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Disciplina: Conexões I
Hegel e os gregos
2. O Sistema Hegeliano
Hegel buscava, como muitos outros filósofos o fizeram antes dele, uma
explicação para a criação e existência do Universo, o que para ela não se
confundia com a sua ‘causa’, mas sim com a sua própria ‘razão’, o que somente
poderia ser possível através das ideias e não de seres, pois estes sempre
pressupõem uma existência anterior.
Para Hegel, então, era necessário conseguir explicar o início de tudo através
de uma razão, razão esta que existisse por si própria, de modo a justificar sua
própria existência sem a necessidade de recorrer a uma causa, que por esta ser
sempre material e concreta, pressupõe que haja também outra, causa prévia à
mesma, retrocedendo até o que seria uma causa inicial, o que faria com que se
fosse retrocedendo até o infinito, sem que pudesse achar esta causa primeira, vez
que nenhuma causa pode ser a causa geradora de si própria.
Portanto, Hegel entendia que era necessária uma explicação racional, pela
qual de cada nova afirmação seria possível deduzir outra, por raciocínios e
argumentos também racionais, por considerar que a razão é algo conceitual e
abstrato, cuja ‘existência’ só se dá na mente, ou seja, no mundo das ideias.
Sim, talvez tal ideia não tenha sido completamente original, pois antes dele,
já Platão e Kant, também já tinham tentado explicar o mundo através das ideias.
Entretanto, para Hegel, cada um dos dois anteriores havia esbarrado na questão do
mundo sensível ou mundo das percepções, sem, contudo, conseguir explicá-lo
satisfatoriamente.
Entretanto, apesar de ambos, Kant e Hegel, terem feito uma separação que
inexistia na obra de Platão, considerando a percepção sensível, haveria ainda uma
distinção fundamental entre as categorias de Kant e os universais de Hegel, pois
os chamados ‘puros universais’ ou ‘categorias a priori, para Hegel seriam
condições para a própria realização do ser, ou seja, condições da própria
existência, enquanto para Kant elas seriam apenas condições para o
conhecimento.
Para Platão, o Universo procedia das ideias, sem qualquer distinção entre os
aspectos imateriais e sensoriais, cuja existência era objetiva, ou seja, sem a
necessidade de serem pensadas por uma mente. Seriam os primeiros princípios de
onde fluiriam todos os seres.
Para isto deduziu que dentro de cada realidade, além dela própria já existiria
também o seu oposto, e destes dois seria permitido o nascimento de uma nova
realidade. Nascia assim, a dialética hegeliana.
“(...) o espírito começa pelo embrião de sua possibilidade infinita – mas apenas
possibilidade –, que contém a sua existência substancial em uma forma não desenvolvida,
como o fim e o objetivo que ele só alcança em sua concretização na realidade. Assim, na
existência real, o progresso surge como um avanço do imperfeito para o mais perfeito – o
que não deve ser entendido abstratamente como apenas o imperfeito, mas como algo que é,
igualmente, o contrário de si mesmo (o assim chamado perfeito), como um embrião e como
um instinto. Da mesma forma, a possibilidade, pelo menos de modo reflexivo, aponta para
aquilo que está destinado a se tornar real; a dynamis aristotélica é também potentia, força e
poder. A imperfeição como contrário de si é, em si mesma, a contradição que certamente
existe, mas que logo é superada e resolvida. Ela é também o instinto, o impulso da vida
espiritual para romper o invólucro da mera natureza, dos sentidos e de tudo que é alheio a
ela, para chegar à luz da consciência, isto é, de si mesma.” (HEGEL, 2008)
O sistema que Hegel construiu foi, e talvez ainda seja, o mais completo
sistema já elaborado, por se tratar de um sistema muito bem ordenado e através do
qual buscava explicar não só a existência do próprio universo, como também tanto
a dinâmica evolutiva da própria vida humana como da própria história universal.
3. Conclusão
Pelo exposto, ainda que brevemente, pode-se perceber que o Sistema criado
por Hegel pretendia explicar todo o universo, uma vez que todo ele e tudo nele
seguiriam uma mesma ordem, ordem essa que foi ‘descoberta’ e explicitada por
ele exatamente neste sistema.
É por isto que Hegel entendeu ter chegado ao fim da história, ao fim da
filosofia, tudo a partir de então seria apenas a confirmação do que estava exposto,
nada poderia desconstruir aquele arcabouço, teria atingido a síntese perfeita.
4. Referências Bibliográficas
HEGEL, G. W. (2008). Filosofia da História (2ª (reimpressão) ed.). (M. R. Harden, Trad.)
Brasília: UnB.