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2019

CURSO BASICO RAPEL


8

RAPEL BÁSICO

Manual de Técnicas, Segurança


e
Equipamentos Rapel

SÃO PAULO

2019
9

Índice de Figuras
Figura 1. Rapel Positivo ....................................................................................................... 20
Figura 2. Rapel Negativo ..................................................................................................... 20
Figura 3. Rapel Guiado ........................................................................................................ 21
Figura 4. Rapel Australiano.................................................................................................. 21
Figura 5. Rapel Militar .......................................................................................................... 22
Figura 6. Rapel de Resgate ................................................................................................. 22
Figura 7. Rapel Auto-Segurado............................................................................................ 23
Figura 8. Rapel Simultâneo.................................................................................................. 23
Figura 9. Rapel Clássico ou em "S" ..................................................................................... 24
Figura 10. Rapel de Helicóptero .......................................................................................... 24
Figura 11. Ancoragem em Árvores ...................................................................................... 27
Figura 12. Ancoragem em Rocha ........................................................................................ 27
Figura 13. Chapeletas, Spits, Parabolts, Entaladores .......................................................... 28
Figura 15. Ancoragem Humana ........................................................................................... 29
Figura 14. Placas de Ancoragem ......................................................................................... 29
Figura 16. Meios de Fortuna ................................................................................................ 30
Figura 17. Proteção para Ancoragens.................................................................................. 30
Figura 18. Tipo de montagem de ancoragem (ângulos) ....................................................... 31
Figura 19. Ângulos para Ancoragens ................................................................................... 31
Figura 20. Fitas tubulares e Anéis de fitas ........................................................................... 37
Figura 21. Cadeirinhas......................................................................................................... 38
Figura 22. Capacetes........................................................................................................... 38
Figura 23. Luvas de proteção individual ............................................................................... 38
Figura 24. Maillon’s .............................................................................................................. 39
Figura 25. Mosquetões ........................................................................................................ 39
Figura 26. Resistência do Mosquetão .................................................................................. 39
Figura 27. Freios descensores ............................................................................................. 40
Figura 28. Freio ATC ........................................................................................................... 40
Figura 29. Descensor RIG ................................................................................................... 41
Figura 30. Plaqueta Gi-gi ..................................................................................................... 41
Figura 31. Gri-gri .................................................................................................................. 41
Figura 32. Rack ................................................................................................................... 41
Figura 33. Dressler STOP .................................................................................................... 42
Figura 34. Simple ................................................................................................................. 42
Figura 35. Tibloc .................................................................................................................. 42
Figura 36. Ascensor de Punho ............................................................................................. 43
Figura 37. Crow ................................................................................................................... 43
Figura 38. Pantin ................................................................................................................. 43
Figura 39. Propriedades e características dos nós............................................................... 45
Figura 40. Azelha ................................................................................................................. 46
Figura 41. Oito / Figura de oito ............................................................................................ 47
Figura 42. Oito duplo ........................................................................................................... 47
Figura 43. Oito guiado ......................................................................................................... 48
Figura 44. Oito duplo de alças duplas .................................................................................. 48
Figura 45. Lais de guia ........................................................................................................ 49
Figura 46. Pescador duplo ................................................................................................... 50
Figura 47. Nó de fita ............................................................................................................ 50
10

Figura 48. Rosendahl ou zeppelin ........................................................................................ 51


Figura 49. Volta do fiel ......................................................................................................... 51
Figura 50. Borboleta alpina ou borboleta ............................................................................. 52
Figura 51. Prusik .................................................................................................................. 53
Figura 52. UIAA ................................................................................................................... 53
Figura 53. Volta do salteador ............................................................................................... 54
Figura 54. Nó direito ............................................................................................................ 54
Figura 55. Escota ................................................................................................................. 54
Figura 56. Cadeirinha de bombeiro ...................................................................................... 55
Figura 57. Bachmann........................................................................................................... 55
Figura 58. Caminhoneiro (carioquinha) ................................................................................ 56
Figura 59. Catau .................................................................................................................. 56
Figura 60. Fator de queda.................................................................................................... 57
11

Sumário
Introdução............................................................................................................................ 15
1. História do rapel............................................................................................................ 17
1.1. A origem do rapel ...................................................................................................... 17
1.2. O rapel ...................................................................................................................... 19
1.3. Estilos de rapel.......................................................................................................... 20
1.3.1. Rapel positivo ........................................................................................................ 20
1.3.2. Rapel negativo ....................................................................................................... 21
1.3.3. Rapel guiado ......................................................................................................... 21
1.3.5. Rapel debreável..................................................................................................... 22
1.3.6. Rapel australiano ................................................................................................... 22
1.3.7. Rapel militar........................................................................................................... 23
1.3.8. Rapel de resgate ................................................................................................... 23
1.3.9. Rapel auto-segurado ............................................................................................. 24
1.3.10. Rapel simultâneo ................................................................................................... 24
1.3.11. Rapel Clássico ou em “S” ...................................................................................... 25
1.3.12. Rapel de Helicóptero ............................................................................................. 25
2. Ancoragens .................................................................................................................. 26
2.1. Ancoragem – Linha Européia .................................................................................... 26
2.2. Ancoragem – Linha Americana ................................................................................. 26
2.3. Sistemas de ancoragem ............................................................................................ 26
2.3.1. Ancoragens naturais .............................................................................................. 27
2.3.1.1. Árvores .............................................................................................................. 27
2.3.1.2. Rochas ............................................................................................................... 28
2.3.2. Ancoragens fixas ................................................................................................... 29
2.3.2.1. Chapeletas ......................................................................................................... 29
2.3.2.2. Spits ................................................................................................................... 29
2.3.2.3. Parabolts ............................................................................................................ 29
2.3.2.4. Entaladores ........................................................................................................ 29
2.3.2.5. Placa de ancoragem .......................................................................................... 30
2.3.3. Ancoragens Humanas ........................................................................................... 30
2.3.3.1. Meios de Fortuna ............................................................................................... 230
2.3.4. Proteção para ancoragens ..................................................................................... 31
2.3.5. Montagem da ancoragem ...................................................................................... 31
3. Cordas .......................................................................................................................... 32
3.1. História das cordas.................................................................................................... 32
12

3.2. Construção das cordas ............................................................................................. 33


3.3. Estrutura das cordas ................................................................................................. 34
3.3.1. Corda Torcida ........................................................................................................ 34
3.3.2. Corda Trançada (cordões paralelos entre si) ......................................................... 34
3.4. Materiais constitutivos das cordas ............................................................................. 34
3.4.1. Poliolefinas ............................................................................................................ 34
3.4.2. Poliéster ................................................................................................................ 34
3.4.3. Poliamida ............................................................................................................... 35
3.5. Tipos de cordas......................................................................................................... 35
3.5.1. Dinâmicas .............................................................................................................. 35
3.5.2. Estáticas ................................................................................................................ 35
3.5.3. Dry ......................................................................................................................... 35
3.6. Diametro (bitola) da corda ......................................................................................... 35
3.7. Resistência das cordas ............................................................................................. 36
3.8. Cuidados com a corda .............................................................................................. 36
3.9. Manutenção da corda................................................................................................ 37
3.9.1. Como inspecionar a corda ..................................................................................... 37
3.9.2. Acondicionamento da corda .................................................................................. 37
3.10. Cor da corda .......................................................................................................... 38
3.11. Vida útil.................................................................................................................. 38
4. Equipamentos de Proteção Individual e Coletivos ........................................................ 38
4.1. Fitas (PETZL, 2010) .................................................................................................. 38
4.2. Cadeirinha (Bouldrier) (PETZL, 2010) ....................................................................... 39
4.3. Capacete................................................................................................................... 39
4.4. Luvas ........................................................................................................................ 39
4.5. Equipamentos metálicos ........................................................................................... 40
4.5.1. Malha rápida (maillons).......................................................................................... 40
4.5.2. Mosquetão ............................................................................................................. 40
4.6. Descensores (PETZL, 2010) ..................................................................................... 41
4.6.1. Freio oito ............................................................................................................... 41
4.6.2. ATC ....................................................................................................................... 41
4.6.3. RIG ........................................................................................................................ 42
4.6.4. Gi-Gi ...................................................................................................................... 42
4.6.5. GRI-GRI ................................................................................................................ 42
4.6.6. Rack ...................................................................................................................... 42
4.6.7. Dressler STOP ...................................................................................................... 43
13
4.6.8. Simple ................................................................................................................... 43
4.7. Ascensores ............................................................................................................... 43
4.7.1. Tibloc ..................................................................................................................... 43
4.7.2. Ascensor de punho ( JUMAR ) .............................................................................. 44
4.7.3. Blocante Ventral ( Crow ) ....................................................................................... 44
4.7.4. Pantin ( Ascensor de pé ) ...................................................................................... 44
5. Nós ............................................................................................................................... 44
5.1. Definição ................................................................................................................... 45
5.1.1. Terminologia .......................................................................................................... 45
5.1.1.1. Nó (knot) ............................................................................................................ 45
5.1.1.2. Dobra (Bend) ..................................................................................................... 45
5.1.1.3. Volta (Hitch) ....................................................................................................... 45
5.1.2. Categorias ............................................................................................................. 45
5.1.2.1. Ponta ................................................................................................................. 46
5.1.2.2. Junção ............................................................................................................... 46
5.1.2.3. Deslizar e aderir ................................................................................................. 46
5.1.2.4. Meio ................................................................................................................... 46
5.1.2.5. Controle de carga............................................................................................... 46
5.2. Propriedades ............................................................................................................. 46
5.2.1. Adequação ............................................................................................................ 47
5.2.2. Segurança ............................................................................................................. 47
5.2.3. Estabilidade ........................................................................................................... 47
5.2.4. Força ..................................................................................................................... 47
5.3. Tipos de nós.............................................................................................................. 47
5.3.1. Azelha simples ...................................................................................................... 47
5.3.2. Oito / Figura de oito ............................................................................................... 48
5.3.3. Oito duplo .............................................................................................................. 48
5.3.4. Oito Guiado ........................................................................................................... 48
5.3.5. Oito duplo de alças duplas ..................................................................................... 49
5.3.6. Laís de guia ........................................................................................................... 50
5.3.7. Laís de guia com duas voltas ................................................................................ 50
5.3.8. Pescador duplo...................................................................................................... 50
5.3.9. Nó de fita ............................................................................................................... 51
5.3.10. Rosendahl ou Zeppelin .......................................................................................... 52
5.3.11. Volta do fiel ............................................................................................................ 52
5.3.12. Borboleta alpina ou borboleta ................................................................................ 53
14
5.3.13. Prusik .................................................................................................................... 53
5.3.14. UIAA (União Internacional das Associações de Alpinismo) .................................... 54
5.3.15. Volta do Salteador ................................................................................................. 54
5.3.16. Nó direito ............................................................................................................... 55
5.3.17. Escota ................................................................................................................... 55
5.3.18. Cadeirinha de bombeiro......................................................................................... 55
5.3.19. Bachmann ............................................................................................................. 56
5.3.20. Caminhoneiro (carioquinha) ................................................................................... 56
5.3.21. Catau ..................................................................................................................... 57
6. Fator de queda e Força de Choque .............................................................................. 57
6.1. Fator de Queda ......................................................................................................... 57
6.2. Força de Choque ...................................................................................................... 58
7. Montando o rapel .......................................................................................................... 58
7.1. Regras básicas ......................................................................................................... 59
7.1.1. Preparando o rapel ................................................................................................ 59
7.1.2. Para começar ........................................................................................................ 59
7.1.3. Metodologia para realizar vários lances de rapel seguidos .................................... 60
7.1.4. Maior fricção .......................................................................................................... 60
7.1.5. Aumentar a segurança .......................................................................................... 60
7.1.6. Parar no meio da corda ......................................................................................... 60
7.1.7. Identificar por onde continuar a descida ................................................................ 60
7.1.8. Finalizando o rapel ................................................................................................ 61
8. Segurança .................................................................................................................... 61
8.1. Dicas de segurança................................................................................................... 61
9. Conclusão..................................................................................................................... 61
10. Bibliografia ................................................................................................................ 62
15

Introdução
Com uma geografia diversificada, o Brasil é um país que possibilita as mais variadas
práticas de esportes. Com isto, várias novas categorias estão aparecendo e, o Brasil
se destacando por suas belezas naturais, esta deixando de lado a velha história de
ser o país do futebol e do samba.

Atividades como mergulho, surf, sandboard – nacional, skate, entre outras, já estão
crescendo.

Alguns destes esportes, considerados radicais por oferecerem um risco maior que
os esportes em geral, tornam-os mais emocionantes, pois envolve seus praticantes
em situações extremas, exige maior preparo físico e emocional, fazendo muito bem
a saúde, segundo especialistas.

Como envolve maior risco, estes esportes radicais necessitam de maior cuidado com
as técnicas, segurança e os equipamentos utilizados.

Especificamente, exemplificaremos a estrutura por trás da técnica vertical conhecida


como Rapel.

Há quem ame e quem odeie o rapel. Há quem trate o rapel como esporte em si,
mesmo não sendo. No entanto, é interessante salientar que o rapel é uma técnica
derivada do Montanhismo, e que foi adaptada para diversas outras áreas.

Não é necessário ser um montanhista para praticar o rapel. Bastam apenas alguns
conhecimentos básicos para iniciar e fazer uso desta técnica.

É daí que surge o termo “rapelar”. Uma palavra muito ouvida e comum nas
atividades de aventura e que causa grande hegemonia entre
montanhistas/escaladores e os “rapeleiros”. Muitas vezes isto ocorre devido à
facilidade de praticar esta técnica, e o pouco treinamento que os rapeleiros
demonstram ter para uma atividade que possui grande risco de vida.

As informações básicas necessárias são facilmente encontradas nas redes sociais.


Porém, nenhuma literatura técnica nacional é encontrada referente ao assunto.

Visto desta forma, este trabalho visa reunir a maior quantidade de informações
técnicas, os meios de segurança, bem como os equipamentos necessários para se
praticar o rapel, que consiste em utilizar uma corda, equipamentos de descida
(cadeirinhas, descensores, etc.) para que se faça descida de áreas com difícil
acesso, mesmo sendo apenas para lazer e de uma forma básica.

O rapel pode ser perigoso e apresenta riscos – como qualquer atividade,


especialmente quando praticado por pessoas inexperientes. Geralmente, os
acidentes em montanhas acontecem durante o rapel. As possíveis causas giram em
torno das ancoragens, que podem ser mal feitas e, também, do esquecimento da
precaução sobre o fim da corda. Mas, existe também, a teoria de que o montanhista,
16

após o ato de conquista do cume, e já relaxado, esteja propenso a esquecer da


segurança necessária na descida.

Nosso intuito não é formar nenhum praticante de rapel. Muito menos formar
quaisquer “expert” em rapel. É apenas juntar todas as informações necessárias para
que qualquer praticante, desde o iniciante ao avançado, possa colher informações e
fazer bom uso das mesmas, tornando sua atividade mais segura.

São estas informações que juntamos neste trabalho; as técnicas utilizadas, os meios
de seguranças e os equipamentos necessários para que o rapel seja feito com base
em normas, hoje muito comentadas no mundo da aventura, pela ABETA –
Associação Brasileira de Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura.
17

1. História do rapel
1.1. A origem do rapel
O rapel surgiu de adaptações técnicas do montanhismo para se fazer a
descida de locais de difícil acesso, onde se utilizavam de cordas e a própria roupa
para efetuar o atrito, controlando e freando a descida. O rapel “nasceu” em meados
de 1876 a 1879 (GUERRA, 2008), quando o montanhista Jean Charlet Stranton 1
decidiu conquistar o monte Frances Pettit Dru – um monte rochoso e com partes
cobertas por neve na região de Chamonix. Não existem relatos de que a invenção
atribuída a Stranton seja verídica, porem muitos estudiosos atribui a ele esta
atividade que se tornou muito comum no meio dos Esportes Radicais.

A “invenção” do rapel se deu pelo fato de que havia a necessidade de


retornar ao solo após uma via de difícil escalada, e este retorno deveria ser seguro,
daí a origem da palavra francesa rappel, com tradução livre para “chamada”, ou
“retorno”. Quando, em 1876, Stranton tentava conquistar o monte Pettit Dru, uma
difícil via o fez desistir de tal feito, por não ter a possibilidade de efetuar a descida.
Após deveras tentativas, e em 1879, com seus amigos Prosper Payot e Frederic
Folliguet, que desenvolveram a técnica do rapel utilizando uma corda de algodão e
como elemento de atrito para frear a descida, o próprio corpo, com as roupas em
forma de proteção. Após atingirem o cume, utilizavam a técnica passando a corda
ao redor das saliências que algumas rochas apresentavam e, efetuavam a descida.
O último a chegar ao final do lance recuperava a corda, puxando-a, para iniciar uma
próxima descida (FRAILE, 1991). Com isto, Stranton e seus companheiros
montanhistas conquistaram em 1879 o Pettit Dru, e desenvolveram a técnica do
rapel, que se aprimora a cada dia, com equipamentos que oferecem maior
segurança para sua execução.

Nos primeiros anos, o rapel era feito com uma corda envolta ao corpo do
montanhista, aproveitando o atrito da corda nas roupas utilizadas, não possuindo a
mesma segurança, e nem equipamentos de controle da descida, sendo uma
atividade que não oferecia nenhum conforto e tampouco a mesma segurança de
como se pratica com os equipamentos atuais. Posteriormente adaptaram anéis de
cordas colocados nas pernas para posicionar o praticante em forma de uma cadeira,
sentado, e a corda por dentre um anel metálico, onde o atrito ocorria. Uma fonte que
atribui à criação da técnica do Rapel a Jean Charlet Stranton é a obra “A história da
escalada em montanhas” (Tradução livre de: “A History of Mountain Climbing”), de
Roger Frison-Rocheand e Sylvain Jouty – de 1996, França (pág. 302).

Em um texto muito tímido, a técnica do rapel fica citada como criação do


médico Jean Michel Paccard e o garimpeiro Jacques Balmat, atribuindo seu invento
a conquista do Mont Blanc em 1786 (PEREIRA & ARMBRUST, 2010)

1
Guia de montanha francês (1840 – 1925)
18

Com o uso da tecnologia, o famoso escalador Pierre Altain resolveu


simplificar as coisas, e criou o primeiro equipamento descensor, onde a corda já não
mais passava em alguma parte do corpo do praticante, gerando mais conforto e
segurança para a técnica (FRAILE, 1991).

O Rapel moderno de utilização “esportiva” é derivado do Rapel Tático (Rapel


com manobras especiais de ação militar). Os Britânicos, mais especificamente o
SAS (Special Air Service) - unidade de forças especiais contra-terror do exército,
foram os responsáveis pelo desenvolvimento e aplicação tática da técnica de Rapel.
Esta é uma das forças especiais mais bem treinadas e especializadas nessa técnica,
sendo muito respeitada e servindo de referência para praticamente todas as
unidades militares especiais do mundo. Quando destacamos “esportiva”, prendemo-
nos ao fato de que o rapel não é considerado um esporte no Brasil, e sim uma
técnica (ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2006). Técnica esta que
surgiu em meados dos anos 1990, quando espeleólogos utilizaram-na para efetuar
as explorações em cavernas (TURISMO, Ministério, 2008).

Hoje, ainda não reconhecido como esporte, o rapel é muito utilizado como
atrativo turístico em atividades de aventuras e esportes radicais, onde em alguns
minutos um instrutor ensina as técnicas básicas da descida, equipa o turista com os
equipamentos de proteção individual e coloca-o para efetuar a descida em locais já
preparados para a atividade. Com o aperfeiçoamento e a criação de equipamentos
para facilitar esta atividade, ela vem se popularizando em meios turísticos, em forma
de atrativo para pessoas que querem sentir a adrenalina de descer em locais que
nunca imaginariam conseguir descer. A sensação de uma descida de rapel para
uma pessoa que não possui capacitação ou mesmo sem o conhecimento da técnica,
faz com que a adrenalina e a tensão elevem de forma que, ao final, a pessoal sinta-
se realizada com o feito (TURISMO, Ministério, 2008).

No entanto, pela facilidade aparente da técnica, muitas pessoas acabam


aprendendo nas redes sociais, com pessoas incapazes de passar as corretas
formas de segurança da técnica, e colocam em risco a própria vida sem ter o
conhecimento do que se esta fazendo. Ainda falta a cultura e a disciplina para
observar os procedimentos de segurança a fim de evitar acidentes.

É por este fator que a técnica do rapel causa transtornos em meio aos
montanhistas, escaladores, alpinistas e rapeleiros. A falta do conhecimento da
técnica do rapel, de forma segura, eleva o índice de acidentes, que já é considerado
o pior deles no rapel, devido ser a hora mais preocupante ao praticante, pois ele
pode estar fazendo o rapel por diversos fatores – a dificuldade de alcançar o local
desejado, um temporal, entre outros – que, juntamente com o cansaço do praticante
podem levar a fatalidade pelo descuido de quaisquer itens de segurança.
19

1.2. O rapel
Rapel é uma palavra de origem francesa, que significa “Chamada” (NUÑEZ,
2001). O seu significado provém da chegada do escalador ao solo, tendo que
recuperar, ou “chamar” a corda utilizada para a descida.

O rapel é uma popular técnica de descidas com cordas, talvez a mais


conhecida entre os montanhistas e afins. Nascida nas montanhas é empregada em
diversas áreas, tanto profissional quanto recreativas, podendo ser utilizada em
ambientes controlados ou naturais.

Para a ABETA – Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e


Turismo de Aventura, o rapel é definido como “técnica de descida em corda
utilizando equipamentos específicos”. Já NUÑEZ (2001), acrescenta a palavra
“especial”, sendo explicado como “técnica especial de descida em corda”.

Outro conceito importante que devemos considerar sobre o rapel, citado pelo
Ministério do Turismo (2008), diz “ser uma técnica vertical de descida em corda. Por
extensão, nomeiam-se, também, as atividades de descida que utilizam essa
técnica”.

Depois de uma ascensão, tanto na escalada, como numa caminhada, se


quisermos efetuar uma descida de forma segura e, também, muito prática, é
possível fazer através da técnica do rapel. Muitas vezes, a única forma de voltar ao
solo é “rapelando”.

Para que seja feito um rapel de qualidade, é necessário confiar no material


utilizado, e também no conhecimento e montagem, com perfeição, da via. Para
LUEBBEN (2000), “um erro e seremos história”.

GUERRA (2008), já instrui o uso do rapel quando não é mais possível a


descida por trilhas ou qualquer outra forma.

O rapel, por ser uma técnica que oferece riscos, só deve ser realizado
tomando as devidas precauções de segurança, utilizando equipamentos específicos
e inicialmente deve ser feito acompanhado de um instrutor experiente. “A maior
parte dos acidentes envolvendo altura ocorre por falha humana” (Bombeiros Militar,
2006).

Dentre as atividades onde o rapel é aplicado, podemos citar os trabalhos em


altura, de áreas remotas ou de difícil acesso, pintura de fachadas, bem como as
descidas de cânions, cachoeiras, montanhas e, não obstante, as atividades lúdicas
recreativas de descidas em paredes de escaladas, entre outras. Outra aplicação
muito interessante para o rapel foi a registrada pelo II Premio Jovem Cientista do
Futuro 2001, promovido pelo CNPq, onde alunos do 2º ano do Ensino Médio
utilizaram o rapel para ensinar Física aos alunos do 1º ano.
20

Freqüentemente o rapel é utilizado por gosto. Existem várias formas de se


praticar o rapel, e nos próximos capítulos, exemplificaremos as formas mais
conhecidas e utilizadas para a prática da técnica, não diferenciando o leigo do
praticante, formando apenas um manual de referência de estudo para quaisquer
pessoas interessadas em aprofundar seus interesses em aprendizagem.

Mas afinal, o que é o rapel? A definição mais completa do rapel encontrada


em no livro “How to Rapel” de Craig Luebben fala em uma técnica que provem de
uma variação do montanhismo, considerada uma das inovações, de descida por
meio de corda, na qual a pessoa desliza controladamente até o solo. Vale à pena
ressaltar que, como não existem fontes seguras de seu início, seguiremos com a
informação que aparece na maioria dos históricos sobre a técnica, onde atribuiremos
sua criação a Jean Charlet Stranton e seus companheiros montanhistas da região
de Chamonix (França), Prosper Payot e Frederic Folliguet.

Como técnica, o rapel é utilizado basicamente por três esportes: a escalada,


a espeleologia (exploração de cavernas) e o canionismo (rapel em cachoeiras), não
sendo considerado como esporte no País. É interessante mostrar que se trata de
uma técnica muito perigosa, apresentando riscos, especialmente se não for
supervisionada por um instrutor experiente. De fato, montanhistas vêem o rapel
como a parte mais perigosa durante uma escalada, e uma porcentagem muito
elevada dos acidentes já relatados, classificados como “acidentes escalando”,
ocorreram realmente no rapel desta escalada (GUERRA, 2008). Destacamos,
infelizmente, o último destes acidentes relatados, como o experiente alpinista
Bernardo Collares2, nos Andes. Geralmente estes acidentes ocorrem pelo excesso
de confiança, imprudência, negligência, desconhecimento ou até pela pouca
familiarização com os equipamentos utilizados, que, conseqüentemente, acarretam
em uso inadequado. Segundo um relatório apresentado por Pedro Lacaz Amaral, “...
a grande maioria dos acidentes se deve ao despreparo dos praticantes...”.

1.3. Estilos de rapel


O rapel utiliza, geralmente, um freio oito ou ATC como equipamento de
descida pela corda. Assim, surgiram diversos estilos distintos de se efetuar uma
descida segura, porem com aplicações distintas (Forças Armadas de Granada,
1999).

1.3.1. Rapel positivo


É rapel positivo, quando o praticante desce pela parede, com suas costas
voltadas para o solo e o seu pé em contato com a parede (rocha ou neve), e
caminha para baixo enquanto deixa a corda deslizar controladamente pelo sistema
de frenagem. Em momento algum o praticante perderá o contato de seu pé (Forças
Armadas de Granada, 1999).

2
Bernardo Collares – Presidente da Federação de Montanhismo do Estado do Rio de Janeiro e Vice-
Presidente da Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada.
21

Figura 1. Rapel Positivo

1.3.2. Rapel negativo


Diferentemente do rapel positivo, é quando o praticante desce por um local,
geralmente iniciado por um platô, com sua costa voltada para o solo e o seu pé fica
sem nenhum contato com a parede, deixando a corda deslizar controladamente pelo
sistema de frenagem. Neste caso, o praticante não mantém contato com a parede
onde esta efetuando a descida (Forças Armadas de Granada, 1999).

Figura 2. Rapel Negativo

1.3.3. Rapel guiado


O rapel guiado é montado com duas vias, uma para o freio (a de descida) e
outra para a guia, clipando um mosquetão ou uma polia a ela. Geralmente montado
para desviar de obstáculos, ou para que a descida seja feita por uma trajetória
específica (LUEBBEN, 2000).
22

Figura 3. Rapel Guiado

1.3.4. Rapel ejetável

O rapel ejetável é uma técnica que diz respeito à facilidade de recuperar a


corda devido à forma de ancoragem utilizada (GUERRA, 2008). Esta técnica é
utilizada em situações em que a corda não possui tamanho suficiente para continuar
a descida em outro obstáculo ou lance, bem como quando não se faz necessário
deixar a corda no local.

1.3.5. Rapel debreável


Esta técnica é utilizada quando é necessário o gerenciamento do atrito em
que não seja possível proteger a corda em toda sua extensão, possibilitando a
redução de sobrecarga em um único ponto (GUERRA, 2008).

1.3.6. Rapel australiano


No rapel australiano, o praticante fica de frente para o solo, caminhando na
vertical, ao invés de suas costas (LUJÁN, 1995). Este tipo de rapel é muito mais
perigoso e exige certa capacidade para sua perfeita execução, e é muito utilizado
nas Forças Armadas, por posicionar o praticante com vistas ao solo.

Figura 4. Rapel Australiano


23

1.3.7. Rapel militar


Freqüentemente, no rapel militar, os soldados utilizam as formas de rapel
misturadas. Técnicas do rapel positivo, negativo e australiano são utilizadas, onde o
principal objetivo é a velocidade da descida. É acrescentado “jumps” 3 para que esta
velocidade aumente (Bombeiros Militar, 2006).

Figura 5. Rapel Militar

1.3.8. Rapel de resgate


Em um rapel de resgate, um Socorrista executa o rapel com outro praticante
(vitima ou ferido), pendurado em sua cadeirinha ou outra forma, porem na mesma
corda e utilizando técnicas de rapel misturadas (rapel guiado, debreável, etc.).
Existem várias outras formas para se executar o rapel de resgate, mas isto ocasiona
grande desgaste e stress sobre a corda e a ancoragem, e só deve ser feito para o
caso de emergências (Bombeiros Militar, 2006).

Figura 6. Rapel de Resgate

3
“Jumps”- do ingles Saltar.
24

1.3.9. Rapel auto-segurado


Utilizado quando não existe auxilio de um segurança em solo, onde o
praticante irá efetuar a descida sozinho com a ajuda de técnicas de segurança e nós
específicos a fim de preservar o controle da sua descida (LUEBBEN, 2000).

Figura 7. Rapel Auto-Segurado

1.3.10. Rapel simultâneo


É um rapel utilizado por alguns montanhistas para descer a partir de torres
de pedras, onde eles não podem criar uma ancoragem segura. Neste rapel, coloca-
se a corda passando por estas torres de pedras, e cada montanhista utiliza uma
extremidade da corda para efetuar o rapel ao mesmo tempo (LUJÁN, 1995). É um
rapel muito perigoso e exige muita coordenação entre os praticantes, que precisam
efetuar a descida juntos, para que não ocasione a queda do companheiro.

Figura 8. Rapel Simultâneo


25

1.3.11. Rapel Clássico ou em “S”


Pouquíssimo utilizado nos dias atuais é a origem do rapel. Este estilo de
rapel não utiliza nenhum equipamento de segurança ou mesmo descensor. O
praticante necessita apenas utilizar a corda envolta ao seu corpo, em um formato de
“S”, utilizando suas roupas como proteção, para causar o atrito entre o corpo e a
corda, controlando sua descida. Esta técnica, hoje, só é utilizada em casos em que
se perca o equipamento descensor, devido ao grande risco que oferece ao
praticante, bem como a grande necessidade de uma boa proteção no ombro e
pescoço (FRAILE, 1991).

Figura 9. Rapel Clássico ou em "S"

1.3.12. Rapel de Helicóptero


O rapel de helicóptero, nada mais é do que uma técnica utilizada em
resgate, onde o praticante irá efetuar um rapel negativo a partir do esqui da
aeronave (Forças Armadas de Granada, 1999). Esta técnica exige um bom
sincronismo, caso seja feita por duas pessoas ao mesmo tempo (uma em cada lado
da aeronave), mantendo o equilíbrio da aeronave, sendo muito similar ao rapel
simultaneo.

Figura 10. Rapel de Helicóptero


26

2. Ancoragens
Para se praticar um bom rapel, é necessário que se faça uma “via” que
ofereça muita segurança, juntando todo o equipamento utilizado, com o que há de
melhor em fixação da corda no local onde se pretende efetuar a descida. Considera-
se ancoragem, o sistema de amarração ou fixação de uma corda ou indivíduo a um
ponto. Antes de utilizar uma ancoragem, é fundamental comprovar que ela esteja
sólida, devendo contar sempre com uma boa ancoragem natural ou, ao menos, duas
artificiais confiáveis (AMGA - Asociación Estadounidense de Guías de Montaña).

A ancoragem, segundo o Manual Técnico dos Bombeiros (2006), possui


duas abordagens e linhas diferentes de execução, sendo elas a Linha Européia e a
Linha Americana.

Para que uma ancoragem seja segura e confiável, o praticante deve dispor e
saber como melhor utilizar alguns equipamentos, tais como fitas tubulares,
entaladores, pítons, plaquetas, grampos de expansão, etc. Deve saber, também,
como escolher um ponto de ancoragem principal e um secundário (reserva ou back
up). A ancoragem principal e a reserva devem estar sempre alinhadas e com o
mínimo de folga entre si para evitar abrasões e trações excessivas na corda, caso
haja uma eventual falha da ancoragem principal.

2.1. Ancoragem – Linha Européia


A ênfase deste rapel se dá em utilizar cordas mais leves e com um diâmetro
menor, onde as ancoragens são feitas com base na divisão dar carga entre dois ou
mais pontos (equalização).

A visão deste tipo de abordagem é sempre utilizar equipamentos mais leves,


de fácil transporte. No entanto, é necessário manter atenção e cuidado no momento
de montagem, preservando a corda.

2.2. Ancoragem – Linha Americana


O rapel feito com base nesta linha utiliza cordas de maior diâmetro e
resistência ao atrito, utilizando ancoragens pré-existentes e, geralmente, robustas,
não se preocupando muito com desgaste da corda ou mesmo, com a necessária
utilização de proteções.

2.3. Sistemas de ancoragem


O que nos leva a escolher a técnica utilizada no tipo de ancoragem que
vamos empregar no rapel, deve sempre levar em consideração a resistência dos
pontos de ancoragem utilizados e, também, a localização dos pontos de ancoragem
entre si.

Temos, ainda segundo o Manual Técnico dos Bombeiros (2006), três formas
de ancoragens que devem ser utilizadas:
27

1. Ponto-Bomba;
2. Back Up;
3. Equalização.

A ancoragem à Prova de Bomba, mais conhecida como Ponto-Bomba, tem


esta denominação, devido ao local de ancoragem possuir tamanha resistência, que
dispensa qualquer outro sistema secundário.

O sistema Back Up possui esta terminologia, devido à utilização de um


segundo ponto de ancoragem utilizado, visando aumentar a segurança de todo o
sistema.

Já a equalização, é utilizada quando não existe um único ponto suficiente


(ponto-bomba), ou mesmo quando o posicionamento do ponto de ancoragem não é
favorável ao local que desejamos nos direcionar.

2.3.1. Ancoragens naturais


São consideradas ancoragens naturais, locais onde não existe a ação
humana para a criação de pontos de fixação para a corda. As ancoragens naturais
são mais rápidas e, caso deva-se abandonar algum equipamento na parede, são as
mais baratas de todas.

2.3.1.1. Árvores
Segundo Luebben (2000), são excelentes pontos de ancoragem.
Enfatizamos que é necessária uma análise destas árvores, considerando que as
mesmas estejam vivas e bem enraizadas, possuindo resistência suficiente para
agüentar o peso necessário para o rapel.

Um diâmetro seguro da árvore, para que se considere a mesma como um


bom ponto de ancoragem, deve ser de ao menos vinte e cinco centímetros.
28

Figura 11. Ancoragem em Árvores

2.3.1.2. Rochas
O mesmo Luebben (2000) considera que rochas ou pontas de rochas são as
ancoragens mais satisfatórias, pois se vale de um elemento natural da parede.

Uma rocha, para ser um considerado um bom ponto de ancoragem, deve ser
bastante sólida.

Figura 12. Ancoragem em Rocha


29

2.3.2. Ancoragens fixas


São equipamentos fabricados, geralmente, em aço, inox ou duro alumínio,
que devem ser fixados na parede, e devem seguir atentamente as especificações de
fixação dos fabricantes.

Figura 13. Chapeletas, Spits, Parabolts, Entaladores


2.3.2.1. Chapeletas
São bastante confiáveis se forem instaladas conforme especificações do
fabricante, e tem sua resistência variada dependendo do modelo utilizado, do
fabricante e da qualidade do material de sua fabricação.

Existem vários tipos de chapeletas, e diversas formas, como argolas,


simples, com corrente e de conexão frontal.

2.3.2.2. Spits
São equipamentos parecidos com uma bucha, que possuem uma rosca
interna. São colocados na rocha com auxilio de um batedor (martelo) e depois de
colocados, não podem mais ser removidos.

2.3.2.3. Parabolts
Diferente dos spits, eles são um tipo de parafuso que fica com a rosca
exposta. São colocados na rocha com o auxilio de uma furadeira manual ou a
bateria, e assim como os spits, depois de colocados, também não podem ser
removidos.

2.3.2.4. Entaladores
São equipamentos parecidos com placas metálicas, que possuem um cabo
de aço ou conexões com fitas, para que se fixe em fissuras de boa qualidade da
rocha.

Os entaladores, tanto com cinta, como com cabo, constituem boas


ancoragens para se confiar quando se efetuar o rapel, desde que estejam bem
encaixadas em fissuras sólidas das rochas (Luebben, 2000).
30

2.3.2.5. Placa de ancoragem


Placa metálica que facilita a distribuição de várias linhas de ancoragem,
distribuindo os esforços e facilitando a visualização, organização e manipulação dos
equipamentos empregados, também utilizados em operações de resgate na
preparação de macas para convergência dos tirantes.

Figura 14. Placas de Ancoragem

2.3.3. Ancoragens Humanas


Utilizada muito em situações de improvisação, é feita com dois ou mais
homens posicionados como ponto de ancoragem, adotando-se os princípios de
equalização, devendo sempre observar o limite de carga e o posicionamento estável
dos homens que dividirão o esforço (Bombeiros Militar, 2006).

Figura 15. Ancoragem Humana

2.3.3.1. Meios de Fortuna


Conceito retirado do Manual Técnico dos Bombeiros (2006) baseia-se em
utilizar mobiliários e outros objetos como ponto de ancoragem em situações
extremas, sempre atentando a sua resistência física e, também, adotando
“obrigatoriamente” (grifo do autor) ancoragens adicionais de segurança (back up).
31

Figura 16. Meios de Fortuna

2.3.4. Proteção para ancoragens


Dependendo do local onde será feita a ancoragem, deve-se providenciar
uma proteção para a corda, fitas ou mosquetões que serão utilizados. Estas
proteções podem ser industrializadas ou feitas com pedaços de mangueira,
carpetes, lonas ou quaisquer outros materiais, que, mesmo que improvisados,
evitam o contado dos equipamentos com rochas, quinas vivas, entre outras, não
ocasionando o desgaste desnecessário destes equipamentos (ERA - Esportes
Radicais e Aventuras Ltda., 2010).

Vale frisar que nem sempre uma proteção é necessária. Tudo dependerá de
análise prévia do local onde será efetuada a ancoragem.

Figura 17. Proteção para Ancoragens

2.3.5. Montagem da ancoragem


Todas as ancoragens ou instalações para rapel precisam combinar e manter
a carga distribuída no ponto de ancoragem. Abaixo utilizaremos uma tabela retirada
do manual da AMGA – Asociación Estadounidense de Guias de Montaña, que
demonstra os ângulos de ancoragem e seu potencial risco (LUEBBEN, 2000). Nesta
tabela temos a força que cada ancoragem necessita agüentar para uma carga de
4,5kN. Aumentar ou reduzir a carga sobre as ancoragens resultará em um aumento
ou redução proporcional sobre cada uma destas ancoragens.
32

Figura 18. Tipo de montagem de ancoragem (ângulos).

Ângulo (A) Nó ou fitas independentes (kN) Triangulo americano (kN)


0o. 2,2 3,1
30o. 2,3 3,6
60o. 2,6 4,5
90o. 3,1 5,8
120o. 4,5 8,6
150o. 8,6 17
175o. 51 102
Tabela 1. Referencia de ângulo de ancoragem e sua resistência.

Figura 19. Ângulos para Ancoragens

3. Cordas
3.1. História das cordas
Há séculos, as cordas evoluem juntamente com a civilização, sempre
adicionando melhor tecnologia em seu desenvolvimento, somando resistência e
qualidade.
33

Em um artigo publicado por uma Revista Italiana, a corda poderia adquirir


um lugar no topo da classificação, como sendo muito importante na navegação, na
captura e cárcere de animais, no transporte de mercadorias, entre outros. “As
primeiras cordas rudimentares de que se tem conhecimento, feitas com fibras e pele,
remontam há quase 20 mil anos atrás” (FOCUS, 2001).

É um item indispensável em diversas atividades, desde séculos passados,


porem nunca citada com a devida propriedade. Considerada um elemento básico
para a prática do rapel, é o equipamento mais importante e que merece maior
cuidado e atenção.

A corda passou por diversas modificações, sendo fabricadas desde tendões


e intestinos de animais, até folhas e arbustos. Muitas civilizações adaptaram
conhecimento e tecnologia, e descobriram muitas outras propriedades, sempre em
busca de melhorias, tornando suas cordas mais resistentes. A composição das
cordas pode ser de fibras naturais (algodão, juta, cânhamo, sisal, etc.) ou sintéticas.
Devido às características das fibras naturais, possuindo baixa resistência mecânica,
sensibilidade a fungos, mofo, pouca uniformidade de qualidade e a relação
desfavorável entre peso, volume e resistência, apenas as cordas constituídas de
fibras sintéticas devem ser utilizadas no rapel. Em contrapartida aos materiais
constituintes, a estrutura das cordas permanece inalterada, podendo ser trançadas
ou torcidas.

Foi em 1830 que surgiu o sisal, uma fibra obtida da planta agave. Este
material que foi utilizado na conquista do Pettit Dru, pelos montanhistas criadores da
técnica do rapel. A revolução tecnológica das cordas se deu por volta de 1900,
quando foram adicionados os materiais sintéticos as suas características
construtivas, tornando-as mais resistentes, elásticas e, em alguns casos, podendo
até flutuar.

Muitos outros materiais estão sendo utilizados na fabricação de cordas,


como o kevlar, twaron e dyneema (todas marcas registradas). Mas, não
exemplificaremos estes materiais devido a seu uso ser industrial, por suportar uma
carga muito maior do que a necessária para o rapel. São utilizadas em ancoragens
de plataformas, entre outras finalidades e, como maior agravante nestes casos, tem
o seu custo elevado.

Com isto, podemos destacar cordas constituídas de materiais sintéticos


como a Poliolefinas, Poliéster e, por fim, Poliamida. No entanto, nem todas as
cordas de fibras sintéticas podem ser utilizadas para a prática de técnicas verticais.
A escolha de uma boa corda influenciará totalmente na qualidade e no
desenvolvimento da técnica do rapel.

3.2. Construção das cordas


Para a construção de uma corda, podemos ter fibras torcidas ou trançadas.
No rapel, utilizam-se cordas sob a forma de capa e alma, onde a alma da corda se
34

torna responsável por 80% (oitenta por cento) de sua resistência. A capa recobre a
alma, protegendo-a contra a abrasão e outros agentes agressivos, sendo
responsável pelos 20% (vinte por cento) restantes da resistência da corda (PETZL,
2010).

Todas as cordas podem ser confeccionadas com o mesmo material, mas


suas estruturas podem ser diferentes.

3.3. Estrutura das cordas


3.3.1. Corda Torcida
Esta estrutura é totalmente desaconselhável para a técnica vertical por não
oferecer segurança e falta de resistência a abrasão. Possui uma construção
clássica, constituída de centenas de filamentos retorcidos entre si, que dão origem
as pernas, que, por sua vez, são torcidas umas as outras, em sentido oposto ao da
primeira operação, dando origem a corda. Tem características mais rígidas, sendo
melhores para amarração e ancoragem e com menor índice de desgaste e podem
ser emendadas a materiais distintos as suas características, como o cabo de aço
(ERA - Esportes Radicais e Aventuras Ltda., 2010).

3.3.2. Corda Trançada (cordões paralelos entre si)


A corda trançada possui filamentos trançados uns aos outros, que depois
são recobertos por uma capa, geralmente de fibra sintética. Neste caso, a corda
possui a parte interna (alma) e a externa (capa), onde sua resistência é medida por
sua composição interna, sendo apenas protegida pela parte externa. Possui
característica mais macia, melhorando seu manuseio. Porem, como possui uma
capa externa, pode esconder defeitos ou mesmo o rompimento interno. Sua
superfície lisa pode dificultar a fixação de nós, tornando-os ineficazes (PETZL,
2010).

3.4. Materiais constitutivos das cordas


3.4.1. Poliolefinas
São cordas constituídas de polipropileno e polietileno, que não absorvem
água e são empregadas quando a propriedade de flutuar é importante. Porém,
possui uma degradação muito rápida com os efeitos dos raios UV, devido a sua
baixa resistência à abrasão, ou mesmo pela sua pequena resistência a suportar
choques e baixo ponto de fusão. Isto faz com que estas cordas sejam utilizadas
apenas para o salvamento aquático, não sendo indicadas para a prática do rapel
(Catalogo cuerdas Roca, 2001).

3.4.2. Poliéster
São cordas com fibras de alta resistência quando úmidas possuem boa
resistência a abrasão e aos raios UV, e em alguns casos, até a ácidos e outros
produtos químicos. Entretanto, não suportam forças de impacto ou cargas contínuas
35

tão bem quanto às fibras de poliamida. Estas cordas são muito utilizadas em
ambientes industriais (ERA - Esportes Radicais e Aventuras Ltda., 2010).

As cordas de Poliéster geralmente são mais fortes que o nylon quando


molhadas. Algumas empresas fabricam cordas de poliéster com grande densidade.
Estas cordas “Estáticas” possuem pouca elasticidade e grande maleabilidade (PACI
- Professional Association Climbing Instructions, 2010).

3.4.3. Poliamida
Possui boa resistência a abrasão, maior resistência a tração do que o
poliéster, mas perde sua resistência quando úmido, recuperando-a ao secar. Sua
resistência ao impacto chega a ser excelente e é a mais indicada para o uso na
prática do rapel (Catalogo cuerdas Roca, 2001).

3.5. Tipos de cordas


3.5.1. Dinâmicas
São cordas de alta elasticidade, usadas para o fim esportivo da escalada,
em rocha ou gelo. Por sua elasticidade, consegue absorver melhor o impacto em
caso de queda do escalador, sem transferir muito a força do choque, evitando
lesões. Este tipo de corda se torna inviável para o uso em resgate ou espeleologia,
pois o fato de se alongar pode atrapalhar no trabalho (PETZL, 2010).

3.5.2. Estáticas
São cordas de baixa elasticidade, usadas em espeleologia, rapel, operações
táticas, segurança industrial e até, em salvamentos. Não são cordas indicadas para
situação de queda, por não absorver com eficácia a força de choque. Estas cordas
são construídas com uma alma de Nylon de baixo estiramento, onde seus cordões
internos – necessariamente contínuos, efetuam a maior resistência do esforço. Para
garantir que não haja uma grande elasticidade, os cordões são paralelos entre si,
não sendo torcidos como nas cordas dinâmicas (PETZL, 2010).

Estas são as cordas utilizadas para a prática do rapel (grifo do autor).

3.5.3. Dry
Devido à necessidade de utilização em locais ermos, como a escalada em
gelo, glaciares ou locais muito úmidos, foi criado cordas que se mantenham secas.
Para que a corda se mantenha seca, um banho químico é dado na mesma,
mantendo-a seca, permitindo até que a mesma flutue. Este tratamento químico
também agrega uma maior resistência à abrasão. No entanto, perde total efeito após
a sétima lavagem da corda (Lyon Equipment Limited, 2001).

3.6. Diametro (bitola) da corda


Como a corda é equipamento básico para qualquer atividade em altura, seu
peso é algo relevante na escolha da mesma. Quanto maior o diâmetro, mais pesada
36

ela se torna, sendo um entrave no transporte desta corda. Não só o peso, um


grande diâmetro é outro fator que pode influenciar em dificuldades de utilização de
alguns equipamentos, como polias, ascensores, freios, etc.

Geralmente as cordas mais grossas são de utilização industrial, com


possibilidade de suportar cargas maiores e equipamentos também maiores (Lyon
Equipment Limited, 2001).

Para que se faça uma escolha correta da corda, é necessário –


primeiramente, considerar a resistência da corda (carga de ruptura e de trabalho).

3.7. Resistência das cordas


A resistência das cordas é estabelecida como carga de ruptura. Cada
fabricante possui, em seus manuais técnicos e catálogos comercias, as
características de suas cordas. O fator ideal de segurança, é que a carga de ruptura
de uma corda seja varias vezes maiores do que a carga que irá suportar. Esta
relação entre resistência e carga é conhecida como fator de segurança. Vale
lembrar, que os testes de carga de ruptura são efetuados e baseados em cordas
novas.

Existem diversos fatores de segurança nas fabricações de cordas. O


adotado para as técnicas verticais, onde colocam a vida humana em risco, é de 15:1
(quinze por um) (Lyon Equipment Limited, 2001).

TABELA DE RESISTÊNCIA DAS CORDAS (media)


BITOLA (mm) CAPACIDADE (kg)
3 150
4 300
6 600
9 1500
10 2400
11 2700
12 3200
Tabela 2. Resistência das cordas.

3.8. Cuidados com a corda


As cordas são construídas para o fim a que se designam, podendo suportar
grandes cargas de tração, entretanto, sendo sensíveis a corpos e superfícies
abrasivas e cortantes (FRAILE, 1991).

Existem vários fatores que influenciam na vida útil de uma corda, e na sua
guarda correta, para que se possa fazer uso dela novamente, com a mesma
segurança.
37

Em superfícies abrasivas, é necessário que haja uma proteção para evitar o


contato da corda a esta superfície. Ainda nestas superfícies, evite pisar na corda, ou
mesmo arrastá-la.

É necessário evitar o contato com areia. Os pedriscos podem ficar alojados


entre as fibras, danificando-as.

Produtos químicos como graxa, solventes, combustíveis, entre outros,


devem ser evitados de forma geral. Mesmo aquela intenção de fazer algum tipo de
marcação na corda com uma caneta deve ser evitada. Para isto existem canetas
especificas (PETZL, 2010).

Não se deve deixar a corda pressionada, ou “mordida” por muito tempo.


Aqui, destacamos os nós utilizados, quando tensionados, devem ser desatados
quando findar o uso da corda, evitando que suas fibras criem marcas e fiquem
“viciadas”, perdendo a resistência, bem como evitar que a mesma fique sob forte
tensão durante períodos prolongados.

3.9. Manutenção da corda


A vida útil de uma corda não pode ser apenas definida pelo tempo de uso.
Geralmente, se os cuidados necessários forem tomados, a vida útil de uma corda é
de 5 (cinco) anos, proporcionando a mesma segurança. Mas, para que ela tenha
esta vida útil, diversos fatores influenciam para que se possa mante-la de forma a
usá-la com segurança. Sua manutenção dependerá da freqüência de uso, tipos de
equipamentos a que foi submetida o seu uso, velocidade de descida, tipo e
intensidade de carga, abrasão física, degradação química, exposição a raios UV,
entre outros.

Sua avaliação dependerá de uma inspeção visual e tátil continua, bem como
de seu histórico de uso.

3.9.1. Como inspecionar a corda


A inspeção de uma corda deverá ser feita em todo seu comprimento,
observando quaisquer irregularidades como caroços, encurtamento ou
inconsistência. Se existirem sinais de abrasão, cortes em sua capa, queimaduras e
também, não menos importantes, os fios da capa estejam desfiados, deve-se
inutilizar aquela parte da corda, a fim de manter a integridade de sua finalidade – a
segurança (Bombeiros Militar, 2006).

3.9.2. Acondicionamento da corda


Como todo material sintético, a corda deverá ser mantida em local seco e
protegido de raios UV, bem como da umidade. Normalmente são enroladas e
guardadas em mochilas, apropriadas ou não (Bombeiros Militar, 2006).
38

3.10. Cor da corda


Escolher uma corda colorida, hoje não é apenas questão de gosto.
Dependendo da função de sua utilização, a cor da corda necessariamente precisa
ser diferente do ambiente a qual é submetida. Alem do ambiente, uma capa colorida,
diferente da alma (geralmente branca) possibilita que o praticante esteja alerta aos
possíveis desgastes ou rupturas.

Quando, em situações de resgate, utilizam mais de uma corda, suas cores


distintas possibilitam maior facilidade em seu manuseio, distinguindo linhas
individuais (Forças Armadas de Granada, 1999).

3.11. Vida útil


Infelizmente, não se pode preestabelecer uma vida útil para as cordas, pois
dependem de muitas variáveis (incluindo cuidados pessoais e de utilização) que
afetam diretamente este prazo. Todas as cordas estão sujeitas a intempéries e
vulneráveis as forças destrutivas, podendo apresentar falhas por serem descuidadas
ou mesmo, as que já foram submetidas às extremas cargas de impacto.

Uma corda deve ser aposentada sempre que apresentar cortes, desgastes
significativos, após uma grande queda ou quando contaminada por agentes
químicos. Mas, em todo caso, se houver quaisquer duvidas sobre sua integridade,
não se deve utilizá-la em hipótese alguma (ERA - Esportes Radicais e Aventuras
Ltda., 2010).

4. Equipamentos de Proteção Individual e Coletivos


4.1. Fitas (PETZL, 2010)
As fitas tubulares podem ser fechadas por nó ou costuradas. De forma geral,
destinam-se a facilitar ancoragens, de modo bastante prático e funcional,
preservando a corda. Todo material têxtil sofre desgaste tanto pela abrasão, quanto
pela deterioração por raios ultravioletas (raios solares). Devem ser trocada toda vez
que as linhas da costura começarem a puir ou quando sua coloração começar a
aparentar uma tonalidade desbotada (queimada pelo sol).

Figura 20. Fitas tubulares e Anéis de fitas.


39

4.2. Cadeirinha (Bouldrier) (PETZL, 2010)


As cadeirinhas (bouldrier’s) são feitas geralmente de fitas planas.

É o equipamento que o praticante veste, responsável por sustentar seu


peso. Na cadeirinha ficam presos o aparelho de descida, que será acoplado à corda,
e outros equipamentos que possam ser úteis. Existem vários tipos de cadeirinhas.
As específicas para verticais são feitas de forma que o centro de gravidade do
praticante fique na altura do quadril, para maior facilidade nas manobras, em função
do bom posicionamento.

Bouldrier completo: além da parte que vai da cintura e nas pernas, é


composto também por fitas que envolvem o tronco do praticante.

Figura 21. Cadeirinhas


4.3. Capacete
Equipamento de proteção individual que deve ser
leve, proporcionar bom campo visual e auditivo, possuir
aberturas de ventilação e escape de água, suportes para
encaixe de lanternas de cabeça e, principalmente, bons
resistência e amortecimento contra impactos, além de uma
firme fixação à cabeça, através de ajuste à circunferência do
crânio e da jugular. Assim como os demais equipamentos de

segurança, deve ser inspecionado constantemente, Figura 22. Capacetes


observando-se trincasse deformidades, os sistemas de ajuste
à cabeça, assim como as condições de fivelas e velcros.

4.4. Luvas
Confeccionadas em diversos materiais como couro, tecido, elanca, vaqueta,
com ou sem reforço na palma. Dependendo do tipo do rapel e qual descenssor
utilizado, a utilização de luvas não será necessária.

Figura 23. Luvas de proteção individual.


40

4.5. Equipamentos metálicos


4.5.1. Malha rápida (maillons)
Elo metálico com uma porca sextavada que rosqueia ambas as
extremidades do anel, fechando-o, com a característica de suportar esforços em
quaisquer direções.

Os maillons, como conhecidos, são feitos geralmente de aço e possuem


uma trava rosqueável. São pouco práticos para abrir e fechar. Sua principal
aplicação é fechar cadeirinhas e em ancoragens. Os mais utilizados são:

Maillon retangular Maillon Vz volta ou meia-lua Maillon delta

Figura 24. Maillon’s

4.5.2. Mosquetão
Peça ou presilha que tem múltiplas aplicações, como facilitar trabalhos de
ancoragens ou mesmo unir a cadeira ao equipamento de freio, servir de freio ou dar
segurança através do nó meia volta de fiel, entre outras. O tipo, o formato e o
material variam de acordo com a destinação e uso. Existem mosquetões sem trava,
com trava e com trava automática, feitos em diversos materiais como aço carbono,
alumínio, aço inox e em vários formatos.

Os mosquetões são desenhados para suportarem carga unidirecional ao


longo do dorso com a
trava fechada.

Os mosquetões Figura 25. Mosquetões.


usados em esporte são
concebidos para serem bastante leves e compactos.
Alguns mosquetões utilizados em escalada podem ser

Figura 26. Resistência do Mosquetão


41

abertos mesmo com carga. Ao contrário, mosquetões para salvamento não devem
ser abertos com carga, devem suportar cargas mais elevadas e ter maior abertura
para utilização conjunta com outros equipamentos e para prender macas ou
estruturas de grande diâmetro ou espessura.

Ao inspecionar o mosquetão, observe toda sua estrutura procurando


detectar deformidades, amassamentos ou trincas. Observe ainda o alinhamento
entre o bloqueio e o corpo do mosquetão e a tensão da mola da dobradiça.
Igualmente, qualquer material metálico que sofra uma queda importante, deve ser
descartado.

4.6. Descensores (PETZL, 2010)


4.6.1. Freio oito
Freio bastante difundido para práticas verticais, devido ao seu baixo custo

Figura 27. Freios descensores.

dependendo do modelo, de funcionamento simples, leve, robusto e compacto.


Confeccionado em aço ou duralumínio e nos formatos convencional ou de
salvamento (com orelhas).

Alguns modelos têm como características torcer ou torcer menos a corda,


dissipar mal o calor, não permitir a graduação do atrito e necessitar ser removido do
mosquetão para a passagem da corda. Comparando-se o oito convencional ao de
salvamento, o segundo tem melhor dissipação de calor, não permite a formação do
nó boca de lobo e possibilita a realização de outra variação de trava em função das
orelhas.

4.6.2. ATC
O ATC tem a mesma finalidade do freio oito, apesar de diminuir os danos à
corda, custar mais que o oito.

É usado apenas para pequenas decidas, pois sua área de contato com a
corda é maior, o que faz com que ele esquente mais rápido.

Figura 28. Freio ATC.


42

4.6.3. RIG
O equipamento é projetado para o acesso de especialistas para
trabalhos em altura utilizando cordas. Ele permite que o usuário se
posicione e pare facilmente quando necessário, usando a alça para
bloquear a corda. Este descendente é compacto e intuitivo de usar, para
fazer descidas suaves. Este equipamento foi concebido para
desempenhar as funções essenciais e esperadas de um descensor.
Uma vez que é mais bem adaptado para o uso profissional, ele
efetivamente substitui descensores como o gri-gri e o Stop, e também
Figura 29. pode ser utilizado como ascensor juntamente com um ascensor de
Descensor RIG
pé ou estribo. Este dispositivo é para usuários que já possuem uma
experiência considerável.

4.6.4. Gi-Gi
A Plaqueta Gi-gi é fabricada em alumínio de alta resistência (Duro alumínio)
com capacidade para 22KN e para ser
utilizada com cordas de 8 a 12 mm de
diâmetro. Esta plaqueta apresenta
várias funções, sendo as principais:
assegurar 1 ou 2 participantes de uma
cordada simultaneamente, ascensões
combinando a GI-GI com um Figura 30. Plaqueta Gi-gi.
dispositivo de bloqueio automático e
um estribo, blocante em sistemas de resgate, descensor para rapel e descensor de
cargas.

4.6.5. GRI-GRI
Aparelho de segurança descensor auto-blocante, que permite fazer descidas
controladas para a execução de trabalhos onde haja
a necessidade de fazer paradas no meio da descida.
Equipamento muito utilizado na prática de escalada
fazendo a segurança ao primeiro ou do segundo
escalador.

Figura 31. Gri-gri

4.6.6. Rack
Descensor linear metálico com barretes móveis em alumínio maciço ou
aço inox que apresenta as vantagens de não torcer a corda, não necessitar ser

Figura 32. Rack


43

desconectado da ancoragem para a passagem da corda, dissipando melhor o calor


e permitindo a graduação do atrito da corda ao freio durante sua utilização (à medida
que são aumentados ou diminuídos os barretes).

4.6.7. Dressler STOP


Sistema auto-blocante para corda simples de 9 a
12 mm, considerado um dos mais seguros aparelhos de
descida por muitos praticantes de atividade vertical. O
sistema auto-blocante funciona quando é largada a
alavanca. Sua colocação na corda, não há necessidade
Figura 33. Dressler STOP
retirar da cadeirinha, graças a sua pastilha de
segurança.

4.6.8. Simple
O Simple é um freio similar ao stop, mas a velocidade da descida é
controlada variando seu aperto na corda livre da
extremidade por não ter a alavanca de controle por
pressão.

Figura 34. Simple

4.7. Ascensores
São aparelhos mecânicos usados para subir em cordas fixas. Todos
possuem o mesmo princípio básico, quando submetidos à tração (força para baixo)
estrangulam e travam-se na corda, liberando a tração voltam a correr para cima.
Para esse processo precisa-se de dois blocantes sendo que um deles unidos a sua
cadeirinha.

4.7.1. Tibloc
O Tibloc Petzl é extremamente pequeno e leve,
especialmente quando comparado à sua versatilidade e
praticidade em manobras de corda. O Tibloc funciona como um
dispositivo de bloqueio mono-direcional em uma única corda
combinado com um mosquetão. A posição correta de corda e seu
manejo são extremamente simples e intuitivo, mas em qualquer
caso, um desenho sobre o Tibloc se indica o posicionamento Figura 35. Tibloc
correto.
44

4.7.2. Ascensor de punho ( JUMAR )


Ascensor tipo bloqueador de punho para ascensão em cordas de material
têxtil, corpo fabricado em duralumínio, empunhadura
emborrachada de desenho ergonômico e gatilho
bloqueador fabricado em aço inox e duro alumínio. Possuí
dois pontos para conexão de mosquetões sendo um ponto
duplo na parte superior e outro ponto simples na parte
inferior abaixo da corda, também possuí orifício para
evacuação de lama, água ou neve. Capacidade de
utilização em cordas com diâmetro de 8 a 13 mm e
existem dois tipos de ascensores, direito e esquerdo.
Figura 36. Ascensor de Punho

4.7.3. Blocante Ventral ( Crow )


Blocante ventral para ascensão é fabricado em
alumínio de alta resistência (duro alumínio) para uso em
cordas de 8 a 12 mm de diâmetro. Ideal para espeleologia e
trabalhos verticais.

Figura 37. Crow

4.7.4. Pantin ( Ascensor de pé )


Bloqueador de pé que ajuda a progressão em cordas. Complemento do
CROLL (Ascensor de peito ou ventral). Utilizado
somente no pé direito. O PANTIN mantém o corpo em
posição vertical, facilitando à subida e sendo menos
cansativo. Se solta da corda
facilmente após seu uso.

Figura 38. Pantin

5. Nós
Utilizados com a finalidade de unir cordas, fazer ancoragens, amarrarem
solteiras e outras situações, um nó necessita de uma criteriosa analise sobre seu
uso. É necessário conhecer fatores como força de blocagem, facilidade de atar e
desatar o nó, sua resistência e a quantidade de resistência que a corda perde com a
utilização de determinado nó, devem ser levados em consideração na hora da
escolha.
45

5.1. Definição
Assim como as cordas, os nós fizeram parte da evolução do ser humano,
sempre auxiliando seu desenvolvimento. “Muitas pessoas criaram, até os dias de
hoje, uma gama interminável de nós...” (MANZKE & CHESSMAN).

O nó é o método de fixação de um material linear como a corda, amarrando-


a ou entrelaçando-a. Geralmente consiste em utilizar uma parte do comprimento, ou
segmento da corda e, em alguns casos, utilizar várias partes para efetuar uma
ligação entre elas, de forma que a união entre as partes permaneçam intactas.

Existe uma lista extensa de nós, mas apenas alguns com boas propriedades
serão apresentados, bem como sua aplicabilidade.

Conhecer os nós, devido a sua grande importância, é parte fundamental


para que se pratiquem quaisquer atividades envolvendo cordas, tornando-as segura
e minimizando os riscos destas atividades (WARNER & TURNER, 1996).

5.1.1. Terminologia
Todos os “expert’s” em nós utilizam uma terminologia específica para
distinguir suas diversas estruturas ou formas de nós. O termo “nó” é utilizado numa
forma generalizada para representar todos os nós.

No entanto, é necessário conhecer suas terminologias para que se possa


aprender a manusear e utilizar os nós aqui citados.

5.1.1.1. Nó (knot)
Possui uma estrutura auto-suportável que assume uma forma definida sem a
utilização de quaisquer outros objetos.

5.1.1.2. Dobra (Bend)


Geralmente utilizada para unir duas ou mais cordas.

5.1.1.3. Volta (Hitch)


Conhecido como “hitch” (do inglês subs. 1. Nó; 2. Impedimento; 3.
Coxeadura; entre outros), é um tipo de “volta” que necessita sempre de algum outro
objeto para que consiga assumir a sua forma. Ao contrário do nó, não funciona sem
o auxilio de outro objeto.

5.1.2. Categorias
Todos os nós são divididos em 5 (cinco) categorias, sendo distinguidas de
acordo com sua aplicabilidade. Conhecer estas categorias irá auxiliar na escolha do
melhor nó, e sua utilização.
46

5.1.2.1. Ponta
São nós feitos nas pontas das cordas, ou perto delas. Ou, ainda, nós que
criam uma conectividade com alguma ponta quando feito.

5.1.2.2. Junção
São nós utilizados para unir duas pontas de cordas (mesma corda ou
distinta).

5.1.2.3. Deslizar e aderir


Utilizados para que se consiga um controle do que se pretende, atuando de
forma segura.

5.1.2.4. Meio
Nós feitos no meio da corda, sem que haja a necessidade de reajustá-lo ou
reposicioná-lo. Geralmente são nós que equalizam o sistema de ancoragem,
facilitando e mantendo uma maior resistência.

5.1.2.5. Controle de carga


Estes nós permitem que a carga seja controlada pela desvinculação gradual,
possuindo uma liberação mais devagar, lenta.

5.2. Propriedades
Existem 4 (quatro) fatores que influenciam no desempenho dos nós
utilizados, e que devemos respeitar quando escolhermos qual nó utilizaremos. É
necessário conhecer cada nó e seu desempenho, para que se faça uma boa
escolha. Um nó ideal deve possuir a maior quantidade de propriedades possível.

Um nó bem feito garante uma vida útil maior para a corda, e, também melhor
eficiência, tornando seu trabalho mais seguro.

Segundo MANZKE & CHESSMAN, devemos manter, alem da escolha dos


nós, uma margem de segurança de 20 a 30% maior que o peso especificado pelo
fabricante, diminuindo o risco de ruptura.
SEGURANÇA
ADEQUAÇAO

ESTABILIDADE
FORÇA

Figura 39. Propriedades e características dos nós.


47

5.2.1. Adequação
Refere-se a selecionar o nó que irá providenciar o melhor desempenho
numa necessidade particular. Cada nó apresenta uma vantagem e também uma
desvantagem, porém são as qualidades que fará com que seja escolhido para
determinada função.

5.2.2. Segurança
É uma forma discreta de cada nó. Um nó seguro será atado para que não
deslize e falhe quando necessário. Quando feito, por mais que exista uma grande
carga sobre ele, sempre estará distribuindo de forma semelhante esta força em
partes iguais do nó, não o sobrecarregando e, conseqüentemente levando- a falha.

5.2.3. Estabilidade
Uma propriedade distinta dos nós, precisa ser conhecida para que o nó
resista a forças instáveis, mantendo sua forma. Junto com a segurança, são as
propriedades mais importantes para se manter a integridade da vida humana.

5.2.4. Força
É importante enfatizar que a força não é o fator mais importante a se
considerar na escolha de um nó. No entanto, todo nó torna a corda menos
resistente. Em outros termos, um nó cria uma concentração de “stress” na corda.
Cada nó enfraquece a corda de forma distinta devido a sua forma, sempre
relacionado à quantidade de voltas utilizadas e o grau de torção de sua estrutura.

5.3. Tipos de nós


5.3.1. Azelha simples
Usado geralmente na ponta da corda, formando uma alça destinada a
pendurar algo ou suspender algo. Também é conhecido como nó cego (MANZKE &
CHESSMAN).

Figura 40. Azelha


48

5.3.2. Oito / Figura de oito


Não se sabe quando foi descoberto. No entanto, estima-se que é utilizado há
muito tempo por nossos ancestrais (PACI - Professional Association Climbing
Instructions, 2010). Este nó é utilizado para manter uma ponta de conectividade,
sendo fácil de amarrar é não se desfaz devido a cargas muito elevadas. Também
mantém uma porcentagem razoável da resistência da corda. Por sua facilidade de
confecção e de desmonte, ele provavelmente é o nó mais conhecido entre o mundo
das pessoas que utilizam uma corda.

Figura 41. Oito / Figura de oito

5.3.3. Oito duplo


Versão do nó oito, feito com a ponta da corda dobrada, criando uma alça
muito utilizada em ancoragens fixas, possuindo pequena perda de resistência da
corda (Bombeiros Militar, 2006).

Figura 42. Oito duplo

5.3.4. Oito Guiado


Conhecido por muitos outros nomes, o oito guiado é utilizado
“principalmente” para conectar a cadeirinha a corda. É muito utilizado por
escaladores e montanhistas que necessitam de segurança, estabilidade e uma forte
49

conexão ao seu equipamento. Quando feito, o oito guiado é muito seguro e elimina a
possibilidade de ficar desalinhado.

Figura 43. Oito guiado

5.3.5. Oito duplo de alças duplas


Uma versão mais versátil do nó oito é utilizada para fazer ancoragens
equalizadas, dividindo a carga de força entre os pontos de ancoragens que, mesmo
independentes, receberão a mesma carga de força com um pequeno ajuste da volta
feita pelo nó.

Figura 44. Oito duplo de alças duplas


50

5.3.6. Laís de guia


Este nó possibilita conseguirmos formar uma alça fixa. É conhecido como o
“Rei dos Nós” (ASHLEY, 1979). É muito utilizado para içar ou transportar cargas. No
entanto, este nó não deve ser utilizado para içar pessoas, ou suportar um praticante
devido a sua instabilidade, particularmente quando feito com apenas uma volta.

Figura 45. Lais de guia

5.3.7. Laís de guia om duas voltas


Derivado do Laís de guia possui uma ou mais voltas, ara que aumente a
segurança. Geralmente utilizado para o transporte seguro de cargas em escalada.
Desta forma, este nó é mais seguro e estável. Seus benefícios giram em torno da
forma de desatá-lo quando colocado sobre grandes forças.

5.3.8. Pescador duplo


Nó utilizado para unir duas pontas de cordas, apareceu inicialmente em
literaturas de pesca (ASHLEY, 1979). Não se sabe como chegou ao montanhismo.
Estima-se que os montanhistas conheciam também a pesca e adaptou o seu uso a
escalada (TURNER, 1995).
51

Figura 46. Pescador duplo

5.3.9. Nó de fita
Este nó é unicamente utilizado para unir as pontas das fitas tubulares devido
possuir a melhor combinação de resistência e força. A Segurança do nó de fita
dependerá da superfície a que será submetida e ao material constitutivo da fita
(geralmente nylon) (ASHLEY, 1979).

Figura 47. Nó de fita


52

5.3.10. Rosendahl ou Zeppelin


Nó utilizado para unir duas cordas, onde permite a descensão mais longa
quando necessário. Seu uso é muito recomendado para atividades temporárias,
onde se faz necessário desfazer o nó com mais facilidade (Forças Armadas de
Granada, 1999). É um nó que demonstra extrema segurança, e sua estrutura é
muito resistente perante deformações, continuando sendo fácil desfazê-lo.

Figura 48. Rosendahl ou Zeppelin

5.3.11. Volta do fiel


Usado desde tempos ancestrais, é um nó ideal juntamente com sistemas de
ancoragem onde se exige rápidos ajustes e de tensão também. Estes ajustes podem
ser feitos sem desfazer o nó, o que salva um tempo significante em comparação
com outros nós utilizados (TURNER, 1995).

Figura 49. Volta do fiel


53

5.3.12. Borboleta alpina ou borboleta


Este nó é utilizado quando a corda esta sujeita a cargas com possibilidade
de três pontas, permanecendo estável e seguro. É um nó feito no meio da corda,
tendo também uma finalidade alternativa como isolante temporário de sessões
deterioradas da corda (ASHLEY, 1979).

Figura 50. Borboleta alpina ou borboleta

5.3.13. Prusik
Tem o nome de seu criador, Karl Prusik em 1931 (ASHLEY, 1979). O nó
prusik possui diversas utilidades, incluindo algumas fora da área do montanhismo
(unem-se cordas de guitarra temporariamente com este nó). No entanto, a utilização
54

mais comum no montanhismo, é a substituição do equipamento mecânico de


ascensão, por ser mais leve, ocupar menos espaço e, também, por ser mais barato.

Figura 51. Prusik

5.3.14. UIAA (União Internacional das Associações de Alpinismo)


Similar ao nó volta do fiel, é um nó descensor com o uso de um mosquetão
(MANZKE & CHESSMAN). Geralmente este nó serve para substituir aparelhos
mecânicos de descida.

Figura 52. UIAA

5.3.15. Volta do Salteador


Este nó, de grande risco ao praticante, é utilizado para descer de um ponto,
facilitando a recuperação da corda ao termino da descida. É feito pelo meio da
corda, onde uma ponta suporta o peso do praticante, enquanto a outra ponta servirá
– ao termino da descida – para que, com o lado corrediço, se desmanche o nó
(MANZKE & CHESSMAN).
55

Figura 53. Volta do salteador

5.3.16. Nó direito
Nó muito simples, utilizado para emendar cordas com diâmetros iguais
(ASHLEY, 1979).

Figura 54. Nó direito

5.3.17. Escota
Este nó merece muita atenção, devido a sua grande utilidade. Serve para
unir cordas de diâmetros diferentes (ASHLEY, 1979).

Figura 55. Escota

5.3.18. Cadeirinha de bombeiro


Tem formato similar a uma cadeirinha utilizada em rapel, sendo adequada
para descer pessoas sentadas apenas na corda quando não existe equipamento
adequado (MANZKE & CHESSMAN).
56

Figura 56. Cadeirinha de bombeiro

5.3.19. Bachmann
É um nó blocante, utilizado para ascensão pela corda em escaladas
(MANZKE & CHESSMAN). No rapel, este nó pode ser utilizado em momentos de
auto-resgate ou emergências, onde o praticante necessita fazer ascensão.

Figura 57. Bachmann

5.3.20. Caminhoneiro (carioquinha)


É utilizado, também, em estiramento de cordas quando feito em rapel guiado
ou mesmo em tirolesas (MANZKE & CHESSMAN). Este nó, quando mal utilizado,
pode danificar a corda.
57

Figura 58. Caminhoneiro (carioquinha)

5.3.21. Catau
Em necessidades de encurtar a corda ou reforçar parte danificada, o catau é
o nó certo, mas apenas em situações de emergência (MANZKE & CHESSMAN).

Figura 59. Catau

6. Fator de queda e Força de Choque


6.1. Fator de Queda
O fator de queda exprime o grau da gravidade de uma queda, sendo a
relação entre a altura de queda e o comprimento da corda disponível para absorver
a energia da queda.

Para o calculo do fator de queda, utilizamos a seguinte equação:


Fator Altura Comprimento

de da da

Queda Corda
58

Saber calcular o fator de queda


possibilita prever as situações de maior
risco. Como demonstrado acima, o
cálculo é simples, bastando dividir a
altura da queda pelo comprimento da
corda. No primeiro desenho, o
praticante subiu cinco metros, costurou
um grampo, subiu mais cinco metros e
caiu. Ao todo foram dez metros de
queda, tendo dez metros de corda para
absorver o impacto. No calculo, dez
dividido por dez resulta num fator de
queda igual a um.

No segundo desenho, o guia

saiu da parada, subiu cinco metros e Figura 60. Fator de queda


caiu. Foram os mesmos dez metros de
queda, mas só havia cinco metros de corda para aborver o impacto. Dez dividido por
cinco resulta em fator de queda igual a dois.

O fator menor que um sempre pode ser considerado como baixo (DAFLON
& DAFLON).

6.2. Força de Choque


A força de choque refere-se ao cálculo convencionado para saber a força em
quilos (kg) que o equipamento sofrerá. Seu cálculo é feito através da fórmula:

F = 1 + a raiz quadrada de 1 +112 . Q.

Ou seja, considerando, por exemplo, uma pessoa de 75 quilos, teremos os


seguintes resultados referente aos fatores de queda (DAFLON & DAFLON):

Fator de Queda Força de Choque (em KG)


Q = 0,1 F = 337
Q = 0,5 F = 641
Q = 1,0 F = 872
Q = 1,5 F = 1050
Q = 2,0 F = 1200
Tabela 3. Força de Choque

7. Montando o rapel
Com o conhecimento de ancoragens, equipamentos e um pouco sobre
segurança, esta na hora de aprendermos a montar o rapel. Para Luebben (2000, pg.
59), “há que se comprovar que todos os equipamentos e ancoragens utilizadas
estão seguros para preparar o rapel”.
59

7.1. Regras básicas


Ainda citando Luebben (2000, et seq.), algumas regras básicas para se
“rapelar” devem ser conhecidas. Estas regras, apesar de básicas, são base para
segurança no rapel.

7.1.1. Preparando o rapel


Assim que a ancoragem for definida (minimo de dois pontos de ancoragem -
ponto bomba e back-up (NUÑEZ, 2001)) e o nó a que se vai utilizar na ancoragem
também estiver escolhido, é hora de lançar a corda para iniciar o rapel. Antes de
efetuar o lançamento da corda, como forma de segurança, Nuñez (2001, pg. 57)
menciona a necessidade de se gritar “Corda”, para que – em caso de existir outras
pessoas abaixo do local aonde se vai “rapelar” – não ocasione nenhum acidente
acertando outros praticantes que possam estar no local.

7.1.2. Para começar


Todo aquele que se inicia no rapel deve saber que: A mão que freia nunca
deverá soltar a corda. Geralmente é utilizado um nó auto-blocante como segurança
em caso desta mão ser solta. A outra mão, tambem conhecida como mão guia,
deverá posicionar-se acima do freio, auxiliando no equilibrio do praticante. Se existir
a possibilidade de alguém estar abaixo no loncal de se vai “rapelar”, é ideal agritar
também “rapel” (LUEBBEN, 2000).

A posição do corpo, basicamente, deve ser com os pés apoiados na parede


(quando houver), com as pernas ligeiramente abertas e semi-flexionadas para criar
um maior ponto de equilibrio, mantendo também o tronco em um ângulo de
aproximadamente 30º a 40º, obtendo maior visibilidade e evitando também qualquer
choque em terrenos desconhecidos. Com a mão mais forte abaixo, utilizando-a
como controle no freio e a outra mão acima, mantendo equilibrio, inicia-se a descida
como uma caminhada com passos para trás (NUÑEZ, 2001).
60

Luebben (2000, et seq) enfatiza também, cuidados com a distância de se


manter o cabelo (deve estar preso), camisetas e outras partes de vestuário distantes
do freio, para evitar que fique enganchado ou preso ao freio quando iniciar a descida
no rapel.

7.1.3. Metodologia para realizar vários lances de rapel seguidos


Quando não existe corda o suficiente para descer de uma só vez todo o lance
de rapel necessário, é feito o rapel com vários lances seguidos. Para isto, um bom
conhecimento de ancoragens se faz útil, assegurando ao praticante que o rapel seja
bem sucedido (NUÑEZ, 2001).

Geralmente, utiliza-se corda dupla (para puxá-la abaixo quando chegar ao


primeiro ponto de parada), descendo até o local onde a ancoragem para assegurar a
parada do praticante deverá ser feita. Puxa-se a corda abaixo, efetuando uma
segunda ancoragem para a corda, e inicia-se a descida como se fosse a primeira,
novamente e assim sucessivamente (LUJÁN, 1995).

7.1.4. Maior fricção


Com um descensor, freio oito, ou até mesmo utilizando um nó blocante como
método de auto-seguro, ainda existe, segundo Luebben (2000, pg. 61 e 62),
“praticante que necessita de um mosquetão a mais para criar mais um ponto de
fricção” (ponto de atrito), para que a descida tenha a possibilidade de ser controlada.

7.1.5. Aumentar a segurança


Para Schubert (2001), “é fundamental revisar duas vezes todo o sistema de
segurança antes de confiar sua vida no rapel”. Seguindo este pensamento, a revisão
deverá ser iniciada pelas ancoragens, passando pela cadeirinha (bouldrier), os
dispositivos de rapel e, por fim, todos os nós utilizados não somente na ancoragem,
mas também o nó blocante e de segurança em toda a via de descida.

7.1.6. Parar no meio da corda


No livro Assure sec! Techniques d’escalade em falaise, Rander (1991) define
que a “parada no meio do rapel geralmente é utilizada para desembaraçar a corda,
ou até para verificar qual a via a ser seguida”. Em outros casos, mais comuns em
dias de hoje, a parada no meio da via também é utilizada para tirar algumas fotos
dos locais em que se pratica o rapel (LUEBBEN, 2000).

7.1.7. Identificar por onde continuar a descida


O primeiro praticante a descer é o encarregado de encontrar o melhor
“caminho” onde deverá ser seguido pelos próximos praticantes (LUJÁN, 1995). Não
existe dificuldade nesta primeira descida, sendo apenas necessário que a atenção
seja voltada a possíveis locais de risco, que possam danificar os equipamentos
utilizados na descida do rapel.
61

7.1.8. Finalizando o rapel


Ao terminar a descida, todo o equipamento deve ser recolhido, de forma a manter
sua guarda apropriada e sua integridade (MURCIA, 2001). Guardar os
equipamentos não significa apenas encostá-los em um cantinho e mante-los lá até a
próxima descida. Todos os nós devem ser desfeitos, os mosquetoes e cadeirinhas
devem estar limpos e livres de impurezas e a corda, limpa e dobrada de forma
correta (LUEBBEN, 2000).

8. Segurança
Assunto dos mais importantes a ser discutido, a segurança não deve ser
esquecida, tanto no rapel quanto em quaisquer outros esportes ou atividades de
aventura (ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2006).

Negligência do praticante que pensa ser fácil a prática do rapel pode ser um
dos fatores que causam a maioria dos acidentes. Assistir uma atividade onde a
pratica da técnica do rapel, pode induzir ao pensamento da simplicidade de apenas
uma corda qualquer, com um simples nó e conseguir efetuar a descida.
Teoricamente é bem simples, mas estudos aprofundados contradizem esta
simplicidade, mostrando toda a complexidade existente por trás de uma simples
técnica (FRAILE, 1991).

Para Amaral (n.d.), cada situação do rapel irá exigir equipamentos e


ancoragens adequadas. Já Marski (2011) explica que cada situação enfrentada pelo
praticante exige uma técnica e equipamento distinto, seguindo critérios de
segurança padronizados.

Outra situação extremamente importante é a certificação dos equipamentos


utilizados, geralmente com padrões testados com a carga suportada por cada um.
Entre as certificações mais conhecidas pelos praticantes da técnica, a CE (européia)
e a UIAA (americana) estão em destaque (ABNT - Associação Brasileira de Normas
Técnicas, 2006).

8.1. Dicas de segurança


Em quaisquer atividades esportivas ou de aventuras, o praticante deverá
estar em boas condições físicas e mentais. Além de estar em plena regularidade
com sua saúde, planejar e conhecer antecipadamente a atividade, bem como
possuir o equipamento adequado é indispensável (do autor, 2011).

Respeitar os próprios limites e o do companheiro é condição primordial para


que a atividade seja bem sucedida. E, também, estar bem alimentado (MARSKI).

9. Conclusão
Pesquisar sobre a atividade do rapel fez com que deparassemos com grande
dificuldade em adquirir fontes e/ou documentos confiáveis para a elaboração deste
manual básico de rapel contendo as técnicas necessárias, segurança e
62

equipamentos. Por ser uma técnica em constante evolução, tanto na parte do lazer,
como na parte industrial, grande parte do material encontrado ainda possui origem
militar devido ao rapel não ter sido reconhecido como esporte no Brasil.

Por aparentar uma simplicidade extrema, o rapel possui muitos adeptos,


porém poucos com o conhecimento necessário para proporcionar segurança na
atividade.

Os procedimentos apresentados neste trabalho referem-se a pesquisas em


manuais técnicos utilizados em cursos preparatórios militares e de resgate, bem
como livros internacionais utilizados em cursos de rapel, considerando sempre o
melhor método (conforto e segurança) para que quaisquer pessoas, tanto leigos
como conhecedores e praticantes da técnica do rapel, pudessem basear-se em uma
estrutura cientifica e fundamentada para a finalidade.

As informações sobre nós e formas de ancoragem são facilmente


encontradas na internet e escondem o perigo envolvido na prática do rapel. Cada
ambiente e situação necessitam de um conhecimento especifico para que se
obtenha sucesso no rapel. Conforme demonstrado, a resistência das cordas
referente ao uso incorreto dos nós influenciam no resultado final da prática do rapel,
onde o praticante – ao utilizar o nó incorreto – pode colocar sua vida ou de outrém
em risco desnecessário.

Como em todos os demais esportes e atividades de aventuras, no rapel


temos que respeitar as regras de segurança, ser precavidos e sempre verificar duas
ou mais vezes todo o sistema e a via montada para a atividade, minimizando assim
os riscos encontrados.
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10. Bibliografia
(Janeiro de 2011). Jornal Ahora Calafate .

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