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A linguagem
Conceitos
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torna possível a aquisição e o emprego concreto de uma língua qualquer. Eis-
nos de novo ante um conceito restrito. Essa dimensão se amplia, ainda na
palavra de Lotman, quando afirma que "por linguagem entendemos todo
sistema de comunicação que utiliza signos organizados de modo particular".16
15
Cf. COSERIU, E. Teoía del lenguaje y linguística general. 2. ed. Madri: Gredos, 1969. p. 91-2.
16
LOTMAN, Iouri. Op. cit. Paris: Gallimard, 1973. p. 34-5.
que por seu intermédio se processa.
Claro está que, quando alguém "fala consigo mesmo", está representando
simultaneamente dois falantes.
gundo Charles Sanders Peirce, como qualquer elemento que, sob certos
aspectos e em certa medida, representa outro.
17
Cf. PIGNATARI, Décio. Informação. Linguagem. Comunicação. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 1970. p.
28-9.
Fatores do processo linguístico da comunicação e funções da linguagem
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que se refere a um contexto extra verbal e a uma situação efetivamente
existente anteriores e exteriores ao ato da fala.
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As três primeiras funções apontadas por Jakobson — a representativa, a
emotiva e a conativa — foram anteriormente caracterizadas por Karl Buhler, à
luz da psicologia. Para esse estudioso alemão, a linguagem é um meio
precípuo de exteriorização de estados de alma (manifestação psíquica), exerce
uma atuação sobre o próximo na vida comum (atuação social ou apelo) e
estrutura a nossa experiência mentada (função representativa).
Tomemos, por exemplo, a palavra rua: o seu significado tem a ver com o
jogo de oposições que marca o sistema fônico da língua portuguesa, o que se
aclara quando a comparamos com termos como lua, nua ou sua e lembramos
que o fonema se caracteriza por marcar a distinção de significado entre as
18
Cf. JAKOBSON, Roman. Essais de linguistique générale. Paris: Minuit, 1966. V. também______.
Linguística e comunicação. 2. ed. rev. São Paulo: Cultrix, 1979.
palavras de uma língua. A forma nasceu, no jogo morfológico dos verbos,
termina por um fonema que nos indica pessoa, tempo, aspecto e modo da ação
nela expressa; é a terceira pessoa do singular do pretérito perfeito do
indicativo, diz a gramática: nasceu, por oposição a nasceram, nascemos,
nascem, nascesse, indicadores
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de outras pessoas, outros tempos, modos, aspectos, no sistema morfológico da
língua portuguesa; os aspectos sintáticos se fazem presentes na combinação
de umas palavras com as outras na frase de que fazem parte. A significação
global emerge, portanto, das relações fono-morfo-sintático-semânticas que
estão na base da organização desse complexo sistema.
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Podemos, ainda mais, entender saussurianamente com o citado Barthes
que a língua (langue) é "a linguagem menos a fala (parole), é, ao mesmo
tempo, uma instituição social e um sistema de valores. Como instituição social,
ela não é absolutamente um ato; escapa a qualquer premeditação: é a parte
social da linguagem"20. Língua e fala, diz ainda o semiólogo francês, "retiram
sua definição do processo dialético que as une: não existe língua sem fala, não
há fala fora da língua".21
Discurso e estilo
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19
CUNHA, Celso. Gramática do português contemporâneo. Belo Horizonte: Bernardo Álvares, 1970. p. 15.
20
BARTHES, Roland. Le degré zero de l'écriture suivi de éléments de sémiologie. Paris: Gonthier, 1964. p.
85-6.
21
Id., ibid.
22
Os conceitos de discurso e enunciado variam em função do enfoque.