Vous êtes sur la page 1sur 6

Estudo do Sefer Matitiyahu (Livro de Mateus)

Por Sha'ul Bentsion

Capítulo 10 – Parte 4

34 ão penseis que vim trazer shalom à terra; não vim trazer shalom, mas espada.

Há duas formas de entendermos a questão da espada, apontada por Mashiach. Não


necessariamente as duas formas são mutuamente excludentes.

A primeira forma baseia-se no fato de que a expressão idiomática usada por Yeshua
demonstra que o tempo da sua vinda seria um tempo tempestuoso, e não um tempo de
paz física. A questão de foco é clara: a paz deste mundo (a chamada pax romana, isto é,
a ausência de conflitos) difere do shalom com YHWH.

O termo shalom significa “plenitude”. O conceito semita de paz então era de uma vida
plena, com todas as suas necessidades supridas. Assim sendo, o conceito de shalom com
YHWH é um conceito de ter uma relação plena com Ele, tendo nEle a fonte para o
suprimento de todas as nossas necessidades. Contudo, isso gera o efeito justamente
oposto no mundo, visto que o príncipe deste mundo vive em oposição e antagonismo a
YHWH.

A segunda forma baseia-se no comentário da guemará sobre Tehilim (Salmos) 95, o


mesmo é atribuído a Mashiach, que seria a rocha da salvação de YHWH (vide. Sl.
95:1).

Curiosamente, o passuk (versículo) 10 diz o seguinte: “Quarenta anos estive


desgostado com esta geração, e disse: É um povo que erra de coração, e não tem
conhecido os meus caminhos.”

O texto se refere à peregrinação do povo no deserto, mas Rabi Eliezer interpreta isso
como sendo uma referência à época da vinda do Mashiach, que seria uma época em que
o povo de Yisra’el provocaria YHWH, e que YHWH teria paciência por 40 anos. E foi
exatamente assim, se contarmos desde o ministério de Yeshua até a destruição do Beit
HaMikdash (Templo) em Yerushalayim (Jerusalém.)

Dessa forma, o tempo da espada era interpretado pelos sábios da época como uma
referência ao fato de que Mashiach também traria juízo sobre a iniqüidade, se Yisra’el
não se arrependesse e fizesse teshuvá (retorno) a YHWH.

35 Porque eu vim pôr em divisão o homem contra seu pai, a filha contra sua mãe, e a
nora contra sua sogra;

Vide comentário sobre o passuk (versículo) 21.


36 e assim os inimigos do homem serão os da sua própria casa.

Há uma incrível profundidade no que diz Yeshua, que vai além daquilo que inicialmente
nos aparece em uma primeira leitura.

Em Yirmiyahu 3:14, YHWH diz: “Convertei-vos, ó filhos rebeldes, diz YHWH; pois eu
vos desposei; e vos tomarei, a um de uma cidade, e a dois de uma família; e vos levarei
a Tsiyon.”

Os filhos de Yisra’el haviam se rebelado contra YHWH, e por essa razão, como
comentamos acima, os tempos do Mashiach seriam tempos tanto de angústia quanto de
redenção, dependendo da forma como a mensagem fosse encarada.

Assim sendo, não somente aqueles que aceitassem a mensagem poderiam ter que
encarar como adversários os rebeldes de sua própria família, mas também seria o auge
da inimizade entre Efrayim e Yehudá, ambos pertencentes à mesma Casa de Yisra’el.

A medida que fossem aqueles homens, representantes da Casa de Yehudá, entre as


nações em busca de Efrayim, enfrentariam a ira dos rebeldes da própria Casa de
Efrayim, além dos ciúmes da Casa de Yehudá. Aqueles homens estavam sendo
chamados, como nós o somos hoje, para se colocarem exatamente no epicentro da
adversidade entre Efrayim e Yehudá. E, assim como quem tenta apartar uma briga corre
o risco de apanhar nas duas frentes, assim também os nazarenos sofrem perseguição de
ambos.

37 Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o
filho ou a filha mais do que a mim não é digno de estar comigo no Reino dos Céus.

Amar

O conceito judaico de amor é um tanto diferente do conceito ocidental. O amor, no


Judaísmo, é muito menos um sentimento do que é um compromisso, e um ato de doação
de si próprio.

Algo interessante é dito acerca da palavra “ahavá” (amor), que é usada neste trecho, nos
manuscritos hebraicos. Dizem os sábios que “ahavá” é um acróstico de “ani hiv” (eu
dou), pois significa a nossa disposição em dar, ao invés de receber. Ou seja, o amor é
um ato de altruísmo, dentro do Judaísmo, e não um mero sentimento.

Quando Yeshua, portanto, fala de quem “ama o pai ou a mãe mais que a Ele”, não se
refere a sentimento, nem tampouco condena o amor ao pai e a mãe. A expressão pode
ser lida como uma dedicação. Ou seja, Yeshua se refere a uma questão de compromisso
com o Reino: Se alguém deixa de fazer a vontade de YHWH por conta de pressão
familiar, então não é digno dele.

Os manuscritos aramaicos trazem uma idéia parecida, apresentando a palavra “rachem”,


que significa “amizade” ou “misericórdia.” Ou seja, não devemos deixar de fazer a
vontade de YHWH por conta da dor de termos que ir contra a vontade da família.
Pai e Filho

Há ainda um entendimento mais profundo que pode ser visto nesse comentário de
Yeshua: no pensamento judaico, pais e filhos não se referem apenas ao grau de
parentesco imediato, mas também aos antepassados, e às gerações futuras.

A pressão que poderia haver giraria em torno também da questão da pressão social de
ser considerado pertinente ao povo. E também do estabelecer o laço sangüíneo como
cerne do relacionamento com YHWH.

Alguns p’rushim tentaram usar desse argumento com Yochanan HaMat’vil (João, o
Imersor): “não queirais dizer dentro de vós mesmos: Temos por pai a Avraham; porque
eu lhes digo que mesmo destas pedras Elohim pode suscitar filhos a Avraham.”

Até hoje, no meio judaico, a ascendência chega a ser mais importante do que a fé ou os
atos. Isso não é aberto ao público em geral, mas nas sinagogas percebe-se nitidamente
que um judeu é tido como alguém de espiritualidade inerentemente elevada, e com lugar
assegurado no Gan Eden. Semelhantemente, os ortodoxos têm verdadeiro horror de que
um judeu mais secular se case com uma pessoa convertida, por exemplo, por vias de
uma sinagoga reformista. Lembro-me de um conhecido que deixou uma moça nessas
condições, e procurou uma pessoa que não só não tinha qualquer compromisso com o
Judaísmo, como ainda tinha por hábito visitar gurus, e ter uma vida de promiscuidade.
O mesmo foi apoiado pelo rabino local, afinal para que “os filhos nascessem judeus”,
aquilo era crucial. Na condição de judeu, sinto-me absolutamente à vontade para tecer
crítica a tais exageros, que até hoje vejo de perto.

Não podemos negar a importância da ancestralidade, nem a promessa feita a nossos


pais. Mas também não podemos idolatrar ancestralidade, nem tampouco achar que uma
pessoa, por ter ancestralidade diferenciada, é melhor do que outrém – muito pelo
contrário, tem é mais responsabilidade de levar uma vida digna perante YHWH.
Também não é correto que, por uma questão meramente sangüínea, uma pessoa escolha
para si uma companheira com uma vida distante de YHWH.

Assim sendo, esse alerta de Yeshua coloca o dedo em uma das feridas mais graves do
Judaísmo desde aqueles tempos. Embora alguns detalhes e condições fossem diferentes,
a essência da questão era bastante semelhante.

38 E quem não toma o seu madeiro, e não segue após mim, não é digno de mim.

A Morte

Há duas implicações nesta declaração de Yeshua. O “tomar o seu madeiro” (as versões
semitas trazem “estaca” ou ainda “madeiro de excução” ao invés do termo “cruz”) era
uma expressão semita que significava estar pronto para sofrer a morte.

Além disso, há a questão de que a morte no madeiro era tida como sinônimo de
maldição, pois era uma punição para quem cometesse pecado digno de morte:
“Quando também em alguém houver pecado, digno do juízo de morte, e for morto, e o
pendurares num madeiro, o seu cadáver não permanecerá no madeiro, mas certamente
o enterrarás no mesmo dia; porquanto o pendurado é maldito de Elohim; assim não
contaminarás a tua terra, que YHWH teu Elohim te dá em herança.”
(Devarim/Deuteronômio 21:22-23)

Sobre essa passagem, Rashi ressalta que os sábios associavam o pendurar no madeiro
como uma punição aplicada em caso de blasfêmia. O Targum Yerushalmi diz que a
punição era aplicada se ele cometesse canibalismo e bebedeira – provavelmente
associado a rituais de adoração pagã.

Por que o Madeiro?

De acordo com a Enciclopédia Judaica, os povos semitas primitivos desenvolveram


adoração a árvores, especialmente o carvalho, que era a madeira mais nobre da região. É
bem provável, portanto, que essa punição estivesse de fato ligada originalmente à
idolatria. O pendurar o corpo no madeiro seria uma forma de punição que profanaria o
corpo exatamente no local onde o mesmo praticou idolatria.

Temos um exemplo disso em Yechezkel (Ezequiel) 6:13: “Então sabereis que Eu sou
YHWH, quando os seus mortos estiverem no meio dos seus ídolos, em redor dos seus
altares, em todo o outeiro alto, em todos os cumes dos montes, e debaixo de toda a
árvore verde, e debaixo de todo o carvalho frondoso...”

Em suma, os seguidores de Yeshua seriam injustamente acusados de blasfemarem o


nome de YHWH, e possivelmente também de práticas religiosas idólatras.

É possível ainda que essa passagem também demonstre que um seguidor de Yeshua não
deve se apegar às coisas deste mundo, tendo o entendimento de que a vida em Yeshua é
morte para o mundo.

39 Quem achar a sua vida perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim
achá-la-á.

O Talmud Bavli em Tamid 32a traz algo semelhante: “Ele lhes disse: O que deve um
homem fazer para viver? Eles responderam: Que ele se mortifique. O que deve um
homem fazer para se matar? Eles responderam: Que se mantenha vivo.”

A idéia no Talmud é a de que a vida no olam habá (mundo vindouro) é diametralmente


oposta a esta vida. Assim sendo, quem busca os deleites desta vida terá o sofrimento no
olam habá, e quem abdica de si próprio nesta vida terá a recompensa no olam habá. Isto
porque este mundo está contaminado pelo mal. Assim sendo, os prazeres deste mundo
dificilmente estão no bem.

A mensagem de Yeshua é análoga: Se desejarmos ter vida com Ele, temos que estar
dispostos a negarmos a vida deste mundo.
40 Quem vos recebe, a mim me recebe; e quem me recebe a mim, recebe aquele que
me enviou.
41 Quem recebe um profeta na qualidade de profeta, receberá a recompensa de
profeta; e quem recebe um justo na qualidade de justo, receberá a recompensa de
justo.

O conceito judaico de Reino prevê que aqueles que contribuem para que a mensagem
seja divulgada são dignos de grande mérito. Assim o é com o mensageiro de uma
palavra, como também com aqueles que facilitam o anúncio da mesma.

O Talmud Bavli diz, em Sanhedrin 39b, diz que aquele que recebia um sábio era digno
do mesmo mérito de ter recebido a YHWH, justamente pelo fato de ter contribuído para
o ensino da Torá. A mensagem de Yeshua tem um teor semelhante.

42 E aquele que der até mesmo um copo de água fresca a um destes pequeninos, na
qualidade de talmid, Amen, e eu vos digo, que de modo algum perderá a sua
recompensa.

O Talmud diz, em Bereshit Rabá 58:12 e em b.Shabat 127a: “Aquele que dá pão a um
justo é como se tivesse cumprido toda a Torá.”

O justo é sustentado por YHWH, pois aprendeu a viver em Sua dependência, conforme
afirma o salmista em Tehilim (Salmos) 37:23-27: “Os passos de um homem bom são
confirmados por YHWH, e deleita-se no seu caminho. Ainda que caia, não ficará
prostrado, pois YHWH o sustém com a sua mão. Fui moço, e agora sou velho; mas
nunca vi desamparado o justo, nem a sua semente a mendigar o pão. Compadece-se
sempre, e empresta, e a sua semente é abençoada. Aparta-te do mal e faze o bem; e
terás morada para sempre.”

Recentemente, uma pessoa postou a seguinte piada em um de nossos fóruns: “Na


alfaiataria entra um padre e encomenda uma batina. Quando vai buscá-la, após a
clássica pergunta: "Quanto é? ", O alfaiate explica: - Nada, não senhor! Eu não costumo
cobrar de religiosos. O padre agradece, surpreso, e alguns dias depois lhe envia um
lindo crucifixo. Dias depois, um pastor evangélico ouve a mesma resposta. O pastor
agradece e mais tarde lhe envia uma Bíblia como presente. Depois é a vez de um rabino.
- Quanto lhe devo? - Pergunta ele, na hora de retirar a encomenda. - Nada! Eu não
costumo cobrar de religiosos! No dia seguinte, o rabino envia-lhe um outro rabino.”

Animadamente, contei a piada a um rabino amigo, pois uma das coisas que mais um
judeu gosta de fazer é rir de si mesmo – algo que é tido como um dos pontos fortes dos
judeus. Mesmo após as risadas, o rabino disse algo interessante: “O melhor presente foi
o último, pois o rabino lhe deu mais uma chance de alcançar um mérito por uma boa
ação. O alfaiate foi extremamente abençoado!”

De fato, existe esse conceito muito importante no Judaísmo: todo ato de tsedaká
(caridade) é enxergado como uma oportunidade dada por YHWH para que participemos
na realização do bem, e aumentemos nossa recompensa junto a Ele, onde
verdadeiramente importa sermos recompensados.
Assim sendo, se o justo é sempre suprido por YHWH de um jeito ou de outro, conforme
diz o salmista, então quando YHWH coloca um justo em nosso caminho para ser
suprido em prol da obra, isso configura um privilégio que recebemos, de termos um
maior mérito perante Ele.

Contudo, devemos ter cuidado para que nossas motivações não estejam em sermos
recompensados, mas sim no amor a YHWH e no temor dos céus, conforme afirma a
Mishná em Avot 1:11-13:

“=ão sejais como servos que servem ao senhor esperando receberem uma recompensa,
mas sejais como servos que servem ao senhor sem a expectativa de receberem uma
recompensa, e que o temor dos céus esteja sobre vós.”

Vous aimerez peut-être aussi