Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
AOS LEITORES 2
ARTIGOS
O PRINCÍPIO DA INDUÇÃO 26
Elon Lages Lima
PROBLEMAS PROPOSTOS 61
COORDENADORES REGIONAIS 62
Sociedade Brasileira de Matemática
AOS LEITORES
Comitê Editorial.
EUREKA! N° 3, 1998
2
Sociedade Brasileira de Matemática
2) Prove que existe uma seqüência a0, a1, …, ak, …, onde cada ai é um
algarismo (ou seja, ai ∈ {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9}) com a0 = 6, tal
que para cada inteiro positivo n o número xn = a0 + 10a1 + 100a2 +
… + 10n–1 an–1 (cuja representação decimal é an–1 an–2 …a1a0) é tal
que x n2 − x n é divisível por 10n.
EUREKA! N° 3, 1998
3
Sociedade Brasileira de Matemática
Soluções
1)
Sejam AB = x, BD = y; marcamos D' tal que D'C = y. Então D'D = x por ser
D ponto médio de AC e resulta DD' // BC. Se K' é o pé da perpendicular a
BC por D', então temos
AB = DD' = KK' e BK = K'C
AB + BK = KK'+ K'C = KC.
2)
O primeiro termo é a0 = 6; então x1 = 6 e x12 − x1 = 36 − 6 = 30 , que é
divisível por 101.
Seja n ≥ 1. Suponhamos que existem a0, a1,…,an–1 tais que
x n = a 0 + 10a1 + 10 2 a 2 + ... + 10 n −1 a n −1
verifica que x n2 − x n é divisível por 10n (ou seja x n2 − x n = 10 n r , com r ∈ N)
Temos que encontrar an tal que
x n +1 = a 0 + 10a1 + 10 2 a 2 + ... + 10 n −1 a n −1 + 10 n a n = x n + 10 n a n
seja tal que x n2+1 − x n +1 é divisível por 10 n +1.
EUREKA! N° 3, 1998
4
Sociedade Brasileira de Matemática
xn2+1 − xn+1 = ( xn + 10n an ) 2 − ( xn + 10n an ) = xn2 + 2xn 10n an +102n an2 − xn −10n an =
= ( xn2 − xn ) + 10n (2xn an − an ) + 102n an2 = 10n r +10n (2xn an − an ) +102n an2 =
= 10n (r + 2xn an − an ) + 102n an2 . Assim,
xn2+1 − xn+1 e divisível por 10n+1 ⇔ r + 2xn an − an é divisível por 10 ⇔
r + (2xn −1)an é divisível por 10.
Dado que a0 = 6, temos que xn = 10t + 6 com t ∈ N; então 2xn = 10h + 2.
(com h = 2t + 1). Logo r + (2xn – 1)an é divisível por 10 ⇔ r + (10h + 1)an é
divisível por 10 ⇔ r + an é divisível por 10.
Sempre existe um único inteiro an entre 0 e 9 de modo tal que isto se
verifique.
Problema extra:
Prove que a seqüência (an) obtida não é periódica nem pré-periódica.
3)
Suponhamos que o enunciado é falso, ou seja que existe k tal que
xk > 2k – 1, 1 ≤ k ≤ n.
Então os conjuntos
são disjuntos dois a dois e seus elementos são menores que xk.
Além disso, para cada j, 1 ≤ j ≤ k, j ∈ A ou xk – j ∈ A, pois no caso
contrario, ou seja, se j ∉ A e xk – j ∉ A, teríamos que xk = j + (xk – j) ∉ A.
Portanto, para cada j, 1 ≤ j ≤ k, A ∩ Bj ≠ ∅, donde A tem pelo menos k
elementos menores que xk , absurdo.
4)
Se xn+1 ≠ 0, temos xn+2 xn+1 = xn+1 xn –1. Definindo yn = xn xn+1 temos
yn+1 = yn–1 para todo n tal que xn+1 ≠ 0. Como y 1 = x1 x2 = 19 ⋅ 98 = 1862,
temos yk = 1863 – k enquanto yk –1 for diferente de 0, e portanto y1862 = 1 e
EUREKA! N° 3, 1998
5
Sociedade Brasileira de Matemática
5)
AN c BM c ab
Pelo teorema das bissetrizes, = e = ⇒ MC =
, e como
NC MC d a b+c
MA AN c bc
MN é bissetriz de AMˆ C devemos ter = = , donde MA =
MC CN a b+c
ab
(pois MC = pela lei dos senos aplicada aos triângulos ABC e ABM
b +1
ac
temos senA = a = b + c = BM = sen ( A / 2 ) , e portanto sen (A/2) = sen A
senB b bc MA senB
b+c
A 1 A π 2π
= 2 sen (A/2) cos (A/2) ⇒ cos = ⇒ = ⇒ A= .
2 2 2 3 3
6)
[ ]
[x] + 1998x é sempre inteiro. Seja x0 a solução de x + 1998x = 1998, ou
seja x0 = 999 (3 – 5) = 763,1... e 1998x0 = 1998− x0 = 999( 5 − 1) = 1234,8...
Temos x + [ ] [ 1998x ] = 1997. A função
0 0
f ( x ) = [x ] + [ 1998x ] aumenta
de uma unidade quando x ou 1998 x torna-se inteiro. Os próximos valores
de x maiores que x0 para os quais x e 1998 x são inteiros são
respectivamente 764 e 12352 / 1998 < 764.
Assim, f (12352 /1998) = 763 + 1235 = 1998 e f (764) = 764 + 1235 = 1999
(de fato 1998 ⋅ 764 < 1236). Como f (x) é não-decrescente, o conjunto das
soluções é o intervalo
1235 2
,764 = [763 ,3758758758 ..., 764 ).
1998
EUREKA! N° 3, 1998
6
Sociedade Brasileira de Matemática
7)
O número referido no enunciado é o quadrado do produto de todos os 299
números da forma 1 ± 2 ± 3 ± ... ± 100 (no produto do enunciado cada
um desses números aparece uma vez, assim como seu simétrico). Neste
último produto, obtemos uma soma de termos do tipo
(σ , a , )(σ a )...(σ a ), com m ≤ 2 99 , a , a ,...a ∈ {2,3,...,100} e
1 2 2 m m 1 2 m
σ j ∈{-1,1}, ∀j.
Fixamos α 2 , α 3 ,..., α 100 ∈ N com α 2 + α 3 + ... + α 100 ≤ 2 99 , e consideramos
todos os termos como acima que têm exatamente α k valores de a j = k ,
para 2 ≤ k ≤ 100 . Se todos os α j são pares esses termos são todos inteiros.
Se algum deles (digamos α r ) é ímpar, podemos associar de forma bijetiva a
cada termo desses o termo obtido trocando os sinais de todos os σ j para os
quais a j = r. Assim, a cada termo associamos o seu simétrico, e portanto,
nesse caso a soma dos termos considerados é 0. Assim, o produto de todos
os números da forma 1 ± 2 ± 3 ± ... ± 100 é um inteiro, e portanto o
produto do enunciado é um quadrado perfeito.
EUREKA! N° 3, 1998
7
Sociedade Brasileira de Matemática
PROBLEMA 1
PROBLEMA 2
(Se o seu tempo de prova não estiver esgotado, tente melhorar esta
estimativa. Por exemplo, tente mostrar que f (p) < 2p2, para todo número
primo p.)
PROBLEMA 3
EUREKA! N° 3, 1998
8
Sociedade Brasileira de Matemática
PROBLEMA 4
PROBLEMA 5
PROBLEMA 6
SOLUÇÕES
1)
Considere a circunferência de raio R fixa, cujo centro O está sobre uma reta
s. O problema se resume a determinar a posição de O' em s que minimiza a
soma d das distâncias de O e O' a A . Claramente, A é perpendicular a s. Seja
I o ponto de intersecção de s com A . Temos dois casos a considerar:
EUREKA! N° 3, 1998
9
Sociedade Brasileira de Matemática
2)
Dado um conjunto finito A ⊂ N , denotaremos por d(A) o diâmetro de A.
Temos duas desigualdades a provar:
n2
(i) f (n) ≥, para todo n ≥ 2.
4
Vamos supor, por absurdo, que exista um conjunto A = {a1, a2, …,an}, n ≥ 2,
n2
tal que A satisfaz P(n), a1 < a2 < …< an e d(A) < . Como A satisfaz P(n),
4
n( n + 1)
A + A = {a1 + a2, a1 + a2, …,an + an} tem elementos. Como
2
a1 + a1 < a1 + a2 < … < an + an, temos que (an + an) – (a1 + a1) + 1 ≥
n( n + 1) n2 n − 2 n2 n2
⇒ an – a1 ≥ + ≥ ⇒ d ( A) ≥ , o que é uma
2 4 4 4 4
contradição. Isto demonstra (i).
EUREKA! N° 3, 1998
10
Sociedade Brasileira de Matemática
Vamos ainda, verificar que, para p primo ímpar, f ( p ) < 2 p 2 . Para isto,
construímos o conjunto A = {k + 2 pg ( k ),0 ≤ k ≤ p − 1}, onde
g ( k ) = k 2 (mod p), 0 ≤ g(k) ≤ p – 1.
Temos d ( A) ≤ p − 1 + 2 p ( p − 1) = 2 p 2 − p − 1 < 2 p 2 e se tivéssemos
i + 2 pg (i ) + j + 2 pg (i ) = r + 2 pg ( r ) + s + 2 pg ( s ), então
i + j + 2 p ( g (i ) + g (i )) = r + s + 2 p ( g (r ) + g ( s )) ⇒ i + j =
= r + s , g (i ) + g ( j ) = g ( r ) + g ( s )
Assim,
i − r = s − j e i 2 + j 2 ≡ r 2 + s 2 (mod p), logo
3)
( I ) g ( f ( x)) = x 3 e
( II ) f ( g ( x)) = x 2
EUREKA! N° 3, 1998
11
Sociedade Brasileira de Matemática
Agora x, y ∈ R , f ( x ) = f ( y ) ⇒ g ( f ( x )) = g ( f ( y )) ⇒ x 3 = y 3 ⇒ x = y.
Logo f é injetora. Ainda, de (I) e (II), temos
( f ( x) 2 = f ( g ( f ( x)) = f ( x 3 ) ⇒ f (0) 2 = f (0), f (−1) 2 = f (−1) e f (1) 2 = f (1),
logo { f ( 0 ), f ( 1 ), f ( − 1 )} ⊂ { 0 ,1} o que é um contradição (pois f é
injetora e, portanto, { f (0), f (1), f (–1)} tem 3 elementos).
x
φ ( x) = log 2 (log 2 g (2 2 ))
x
ψ ( x) = log 2 (log 2 f (2 2 ))
Temos
x
log 2 (log 2 f ( 2 2 )) x
φ D ψ ( x) = log 2 (log 2 g (2 2 )) = log 2 (log 2 g ( f (2 2 ))) =
x
log 2 (log 2 (2 2 ) 3 ) = log 2 3 ⋅ 2 x = x + log 2 3
x
log 2 (log 2 g ( 2 2 )) x
φ D ψ ( x) = log 2 (log 2 f (2 2 )) = log 2 (log 2 f ( g (2 2 ))) =
x
log 2 (log 2 (2 2 ) 2 ) = log 2 2 x +1 = x + 1
EUREKA! N° 3, 1998
12
Sociedade Brasileira de Matemática
e de (B)
4)
Primeiramente, notemos que, para n ≥ 0, Fn Fn + 2 − Fn2+1 = (−1) n +1 . De fato,
F1 F3 − F22 = 1 ⋅ 2 − 12 = (−1) 2 e por indução supondo que
Fn Fn + 2 − Fn2+1 = ( −1) n +1 temos que
Fn +1 Fn + 3 − Fn2+ 2 = Fn +1 ( Fn + 2 + Fn +1 ) − Fn2+ 2 = Fn2+1 − Fn + 2 ( Fn + 2 − Fn +1 ) =
− ( Fn Fn + 2 − Fn2+1 ) = −(−1) n +1 = (−1) n + 2 .
Dividimos o problema em dois casos; indicados pelas seguintes figuras:
(i)
Fn Vn
Vn+2
Fn+2
Fn+1
Vn+1
Fn+2 Fn+3
Fn+4
1 Fn + 2 Fn + 4 1 Fn Fn + 2 Fn +1 Fn +3
A= ⇔ = + + Fn +1 Fn + 2 + ⇔
2 2 2 2 2
Fn+2 Fn+4 = 1+ Fn+2 (Fn + 2Fn+1 ) + Fn+1Fn+3 = 1+ Fn+2 (Fn+2 + Fn+1 ) + Fn+1Fn+3 =
EUREKA! N° 3, 1998
13
Sociedade Brasileira de Matemática
Vn
Fn
Vn+1
Fn+2
Vn+2
Fn+1
Fn+2 Fn+3
Fn+4
1 F F 1 FF F F
A= ⇔ n + 2 n + 4 = − + n n + 2 + Fn +1 Fn + 2 + n +1 n +3 ⇔
2 2 2 2 2
Fn + 2 Fn + 4 − Fn2+3 = −1, o que ocorre sempre que n é ímpar.
Em qualquer dos casos, temos que a área do triângulo de lados Vn, Vn+1 e
1
Vn+2 é .
2
5)
Se x > c + 1, então
2
x 2 − x = x ( x − 1) > c + c ≥ c ⇒ x 2 + c ≥ x 2 − c > x e, portanto,
n +1
f ( x) > f n ( x) > c + 1 para todo n ≥ 0. Logo, se x é pré-períodico,
então x ≤ c + 1 (*).
r p
Agora, sejam c = , onde ( r , s ) = 1, e x = , onde ( p, q ) = 1,
s q
com p, q, r , s ∈ Z e q, s > 0. Temos
EUREKA! N° 3, 1998
14
Sociedade Brasileira de Matemática
sp 2
s( x 2 + c) = +r
q2
u
Se x 2 + c = , u , v ∈ Z, v ≠ 0, então
v
su sp 2 q2
= 2 + r ⇒ svp 2 = q 2 (su − rv) ⇒ q 2 svp2 ⇒ q 2 sv ⇒ sv ≥ q 2 ⇒v ≥ .
v q s
q2
Se q > s, o denominador v de x 2 + c é maior ou igual a > q, que é o
s
denominador de x isto é, o denominador de f n+1 ( x ) é maior que o
denominador de f n ( x ), ∀n ≥ 0, e, portanto, se x é pré-periódico, então seu
denominador é no máximo s (**).
De (*) e (**), segue que há apenas um número finito de pontos pré-
periódicos racionais.
6)
EUREKA! N° 3, 1998
15
Sociedade Brasileira de Matemática
B 1 C
1 1
A
n
AB = n 2 − n + 1
AC = n 2 + n + 1
EUREKA! N° 3, 1998
16
Sociedade Brasileira de Matemática
EUREKA! N° 3, 1998
17
Sociedade Brasileira de Matemática
Primeiro dia
Duração da Prova: 4 h e 30 minutos.
PROBLEMA 1
PROBLEMA 2
PROBLEMA 3
Segundo dia
Duração da Prova: 4 h e 30 minutos.
PROBLEMA 4
EUREKA! N° 3, 1998
18
Sociedade Brasileira de Matemática
PROBLEMA 5
Encontrar o maior valor possível n para que existam pontos distintos P1, P2,
P3, … , Pn no plano, e números reais r1, r2, … , rn de modo que a distância
entre quaisquer dois pontos diferentes Pi e Pj seja ri + rj.
PROBLEMA 6
Nota: [x] indica a parte inteira de x, ou seja, [x] é o único inteiro k tal que
k ≤ x < k + 1.
RESULTADOS
EUREKA! N° 3, 1998
19
Sociedade Brasileira de Matemática
PROBLEMA 1
No quadrilátero convexo ABCD, as diagonais AC e BD são perpendiculares
e os lados opostos AB e DC não são paralelos. Sabemos que o ponto P,
onde se intersectam as mediatrizes de AB e DC, está no interior de ABCD.
Prove que ABCD é um quadrilátero inscritível se, e somente se, os triângulos
ABP e CDP têm áreas iguais.
SOLUÇÃO
Suponha primeiro que ABCD seja inscritivel. Como AC ⊥ BD temos
∩ ∩
AB + CD = π . Claramente o centro O do círculo circunscrito pertence às
mediatrizes de AB e DC, logo P = O, e como área de
1 2 ∩ 1 ∩
OAB = r sen AB = r 2 sen CD = área de OCD (onde r é o raio do
2 2
círculo), vale a primeira implicação.
Suponha agora que ABCD não seja inscritível. Suponha sem perda de
generalidade que PC < PA. Seja Q o ponto de interseção de AC e BD.
Prolongamos QC e QD até intersectarmos o círculo de centro p e raio PA =
PB em novos pontos C’ e D’ . Como AC’ e BD’ são perpendiculares, pela
primeira implicação sabemos que área de PAB = área de PC’D’, mas
C’D’ > CD ( C’D’ é hipotenusa do triângulo retângulo QC’D’, de catetos
maiores que o triângulo retângulo QCD, do qual CD é hipotenusa), e
d(P, C’D’) > d (P, CD) (de fato, C’ e D’ estão no mesmo semiplano
determinado pela reta CD , distinto do semiplano ao qual pertence P, e
d (P, C’D’) = d(P, M), onde M é o ponto médio de C’D’, e portanto pertence
ao mesmo semiplano que C’ e D’ , logo d(P, CD) < d(P, M) =
= d (P, C‘D’ )). Portanto área de PC’D’ > área de PCD, absurdo, pois
estamos supondo que área de PAB = área de PCD.
PROBLEMA 2
Numa competição, existem a concorrentes e b juízes, onde b ≥ 3 é um inteiro
ímpar. Cada juiz avalia cada um dos concorrentes, classificando-o como
"aprovado" ou "reprovado". Suponha que k é um número tal que as
EUREKA! N° 3, 1998
20
Sociedade Brasileira de Matemática
SOLUÇÃO
Para cada um dos candidatos, se j é o número de juizes que o aprovam, o
número de pares de juízes que tem julgamentos coincidentes em relação a
(b − 1) 2
ele é C 2j + C b2− j ≤ C b2+1 + C b2−1 = , de modo que o número total de
2 2
4
a(b − 1) 2
pares de julgamentos coincidentes é no máximo , que, por outro
4
b(b − 1)
lado, por hipótese, deve ser no máximo k ⋅ C b2 = k . Assim,
2
(b − 1) a(b − 1) 2 k b −1
devemos ter kb ≥ ⇒ ≥ .
2 4 a 2b
PROBLEMA 3
Para qualquer inteiro positivo n, seja d(n) o número de divisores positivos de
n (incluindo 1 e n).
d (n 2 )
Determine todos os inteiros positivos k tais que = k para algum n.
d ( n)
SOLUÇÃO
α
Obsevemos inicialmente que se n = p1α1 p 2α 2 ... p k k ( pi primos distintos)
então d (n) = (1 + α 1 )(1 + α 2 )...(1 + α k ).
(1 + 2α 1 )(1 + 2α 2 )...(1 + 2α k )
Assim, d ( n 2 ) / d ( n) = . Como o numerador é
(1 + α 1 )(1 + α 2 )...(1 + α k )
ímpar, se o resultado for inteiro deve ser ímpar (e todos os αi devem ser
pares).
Vamos mostrar que qualquer número natural ímpar é da forma desejada.
Para isso, devemos mostrar que todo número ímpar pode ser escrito como
2r + 1
produto de frações da forma , r ∈ N, não necessariamente distintas.
r +1
Faremos isso por indução. Seja m um número ímpar, e seja 2s a maior
EUREKA! N° 3, 1998
21
Sociedade Brasileira de Matemática
PROBLEMA 4
Determine todos os pares (a, b) de inteiros positivos tais que ab2 + b + 7
divide a2b + a + b.
SOLUÇÃO
a 2b + a + b
Se é inteiro então
ab 2 + b + 7
b(a 2 b + a + b) − a (ab 2 + b + 7) b 2 − 7a
= é inteiro. Como
ab 2 + b + 7 ab 2 + b + 7
b 2 − 7a b 2 − 7a
b 2 − 7 a < b 2 < ab 2 + b + 7 temos que < 1. Se =0
ab 2 + b + 7 ab 2 + b + 7
teremos b2 = 7a, donde b é múltiplo de 7 (digamos
b = 7t ), e (7t)2 = 7a nos dá a = 7t2. É fácil ver que (a, b) = (7t2, 7t) satisfaz as
condições do enunciado para todo t inteiro positivo (temos nesse caso
a 2b + a + b
= t ).
ab 2 + b + 7
b 2 − 7a 2 b 2 − 7a
Se < 0 devemos ter b < 7a e ≤ −1 (pois é inteiro), e
ab 2 + b + 7 ab 2 + b + 7
portanto 7a > 7a − b2 ≥ ab2 + b + 7 ⇒ 7a > ab2 ⇒ b2 < 7 ⇒ b = 1 ou b = 2.
b 2 − 7a 1 − 7a 57
Se b = 1, 2 = = −7 + , e devemos ter que a + 8 divide
ab + b + 7 a + 8 a+8
57, com a inteiro positivo ⇒ a + 8 = 19 ou a + 8 = 57 ⇒ a = 11 ou
EUREKA! N° 3, 1998
22
Sociedade Brasileira de Matemática
a 2 b + a + b 133
a = 49. Para a = 11 e b = 1 temos = = 7, e para a = 49 e
ab 2 + b + 7 19
a 2 b + a + b 2451
b = 1 temos = = 43.
ab 2 + b + 7 57
b 2 − 7a 4 − 7a
Se b = 2, = . Como 4 – 7a > – 18 – 8a = – 2 (4a + 9), se
ab + b + 7 4a + 9
2
4 − 7a
é inteiro negativo, devemos ter
4a + 9
4 − 7a 13
= −1 ⇒ 4 − 7 a = −4 a − 9 ⇒ a = ∉ N.
4a + 9 3
Assim, as soluções são dadas por (a, b) = (7t 2 ,7t ), t ∈ N; (a, b) = ( 11,1 ) e
(a, b) = (49,1).
PROBLEMA 5
Seja I o incentro do triângulo ABC. A circunferência inscrita no triângulo
ABC é tangente aos lados BC, CA e AB nos pontos K, L e M,
respectivamente. A reta que passa por B, paralela ao segmento MK,
intersecta as retas LM e LK nos pontos R e S, respectivamente. Prove que o
ângulo ∠RIS é agudo.
SOLUÇÃO
__ __ __
Como BM = BK e BI é bissetriz de MBˆ K temos BI ⊥ MK , e portanto
__ __
BI ⊥ RS . Queremos mostrar que RIˆS é agudo, o que é equivalente a
2 2 2
RI + SI > RS , o que equivale a
2 2 2 2 2 2
BR + BI + BS + BI > ( BR + BS ) 2 = BR + 2 BR BS + BS ,
2
e portanto devemos provar que BI > BR BS .
π − Bˆ
Se Aˆ = BAˆ C , B = ABˆ C e C = BCˆ A, temos KBˆ S = MBˆ R = ,
2
EUREKA! N° 3, 1998
23
Sociedade Brasileira de Matemática
π − Aˆ π − Cˆ π − Cˆ
KSˆB = (e portanto SKˆ B = ) e MRˆ B = (e portanto
2 2 2
π − Aˆ
BMˆ R = ). Assim, os triângulos MBR e SBK são semelhantes e
2
BR BK 2 2
= , donde BR BS = BM BK = BM < BI (pois BI é
BM BS
hipotenusa do triângulo retângulo BMI ).
PROBLEMA 6
Considere todas as funções f definidas no conjunto N dos inteiros positivos,
com valores no mesmo conjunto, que satisfazem f (t 2 f ( s )) = s ( f (t )) 2 ,
para todos s e t em N. Determine o menor valor possível de f(1998)
SOLUÇÃO
Dizemos que h : N → N é estritamente multiplicativa se h(xy) = h(x) h(y),
para quaisquer x, y ∈ N, e dizemos que h é uma involução se h(h(x)) = x para
todo x ∈ N. É facil ver que se f satisfaz a involução estritamente
multiplicativa então f satisfaz a condição do enunciado: f (t2 f (s)) = (f (t)2
f (f (s)) = s (f (t))2. Podemos definir f : N → N estritamente multiplicativa por
f ( p1α1 p 2α 2 ... p αk k ) = f ( p1 ) α1 ... f ( p k )α k ( pi primos distintos), onde f (2) = 3,
f (3) = 2, f (37) = 5, f (5) = 37 e f (p) = p, para todo p primo não pertencente a
{2, 3, 5, 37}, e teremos f (1998) = f ( 2 ⋅ 33 ⋅ 37 ) = f (2) f (3)3 f (37) = 3 ⋅ 23 ⋅
5 = 120. Vamos provar que 120 é menor valor possível para f (1998).
EUREKA! N° 3, 1998
24
Sociedade Brasileira de Matemática
EUREKA! N° 3, 1998
25
Sociedade Brasileira de Matemática
O PRINCÍPIO DA INDUÇÃO
Elon Lages Lima
♦ Nível Avançado.
INTRODUÇÃO
EUREKA! N° 3, 1998
26
Sociedade Brasileira de Matemática
2. OS AXIOMAS DE PEANO
EUREKA! N° 3, 1998
27
Sociedade Brasileira de Matemática
3. O AXIOMA DA INDUÇÃO
s s s s s s
1
→ 3
→ 5
→ ⋅⋅⋅ 2
→ 4
→ 6
→ ⋅⋅⋅
exibe uma função injetiva s : N → N para a qual não é verdade que todo
número natural n pode ser obtido, a partir de 1, mediante repetidas
aplicações da operação de passar de k para s(k).
EUREKA! N° 3, 1998
28
Sociedade Brasileira de Matemática
EUREKA! N° 3, 1998
29
Sociedade Brasileira de Matemática
EUREKA! N° 3, 1998
30
Sociedade Brasileira de Matemática
5. ORDEM
EUREKA! N° 3, 1998
31
Sociedade Brasileira de Matemática
EUREKA! N° 3, 1998
32
Sociedade Brasileira de Matemática
6. BOA ORDENAÇÃO
EUREKA! N° 3, 1998
33
Sociedade Brasileira de Matemática
EUREKA! N° 3, 1998
34
Sociedade Brasileira de Matemática
EUREKA! N° 3, 1998
35
Sociedade Brasileira de Matemática
EUREKA! N° 3, 1998
36
Sociedade Brasileira de Matemática
EUREKA! N° 3, 1998
37
Sociedade Brasileira de Matemática
P2
P1
Observações:
EUREKA! N° 3, 1998
38
Sociedade Brasileira de Matemática
8. NÚMEROS CARDINAIS
Vamos agora mostrar como se usam os números naturais para contar
os elementos de um conjunto finito. O Princípio da Indução será essencial.
Lembremos que, dado n ∈ N, escrevemos In = {p ∈ N; p ≤ n}, portanto
In = {1, 2, …, n}.
Uma contagem dos elementos de um conjunto não-vazio X é uma bijeção
f : In → X. Podemos pôr x1 = f(1), x2 = f(2),…, xn = f(n) e escrever
X = {x1, x2,…xn}. Diz-se então que X possui n elementos. O conjunto X
chama-se um conjunto finito quando existe n ∈ N tal que X possui n
elementos.
Um exemplo óbvio de conjunto finito é In. Evidentemente, a função
identidade f: In → In é uma contagem dos elementos de In.
Um exemplo de conjunto infinito é o proprio conjunto N dos
números naturais, pois nenhuma função f : In → N pode ser sobrejetiva, não
importa qual n se tome. De fato, dada f, tomamos k = f(1) + f(2) +…+ f(n) e
vemos que k > f(x) para todo x ∈ In, logo k ∉ f(In), e f não é sobrejetiva.
EUREKA! N° 3, 1998
39
Sociedade Brasileira de Matemática
EUREKA! N° 3, 1998
40
Sociedade Brasileira de Matemática
não seja um número natural, ele passa a ser o número cardinal do conjunto
vazio.
Seguem-se algumas proposições que devem ser demonstradas por
indução ou boa ordenação. Os dez últimos exercícios foram sugeridos pelo
Professor A. C. Morgado.
Exercícios:
EUREKA! N° 3, 1998
41
Sociedade Brasileira de Matemática
3
n + 2 n
Sugestão: observe que x n +1 = ⋅ ⋅ xn .
n + 1 n +3
12. Demonstre que a soma dos n primeiros números ímpares é n2, ou seja,
que 1 + 3 + 5 +…+ (2n – 1) = n2.
1 1 1 1 1 1 1 1
15. Demonstre que 1 − + − + .. + − = + + ... + .
2 3 4 199 200 101 102 200
1 2
16. Determine An se A =
2 4
EUREKA! N° 3, 1998
42
Sociedade Brasileira de Matemática
(1 + 2 ) n
b) pn é o inteiro mais próximo de e qn é o inteiro mais próximo
2
2
de (1 + 2 ) n .
4
EUREKA! N° 3, 1998
43
Sociedade Brasileira de Matemática
FRAÇÕES CONTÍNUAS,
REPRESENTAÇÕES DE NÚMEROS E APROXIMAÇÕES
Carlos Gustavo Moreira
♦ Nível Avançado.
INTRODUÇÃO
EUREKA! N° 3, 1998
44
Sociedade Brasileira de Matemática
p p +1
Dado qualquer x ∈ R e q natural não nulo existe p ∈ Z tal que ≤x<
q q
p 1 p +1 1
, e portanto x − < e x− ≤ . Em particular há aproximações
q q q q
1
de x por racionais com denominador q com erro menor que . A
q
representação decimal de x equivale a dar essas aproximações para os
denominadores q que são potências de 10, e tem méritos como sua
praticidade para efetuar cálculos que a fazem a mais popular das
representações dos números reais. Por outro lado, envolve a escolha
arbitrária da base 10, e oculta freqüentemente aproximações racionais de x
muito mais eficientes do que as que exibe. Por exemplo,
22 1 314 355 1 3141592
π− < <π− e π− < <π−
7 700 100 113 3000000 1000000
22 355
mostram que e são melhores aproximações de π que aproximações
7 113
decimais com denominadores muito maiores, e de fato são aproximações
muito mais espectaculares do que se podia esperar.
Dado x ∈ R definimos [x] como o único inteiro tal que [x] ≤ x < [x] + 1).
Definimos recursivamente
1
α 0 = x, a n = [α n ], e, seα n ∉ Z , α n +1 = , para todo n ∈ N .
α n − an
Se, para algum n, αn = an temos
1
x = α 0 = a0 + =: [ a ; a1 , a 2 ..., a n ].
1 0
a1 +
1
a 2 + ... +
an
Se não denotamos
EUREKA! N° 3, 1998
45
Sociedade Brasileira de Matemática
1
x = a0 + =: [ a 0 ; a1 , a 2 ...].
1
a1 +
a 2 + ...
pn 2
n x− converge a e −π / 6 ln 2
= 0,093187822954...
qn
p
x= , q>0 p = a 0 q + r0 0 ≤ r0 < q
q
q = a1 r0 + r1 0 ≤ r1 < r0
r0 = a 2 r1 + r2 0 ≤ r2 < r1
# #
rn − 2 = a n rn −1
EUREKA! N° 3, 1998
46
Sociedade Brasileira de Matemática
Seja x = [a0; a1, a2, …]. Sejam pn ∈ Z, qn ∈ N* primos entre si tais que
pn
= [a0; a1, a2, …, an], n ≥ 0. O seguinte resultado será fundamental no
qn
que seguirá.
xk
[t0; t1, t2, …, tk] = onde as seqüências (xm) e (ym) são definidas por
yk
x0 = t0, y0 = 1, x1 = t0t1 + 1, y1 = t0, xn+2 = tn+2 xn+1 + xn, yn+2 = tn+2 yn+1 + yn, ∀n.
Suponha que a afirmação seja válida para k = n. Para k = n+1 temos
1
[t0; t1, t2, …, tn, tn+1] = [t0; t1, t2, …, tn + ]=
t n +1
1
(t n + ) x n −1 + x n −2
t n +1 t (t x + x ) + x n −1 t n +1 x n + x n −1
= n +1 n n −1 n −2 = .
1 t n +1 (t n y n −1 + y n − 2 ) + y n −1 t n +1 y n + y n −1
(t n + ) y n −1 + y n −2
t n +1
EUREKA! N° 3, 1998
47
Sociedade Brasileira de Matemática
α n p n −1 + p n − 2 p n−2 − q α
Corolário: x = e αn = n−2
, ∀n ∈ N.
α n q n −1 + q n − 2 q n −1α − p n −1
pn 1 1
Teorema 1: x − ≤ < 2 , ∀n ∈ N.
qn q n q n +1 q n
pn 1 p 1
Além disso, x − < 2
ou x − n +1 < , ∀n ∈ N.
qn 2q n q n +1 2q n2+1
pn p n +1
Prova: x sempre pertence ao segmento de extremos e cujo
qn q n +1
comprimento é:
p n +1 p n ( −1) n 1 pn 1 1
− = = ⇒ x− ≤ < 2.
q n +1 q n q n q n +1 q n q n +1 qn q n q n +1 q n
Além disso, se
pn 1 p 1 1 p p
x− ≥ 2 e x − n+1 ≥ 2 então = x − n + x − n+1
qn 2qn qn+1 2qn+1 qnqn+1 qn qn+1
1 1
≥ + ⇒ q n +1 = q n , absurdo ❑
2q n2 2q n2 +1
pn 1 1
Observação: De fato x− < < . Quanto maior for
qn q n q n +1 a n +1 q n2
EUREKA! N° 3, 1998
48
Sociedade Brasileira de Matemática
pn
an+1 melhor será a aproximação de x. O próximo resultado nos dá
qn
pn
explicitamente o erro da aproximação de x por .
qn
Proposição:
pn ( −1) n q
x− = , onde β n +1 = n −1 = [0; a n , a n −1 , a n − 2 ,..., a1 ].
q n (α n +1 + β n +1 )q n
2
qn
p n −1 − q n −1 x
Demonstração: Temos α n +1 = . Portanto,
qn x − pn
EUREKA! N° 3, 1998
49
Sociedade Brasileira de Matemática
1 1 1 1 5
1+ x + y ≤ 5 ⇒ 1+ x ≤ 5 − y ⇒ + ≥ + = e
1+ x y 5 − y y y( 5 − y),
5 −1
portanto y( 5 − y) ≥ 1 ⇒ y ≥ . Por outro lado temos
2
1 1 1 1 5
x ≤ 5 −1− y ⇒ + ≥ + = e
x 1+ 4 5 − 1 − y 1 + 4 (1 + y )( 5 − 1 − y )
5 −1
portanto (1 + 4)( 5 − 1 − y ) ≥ 1 ⇒ y ≤ , e portanto devemos ter
2
5 −1 q
y= , o que é absurdo pois y = β n +1 = n −1 ∈ Q.
2 qn
1+ 5 p 1
ε > 0, α = e α− < , temos
2 q ( 5 + ε )q 2
1− 5 p
−
1+ 5 1+ 5 2 q
q − p < 1
⇒ q − p q 1 − 5 − p < ,
2 ( 5 + ε )q 2 2 5 +ε
2 q
EUREKA! N° 3, 1998
50
Sociedade Brasileira de Matemática
2
p p p 1 + 5 1 − 5
p – pq – q = 0 teríamos − − 1 = 0 ⇒ ∈
2 2
, ,
q q q 2 2
p
absurdo, pois ∈ Q .)
q
Exemplos:
1 1 1
2 =1+ =1+ =1+ = ...
2 +1 1 1
2+ 2+
2 +1 1
2+
2 +1
EUREKA! N° 3, 1998
51
Sociedade Brasileira de Matemática
1+ 5
= [1;1,1,1,...] pois 1 + 5
=1+
1
=1+
1
= ...
2 2 1+ 5 1
1+
2 1+ 5
2
p pn
Teorema 2: q n x − p n < qx − p , ∀p, q ∈ Z,0 < q ≤ q n , ≠ .
q qn
Além disso, q n x − p n ≤ qx − p , ∀p, q ∈ Z,0 < q < q n +1 .
p pn 1 1 p
Prova: − ≥ > se q < qn+1, e assim está fora do
q qn qq n q n q n +1 q
p p
intervalo n , n +1 . Portanto,
q n q n +1
p p p p p 1 1
x− ≥ min − n , − n +1 ≥ ⇒ qx − p ≥ ≥ qn x − pn .
q q q n q q n +1 qq n + 1 q n +1
p n +1
Além disso, se vale a igualdade, então x = , donde an+1 ≥ 2, e qn+1 > 2qn,
q n +1
pois numa fração contínua finita, como no algaritmo de Euclides, o último
coeficiente an é sempre maior que 1. Nesse caso, se q ≤ qn , teremos
EUREKA! N° 3, 1998
52
Sociedade Brasileira de Matemática
p p p p 1 1 q −q 1 1
x− ≥ x − n − n+1 − n ≥ − = n+1 > ⇒ qx − p > ≥ qn x − pn .
q qn qn+1 qn qqn qnqn+1 qqnqn+1 qqn+1 qn+1
pn p
Corolário 1: x − < x − , ∀q < q n .
qn q
Corolário 2: Se qx − p < q ' x − p ' , ∀ q ' ≤ q , p ≠ q ' então p/q é uma reduzida
q q'
da fração contínua de x.
p
Teorema 3: Se x − p < 1 então é uma reduzida da fração contínua de x.
2
q 2q q
p p n +1
Prova: Seja n tal que qn < q ≤ qn+1. Suponha que ≠ . Então, temos
q q n +1
duas possibilidades:
q p 1 1
a) q ≥ n +1 ⇒ x − ≥ ≥ .
2 q qq n +1 2q 2
b)
qn +1 p p p p p 1 1
q< ⇒ qn +1 > 2qn ⇒ x − ≥ n − − nm − n ≥ − =
2 q qn q qnm qn qqn qn qn +1
qn +1 − q 1 1
= > > 2.
qqn qn +1 2qqn 2q
Nesta seção provaremos que os números reais com fração contínua periódica
são exatamente as raízes de equações do segundo grau com coeficientes
inteiros.
Lembramos que na representação de x por fração contínua, an, αn são
definidos por recursão por
EUREKA! N° 3, 1998
53
Sociedade Brasileira de Matemática
1
α 0 = x, a n = [α n ], α n +1 = .
α n − an
e temos
p − q n−2 x
α n = n−2 , ∀n ∈ N .
q n −1 x − p n −1
EUREKA! N° 3, 1998
54
Sociedade Brasileira de Matemática
An = ap n2−1 + bp n −1 q n −1 + cq n2−1
Bn = 2ap n −1 p n − 2 + b( p n −1 q n − 2 + p n − 2 q n −1 ) + 2cq n −1 q n − 2
C n = ap n2− 2 + bp n − 2 q n − 2 + cq n2− 2.
Note que Cn = An–1. Vamos provar que existe M > 0 tal que 0 < A n ≤ M
para todo n ∈ N, e portanto 0 < C n ≤ M , ∀n ∈ N :
p p
An = ap n2−1 + bp n −1 q n −1 + cq n2−1 = aq n2−1 x − n −1 x − n −1 ,
q n −1 q n −1
onde x e x são as raízes de a, X2 + bX + c = 0, mas
pn−1 1 p p p
x− < 2 ≤ 1 ⇒ An = aqn2−1 x − n−1 x − n−1 ≤ a x − x + x − n−1 ≤
qn−1 qn−1 qn−1 qn−1 qn−1
( )
≤ a x − x + 1 =: M .
Notemos agora que Bn2 − 4 An C n = b 2 − 4ac, ∀n ∈ N. De fato,
Bn2 − 4 An C n = ( p n −1 q n − 2 − p n − 2 q n −1 ) 2 (b 2 − 4ac) = b 2 − 4ac. Portanto,
Bn2 ≤ 4 AnCn + b2 − 4ac = 4M 2 + b2 − 4ac ⇒ Bn ≤ M ' = 4M 2 + b2 − 4ac,∀n ∈ N.
Provamos assim que An, Bn e Cn estão uniformemente limitados, donde há
apenas um número finito de possíveis equações An X2 + BnX + Cn = 0, e
portanto de possíveis valores de αn. Assim, necessariamente αn+k = αn para
alguma escolha de n ∈ N, k ∈ N*.
Referências:
• N. Beskin - Frações contínuas - Iniciação à Matemática - Editora Mir.
• José Paulo Q. Carneiro - Um processo finito para a raiz quadrada – Revista do
Professor de Matemática 34, 1997, pp. 36-44.
• C.D. Olds - Continued Fractions - New Mathematical Library - Random House.
• A. M. Rockett, P. Szüsz - Continued Fractions - World Scientific.
EUREKA! N° 3, 1998
55
Sociedade Brasileira de Matemática
Solução
∑ l =∑ c .
i =1
i
i =1
i Suponha que exista k com 1 ≤ k ≤ n e ∑ l <∑ c
i =1
i
i =1
i (se não
∑
i = k 0 +1
(l i − ci ) < 0, mas então teríamos ∑i =1
(l i − ci ) < ∑ (l
i =1
i − ci ), o que é um
k0 + r ko + r − n n
absurdo (se k0+r > n temos ∑
i =1
(l i − ci ) = ∑i =1
(l i − ci ), pois ∑ (l
i =1
i − ci ) = 0).
3) Prove que existe n ∈ N tal que os 1000 primeiros dígitos de n1998 são
iguais a 1.
Solução
EUREKA! N° 3, 1998
56
Sociedade Brasileira de Matemática
n1998 = 111
11 α 0α 1α 2 ...α p ; onde α i é tal que 0 ≤ α i ≤ 9;
..
1000 algarismos
Solução
Traçe a paralela a P3P2 passando por P1. O ponto P7 pertencerá a essa reta e
→ →
teremos P1 P7 = P3 P2 . O ponto P6 pertencerá à paralela a P3P4 passando por
→ a →
P5 e satisfará P5 P6 = a, ou seja, P5 P6 = ⋅ P3 P4 .
P3 P4
Rodando o heptágono H = P1P2P3P4P5P6P7 de 180° em torno do ponto
médio de P1P2 obtemos o heptágono H' = P1'P2'P3'P4'P5'P6'P7' com
P1' = P2 , P2' = P1 , P3' = P7 , P7' = P3. Transladando infinitas vezes os
→
heptágonos H e H' por k . P3 P6 , k ∈ Z, cobrimos uma faixa dentada, que,
→
transladada infinitas vezes por m . P4 ' P5 , m ∈ Z, nos permite cobrir o plano.
EUREKA! N° 3, 1998
57
Sociedade Brasileira de Matemática
Solução
EUREKA! N° 3, 1998
58
Sociedade Brasileira de Matemática
Solução
( k 2 −1)
y = 2 k1 ⋅k 2 − 1 = (2 k1 ) k 2 − 1 = ( 2 k1 − 1) ⋅ (2 k1 + 2 k1 ( k 2 − 2) + ... + 2 k1 + 1), obser-
ve que 2 k1 − 1 ≥ 3 e 2 k1 ( k 2 −1) + ... + 2 k1 + 1 > 3 e conseqüentemente não
teremos y primo, logo n não pode ser escrito como acima; donde n é primo.
1 1 1
14) Determine o número de soluções de + = com x e y inteiros
x y 1998
positivos.
Solução
EUREKA! N° 3, 1998
59
Sociedade Brasileira de Matemática
x − 1998 = a
y − 1998 = b
2
ab = 1998
EUREKA! N° 3, 1998
60
Sociedade Brasileira de Matemática
PROBLEMAS PROPOSTOS
Convidamos o leitor a enviar soluções dos problemas propostos e sugestões de novos
problemas para os próximos números.
EUREKA! N° 3, 1998
61
Sociedade Brasileira de Matemática
COORDENADORES REGIONAIS
EUREKA! N° 3, 1998
62