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Negreiros] 1
• Pós Segunda Guerra = desmembramento dos grandes impérios: britânico, francês, holandês...
• Decadência desses impérios = abertura de novas oportunidades para expandir o comércio norte-
americano & preencher o “vazio de poder”.
• “[...] processo de integração de suas economias [dos países europeus] para desenvolver as
oportunidades de cada um, ampliando o mercado e manipulando as tarifas de forma que pudessem
gerar grandes empresas em condições de competir com as norte-americanas”.
• Avanço do processo de integração na Europa = Avanço da integração da Europa com setores da
economia dos EUA.
Poderio atômico
A ameaça comunista
• “[...] o processo de integração dos países capitalistas num bloco de poder foi perfeitamente
estimulado pela percepção – por parte da burguesia e dos administradores do bloco – da chamada
ameaça comunista”.
• Doutrina Truman -> para a maioria da população dos EUA e da Europa Ocidental, e para sues setores
dirigentes, a doutrina justificava as decisões políticas e militares que estavam sendo tomadas para
consolidar o bloco.
• Temores dos governos ocidentais de que a URSS invadisse a Europa -> países sentiram a necessidade
de unificar suas forças & de comprometer os EUA com a defesa -> criação de uma força
multinacional = Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em 1949.
o Seu papel, desde o início, não foi principalmente militar, mas político e ideológico.
O desenvolvimento nuclear
• 1952-53 = EUA e URSS chegam ao ponto de desenvolvimento nuclear com capacidade dissuasiva
recíproca -> dirigentes europeus começam a duvidar do compromisso norte-americano de ir à
guerra nuclear pela Europa.
• 1956-57 = situação de “mútua superioridade” levou à redução das tensões na Europa e o respeito
recíproco das respectivas zonas de equilíbrio das grandes potências.
• Nova fase da Guerra Fria = “Coexistência Pacífica”.
o União Soviética -> revisão de sua doutrina internacional.
[Resumos – Carlos Eugênio S. Negreiros] 3
• 1949 - OTAN
• 1951 - ANZUS / Pacto do Pacífico Sul = EUA, Austrália e Nova Zelândia.
• 1954 – OTSEA / Tratado da Ásia Sul-Oriental = defender os Estados dessa região contra a “agressão
comunista” -> membros: FRA, GBR, Filipinas, Austrália, NZE, EUA, Paquistão e Tailândia.
• 1955 – OTCEN (Organização do Tratado Central) / Pacto de Bagdá -> Iraque, Turquia, Reino Unido,
Irã e Paquistão. Iraque se retirou em 1958.
[Resumos – Carlos Eugênio S. Negreiros] 4
• Liga Árabe (“espírito islâmico” como um dos fatores de integração) X Israel (novo, moderno e
representante do bloca capitalista no Oriente Médio).
“A etapa da formação do bloco soviético foi iniciada simultaneamente com a II Guerra Mundial, encerrando-
se quando de sua formalização por intermédio do Pacto de Varsóvia”.
• Com o início da guerra, a política URSS foi de tentar manter-se fora do conflito. Entretanto, a invasão
germânica obrigou a União Soviética a aderir à Grande Aliança e a participar plenamente da
conflagração.
• A URSS também buscava apoio e tentava ampliar sua influência no mundo, especialmente na Europa
Oriental -> atuação dos partidos comunistas locais.
• Durante a guerra = objetivo geral de derrotar o nazismo, o fascismo e o imperialismo japonês
superou os problemas internos.
• Terminada a guerra = surgiram tensões entre os dirigentes soviéticos e líderes de movimentos
comunistas de resistência.
o “Eram tensões relacionadas com o grau de desenvolvimento atingido pelos partidos
comunistas, no curso da luta”.
• Motivo dos conflitos = contradição entre: interesses gerais da União Soviética & interesses
particulares dos movimentos de resistência.
• Formação do bloco soviético:
o Forças integradoras: identificação da URSS como cabeça e orientadora do socialismo; laços
entre a elite da burocracia soviética e as burocracias dos partidos comunista nacionais;
necessidade de derrotar as potências nazifascistas; ameaça capitalista durante a Guerra Fria;
expansão do campo socialista.
o Forças desintegradoras: tensões relacionadas com a autonomia relativa dos diversos
movimentos revolucionários.
“Quanto mais nacionalistas fossem as políticas dos PC, maiores suas possibilidades
de obter apoio das massas, sendo maiores também as possibilidades de se atritarem
com a URSS, por causa das tentativas da elite soviética de controlar as lideranças dos
partidos nacionais e de ditar-lhes a linha do movimento”.
O grau da pressão exercida pela URSS para reduzir a autonomia relativa dos PC
locais relaciona-se com a posição geopolítica estratégica de cada país em relação aos
dois blocos.
China
• Kuomintang = Partido Nacionalista Chinês, fundado por Sun Yat-Sen, que tomou o poder em 1912,
após a queda do último imperador da China.
• 1921 – fundação do Partido Comunista Chinês
[Resumos – Carlos Eugênio S. Negreiros] 5
• “A política soviética [...] baseava-se no critério de que a China não estava preparada para o
socialismo, devendo primeiramente passar pelas etapas de uma revolução democrático-burguesa”.
o URSS a favor da ideia de ser construído o comunismo num só país.
• 1925 – Chiang Kai Chek lidera o Kuomintang -> inicia uma luta para eliminar a influência do PCC
sobre seu partido.
• 1937 – Japão ataca a China -> PCC adota a “política de Frente Única anti-japonesa” & nova aliança
com o Kuomintang -> direção da luta com Chiang Kai Chek.
• Essa aliança durou até o fim da Segunda Guerra, em 1945. Durante esse período, as diferenças entre
os dirigentes da URSS e do PCC diminuíram.
• Terminada a guerra, o PCC quis partir para a tomada definitiva do poder.
• 14/08/45 = Tratado entre China e URSS -> soviéticos reconheceriam o governo de Chiang Kai Chek
como o governo central da China.
• “Na prática, os comunistas ignoraram as intenções políticas soviéticas, romperam com Chiang Kai
Chek em 1945, intensificaram a guerra contra este até derrotá-lo em 1949, tomando o poder,
mesmo contra dos desejos e intenções políticas dos dirigentes soviéticos”.
Europa Oriental
O processo de incorporação dos países dessa região ao bloco soviético apresenta uma série de passos que
constituem um padrão mais ou menos comum a todos eles:
• Após a Segunda Guerra, as minorias comunistas, que participavam das Frentes de Resistência,
apoiaram-se no exército soviético para transformar aquelas organizações em Frentes Patrióticas.
• Essas frentes foram substituídas por governos provisórios em que os dirigentes comunistas
assumiram postos importantes.
• Através de sua influência nesses governos provisórios, os Partidos Comunistas pressionaram para
que se processasse a reforma agrária e a nacionalização das indústrias.
• Também foram postas em prática uma série de medidas para desalojar do governo os partidos
burgueses e estabelecer o predomínio da coalizão socialista-comunista.
• Chegaram a ser constituídos governos exclusivamente pró-soviéticos, com o controle das ordens e
atividades religiosas, a abolição e proibição legal de outros partidos ou a repressão aos mesmos ->
consolidação do aspecto autoritário do modelo soviético.
• Iniciou-se a coletivização da agricultura e a coordenação e planejamento suprarregional da
economia.
1947 = criação do Kominform -> escritório de informação para coordenar as atividades dos diversos PC /
criação do Comecon -> Conselho de Ajuda Econômica Mútua, para a colaboração e o planejamento
econômico a nível interestatal.
A Tecnodemocracia
Maurice Duverger
• Baseia-se “nas grandes empresas de direção coletiva, que planificam suas atividades e impõem seus
produtos pela publicidade e o mass media”.
[Resumos – Carlos Eugênio S. Negreiros] 6
• “Exige que os governos assegurem o controle geral da produção, do consumo e das trocas, por meio
de diferentes intervenções e incentivos”.
• “Confronta partidos de massas, disciplinando seus adeptos e seus líderes que eles integram numa
ação coletiva”.
A nova oligarquia
• Elementos da tecnodemocracia que tornam o controle mais difícil do que na democracia liberal = fim
das restrições ao direito de voto; desenvolvimento de partidos de massa e organizações sindicais;
declínio das religiões.
• Elementos que facilitam o controle da oligarquia = gosto dos cidadãos ocidentais às liberdades
políticas, mesmo parciais e limitadas; êxitos materiais do capitalismo; homogeneização das
condições de vida.
o “Difunde-se a ideia de que se o capitalismo não satisfaz, o socialismo atual satisfaz ainda
menos: tal ideia favorece evidentemente a integração na tecnodemocracia”.
• Taxas médias anuais do PIB foram maiores, em todos os países desenvolvidos, do que em qualquer
outra época -> média global de 4,9 (Imperialismo 2,5 e Entre guerras 1,9).
Revolução Keynesiana
milagre dos anos 50; país muito desigual em termos socioeconômicos e regionais =
Norte industrial e Sul agrário.
o Japão -> até 1951 o general MacArthur administrou o país como território ocupado;
interesses dos EUA = destruição do poder militar, desmilitarização da sociedade e
reconversão industrial, democratização do país e limitação do poder do imperador; mão-de-
obra barata, contenção do gasto público, poupança do Estado e da população = milagre
japonês; governo do Partido Liberal-Democrático.
• Implicações sociais da reestruturação:
o Mecanização da agricultura -> diminuição do campesinato e estímulo à urbanização; no
Terceiro Mundo produziu o êxodo rural;
o O custo social da mão-de-obra europeia, protegida pelo Estado de bem-estar, estimulou a
transferência de empresas para a periferia; gradual acomodação social, perda de
solidariedade e combatividade entre os operários com capacidade de consumo nos países
desenvolvidos;
o Ascensão da mulher -> permaneceu a desigualdade social; pílulas anticoncepcionais;
modificação na concepção tradicional da família e da relação entre os sexos;
o Universalização da alfabetização e do ensino fundamental.
“Gerações mais conscientes, críticas, exigentes e mais bem instrumentalizadas
surgiram deste processo. Por isso 1968 foi o ano da explosão estudantil”.
o Crise no sentimento religioso -> eleição de João XXIII em 1958 iniciou uma fase de abertura
aos problemas sociais -> Concílio Vaticano II (1962-65) estabelecia as bases para uma
orientação mais sensível à situação dos setores pobres e terceiro-mundistas.
• Ciências econômicas -> Keynes, Galbraith...
• Filosofia -> Sartre, Althusser, Marcuse...
• Pintura -> Miró, Dali, Kandinsky...
• Pop art
• Música -> Elvis Presley, Beatles, Jimi Hendrix...
• Literatura -> Orwell, Hemingway, Neruda...
• Cinema -> Welles, Godard, Buñuel, Bergmann...
• Críticas -> esse compromisso não eliminou as contradições estruturais do capitalismo e fortaleceu o
capital.
• O movimento comunista não cresceu no período entre guerras por causa da repressão do Estado e
da indiferença de parte da população -> na libertação, os PC eram pequenos na maioria dos países.
o “A hegemonia soviética viu-se realmente ameaçada não por organizações militares, e sim
pelos diversos partidos que ressurgiram depois da ocupação”.
• Agora era preciso operar na Europa oriental a transição da pequena organização conspiradora, que
lutara na oposição, para um partido capaz de exercer o poder.
• Depois da libertação, justiça social & eficiência econômica eram prioridades -> mais importantes que
a volta/criação de uma democracia “burguesa” ou de partido.
o O comunismo opôs a promessa de industrialização à estagnação capitalista do entre guerras
-> ele apontou um caminho de desenvolvimento através da democracia popular.
• “Os poloneses resistiram à dominação russa mais que ninguém; infelizmente para eles, nenhum
outro país da Europa oriental era tão importante para a União Soviética quanto a Polônia, sobretudo
enquanto não se decidia o destino da Alemanha, e a opinião pública pouco significava para
Moscou”.
[Resumos – Carlos Eugênio S. Negreiros] 13
Rumo ao stalinismo
• 1947 -> Pax Sovietica = fundação do Cominform -> mudança na política soviética do gradualismo
para a militância, da aceitação dos caminhos nacionais divergentes rumo ao socialismo para uma
insistência na uniformidade do bloco.
o “No planejamento econômico, na política, na arquitetura – em todos os setores crescia mais
e mais a subserviência a Moscou”.
• 1948 -> Iugoslávia = ruptura entre Stalin e Tito -> iugoslavos não aceitaram que o Kremlin
controlasse seus assuntos internos como estava fazendo em toda a região.
o Iugoslávia expulsa do Cominform & lideranças de outros países fizeram de tudo para não ser
acusadas de defender um “comunismo nacional”.
• “Consumada a ruptura, Stalin impôs sua autoridade no resto do bloco com maios rigor ainda. Nos
cinco anos seguintes, até sua morte, a região sofreu uma onda de julgamentos exemplares, terror
policial e industrialização forçada – de stalinismo, em suma”.
o “As vítimas desse período chegaram a dezenas, se não a centenas de milhares”.
• Modelo para o desenvolvimento da Europa oriental -> industrialização compulsória da União
Soviética da década de 1930 por meio dos planos quinquenais.
o Para financiar o crescimento interno, era preciso sacrificar o setor agrícola e o consumo, mas
isso só era possível com a coerção do Estado.
• 1948-51 -> a maioria dos países havia recuperado os níveis de produção do pré-guerra e a
nacionalização colocara a indústria nas mãos do Estado.
• “O uso de um padrão soviético intensivo de mão-de-obra fazia sentido numa região de capital
escasso e m.d.o. relativamente farta, mas levou os países do Leste europeu a privilegiar indústrias
baseadas em tecnologias obsoletas”.
• Controle da terra pelo Estado = desastre -> a produção agrícola mal chegava aos níveis do pré-guerra
-> rebeliões de camponeses.
Reformar o comunismo?
[Resumos – Carlos Eugênio S. Negreiros] 14
A nova sociedade
• Três períodos:
o 1945 – 53/54 = tempo da expansão e da supremacia do socialismo soviético -> do fim da
Segunda Guerra ao fim da guerra civil na Coreia e no Vietnã contra o colonialismo francês &
morte de Stalin em 1953.
o 1953 – 75 = apogeu do socialismo e aparecimento de várias crises -> guerra do Vietnã contra
os EUA.
o 1975 – 85 = socialismo desenvolvido -> termina com a perestroika
• 1º = Guy Debord (1988): “Nesses últimos vinte anos não há nada que fora coberto por mais mentiras
induzidas que a história de maio de 1968”.
o A direita política da época reduziu a interpretação dos fatos a um grande complô anarco-
marxista, a uma grande conspiração;
[Resumos – Carlos Eugênio S. Negreiros] 17
o Para o gaullismo, que saiu fortalecido, os acontecimentos foram uma “crise de civilização” e,
então, era preciso reforçar a “nossa civilização”;
o Para os grupos marxistas, os fatos eram uma crise internacional do capitalismo tardio que,
apesar da derrota de maio, seguiria apodrecendo.
• 2º = Maio/junho de 68 não foi uma grande festa lúdica, mas o grande susto -> um grande protesto
estudantil que acabou se convertendo em um grande susto para a maioria.
o Assustaram-se os burgueses (propriedades), pequenos burgueses (privilégios), De Gaulle,
partido socialista (achava que a época das revoluções já tinha passado), partido comunista
(falava em revolução, mas não nessa), sindicatos, intelectuais e profissionais.
o Do grande susto saiu a vitória da direita nas eleições, que estava a favor da ordem e do
Estado, mas também do Estado de bem-estar, das reformas sociais e culturais, de uma
reforma progressiva da universidade...
o Estudantes rebeldes se despediram com a frase célebre: “É só o começo. A luta continua” ->
mas maio de 68 foi realmente um começo ou o final de uma época?
o De 68 saiu o individualismo contemporâneo -> é filho daqueles que venceram os estudantes
e trabalhadores rebeldes.
• 3º = Os movimentos sociais novos, críticos e alternativos, tiveram sua origem no maio francês de 68
-> afirmação errada.
o Duas características que aparecem em quase todos os movimentos estudantis da época:
Antiautoritarismo = não só no sentido da crítica à autoridade da família, do Estado,
das igrejas e do mandarinato nas universidades, mas também como autonomia
radical em relação aos partidos políticos.
Anti-imperialismo = oposição aos dois modelos socioeconômicos cristalizados
durante a Guerra Fria.
o Esses traços passariam, já nos anos 70, à crítica feminista do patriarcado, à crítica ecologista
da sociedade industrial e produtivista e à crítica pacifista da estratégia militar do terror.
o Origens do feminismo, ecologismo e pacifismo = universidades norte-americanas,
manifestações britânicas contra a guerra, discursos de Luther King e na Universidade Livre
de Berlim.
o O slogan do maio francês “A imaginação no poder” não tem nada a ver com pacifismo,
protesto lúdico e meio-ambientalismo:
“Queremos que a revolução que começa liquide não somente a sociedade capitalista
mas também a sociedade industrial. A sociedade da alienação desaparecerá da
história. Estamos inventando um mundo novo original. A imaginação no poder”.
• 1º = Institucional -> uma conjunção excepcional no tempo dos conflitos e crises à escala mundial e
uma escalada das lutas estudantis quase universais:
o Frente Nacional de Libertação no Vietnã; estudantes na Polônia reprimidos violentamente
pelo PC; Primavera de Praga; maio de 68 na França; lutas estudantis na Itália; ocupações
universitárias na Espanha; estudantes na Cidade do México; manifestantes contra a guerra
nos EUA.
[Resumos – Carlos Eugênio S. Negreiros] 18
• 2º = mudança que ocorre no ritmo e na amplitude das lutas operárias e democráticas -> FRA, ITA,
ESP e em menor grau na GBR.
• 3º = surgimento ou reforço de organizações políticas, principalmente na Europa, mas também na
América Latina e Japão, que se situam na extrema esquerda do tabuleiro político & relançamento do
movimento sindical, por trás dos partidos de esquerda tradicionais.
• EUA -> combate pelos direitos civis dos negros, no início dos anos 60
o Rebelião dos negros, sobretudo de 1964 a 67.
o 1965 -> Malcom X é assassinado -> ele representava a ala mais radical e mais politizada do
movimento negro.
o 04/04/1968 -> assassinato de Martin Luther King.
• Golpe de estado militar na Indonésia, em outubro de 1965 -> alegou-se uma tentativa de golpe de
estado do Partido Comunista (PKI), dirigido por Aidit.
o PKI era o maior partido comunista fora do “bloco socialista”.
O que é hip?
• Movimento hippie -> fazia experiências com drogas que expandiam a consciência e era ligado ao
movimento da Nova Esquerda/pacifista.
o Também “se dedicava a desafiar a autoridade, acabar com o imperialismo e a guerra e a um
mal definido comunalismo”.
• Webster’s New World Dictionary -> contracultura = uma cultura como estilo de vida que é oposto à
cultura dominante.
o Grupos que se opõem a aspectos de nossa cultura que são mais ou menos dominantes
podem ver a si mesmos como contraculturais.
“Contracultura” é questionável
• Contracultura é “afirmação do poder individual de criar sua própria vida, mais do que aceitar os
ditames das autoridades sociais e convenções circundantes, sejam elas dominantes ou subculturais”.
• Característica fundamental -> liberdade de comunicação.
• “Os movimentos contraculturais, não importa quão diferentes uns dos outros possam parecer,
surgem de diferentes combinações dos mesmos princípios e valores”.
• Hoje várias liberdades são permitidas e estão disponíveis a um enorme número de pessoas.
• Conservadores afirmam quem em uma sociedade de massa as pessoas precisam de regras e códigos
-> a falta de uma ideologia social definida e inflexível seria responsável pela anomia social e a
decadência, o uso de drogas, abusos sexuais...
o Embora seja possível relacionar muito outros fatores que são igualmente responsáveis por
todo esse comportamento, não se pode negar que a liberdade desempenha um importante
papel em todo esse “caos”.
Quando você muda a cada novo dia – A contracultura jovem, 1960 – 1967
Ken Goffman e Dan Joy
• 1960 = o democrata John F. Kennedy assume a presidência, no lugar do general republicano Dwight
D. Eisenhower.
o Iniciou seu governo aumentando os gastos militares e os testes de bombas nucleares.
o “Kennedy era um a espécie de presidente sexo-e-drogas”.
o JFK estava um pouco sintonizado com a nascente geração de jovens idealistas -> “Ele era
simpático ao movimento pelos direitos civis (embora lento para agir) e, pouco antes de seu
assassinato, mudou sou postura de confronto com a União Soviética, defendendo o
desarmamento e a negociação”.
o Discurso em 1963: “Se não podemos dar um fim a nossas diferenças, pelo menos podemos
ajudar a fazer do mundo um lugar seguro para a diversidade. Pois, em última instância,
nossa semelhança mais básica é que todos habitamos este pequeno planeta”.
• 2 acontecimentos no início da década de 60 representaram o verdadeiro início da formação
contracultural:
o 1962 -> Universidade de Harvard, por pressão da CIA, demite dois professores ligados a
pesquisas com drogas psicoativas;
o No mesmo ano, um grupo de estudantes universitários define uma nova política de
esquerda pós-comunista, baseada em “democracia participativa”, identidade individual,
ativismo e alienação jovem.
• Em 1960, Timothy Leary era professor de psicologia de Harvard. Em férias no México, experimentou
alguns cogumelos psilocibinos, que o deixaram impressionado.
[Resumos – Carlos Eugênio S. Negreiros] 21
Irmãos de esquerda
• 1960 -> organização universitária liberal de esquerda = Estudantes para uma Sociedade Democrática
(SDS) -> Nova Esquerda.
o Para eles, o sistema soviético não precisava ser levado a sério, nem como inimigo, pois era
um dinossauro velho e obsoleto.
o Seus membros, a maioria brancos, escolheram a luta pelos direitos civis dos negros como
compromisso existencial e símbolo de seu ativismo.
o Eles foram até o sul dos EUA para ajudar a desafiar a segregação racial -> “Juntamente com
os ativistas negros e cidadãos negros locais, eles eram ofendidos, ameaçados com armas,
agredidos pela polícia, colocados atrás das grades, e dois deles foram mortos” -> Mas
venceram.
o 1963 -> JKF enviou ao Congresso um projeto de lei de direitos civis, que se concentrava
basicamente no fim da segregação em escolas, restaurantes e hotéis.
o 22/11/63 -> JFK é assassinado, em Dallas.
• Para os hipsters, em 65 a bomba era mais um fato da vida -> agora eles falavam do amor, da
comunhão e do êxtase.
• Em 66, todo esse carnaval começou a preocupar as autoridades, principalmente nos EUA.
o “De acordo com os padrões sociais vigentes, alguma coisa imprópria estava acontecendo,
mas como o LSD [...] ainda era legal, não havia muito que se pudesse fazer”.
o Então a imprensa e os políticos começaram a se mobilizar.
• Por todo o país, estados começaram a aprovar leis proibindo o LSD.
o “Leary chamou a isso de a quinta liberdade, o direito de um ser humano controlar seus
próprios estados de consciência. Em uma sociedade livre, o Estado não pode impedir as
pessoas de alcançarem qualquer estado mental, desde que essas pessoas não se metam
com as outras”.
• Outro grupo -> diggers:
o Discordavam que a consciência psicodélica, em si e por si mesma, iria produzir uma
sociedade legal, excitante, liberada. Eles também não gostavam dos novos-esquerdistas e
suas manifestações.
o “As pessoas deveriam ser atuantes, renovando suas próprias vidas e sua cultura”.
o As mudanças radicais seriam produzidas a partir de uma ação local, nas ruas, no aqui e
agora.
• 1966 -> Human Be-In = encontro para festejar e divulgar a crescente cultura hippie, em São
Francisco.
o A mídia nacional exibiu imagens da festa para todo o país, fazendo com que diversos jovens
vissem o Be-In como mais divertido que a universidade, o trabalho e a aposentadoria.
• Hipster x Hippie = Evolução:
o 1940 -> hipsters negros chamavam hipsters brancos de hippies;
o 1950 -> hipsters brancos chamavam hipsters poseurs de hippies;
o 1960 -> seguidores de Timothy Leary, de elite, chamavam os “pobres” que os seguiam de
hippies.
• Influência hippie: alguns analistas achavam que eles representavam um futuro em que os avanços
tecnológicos eliminariam a miséria humana e a necessidade de fazer trabalhos chatos -> “Deixe a
máquina fazê-lo” era a resposta hippie à ética de trabalho.
• “Journey to the Center of the Mind”; “Hot Smoke and Sassafras”.
• Musical Hair.
• As lojas de departamento vendiam incense, camisas indianas, colares e sandálias.
• 1950-60 -> programa MK-ULTRA = experiências da CIA sobre a eficiência do LSD e testes em agentes.
Havia a ideia de que russos e chineses também estariam testando.
• Mesmo quando Lyndon Johnson aprovou no Congresso a legislação de direitos civis de JFK e a
explícita segregação racial se tornou ilegal, os negros teriam que enfrentar toda uma teia de poder
econômico e social racista.
[Resumos – Carlos Eugênio S. Negreiros] 23
• Cansados do papel de suplicantes, os jovens radicais negros começaram a estudar história africana e
americana, adotando uma tradição do nacionalismo negro que remontava ao início do século XX, de
Du Bois e Marcus Garvey.
• 1966 -> Califórnia -> Newton e Bob, dois jovens estudantes negros influenciados pelas ideias
políticas do movimento Black Power.
o “Como todas as comunidades negras espalhadas pelos EUA naquela época, Oakland era
policiada por uma força inteiramente branca. O racismo e a brutalidade eram mais uma
regra que uma exceção”.
o Newton estudou a Constituição e a Declaração de Direitos e concluiu que os afro-
americanos podiam usar armas e policiar a polícia -> Newton e Bob formaram o Partido
Pantera Negra para Defesa Pessoal, e armados com rifles, começaram a seguir a polícia de
Oakland para garantir que ela estava fazendo seu trabalho corretamente.
• 1967 -> ano do hippie; 10% da pop. entrevistada se opunham à guerra do Vietnã; Nova Esquerda em
crise.
• Marcuse -> a classe operária de esquerda fora comprada pela riqueza material e submetida a uma
lavagem cerebral pelos meios de comunicação, e já não era capaz de desafiar o sistema.
o “O capitalismo tinha desenvolvido suas habilidades de cooptação e podia absorver todas as
formas de rebelião e mesmo aparente revolução”.
o Marcuse era contra o capitalismo e a tecnocracia -> a guerra não é só barbárie, mas uma
imposição de ciência, tecnologia e dominação.
• Jovens dos anos 60 = paradoxo entre Tecnologia como libertadora da necessidade material e do
trabalho tedioso X Tecnologia como máquina terrível a serviço do poder.
Contrarrevolução
• Embora grande parte da repressão fosse uma reação natural de agentes da lei às provocações,
também estava em ação um grande programa secreto do governo dos EUA para espionar, enquadrar
e até assassinar radicais e/ou hippies.
o O programa COINTELPRO = “com o governo Nixon assumindo o poder, aproximadamente
250 mil novos-esquerdistas, líderes hippies e até mesmo democratas liberais, além de astros
do rock e outras personalidades, foram sujeitados a um programa de estrita vigilância pelo
FBI”.
• Início de 1968 -> “Entre esquerdistas, e mesmo entre alguns hippies, a nova palavra era revolução...
por quaisquer meios que fossem necessários, e ela deixou de ser sussurrada para ser gritada”.
Rumo à revolução
• A primeira manifestação dessa nova postura foi na França, em maio -> “começou com uma tentativa
da polícia de Paris de encerrar um encontro de estudantes que planejavam protestos contra a
Guerra do Vietnã, sob o pretexto de que extremistas de direita poderiam atacar a reunião”.
• A intervenção da polícia atraiu uma multidão de estudantes -> sua luta por direitos tinha o apoio do
público em geral: professores, funcionários de universidades, militantes operários... Cerca de dez
milhões de trabalhadores entraram em greve.
[Resumos – Carlos Eugênio S. Negreiros] 24
O apocalipse de Abbie
• Abbie Hoffman -> YIPPIE! = Youth International Party, “uma tentativa de unir as contraculturas
hippie e da Nova Esquerda em uma única força”.
• 1968 -> “Festival da Vida” na Convenção Nacional do Partido Democrata em Chicago = uma
“alternativa ao festival de morte que estava sendo patrocinado pelo Partido Democrata, que ainda
administrava a Guerra do Vietnã”.
• 1969 -> posse do republicano lei-e-ordem Richard Nixon -> aumentaram as condições para a guerra
cultural e o conflito político, assim como cresceu a guerra no Vietnã.
o “guerra às drogas” -> uma lei “sem bater”, que permitia que a polícia invadisse as casas de
suspeitos de posse de drogas sem aviso.
• 1968-69 = grandes revoltas de jovens em praticamente todos os países de Europa Ocidental /
México / Japão / Tchecoslováquia comunista.
• A maior parte do esforço do COINTELPRO do FBI era dirigido contra os Panteras Negras -> todos os
diretórios tinham sido fortemente infiltrados com agentes.
o “os Panteras Negras de Oakland eram em grande medida parte do triângulo contracultural
da Bay Area, que incluía os freaks radicais de São Francisco e os radicais de Berkeley”.
• “Na primavera de 1969, a maioria dos americanos se opunha à guerra, mas eles gostavam ainda
menos da esquerda freak”.
• Condenação dos Sete de Chicago por conspiração.
• Convenção nacional da SDS em junho de 1969 -> 3 facções lutavam para controlar a organização:
o RYM (Movimento Jovem Revolucionário) = grupo controlado pela organização nacional e
apoiado pelos Panteras Negras -> slogan: Tragam a guerra para casa! -> weatherman.
o RYM II
o Partido Trabalhista Progressista = corrente maoísta bastante rígida, que acabou
conquistando a liderança do SDS.
• “Ao longo de toda a década de 1960, a maioria das mulheres na cultura da Nova Esquerda era
tratada como cidadãs de segunda classe, afastadas das discussões para tomada de decisões [...]
relegadas a preparar café e mimeografar panfletos”.
[Resumos – Carlos Eugênio S. Negreiros] 25
Um golpe e um gemido
• 30/4/1970 -> Nixon ampliou a guerra enviando vinte mil soldados americanos para o Camboja,
gerando uma nova onde de protestos.
• Com as férias de verão, a revolução nunca voltou.
o “Afinal, as grandes massas de jovens hip, embora odiassem a guerra e as reações exageradas
das autoridades governamentais, não tinham o tipo de dedicação à completa mudança
social que o núcleo da contracultura tinha”.
o À medida que 1970 se transformava em 71, os estudantes pararam de participar de
protestos em massa.
o Outro fator de desmobilização -> no início dos anos 70, a quase maioria dos principais
defensores da revolução estavam na cadeia, sob julgamento ou no exílio.
• 1972 -> eleição presidencial = se a contracultura não conseguia derrubar o governo e fazer do
mundo um lugar diferente, talvez fosse melhor tomar o Partido Democrata e mudar o sistema por
dentro.
o Mas a América não deixaria os hippies tomarem conta do país -> reeleição de Nixon.
• 1968 -> Guerra do Vietnã -> Ofensiva do Tet = a partir de 30 de janeiro, por ocasião dos feriados do
Ano Novo lunar (Tet), os comunistas do Vietnã do Norte atacaram o Vietnã do Sul e as forças
americanas.
[Resumos – Carlos Eugênio S. Negreiros] 26
o Comunistas perderam de 30 a 40 mil homens -> mas foi uma vitória política, pois “a ousadia
da ofensiva e as baixas americanas provocaram impacto no governo e na opinião pública dos
EUA”.
o O Vietnã dividira-se me dois após a libertação do jugo colonial francês = capitalista /
comunista.
o Desde o início dos anos 60, os EUA passaram a mandar conselheiros militares ao Sul.
o Um suposto ataque a dois destroieres americanos no Golfo de Tonquim, em 64, serviu para
justificar o envolvimento militar direto na guerra.
“Enquanto soviéticos e chineses forneciam armas e apoio logístico aos comunistas,
os americanos resolveram intervir diretamente na guerra, enviando tropas”.
o Americanos estavam no Vietnã para impedir a queda do governo capitalista, ameaçado
pelos guerrilheiros comunistas da Frente Nacional para a Libertação do Vietnã do Sul ->
Vietcongues.
o Só voltaram para casa em 1973, derrotados militar e moralmente, com 57 mil mortos em
combate.
• Anos 50 -> crescimento do movimento pelos direitos civis dos negros -> pastor Martin Luther King,
grande orador e pacifista, teve seu auge político nas grandes manifestações negras no Alabama, em
63.
o Ganhou o Nobel da Paz em 64 e ajudou na conquista das leis de 1964-64, que garantem
formalmente aos negros os mesmos direitos civis de qualquer cidadão americano.
• 1968 -> surgimento de vários grupos radicais negros -> black power -> passavam a ser contestadas as
propostas de Luther King, de integração racial e de não-violência.
o “Apesar das divergências, tanto os adeptos de King como os black power posicionavam-se
contra a Guerra do Vietnã, até porque os negros estavam na linha de frente nos campos de
batalha”.
• 1968 -> eleições presidenciais nos EUA:
o Partido Republicano, mais conservador, indicou Richard Nixon, que “prometia defender o
sonho americano para agradar à maioria silenciosa, chocada com as ondas de rebeldia que
invadiam as ruas e com as mudanças de comportamento da juventude e das minorias,
especialmente dos negros”.
o Partido Democrata indicou Hubert Humphrey.
• Guerra do Vietnã -> também se articulou em torno dela o movimento de contracultura, pregando
paz e amor, convocando o jovem para que “faça amor, não faça guerra”.
o “O amor livre e as drogas seriam liberadores de potencialidades humanas escondidas sob a
couraça imposta aos indivíduos pelo moralismo da chamada sociedade de consumo”.
• 1968 -> não foi o ápice do movimento estudantil nos EUA -> foi um momento significativo das lutas
que se articulavam em torno do combate à Guerra no Vietnã e ao serviço militar obrigatório.
o Os jovens “jamais conseguiram romper o isolamento dos campi universitários, tendo sido
sempre vistos à distância e com desconfiança pelo restante da população”.
• A crise gerada pela guerra da Argélia levou a centro-direita ao poder, em 1958, sob o comando do
general De Gaulle -> a partir daí o Executivo ganhou força (Quinta República), com a entrada em
[Resumos – Carlos Eugênio S. Negreiros] 27
vigor da nova Constituição, que dava poderes maiores ao presidente, em detrimento do poder
Legislativo.
• 22/03/68 -> estudantes ocuparam a Universidade de Nanterre, em protesto contra a prisão de seis
estudantes do Comitê Vietnã Nacional -> esse dia costuma ser caracterizado como o marco inicial do
movimento que se estenderia até junho.
• Maio -> polícia ocupa a Sorbonne -> enfrentamentos com estudantes no Quartier Latin (bairro
universitário em Paris).
o “O movimento de maio inaugurava novo estilo de ação e manifestação, fora de partidos ou
sindicatos, recusando qualquer tipo de tutela política”.
• 13/05 -> Greve de 24 horas -> 20/05 -> 10 milhões de trabalhadores em greve + todo o sistema
universitário.
• 30/05 -> De Gaulle dissolveu o Parlamento e convocou eleições gerais.
o A maioria silenciosa foi às ruas apoiar o presidente, fazendo manifestações de centenas de
milhares de pessoas.
o A direita francesa venceu as eleições.
1968 no Brasil
Outros 1968s
• México -> PRI conduzia um sistema político autoritário, fechado e corrupto -> setores das classes
médias opositoras conseguiam conviver com ele devido à autonomia da Unam -> quando a polícia
ocupou a universidade, houve protestos e uma greve.
o Às vésperas dos Jogos Olímpicos, o governo, juntamente com a CIA, mandou a polícia abrir
fogo contra os manifestantes na Praça das Três Culturas, em Tlatelolco.
[Resumos – Carlos Eugênio S. Negreiros] 28
• Igreja Católica -> realizou, na Colômbia, a Conferência Episcopal Latino-Americana = a favor dos
pobres e pela defesa dos direitos humanos.
• Tchecoslováquia -> reformados Alexander Dubcek foi escolhido primeiro-secretário do PC -> iniciou
o socialismo democrático -> o país conheceu extraordinário florescimento cultural e político -> em
agosto, tropas do Pacto de Varsóvia, lideradas pelas forças armadas da União Soviética, invadiram a
TCH para recolocar no poder gente de sua confiança = Primavera de Praga.
Conclusão
• Meios de comunicação -> informaram os agentes sociais das agitações que se iam sucedendo pelo
mundo “porque estavam dadas as condições para que as notícias recebidas tivessem repercussão e
as informações incorporadas colaborassem na construção de novas ações criativas, política e
culturalmente”.
• Condições materiais compartilhadas pelas diversas sociedades em que houve o florescimento
cultural e político de 68:
o Crescente urbanização / consolidação de modos de vida cultura das metrópoles / aumentos
quantitativo das classes médias / acesso crescente ao ensino superior / peso dos jovens na
pirâmide etária
• Características dos movimentos libertários de 68 no mundo:
o Inserção numa conjuntura internacional de prosperidade econômica / crise no sistema
escolar/ propostas revolucionárias alternativas ao marxismo soviético / recusa de guerras
coloniais ou imperialistas / negação da sociedade da consumo / aproximação entre arte e
política / mudanças comportamentais
Ondas revolucionárias
• 1º onda -> a primeira Guerra Fria esteve acompanhada da criação de regimes pós-capitalistas tanto
na Europa como no Extremo Oriente -> foi uma consequência do enfraquecimento dos Estados pela
guerra e do papel desempenhado na luta contra o fascismo pelo Exército Vermelho e pelos partidos
comunistas.
o Novos Estados pós-capitalistas na Europa Oriental = Iugoslávia e Albânia (movimentos
nacionalistas e revolucionários); ALE, HUN, ROM, BUL, POL, TCH (imposição desde cima da
autoridade comunista) -> Democracias Populares.
o Grécia -> impediu-se tal mudança mediante a contrarrevolução armada, frente à posição
inicialmente poderosa dos comunistas locais.
o Extremo Oriente -> China, Coreia e Taiwan.
“Em nenhuma destas conseguiram os revolucionários colocar todos seus territórios
nacionais sob seu controle. Taiwan, Coreia do Sul e Vietnã do Sul permaneceram sob
autoridade capitalista”.
• Após um período de estabilidade no Terceiro Mundo, os países colonialistas empreenderam o
processo de descolonização, enquanto que dezenas de novos Estados conseguiram a independência
a partir dos anos 50 em diante.
• 2º onda -> final dos anos 50 e início dos anos 60 -> Ibero-América, Oriente Médio e África.
[Resumos – Carlos Eugênio S. Negreiros] 29
• 3º onda -> revolução na Etiópia (1974), o terceiro estado mais povoado da África -> destronamento
de Haile Selassie e ruptura dos laços militares com EUA (1977).
• 1974 -> Revolução dos Cravos, em Portugal -> queda do fascismo -> triunfo de guerrilhas em seis
países africanos = Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé + Zimbábue.
• Guerras do Vietnã, Laos e Camboja acabaram em 1975 com a queda dos regimes pró-EUA
respectivos, depois de três décadas de conflito.
o “Marcou a derrota de duas estratégias imperiais alternativas: a intervenção direta de forças
estadunidenses (1965 – 1973) e a doutrina Nixon de delegar o papel de linha de frente no
Vietnã a tropas locais e outras asiáticas (1973 – 1975)”.
• Intervenção soviética no Afeganistão (1979) -> uma tomada de poder em um golpe militar
esquerdista, sob o controle de um partido comunista.
o “No Afeganistão, a tentativa errônea do governo comunista para implantar reformas desde
cima, de modo precipitado [...] conduziu à crise que produziu a intervenção soviética de
dezembro de 1979”.
• Crise dos reféns em Teerã (1979) -> uma insurreição massiva de base, sob a liderança do clero
islâmico ultraconservador.
o Tomada da Embaixada americana em Teerã por militares islâmicos, que mantiveram os
diplomatas até janeiro de 1981.
• 4 focos geográficos de levantes: Chifre da África, sul da África, Indochina e Ásia Central.
o 5º = América Central -> Cuba, Tratados do Canal do Panamá (1976-78), triunfo do
movimento sandinista na Nicarágua (1979) e insurreição do New Jewel Movement em
Granada.
A diversidade de revoluções
o Vietnã / Angola (apoio de forças cubanas com proteção soviética) / Irã (queda do xá e
detenção dos reféns) / Nicarágua (presença de Somoza, aliado dos americanos, e desejo de
construir um segundo canal , não resistiu à revolução).
• 1974-75 -> economia capitalista internacional conheceu sua primeira recessão generalizada desde a
2º Guerra -> é a única, até então, a atingir simultaneamente todas as grandes potências
imperialistas.
• 1948-68 -> dessincronização do ciclo industrial tinha reduzido a amplitude das recessões.
• Toda queda da produção e da demanda internas dos países atingidos por uma recessão foi
compensada por uma expansão das exportações para os países que escaparam da crise.
o Em 1974-75 a “sincronização internacional dos movimentos conjunturais nos principais
países imperialistas amplificou o movimento de retração da atividade econômica”.
• Depois de 1945 -> a técnica principal utilizada pelos governos burgueses para tentar “controlar” o
ciclo foi a política de expansão e controle sucessivos do crédito.
o “para frear a amplitude das crises periódicas contínuas de superprodução que vinham
ocorrendo havia 25 anos, aplicaram a expansão do crédito e a expansão monetária”.
o Como o Estado, o Banco Central e a moeda capitalista continuam nacionais, esses ciclos de
crédito também foram nacionais e dessincronizados no plano internacional.
o Técnicas anti-crise eram inflacionárias -> inflação acelerou em todos os países imperialistas,
cujos governos foram obrigados a aplicar políticas anti-inflacionárias -> daí um impulso à
sincronização internacional do ciclo industrial.
• “Em 1975, a produção industrial e o Produto Nacional Bruto recuaram com a relação ao ano anterior
em todos os grandes países imperialistas”.
• Inverno de 1975-76 -> desemprego atingiu ponto máximo, com cerca de 17 milhões de
desempregados.
• Dois motivos para o desemprego ter sido maior que a queda da produção:
[Resumos – Carlos Eugênio S. Negreiros] 31
o Atividade industrial dos países imperialistas continua marcada pela terceira revolução
tecnológica -> introdução de técnicas de produção semiautomáticas e automáticas.
o Para reconstituir o exército industrial durante o período de expansão, o capital tinha
incorporado mulheres, jovens e imigrantes -> mal pagos, eram aptos a serem expulsos do
processo de produção logo que a conjuntura mudasse -> tal expulsão aconteceu em 1974-
75.
• Durante vinte anos, as exportações dos países capitalistas tinham crescido mais rapidamente do que
a produção industrial -> em 1975, pela primeira vez desde o começo da longa fase de expansão
econômica, o volume das exportações diminuiu.
• A contração do comércio mundial não coincidiu com o começo da recessão generalizada.
• A retração no volume do comércio mundial resulta da interação de três fatores:
o Ela é produto da recessão nos países imperialistas, pois as quedas na produção e no
emprego reduzem a demanda global por bens de consumo;
o Ela é produto indireto da recessão, pois os países exportadores de matérias-primas veem
seus recursos em dívidas reduzidos pela queda do volume e dos preços das exportações.
o Ela é produto de uma política de redução das importações e de uma volta “disfarçada” ao
nacionalismo econômico e ao protecionismo.
• A recessão generalizada de 1974-75 é uma crise clássica de superprodução & a conclusão de uma
fase típica de queda da taxa média de lucros.
o As mercadorias produzidas pela periferia são mercadorias mundiais produzidas pelos mais
modernos meios -> é errado dizer que a remuneração do trabalho na periferia fosse inferior
porque seu nível de desenvolvimento das forças produtivas seria atrasado.
o As indústrias “clássicas” não seriam igualmente distribuídas entre todas as regiões da
periferia -> sub-imperialismo.
“Os países sub-imperialistas importariam capitais e tecnologia do centro,
exportariam os produtos das indústrias “clássicas””.
Concentração das indústrias “clássicas” + elevada taxa de exploração do seu
proletariado = burguesias sub-imperialistas beneficiar-se-iam de parte do excedente
suficiente para assegurar o equilíbrio econômico e político do sistema.
• 1984-B
o Exclui toda e qualquer divisão internacional do trabalho;
o Indústrias novas e “clássicas” estariam concentradas no centro;
o Periferia seria marginalizada.
• 1984-A é mais natural porque “a expansão desigual do capitalismo através do mundo foi uma
tendência permanente do sistema, o meio pelo qual ele superou historicamente a sua contradição
imanente”.
o A evolução de 1984-A dá-se “na rigorosa igualdade de produtividades, na total
modernização das produções da nova periferia mas também na paralela manutenção de
uma diferença nos salários reais”.
• A transição do atual modelo de acumulação para o modelo de 1984 implica uma enorme massa de
investimentos para o estabelecimento das novas indústrias. Quem vai financiar estes investimentos?
O proletariado do centro e/ou o da periferia?
o Burguesia forte -> dispõe de uma zona de influência para lançar as dificuldades de transição
-> 1984-A.
o Burguesia fraca -> transfere o peso da transição para seu próprio proletariado -> 1984-B.
A guinada conservadora
Agustin Cueva
• “Se algo ocorreu na última década como consequência da crise do capitalismo, não foi senão uma
verdadeira redistribuição regressiva da renda em praticamente todos os países do Ocidente; longe,
pois, de ter havido um nivelamento das classes ou a redistribuição progressiva da riqueza”.
• 1979-84 -> PIB = Comunidade Econômica Europeia cresceu 5,6% / EUA 10,4% / Japão 21,7%
• Desemprego na Europa Ocidental -> 3% em 1971 – 12% em 1986 (mais de 17 milhões de
desempregados).
• “O êxito do capitalismo não parece, pois, traduzir-se por grandes resultados econômicos de ordem
geral, mas por ressonantes triunfos da burguesia como classe, tanto a nível propriamente político
quanto ideológico”.
• Constante deterioração da força sindicalizada na Europa Ocidental.
o Retrocesso político e social da classe operária faz parte de uma mudança na economia
ocidental, cuja ênfase se desloca progressivamente do trabalho para o capital.
o Dentro desse deslocamento tem-se a flexibilidade do trabalho = série de propostas políticas
que incluem cortes nos salários reais, desigualdades econômicas crescentes, aumento da
insegurança no emprego e redução dos benefícios sociais.
[Resumos – Carlos Eugênio S. Negreiros] 33
• Triunfo da burguesia na Europa Ocidental sobre “sua” classe operária e sobre uma intelectualidade
até então “desgarrada”.
• Direita:
o Considera a diversidade do mundo e as desigualdades relativas como um bem.
o Considera a homogeneização progressiva desse mundo como um mal.
• Fobia anticomunista -> acontece quando os comunistas europeus estão em plena retirada, se
deslocando para o “centro”, para posições próximas à socialdemocracia.
• Temos um “profundo movimento de todo o espectro político, ideológico e cultural do Ocidente para
a direita: eis aí o grande triunfo da burguesia imperialista”.
• 1974-79 -> conservadorismo cada vez mais beligerante.
o 1979 -> Margaret Thatcher, a Dama de Ferro.
o EUA -> Jimmy Carter opera uma profunda guinada na política exterior, uma “segunda guerra
fria” -> 1980 -> Ronald Reagan.
• Como explicar mudanças tão bruscas em um lapso de tempo relativamente tão curto?
o Crise do mundo capitalista a partir da recessão em 1974-75.
o Elevação dos preços do petróleo.
o O imperialismo tem a impressão de que a estrutura econômica do mundo voltou atrás ->
pela primeira vez na história do capitalismo, a tendência à deterioração dos termos de
intercâmbio está a favor de determinados países subdesenvolvidos.
o Transformações em detrimento do imperialismo = triunfo de movimentos e partidos
revolucionários do Vietnã, Camboja, Laos, Angola, Moçambique, Etiópia, Irá, Nicarágua...
Europa assiste a isso com certa sensação de impotência, como um poder mundial de
segunda, incapaz de “manter a ordem” em sua esfera “natural” de influência: África
e Oriente Médio.
Fundamentalismo
Martin N. Dreher
• Início do uso do conceito -> grupos de cristãos protestantes conservadores deram a si mesmos essa
designação, no início do XIX, nos EUA.
o “Os fundamentalistas viam-se como contraofensiva a um modernismo que, assim diziam,
havia se apossado do mundo protestante”.
o Contraofensiva a uma Teologia que estava interpretando conteúdos da fé, especialmente os
textos bíblicos, a partir de uma perspectiva histórico-crítica.
o “Fundamentals eram os conteúdos de fé, verdades absolutas e intocáveis, que deveriam
ficam imunes à ciência e à relativização por meio do método histórico”.
• 2 aspectos do movimento fundamentalista:
o Oposição e reação contra transformações da religião, determinadas pela Modernidade.
“O fundamentalista quer defender sua verdade religiosa, que se vê ameaçada pelos
poderes da Modernidade, designados de pluralismo, relativismo, historicismo e
destruição de autoridades”.
Busca-se uma reislamização do mundo islâmico; uma recristianização do mundo
ocidental.
o Relação entre política e religião.
[Resumos – Carlos Eugênio S. Negreiros] 34
Fundamentalistas cristãos acham que a política deveria ser cristã -> exigiam que o
Estado defendesse, nas escolas públicas, sua concepção bíblico-fundamentalista do
ser humano.
• Investida sobre a política em nome da religião -> é um aspecto central dos movimentos de
renovação religiosa que começaram a se formar desde a década de 70 -> para caracterizá-los
passou-se a usar o conceito de fundamentalismo
o 1979 -> aiatolá Khomeini proclamou uma república islâmica.
Uma reislamização do mundo islâmico contra a Modernidade ocidental trazida pelo
colonialismo europeu.
• Não conseguiremos entender a situação do mundo atual se não reconhecermos que a religião
também é um fator do processo histórico.
o Essa é uma constatação estranha para a tradição iluminista ocidental, pois “o surgimento de
movimentos fundamentalistas evidencia que a história da Modernidade segue um curso
diferente do que o propalado pelo culto à razão”.
“A razão ilustrada tinha certeza do progresso, da evolução, assegurava que a religião
atrapalhava o ser humano na realização de seu verdadeiro destino”.
o Movimentos fundamentalistas = são a comprovação de que verdades religiosas podem
voltar a dominar o ser humano.
• Importância cultural dos movimentos religiosos:
o São expressão autêntica da cultura de nossos dias.
o Fundamentalismo surge em sociedades seculares ou que estão começando a se secularizar.
• Modernidade está baseada em fundamentalismos:
o Fé na História -> história do progresso do mundo;
o Fé na Ciência -> crença popular;
o Fé na Política -> messianismo político.
• “A visão de história do fundamentalismo olha para o tempo em que se vivia de acordo com a
vontade de Deus”.
Balanço do neoliberalismo
Perry Anderson
(resumo do Mateus Meireles e Marcos Naybert)
ORIGENS DO NEOLIBERALISMO
Distinto do liberalismo clássico do século XIX.
Nasceu após a II Guerra Mundial, nos países da Europa e América do Norte onde imperava
o capitalismo, como reação teórica e política ao Estado intervencionista e de bem-estar.
Friedrich Hayek – O Caminho da Servidão (1944): texto de origem. Ataque a qualquer
limitação dos mecanismos do mercado por parte do Estado, denunciadas como ameaça à
liberdade – econômica e política.
Alvo de Hayek era o Partido Trabalhista inglês, então o partido que possuía mais chances
de vencer as eleições gerais. Para o economista, a socialdemocracia moderada da Inglaterra
conduziria ao mesmo desastre do nazismo alemão: a servidão moderna.
Sociedade de Mont Pèlerin (1947): Participantes – Milton Friedman, Karl Popper, Lionel
Robbins, Ludwig Von Mises, Walter Eupken, Walter Lipman, Michael Polanyi, Salvador de
Madariaga, etc – eram opositores tanto do Estado de bem-estar como do New Deal dos EUA.
Objetivo: “combater o keynesianismo e o solidarismo reinantes e preparar as bases de um
outro tipo de capitalismo, duro e livre de regras (...)” (p. 10).
[Resumos – Carlos Eugênio S. Negreiros] 35
O PROGRAMA NEOLIBERAL
Estabilidade monetária deveria ser a meta suprema de qualquer governo:
a) Disciplina orçamentária.
b) Contenção de gastos sociais.
c) Restauração da taxa “natural” de desemprego: desemprego estrutural.
d) Reformas fiscais para incentivar agentes econômicos: redução de impostos sobre os
grandes rendimentos e sobre rendas.
Projeto neoliberal levou toda a década de 1970 para tornar-se hegemônico. Até 1979, a
maioria dos países da OCDE (Organização Europeia para o Comércio e Desenvolvimento)
aplicava soluções keynesianas à crise.
Eleição de Thatcher (1979): “primeiro regime de um país de capitalismo avançado
publicamente empenhado em pôr em prática o programa neoliberal” (p. 11).
- 1980: Reagan (EUA)
- 1982: Kohl (Alemanha)
- 1983: Schluter (Dinamarca)
Norte da Europa Ocidental: quase todos os países (exceto Áustria e Suécia) viraram à
direita. Para além da crise econômica, onda de direitização teve um fundo político.
Sul da Europa Ocidental: países com governos previamente conservadores tiveram, pela
primeira vez, governos de esquerda (euro-socialistas).
Segunda Guerra Fria (1978): intervenção soviética no Afeganistão + decisão dos EUA de
incrementar nova geração de foguetes nucleares na Europa Oc. combate ao comunismo
fortaleceu poder de atração do neoliberalismo político consolidando predomínio da Nova
Direita na Europa e América do Norte.
Anos 1980: “triunfo mais ou menos incontrastado da ideologia neoliberal nesta região do
capitalismo avançado” (p. 12).
OS GOVERNOS NEOLIBERAIS
No Norte da Europa Ocidental, os governos de direita – amiúde com fundo católico –
praticaram um neoliberalismo mais cauteloso que as potências anglo-saxônicas:
+ ênfase na disciplina orçamentária
+ reformas fiscais
- cortes de gastos sociais
- enfrentamentos deliberados com sindicatos
INGLATERRA ESTADOS UNIDOS
(Margaret Thatcher, 1979-1990) (Ronald Reagan, 1981-1989)
- além de pioneiro, o mais sistemático e mais - quase não havia Estado de bem-estar de
ambicioso de todos os governos neoliberais tipo europeu
de capitalismo avançado - prioridade neoliberal foi competição militar
- contraiu emissão monetária com a URSS como estratégia para quebrar
[Resumos – Carlos Eugênio S. Negreiros] 36
ÊXITOS FRACASSOS
- deteve inflação: em toda a OCDE, caiu de - não houve mudança na taxa de crescimento
8,8% para 5,2% entre anos 1970 e 1980, (maior objetivo); MOTIVO? apesar de
mantendo a tendência até 1995 todas as políticas, taxa de acumulação caiu
- lucros subiram: nos anos 80, taxa de lucro em relação aos níveis médios dos anos 1970
na OCDE aumentou 4,7%, sendo maior na - recuperação dos lucros não levou a
Europa Ocidental (derrota do movimento recuperação dos investimentos:
sindical, com cada vez menos greves e desregulamentação financeira criou maiores
contenção salarial) condições para a inversão especulativa do
- crescimento do desemprego: na OCDE, era que produtiva (explosão dos mercados de
de 4% nos anos 1970 e duplicou nos 1980 câmbio diminuiu comércio de mercadorias
- grau de desigualdade aumentou: impostos reais mundo afora)
sobre salários mais altos caíram 20% nos anos - peso do Estado de bem-estar não diminuiu
1980; valores das Bolsas subiram 4 vezes muito: desemprego exigiu maiores gastos
mais rápido que salários sociais; aumento demográfico dos
aposentados elevou os gastos com pensões
- na nova recessão de 1991, a dívida pública
de quase todos os países ocidentais subiu de
forma alarmante; endividamento privado
(famílias e empresas) chegou a níveis sem
precedentes desde a II Guerra
- indicadores ruins: 38 milhões de
desempregados em meados da década de
1990
Reação não ocorreu: neoliberalismo teve “segundo alento”. Por quê?
- êxitos eleitorais: Major na Inglaterra (1992); derrota dos social-democratas na Suécia
(1991); desgaste do socialismo na França (1993); ascensão de Berlusconi na Itália (1994);
continuidade de Kohl na Alemanha.
- nova onda de privatizações nos anos 1990: Alemanha, Áustria, Itália.
- comportamento de partidos e governos formalmente opositores ao neoliberalismo:
Bill Clinton (EUA) seguiu parâmetros neoliberais (redução déficit; repressão da delinquência).
- vitória do neoliberalismo na Europa Oriental e ex-URSS: capitalismo que venceu foi
o simbolizado por Reagan e Thatcher (Balcerovicz na Polônia; Gaidar na Rússia; Klaus na Rep.
Tcheca).
Neoliberalismo nos regimes anteriormente comunistas: privatizações mais amplas e
rápidas; quedas de produção e graus de desigualdade muito mais drásticos e brutais.
Vaclav Klaus: “O sistema social da Europa ocidental está demasiadamente amarrado
por regras e pelo controle social excessivo. O Estado de bem-estar, com todas as suas
transferências de pagamentos generosos desligados de critérios, de esforços ou de méritos,
destrói a moralidade básica do trabalho e o sentido de responsabilidade individual” (p. 18).
Reações populares: vitória de partidos ex-comunistas na Polônia, Hungria e Lituânia. Não
obstante, a prática dos governos não se distinguiu dos declaradamente neoliberais (deflação,
desmontagem de serviços públicos, privatizações, crescimento de capital corrupto,
polarização social, etc).
“O dinamismo continuado do neoliberalismo como força ideológica em escala mundial está
sustentado em grande parte, hoje, por este ‘efeito de demonstração’ do mundo pós-
soviético.” (p. 19)
La gran contienda em los años ochenta: la segunda guerra fría hasta 1985
Fred Halliday
• A característica dominante da primeira parte da Segunda Guerra Fria era uma relativa estabilidade
nas relações Leste-Oeste & uma consolidação de posições das duas superpotências.
o 1980-85 -> Dentro dos países capitalistas desenvolvidos produziu-se a confirmação dos
governos direitistas existentes.
• Consolidação da segunda Guerra Fria -> tentativa de reduzir as consequências da segunda Guerra
Mundial = políticas salariais e de assistência social, ajuda da URSS para derrotar o nazi-fascismo e
substituição do colonialismo pelas independências.
o Administração Reagan e seus aliados na Europa pretendiam usar a recessão, o
anticomunismo e a amnésia histórica para impor um novo conjunto de valores e políticas.
o Essa estratégia foi prejudicada por que: Reagan não conseguiu restringir o aborto; EUA
tinha que respeitar o acordo SALT II; maior ativismo no Terceiro Mundo.
• Elemento chave na resposta soviética à segunda guerra fria -> um processo de consolidação do
bloco.
o Na Europa Oriental, a oposição polonesa dirigida pelo Solidariedade foi solucionada depois
da imposição da lei marcial em 1981.
o Intensificou-se a integração econômica, através do Comecon, mediante o desenvolvimento
da rede energética nuclear.
o Terceiro Mundo:
Pressão sobre as guerrilhas contrarrevolucionárias;
Precaução interna -> por um lado, ações precipitadas podem fazer a população se
voltar contra e oferecer uma oportunidade de intervenção ocidental; algumas forças
sociais locais podem mudar para o lado ocidental.
Manter a unidade dentro dos núcleos revolucionários, e não permitir que disputas
internas prejudiquem o desenvolvimento da sociedade ou leve à contrarrevolução.
• 1985 -> Novo programa do partido:
o Assuntos internos -> as perspectivas de superar o Ocidente foram abandonadas, para uma
ênfase na necessidade de um desenvolvimento “acelerado” da economia, no âmbito do
progresso científico e técnico.
o Assuntos externos:
Abandono da ideia de conseguir a unidade dos partidos comunistas sob a liderança
soviética -> internacionalismo proletário agora é “tanto a solidariedade
revolucionária como o reconhecimento da total independência e igualdade de cada
partido”.
Terceiro Mundo -> apoio aos “países novamente livres”, mas a ajuda seria limitada,
e que os países tinham que se basear em seus próprios esforços.
As relações sino-soviéticas
• 1982 -> Brezhnev e o secretário-geral Hu Yao-bang -> 5 questões que dividiam China e URSS:
o Delimitação da fronteira / estacionamento de tropas na fronteira / relações entre partidos /
Afeganistão / Indochina
Chineses eram contra a tomada comunista do poder em Cabul em 1978 e haviam
começado a enviar armas às guerrilhas, pelo Paquistão.
Para Hu Yao-bang, a presença soviética no Afeganistão era uma ameaça à segurança
da China.
Indochina -> uma zona do mundo onde a China pode exercer a influência de uma
grande potência.
o Russos -> insistiam em seu direito a continuar criticando aspectos da política exterior
chinesa que consideravam estar em contradição com os princípios socialistas;
o Chineses -> continuaram seus ataques contra o “hegemonismo” e o “expansionismo”
soviético.
o Tinham uma opinião igual em relação à Polônia -> os chineses não mostraram simpatia pelo
Solidariedade.
o Questão da Coreia -> enquanto a China melhorou gradualmente as relações com a Coreia do
Sul, a URSS conseguiu influências no Norte.
[Resumos – Carlos Eugênio S. Negreiros] 41
• “[...] desde meados dos anos sessenta: os russos desejam uma reconciliação mais que os chineses.
Enquanto que os chineses proclamaram por longo tempo que a Rússia era um país capitalista, os
russos sempre classificaram a China como um socialista, embora deformado”.
• Período inicial da segunda Guerra Fria -> coincidiu com o surgimento de um importante movimento
popular contra as armas nucleares na Europa Ocidental e nos EUA.
o EUA -> congelamento nuclear = que o país se esforçasse em negociar com a URSS sobre
interrupção de provas, produção e futura implementação de armas nucleares.
• Por que o movimento pacifista cresceu nos anos 1980?
o Proposta de instalação de novos mísseis de alcance médio por parte da URSS e OTAN (medo
de guerra nuclear);
o Razão mais profunda: econômica. “Mientras que los servicios sociales se reducían y el
desempleo aumentaba, se gastaba más dinero em armas”.
• “[...] a New Right representa o conservadorismo político e o liberalismo econômico levado até as
máximas consequências”.
• Ronald Reagan -> primeiro presidente conservador que se proclamava publicamente como tal ->
pretendia uma reforma política conservadora para modelar a função do governo na vida norte-
americana.
o Pretendia romper, em relação à política econômica, o consenso existente desde o fim da
Segunda Guerra = a aplicação da política econômica keynesiana.
• Alguns pontos de seu programa:
o Redução de impostos / aumento nos gasto de defesa / redução das limitações ecológicas
sobre a produção de energia / restauração da vitalidade da livre iniciativa
o O programa tratava de reestruturar a economia, limitando os poderes da administração
central a favor das leis do mercado e da livre empresa.
o Forte pensamento anti-estatalista e contrário ao Estado de bem-estar.
• Principais mudanças estruturais da administração Reagan:
o Perda da liderança no campo industrial / recuo na indústria manufatureira, aumentando a
importação de manufaturas, gerando desequilíbrio na balança de pagamentos / incremento
no setor terciário / aumento das fusões e das comprar entre empresas.
• Criação de 15 milhões de postos de trabalho entre 1980-89, devido aos baixos salários que
requeriam os novos empregos no setor de serviços.
• Lado mais agressivo na administração Reagan -> especialmente na América Latina -> conceito de
Interesse Nacional = uso de força e de negociação política e cooperação econômica.
o Doutrina Reagan = estratégia agressiva de contrarrevolução cujo propósito era “a derrubada
dos regimes anti-imperialistas radicais do Terceiro Mundo através da pressão econômica, o
fornecimento de armas a regimes amigos e guerrilhas direitistas, e o uso da força nos
chamados conflitos de baixa intensidade”.
o Esse apoio americano a tropas antimarxistas deteria o expansionismo soviético e aceleraria a
revolução democrática.
• Política interior -> rigidez a respeito da maioria das questões morais e sociais; defesa de maiores
poderes policiais contra criminosos suspeitos; oposição à Emenda para a igualdade de direitos;
reforço da defesa nacional contra os soviéticos (o “império do mal”).
• Política social -> desmantelamento do Estado de bem-estar:
o Deslegitimação das demandas da classe trabalhadora e dos sindicatos;
o Manipulação da política fiscal para fazer com que as demandas da classe trabalhadora sejam
incompatíveis com a racionalidade econômica e com o Interesse Nacional.
• 1979 - Margaret Thatcher -> líder do Partido Conservador e primeira–ministra da Grã Bretanha.
o “A Dama de Ferro se propunha aplicar seu plano de redução de impostos e aumento no
orçamento destinado à defesa, lei e ordem”.
• Defendeu a independência do individual frente ao Estado e pela não intervenção do governo na
economia & defendeu reduções nos gastos públicos.
• A coalizão de Thatcher ganhou três eleições seguidas com base na redução do poder dos sindicatos e
redução dos impostos diretos.
• Política exterior:
[Resumos – Carlos Eugênio S. Negreiros] 43
o As elites comunistas viam o capital ocidental como um meio de comprar a opinião pública e
retardar o duro impacto da mudança estrutural sobre a economia.
o Consequência -> dívida em moeda forte cresceu rapidamente em toda a Europa oriental.
• “A rígida estrutura de economias comandadas tornava mais fácil usar créditos estrangeiros para
alimentos e bens de consumo que adquirir tecnologia estrangeira e empregá-la corretamente”.
O partido atrofiado
• Principal tendência política de boa parte das duas últimas décadas do comunismo = “o lento declínio
de um partido que acreditara em si mesmo e sua substituição por outros órgãos de governo –
funcionários públicos no aparato estatal, militares e os velhos “pequenos Stalin””.
• O perigo do poder individual estava em encorajar a criação de dinastias, especialmente nos Bálcãs ->
Romênia -> Ceausescu.
o Elites comunistas tentavam recuperar alguma popularidade cultivando as aspirações
nacionais -> comunismo nacional como estratégia para manutenção do poder.
• Fuga de milhões para o ocidente -> rejeição do sistema social.
o Além dos governantes da Europa Oriental, seus opositores, a Igreja, intelectuais e
reformadores do partido preferiam ficar e lutar por mudanças em seu próprio país.
• A presença de agentes de segurança e de informantes era um fator de enfraquecimento da
oposição.
• Fonte de oposição ao comunismo potencialmente forte: o Ocidente.
o Mas os governos ocidentais nunca contestaram seriamente a dominação comunista do Leste
europeu, porque poucos acreditavam na possibilidade e/ou conveniência de implantar-se
uma democracia pluripartidária em curto prazo.
A crise de 1989
• 1988 -> Estônia proclama sua soberania como república autônoma -> a 1ª a fazer isso na União
Soviética
• 1989 -> frentes populares derrotam o partido nas eleições para o novo Congresso dos
Representantes do Povo, da União Soviética -> começam a passar das reivindicações de “autonomia”
para as de plena independência.
[Resumos – Carlos Eugênio S. Negreiros] 45
• Polônia -> governo de Tadeus Mazowiecki foi o primeiro da Europa oriental com um líder não
comunista desde a década de 40.
• Políticos pós-comunistas precisavam elaborar as novas regras:
o “[...] as normas políticas e constitucionais da Europa ocidental eram levadas para a Europa
oriental e chocavam-se com realidades sociopolíticas e lembranças históricas divergentes”.
o Era difícil “fundar partidos políticos num contexto em que o comunismo contaminara a
própria noção de partido político”.
Surgiram as Frentes de Salvação, o Solidariedade -> qualquer iniciativa que evitasse
a temida denominação.
• Elaboração de novas constituições -> esbarrou a princípio na incerta situação legal criada pela
abdicação dos comunistas ao poder -> quem tinha legitimidade para isso em 1990?
o Romênia e Bulgária se apressaram e elaboraram novas constituições.
o Novas constituições omitiram-se em relação aos direitos das minorias.
• “Ao desmantelar-se o aparelho de terror comunista, os europeus do Leste tinham de decidir quem
seria punido e quem receberia recompensas”.
o Em geral houve pouca caça às bruxas.
• “De modo geral, os recém-libertados europeus orientais tinham um sonho: temendo o isolamento,
não viam a hora de se reunir à Europa”.
o Sob a direção de economistas, consultores, contabilistas e advogados ocidentais, a
privatização implantou-se na região.
o Resultado = queda de 20% a 40% na produção industrial / aumento do desemprego / maior
migração de trabalhadores.
• Primeira manifestação de crise futura -> desaceleração das taxas de crescimento econômico.
o 1960 -> primeiros sinais de sérias contradições no terreno da economia;
o 1971 -> instala-se uma dinâmica de sucessivas quedas no ritmo de crescimento.
“a queda na taxa de crescimento foi constante, de plano quinquenal em plano
quinquenal, do início dos anos 70 até o final dos anos 80”.
• Desaceleração do crescimento econômico -> seguida de uma redução dos gastos em consumo.
• Quase estagnação da produção agrícola:
o Principalmente de cereais -> a URSS era dependente de importações massivas dos países
capitalistas.
As longas filas de espera em frente às lojas de víveres e mantimentos.
• “Apesar do isolamento e do embargo imposto ao país para produtos de alta tecnologia, na década
de 80 a ex-URSS já era relativamente dependente do mercado mundial, especialmente em
alimentos, ração animal e máquinas avançadas”.
• Redução no valor líquido das exportações -> limitou a capacidade de importação, acentuando a
escassez de bens de consumo e produtos agrícolas.
o Também não garantiu os recursos necessários à continuidade da importação de máquinas
modernas para a renovação do parque produtivo.
o Aumento das exportações, mesmo com redução no valor -> desviou os recursos energéticos
e matérias-primas necessários aos novos investimentos na economia interna.
[Resumos – Carlos Eugênio S. Negreiros] 46
• Ingredientes explosivos que estiveram na base da crise que desintegrou a URSS = escassez de
alimentos, bens de consumo e energia e estagnação do crescimento econômico.
o Outro fator: “Para os países do leste e também para a ex-URSS, a maior dificuldade na
obtenção de financiamento bem como a estrondosa elevação dos juros não só dificultou as
importações, como elevou rapidamente sua dívida com o exterior e os encargos a pagar em
dólares”.
o Outro fator: nova escalada da pressão armamentista desencadeada pelo governo Reagan e
seu programa “Guerra nas Estrelas”.
“O complexo militar-industrial desviava dos demais setores o melhor que tinha a ex-
URSS em termos de potencial industrial, humano e tecnológico, agindo como um
grande buraco negro na economia, absorvendo a maior parte dos recursos e da
capacidade criativa do país”.
• URSS desenvolveu tecnologias de ponta em várias áreas a partir de sua indústria espacial e de defesa
-> esses conhecimentos não eram compartilhados com o conjunto da economia -> demais setores
acumulavam um atraso tecnológico.
• “Apesar da ex-URSS ser uma economia industrializada, seus produtos não apresentavam condições
de competitividade no mercado mundial, dada à sua baixíssima qualidade”.
• Expansão gradual de novos contingentes de trabalhadores incorporados à produção & fácil
disponibilidade de reservas energéticas e de matérias-primas -> pilares do modelo extensivo de
crescimento que foram desaparecendo.
o Era preciso uma mudança do modelo de crescimento extensivo para um modelo alternativo
de crescimento, intensivo em tecnologia e informação, que aumentasse a produtividade, a
qualidade dos produtos e a satisfação de sua população.
• Capitalismo -> a concorrência exerce o papel de modernização
o Isso não acontecia nas empresas soviéticas na fase descendente da economia, poupadas de
qualquer concorrência e acomodadas no cumprimento das metas dos “planos”.
• Qual a explicação para que o dinamismo tenha desaparecido?
o Redução das taxas de crescimento, limitando os investimentos / Drenagem de recursos para
as necessidades de defesa / Gestão burocrática da economia / Regime político ditatorial /
Repressão política / Controle de informações.
• “Apesar de o estado soviético ter se fundado sob a bandeira da planificação, persistia a
desarticulação entre setores, a defasagem entre oferta e demanda para a maioria dos produtos, a
ineficiência, a escassez de produtos de consumo básicos, ou seja, o disfuncionamento geral da
economia, causado pela gestão burocrática”.
• Golpe final -> movimentos separatistas e as mobilizações democráticas que se expressaram através
deles.
ANEXO
Presidentes americanos: