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LOGOS

 Relato de Experiência

Totemismo e mercado:
notas para uma antropologia do
Everardo Rocha movimento na direção do estudo de nossa Comprando Significados: Os
própria sociedade e, dentro dela, ultrapas- Incas e o Supermercado
sar o espaço preciso da margem. Isto quer Assim, gostaria de encaminhar a discussão
Aproximações: Marketing, dizer livrar-se de uma espécie de suspeita da dimensão simbólica e classificatória, aspecto
Consumo e Antropologia ideológica e poder enfrentar o exame de que penso ser fundamental para a compreensão
O objetivo central do presente trabalho questões relacionadas à interesses centrais do fenômeno do consumo, a partir da descrição
é oferecer uma contribuição no sentido de do pensamento burguês tais como: televi- de uma situação determinada. Esta situação, por
ampliar as possibilidades de parceria entre são, consumo, publicidade, moda, objetos, força de seu valor de estranha­mento assumiu,
o Marketing e a Antropologia Social. Mais arquitetura, entre outros. (Boudrillard, 1973, para mim, o lugar de um incidente revela-
precisamente; pensar questões de mercados, 1981, Lipovetsky,1989, Rodrigues, 1992, dor. A experiência da perplexidade diante
produtos e consumidores, levando em consi- Hall, 1973,1976,1977, Goffman, 1979, de um determinado fato social pode ser,
deração a presença evidente da face cultural Wagner, 1975, Hall e Hall, 1987, Lull, 1992 muitas vezes, um bom ponto de partida para
em todas estas práticas. O consumo - fenôme- Prado,1987, Barthes, 1981 e Rocha, 1979, o exercício de reflexão, capaz de conduzir o
no essencial no campo do Market­ing - é um 1984, 1985, 1995). No Marketing, penso pensamento na direção de uma compreensão
dos grandes inventores da ordem da cultura que trabalho de campo, etnografia e pesqui- alternativa. Neste sentido, a perplexidade
em nosso tempo, expressando princípios, ca- sa qualitativa são contribuições decisivas relati­viza. E, como de resto é corrente nos
tegorias, ideais, estilos de vida, identidades - no plano metodológico - do viés típico da procedimentos interpretativos em Antropo-
sociais e projetos coletivos. Talvez nenhum Antropologia Social. E mais; a Antropologia logia Social, a perspectiva relativizadora,
outro fenômeno espelhe com tamanha ade- Social pode implementar sistematicamente abre espaço para o estranha­mento, oferece
quação um certo espírito do tempo, a face perspectivas de análise possuidoras de um uma outra escala de valores e, eventualmen-
mais definitiva da sociedade moderna-indus- sentido menos etnocêntrico na construção te, pode mostrar alguns mapas do tesouro.
trial-capitalista. (Rocha, 1995) de certos problemas de mercado. Pode É neste contexto que desejo refletir sobre
Tudo isto conduz ao compromisso in- influenciar em uma concepção menos in- o paradoxo contido em uma certa experiência
telectual básico de aproximar Marketing e dividualizada do consumo, que seja capaz de consumo. Na realidade, conforme veremos,
Antropologia, como uma parceria advinda de entender sua especificidade de processo uma experiência de ausência de consumo.
da efetiva demanda produzida pela cultura cultural. O consumo, visto no horizonte das Minha perplexidade se deveu ao fato de que
contemporânea. Num certo sentido, com- trocas simbólicas, e não apenas na pers- nada ali faltava para que o ato econômico
preender a sociedade em que vivemos passa pectiva das reações subjetivas, amplifica o se realizasse. No cenário estavam presentes
pela compreensão de questões essenciais horizonte interpretativo, significando um os elementos essenciais - moeda, mercado,
contidas nos projetos intelectuais das duas passo além dos reducionis­mos implícitos produto, vendedor, comprador, preço e outros
disciplinas. Assim, a reflexão em Marketing na discussão psicológica generalista de um que tais - que se fazem necessários para o
pode se beneficiar de uma tradição conceitu- consumidor singularizado. acontecimento da razão econômica e da lógica
al, metodológica e teórica importante e a An- A devida atenção à temática do revesti- implacável que governa os mercados. De fato,
tropologia Social pode se nutrir de um viés mento cultural que envolve a questão do con- tratava-se de uma situação de mercado, a um
objetivo do Marketing, revisitando o imenso sumo nos permite pesquisar na direção de uma só tempo, elementar e exemplar: alguém pron­
desafio contido na dimensão aplicada do totalidade de maior abrangência que encontra to para comprar, outro a postos para vender,
pensamento antropológico. Neste sentido, nos sistemas simbólicos a explicação mais produtos loucos para circular.
um projeto comum envolve o Marketing consistente para ideologias e comportamentos Estavam dadas ali todas as condições
- em especial os estudos na área de compor- concretos de consumo. (McCra­cken,1988) Os da lógica do produtivismo, condições para
tamento do consumidor - e a Antropologia fenômenos constitu­tivos do consumo - pro- a realização da perspectiva utilitarista e
Social. É este projeto comum de troca, este dutos, comportamentos, compras, mercados, para a consecução dos objetivos essenciais
esforço intelectual conjunto, que precisa ser escolhas, decisões - são trocas simbólicas que da razão prática. E, no entanto, aquele ato
realizado na constituição de um campo de se fazem entre atores sociais concretos no de consumo, capaz de realimentador o jogo
trabalho ou uma linha de pesquisa que pode- palco da cultura contemporânea. O consumo produtivis­ta, não aconteceu. Vou passar a
remos chamar de Antropologia do Consumo. é um processo de comunicação e classificação descrever essa experiência modelar, para
(Douglas e Isherwood, 1978) de pessoas e objetos. Neste sentido, Market­ que possamos entender sua dimensão de per-
De fato; podemos perceber uma pos- ing e Antropologia possuem amplo espaço plexidade, seu potencial de estranha­mento e
sibilidade promissora na busca de uma para um recíproco aprendizado dentro do algumas lições que daí podemos retirar.
aproximação capaz de beneficiar as duas qual este trabalho pretende ser uma pequena Tudo se passou há mais de duas décadas
disciplinas. (Rocha e Rocha, 1993) Na An- contribuição. atrás em uma viagem bem ao estilo dos anos
tropologia Social é possível identificar um
sessenta, povoada por uma visão de mundo
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inquieta, plena de “margem”, “contracul­tura” as categorias do “eu”, reduz o múltiplo ao as palavras. Ao colocar as palavras e as coisas
e, por que não dizer, quase hippie mesmo. único, o diverso ao mesmo. (Clastres, 1982) na disjunção o ato do consumo nascia morto.
Eu estava na cidade de Cochabamba, no E queríamos consumir, sem desculpas, Faltava um código, um sistema simbólico que
altiplano boliviano, depois de muitas horas máscaras ou razões. Ninguém precisava completasse os objetos lhes atribuindo usos e
de uma dura jornada de ônibus desde Santa de na­da, não havia nenhuma “necessida- razões. Faltava, enfim, o sistema classifica­tório
Cruz de La Sierra. Uma verdadeira viagem de” racionalizando na direção da compra, capaz de oferecer sentido aos produtos.
- no duplo sentido - de jovens por toda a nenhum “desejo” impelindo a emoção dos Não era possível interpretar, de maneira
América do Sul na direção de Cuzco, a capi- usos, apenas a lógica imperiosa de controlar nenhuma, aquela produção que desfilava diante
tal do império Inca. a diferença e reconhecer a nós mesmos no de nossos olhos. Mesmo conhecendo o jogo
Era um domingo, meus amigos e eu espelho do consumo. da compra e da venda, ainda que socializados
soubemos da realização, nos arredores da Com esta sensação se sobrepondo às de- para o universo do consumo, não podíamos
cidade, de uma feira. Em nossos sonhos seria mais, paramos na frente de um imenso lençol realizá-lo sem a posse do sistema classificatório
algo como que um mercado típico “nativo”. branco estendido no chão. Era uma estranha que permitiria ligar um produto a cada outro,
Era a primeira oportunidade para o encontro “loja”, mais parecia que uma gigantesca todos em conjunto às nossas experiências de
radical com o “exótico”. Vivíamos a expec- cama de casal havia sido, cuidadosamente, vida. Faltava, enfim, o código que transformaria
tativa muito ao gosto daquele imaginário. feita no solo. Na cabeceira, na verdade além cada objeto em uma utilidade, cada mercadoria
A franca abertura para a alteridade como dela, fora do espaço da cama imaginária, es- em um uso, cada coisa em uma necessidade,
um retrato de época. Veríamos “índios” da tava sentada uma velha “índia”. Impassível, cada nome em emoção. Estivemos presos em
região, vindos das misteriosas aldeias dos diante de seus produtos. um estranho paradoxo de não poder consumir
Andes - no mínimo, descendentes distantes E eram muitos os seus produtos. Em po- porque não era possível a decodificação dos
dos Incas - que estariam ali reunidos. Cultu- tes rigorosamente iguais nós podíamos ver significados. Não consumimos por força da
ras “alternativas”, línguas incompreensíveis, os líquidos: eles eram azeitados, opacos, ausência do código, da classificação, do sistema
integração ecológica, religião poderosa, marrons, azulados, brancos, translú­cidos, simbólico que nos tornaria capazes de enqua-
sabedoria milenar, tudo em único encontro vermelhos, viscosos, voláteis, cristalinos, drar os produtos na experiência humanizadora
com nossas dúvidas e procuras existenciais. oleosos, negros, amarelos, mesclados, que lhes retém o sentido.
Quando chegamos ao lugar, o contraste sem cor, arenosos, combinados. Em outros Para entender um pouco mais esta ex-
ficou muito evidente: sons, cheiros, cores, invólucros também iguais entre si estavam periência é interessante pensar sobre nossos
roupas, gestos faziam eco à diferença. os vários tipos de pó (vinte?, trinta?, cem?) supermercados. Pensá-los, porém, às avessas.
Tudo era muito estranho e reagimos àquela e eram tantas e diferentes cores, formando Vamos fazer um exercício de imaginação rela-
sensação radical da diversidade, à presença um imperscrutável repertório. Eles pare- tivizadora e retratar um supermercado mágico,
tão incisiva do “outro”, usando os pobres ciam representar uma impressionante e exi- cuja característica seria a de exibir seus produtos
elementos que tínhamos disponíveis. Era bida coleção das poeiras do universo. Tudo desprovidos de toda espécie de rótulo, etiqueta,
preciso recuperar nossa própria identidade isto sem falar nos recipientes, também eles tarja, nome, marca ou qualquer outra coisa mais
e o fizemos pelo caminho mais óbvio: todos semelhantes uns aos outros, que continham que o identifique. Vamos colocar estes produtos
desejamos comprar. Hoje penso que esta era folhas, ervas, plantas, raízes, pedras, ferros, em recipientes iguais, obedecendo a uma única
a reação possível diante da alteridade, a de- couros, pêlos e cascas. Também agrupados, regra: a adequar os continentes à natureza dos
fesa frente ao universo do “outro” - reafirmar em vários pontos do lençol, podíamos ver conteúdos. Assim, os produtos em pó ou os
as categorias básicas da sociedade do “eu”. os pequenos objetos. Dezenas de mínimas sólidos serão todos acondicionados em sacos
Ou melhor, responder, evidentemente, com coisinhas em seus formatos triangulares, plásticos, os líquidos em pequenos frascos,
alguma forma de atitude etnocêntrica. Não quadrados, esféricos, retangulares; de dife- os gasosos em tubos de forma cilíndrica. Para
necessariamente como forma de hostilidade, rentes consistências, lembrando vagamente completar, esses únicos modelos de embalagem
mas como artifício lógico de recuperação do torrões, bolinhas, cones, laços, tubinhos, seriam, rigorosamente, transparentes.
mesmo, do igual, da identidade de si. miudezas, restos de usos ab­so­lutamente Ao fazer nosso shopping neste super-
Assim, percorremos os múltiplos espa- indecifráveis. O lençol, a senhora dos mis- mercado imaginário, será que poderíamos
ços da feira como em um shopping: o desejo térios e seus produtos. A perplexidade. comprar com absoluta certeza nossos produ-
de consumo à flor da pele. A possibilidade Passamos o dia todo, não compramos nada. tos? Ou corremos o risco de confundir nosso
banal de reter tudo aquilo se realizava atra- Foi impossível reduzir o seu mercado à nossa ló- shampoo de limão com o detergente de men-
vés da posse de sua produção. Controlar a gica. Repartimos com eles o ar, poucas palavras, ta, ambos verdes, cheirosos e viscosos? E a
sociedade do “outro” pelo desejo de pos- sorrisos eventuais. Nossos dólares perderam brancura terapêutica do sal de frutas seria
suir sua produção. Reafirmar a sociedade parte de sua arrogante prerrogativa universali- ela facilmente distinta da brancura higiênica
do “eu”, nosso centro e nosso chão, pelo zadora. E por que não fomos capazes de usá-los do talco? O leite em pó do café da manhã
exercício do consumo - a mais qualificada ali? Por que não foi possível comprar aquilo que não poderia passar pela farinha de trigo do
referência ao mundo industrial, moderno estava para ser vendido? Qual era o elemento bolo? E o álcool de uso doméstico ao invés
e capitalista. Pela atitude inconsciente que ausente, inviabilizando o acontecimento inexo- de cachaça de uso festivo? E o universo
afirmava que tudo ali tinha que ter um preço rável da razão do consumo naquele contexto? dos medicamentos, não seria simplesmente
e que era possível pagá-lo, jogávamos o Não era dinheiro, não era vontade, não eram caótico? Sempre que penso no misterioso
mais ocidental dos jogos: o etnocídio que produtos. O que faltava, definitivamente, eram mundo dos produtos gaseifi­cados, sei que
“domestica” a cultura do “outro”, reifica os significados. Existiam as coisas, não existiam nunca seria capaz de separar os vapores:
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remédios de garganta, desodorantes ou, mais pelo sentido que é sua possibilidade de pologia Social. Questões que as duas dis-
radicalmente, inseticidas ou tintas - todos humanização. O consumo é uma prática que ciplinas reúnem e que com certeza não são
disfarçados pela mágica forma do aerossol e só é possível pela experiência de um sistema simples. Elas colocam em conjunção tanto
pelas nuances discretas das fragrâncias. de classificações, onde objetos, produtos, abstrações teóricas de grande porte quanto
Mas, nosso marketing, nossa propa- serviços são parte de um jogo de organização dimensões aplicadas de necessária acuidade.
ganda, nossas etiquetas, marcas, anúncios, coletiva da visão de mundo na qual coisas Tudo isto assinala um comprometimento
slogans, embalagens, nomes, rótulos e tantos e pessoas em um processo de rebatimento recíproco com complexos processos de reve-
outros elementos distintivos, realizam este recíproco instauram a significação. zamento, requisitando estudos consistentes,
imenso e intenso trabalho de explicar e classi- Dessa forma, é necessário que exista densos e capazes de compreender as sutilezas
ficar a produção, socializando para o consumo. primeiro um processo de socialização para intelectuais envolvidas e a sintonia fina das
É este processo que permite decodificar, dando o consumo, como condição de possibilidade nuances do pensamento. É na riqueza deste
sentido ou, se quisermos, lugar simbólico (aqui- para sua realização. Do contrário, teremos campo comum que se pode caracterizar o
lo que gostamos de pensar que são necessida- o impasse de Cochabamba ou o mágico su- poder de alcance de uma reunião produtiva
des, utilidades ou desejos humanos) ao universo permercado. Na cultura contemporânea, em de disciplinas. É aí também que se instaura o
da produção. Dessa maneira, o consumo se nosso mundo pós-Revolução industrial, na imenso desafio contido na realização de uma
huma­niza, se torna cultural, passando, definiti- sociedade moderna-complexa-produtivista Antropologia do Consumo como lugar de
vamente, através dos sistemas de classificação. são os processos de Marketing - a comuni- trocas e experimentação intelectual.
A relação de compra e venda é, mais que tudo cação de massa é a face que explicita mais
uma relação de cultura; a troca simbólica, ante- exemplarmente esta dimensão do processo Everardo Rocha
cipando todas as demais modalidades sociais da - a instância capaz de patrocinar (no duplo • Doutor em Antropologia Social pelo
troca. A classificação permite a reciprocidade sentido) este processo de socialização que Museu Nacional da UFRJ, pesquisador
entre produção e consumo. Em outro trabalho permite a experiência do consumo. do CNPq, professor da PUC-Rio, UERJ
mais extenso (Rocha, 1985) tive a oportunidade Avançando um pouco mais podemos e Coppead/UFRJ. É autor de diversos
de examinar a publicidade como um grande caminhar para a compreensão de que as livros, entre os quais “A Sociedade do
sistema de classificação e compará-la com o que teorias do consumo (sejam de quaisquer Sonho” e “Jogo de Espelhos”, ambos
Lévi-Strauss (1970, 1975) chamou de sistema procedências) possuem um grande universo publicados pela Editora Mauad .
de classificação de tipo totêmico. Um deles comum de poderem ser vistas, em alguns
- o totemismo - constrói um sistema recíproco aspectos essenciais como teorias da cultura.
de classificações que articula séries paralelas Na realidade, entender o universo do consumo Bibliografia
de diferenças e semelhanças entre natureza e - prática ou conceitualmente - é perceber nele BARTHES, Roland. O Sistema da Moda.
cultura. O segundo - os anúncios publicitários e, um sistema de classificações. O consumo, Lisboa: Edições 70, 1981.
por extensão, todos os demais mecanismos de como o totemismo nas sociedades tribais, é um BAUDRILLARD, Jean. A Sociedade de
identificação para o mercado - constrói, também poderoso instrumento de socialização. Por ser Consumo. Lisboa: Edições 70, 1981
ele, um sistema recíproco de classificações que uma instância de constante produção do senti- DAMATTA, Roberto. A Casa e a Rua. Rio
articula séries paralelas de diferenças e seme- do caracteriza-se como uma das esferas básicas de Janeiro: Guanabara, 1987.
lhanças entre produção e consumo. Ambos são, que forma­tam a experiência social cotidiana na GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Cul-
neste sentido preciso, exímios códigos, grandes cultura contemporânea. Assim, podemos pen- turas. Rio de Janeiro: Zahar Editores.
máquinas de construção do sentido. (Rocha, sar que nossa singularidade história, ao menos 1978.
1985) uma delas com certeza, está na confecção de HALL, Edward T. The Silent Language.
um poderoso sistema de integração cultural New York: Anchor Books. 1973.
Totem e Consumo: planetária através dos processos de alocação da ______. Beyond Culture. New York: Dou-
Classificando a Produção e esfera da produção ao seu destino de mercado. bleday. 1976.
Obtendo o Sentido Este sistema antes de qualquer outro projeto ______. A Dimensão Oculta. Rio de Janei-
Assim, podemos avançar o alcance destas - econômico, político, utilitário ou racional - é ro: Francisco Alves. 1977.
questões, pensando seriamente sobre a hipótese cultural e ideológico, e isto precisamente por LÉVI-STRAUSS, Claude. O Totemismo
de que o comportamento do consumidor - o sua natureza significacional e pela posse de Hoje. Petrópolis: Vozes,. 1975.
ato mesmo de consumo aí subjacente - se uma vocação classificatória que não é outra LULL, James. A China Ligada: Televisão,
realiza, antes de qualquer coisa, através da senão aquela de explicar a produção. É neste Reforma e Resistência. Rio de Janeiro:
posse e da capacidade de compartilhar sig- jogo de magia, mito e ritualização - o jogo Rio Fundo Editora, 1992.
nificados. Como nos ensina Clifford Geertz próprio dos sistemas totêmicos - que ele nos MCCRAKCEN, Grant. Culture and Con-
(1978, p.22) “a cultura é pública porque o permite o consumo e o shopping em quase sumption. Indiana: Indiana Univesity
significado o é”. Portanto, a esfera da pro- todas as feiras de quase todas as praças. Press, 1988.
dução em sentido “lato” (qualquer atividade Dessa forma, podemos constatar - e ROCHA, Everardo Pereira Guimarães. A
voltada para o mercado se inclui na mesma este foi o objetivo central do presente estudo Sociedade do Sonho: Comunicação Cul-
lógica) obtém a possibilidade de realizar sua - que sobre determinada angulação algumas tura e Consumo. Rio de Janeiro: Editora
natureza e encontrar seu destino, através da das questões que atravessam o projeto in- Mauad, 1995.
posse inaugural de um significado coleti- telectual do Marketing são estruturalmente WAGNER, Roy. The Invention of Culture.
vamente distribuído. A produção se traduz iden­tificadas e próximas daquelas da Antro- New Jersey: Prentice Hall, 1975.

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