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Maria da Graça Costa Val (1991) apresenta, de forma bastante didática e

com muitos exemplos de análise, o que chama de fatores de textualidade,


oferecendo um bom instrumento metodológico para que possamos definir o que
seja um texto e avaliar a sua qualidade, isto é, dizer se é ou não é um bom texto.
De acordo com essa autora, são sete os fatores responsáveis pela
realização de um texto. Esses sete fatores são divididos em dois grupos. Para
nossa exposição, vamos considerar o primeiro grupo, aquele constituído por
fatores pragmáticos relacionados ao processo sociocomunicativo do texto:
informatividade, intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade e
intertextualidade. O segundo grupo, por sua vez, é constituído por fatores
centrados no texto: a coerência e a coesão. Podemos pensar o primeiro grupo
como sendo de ordem externa ao texto, mais relacionado ao contexto
interacional; o segundo, de ordem interna, relacionado à organização das partes
do texto. Não podemos perder de vista que esses sete fatores, embora sejam,
para fins didáticos, apresentados separadamente, são interdependentes. O texto
é um todo complexo e não pode ser visto apenas por um ângulo. Nesse sentido,
Costa Val (1991, p.36) afirma que “as ocorrências de um texto não devem ser
analisadas ‘per si’, mas o texto deve ser percebido e interpretado integralmente,
cada elemento sendo avaliado em função do todo”. Cientes desse aspecto,
vamos iniciar nossa exposição acerca dos fatores pragmáticos.
Informatividade
Trata-se da capacidade que um enunciado tem de informar um leitor, ou seja,
dizer alguma coisa. Um texto não pode informar nem mais nem menos daquilo
que corresponde às expectativas do leitor. Se, por exemplo, o texto diz tudo
aquilo que o leitor já sabe, se apenas repete o senso comum ou aquilo que em
muitos outros textos já está dito, não há razão nenhuma para ser lido. Por outro
lado, se o texto traz informações muito além daquelas que dele se esperam,
talvez não seja interessante para um determinado leitor ou não seja
compreendido por ele, perdendo a eficácia comunicativa.
Intencionalidade
É o querer dizer do autor com o fim de atingir determinados objetivos. Como
dissemos anteriormente, é impossível conhecer as verdadeiras intenções do
autor de um enunciado. Diante disso, vamos entender o termo intencionalidade
como “direção de sentido”. A ideia é perceber para quem está sendo dito o que
se está dizendo e por que razão; é verificar em qual cadeia de diálogo o texto se
enquadra, ou seja, a quem responde e a quem se direciona.
Aceitabilidade
É a ação do interlocutor, ouvinte ou leitor, voltada a reconhecer o texto como
relevante e a atuar cooperativamente no sentido de procurar atribuir sentido à
palavra do autor. Todo texto apenas se realiza como tal se tiver um leitor que
atribua sentido a ele. Se o leitor não o aceitar e não lhe oferecer uma resposta,
não há texto, apenas palavras mortas. O leitor envida o texto. Nada pior para
uma palavra do que não obter resposta, como lemos nos textos de Mikhail
Bakhtin, um dos maiores filósofos da linguagem. Isso porque a palavra sem
resposta se perde no isolamento.
Situacionalidade
É o contexto interlocutivo em que se realiza o texto. Dependendo da
situacionalidade, os textos podem adquirir diferentes sentidos. Vejamos, por
exemplo, a palavra negrinha. Enunciada em uma situação de afetividade, pode
soar carinhosa. Porém, em uma situação de conflito, se proferida, pode desvelar
enorme preconceito e grave ofensa. Nesse mesmo sentido, vamos considerar
uma placa de trânsito colocada ao lado de uma autoestrada que corta um
aldeamento indígena. Nessa placa está escrito: “Cuidado, índios na pista”. No
lugar em que foi colocada, como alerta aos motoristas, poderia funcionar da
mesma forma que as placas que trazem o alerta “Cuidado, pedestres na pista”
ou “Cuidado, crianças na pista”, incentivando cautela e redução de velocidade.
Porém, se uma pessoa que se preocupasse com os conflitos sociais fotografasse
essa mesma placa e a colocasse em um texto que denunciasse o processo de
exclusão e marginalização sofrido pelos povos indígenas, o enunciado da
primeira placa teria um sentido bem diferente. Passaria, então, a constituir-se na
denúncia de uma forma explícita de preconceito: os índios não são vistos como
pessoas ou como crianças pelo poder público responsável por aquela
sinalização, são seres de outra espécie. Esses são apenas dois exemplos
ilustrativos, mas não podemos perder de vista que todo texto depende da
situação de interlocução em que é produzido.
Intertextualidade
São as relações de dependência existentes entre os textos. O reconhecimento
de um texto depende do conhecimento de outros textos. De forma implícita ou
explícita, todo texto traz referências a outros enunciados da cadeia verbal,
citando-os, reafirmando-os, completando-os, negando-os, questionando-os,
ilustrando-os, parafraseando-os, parodiando-os. Conhecer essas referências
entre textos é fundamental para compreendê-los.

Coesão e coerência
Vamos discutir coesão e coerência − fatores de textualidade relacionados à
estruturação interna do texto.
A estratégia de preenchimento de folha em branco, é justapor uma frase após
a outra sem estabelecer entre elas elos lógicos de sentido. Como resultado, o
texto acaba apresentando problemas de ordem interna, relacionados à coesão
e à coerência.

Coesão, segundo Koch (1992, p.18), diz respeito “ao modo como os
componentes da superfície textual – isto é, as palavras e as frases que compõem
um texto – encontram-se conectadas entre si numa sequência linear, por meio
de dependências de ordem gramatical”.
Coerência, por sua vez, de acordo com Koch e Travaglia (1991, p.฀39), é “um
princípio de interpretação e compreensão do texto, caracterizado por tudo de
que o processo aí implicado possa depender, inclusive a própria produção do
texto, à medida que o produtor quer que seja entendido e o constitui para isso”.

A continuidade diz respeito à retomada de elementos no decorrer do discurso


e está relacionada com sua unidade, “pois um dos fatores que fazem com que
se perceba um texto como um todo único é a permanência, em seu
desenvolvimento de elementos constantes” (Costal Val, 1991, p.21).
A progressão, ao contrário da continuidade, diz respeito à apresentação de
novas informações que se sobrepõem e à não repetição de uma mesma
informação já dada. A redundância e o tautologismo são exemplos típicos de não
progressão.

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