Departamento, de solicitação de esclarecimentos acerca da redução de ITBI ante a Lei 11.977/2009.
A referida norma legal dispõe sobre o Programa Minha
Casa, Minha Vida – PMCMV e a regularização fundiária de assentamentos localizados em áreas urbanas
O Programa Minha Casa, Minha Vida - PMCMV tem por
finalidade criar mecanismos de incentivo à produção e aquisição de novas unidades habitacionais ou requalificação de imóveis urbanos e produção ou reforma de habitações rurais, para famílias com renda mensal de até R$ 4.650,00 (quatro mil, seiscentos e cinquenta reais).
A Lei 11.977/2009, nos arts. 42 e 43, prescreve a redução
nos valores de emolumentos referentes ao imóvel adquirido ou financiado no âmbito do PMCMV. Vejamos:
Art. 42. Os emolumentos devidos pelos atos de
abertura de matrícula, registro de incorporação, parcelamento do solo, averbação de construção, instituição de condomínio, averbação da carta de “habite-se” e demais atos referentes à construção de empreendimentos no âmbito do PMCMV serão reduzidos em: (Redação dada pela Lei nº 12.424, de 2011) I - 75% (setenta e cinco por cento) para os empreendimentos do FAR e do FDS; (Redação dada pela Lei nº 12.424, de 2011) II - 50% (cinquenta por cento) para os atos relacionados aos demais empreendimentos do PMCMV. (Redação dada pela Lei nº 12.424, de 2011) PREFEITURA MUNICIPAL DE COIMBRA Rua Álvaro de Barros, 401 - Centro - CEP: 36.550-000 - COIMBRA – MG C.G.C.: 18.132.464/0001-17 - Telefax.: (32)3555-1152 / 3555-1214
III - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.424, de
2011) § 1o A redução prevista no inciso I será também aplicada aos emolumentos devidos pelo registro da transferência de propriedade do imóvel para o FAR e o FDS. (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011) § 2o No ato do registro de incorporação, o interessado deve declarar que o seu empreendimento está enquadrado no PMCMV para obter a redução dos emolumentos previstos no caput. (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011) § 3o O desenquadramento do PMCMV de uma ou mais unidades habitacionais de empreendimento que tenha obtido a redução das custas na forma do § 2 o implica a complementação do pagamento dos emolumentos relativos a essas unidades. (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011)
Art. 43. Os emolumentos referentes a escritura
pública, quando esta for exigida, ao registro da alienação de imóvel e de correspondentes garantias reais e aos demais atos relativos ao imóvel residencial adquirido ou financiado no âmbito do PMCMV serão reduzidos em: (Redação dada pela Lei nº 12.424, de 2011) I - 75% (setenta e cinco por cento) para os imóveis residenciais adquiridos do FAR e do FDS; (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011) II - 50% (cinquenta por cento) para os imóveis residenciais dos demais empreendimentos do PMCMV. (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011)
Conforme transcrito, o referido dispositivo legal (Lei
11.977/2009) limita-se a prescrever a redução sobre emolumentos cartorários, sem qualquer menção ao imposto incidente sobre transmissão de bens imóveis (ITBI).
O ITBI tem como fato gerador a transmissão, ‘‘inter
vivos’’, a qualquer título, de propriedade ou domínio útil de PREFEITURA MUNICIPAL DE COIMBRA Rua Álvaro de Barros, 401 - Centro - CEP: 36.550-000 - COIMBRA – MG C.G.C.: 18.132.464/0001-17 - Telefax.: (32)3555-1152 / 3555-1214
bens imóveis; quando há a transmissão a qualquer título de
direitos reais sobre imóveis, exceto os direitos reais de garantia; ou quando há a cessão de direitos relativos às transmissões acima mencionadas.
O Código Tributário Nacional - CTN (Lei 5.172, de
25.10.1966), rege o ITBI em seus artigos 35 a 42. A Constituição Federal de 1988 estipulou que o ITCMD (imposto sobre a transmissão causa mortis ou doação) competiria aos Estados e ao DF (art. 155, I), enquanto os municípios ficariam com o ITBI (imposto sobre a transmissão de bens inter-vivos) (art. 156).
A instituição e normatização do imposto sobre
transmissão de bens imóveis – ITBI é de competência dos Municípios, visto a prescrição do art. 156, inciso II, da Constituição Federal da República. Vejamos:
Art. 156. Compete aos Municípios instituir
impostos sobre: I - propriedade predial e territorial urbana; II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição;
Competência é um termo com origem no latim, e jurídico,
significando precipuamente a faculdade que a lei concede a um sujeito para decidir determinadas questões. A competência tributária é a atribuição dada pela Constituição Federal aos entes políticos do Estado (União, Governos Estaduais e Municípios) da prerrogativa de instituir e regulamentar os tributos.
A competência tributária é exclusiva, irrenunciável e
indelegável, ou seja:
A Constituição estabeleceu a competência de cada
uma das pessoas políticas, de tal forma que uma não pode invadir a esfera da outra quando criar ou PREFEITURA MUNICIPAL DE COIMBRA Rua Álvaro de Barros, 401 - Centro - CEP: 36.550-000 - COIMBRA – MG C.G.C.: 18.132.464/0001-17 - Telefax.: (32)3555-1152 / 3555-1214
regulamentar o tributo. Assim, só pode tributar os
fatos descritos na hipótese de incidência dos seus impostos; A pessoa política não pode abrir mão da competência tributária; Cada pessoa política tem a sua própria competência tributária e esta não pode ser traslada nem mesmo por meio de lei.
Lado outro, cumpre ressaltar que a Lei Complementar n°
101 de 04 de maio de 2000, estabelece, especialmente no art. 14 e seguintes, ao Ente Político as normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e prescreve que a concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário- financeiro.
Em outras palavras, o Ente político não pode “abrir mão”
de receita tributária devidamente estipulada por legislação, in casu, municipal.
Em termos de legislação ordinária, o ITBI, sendo da
competência dos Municípios, tem legislação própria para cada um deles. Neste sentir, o Município de Coimbra regulamentou o lançamento e cobrança de imposto sobre transmissão “inter- vivos” de bens imóveis por meio da Lei n° 530 de 22 de fevereiro de 1989 (cópia em anexo), que prescreve:
Art. 1° - Fica o Poder Executivo autorizado
a regulamentar, por Decreto, o lançamento e a cobrança de imposto sobre a transmissão, onerosa, inter-vivos, a qualquer título, de bens imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos à sua aquisição. Parágrafo único: a alíquota do imposto é de 2,0% (dois por cento). A base de cálculo do imposto é o valor dos bens no PREFEITURA MUNICIPAL DE COIMBRA Rua Álvaro de Barros, 401 - Centro - CEP: 36.550-000 - COIMBRA – MG C.G.C.: 18.132.464/0001-17 - Telefax.: (32)3555-1152 / 3555-1214
momento da transmissão ou cessão de
direitos a eles relativos, segundo estimativa fiscal, ou a preço pago, se este for maior.
Em face do exposto, considerando os fundamentos
jurídicos do instituto ora analisados, conclui-se que a alíquota do ITBI no Município de Coimbra é de 2,0% (dois por cento) sobre qualquer transmissão de bens imóveis, visto a ausência de normatização prevendo regulamentação diversa para casos excepcionais.