudo, esses artifícios precisam ser observados, identificados, analisados e
exercitados pelos estudantes, uma vez que integram os conteúdos referentes à graficacia
(Fry, 1981, p. 385), enriquecendo e contribuindo para a articulação dos conceitos da
linguagem gráfica.
Para abordar tópicos como transformações pontuais no plano, o uso de logotipos é
frequente nos livros de Desenho e não deve ser dispensado. A criação de uma marca
fictícia, além de solucionar a questão da propaganda indevida de produtos reais,
possibilita ao autor, quando designer ou desenhista, apresentar seu trabalho autoral. Ou,
caso não disponha de tempo ou recursos para criar sua marca fictícia, ele pode
encomendá-la a um profissional. Em ambos os casos se reconhecem a importância do
trabalho do designer. Esse processo pode, inclusive estar presente como conteúdo do
livro, de acordo com a proposta de expansão curricular do Desenho de Batista (2017).

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 Ficha catalográfica, titulação e atuação profissional dos autores;


A ficha catalográfica é o primeiro e principal instrumento de documentação de um
trabalho literário. Ela o institucionaliza, facilitando acesso, identificação e citação. Nela
também se podem encontrar os autores e a editora responsáveis pela publicação. A
identificação da atuação profissional dos autores colabora também para que o educador
possa avaliar o alinhamento pelo qual a estrutura do livro é construída buscar
complementação para tópicos mais distantes da especialidade dos autores.
 Sem confusão nos conceitos (ocorrências de desenhos de pontos no plano
horizontal representados por objetos verticais – ex: dado um mapa e
considerada sua visão aérea, mostram-se imagens de árvores, postes etc.
frontalizados para representar pontos, podendo gerar confusão com retas),
estabelece relações interdisciplinares, favorecem o estabelecimento de
relações com outras áreas do campo da expressão gráfica, propõe interações
entre teoria, prática e o cotidiano, desenvolve estratégias que favorecem a
formulação de hipóteses e a crítica;
No caso dos exercícios de geometria plana contextualizados, é possível articular conteúdos
interdisciplinares com a Geografia, trabalhando colaborativamente na abordagem da
graficacia para a leitura, reprodução e criação de mapas. A graficacia pode ser abordada
em conjunto também com a Matemática, trabalhando a organização de informações
numéricas pelo desenho de gráficos; com as Línguas Portuguesa e Estrangeiras,
abordando narrativas não textuais, entre outras possibilidades. Deve-se, contudo, sempre
manter bem justificado o fato de que o trabalho interdisciplinar em Desenho não é uma
prerrogativa para a sua existência, afinal, trata-se de um campo independente, com
pressupostos estabelecidos, cujos conteúdos precisam aprendidos por todos.
 Aborda, além do desenho geométrico, conteúdos relacionados à graficacia
(desenho conceitual, pictórico, projetivo), modelagem (desenhística, estudo de
materiais, construção tridimensionais), estimula a construção progressiva de
uma linguagem gráfica significativa, contribui para a compreensão e
atribuição de significados às noções, procedimentos e conceitos relacionados
ao campo do Desenho;
O atual currículo de Desenho enfoca o estudo do espaço e das figuras tridimensionais no
Ensino Médio. Esse fato faz com que durante o Ensino Fundamental essa temática seja
apenas tangenciada, em alguns poucos momentos. O uso de modelos e referências de
objetos e construções 3D durante o desenvolvimento da educação gráfica do indivíduo
oferece a oportunidade de expandir o repertório de conhecimento da cultura material
construída por meio de projetos gráficos (arquitetura, engenharia, design) e também
auxilia o aprofundamento das noções espaciais que esse estudante realizará nas séries
posteriores. Durante o Ensino Médio, o espaço tridimensional, seus objetos e projeções no
plano podem ser articulados pela confecção de modelos, primeiro reproduzidos, e depois
autorais, como exercício de materialização de ideias por intermédio do desenho (BATISTA,
MEDEIROS, 2015, p. 38). Embalagens, maquetes, mockups e protótipos de objetos simples
de design basear os estudos da geometria espacial e do desenho técnico ao mesmo tempo
que possibilitam estudos e testes de materiais de modelagem (papel, plástico, madeira).
 Está adequado ao desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor do
educando, estimula a manipulação de material concreto para a (re)descoberta
de conceitos, apresenta abordagens históricas, identificam-se as atribuições
políticas, econômicas, sociais e culturais dos conhecimentos abordados;
Com o domínio cognitivo coberto pelo aprendizado dos conteúdos e conceitos do Desenho,
e o psicomotor pelo traçado e modelagem, cabe ao domínio afetivo, o desenvolvimento da
habilidade de atribuição de valores. Por meio de suas experiências e do referencial teórico

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estudado, o aluno pode fazer um consumo crítico da cultura material, como participar do
projeto do plano diretor de sua cidade, fazer escolhas ambientalmente mais amigáveis na
compra de produtos e bens materiais e, principalmente, pode estar consciente dos
impactos socioeconômicos e culturais de diferentes políticas adotadas por dirigentes
governamentais e empresariais na realização de projetos relacionados ao campo da
expressão gráfica (BATISTA; MEDEIROS, 2016, p. 135).
 As atividades se aplicam à vivência atual do estudante, são reprodutíveis e
podem ser ensinadas pelos estudantes para seus familiares e amigos,
oferecem experiências em que o estudante pode conhecer práticas
profissionais relacionadas ao conteúdo em questão.
De acordo com o princípio de aprendizado que relaciona novas informações a memórias
do educando, quanto mais próximo de sua realidade um novo conceito se apresenta, mais
fácil e profundamente ele se afixa. O educador pode experimentar em seu planejamento a
prática do design centrado no usuário, no que o livro didático pode oferecer referências e
suporte. O mesmo princípio pode ser ensinado ao estudante, para que transmita a outros o
conhecimento adquirido nas aulas de Desenho.

4 — Conclusões
A pesquisa realizada neste artigo está vinculada a outras publicações das autoras
relacionadas ao Desenho e ao Design na educação básica. Seu objetivo reside em
encaminhar trabalhos futuros, que contemplem criação e experimentos dos materiais
propostos. No campo das contribuições, se restringe a sugestões para educadores e
autores do campo, para que possam testá-las em suas próprias práticas, com mudanças,
acréscimos, meios e métodos que considerarem adequados, e cujos resultados convidamos
a compartilhar. Com essas contribuições propostas para o improvimento do livro didático
de Desenho e seus conteúdos, espera-se, conforme Batista:

“instrumentar as gerações futuras para a vida num mundo estruturado sobre aquilo
que é projetado, construído e comunicado por seres humanos. Isso as possibilitará
interagir criticamente com essa produção e participar dela em diferentes níveis,
desenvolver a capacidade de se comunicar graficamente, a coordenação motora fina, a
recepção e devolução dos apelos afetivos da cultura material, a fim de contribuir com
uma sociedade mais igualitária no que diz respeito ao consumo de imagens e artefatos
e de acesso às cidades” (BATISTA, 2017, p. 86).

Referências
ALDRICH, F.; SHEPPARD, L. ‘Graphicacy’: the fourth ‘R’? In: Primary Science Review, 64,
8-11, 2000.
ANTUNES, Celso. Alfabetização emocional: novas estratégias. Petrópolis: Vozes, 1999.
BATISTA, Cristina Jardim. Taxonomia de objetivos educacionais para a
universalização do Desenho no ensino básico brasileiro. 2017. 92f. Dissertação
(Mestrado em Design) – Escola Superior de Desenho Industrial, Universidade do Estado do
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.
BATISTA, Cristina Jardim; MEDEIROS, Ligia Maria Sampaio de. Desenho projetual para a
apropriação do espaço urbano. In: Lugar Comum: estudos de mídia, cultura e cidadania. v.
1, n. 1. Rio de Janeiro: UFRJ, jan 2016 - abr 2016.

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______. Modelos tridimensionais físicos para o estudo de projeções. In: Anais do 1º


Simpósio de Pós-Graduação em Design da ESDI, Rio de Janeiro: UERJ, 6-7 de agosto de
2015.
BLOOM, Benjamin; KRATHWOHL, David; MASIA, Bertram. Taxonomia dos objetivos
educacionais: domínio afetivo. Porto Alegre: Globo, 1972.
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Notas sobre os autores

Batista, Cristina Jardim; Mestre em Design; Taxonomia de objetivos educacionais para a


universalização do Desenho no ensino básico brasileiro; Ligia Maria Sampaio de Medeiros;
2017; http://lattes.cnpq.br/4428341300215542
cjardim@esdi.uerj.br

Medeiros, Ligia Maria Sampaio de; Doutora em Engenharia de Produção;


http://lattes.cnpq.br/4080634349841112
ligia@esdi.uerj.br

Anais do 3º Simpósio de Pós-Graduação em Design da ESDI | SPGD 2017


ISSN : 2447-3499 | ISSN ONLINE : 2526-9933

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