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Mark Fisher
Esse mal estar, esse sentimento de que não há nada de novo não é,
evidentemente, novidade. Nós o encontramos no conhecido conceito de “fim
da história”, tão alardeado por Francis Fukuyama após a queda do Muro de
Berlim. A tese de Fukuyama de que a história tinha chegado ao seu ápice
com o capitalismo liberal pode ter sido amplamente bombardeada, mas
continua sendo aceita inconscientemente, e por vezes deliberadamente
assumida, no nível da cultura. Vale lembrar que (…) até o próprio Fukuyama
reconheceu que essa ideia de que a história tinha chegado ao “ponto final”
não tinha nada de triunfalista. Fukuyama advertiu que essa cidade radiante,
que avistávamos ao longe, poderia ser mal assombrada. Não pelo fantasma
de Marx, mas pelo de Nietzsche. Algumas das páginas mais prescientes de
Nietzsche são aquelas nas quais ele descreve a “supersaturação de uma
era pela história”. “Isso conduz essa era a um estado de cinismo
perigoso”, no qual a “postura cosmopolita” do espectador
desinteressado substitui o engajamento e o envolvimento. Essa é a
condição do Último Homem de Nietzsche, que viu de tudo, mas é
decadentemente debilitado precisamente por esse excesso de (auto)
consciência.