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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO(A) DA 2ª VARA

CRIMINAL DA COMARCA DE PATOS – ESTADO DA PARAÍBA.

SILVIO CAVALCANTE NETTO, já qualificado nos autos da ação


penal que lhe move o Ministério Público Estadual, através de seu advogado
(procuração em anexo) com escritório profissional localizado na
rua Darcílio Wanderley da Nóbrega, 364, Patos-PB, Fones: (83) 9.9119-3610
nesta cidade, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, com fulcro no
art. 593, I, do CPP, interpor a presente APELAÇÃO, ao passo que requer que,
após o recebimento desta, com as razões já inclusas, realizados os
procedimentos de praxe, sejam os autos encaminhados ao Egrégio Tribunal de
Justiça, onde serão processados e, ao final, provido o presente recurso.

Termos em que pede e espera deferimento.

Patos, 21 de janeiro de 2019.

FRANCISO DE ASSIS REMIGIO II


OAB/PB 9464
RAZÕES DE APELAÇÃO

AUTOS Nº 0003006-88.2016.815.0251

RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO

APELANTE (S): SILVIO CAVALCANTE NETTO


APELADO: Ministério Público Do Estado da Paraíba.

AUGUSTO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAIBA - COLENDA


CÂMARA - ILUSTRE PROCURADOR DE JUSTIÇA.

SILVIO CAVALCANTE NETTO, já qualificado nos autos da ação


penal que lhe move o Ministério Público Estadual, foi denunciado pela suposta
prática dos crimes descritos no art. 129, § 9º e 147 do CP e Lei 11.340/2006.

Narra a peça inaugural que, no dia 16 de maio de 2016, nesta cidade,


o apelante teria agredido fisicamente VIVIANE AIRES CABRAL DANTAS, há
época namorada do apelante, o que ensejou a imputação penal descrita no
art. 129, § 9º, do CP.

Finda a instrução criminal, o Ministério Público, em alegações finais,


reiterou pugnou pela procedência da pretensão punitiva estatal.

A defesa, por seu turno, requereu tese absolutória por inexistirem


provas para a condenação O juízo a quo, por sua vez, julgou parcialmente
procedente a pretensão punitiva do estado, condenado o recorrente, em
concurso material, à pena de 03 meses de detenção.
Inconformado com a respeitável sentença condenatória, interpõe o
apelante o adequado recurso, fazendo-o tempestivamente, com o fim de
reformá-la pelos motivos a seguir delineados.

1 - DOS FATOS

Narra a exordial que, no dia 16 de maio de 2016, em horário incerto,


nesta cidade, o réu, hipoteticamente agindo de forma consciente e voluntária,
com animus de lesionar, teria ofendido a integridade física de sua companheira.

Consta na peça acusatória que a vítima e o suposto denunciado


estavam conversando dentro do carro do apelante, onde este a buscou após sua
aula colegial, a pedido de VIVIANE AIRES CABRAL DANTAS. Um certo
momento depois, o denunciado após verificar no telefone que VIVIANE AIRES
CABRAL DANTAS estava com conversa com outros homens teriam estes se
desentendido, e supostamente o apelante teria agredido a vítima fisicamente,
conforme é apontado na sentença deste juízo, supostamente efetuando vários
socos no rosto, causando-lhe as lesões descritas no laudo.

A denúncia foi recebida em 14/09/2016 (fl. 24), e veio instruída com


os autos do Inquérito Policial, em especial, o Laudo de exame de corpo de delito,
além da Folha de antecedentes penais juntada e defesa escrita.

Na audiência de instrução e julgamento foram ouvidas a vítima


(VIVIANE AIRES CABRAL DANTAS), testemunhas, bem como devidamente
interrogado o réu (SILVIO CAVALCANTE NETTO).

Posteriormente, em sede de alegações finais o Ministério Público


requereu a procedência parcial da denúncia com a extinção de punibilidade com
do art. 147, CP pela ocorrência de prescrição punitiva estatal, com a
consequente condenação do réu, nas penas do art. 129, §9 do Código Penal.
Por sua vez, a Defesa, nesse momento processual, requereu a
absolvição do acusado.

Logo em seguida, a r. sentença julgou procedente a denúncia


condenado o réu nas penas do art. 129, § 9º, do Código Penal.

Por fim, na dosimetria da pena, foi aplicado a suspensão condicional


da pena, sursis, conforme previsão expressa no art. 77, do Código Penal, razão
pela qual ficou suspensa a execução da pena privativa de liberdade pelo prazo
mínimo de dois anos, mediante o cumprimento das condições estabelecidas no
art. 78 do mesmo estatuto penal.

De maneira especial, aplicou-se a prestação de serviços à


comunidade, pelo prazo de 01 (hum) ano, em entidades assistenciais, hospitais,
escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, sendo à razão de 01
(uma) hora de atividade por dia de condenação. (art. 178, I da LEP).

“Diante os fatos, a respeitável decisão proferida merece ser


reformada pelos motivos de fato e direito a seguir aduzidos”.

2- DO DIREITO

2.1 - DA SUPOSTA LESÃO CORPORAL COMETIDA

É cediço que o crime de lesão corporal imputado ao "caput" do art.


129, § 9º, do código penal, requer dolo. E esta não estaria comprovado, apenas
pelo exame de corpo de delito. Vejamos:

Art. 129 - Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:

(...)
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente,
irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha
convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Acrescentado
pela L-010.886-2004) (Alterado pela L-011.340-2006).

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.

Desta forma, extrai-se da análise do conjunto fático que, em nenhum


momento houve intenção de agredir VIVIANE AIRES CABRAL DANTAS, ambos
estavam em discussão onde a suposta agressão ocorreu em consequência de
mensagens de WhatsApp, que a vítima recebeu, gerando assim as discussões.

Desta feita, não é possível atribuir qualquer lesão unicamente a figura


do apelante, uma vez que as lesões foram recíprocas, destarte, que fique claro,
conforme sempre exposto pelo apelante, a sua atuação no episódio foi de
AFASTAR VIVIANE AIRES CABRAL DANTAS.

Cabe destacar ainda que própria vítima se contradiz junto ao réu em


seu depoimento onde demonstra que atualmente “são amigos e tudo voltou ao
normal”

Ora, Excelências, o próprio acusado não nega que discutiram e se


desentenderam, em nenhum momento e até mesmo em seu depoimento junto
ao inquérito policial em anexo, deixa claro para este juízo que em nenhum
momento agiu com a finalidade de agredir VIVIANE AIRES CABRAL DANTAS,
mas sim tentando que ela não o agredisse em meio a discussão.

Ainda, não há prova qualquer apresentada além das testemunhas que


nem se quer presenciaram o fato em questão. Uma vez que não foi levado em
conta qualquer palavra dita pelo apelante em todo o processo, onde seus atos e
sua conduta não coaduna com a agressão descrita pela vítima, não ficando
comprovado, o que teria causado as lesões descritas no laudo, porém restando
comprovado pelo que foi apurado nos autos que o réu não ocasionou estas
lesões.
Não ficando assim demonstrados nos autos, a conduta que
comprova a autoria e materialidade dos fatos, sabendo que nos depoimentos
a própria vítima entra em contradição e quem faz qualquer afirmação
contundente, não tem qualquer forma de comprovar suas versões, até mesmo
porque não estavam presentes na hipotética agressão.

É sabido e ressabido que para a condenação de alguém por


quaisquer, é necessária prova certa da autoria.

Diante da incerteza e falta de robustez na prova produzida, há que


absolver o réu, trata-se de imposição legal baseado no princípio do “in dubio
pro reo”. No caso dos autos, não há provas reais que o Apelante causou lesões
corporais que conta nos laudos, de acordo com o depoimento da vítima.

Desta feita, quando houver insuficiência de provas para a


condenação, o juiz deve prolatar sentença penal absolutória, pois no processo
penal de um Estado democrático de direito, tutelado da liberdade, é melhor uma
possível absolvição de um culpado, do que uma possível condenação de um
inocente.

Contravenção penal de vias de fato encontra-se prevista no artigo 21


do Decreto 3.688/41 (LCP). O objetivo da norma foi proteger a incolumidade das
pessoas. A infração penal é comum, podendo ser praticada por qualquer pessoa.
A conduta consiste em praticar vias de fato dolosamente contra alguém.

Apenas por cautela, não entendendo por absolvição do crime de


lesão corporal, levem em consideração que o delito, ora denunciado, de fato se
coaduna com a natureza da lesão de vias de fatos, de acordo com os
depoimentos, vejamos:

Art. 21. Praticar vias de fato contra alguem:

Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou


multa, de cem mil réis a um conto de réis, se o fato não constitue
crime.
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até
a metade se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.

Desta feita, em pedido subsidiário, requer a desclassificação do crime


imputado ao acusado pelas acusações contidas no art. 129, § 9º, do Código
Penal, para o art. 21 do Decreto 3.688/41 Lei de Contravenções Penais.

2.3 - DA PRIVILEGIADORA:

Apenas por precaução, Vossas Excelências não acolhendo as teses


supracitadas, que aplique a privilegiadora restou evidente, ao menos em tese
subsidiária que o indiciado agiu impelido por violenta emoção, logo em seguida
por injusta provocação da vítima, de acordo com art. 129, § 4º, do Código Penal,
vejamos:

Art. 129 (...) § 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo


de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz
pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Essas circunstâncias privilegiadoras beneficiam desde a lesão leve


até a lesão seguida de morte. Tem natureza jurídica de causa especial de
diminuição de pena. Isso porque, em regra, o crime privilegiado impõe a
cominação de pena abstrata, o que não é o caso.

Não podemos negar em sede inicial da persecução criminal, a latente


existência de legitima defesa privilegiada. Pelo que foi apurado nos autos restou
demonstrado, pela conclusão da existência do privilegio estampado e evidente
no caderno informativo, de acordo com o depoimento dos envolvidos.

Reza a melhor doutrina que, Entende-se por violenta emoção, uma


fortíssima alteração de ânimo do agente, isto é, que fique irado, revoltado,
perturbado em decorrência de um ato provocativo. Esta mesma doutrina traz
alguns requisitos: A violenta emoção não deve ser passageira ou momentânea,
pelos fatos o réu foi surpreendido pela a vítima com a suposta notícia de
separação e possível traição. E logo em seguida, reação imediata no dia dos
fatos o réu reagiu imediatamente a injusta provocação, conclui-se que estão
presente todos os requisitos para aplicação do privilégio.

As hipóteses de privilégio não se confundem com as atenuantes do


art. 65, inciso III, “a”. Sobre a diferença já se pronunciou o STF nos seguintes
termos:
EMENTA: HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. CRIME
DOLOSO CONTRA A VIDA. HOMICÍDIO. MOTIVO DE
RELEVANTE VALOR MORAL. QUESITOS. CONTRADIÇÃO.
INOCORRÊNCIA. ORDEM DENEGADA. 1. A causa especial de
diminuição de pena do § 1º do art. 121 não se confunde com a
atenuante genérica da alínea "a" do inciso III do art. 65 do Código
Penal. 2. A incidência da causa especial de diminuição de pena
do motivo de relevante valor moral depende da prova de que o
agente atuou no calor dos fatos, impulsionado pela motivação
relevante. A atenuante incide, residualmente, naqueles casos
em que, comprovado o motivo de relevante valor moral, não se
pode afirmar que a conduta do agente seja fruto do instante dos
acontecimentos. 3. Não há que se falar em obscuridade ou
contradição, se os quesitos foram formulados em proposições
simples e distintas (inciso IV do art. 484 do CPP). 4. Ordem
denegada. (HC 89814, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO,
Primeira Turma, julgado em 18/03/2008, DJe-177 DIVULG 18-
09-2008 PUBLIC 19-09-2008 EMENT VOL-02333-02 PP-
00279).

Desse modo, preenchido todos os requisitos, a defesa pugna pela


definição jurídica diversa da acusação, aos menos em tese subsidiária, em fase
de apelação desconsiderando a lesão ora tratada na r. sentença devendo incidir
as reduções previstas no dispositivo em razão do privilégio.

3 – DOS PEDIDOS:

Diante do exposto, requer-se a reforma da decisão condenatória para


decretar a absolvição do recorrente com fundamento no Art. 386, VII, do Código
de Processo Penal, por não existir prova suficiente para a condenação; e em
razão do princípio do “in dubio pro reo”;
Desta feita, em pedido subsidiário, requer a desclassificação do crime
imputado ao acusado pelas acusações contidas no art. 129, § 9º, do Código
Penal, para o art. 21 do Decreto 3.688/41 Lei de Contravenções Penais;

Não entendendo, Vossas Excelências pelas teses ora apresentadas,


requer a aplicação da privilegiadora de acordo com art. 129, § 4º, do Código
Penal, devendo incidir as reduções previstas no dispositivo.

Termos em que,
Pede e Espera provimento.

Patos, 21 de janeiro de 2019.

FRANCISO DE ASSIS REMIGIO II


OAB/PB 9464

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