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editotia/
Quase cinco anos após o 25 de Abril, go combinado. Assim, de tão apressados que
muita coisa se modificou,infelizmente muita estão, ao misturar tudo no mesmo saco,pres-
outra ficou no seu lugar, e ainda muita coi tam-nos tais senhores afinal, um servico: o
sa que se havia modificado voltou a acurar de podermos hoje, mais credivelmente do que
o lugar de antigamente (e já há quem diga, ontem/apontar a necessidade de combinar es-
pla~eandci uma certa canção do Brasil: "tudo forços e lutas pelos direitos da mulher na
esta no seu lugar, Graças a Deus, Graças a família, na contracepção, no aborto.
Deus" .) ,cá por nós, achamos que, Graças a A campanha pelo "direito à vida" apa-
Deus ou ao diabo, pouco importa, nem tudo rece a muita gente já, e cada vez mais ,como
voltou ao lugar de antes, e que ,por outro a campanha pelo "direito a tuna vida de 0-
lado ainda não se pôs muita coisa n9 seu de pressão"de nós todos, trabalhadores, mulhe-
vido lugar. E uma dessas coisas que aindã res e crianças. E nem com a ameaça da ex-
não quizeram uns, n~o conseguimos nós,pôr no comunhão ou do inferno com um demo de sete
seu devido lugar, é a"quente"e mais urgente chifres e pés de cabra, nem sequer a chanta-
que nunca polémica sobre o aborto. que o gem com a hóstia, ou com o desemprego ao fim
aborto livre, gratuito e assistido, e tma e
xigência elementar das mulheres, um direitõ
que lhes assiste quadro de uma materni-
dade consciente e assumida,cansámo-nos já
nós de o repetir, e não só nós, como muito
mais mulheres err~ todo o país e por esse mun
do fora; que está directamente ligado ao "di
reito à vida" da mulher e ao "direito a ser
desejada" da criança, também já C' ;-lEiT'r:-:p..r.'.o~
vezes sem conta; que é o reconhecimento do
direito elementar à saúde, denunciando as
centenas e centenas de mortes causadas pelo
aborto clandestino, só não entende quem não
quer.
~~s o sue tamb~m é verdade é que não
falta por al quem nao queira ver a realida-
de, a veja por óculos demasiadamente escu-
ros (obscurecendo o real), e mesmo quem de
tão apegado a séculos e séculos de doce o-
pressão e previlégios seus, se recuse ter-
minantemente (era de espantar que o não fi-
zesse) a pôr as coisas, os nossos direitos, - poderão continuar a fechar os olhos
do mes,
no seu devido lugar, e os queira deixar no a quem começa a ver claro.
lugar já velho de que deveriamos já tê-los Importante foi, para este abrir de o-
fei t'o sair há mui to. lhos e ouvid()s colectivo a primeira reunião
E não é que estes tais "do antigamente' do Comité ~acional para a Contracepção e A-
passam rápidamente, como quem tem medo de borto,em Lisboa, em que nós estivemos pre-
perder a corrida, do ataque ao direito ao sentes. Ir.1portante porque 58 troCar3r.1 CI,ini-
aborto, para um ataque mais vasto à contra- ões acerca de como levar a cabo a campanha~
cepção e planeamento familiar e, não fican- importante porque estava presente e mobili-
do por aí, ao ataque às alterações que con- zada para ela mais gente do que há um ano
seguimos ver aprovadas ao velho e opressor atrás, importante também porque se avançou
código civil, no~que respeita aos direitos com algumas coisas, entre elas a redacçãode
da mulher na famllia? um manifesto público que dentro em breve nu-
E de tão grande baralhada de ataC[t es, 1 ma próxima reunião (que terá ;;rm"á'ie1rente
feitos assim tão juntinhos, só quem é cego lugar no dia II de 0Iarço) , será divulgado
ré Que não se apercebe hoj e que isto está mes aos orgãos de informação.
mo tudo ligado. ~lesmo quem dantes c~isso na.õ cá por nós/estamos decididas a avançar
se apercebia, hoje não pode deixar de achar com a campanha. O dia internacional da mu-
l
deveras estranho (e afinal não o é)este fo- lher será uma boa altura para incentivar o

2
debate, o pensar de mmita gente, e a luta
que tem que ser luta de facto e já não
festa.
so - deias, discursos ou papeis das instituições
de pedra e de minorias que falam por si, do
'que a real vontade e voz de todos e todas
Que apesar de muita coisa ir voltando ~ós, que€ qu~m s~nte na pele tudo _istofe por
ao lugar antigo, mui to está felizmente 1SSO esta ma1S dlSPOStO que ninguem a mudar
já fora de sítio e vai ser difícil voltar a a ::ida. Há que trocar as voltas para que o
metê-lo lá. Os tempos mudam, as vontades pa1s das pessoas de pernas para o ar se tor
também e a nossa gente não está disposta a ne de vez no país de todas nós de pés bem
v~ltar ao buraco donde saíu. Só é pena,qne assentes no chão.
ca pela nossa terra, se valorize mais as i-

Yl111\ \-leres, aqu i


De há ur.s anos para cá que o dia 8 de
~ Iarçotem sido comemorado não como um dia de
luta de todas as mulheres, mas como o dia
MARÇO
em que o homem trabalha em casa, nii:o como um
dia que as mulheres conquistaram, mas como
um dia que o homem lhe"concede", para mos-
trar que nem. é mau de todo, não como uma e-
vocação do que foi a luta das mulheres, nâS
como UIT.a festa em que geralmente se acaba
por ir jantar fora.
Assim, no dia 8 de ~1arço o "macho ibé-
rico" tem a oportunidade de entrar em con-
tacto com a maravilhosa e promissora carrei
ra coméstica. E é LUna"ternura" ver esses nos
sos homens pelo país fora carregando sacos
de compras para o doce lar, enquanto a "fa
da do lar" sentado num maple da sala v~ um
desafio de futebol e lê o jornal. .
Mas será isto o 8 de ~ larço que nós que
remos? Não será antes lUTI dia "carnavales=
co"?
Não queremos que este dia seja uma da-
ta só, nem o dia da comemoracão do papel que
tradicionalmente tem sido at;ibuído à mu-
lher: o dia de comemoração da mulher-mãe. tos, contra a descriminação a que têm sido
Queremos que seja um dia de luta, não votadas, pela sua emancipação, por uma so-
só em Portugal, como em todo o mundo. Um dia ciedade diferente. Um dia de luta para con
em que as mulheres lutem pelos seus direi- quistar o ANO INTEIRO.

o QUEFAZEMOSNESTE 8MARCO
,
A Seccão da ~,1ulher da A.A.C..' Juntamen A.A.C., artistas e grupos culturais convida
te com o D~part~~ento Feminino da União dos dos: SHILLA, Brigada Victor Jara, e muitos
Sindicatos de Coimbra, ~IDM 010vimento Demo- mais.
crático de Jvlulheres) e as Comissões Unitá- Vem até ao Gil Vicente no dia 8 às 21,
rias de i'1ulheres de Coimbra promovem LUTIa rea 30h.
lização no Gil Vicente de comemoração do Diã Não queremos que o 8 de Março seja só
Internacional da j\1ulher com: canções, SKET~ um dia de festa. 1:: preciso que seja um dia
CHES, j\10SICA, POD1AS, DANÇAS, FILMES E EXPO de luta~
<::IÇOES. Participam organismos e secções dã

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8.DEMARCO

CONTAR UMA PEQUENA HISTURIA, AINDA
HOJE IMPORTANTE DE OUV IR

1908 - 28 de Fevereiro. As mulheres socia- te com especial relevo para a Alema-


listas dos E.U.A. organizam um dia nha e Áustria. As salas estão tão
de luta pelos direitos políticos das cheias, que os operários deixam os
mulheres. Manifestações com milhares seus lugares para os dar, às mulhere~
de mulheres e trabalhadores, marca- As donas de casa também estão nos co
das. por lUTla grande combatividade a mícios. O sucesso excede todas as ex
que o poder responde com 2. repressão. pecta ti vas .
Nas ruas o sangue de milhares de mu-
lheres e homens. 1913 - Dia Internacional da mulher fica de-
O massacre. ~las uma semente também. finitivament e marcado no dia 8 de ~lar
A solidariedade e luta começa em mUl ço .
tos 'países. Rebenta a Grande Guerra - Sangue em
toda a Europa, especialmente para a
1910 - Conferência Internacional das mulhe- classe operária.
res socialistas.
Clara Zetckin propõe a organizaç.ão de 1911 - S. Petersburgo - Rússia . FO~1E, FRIO
lUTl dia Internacional de luta. e GUf.RRP. . No dia 8 de ~Iarco as mulhe
A conferência aprova a comemoração res trabalhadoras vêm pari a rua e
desse dia com a palavra de ordem: "o gritam: "Pão, para os nossos filhos','
voto para a mulher, Unirá a nossa fer "Regresso dos nossos maridos das trin
ça na luta pelo socialismo . - cheiras". A paciência chegou ao fim~
A mulhcr russa levanta a ch31na da re
0911 .,. Realização do 19 Dia Internacional da volução proletária e põe o mundo em
mulher. fogo . A revolução de Fevereiro (anti
Organizam-se corn.ícios por toda a pa!: go calendário) começa aqui . -

Encontro Concelhio de
Mulheres de Coimbra
10 de Dezerrbro . Em Coimbra houve, es - contracepção e ao aborto livre, gratuito e
civemos no encontro conselhido de mulheres. com assistência médica. E isso. foi uma de -
Juntámo -nos para discutir problemas nossos . monstração clara de que o "silêncio"com que
~ lui tos. Cerca ,de 250 mulheres: jovens, ido- muitos tratam_esta guestão, o medo que sen-
sas, trabalhadoras, estudantes, donas de ca tem ao levanta-la, e mais problema seu,inte
sa, desempregadas, reformadas. Estivemos lã. rior que existe nas suas cabeças. Que as mü
O encontro existiu. . lheres, e em particular as mulheres tral1a =
Denunciou-se o al@ento do custo de vi- lhadoras que sentem este problema na pele,
da, o preço dos produtos essenciais, o de: melhor que ninguém, querem discuti-lo . Ver
semprego crescente entre as mulheres , cont~ soluções. '
mos histórias. não fábulas ,mas l:.istórias 1\'0 final fo i eleita uma comissão uni-
reais, de discriminação que sentimos nas e~. tária de mulheres em que a Secção da I' !ulher,
presas. Nós, mulheres trabalhadoras.Falou- apesar das críticas que tem a fazer à sua
-se do trabalho doméstico, contestou-se a constituição (ter sido apresentada de cim~
"escravidão doméstica". Que isto de falar não correspondendo a uma real representação
em que as mulheres .é que vão à praça e sen- dos organismos e grupos de mulheres, sindi-
tem a vida a subir é só uma parte da reali- catos e comissões de moradores que estive-
dade. Não podemos ficar por aqui . A outra, ram presentes no encontro) apesar ,diziamos,
é a necessidade de repensarmos colectivamen das ' críticas, participará activamente .
te Eor que é que somos ~ós a ir ao mercado~ O encontro foi um primeiro passo ... Um
e por fim a esta situaçao. pequeno passo ainda ... mas importante po-
Nós, como Secção da ~ 1ulher da A.A .C., rém, no processo necessário, urgente,de dis
estivemos lá: Participando . Fcii com um gr~ cus são dos nossos problemas especificos e
de entusiasmo que vimos aprovada por unani- da nossa organização colectiva. Que não se
midade uma moção que reclamava o direito a pare por aqui:

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Propostade
Plataforma do CNAC
Em Portugal, mais de cento e oitenta cia do direito ao aborto integra-se perfei-
mil mulheres abortam por ano, em pcssi~as tamente na defesa dos direitos da criança.
condições e em consequência disso cerca de Assim, a campanha pelo "direito ã vi-
duas mil mulheres morrem por ano, sendo o a da" lançada por certas forças conservadoras
borto a segunda causa de morte materna e caü é ao mesmo tempo um ataque ao direito ã vi-
sa de muitas deformações e graves problemas da das mulheres, ao direito elementar ã saú
físicos e psicológicos para milhares de mu- de consignado na Constituição, e ao direitõ
lheres. As principais vítimas desta situa- da criança ã vida.
ção são as mulheres com maiores dificulda- Paralelamente estas mesmas forças a-
des econó~icas que não têm acesso às Clíni- poiam explicita ou implicitamente toda uma
cas Privadas e acabélJ'1 por recorrer aos mé- política de austeridade que se traduz na res
todos mais primitivos, pondo em risco a sua trição de créditos aos serviços sociais, a:
saGde e a própria vida. Portugal é ainda gravando a inexistência de creches, jardins
(los poucos países onde o aborto é legisla- infantis e centros de saúde, e no desempre-
do como crime. r a es!a situação que con- go e má qualidade de vida das mulheres; que
duz o artigo 358 9 do Codigo Penal que sujei as mantêm numa situação económica difícil.
ta a mulher que o pratica a penas que vão de Do ataque ao aborto passam estas forças pa-
2 a 8 anos de pris20. ra o ataque ao planearnento familiar ,hoje já
A Constituição consagra no seu artigo alargado também aos direitos da mulher ria
67 9 d) o direito ao planeamento familiar pa família que resultaram das alterações ao Có
ra todos os cidadãos ,como meio de exercer Ü digo Civil. Estas mesmas forças não denun=
Il'lt paternidade consciente. \0 entanto, os ciam com tanta veemBncia o facto de os paí-
centros de di,~lgação da contracepção e as ses em que o aborto é mais reprimido serem
consultas de planeamento familiar estão lon também os países em que a taxa de mortal ida
ge de cobrir todo o p:=-, fs, ao meSJl10 tem[n que de infantil é maior. Defender o d:ireitõ
os e: ~:i. st('ntes não são devidamente rl i',"ulga- das mulheres a escolher ter ou não filhos,e
(~OS D2, informação ou encontr?.ITl r (' s ~ s tência em que circunstâncias , é também defender que
nas Jl1ulheres devido a factores culturais e as crianças devem ser desejadas e só assim
educacionais. Desta forma, continua a gran poderão ter uma vida condigna.
de maioria das mulheres n2 mais comrletã São estes os problemas com que as mu-
ignorância ('.05 métodos contraceptivo,s. Só uma lheres se defrontam em todo o lado, mesmo
si tuação de facto de alarg~lJnento e difu- em países onde "teóricamente" o direito ao
são dos métodos contraceptivos poderá permi aborto foi consagrado na lei, mas onde, na
tir às mulheres UJ.:<:O. maternidade desejada e prática, as mulheres são impedidas de abor-
assumida,terem o direito de escolhereJl1 se e tar, seja por não terem lugar no hospital,
quando quereJTl ter filhos seja pelo facto da Ifclausula de consciência'
Face ã inexistência desta situação,mui permitir ao médico recusar fazer o aborto.
tas mulheres engra"idam sem pretender levar Para pôr fim a tal situação,lutamos:
a gravide z a bom tel1'1.o, o que as leva a ter - pelo d~~to ã ~aúde matenno-~n6antil gna
de abortar. r por este direito que as mu- tuLtM, pnatic.adM M~ c.eVltno~ de ~aúde dõ
lheres têm de lutar para não serem obr ~ 2:a-' pal~;
das 8. suportar lU11a Jl1a ternidade que não se- pela c.~ação de c.nec.hu e jan~~ de ~n-.
sejaram, ou para a qual não têm condições e 6ânc.~a abento~ 24 honM pon d~a, pnõximo~
conómicas, para além dos casos do aborto te do l oc.al de hab~taçãoj
rapêutico ou social (exemplo: gravidez pro: - pela exte~ão do~ c.entno~ de planeamento
vocada por violação, etc. ) . 6arn-i:.l ian e ~vulgação do~ exútentuj
Para impedir que l~ maior número de mu - pelo d~wo que a mulhen tem de ~ en ela
lheres tome consciência dos seus direitos a deud~ ~obne a ~ua maten~dade, não 6~­
certas forças reaccionárias tentam a todo c.ando ~uj ~ta ã~ "pO~C.M de c.ontnole
o custo e pelas mais diversas formas lançar de natalidade" dM govenno~, nem ã~ anb~­
campai'1has contra a legalização do aborto. Co ~an~edadu de c.ento~ ~ec.tonu do c.onpo
memorando-se este ano, o :'\no Internacional me~c.oj
da Cria!lça, é necessário integrar na defesa - pela de~penalização e negulamentação de
dos direi tos da criança, o direi to a ser de- todM M 60nmM de abonto dude que a pe.-
sejada e a ter uma situação económica e fa- d~do da mulhen, gnatuZto e pnatic.ado no~
miliar que lhe permita o seu pleno e livre ~ env~ço~ de ~aúde. loc.w.
desenvolvimento. ?\este sentido, a exisên-

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a mulher e o direito
QU~ DIREITO?
Tendo-me apercebidô da sistemática campanha, que, em prol de uma tal "Defesa da Família",
tem sido feita e que mais não seria do que agravos sucessivos à legislação constituÍda,visan-
do -se para além de mais o ataque à ~1ulher enquanto portadora de iguais direi tos ao Homem, pre
tendo deitar aqui umas "achas" para a fogueira do debate levantado. Na verdade este debate cõ
meça a atingir foros de espectacularidade tanto mais se observarmos outros campos em que a sI
tuação da Mulher também sofreu alteração. -
De qualqu~r modo, e passando por cima da explicação dessa modificação que urgia efectuar
-se em consequencia da Constituição de 7~, proponho-me esquematizar de imediato as diversas
"frentes" em que tal alteração se verifica.

1 - Casam ento

Antes Depoi s
• O rapaz podia casar aos 16 anos; a r~ • Agora a idade mínima é para ambos 16
pariga aos 14. anos .
_ O homem podia anular o casamento com • Agora não pode.
fundamento na não virgindade da mulher.
_ Obrigatoriedade do regime de separa- _ Vigora o regime de separaçao para am
ção de bens para a mulher que casasse a par bos os sexos a partir dos 60 anos.
tir dos SO anos e para o ]lomem a partir dos
60 anos.

2 - Fam{ lia

Antes Dep01.:s
_ A mulher tinha obrigação legal de _ Não tem agora.
prestar trabalhos domésticos .
_ Este trabalho não era tido como atri São tomados em conside-ração .
buição para os encargos familiares .
_ A mulher tem que adoptar a residên- _ A residência é escolhida de comum a -
cia do marido. cordo.
_ O marido administra os bens do casal, _ Têm agora iguais direitos e deveres
filhos e mulher (excepto se vigorar a sepa- quanto à administração dos bens comuns, mas
ração'.). cada Lun administra os seus bens próprios,
os que levou para o casal e os que utiliza
no seu trabalho.
_ O marido pode anular o arrendamento ~ . _ Só pode ser anulado por acordo dos
da morada da família. conJuges.
~

_ O marido podia alienar os bens _mo- _ Cada cônjuge só pode alienar os bens
veis . móveis sob a sua administração e conjunta-
mente os bens comuns.

J - Fi lhos Menores

Antes Depois
_ O poder paternal cabia essencialmen- _ Direitos e deveres iguais.
te ao pai, sendo a mãe apenas ouvida e en-

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..
----- -
carregada de tomar conta dos fil hos.
_ Os filhos não podiam sair do país sem _ Qualquer dos progenitores, ou o que
autorização do pai. tiver a guarda do menor pode autorizá-lo.
_ A mulher casada não podia registar em _ Actualmente pode ser feito desde que
nome do "\'erdadeiro pai o nascimento de um fi a mulher o prove.
lho que não fosse do marido .

4 - União não lega ?.i zacla

Ay;tes Depois
_ A mulher que Y1Vla maritalmente com _ Agora, se viviam há pelo menos 2 a-
lUTI homem não tinha qualquer dire ito. nos tem direi to a alimentos por morte do - ho-
men.

Depois

f..y;te2
herdeiros obrigat6rios
um do outro em 1 9 linha.'
_ Havendo descendentes, ascender.te s ou
illTtãcs os conjlJges não eram. herdeiros r-le-
nos UJ11 do outro.
Depois
A mulher casada
não neces,sita de
/ r tes
~
torização do marido.
_ O marido podia op0r - se a o.ue 2 mulher
tr:-- balh8sse .
_ O marido pocna denunciar o contrato _ Hoj e não' pode.
de trabalh o da mulher .

Por detrás de todas estas nodificacões está o "cavalo de tróia" da IGUALDADE HO~IHH'IlJ­
Lr~R agora formalmente proclamado. [ ê ~urioso notar o tipo de críticas que esta simples for-
malização tem suscitado. Um exerr:p l o apenas : " ... último assalto ao reduto da família violada
a pa::: e a harmonia no lar com a introdução de materialismos que todos repudiam. l I .
Se , porém fizermos lillla resenha das críticas 5urE;idas , veremos que todas têm como baluar-
te a dignidade da far.lília e da mulher no lar e, por base, a panaceia usada em todas as si tua-
ções confhtuosas, a difusao dos principios católicosnas entranhas da o ulação ortu~esa.
Aliás essa preocupação moral-t eorética fundamenta-s e eJ11 va ores tra lClonalS que o rcelspo
Prima: de Braga não se tem esquecido de r eferir nas suas honú lias ...
Em parentises ocorre-nos apenas uma pergunta: Que receiam os arautos da mensagem cristã? -

lof manifesto que a nulher de"\'eria sentir-s e profundmnente indignada por ver o seu poderio
dentro do lar - enquanto escraya do lar - des tronado pelo marido na repartição de / tarefas;
por ver que a 'la ternidade, enquanto função nobremente proclamada, não se esgota no simples
transporte (~e UIí'l feto dur:mte 9 IT.eses. POIS, é _que a mulher possuindo características fisioló
gicas diferentes não poderá arcar com tal sobrecarga~'.. OU PODERÁ?
f curioso notar-se que este papão continua a ser referido pelos homens e em nome da \ Iu-
lhe1'. Será isto esclarecedor ou apenas reflexo de uma população maioritáriamente masculina??
Ou antes que se pretende inten'encionalmente masculina?? ..
Em jeito de sintese esta legislação entrou em vigor a 1 de Abril de 78 e será aplicada
pelos triblmais sempre que a eles recorram.
f bem c erto que a lei nâo subsiste só por .si, assim como não existe para além da sua con
sagração fonnal_ se não for quotidianamente adoptada. ~
Daí caber a i'lulher o exercício dos direi tos que a lei lhe faculta assumindo simultanea-
mente a responsabilidade da importância do seu contributo para que os H~~NS E ~ULHERES SEJAM
CADA VEZ HI\I S SERES Hlf,\L~\OS E CADA VEZ MENOS SERVOS DE OUTROS SERVOS!;... Rita.

7
PIRA MELHOR ESTÁ BEM! PIRA PIOR JÁ BASTA ASSIM

• Chamava-se Maria da Graça,tinha 25 mente do marido que continuava porém


anos, e um filho de 4 anos. Era casa a proGurá-la. lJr.J. dia, ao voltar a ca
da e vivia em Vale de Vaz, concelhõ ca encontrou-o deitado na cama. Dis=
de Vila Nova de Poiares . Regou-se a cutiram e Rosa agrediu-o com uma pi-
si mesma com petróleo que incendiou careta. Convencida que o matou en-
em seguida. tregou-se ã pOlícia. Enquanto se ins
trula o processo de agressão,Rosa es
• Mariana, mãe de 7 filhos ,espera ou- pera julgamento em liberdade, ao mes
tra criança daqu~ a 2 meses.Vive nu- mo tempo que o ex-marido teve alta~
ma barraca, sem agua nem luz, com 2 Tra~~atizada com tudo isto,acaba por
quartos. Não tem caixa nem qualquer se suicidar atirando-se para debaixo
protecção social. Es tá anémica por- de um carro.
que passa fome. O marido. trabalha
na construção civil por empreitada. • Foi em Paris; na livrari2_ do 13air
ro Saint-Gerrnain-de-Prés. Eram va-
• Maria Virginia , residente em Lisboa rias mulheres mascaradas _e armadas
deu . entrada no Hospital de s.José a- que saquearam e destruiram urna livra
tingida por um tiro na cabeça. O ti- ria de Mulheres, organizada e criadã
ro foi disparado pelo marido que em por mulheres.
seguida se suicidou. Destruiram todos os livros que se en
contravam expostos e que tratavam de
• ~· !aria
Celeste morreu quando fazia um problemas de mulheres: livros escri-
aborto . Tiru1a 25 anos . tos, editados e vendidos por mulhe-
res.
• Maria Celeste Pereira, 33 anos, sol- Saquearam , destruiram e desvastaram.
teira. Foi assassinada (esfaqueada) cá fora guardando-as e prestes a intervir,
pelo homem com quem VlVla . Foi na um grupo de homens que permanecia no pas-
barraca n 9 32, Vendas Novas. seio em frente .
Ao sair cortaram o fio do telefone e Jançaram
• Rosa Gonçalves das ~eves, 35 anos e uma granada de gás' lacrimógeno para o inte-
3 filhos . Estava separada judicial- rior da Livraria.

,
nos e ...

A propósito do
«ANO INTERNACIONAL DA CRIANCA» ~

"Pessoas há e mui tas são - que, re se e nªo p~ra a dura realidade, essas pes-
cus ando o tempo presente que lhes desagradã soas nao so recusam corno acusam de pernicio
e em que não se sentem inseridas, ~e refug~ sas quaisquer soluções inovadoras que ten=
am sistemáticamente no passado. Nao no pas tem de algum modCl resolver velllOs problemas
sado que de facto viveram ou foi vivido,mas que desde de sempre afligiram a hurnanidade'~
sim num passado wítico e idealizado em que
tudo seria nítido, incorrupto e certo. Tudo Bo l etim n9 2 da A. P. F..
estaria em ordem, desde o respeito pela fa-
mília, pelas tradições, preconceitos, etc .. Alguns adul tos resolveram comemorar es-
Assim voltadas para o que desejavam que fo~ te ano Q"Ano Internacional da Criança" . Pu-
8--------~---------------------------------
seram-se então a fazer bonitos e difíceis mília. Crianças e mulheres, ao longo da his
discursos sobre os direitos da criança. Ti- tória, foram atiradas para um plano muito se
vemos até a oportunielade única e verdade ir§- melhante: ambas consideradas comoinc8_pa=
mente irónica de \-er o Giscard d ' Estaing ou z~s de "ter voto na matéria". E por ISSO
Ramalho Ear.es a falar dos direitos da crian nao nos importamos, e pensamos que as crian
ça . As crianças , essa s, porque até r,em t~m ças também não, em falar delas.
\-o z activa (a l gLms c_iriar.! : '\-oto na mate - Tem-se geralmente a ideia, ou !,rctcn-
ria") , por que até não têm possibilidade de ce-se que os -outros acreditem nisso, de que
escr ever pela sua mão as suas his tór ias , de a infância é um período feliz, sem preocupa
dizer dos seus di r eitos , as crianças assis - cões . Falamos da infância com saudade e -de
tempassivamente às cOIT:emorações que al guns iicadeza. Será que isso não reflecte um poü
adultos l e\-aJ11 a caho . :\Jgurnas são (é'nsina- co a necessidade que temos em, vivendo numã
c12~ 2. cantar e \-ão à tele\Tisão . Teve-se i n sociedade alienante e opressora, nos refu-
c1usivé a incr í vel ideia (só podia provir giarmos num pretenso período de [clicü'ac'e
realmente da cabeça de alguns adultos ) de a que todos terÍmTIos tido hipoteticamente ~
pôr crianças a repres entar wna peça em que cesso? Não reflectirá também uma incapaci-
as "meninas" fa:jam de bai larinas de uma bo dade de transformarmos o nosso dia a dia em
ite . Os adultos ~alf,1ms) t iyer am o :lel ei = algo de bem diferente?
E além do mais, se viaj armos um pouco
no ten~o, temos que recoru1ecer que a nossa
infância não foi l®a coisa assim tão agradá
vel como isso. E não · foi tão agradável,po!:
que a sociedade está programada para que o
adulto reprima a crianca sob várias formas,
lhe dê chapadas na car~ quando lhe apetece,
e des12ej e sobre ela toda uma 2 fT r ess Íl,'idade
que nao pode descarregar cá for~ . Está tam
bém prograr.1ado através de toda uma série de
insti tuicõcs, entre as quais a família é fun
damental: para iTIlpedir a criança de ter suã
autonoJT\ia, restando seTIlpre dependente co pai
ou dos adultos. ~ão foi tão agradável como
isso porque houve e há milhares e nilhares
d~ crianças que c orne Ç38. desde muito cedo a
trabalhar e a serem eÀ-ploradas no salário e
nas condições de trabalho. , 0!ão é azr2êá-
vel porque é exactamente na infância que
começa o condicionamento para o assumir de
de t erminados papeis sociais, nomeadamente o
papel de ''macho'' e o pape l de "mulher". t
te ele \-er as crianças él representaren o em crianças que somos educadas, pelos jogos
"mlmdo deles" eIT miniatura ... muito engra- e brincadeiras e também pelo que ouvimos,pa
cado ... ra serínos ''mães'', "esposas" , ''mulheres do:
• _\ maioria das crianças desconhece po- ces" , "fi eis", "submissas" e "sensíveis",ou
rén ~ue se comemora o seu éU10 . Isso não im- homens "decididos", "agressivos","pouco scn
porta, pois os adultos decidir am fa::.ê -lo,e síveis"e "dominadores". :f na infância que
pronto. oU\-ÍJr',os , mal nos apetece chorar, que "um ra
\ão \-aleria a pena fa lar destas come- pa z não chora" ou "és um mariquirulas pé de
morações se elas não passassem de lml "fes t~ salsa". E é ainda em crianças que ouvimos
\-al de tele\-isã o", mas como \Tão bastante pa que urna menina bonita não faz "isso".
ra além diss í' , como 2 seu pre t e::.:to se fal ã Enfim, é em crianças que começamos a
ele TI'u i t a cois;] , nós temos al gtll21as pal3\Tas entrar numa sociedade que não escolhemos. E
a di:::er. [ , pedindo descu l pa as c1'Í:,] " Ç2.S é isso que torna a infãncia apesar dos dis-
de t odo c mundo, OUS2rer.' os falar delas, dbs cursos embeyC'cedores que sobre ela se fazeIP,
seus direitos e elos seus nrob l emas . Teremos nUJlla coisa que não é tão embe'/ ccedora assim
uma úl t ii'18 \-ez que faliu ror el as " já c,ue Fa lando pelas crianças, dizemos que é in-
ou tros começaran antes ce nós a fa l ar e", sel~ ' concebível falar de direitos das crianças,
norie . escamoteando todos estes problemas, sem de-
f \-er c1 ade que , como mulher es , err. luta nunciar a repressão que começa na infância
contra uma sociedade patriarcal e opressora,
(para que a aceitemos depois em adultos) e
temos algLuna coisa , mui to, de comum com as que se prolonga pela viela fora.
cr ianças . Comtmgamos com elas o "es tatuto Ainda sob o leJTl_a do Ano Internacional
de i nferioridade" , a opre ssão no seio da fa , da Criança, algumas forças nele empenhadas,

9
nomeadamente a Igreja, aproyeitam para fa- t que, no meio de tão gránde mistura-
zer campanha pelo "direito a vida", contra da, que traz governos, instituições de ca-
o aborto e o planeamento familiar. Nãoé~pr~ ridade e grande nún'ero de organizações reac
ciso pensar ]1'ui to para dizer que esta e a cionárias de premeio, muita coisa é escamo:
mais escandalosa campanha "contra os direi- teada, muita coisa propositadamente esque-
tos da criança", uma campanha que ataca o cida, elevando-se a categoria "abstracta"
~ seu direito mais elementar que é o de ser e "a-social" os direitos da criança. E pe-
desejada e não considerada como um "estor- la dinâmica ambígua e connusa que as come-
vo". Não desejamos ver repetidas a2 situa- morações estão a ter, porque achamDs que na
ções em que crianças eram marcad~s a nasce~ da temos de comum com muitos que nela parti
ça com o rótulo de"ilegí tiJnas" (rotulo que Pê- cipam, que nos encontramos mesmo em campos
radoxalmente, ou talvez não, essas mesmas fOI opostos, por tudo isso não temos medo de di
ças defendem) nem o abandona massivode cri- zer que não participamos nela. A nossa par
anças nas ruas (nova versão das "rodas" à ticipação é feita a outro níve l, o da luta
porta dos conventos e Igrejas onde, na ida- diária contra a sociedade patriarcal e capi
de média, as crianças eram largadas com a talista resDonsável pelo desrespeito e ata:
complacência da Igreja que sustentava toda que aos direitos elementares das crianças.
a moral que provocava este destino); e pOE Teremos que, uma vez mais ,escrever pe-
isso dizemos que, ao defender o direito a las suas mãos UIla história, porém diferen-
contracepção, ao planeamento familiar, ao te das de fadas e de principes encantados
aborto livre,gratuíto e assistido, estamos que quando crianças lemos, escritas por a-
a defender o direito a l@a maternidade cons dultos. Lutaremos alegremente com as crian
ciente e desejada e ao mesmo tempo, e in= ças pelo direito a um futuro e infância di:
dissociávelInente os direi tos da criança. ferente daquela que foi a nossa.
Não pode igualmente falar de direi-
tos da criança quem aceita e êefeT'de um sis "QUE I\fULHERES SURGIRÃO DAS MENINAS QUE PUDE
terna económico que atira a grande naioria REAf BRINCAR NA LAAfA, SUBIR AOS ,"UROS E 0=
das crianças para uma yida difícil, para a 'I-{AR A VIVA QUE PASSA LÃ, DO OUTRO LADO?"
dificuldade de acesso a cultura e ao enSl- ~ .

no. Estes são os direitos da criança que ~ Teresa


queremos ver defendidos e não os podemos de~
ligar da luta por uma sociedade diferente
. ern. que conjuntaJTente com os traba1hac:oY~s
as rolheres, as minorias oprimidas,as crl~
ças também c onquistm. os seus direitos.

" Há um princípio boJY1. que criou a ordem,


a luz e o homem, e um princípio mau que
criou o caos, as trevas e a mulher"

Pitágoras
" . .. A natureza quiz que as mulheres fossem " ... Se eu i.rnag~nasse a minha doce raparisu i
nossa proEriedade ... a mulher não é mais do nha como uma Tlval, acabaria por lhe dizer~
que uma maquina de produzir filhos" como já o fiz ã dezassete meses, que eu gos
Napoleão
to dela e que lhe imploro que se afaste dã
" ... Arranj ei uma boneca mimada, que donne, luta para a calma, a ACTIVIDADF. SB"! CO!'-IPETI
que anda, que chora, que fala ... " ÇÃO dentro da minha casa ... " -
Cliff Richard, living doll, 1959. Freud, numa carta a J. Stuart ~Iill.

10------~---------------------------
" ... .I\mor? \ão quero saber disso: Não tenho nossas companheiras".
tempo, é uma fraque za . .As vezes acontece,SJu
homem ... Satisfeit o o desejo, penso noutra "Ora ele sentia como uma mulher, ora comÇl
coisa. \ão posso vencer o desejo mas tenho- um homem. E todos os julgamentos femininos
-lhe ódio , embaraça o espírito ... As mulhe- que fez foram na realidade conclusões poé-
res como só prest~. p ~ra o amor, atribuem u ticas ... Ela não quiz torriar-se verdadeira
ma importância rídicula. Querem persuadir: mente mulher, desde que detesta as mulheres
-noS de que ele é a razão. Em verdade, o Quer ser homem-mulher: mulher quanto pas-
seu papel é nulo. O amor é uma doença e as siv à, homem quando ac tua" •
mulheres o seu i nstrumento de prazer. Fico
exasperado com as suas pr8tE:nçÕes a serem J. Paul Sartre.

~
" ,
. \
}

malhe r trabalhadora ;' ~·~';~~ f~. . f ' ; -

«isto de mulheres não interessa


para nÓS... não rendem»
a mulher e a procura de emprego
S a be~rs Quant o ~ dif f ci l hoje em dia para uma mulher encontrar emDrego' a . de
-. ":'~r'' e ~n' reo. o e os deSíle d'l~en_os
t ' .
agravam-se de dia Dara dia. Se isto afecta crlse'. t
dos rr~~~lha~c ES t b
<:
d d -
am em e ver ~ eque somos nos, mulheres, quem sofre mais na
;:. _~ ~~a ,'I_l: T '
,
o conJun o
ele
: -~. ~~ ~:a rac .
, Para mUltas de nos que ~rocuramos emorego pela primeira vez, depa~am­
Se =_ :_s na s ~lflculd a d es, as ~esmas respostas Dor parte dos patrões e encarregados.

Es tão por acaso a admitir pessoal?


O_porteiro sorri_e fecha a porta que
" i l:, \ O\'a (lC' C3 i a . à minha f r ente UJn da l?ar~ o escri t0rio para "poder falar
c(lif Í,,' ,e .e :: i:iolo5 \'emel hos, ;~ ão m:itc maIS avontade". Pergunta-me que ida-
f P ;:, , ~ entrada um enorme relógio que mar
de tenho. 19 anos é idade a mais.
ca O~ r:: ll1uto;:; dc descanso, as horas de tra= Aqu i o patrão só admite com 14 ou 15
ha1 \-": , : ::íh'ica dc confeccões de meias que a12o~. ~s. outra~ tinha que pagar o sa-'
en:pr c,L':: cc'ca de ~ 1)(1 trah~lhador es : 90 0
0 ' de larlo mlnlmo, nao lhe interessam. Pre-
mulhe~' cc . lc.acle média: H e 15 anos . Sa lá- fere a mão de obra barata, mulherES mui
r~ c néé, i o = :; ()(: S(H!. . J1orário de trabalhe : 9 to novas.
horas di5rias .
\ 1:1a101'ia das trabalhadoras desconhece Olho-me e acho-me nova de mais velhá
<1 existência do sjndicato , não há de legadas demais no entanto para este l~gar on-
sinÓclls . Pan elas a r~l \ r ica significa o de a exploração começa cedo.
trahali lC' árduo, o encarregado , o patrão,que
passe Ü, f requentencnte pela fábrica, fala \ . Toca para o a lmoço. As raparigas saem
para_as m~nJar tra halhar ou para l hes a t i - ,lU l to novas. Quase crianças, algumas; ou-
rar ~ car a a lgumas obscenidade; significa tras, poucas, mais velhas e com a express80
~amh~;r: , o mi sero salário que reçebem ao fim c~~r~gada, p~lo trabalho, cansaço,problemas
dO mes C' que s ene "rara ajudar um pouco em
dlarlos na Fabrica. Em casa também. P~seme­
casa" , 91::e ~ di nhe i ro que o pai ou marido lha-se em muito ã saída dum Liceu. r.1as o
trazem Ja nao chega para nada; significa a direito ao ensino não existe para elas.
porta ela fila, o desen:prego , para mui tas que O porteiro finaliza a conversa:-- nao
atmgem 051 8 anos , ou que não"caiem nas bo- posso fazer mais. Se tivesse 16 anos tal-
. vez, e era se o patrao - estivesse de bom
' hu-
as graças Jo patrão ou do encarregado". mor.

---------------------------------11
nas,"Esta
onde Fábrica é uma só,
as respostas são no ex: ----------------ft-~
meio de cente
as meswas,a _ ~
ploração é igual. Fábricas têxteis, cera-
micas., de calçado, sectores do norte do país
onde a mão de obra feminina é explorada .des
de muito cedo, onde os despedimentos come:
çam a surgir, onde a mão de obra feminina é'
quase exclusiva, onde no entanto às delega-
dos sindicais são geralmente homens, onde
o sindicato raras vezes entra, e onde o pa-
trão actua a seu belo prazer. Nas fábricas pequenas é habitual, pa-
ra quem vai procurar emErego, t~r de falar
directamente com o patrao. E aI a conversa
"TOMARA VERMO -NOS LIVRES DAS QUE CÁ ES- fica bem clara: lá vem a primeira pergunta
TÃO" "é solteira? Que idade tem?" para a mulher
casada ou mãe solteira o problema é ainda
A resposta é sempre a mesma:"- traba- mais grave. E depois, o patrão repete : "E-
lho para mulheres não há: tomara vermo-nos las (elas, somos nós ) faltam. Vem o par to,
livr es das que cá estão :' Os patrões negam- estão sempre a desculpar-se co~ dores, .uma
-se a empregar mulheres porque não querem vez por mes, e faltam quando vem as_ c~lan­
dar -nos as regalias que, com a nossa mobili ças. r o di~bo: !sto de mulheres nao lnte~
zação, conseguimos ver escritas ' nos con- ressa para nos, nao rendem. Olhe,onten' fOI
tratos colectivos de trabalho: o direi to a uma despedida e já decidimos que o lYf.ar ~ai
3 meses de descanso após o parto, o salário ser preenchido por ~. 110mem. O salarl~ e o
i gual para trabalho igual, as creches. mesmo e então nós preferimos homens. So em
-------~.~--------------------------------------- alguns trabalhos, você sabe, daqueles pélx a
que vocês têm jeito (nós acrescentamos: os
mais mal pagos)~ trabalho de mulheres, de
mãos, é que nós empregamos... i'las esses es
tão cheios. E de qualquer forma,o lugar dã
mulher é em casa, não e assim?"
Parto à procura de mais uma Fábrica,f~
lar com mais um patrão ou encarregado ~u e
primeiro me va i despir com o olhar e depois
me vai bombardear com perguntas. 1\0 fim, a
resposta é sempre a mesma : ~não há nada".
r urgente criar comissoes de mulheres
nos sindicatos, na CGTP, para resolver os
nossos problemas, denunciar a nossa explo-
ração diária, exigir o direi to ao trabalh~
não permitir nem mais um despedimento.
t preciso que este nosso boletim SIr-
va também para impulsionar essa luta .

sexua/idliJe
INFÂN CIA E ADOLESCÊNCIA
Desde que nascemos, que somos tratadas livremente o nosso corpo.
de maneira diferente: As bonecas para nós e P. distinção prossegue ao longo dos a -
os mini-laboratórios para eles. As roupas nos - Nós somos "emotivas", eles "intelec-
também são diferentes: devemos dar atenção tuais", nós "amorosas e graciosas",el~s "de
aos nossos vestidos, enquanto eles têm di - sajeitados". Eles são desportistas,nos ocu
reito às "calças sujas", malinhas de mão e, pamo-nos da casa. Eles vão ser médicos, nós
nada de bolsos, isto é, mais um truque para vamo-nos casar.
nos impedirem de mover os braços e de mexer Algumas de nós sonhámos com profissões

12----------------------------------------~--------------------
interessantes, apaixonantes mesmo, e torná- resse em ter cuidado" - e pronto, foi as-
mo-nos mães de família, sem saber como, as- Slm.
sim de repente, agora desprovidas de centros
de interesse. *****
Nós próprias nos definimos muitas ve-
zes por oposição aos homens: os homens, E- " Quando tive as minhas primeiras
les, estão condicionados para pensar, domi- regras fui dizê-lo à minha mãe. Ela esbofe-
nar, criar, enquanto que as mulheres estão teou-me e depois felicitou-me. Mais tarde ex
condicionadas para serem passivas, doces, plicou-me que a bofetada era um velho cost~
emotivas. me .•. ".
Bom, dizem algumas de vocês, não é as-
sim tão mau, afinal somos "diferentes". Nós *****
não estamos de acordo. Nós acreditamos que
tudo isto é fruto de uma educação que nos "Eu encomendei um livro sobre a mens-
condicionou para sem.os "criaturas passi- truação, que chegou embrulhado num papel cas
vas" , particularmente no que respeita à nos tanho. O meu pai interceptou-o e . proibiu:
sa sexualidade. E assiIJl, nós "não nos deve: -me de o ler ... ".
mos interessar pelo sexo", isto é "assunto
de homens". E se nos interessarmos não deve *****
mos proclamá -lo, porque é "suj o". A mulher
"ideal "não deve tomar a iniciativa. A sexua E assim de seguida... o nosso corpo tem
lidade feminina caracteriza-se generalizadã para nós qualquer coisa de vergonhoso.A no~
mente pela sua anatomia e fisiologia, em a: sa sexualidade choca e põe os nossos pais em
titude fundamental de acolhimento da excita cólera. Quando atraves samos a adolescência,
ção provocada pe~o homem. - descobrimos que existe uma só forma de bele
Os homens tem um comportamento seXual
agressivo, e nós, nós esforçamo-n0s apenas
por limitar a "agressividade" do nosso com-
panheiro sexual. Nós estamos de tal maneira
ocupacias a conter esse "poder se:x.'Ual", que
nunha chegamos a conhecer o nosso. As nos-
sas funções sexuais e corporais pareéem-nos
sempre um pouco misteriosas. Enquanto garo-
tas, se somos surpreendidas a mas turbarmo-
-nos ou a tocar no corpo de uma amiga, orde
nam-nos que paremos imediatamente ou pergun
tam-nos muito seriamente o que é que esta:
mos exactamente a fazer. E acabamos por com-
preender que as "meninas bonitas " não fazem
"isso".
*****
" " A minha filha de 3 anos estava co
migo em visita a casa dos meus pais, todos
juntos, numa sala de estar. Ela estava sen
tada no tapete. Pegou num rolo de papel hi:
giénico e pô-lo na vaglna que estava à mos- za convencional e publicitária - torturamo
tra. -nos por causa do peito, dos cabelos, das
-"O que é que acontece se eu fizer um pernas, que não são, que nunca são como "de
chi-chi? perguntou. v~am". Sem falar de adornos corporais ou dos
-" N2:o faças, porque vai sujar o chão - pes "demasiadamente grandes "... é o desrespei-
disse-lhe eu. to por uma individualidade nossa e pelo nos
O meu pai ficou transtornado e ralhou-me i- so corpo, formas, e comportamentos. Compra:
mediatamente. Eu devia tê-la repreendido e mos "sprays vaginais" e devoramos os arti-
ter-lhe dito para não falar "dessas coi- gos das revistas femininas que indicam as
sas" ... mil e uma formas de nos tornarmos "sexys".
~ A vergonha e a ansiedade complicam tam
***** bem as ..nossas relaçõe~ com os nossos filhos ~
Gostarlamos de ser malS francas sobre as
-" Quando tive as primeiras' regras ,a qu~stões s~xuais, do sue foram 0S nossos
minha mãe fechou-me na casa de banho e man- pals, mas e muito diflcil. Quando os nossos
dou-me despir. Estava toda nua à frente de- filhos nos perguntam "daonde vêm", utiliza-
la e ela disse num tom seco - "Agora já mos outros termos, . que porém se mantêm mais
podes ter filhos, portanto tens todo o int~ ou menos iguais aos dos nossos pais.

13
***** - Sim
Foi dif í cil ela ver o seu clitóris por
" Outro d ia t omei banho c om a minha debaixo da sua grande barriga, sobretudo qu
filha que vai fazer em breve 3 anos . Eu es - ando ela se pôs a rir porque eu pus o meu de
tendi - me, e l a es t ava sent ada entre as mi - do, depois o dela sobre o clitóris. -
nhas pernas . E disse - me: -- . Ao menos, ti ve a impressão de que era
~ ~lamã, tu não tens pénis ~ mais desembaraçada e mais aberta no que res
Eu res12ond~ - lhe : - ~ão , _tu tens razão, peita à sexualidade com a minha filha, do
os hOD.Cns t em penis mas a mama, as mulheres, que a minha mãe foi comigo . "
têm um clitóris .
Tudo ia bem, quando ela atalllou : - ~!~
mã, onde está o teu cli t ór is?
Bem, que fazer? Eu respirei fundo (sem (EXTR.\IDO DA El\CICLOPtDIA "\OTTRE CORPS,
dúvida para ganhar coragem), senti -me corar, ~OUS ~Ií)!ES -elaboração de um colectivo de
desviei os meus l ábios vaginais e mostrei - mulheres francesas . Continuaremos no próxl -
- lhe o meu clitóris. i\ão foi muito mal. no boletim com o tema ''\-IRGI:\DADE'' .
- "Queres ver o teu ?"

G _h._'f7_e_am_e_n_to_I_'"a_m_l_'h_
'81_
e

_ _ _ ~_~_;_~_~_;._J
Irlanda
Não à repressão!
Pelo direito à contracepcão!
,
A situação ê diferente D9 Sul e no \01' lheres não casad é:s que r ecorrer' ac.'I l\" .< .', ~)" .
te da Irhmda . \0 que respeita ao Sul ,o a= Y'.ento féL'TlÍliar para obteT contracepti\'os ,es
borto é totalmente inteTClito , na 5f'C'.";::J'cia ta proposta suscitou uma reacção enonne e
de l..:ma le i apro\-ada eTT'. 1860, e pode le',ar à iJned i2_ta . Uw movimer.to ("Contraception .~I. C­
pnsao para a r.1.ulher que o fa: e par~ o mé- bon Programme") surgiu, apoié1do por \';.;"1-i05
dico . O Planeamento Fani liar, que nao es- ser:acores e méc' icos conhecic1os que procularr.
conde que em:ia as r.1Ulheres para Ol..,tros paí ganhar o apoio activo dos sindicatos ,do l';'tr
ses para abortar (sobretudo p2ra a Grâ - Bre= tido trabalhista e ele diversas organizaç6e~
t anha, desde 196 7 , data da liberalização da po lític as , que já se pronunciaram no papel
lei neste País) ê igualmente perseguido . .!\ - pela liberdade de contracepção .
valia-se ep: 4 000, o número de mulheres que t preciso saber que, 11(1 Irlanda do Sul,
'vão cada ano a Inglaterra . Entretanto, é as organizaç6es do planeamento familiar não
mui to difícil de lançar llr.lél carr.panha pelo são subsidiadas pelo Estado e que não tê" i di
direito ao aborto na Irlanda, de\-ido ao pe - reito a \'ender contracerti\'os, 'sendo estri=
so excessivo da Igrej a (a maioria dos Iiospi tarr:ent e proíbida a sua \~e nc, a . :\tê aqui"tor
tai s estão sob a sua dorninacão) e ela r es is = nearam a l ei", "dando" os contraceptivos em
tência por parte das mulher~s em abordaI" es troca de um "donati\'o" da pessoa eJ"l. causa.
te assunto . - Como não se consegue encontrar contraceptj -
Pelo contrário o problema da \'OS em território Irlandês , iP.1port.avam- J1os,
contracep ç ªo, está hoj e no _centro de l..UE de- da Ingla terra desde 1974 . ~las as autorida -
bate que ja assumiu WE caracter bastante va~ des alfandegár ias bl oquearam estes en\'ics
to. A contracepção peTr.1.anece ilegal na Ir - em Setembro último, a fim de impedir que os
landa, para a maioria das mulheres. Urna de - centro de planeamento far.1iliar continuassem
cisão da Corte Suprema autoriza o acesso aos a funcionar, o que não teve outro resultado .
contraceptivos para as pessoas casadas, mas se não o reforçar da IT'.obilização em defesa
a direita tent a actualmente fazer passar u - da contracepção .
rna emenda restringindo a contracepção ainda \a Irlanda do \ orte a situacão é malS
mais . Visto a percentagem importante de mu complexa. Se bem que estando sob a juris-

14-----------------------------------
dição do Reino-Unido, a maior parte dos con denorilinada "contraceptivos ilimitados". Ma-
dados não aplicam a lei inglesa e a maioriã nifestações de apoio já tiveram lugar em Du
das mulheres não pode abortar. De uma ma- blin e Londres. Está a ser preparado um cõ
neira geral é o tema da contracepção que mício nacional para o dia 31 de Março. En:
constitui o eixo central de mobilização, se tretanto, a solidariedade com a luta das mu
bem que alguns grupos de mulheres continu- lheres irlandesas e a denúncia d,e qualquer
em a insistir sobre a necess idade de discu- repressão sobre o planeamento familiar e as
tir também a questão do aborto. activistas que abriram o centro de vendas
Entretanto, na Irlanda do Sul , foi a- de contraceptivos torna-se urgente.
berta uma loja de contraceptivos em Dublin,

f
I
I
mu,/he 7-eS no mundo
~---------------------------------------

Campanha Internacional sobre


o ABORTO- CONTRACEPCÃO ,
Demos já notícia no boletim anterior dia (2 grupos); Niseria (4 grupos); Irlanda
da Campanha Internacional que se es tá a le- do Norte (2 grupOS); Panamá,PeTÚ (3 grupos);
var a cabo PELO DIREITO À COl\lRI\CEPCÃO E AO Portugal (6 grupos de mulheres e organiza-
ABORTO COKTRI\ A ESTERILIZAÇÃO COMPU1,SIVA .Pu çoes); Porto Rico; Espanha (19 grupos e or-
blicámos um manifesto que serve de platafor ganizaçoes, englobandõ o pais basco, a ' ca-
ma a essa mesr:1~ campélil1]a . De lá até cá mu~ t alunha e a galiza) Suécia (5 grupos); Suí~
tas novas adesoes se tem conseguido . As ac- ~ (30 grupos e organizaçoes); Venezuela;-
ções que se têm levado a cabo em cada um dos Zambia; Estados l~idos da Ar:1érica (19 gru-
p2.í ses t êm também aumentado de número e de pos e organizaçoes).
impor t ância . A preparação do dia Internaci Encontram-se assim neste momento par-
onal de acção: O DIA 31 DE ~lI\RÇO, deu tam- ticipando na campanha mais de 250 organiza-
bem alguns passos em frente . Entre os paí- ções de cerca de 32 países. A campanha e
ses que, através de grupos de mulheres, or- as sucessivas reuniões que se levaram a ca-
ganizaçôes políticas e sindicais, associa- bo permitiram também um conhecimento nais
ções de planeamento familiar, aderiram já profundo da situação que se vive em cada mn
ã campanha há a referir Cl3 seguintes : Aus - dos países no que respeita à contracepção e
trál ia (17 grupos e organi zações ) ; Aus tna, ao aborto. Iniciaremos hoje a publica~ãoae
(4 grupos e organizações); Bélgica (10 gru informações Tespeitantes aos vários palses.
pos e organi zaçees ); Grã- Breta:rula-{1 4 gru= Começaremos pela Irlanda. No próximo bOle-
pos e organizações); Canada Francês - Provín- tim falaremos da situação que se vive em
cia do uel"ec (9 grupos e organizaçoes) Ca - Inglaterra, Espanha e Es tados-Unidos; dare- '
na a In~ l es 8 grupos e organizações); Co- mos tarnhém informação de como decorreu a
lombia 6 grupos e organizações); Costa Ri- última reunião do ICAR, que teve lugar no
ca (equipe feminista de l a OSr ) ; Dinamarca , dia 17 de Fevereiro, em Barcelona.
14 grupos); República Dominicana (3 grupos); Entretanto, as adesões à campanha, bem
Irlanda (4 grupos de mulheres); Finlandia como todas as informações deverão ser envia
(uma organização); França (30 grupos e or- das para
ganizações -- de r ef erir-a adesão,de sec-
ções regionais da CGT e CFDT) ; Alemanha (24 ICAR COORVINATION GROUP
grupos e organizações ) ; Grécia (3 grupos); C/o NAC ,
Holanda (1 grupo); Iceland (um grupo) ; l N-
dia [5-grupos e organizaçoes); Israel ("The 374 G~ay~ ~~~ Road
Israel Feminist ~Iouvement ); Itália(30 grupos L o~do~ W.C. 1,
e organizações); Japão (3 grupos) ; Luxem-
burgo (4 grupo~); Mau r i tânia (Muvman lib~r~ BRITAIN PHONE 01-278-0153
tion fernme); ~!exico .(2 grupos ); Nova Ze lan-

----------------~----------------15
EXCISÃO DO CLITORIS
Ho Je., AgOfta, FINS do século 20, ACONTE Quando do primeiro parto, as r.~lheres
CE no Yemen, Kénia, Guiné, Mali, Tanzânia: estão novamente sujeitas ao corte, sendo de
Iraque, Sudão, Arábia Saudita, Etiópia, Jor pois novamente cosidas. E assim sucessiva-
d~nia, Síria, Costa de ~.larfim e Região J\ma: mente ... desde que a pedido do marido .Assim
zonica, Uí MI LHUES de raparigas e mulheres a excisão dá lugar a uma nova ferida que
ANUALMENTE, e chama-se nunca chega a cicatrizar e da í todas as com
plicações, nomeadamente as que sucedem após
a:(I~ 00 CLlmRIS o parto, com a comunicacão da vagina com o
recto ou a urétera, sem ~ falar <ia frigidez to
tal, presente em 95 % das mulheres mutiladaS.
Porém tudo isto não adquire significado pe-
II , A minha <miga Foutu estava esten- rante o obj ectivo visado EXTIRPAR O PR~ZER
dida no chão, segura por mulheres que lhe a DA jl lULHER E PROIBI- L'\ DE DISPOR DO SEU COP -
fas!avam as p<::mas. Uma velha fazia a ope: PO:
raçao ... \a vespera tinha ligado urna urtiga
ao clitóris dela para que, inchadó se pudes Tal operação também te~e a sua pratlca
se agarrar a cabeça e aplicar o tição de ma nas mulheres da Europa no seculo X1\, ainda
deira sagrado no lugar a destruir . não mui to longínquo ... \las há quem l he vej a
Foutu gritava de dores . A operação e- actualidade ... senão, corno compreender a es
fectuava-se sem anestesia e sem qualquer pre peculação a que se votam os psiquiatras,quan
venção higiénica. Com um caco de garrafa da do, c1i\'agando sobre o "masoQuismo" femini :
va golpes profundos na ponta superior dos lã no, tira;n :-'. brilhante conclLisão de que "AS
bios vaginais, porque um pequeno corte nãõ R.\PARIGAS ATt GOSTA\l DISTO".
impede suficientemente a desvergonha seÀual Claro, nós diriéU110S mais: as raparigas
dela . A ve lha não conseguiu ao primeiro cor até desejar, a excisão, senão defender-se -
te e recomeçou. Foutu gri tm-a de dores. - -iam: Sim, porque se o índice de castração -
... Quando o clitóris foi destruido,as 05% - se compreender entre os 8 e 11 anos,
mulheres mais ,-elhas gritaram de alegria e assim como Qrande parte das mull',eres
1 '--- ~ - -
r,10r -
obrigaram Foutu a dançar . rem c;turan te ~l operaçao. .. e pura casual iela-
A cicatriz durou 2 a 3 meses e foi mui ele :
to dolorosa . Quando urinava, Foutu tinJ1a dõ Tuelo isto é eficaz e lógico. Para cola
res insuportáveis ... " - horar ainda mais, proferenl-se do alto de uma
Este é lun depoimento de uma mulher da c i ~ncia hesteiras deste ca lihre:
Guiné e refere a castração feminina a que
80 % das raparigas dos países mencionados es "A clitoridectomia é saúde" - Dr.:::"\\;mg.
tão sujeitas. -
\a Etiópia, na Somália e no Sudão, não Os cirurgiões egípcios praticm-aJ;' es-
só o clitóris é cortado, como também os lá- ta intencenção a pedido elos mar idos preten-
bios superiores vaginais são cosidos. \a ge dendo que o calor elo clima desem'ol\'eria di
neralidade, o clitóris é extraído conjunta= tório:: enormes que arrastavam as suas POSSUl
mente cor.: os látios vaginais inferiores, às doras a verdadeiras fob ias lúbricas, impe =
vezes de urna forma tão profunda que dá ori- elindo- as de urinar e constituindo lEais tar-
gem a um verdadeiro orifício. de obstáculos ao parto .
O ritual não fica, porém, por aqui. Ain O Dr . ~Iahameel !-!nni ](orched, director ge
da há mais. - ra1 dos hospitais do ~unicípio de Saúde, a:
\a noite de núpcias ,o marido, com uma conse1ha a operação para "aJ 51-iar as mulhe -
faca ou lâmina corta os lábios vaginais da res e 1imi tar-lJ1es o apetite seÀual".
jovem esposa (na generalidade com 12 a 15 a Dói: Dói-nos nas nossas característi-
nos) mas arenas o suficiente para introdu = cas de \ lu1heres, sofre-se na di gn i dade hlfila
zir o pénis. Na ~1Uli1ã seguinte o marido mos na por toçlas as mulheres que sã~ cortadas:
tra. .. orgulhoso. .. a faca ensangLlentada ã cosidas ou no melhor dos casos, reduzidas
quem quiser ver - A PROVA DA \-IRGIl\DP.JlE da ao si1~ncio e à ignorância, sequestradas,
l'-lulher e da sua POSSE sobre ela : SUS VITAE violadas, neâadas, despre zadas e destluldas
O marido é ainda aconselhado _nos priIneiros na sua I'erdac e .
tempos a fazer valer várias vezes ao dia os \ós aqui não temos l'ergonJ1a em · falar
"sells dotes " de JTl.odo a que a cicatriz não no clitóris e err- t;;o terrível prática, as-
cicatrize. sim como não temos medo de ofender a "cultu

1 6 - - - - - - - - - - - - - · -·-··-··---------------.··.·.·
ra de cada país ou povo", pois sabemos q:::e
tais pretensos valores folclóricos mais nao
visam que perpetuar a mais clara expressão
de uma sociedade que quer a todo o custo pre
servar o seu domínio "masculino" impedindõ
as mulheres de exercer o direito que têm ao
seu corpo e à sua sexualidade .
Não tenhamos ilusões : a excisão da prin
,cipal zona sexual da mulher , pretende des =
sensibilizar toda a zona geni t al feminina,
retirando-lhe a possibilidade de se satisf~
zero
Como um clitóris até é (segundo os pa-
drões da sexual idade actual) inútil para o
prazer do homem e para a procriação, é ne -
cessário ignorá-lo ou destruí-lo. O prazer
da mulher e inutil ao homem, que tem na ge -
neralidade apenas e~ conta a propriedade ex
clusiva do sexo feminino redu zido a0 essen=
cial .
E aâora, que o amor e a exploração or:""
gásmica a mulher aos poucos se vão despren
dendo da fatalidade, medo, vergoru1a ou cul =
pa; quando o último reduto entre a relação
sexual e a produção de filhos perde o seu
poder de conter as mulheres ...
Urge gritar contra o genocídio esplrl-
tual, contra o abuso de poder, contra a tor
tura moral, quando se reduz a uma situaçãõ
de "animal doméstico" ma is de metade da po-
pulação .
A cobardia e a cegueira com que es tas
ABERR~ÇOES são geralmente encar~cRs,faz-nos
pensar que a servidão d0 sexo feminino para
estes serllores não dependeria da opressão ge
ral, mas representaria a "maneira de cadã
povo colocar a mulher no seu lugar em socie
dade", a imagem perfeita de tuna mu lher que
se quer a todo o custo silenciosa, calada,
apagada, sempre pronta ao sacrificio .
~ Ias a ~1ULHER ESTA VIVA : E cada c1 i é1 mais
viva ecresperta! A recusar, a constnÜr aI
go ce novo e de seu: ~ós, mulheres, recusa:
mo-nos a ser espezinhac1.a~ COIT'O fru to de urn
"destino" imutável e eterno: Recusamo - lo . E
dessa forJllB construimo- nos!

RITA

Al4~~
. - B~ IQ., ~iO")14)'l ~
~~ ~ 2 _0..$ feirrM ~~ ~ ~ ~tm'l.­
lQ.h ~ 1, 3 O I mo. A ai.D- ~ ~ 10%) m,a, Aala.
2·? trk AAC teLa. S,e.CGaõ ~ ~/ma AAC.
iNSCREVE-TE NO 6RUPo~ cJ;t,'án.ia'm uúL, ~ ran:wl. ,das II/'.
------------------------------------17
cu/tutal

Quem tem medo de


VIRGINIA WOLF?
Filha de um crítico literário, nasce
Virginia \\"o lf nos meios intelectuais "ingle-
ses do f i m do século XIX, pr i ncípios do sé-
culo XX . Tanto Virginia como a sua irmã,\'a
nessa, tiveram uma educação cuidada, acompã
lIDadas por uma professora particular. lma=
ginem a professora, vestida de negro ,com UJn
óculo de vidro e bengala, a ensiná- las das
artes e letras, a tocar, dançar e ser graci
osas . .. enquanto o irmão aprendia grego e
entrava para a Universidade.
Foi para Virginia um grande choque a
entrada na vida em sociedade, onde as mulhe
res tinham todo o seu comportamento dirigi =
do para"desposarem um bom partido", onde o
centro de interesses era a moda, e onde 2S
porTas da cultura lhes estavélJP. evidentemen-
te vedadas. A este respeito escreveu \'ir-
ginia h"oH em "Um quarto que seja seu" :
" ... A liberdade intelectual depende de coi -
sas materiais . A poesia depende "da liberda
de intelectual . E as m11lheres sempre foram
l,sbres, não apenas ele há duzentos anos para
ca mas descJ.e o começo de todos os tempos. As
mulheres usufruiram de menos liberdade in- zaç
telectual do que os escravos atenienses . As
mulheres não tiveram a mínima hipótese de
escrever poesia . Eis ') motivo que me levou
a acentuar a importância do din11eiro e de
terem um quarto seu ... " E o direi to à cul Quando o pai morre \"irginia e os lT -

tura torna- se assim na sua preocupação !un= mãos insta lam- se em Bloomshury, onde nasce
damental, a par do direito fundamental a in o "grupo de Bloomsbury" , que pretende liber
dependência económica da mulher . :f que nõ tar a vida artística e a literatura ingle =
meio em que Virginia h"oH se encontrava in- sa dos defeito s , espartilhos e velho pó da
seria es tes prob lemas eram, são-Tlo a ire' a)'1"u~ época vi toriana .
to iI11portantes . Casa aos trinta anos COJT1" leonard h"oolf,
Desde mui to cedo que \'irginia começou jornalista e político, com quem compra uma
a escrever e a devorar toda a peça de lite- máquina de imprimir, t ornando-se lun dos pr in
ratura que encontrava na bib l ioteca do pai . cipais editores i ngleses. -
Escreveu: " . . . Eu quero amar, amar tudo: Virginia militou no Partido Trabalhis
crianças, aventuras, intimidade e trabalho" ta e colaborou activarnente no movimento su-='
e Virginia joga com o l~ oder das ;~:-:}avras ,de fragista, considelando que a sua luta era a
as fazer saltar do papel, com a coragem de luta pelos direitos da mulher . Falando para
escrever exactamente o que pensa . " .. . ~las os homens, antes da segunda guerra mundial
eles não podem comprar a literat ura t ambém. provoca o "2scanda10" quando diz: "As mulhe
Fechem à chave todas as bibliotecas ,mas não res combatem o mesmu inimigo que vocês! com
há portões nem fechaduras ou ferrolhos que hatem pelas mesmas razões ! As mulheres lu=
possam aprisionar a min11a liberdade de es - tam contra a tirania do patriarcado como vo
píri to."

18-----------------------------
cês lutam contra a tirania fascis,t a! 11 .
mos em 1941), enche os bolsos de pedras e
caminha pelas águas do rio Ouse até nelas de
" ... Um espírito grande é hennafrodi ta, saparecer .
Transmite emoção sem barreiras, Ficaram-nos os livros , as páginas chei
Criador, incandescente e uno" as de si, de nós também, "Orlando", ''Um Quar
to que seja seu", "Três Guinéus"... talvez
As personagens que conhece~os ao l~ngo hoje , mais do que ontem, os seus livros nos
das páginas densas de poesia, cor, cpoçoes, pertençam e adquiram todo o peso de urna ép2
r.ão são bem definidas no espaço e no tempo, ca, que Virginia viveu, de urna luta,que ,com
e é toda wna mistura de recordações de in- muitas outras, ela assumiu.
fância, de histórias de ontem e do presente,
~nde predomina a solidão e a escrita calma " ... E cabia-lhe seguir em frente sem olhar
e a ausência da raiva primeira, que se es- para a esquerda ou para a direita.Se páras
bate numa paz pessoal; por isso as _·páginas para insultar estás perdida. Se páras para
são hoje tão actuais corno o eram ha anos a - rir também.Se hesitares ou tropeçares, nada
trás. Atemporalmente, viaja Virginia, sem te resta. Tenta apenas saltar ... " .
se perder e permanentemente se reencontmno
hoj e, porém não esquecicco . A coragem de escrever exact8Eente o que pe~
C preço a pagar foi demasiad~"ente ca- sarnos o O apelo urgente que Virginia Woolf
ro. Deslocada no tempo (produto dele a~e­ nos lança.
sar de tudo), viajando até muito mais alem,
Virginia h'oolf , lúcida, com S9 anos (es ta- Odet e

pOr' aquI passou••• - ia apoUoni APRESENTA

GUllHE mE
GUILH ER,I.l E E ,I.!AR I NELLA
fi MARlnElfl
Um t eatro ... Um cartaz (cos telas , lom-
l/a
r
bo) ... urna actriz (em evolução) ... a mulher
... a vaca (pronta a ser comida).
A mulher normal em Portugal". .. Sem 10-
cubracões teóricas .
6 teatro servido com batatas fri tas ...
A piad<:t - se é que a situação da mulher dê
para rIr.
\'emos , rimos e gos tamos . ~!a is nada .:.Só
a nossa situação ... Sem mais nada ... a nu ...
Palavr as para quê? . . _
Vemos, rimos e gos tamos ??? Ate quando ?

Nasci de dentro do tempo *****


Quando o dia nasceu,
E com o sol fui crescendo Noite quent e e cama fria ,
~ !as o tempo rodou, Noite cabT.a e alma revolta,
Apareceram veredas, Noite grande e pouca esperança,
Os caminhos vazios, Noi te alegre e olhar triste,
E os silêncios que assustam. Noite jovem e sonho antigo,
Nasci de dentro do tempo Noite cheia e mulher só:
E a destempo chorei.

19
,I.6w.,o.. f~ ,dA. mt.Uw.. lfII.Ls ~
.LSI'C.h1.ótt'cl.a. I ~'"~ ~ )U.C.~
m.~ ~.d.o.~ ~~rrVl...Cl. ~ rm-t- ~oJ\-
~ ,<J ~ ~ rn..M ~' ~ .tlt~o.n- ~ "
.( N11\4 ~~c:.t.CVV\. Gt.o J..Vm.. ' 4 ~cz. tC,.O"t..~ ~~
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tt=cm. ~ ~a. . ~ . ~~· fCl.

C1w-. ~l.Y.la. ./l.fL,a.. .· 0 M'f~u, ~ ob. 5.t'd~


~ .O#l.~ ~~.
~ ~rfi I ' " /t7O;3 iN<am.J.Lda. J' .a..f.u.!:a. ..út-y.ud..-cl.:...J C"'f'L o§. !)
o ~ ,C>CJ.J.,fe1k ·; O k~,CV"L 40 .~ . . .
P. trn>5 ~cb. .cÚ ~cuft..;>, t'rn""":" ,e~ J f"1'l.A.U-té ~ ,..,.. ~•
. ~,., "in.~d"'.«:) Pr-1'Wl.-õ- ~ h~
~ ~jO~o)
I ,
".~) )1

~~j~ J.~ao$ {t!.(mr~ j

NAS {i:uTu,?O$,
MA.3 pf.<6 x.' NC ~ I

--------------------------------21
Prostituição e divórcio Calem-se no meio do vosso infernal ruído.
um desajustamento afinal, Silêncio!
a carie da legitimidade social, Tu, diz,
que caminhps braço dado sob a ruptura dimen A quantos porquês já respondeste,
sional. . A quantos te falta responder?
Falados em voz baixa, pintados de negro,te~ Não sabes!
do o mesmo status e papel, - t! -
o painel da exploração ts culto!
conflitos, traumas mais do mundo a percep- - t -
ção, ~legados marginais. Contudo, não sabes.
Porque vendar os olhos, porquê não encarar
~ ;.. .
Mas sabes engolir e arrotar palavras em
o slgJEa ~u discussão tremendamente balofa ,
porque nao o sim ao sentir, ao fim, ao meio, Sabes ...
ao bolir', NÃO SORRIAS. Não gosto de te ver sorrir .
resta, silêncio CTÚ TU NÃo SABES SORRIR,
porquê prostituição e divórcio, porquê mu- Abres a boca e mostras uma dentadura asque-
dar de ideias às crenças, às peias" rosa
das estrutural comunhão - _A prO\ra d2. tua ignorância.
porquê rejeitar e adoptar a solidão Ves? Agora teatralizas.
porquê a simbiose, a osmose do ser do ter, Enfei tas-te com a longiquidade,
do haver e do fazer . encenas a tua coreografia,
Porquê olhar como desintegração visceral, a TU QUE NUNCA SOUBESTE CRIAR.
pontar como gangrená, como escória popula= lJlvl NÃo REDOI\TDO PARA TI
cional Como tu,
o acto livre, emocional Que nada sabes.
demência funcional Só atas cordões, cheiras s bruto e mijas no
és o adeus ao paradigma, restricto e convie chão,
to dos pais e avós Semrre de pé, social sobretudo!
dos SOru10S e dos nós Silencio!
és a camuflagem perene que envolves asfixi - EU INFORMO:
ante o gosto, o sorriso , o sacrifício sole- HÁ ~IUITAS FORHl\S
ne - Eu 'acredito
expulsas adoptando a convulsa pena Há atitudes
um outro eu a lienante - Quero acreditar
projectando realidade semelhante . Há mistério mútuo
Eis a dignatária história do só! - Quero compreender
~!AS J\.~O QUFRO SABER ~i..L\ I S K.I\DA ,
MTES,
RESPIRAR A AThIOSFERA. Ul'\IFICA\TE
da
Suspeita! ...
. .. \ão sou a mulher
~em a criança ,
... Antes uma PÁGI~\
Agress iva,
Uma ousada decisão:
A si tuacão de ~ IULHER ter nascido,
Sem vazio ,
Sem medo,
Sem insatisfação .
- A ex-pressão gráfica de assumir a ~IULHER .

"Até quando a angÚstia, a impotência e o de A menina rompe, aos poucos a parede da tor-
sespero haverão de me afligir? re,
Esquece o ATt, desprende-te do CaD , do POR A tOrre de marfim: espaço de solidão.
QuE e do QUANDO e vem AQUI e AGORA a parti: Agora mesclada com o hálito do mundo dos ou
cipar da suprema bem aventuranca do ser A- tros~
PENAS! ...II ~,

***
Um minuto, **
*
Um minuto apenas de silêncio,
Ousado silêncio.
22------------------------------------~
noticias
PLANEAMENTO FAMI LIAR
CAMPANHA CONTRA A DEPO-PROVERA
• o curso de monitores de planeamento fami-
'0 ICAR está a recolher informações a-
liar, organizado pela .~r ªe.Coimbra e em cerca da injecção contraceptiva depo-prove-
que a Secção da ~!ulh~ r esta Integrada, te-
rá início ainda no mes de f\larço . ra, para uma caúpanha na Grã-Bretanha.Pedem
que se envie qualquer informação que se te-
nha sobre o seu uso, rápidamente. Iniciou-
- se também uma campanha de denúncia, acerca
• Spray nasal contraceptivo_- Investigado- dos problemas qUE se rnulheresencontram nas
res do Hospital Universitario de Upps~l~, Clínicas e Centros de Saúde Britânicos.
na Suécia, afirmam que os resultados InI-
ciais dos seus trabalhos sobre um spray
nasal contraceptivo têm sido satisfatóri-
os. Até ao mgmento, não se verificaram ~
feitos secundarios e se os testes - ' em
~bos os sexos - se continuarem a reve-
lar positivos é de esperar que este con-
. traceptivo esteja disponível para venda
dentro de poucos anos.
o Teve luaar em Lisboa (e dele não démos no
tÍcia na devida altura) oCURSO INTE~~ACIº
:\AL DE SAODE E PLAl\'EA;\IEl\TO FA\IILIAR ,na E~
cola \acional de Saúde Púhlica, entre 17
de Outubro e 10 de \ovemhro do MO passa-
do . Constitui UITl acontecimento importan-
te no referente ao planeamento familiar.O
curso foi da responsabilidade da Or ganiz~
cão \!undial de Saúde (00IS), Centro Inter-
nacional da Criança (CIE)·e Direcção-Ge-
ral de Saúde . Tem tido este curso uma p~
rioc1icidade anual, desde 1973. A Associª
ção para o Planeamento da Família esteve
presente neste encontro.
z
o SaÍu o número dois do BOLETU·' DA AP~ , de o
Ul
~ f-
publicação trimestral. Entre os vanos ar
tigos podes ler:
Quem faz educação sexual? ~;
\. . .:..:1
Crianças abandonadas uma perspeç
tiva histórica CAMPANHA DE SOLIDARIEDADE COMA IRLANDA
Sobre a pílula: revisão técnica fei-
ta a partir de um folheto da IPPF,cu~ Por proprosta das camaradas inglesas,
t a 15$00 e está à venda na nossa Sal~ na penúltima reunião do lCAR em Paris(Deze~
na l\ .A.C. bro.78) iniciar-se-á uma campanha de ~olida
riedade com a Irlanda que durará todo o mês (lê
Março, e em particular no dia 31, e que te-
ITÃ LI A rá corno obj ectivo , através de piquetes e me~
ting's em frente das Embaixadas da Irlanda
Chamou-se a um referendo para Abri l- em todos os paises, denunciar a repressão
-Jurul0 de 1979, para alterar os artigos so- que o Governo tem feito em torno da venda e
bre a lei do aborto, que tornam difícil pa- divulgação dos contraceptivos e do planea-
ra as mulheres abortarem. r.:ento familiar.

------------------~--~~----23
SITUAÇÃO MULHER ral (do ...qual faz parte a Secçao da Mulher)
que tera como função a dinamização do traba
Saíu já o 1 9 número do Boletim do GAMP lho cultural na Academia e o avançar com um
(Grupo Autónomo de Mulheres do Porto) inti- projecto de política cultural conjunto que
tulado "sftuação mulher". Podes comprá-lo, unifique o trabalho das diversas Secções e
na nossa Sala, na AA~. Organismos e mobilize cada ve.z maior número
de estudantes.

REUNIÃO DO CNAC (Comité Nacional para o A-


borto e Contracepção)
Vai ter lugar em Lisboa, no dia 11 de
~~rço, a II reunião do CNAC, donde sairá um
m~ifesto público a ser distribuído aos or-
gaos de informação e que constituirá a pla-
taforma base da campanha que então se vai
iniciar em todo o país, e à qual vários gru
pos, organiz~ções pOlíticas,orzanizéJções de
JI<,,' mulheres e varias personalidades já ('c.eI' i-
rélr.l e que terá como eixo, a exigência
despenalização e regulamentação de todas as
de

SitIlacãoMulhi:i"1 formas de aborto, desde que a pedido da mu-


lher, e integrados na Assistência ~Iédica ao
País.

III ENCONTRO VO CIVA


Teve lugar em Barcelona, na Catalunha,
, no passado dia 17 de Feverei ro o III Encon
tro Internacional da ~WANHA PELO DIREITO
À COl','TRACEPÇÁO, ABORTO, E CONTRA A ESTERILI SOBRE AS EL EIÇUES PARA A V. G. da AAC.
ZAÇÃO FORÇADA - AS ~1ULHERE S QUE DEC ID.AJ\I ! ,
que reuniu com a presença de grupos e orga- Ha ja l á o que houver ... est~os p'ró
nizações de mais de 30 países . que der e vier

A Secção da ~fulher da AAC., cons idera


aborto - an ticoncepción : que a vitória da lista afecta ao PPD,nas e-
leições para a D.G. da AAC., significa um
derecho de lasmujeres passo atrás no trabalho associativo e cultu
no a la esterilización forzosa ral que se vi nha desenvolvendo na "Academiã
e em que centenas de estudantes de há vá-
las lDujeres rios anos para cá têm estado empenhados.Sig
nifica também o incentivar do ataque das for
deciden ças reaccionárias às conquistas do movimen=
to estudantil e nomeadamente aos direitos da
~ lulher. Não podemos ficar indiferentes pe-
rante a eleição de uma Direcção-Geral,afec-
ta a um partido que, pelo seu programa e pe
la sua prática se encontra do lado dos que
defendem à morte e lucram com a opressão da
mulher e que são os representantes hoje e a
qui dá ideologia e valores contra os quais
día internacional lutamos. A existência da Sec cão da jI'fulher
deacción hoje, na Academia é uma prova "e sê-lo-á ao
longo do ano, de que queremos avançar para
31 de marzo de 1979 a frente , não ficando de braços cruzadC6~on
tribui ndo para a criação de uma alternativã
real à direita e aos seus valores, e que
FORMOU-SE O CONSELHO CULTURAL NA AAC. traga consigo cada vez mais estudantes.
A partir de uma reunião de organismos
e Secções Culturajs da Associação Académica
Ide Coimbra, constituiu-se um Conselho Cult~

24-------------------------------------

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