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CIÊNCIA POLITICA E FILOSOFIA POLITICA

O presente texto tem como objetivo abordar as origens da política como ciência e filosofia, assim como
também apresentar os conceitos de Ciência Política e Filosofia Política, com o intuito de mostrar as diferenças
existentes entre esses dois campos. De início é importante pontuar que ciência e política não são a mesma
coisa. Fato que se comprova quando falamos em política. Filósofos e cientistas andam em caminhos diferentes,
uma vez que os filósofos pensam nas coisas como deveriam “ser”, enquanto os cientistas estudam o mundo
como ele realmente “é”.
Mas enfim, quando surgiu a filosofia política? A filosofia política teve início com Sócrates e seguiu
com Platão e Aristóteles e continuou séculos após séculos através de outros grandes e importantes pensadores
como: Marcos Aurélio, Santo Agostinho, Montesquieu, Kant. A filosofia trabalha no plano da idealização das
verdades sobre os homens e suas formas de coexistirem em sociedade. Já o estudo da política teve início com
Aristóteles que se dedicou a compreender e a definir as diferentes formas de governo. Desde então, a política
entrou em pauta e recebeu grande atenção de governantes e suas respectivas sociedades, uma vez que a política
está presente em toda relação humana. Embora a atenção tenha sido reforçada sobre a política, a Ciência
Política propriamente dita só se constituiu muito mais tarde no século XIX, onde surgiria algo diferente da
Filosofia Política praticada pelos gregos antigos.
A ciência interpreta o mundo a partir da realidade. Já a ciência política ainda que baseada nessas
interpretações práticas não possa ser pressentida de teoria filosófica consolidada através do tempo. Isso se dá
justamente porque a ciência e a política aliadas constroem as soluções necessárias aos conflitos sociais e
políticos. Por isso é importante não confundir ciência com filosofia.
A filosofia é o idealismo, é o ideal de um pensador e a ciência é a realidade. A filosofia política estipula
como as coisas devem “ser” e a ciência como elas “são”. E a atividade política é um mecanismo que decide
se elas devem permanecer ou se devem mudar. Os filósofos políticos ao longo do tempo idealizaram os
modelos de democracia, de aristocracia, entre outros. Palavras conhecidas e de origem grega. Podemos dizer
que herdamos algumas palavras e conceitos criados pelos filósofos da Antiga Grécia e Roma. Onde podemos
citar Aristocracia, democracia, Teocracia, República. Palavras que utilizamos até hoje, aja visto que esses
conceitos não mudaram, são os mesmos.
Como mencionado anteriormente, Sócrates é o primeiro Mestre e por mérito é considerado o fundador
da ciência política. É o responsável por uma ideia conhecida e comentada até hoje “conhece-te, a ti mesmo”.
É importante salientar que temos uma tríade onde há três grandes patronos da filosofia política: Sócrates,
Platão e Aristóteles. Platão por seguidor de Sócrates foi quem transmitiu tudo o que se sabe sobre o filósofo
até hoje. Uma vez que Sócrates não possuía o hábito da escrita.
O filósofo para se chegar à ideia do “deve ser”, se basearam em algo e fizeram claro suas avaliações.
E os cientistas se baseiam no “ideal”. Os filósofos formulam o ideal, quando falamos em democracia vamos
nos deparar com muitas formas de democracia diferentes. Mas os filósofos nos legaram a formula do ideal.
Platão mesmo as escreveu em uma das obras mais lidas do mundo - A República onde descreve o que seria o
ideal que nunca se materializou.
A democracia que conhecemos é diferente da democracia de Platão. Hoje podemos dizer que o nosso
conceito de democracia é muito variável em função da própria ciência política. Quando falamos em
democracia política falamos em eleição e consequentemente em voto. No entanto, o voto é um instrumento
para se chegar à democracia. O voto, na verdade, é apenas um procedimento, por isso essa democracia apenas
na eleição é uma democracia “procedimental”.
Se observarmos a realidade que Platão, Sócrates e Aristóteles viveram era diferente. Existia uma
democracia direta, ou seja, um tipo de sistema onde os cidadãos discutiam e votavam diretamente as principais
questões de seu interesse. Se analisados dados, veremos que a cidade de Atenas no período de Platão possuía
apenas 300 mil habitantes. Número de habitantes atualmente das cidades brasileiras, o que torna impossível
praticar a democracia direta. Observe que democracia direta se tornou apenas uma idealização. Porém, ao
longo do tempo foi se aperfeiçoando e se aprimorando a partir conhecimento que já se tinha da democracia
que era praticada. E, com ela, foi possível chegar à democracia desejada.
A origem da filosofia da ciência política vem de Sócrates, com a contribuição de um grande número
de outros pensadores gregos, sobretudo os pós-socráticos. Os romanos, por sua vez, se destacaram quanto a
noção de Estado. Estado não é uma palavra grega é uma palavra Latina. E assim, como os gregos nos legaram
a filosofia, os romanos nos legaram o direito. Nota-se que são duas contribuições que se completam e sem as
quais o mundo contemporâneo não poderia sobreviver, sem a Política e sem o Direito.
A política gera o direito quando o estado determina qual a constituição que vai adotar e o Direito limita
o poder do Estado. Dois âmbitos interdependentes e essenciais, vitais e fundamentais para que se tenha um
regime, um tratamento que conhecemos e regime que aspiramos. A ciência política sempre existiu porque
sempre houve governo, houve nações e um sistema organizado. No caso do Brasil, quando nos tornamos
independentes tínhamos um Estado unitário. Com a proclamação da República surgiu o Estado Federado
composto por vários outros Estados. Isso mostra que o modelo de Estado vário no tempo e no espaço.
Nicolau Maquiavel foi um grande pensador, até hoje está presente quando se fala em estratégia política
e de governo. Uma de suas obras mais comentadas é “O príncipe”, com seus conceitos e seus parâmetros.
Maquiavel é muito citado para definir tanto conceitos negativos quanto positivos em relação à política. Vale
lembrar que quando ele escreveu O Príncipe, durante o Renascimento, traduziu a realidade política do seu
tempo. Ao viver um período muito conturbado na cidade de Florença, assistiu aos grandes espetáculos,
agradáveis e desagradáveis da política.
É possível observar na Obra O Príncipe que ele dá conselhos ao príncipe quanto a maneira de conduzir
e se manter em seu principado. Ele diz, por exemplo: O homem precisa de fortuna e Virtude, e que o homem
deve ser, quando tiver que seguir destino, ao mesmo tempo lobo e leão, porque, o leão tem a força, mas não
sabe quando poderá ser atacado, e o lobo tem esse instinto. Por essas e outras ideias, seu livro foi excomungado
pela Igreja Católica na época.
A Ciência política se ocupa em descrever as instituições políticas, como: o Estado o Governo, os grupos
de pressão, os grupos de interesse. Ocupa-se também dos recursos que a política se utiliza: o poder, a
autoridade. Ao mesmo tempo, se preocupa com os recursos da política: formulações e o processo de tomadas
de decisões na política. E, os fins da política que é administrar e conciliar. Ou seja, a política objetiva
administrar os conflitos de forma não destrutivas. A política, sobretudo é o campo da atividade humana. Vale
lembrar que o estado não é apenas um produto de leis. O estado é um produto das leis e da constituição que
define como será o Estado. Então ele é um produto do direito constitucional e produtor de leis que rege a
sociedade. O Estado é resultado do Direito e, ao mesmo tempo é quem produz o direito. O poder político é
limitado pela lei, e o que limita o Estado é a constituição.
O direito e a política têm que viver em harmonia, porque o Estado que produz as leis e o Estado é quem
produz armamentos jurídicos de cada país. As leis devem ser cumpridas. Platão quando escreve Apologia de
Sócrates, ele vai relata que Sócrates foi condenado por perverter a juventude. Ao tentarem convencer Sócrates
a deixar a cidade para se livrar da condenação, Sócrates responde que sempre viveu naquela cidade e sempre
obedeceu às suas leis, por que ela deve ser obedecida por todos. Então, poderia ter deixado esta cidade no
momento em que quisesse porque era livre e agora não poderia se recusar à lei que a ele foi posta. Então
padeceu mesmo ainda que a lei injusta.
A ciência política é uma ciência muito nova. É preciso lembrar que o século XX padeceu de duas
grandes guerras mundiais. Todo o ocorrido nessas guerras inquietou a sociedade que padeceram a essas
guerras. No fim da 2ª guerra mundial a UNESCO convocou um colóquio em Paris para definir o que seria a
ciência política e o que deveria estudar. A partir da década de 50 e 60 surgiram livros definidores tratando
sobre os partidos políticos e entre outros. Foi nesse período que se criou um mecanismo internacional, a ONU.
Instrumento para tentar evitar revoluções e guerras, com o intuito de tornar o mundo mais civilizado e com
melhores formas de convivência.
Hoje podemos ver que tivemos cientistas políticos inseridos nos governos de inúmeras maneiras.
Exemplo disso é o presidente FHC que é Sociólogo e doutorado em Ciências Políticas nos EUA. Pode-se citar
também Fernando Haddad, diplomado em direito, fez mestrado em economia e doutorando em filosofia e é
professor de Ciência Política na Universidade de São Paulo. É filiado ao partido (PT) e atualmente é prefeito
do município de São Paulo.
Atualmente a ciência política não busca apenas ao campo universitário, mas também da análise da
política e de riscos, onde a teoria política formula novas propostas visando que tipo de governo, que tipo de
política, que tipo de atividade política é mais propicia para a busca constante pela democracia. É um mundo
que ainda está por descobrir, ou seja, a ciência política é uma ciência em construção.
Por fim, vimos por tanto que não há contradições, o que há na realidade entre a filosofia política e a
ciência política é uma integração cada vez maior do fenômeno que é o mais importante da humanidade, o
fenômeno da política diz respeito a todos nós. Política existe desde que o homem se civilizou. A política existe
para equilibrar o que querem os filósofos ou e o que pede a realidade. Para manter aquilo que deu resultado e
para transformar aquilo que não deu resultado.
Introdução à Política

Desde os filósofos e pensadores gregos os fatos relativos ao governo da sociedade humana vêm sendo
objeto de estudos exercendo influência profunda e duradoura na cultura ocidental. Etimologicamente política
vem do grego: politéia (πολιτεία), politiké (política em geral) e politikós (relativo aos cidadãos) e estava
relacionado à organização das polis, as cidades-estados gregas – uma nova forma de organização política e
social que ocorreu na Grécia Antiga. Desde então, a política passou a denominar a arte ou ciência da
organização, direção e administração de nações ou Estados. “O que a política grega acrescenta aos outros
Estados é a referência à cidade, ao coletivo da pólis, ao discurso, à cidadania, à soberania, à lei” (MAAR,
1994, p. 30).
Os dois primeiros grandes sistematizadores do pensamento político, Platão e Aristóteles, entendiam a
política referente ao estudo da polis, suas estruturas, instituições, constituição. É de Aristóteles a ideia de que
a política é a ciência “maior”, ou a mais importante do seu tempo, preocupado com um governo capaz de
garantir o bem-estar geral (o bom governo) da sociedade.
Contudo, foi só no Renascimento que a política começou a adquirir, de fato, contornos de uma ciência.
A ciência política moderna é uma disciplina relativamente nova, da qual alguns autores datam seu surgimento
(ao menos no que concerne a ciência política moderna) no século XVI, com Nicolau Maquiavel. De Aristóteles
até a Revolução Científica Moderna não se faz atenta discriminação entre os conceitos de ciência e filosofia.
A filosofia, segundo Aristóteles, era a “ciência da verdade”. E esta ou aquela, metafisicamente falando, tinham
por objeto de estudo os princípios e as causas. Na modernidade, Maquiavel foi um dos principais responsáveis
por dar à política uma certa autonomia, sendo considerado por isso como o pai da ciência política, procurando
estudar e conhecer a verdade efetiva dos fatos, adotando um referencial mais compatível com as exigências
atuais que os de Aristóteles.
Muitos pesquisadores colocam que a ciência política difere da filosofia política e seu surgimento
ocorreria, de forma embrionária, no século dezenove, época do surgimento das ciências humanas, tal como a
sociologia, a antropologia, a historiografia, entre outras. Mas o estudo da ciência política contemporânea, em
certo sentido, ainda é o mesmo daquele de Aristóteles, só que levando em consideração toda a complexidade
das organizações político-sociais contemporâneas e pressupondo uma orientação metodológica e objetividade
de pesquisa compatíveis com as exigências da ciência atual (sobre a questão metodológica e de pesquisa na
área das Ciências Sociais e, por conseguinte, da Ciência Política, veja a seção: Pesquisa Social e
Epistemologia).
De modo geral podemos dizer que a ciência política é a teoria e prática da política e a descrição e
análise dos sistemas políticos, das organizações e dos processos políticos e do comportamento político.
Envolve o estudo da estrutura (e das mudanças de estrutura) e dos processos de governo. A ciência política
abrange diversos campos, como a Filosofia Política, os sistemas políticos, o Estado, partidos políticos,
Ideologia, Economia Política, análise de Políticas Públicas, o estudo da Administração Pública e do governo,
das diferentes formas de governo como a democracia, o processo eleitoral, a soberania e divisão de poderes
(executivo, legislativo e judiciário) e muitos outros.

A abordagem científica da política busca analisar e refletir sobre os fatos políticos a partir da
observação empírica, o que não significa dizer que a ciência política seja meramente experimental. É possível
falar de uma dimensão teórica da reflexão política (quando se busca, por exemplo, definir o conceito de poder:
o que é o poder?), uma dimensão normativa ou ética (quando se busca responder qual a melhor forma de
exercer o poder ou a melhor forma de organização política: de que forma deve ser exercido o poder?), mas
estas duas questões estão de alguma forma ligadas a dimensão empírica e prática do estudo da política (de que
modo o poder está distribuído na sociedade e nas instituições políticas, ou seja, quem exerce o poder?). Para
tentar responder essas perguntas a Ciência Política procura se utilizar de todo um método adequado e relativo
às ciências sociais (novamente remetemos o leitor para a seção Pesquisa Social e Epistemologia).
De certa forma podemos dizer que tudo aquilo que nos é dado socialmente, culturalmente e
historicamente pode ser objeto de estudo da Ciência Política. E este é o objetivo desta seção (e de modo geral
deste website): debruçar-se sobre diferentes temáticas no campo da Ciência Política que possam nos ajudar a
entender a complexidade das relações humanas e suas relações com o poder. “Afinal, a ‘política’ serve para
se atingir o poder? Ou então seria a ‘política’ simplesmente a própria atividade exercida no plano deste poder?”
(MAAR, 1994, p. 9).
Finalmente, devemos considerar que o estudo da realidade política não é tarefa que caiba apenas a uma
área do conhecimento. Por suas raízes históricas, comprovadamente filosófica, sociológica e jurídica,
podemos falar de uma vinculação direta entre a Ciência Política e a Filosofia, a Sociologia, a Ciência do.
Direito, a própria História, e as demais ciências sociais (teóricas e aplicadas). Para a compreensão dos fatos e
fenômenos políticos, não podemos prescindir de uma abordagem interdisciplinar e transdisciplinar da
realidade. Vejamos agora brevemente a relação interdisciplinar que a Ciência Política apresenta com
diferentes áreas, como a Filosofia, Sociologia, Economia e muitas outras.

Uma dimensão importantíssima que toma a Ciência Política é a de caráter sociológico. O fenômeno
político é um fato social por excelência, segundo a definição durkheimiana. Desta forma, o fato político vai
ser o núcleo de uma sociologia especial, a Sociologia Política. A aplicação de critérios rigorosamente
sociológicos para a análise dos fenômenos que se prendem à realidade política fez surgir uma disciplina
chamada Sociologia Política. Há uma esfera comum de estudo e pesquisa entre a Ciência Política e a
Sociologia Política: grupos, classes sociais, instituições, opinião pública, os regimes políticos, as ideologias,
as utopias etc. Além disso, o estudo do Estado e do fenômeno político constitui um dos pontos altos e
culminantes da obra de Max Weber. Em Weber encontramos estudos sobre as bases sociais em que o poder
repousa, investiga-se o regime político e a organização dos partidos, interrogam-se as formas de legitimidade
da autoridade.

[...] na sociologia política de Max Weber, abre-se o capítulo de fecundos estudos pertinentes à política
científica, à racionalização do poder, à legitimação das bases sociais em que o poder repousa: inquire-
se ali da influência e da natureza do aparelho burocrático; investiga-se o regime político, a essência dos
partidos, sua organização, sua técnica de combate e proselitismo, sua liderança, seus programas;
interrogam-se as formas legítimas de autoridade, como autoridade legal, tradicional e carismática;
indaga-se da administração pública, como nela influem os atos legislativos, ou como a força dos
parlamentos, sob a égide de grupos socio-econômicos poderosíssimos, empresta à democracia algumas
de suas peculiaridades mais flagrantes (BONAVIDES, 2000, p. 44-45).

Por outro lado, em uma tendência de cunho exclusivamente jurídico, Kelsen constrói uma Teoria Geral
do Estado, fundando em bases de feições jurídicas uma teoria que assimilou o Estado ao Direito. Sob esta
perspectiva, o Estado se explica pela unidade das normas de direito de determinado sistema de modo que,
quem elucidar o direito como norma, elucidará o Estado. Situando Direito e Estado em relação de identidade,
esta teoria faz de todo Estado, Estado de Direito.
Uma perspectiva menos radical faz da Teoria Geral do Estado um apêndice ou introdução ao Direito
Público e Constitucional, sem, no entanto, reduzir o Estado a considerações exclusivamente jurídicas. Nesta
linha estão “os publicistas célebres da França, no século XX [...] mais preocupados com o aspecto jurídico da
Ciência Política do que propriamente com as suas raízes na filosofia e nos estudos sociais” (BONAVIDES,
2000, p. 48). Sob uma perspectiva não reducionista, podemos falar de uma tríplice análise do Estado: o Estado
como ideia (prisma filosófico), como fato social (prisma sociológico) e fenômeno jurídico (prisma jurídico).

A Ciência Política e as demais Ciências Sociais

Neste ponto cumpre enfatizar a relação que a Ciência Política possui com as mais variadas áreas das
Ciências Sociais, entre elas a Economia, a História, a Psicologia. O conhecimento dos aspectos econômicos
em que se baseia a estrutura social são fundamentais para a compreensão dos fenômenos políticos e das
instituições pelas quais uma sociedade se governa. Neste sentido, Marx estava certo em reconhecer na
Economia a base da estrutura social, ou seja, um aspecto fundamental de politização da sociedade. A
Economia corresponde, no pensamento marxista, a infra-estrutura da sociedade, que dá base e sustentação a
sua super-estrutura, todas as instituições sociais e políticas, sendo, portanto, determinante, embora não
exclusiva, de toda sociedade. Não é sem razão que a disciplina Economia Política tem uma importância
fundamental no âmbito da Ciência Política. Veja em nosso site a seção Economia Política para aprofundar o
tema.
A importância do conhecimento dos aspectos econômicos em que se baseia a estrutura social é tal que,
segundo Bonavides (2000, p. 54), sem o seu conhecimento: “dificilmente se poderia chegar à compreensão
dos fenômenos políticos e das instituições pelas quais uma sociedade se governa”. Além disso, todo governo
precisa de uma política econômica em seu programa de ação que determine, entre outras coisas, as metas
econômicas a serem atingidas (previsão do PIB, por exemplo), um programa para lidar com a inflação, taxas
de juros, política cambial etc.
A História, e também o Historiador, têm uma contribuição assaz importante para oferecer à Ciência
Política, na medida em que nos ajuda a entender a origem dos sistemas, das ideias e das doutrinas políticas do
passado, ao longo de toda tradição Ocidental-Oriental. A importância dos estudos históricos, da História das
Ideias Políticas, é por demais clara para que precise de maior justificativa e argumentatividade para demonstrar
sua relevância. A História do pensamento político deve abranger a história dos acontecimentos políticos. Ao
lado da história dos acontecimentos políticos, há também o estudo da história das instituições e, ainda, a
história das ideias políticas.
Não tão clara pode parecer a relação entre a Ciência Política e a Psicologia, mais especificamente a
Psicologia Social, que parte do princípio de que, fora das motivações psicológicas, não é possível ter uma
compreensão satisfatória dos fatos sociais e, por concomitantemente, do processo político. O que está na base
dos fenômenos políticos, para a Psicologia Social, é que os fundamentos do poder e da obediência são de
natureza psicológica. Além disso, já existe uma disciplina específica no campo da psicologia para abordar
questões relativas ao fenômeno do poder e da política, a Psicologia Política, objeto de análise na seção
Psicologia e Política.

Filosofia Política e Relações Internacionais

O objeto de estudo relações internacionais apresenta causalidades variáveis e mudanças sistêmicas que
abrem espaço para diferentes abordagens, é necessário levar em consideração que o pluralismo de percepções
da disciplina tem relação direta com o fundamento epistemológico do qual emergiu: a filosofia política
contratualista.
O marco de nascimento da disciplina Relações Internacionais foi a criação da Cátedra Woodrow
Wilson de Política Internacional, em 1919, na Universidade de Gales (Aberyswyth), na Inglaterra, como um
desdobramento científico do impacto gerado pela Primeira Guerra Mundial, já que o objetivo era, então,
estudar e compreender as causas da guerra, a fim de evitá-la. Todavia, conforme sinaliza Williams da Silva
Gonçalves, o estudo das relações internacionais é uma realidade desde o surgimento do sistema europeu de
Estados, em 1648, pela “Paz de Westphalia”, que consolidou a territorialidade como marca distintiva do
Estado Moderno e, desde então, surgiram estudos diversos que tratavam do fenômeno da guerra e da paz entre
os Estados, a exemplo de Nicolau Maquiavel, Immanuel Kant, Jean-Jacques Rousseau, entre outros.
Dada a complexidade do objeto de estudo, a disciplina Relações Internacionais surge com a necessária
característica interdisciplinar a fim de, segundo Gonçalves, “ser capaz de produzir uma visão integrada do
meio internacional que vá além das visões parciais da Economia Internacional, do Direito Internacional, da
História Internacional e da Política Internacional” (GONÇALVES, 2004, p. 29-32).
Nesse movimento, Barbé ressalta o fato de o pensamento norte-americano ter se destacado no
desenvolvimento da disciplina emergente, em grande medida devido à “razão de Estado”, ou seja, o desejo de
racionalizar a política exterior dos Estados, já que os EUA alcançavam projeção mundial enquanto potência.
De fato, é o pensamento anglo-saxão que se destaca como espaço de desenvolvimento da disciplina Relações
Internacionais em sua gênese, pois foi com Edward Hallett Carr, historiador inglês que ocupara a Cátedra
Woodrow Wilson de Relações Internacionais da Universidade de Gales, e Hans J. Morgenthau, cientista
político judeu-alemão radicado nos EUA desde a perseguição nazista, que as Relações Internacionais se
consolidaram enquanto Ciência apta a dar conta dos fenômenos da política internacional.
Ao definir a política internacional pela dimensão do poder, Morgenthau delimita que o poder é ao
mesmo tempo o “meio” e o “fim” da política externa dos Estados. O conceito realista de Morgenthau de
“interesse nacional definido em termos de poder”, por ser muito abrangente, acabou suscitando críticas, ainda
que tenha sido amplamente aceito por estadistas que, envoltos pela conjuntura da Guerra Fria, viam em sua
teoria uma explicação plausível da realidade sistêmica dada pela lógica da bipolaridade.
É importante compreender que não existe uma teoria filosófica das relações internacionais em
específico, pois o que há, de fato, é a filosofia política que, desde o século XVII, trata das relações interestatais
a partir do próprio reconhecimento da soberania nacional. A “Paz de Wetphalia” é um marco, nesse sentido,
porque seus tratados consolidam a territorialidade como característica do Estado Moderno – a soberania do
príncipe se exerce sobre um espaço delimitado – o que, por sua vez, engendra o sistema de estados, ou seja, o
Estado gerou o sistema de estados. É, então, a partir dos tratados de Wetphalia que o Estado passa a ser
reconhecido em sua acepção moderna: um compósito de território, povo e governo. O pensamento político
moderno, por sua vez, tem como base fundadora as reflexões de Maquiavel.
A importância da obra de Maquiavel (“O Príncipe”), é que nela ocorre uma mudança na forma de se
pensar a política. O pensamento político antigo, de fundamento aristotélico, estabelecia que a finalidade da
política é o bem estar geral, em sentido moral, onde o chefe político nada mais é do que o chefe da grande
família e, por isso, independente de suas escolhas, deveria garantir o bom funcionamento da pólis. Maquiavel,
no entanto, promove uma ruptura com o pensamento político antigo, dissociando a política da moral e da
religião, onde o ideal aristotélico de sociedade, cuja base é a família (no qual o homem seria um fruto do meio,
um ser da família, do oikós, da pólis), cede lugar à percepção de que a sociedade é uma arena formada por
indivíduos (e não por famílias) que possuem interesses distintos, na qual a política se configura como busca
pelo poder.
O rompimento com a filosofia política aristotélica (em sua versão tomista, principalmente) efetuado
por Maquiavel, foi a base sobre a qual se assentou o pensamento político moderno dos filósofos dos séculos
XVII e XVIII, cuja questão primordial a ser debatida era a legitimidade do Estado. Os filósofos contratualistas
deram início ao debate. De acordo com os pressupostos contratualistas, o Estado surge a partir do pacto social
(no sentido de acordo, negociação e compromisso) firmado entre povo (população politicamente organizada)
e soberano (aquele que exerce governo), no qual se forjam as instituições, que dão forma ao Estado. Surge,
então, a lei (Constituição), que regula as relações em sociedade.
O pensamento contratualista, seja em sua vertente liberal (Locke) ou realista (Hobbes), por fornecer
os fundamentos do pensamento político moderno, exerceu forte influxo sobre a teoria das Relações
Internacionais. Partindo da percepção de que as Relações Internacionais apresentam dois eixos (cooperação e
conflito), que podem ser abordadas em correntes divergentes (realismo e liberalismo, por exemplo).
Nesse sentido, o realismo político segue a seguinte linha cronológica de desenvolvimento: Tucídides
(e a idéia de equilíbrio de poder), Maquiavel (moral política e razão de Estado), Hobbes (estatocentrismo e
sistema de estados anárquico), Carr (crítica ao idealismo), Morgenthau (pressupostos do realismo: interesse
nacional definido em termos de poder), Waltz (neorealismo; análise sistêmica). Nesse quadro, a filosofia
política elaborada por Maquiavel e Hobbes forneceram os princípios basilares do realismo político nas
relações internacionais, organizados teoricamente por Morgenthau e revisados por Waltz, cuja lógica é a do
conflito e poder, e os pressupostos são os seguintes: natureza humana é má; centralidade do Estado cujo
interesse é a sobrevivência e maximização de ganhos; o objetivo das relações internacionais é a busca do
equilíbrio de poder; sistema internacional é visto como anárquico, onde guerra e conflitos são latentes.
A corrente liberal, por outro lado, pode ser esquematizada cronologicamente da seguinte forma: Locke
(idéia de que o homem em estado de natureza é bom), Montesquieu (divisão dos poderes e análise filosófica
da organização jurídica do Estado), Jeremy Bentham (idéia de direito internacional), John Stuart Mill (livre
comércio), Immanuel Kant (ideal de Federação Republicana), Woodrow Wilson (apresentou um projeto
político em relações internacionais, a partir de concepções de corte liberal-idealista), Keohane e Nye
(neoliberalismo; teoria da interdependência complexa). Por seu turno, os pressupostos gerais dessa corrente,
seriam: natureza humana é boa (o homem é pacífico e tende à cooperação); o sistema internacional é
anárquico, mas regulado por leis e propenso à cooperação e comércio; interdependência econômica,
disseminação das democracias e instituições internacionais como fatores que geram a cooperação no meio
internacional; filosofia da paz e do progresso; percepção de que a complexificação do sistema internacional
faz com que, além dos Estados, as forças transnacionais e as organizações internacionais exerçam influência
no sistema internacional

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