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EUROPA: 50 ANOS.

Uma visão histórica

Existem certas datas nos processos históricos que tem a capacidade de suscitar
por si só um interesse em voltar os olhos para trás no caminho percorrido e de favorecer
uma reflexão sobre o passado, presente e futuro de ditos processos.

A essas características parece responder o 50 aniversário da assinatura do


Tratado de Roma, de 25 de Março de 1957, que constituiu a Comunidade Económica
Europeia. Pode considerar-se como um efeito claramente positivo se entendermos que a
serena reflexão é uma atitude sã e mesmo recomendável antes de se passar à acção.
Actualmente o futuro do processo de integração europeia encontra-se numa
encruzilhada que vai requerer nos próximos tempos a tomada de importantes decisões.
Por isso, antes de nos debruçarmos na questão do futuro da Europa, talvez seja boa
altura para olharmos para trás e observarmos o percurso seguido ao longo dos últimos
50 anos.

Para alguns, o desenvolvimento da integração europeia é um processo evolutivo


natural que decorre dos próprios compromissos adquiridos pelos Estados assinantes dos
Tratados de Paris (1951) e de Roma (1957), que criaram as Comunidades Europeias.
Assim, os importantes passos posteriores, tais como a criação de uma moeda única, de
uma União Europeia, o alargamento da União a novos estados ou a aprovação de uma
Constituição para a Europa não seriam mais do que consequências necessárias dos
princípios subjacentes àqueles Tratados constitutivos.

Para outros, porém, a integração europeia tem decorrido a partir das decisões
conjunturais dos líderes políticos europeus num esforço por se adaptarem ao final dos
imperialismos europeus e à situação de “Guerra-fria” que surge após a Segunda Guerra
Mundial. Assim cada um dos avanços na integraçao europeia tem respondido as
necesidades políticas de cada momento. Nesta lógica o processo de integração não tem
um fim necessário mas sim aquilo que as sociedades europeias e os seus líderes
entenderem oportuno em cada momento.

Por tanto, estamos a falar do desenrolar de uns compromissos adquiridos pelos


Estados na criação ou na adesão às Comunidades Europeias ou apenas de um conjunto
de iniciativas políticas subordinadas ao que os lideres políticos tem entendido como o
mais vantajoso para os seus Estados?

O certo é que a criação das Comunidades Europeias foram o resultado da


vontade firme e decidida de um conjunto de destacadas figuras políticas europeias do
século XX, tais como Schuman, Adenauer, Churchill ou Jean Monnet, de por em prática
um projecto político europeu baseado em anteriores iniciativas de integração europeia,
de carácter governamental, como a desenvolvida em 1930 pelo Ministro francês Aristide
Briand, ou não governamental como o projecto “Paneuropa” do Conde Coundenhove-
Kalergi e nas reivindicações de influentes grupos da sociedade civil como o Movimento
Europeu, que preconizaram o caminho da integração política como a via apropriada
para a Europa do século XX. Tratou-se, sem dúvida, de um esforço de coragem politica
que permitiu a uns estados europeus, ainda profundamente marcados por uma
devastadora guerra, colocar em comum uma das bases mais importantes das suas
sociedades: a economia.

O rápido sucesso e o amplo apoio político que obteve a Comunidade do Carvão


e do Aço (CECA), fez vislumbrar o alargamento da mesma fórmula a outro dos pilares
dos Estados, o exército. A criação de um exército europeu subordinado à defesa da
Europa no seu conjunto parecia um meio óptimo para permitir o rearmar alemão. Isto
levaria à criação da Comunidade Europeia da Defesa (CED), mas esta iniciativa
conduzia necessariamente ao estabelecimento de um complemento político que pusesse
em comum a política externa e de segurança europeia, o que materializou-se na
aprovação da Comunidade Política Europeia (CPE).

A história posterior é bem conhecida, os receios de comunistas e de gaulistas na


Assembleia francesa perante o rearmar alemão impediram em 1954 a ratificação destas
Comunidades. Porém, estas importantes questões se mantiveram na agenda dos líderes
europeus, até que em 1974 os esforços de Jean Monnet levariam à criação da mais
relevante estrutura de cooperação política comunitária: o Conselho Europeu. No relativo
à Política Externa e de Segurança Comum, esta ainda teve de esperar ate 1992 com o
Tratado de Maastricht.

A própria evolução da Comunidade Económica Europeia no sentido de


estabelecer um Mercado Comum no espaço comunitário permitiria aos líderes europeus
vislumbrar a possibilidade e a conveniência de estabelecer uma moeda única europeia,
um objectivo atingido também em Maastricht.

O próprio Tratado de Maastricht marcou uma clara viragem no rumo do


processo integrador com a criação de uma União europeia que assumirá um conjunto de
princípios políticos derivados das tradições constitucionais dos Estados-membros. Esta
nova União vai condicionar de maneira decisiva a própria evolução política dos Estados
do antigo bloco soviético que vão encontrar naquela um referente para a sua própria
configuração interna. Esta dimensão política dos princípios da União deu sentido aos
anseios daqueles europeístas que desde os anos 80 defenderam a necessidade de os
reconhecer num texto de nível constitucional. Mas este é um capítulo que ainda não foi
encerrado...

Estes e outros factos já pertencem à ainda jovem história da integração europeia.


Agora 50 anos depois começa uma paciente e por vezes complexa lavor para a sua
interpretação de tal modo que possam ser oferecidas opiniões fundamentadas sobre
questões básicas do processo de integração europeia: Será que todos estes factos
compõem um conjunto de iniciativas isoladas? Ou, pelo contrário, constituíram avanços
progressivos de um plano desenhado na própria criação das Comunidades Europeias?
Noutras palavras, pode ser concebida a integração europeia como uma missão, e se
assim for teria marcado um final à vista? Ou, pelo contrário, este chamado processo
europeu não tem sido mais do que uma maneira de ver a história política dos Estados
europeus ao longo dos últimos cinquenta anos.

A resposta a estas questões bem pode esclarecer as opiniões de uma cidadania


que provavelmente dever-se-á de pronunciar sobre o futuro da União Europeia nos
próximos tempos. Eis a tarefa dos historiadores, juristas de todos aqueles interessados
pelos grandes movimentos políticos e sociais da nossa era.
Juan Manuel Uruburu Colsa. Professor de Direito Comunitário.

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