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copyright © "Nenhuma parte desta armazenada em sist eproduzida por meios meci Sumario Introdugao # ‘Meméria coletiva e sincretismo cientifi as teorias raciais do século XIX.. 13 Da raga a cultura: a mesticagem e 0 nacional... . 36 Alienagao ¢ cultura: 0 ISEB. 45 Da cultura desalienada & cultura popular 0 CPC da UNE. 68 Estado autoritério e cultu: Estado, cultura popular e identidade nacional Bibliografla . sone 143 CULTURA BRASILEIRA E IDENTIDADE NACIONAL 3 Memi6ria coletiva e sincretismo cientifico: as teorias raciais do século XIX* O que surpreende 0 leitor, 20 se retomar as teorias explicativas do Brasil, elaboradas em fins do século XIX e inicio do século XX, € a sua implausibilidade. Como foi possfvel a existéncia de tais interpretagdes, ¢, mais ainda, que elas tenham se algado a0 status de Cigneias. A releitura de Stlvio Romero, Buclides da Cunha, Nina Rodrigues ¢ esclarecedora na medida em que revela esta dimensio da implausibilidade e aprofunda nossa surpresa, por que nao um certo mal- -estar, uma vez que desvenda nossas origens. A questio racial tal como foi colocada pelos precursores das Ciéncias Sociais no Brasil adquire nna verdade um contorno claramente racista, mas aponta, para além desta constatagio, um elemento que me parece significativo ¢ constante na hist6ria da cultura brasileira: a problemetica da identidade nacional Gostaria de tecer neste capitulo algumas reflexdes em tomo da telagio entre questo racial e identidade brasileira. Acredito que pri ‘um momento da vida cultural poderei talvez apreender alguns aspectos mais gerais das diferentes teorias sobre cultura brasileira. (() Publicado nos Cademos CERUn? 17, set 82. 4 RENATO ORTIZ, ‘Tomemos como objeto de estudo alguns autores, como Sflvio Romero, Nina Rodrigues e Euclides da Cunha. Esta escolha nto € arbitratia; ela privilegia justamente os te6ricos que so considerados, e com razio, os precursores das Ciéncias Sociais no Brasil. O est de precursor revela a posigo desses autores que na virada do século se dedicaram ao estudo concreto da sociedade brasileira, seja analisando suas manifestagdes literdrias, seja considerando as tradigdes africanas icos. 0 discurso que construfram possibilitou ira, que, vinculada aos ensinamentos de Nina Acthur Ramos a configuragao definitiva de Neste sentido, Silvio Romero, Nina Rodrigues ¢ lo periodo em que escrevem; tem ainda a vantagem de iderd-lo como discurso cientifico, 0 que de uma certa Ciéncias Sociais brasileiras. hegemonia do romantismo de que podemos situar em tomo la um lista das teorias que teriam io do pensamento roméntico.! Dentre forma, delinearam os Go te6rica da Epoca se constitui: opositivismo de Comte, © darwinismo social, 0 evolucionismo de Spencer. Elaboradas na Europa em meados do século XIX, essas teorias, entre si, podem ser consideradas sob um aspecto tinico: 0 da evolugio histé- rica dos povos. Na verdade, o evolucionismo se propunha a encon- trar um nexo entre as diferentes sociedades humanas ao longo da hist6ria; aceitando como postulado que o “simples” (povos primiti- vos) evolui naturalmente para 0 mais “complexo” (sociedades oci- dentais), procurava-se estabelecer as leis que presidiriam 0 pro- gresso das civilizagdes. Do ponto de vista politico, tem-se que 0 evolucionismo vai possibilitar & elite europeia uma tomada de cons- (1) Site Romero, Histiria da Litratura Brasileira, Rio de Janeiro, Joss Olympio, 1943. ‘CULTURA BRASILEIRA E IDENTIDADE NACIONAL Is ciéncia de seu poderio que se consolida com a expansiio mundial do capitalismo. Sem querer reduzi-lo a uma dimenséo exclusiva, pode-se dizer que o evolucionismo, em parte, legitima ideologicamente a posico hogemdnica do mundo ocidental. A “superioridade” da civilizagao ceuropeia toma-se assim decorrente das leis naturais que orientariam a hist6ria dos povos. A “importagéo” de uma teoria dessa natureza no deixa de colocar problemas para os intelectuais brasileiros. Como pensar a realidade de uma nagdo emergente no interior desse quadro? Accitar como “inferior” em relagao a etapa alcangada ‘Toma-se necessirio, por isso, explicar 0 “atraso” br para um futuro préximo, ou remoto, a possil constitir como povo, isto € como nagio. O desta época é compreender a defasagem entre teoria e realidade, 0 que se consubstancia na construgo de uma identidade nacional. A inter- pretagio do Brasil passa necessariamente por esse caminho, daf a énfase no estudo do “cardter nacional”, o que em tiltima instancia se reportava formacdo de um Estado nacional. O evolucionismo fornece & intelligentsia ‘0s conceitos para compreensao desta problemitica; porém, na sm que a realidade nacional se diferencia da europeia, tem-se que cla adquire no Brasil novos contornos e peculiaridades. A especificidade nacional, isto é,ohiato entre teoria esociedade, s6 pode ser compreendido ibinado a outros conceitos que permitem considerar o porqué ‘outros argumentos que possibilitem 0 entendimento da especificidade social. O pensamento brasileiro da época vai encontrar tais argumentos ‘em duas nogées particulares: 0 meio ¢ a raga, Os parametros raga ¢ meio fundamentam o solo gico dos intelectuais brasileiros de fins do século XIX e século XX. A interpretacdo de toda a histéria br (2) € sugestivo que o cap. Ill do lio de Sivio Romero se itu “A Filosofia de Buckle ® oatraso do povo brasileiro’

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