Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
1 Álgebra Tensorial 3
1.1 Aplicações Multilineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2 Produto Tensorial entre Espaços Vetoriais . . . . . . . . . . . 6
1.3 A álgebra tensorial de um espaço vetorial . . . . . . . . . . . 15
1.3.1 Produtos tensoriais entre aplicações lineares . . . . . . 16
1.3.2 A Álgebra Tensorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.4 Álgebra exterior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.4.1 O produto exterior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.4.2 Operações dentro da álgebra exterior . . . . . . . . . . 38
1.5 Álgebra Exterior como Quociente da Álgebra Tensorial . . . . 38
1.6 Contrações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
1.7 A Álgebra de Grassmann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
1.8 Isomorfismo de Hodge . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
1.9 Operadores de Criação e Aniquilação . . . . . . . . . . . . . . 44
Bibliografia 47
1
Capı́tulo 1
Álgebra Tensorial
3
4 1. ÁLGEBRA TENSORIAL
φ : V1 × · · · × Vp → W (1.1)
Obs.1:
Seja V um espaço vetorial real. A complexificação de V é definida tomando
o produto tensorial de V com os números complexos, visto por sua vez como
um vetor de espaço bidimensional sobre os reais:
V C = V ⊗R C. (1.2)
av, v ∈ V , a ∈ K é bilinear. Mostre também que a composição de duas
aplicações bilineares em End(V ) é bilinear.
I Proposição 1: Sejam U, V K-espaços vetoriais e S ⊂ U um conjunto
de geradores. Se duas aplicações p-lineares φ, ψ : U × · · · × U → V são tais
| {z }
p vezes
que φ(v1 , . . . , vp ) = ψ(v1 , . . . , vp ) para quaisquer v1 , . . . , vp ∈ S, então φ = ψ
J
Demonstração: A proposição é óbvia quando p = 1. Suponha que ela seja
válida para k e considere φ, ψ : U × · · · × U → V tais que φ(v1 , . . . , vp+1 ) =
| {z }
(p+1)vezes
ψ(v1 , . . . , vp+1 ) quando v1 , . . . , vp , vp+1 ∈ S. Tome v ∈ V fixo e defina ψ 0 , φ0 :
U × · · · × U → V , pondo φ0 (v1 , . . . , vp ) = φ(v1 , . . . , vp , v) e ψ 0 (v1 , . . . , vp ) =
| {z }
p vezes
ψ(v1 , . . . , vp , v). Portanto segue-se que ψ 0 e φ0 coincidem quando v1 , . . . , vp ∈
S e pela hipótese de indução ψ 0 = φ0 . Portanto φ(v1 , . . . , vp , v) = ψ(v1 , . . . , vp , v)
para todos v1 , . . . , vp , v ∈ U , ou seja, ψ = φ o
Exercı́cio 7: Mostre que, dada uma aplicação p-linear φ : U1 ×· · ·×Up →
V , sua imagem φ(U1 × · · · × Up ) em geral não é um subespaço vetorial de V ,
quando p 6= 1.
Exercı́cio 8: Mostre que a composição de uma aplicação linear φ ∈
Hom(U, V ) com uma aplicação p-linear Hom(V1 , . . . , Vp ; U ) é p-linear e per-
tence a Hom(V1 , . . . , Vp ; V )
⊗:V ×W → T
(v, w) 7→ (v ⊗ w)
ψ : T1 → T2
v ⊗1 w 7→ v ⊗2 w
Calcule os produtos tensoriais v ⊗ u e u ⊗ v na base canônica, e verifique que
o produto tensorial não é comutativo
8 1. ÁLGEBRA TENSORIAL
Embora o produto tensorial entre dois espaços vetoriais não seja comuta-
tivo, é possı́vel estabelecer um isomorfismo
cV,W : V ⊗ W → W ⊗V
v⊗w 7→ w⊗v (1.6)
ao requerermos que a base ei ⊗ fj de V ⊗ W seja levada na base fj ⊗ ei de
W ⊗V.
Exercı́cio 11:
a) Mostre que cV,W ◦ cW,V = idW ⊗V e que cW,V ◦ cV,W = idV ⊗W
b) Dado o espaço vetorial U ⊗ V ⊗ W , mostre que (cV,W ⊗ I) ◦ (I ⊗ cU,W ) ◦
(cU,V ⊗I) = (I⊗cU,V )◦(cU,W ⊗I)◦(I⊗cV,W ). Essa relação é denominada
equação de Yang-Baxter e origina o grupo das tranças.
Obs.2: Equipado com essas estruturas o conjunto V1 × V2 × · · · × Vp
é denominado soma direta exterior dos espaços vetoriais V1 , V2 , . . . , Vp e é
M p
Lp
denotada por i=1 Vi . Considere o subespaço livre V de Vi que consiste
P i=1
das somas finitas formais av1 ...vp (v1 , . . . , vp ) . A denominação
p
(v1 ,...,vp )∈⊕i=1 Vi
livre na definição acima significa que
X
av1 ...vp (v1 , . . . , vp ) = 0,
p
(v1 ,...,vp )∈⊕i=1 Vi
denominado contração C
Dados α ∈ V ∗ , β ∈ W ∗ , definimos agora o produto tensorial α ⊗ β em
V × W por
(α ⊗ β)(v, w) = α(v)β(w), v ∈ V, w ∈ W (1.12)
obtendo assim o aplicação bilinear
⊗ : V ∗ × W ∗ → Hom (V, W ; K).
10 1. ÁLGEBRA TENSORIAL
Mais especificamente, considere {ei } uma base P para V e {ei } a sua base
dual. Sabemos que α(v) = i αi v e que β(u) = i βi ui , onde αi = α(ei ),
i
P
βi = β(ei ), v i = ei (v) e ui = ei (u). Desse modo
X
(α ⊗ β)(v, u) = αi v i βj uj .
i,j
e ei ⊗ ej − ej ⊗ ei .
Exercı́cio 16: Prove que as componentes de um elemento A = A i
⊗
e ∈ T (V ) satisfazem A = −A .
ij e
j 2
ij ji
1. α ⊗ β = 0 ⇔ α = 0 ou β = 0.
2. α ⊗ β = β ⊗ α ⇔ α e β são múltiplos um do outro.
Exercı́cio 18: O operador de permutação P : T (V ) → T (V ) é definido
2 2
SIM ◦ SIM = SIM, ALT ◦ SIM = 0 = SIM ◦ ALT, e que ALT + SIM = id.
2 2
Mostre que ker SIM = Talt (V ) e ker ALT = Tsim (V )
12 1. ÁLGEBRA TENSORIAL
β ⊗ β, α ⊗ u, v ⊗ β, u ⊗ v, u ⊗ u ⊗ α.
onde u = e + e + 2e e v = −2e + e . Calcule também α ⊗ β, α ⊗ α, β ⊗ α,
1 2 3 1 3
Mostre que e1 ∧ e2 ∧ e3 = −e1 ∧ e3 ∧ e2 e mais geralmente que e1 ∧ e2 ∧ e3 ∈
T3 alt (V )
J
Demonstração: Na base de V ⊗ W , tal aplicação linear é dado por
φ(ei , fj ) = ψ(ei ⊗ fj )
o
Mais especificamente, provamos o caráter universal do produto tensorial,
no sentido de que existe uma função f : V × W → V ⊗ W tal que ψ ◦ f = φ,
como mostra o seguinte diagrama comutativo:
φ -
V ×W U
6
ψ
f
V ⊗W
(V ⊗ W )∗ ' V ∗ ⊗ W ∗ (1.16)
τ :V ⊗W → (V ⊗ W )∗
v⊗w 7→ τ (v ⊗ w) = τ (v) ⊗ τ (w) (1.17)
(α ⊗ v)(u, β) = α(u)β(v).
onde ci j = C(ei , ej )
B Exemplo 4: Este exemplo é o Ex. 1.5 de [7]. Existe um isomorfismo
entre os espaços T 11 (V ) e T1 1 (V ) definido por
cV,V ∗ : T 11 (V ) → T1 1 (V )
α⊗v 7→ cV,V ∗ (α ⊗ v) = v ⊗ α
e1 = e1 + e2 , e2 = e1 − e2 ,
e
1 1
e1 = (e1 + e2 ), e2 = (e1 − e2 ).
2 2
14 1. ÁLGEBRA TENSORIAL
Exercı́cio 24: Dado V um espaço vetorial 4-dimensional, considere
A = e1 ⊗ e2 + e2 ⊗ e3 + e3 ⊗ e4 ∈ T 11 . Encontre todos os vetores v ∈ V tais
que A(v, α) = 0, ∀α ∈ V ∗
Exercı́cio 25: Considere um espaço vetorial tridimensional sobre o
corpo Z2 e um tensor T = e1 ⊗ e2 + e2 ⊗ e3 ∈ T 11 (V ). Encontre os pares
(v, α) ∈ V × V ∗ tais que T (v, α) = 0
Exercı́cio 26: Considere o isomorfismo ψ : V ∗ ⊗ V → End(V ) em
(1.10) e seja {ei }dim
i=1
V
[{ei }] a base canônica de V [V ∗ ]. Dado A = e1 ⊗ e3 ,
calcule ψ(A)v, onde v = e1 + e2 + e3 + e4 . Calcule também para o caso onde
A = (e1 + e3 ) ⊗ (e3 + e4 ) e v = 2e1 + 3e2 + 2e3 + 3e4
Exercı́cio 27: Dada a forma bilinear simétrica g : V × V → K cuja
matriz associada é dada por
2 1 0 0
1 1 0 0
0 0 1 1 ,
0 0 1 2
1.3. A ÁLGEBRA TENSORIAL DE UM ESPAÇO VETORIAL 15
τ : V1 ⊗ · · · ⊗ Vp → (V1 ⊗ · · · ⊗ Vp )∗
v1 ⊗ · · · ⊗ vp 7→ τ (v1 ⊗ · · · ⊗ vp ) = τ (v1 ) ⊗ · · · ⊗ τ (vp ) (1.24)
(A ⊗ A0 )(e1 ⊗ e1 ) = Ae1 ⊗ A0 e1
= (ae1 + ce2 ) ⊗ (a0 e1 + c0 e2 )
= aa0 e1 ⊗ e1 + ac0 e1 ⊗ e2 + ca0 e2 ⊗ e1 + cc0 e2 ⊗ e2
0
(A ⊗ A )(e1 ⊗ e2 ) = Ae1 ⊗ A0 e2
= (ae1 + ce2 ) ⊗ (b0 e1 + d0 e2 )
= ab0 e1 ⊗ e1 + ad0 e1 ⊗ e2 + cb0 e2 ⊗ e1 + cd0 e2 ⊗ e2
0
(A ⊗ A )(e2 ⊗ e1 ) = Ae2 ⊗ A0 e1
= (be1 + de2 ) ⊗ (a0 e1 + c0 e2 )
= ba0 e1 ⊗ e1 + bc0 e1 ⊗ e2 + da0 e2 ⊗ e1 + dc0 e2 ⊗ e2
(A ⊗ A0 )(e2 ⊗ e2 ) = Ae2 ⊗ A0 e2
= (be1 + de2 ) ⊗ (b0 e1 + d0 e2 )
= bb0 e1 ⊗ e1 + bd0 e1 ⊗ e2 + db0 e2 ⊗ e1 + dd0 e2 ⊗ e2
cc0 bd0 0
db dd 0
1.3. A ÁLGEBRA TENSORIAL DE UM ESPAÇO VETORIAL 17
Neste exemplo podemos ver que o funcional linear traço do produto tensorial
entre matrizes Tr (A ⊗ A0 ) = a(a0 + d0 ) + d(a0 + d0 ) = (a + d)(a0 + d0 ) =(Tr
A)(Tr A0 ). C
B Exemplo 6: Considere [aij ] a matriz de A na base {e1 , . . . , en } de V e
[bkl ] a matriz do operador B na base {f1 , . . . , fm } de W . Então, pelo mesmo
procedimento do exemplo anterior, a matriz da aplicação A ⊗ B na base
{e1 ⊗ f1 , e1 ⊗ f2 , . . . , e1 ⊗ fm , e1 ⊗ f1 , e2 ⊗ f2 , . . . , e2 ⊗ fm , . . . , . . . , en ⊗ fm }
de V ⊗ W é dada por
a11 B a12 B · · · a1n B
a21 B a22 B · · · a2n B
A⊗B = .
.. .. ..
.. . . .
an1 B an2 B · · · ann B
Tal matriz é denominada produto de Kronecker entre A e B C
Mais geralmente, dados espaços vetoriais V, V 0 , U, U 0 sobre o mesmo corpo
K e dadas aplicações ψ ∈ Hom(V, V 0 ) e φ ∈ Hom(U, U 0 ), necessita-se definir
uma outra aplicação linear
ψ⊗φ:V ⊗U → V 0 ⊗ U0
v ⊗ u 7→ (ψ ⊗ φ)(v ⊗ u) = ψ(v) ⊗ φ(u). (1.27)
Embora seja usual a notação ψ ⊗ φ, o objeto ψ ⊗ φ não denota um tensor.
Isto é somente uma notação para um novo mapa linear em V ⊗K U , o qual
denotaremos de agora em diante simplesmente por V ⊗ U .
Exercı́cio 28: Calcule Tr(A ⊗ A ⊗ · · · ⊗A)
Exercı́cio 29: Dada I = σ =
1 0
0 1
0e as matrizes de Pauli σ 1 =
0 1 0 −i 1 0
, σ2 = , σ3 = em M(2, C), calcule σi ⊗ σj
1 0 i 0 0 −1
(i, j = 0, 1, 2, 3)
I Teorema 1: Considere K um corpo e sejam A ∈ M(n, K) e B ∈
M(m, K) matrizes que tenham autovalores a e b em K, respectivamente.
Então a aplicação A ⊗ Im×m + In×n ⊗ B tem autovalor a + b e A ⊗ B possui
autovalor ab J
Demonstração: Para algum v ∈ Kn e algum w ∈ Km , Av = av e
Bw = bw. Portanto
(A ⊗ Im×m + In×n ⊗ B)(v ⊗ w) = Av ⊗ w + v ⊗ Bw
= av ⊗ w + v ⊗ (bw)
= (a + b)(v ⊗ w)
18 1. ÁLGEBRA TENSORIAL
Também
o
Exercı́cio 30: Se A ∈ End(V ) é diagonalizável, mostre que A ⊗ A ⊗
· · · ⊗ A é diagonalizável. Sendo {λi } um conjunto de autovalores de A, quais
são os autovalores de A ⊗ A ⊗ · · · ⊗ A?
Exercı́cio 31: Encontre a forma canônica de Jordan da aplicação A⊗B,
se A e B são respectivamente dadas por
1 0 0
1 1 0 2 0 , 1 1
,
0 1 0 1
0 0 3
0 1 0
2 1 1 1 0 0 1
, ,
0 2 0 1
0 0 0
I Teorema 2: Dados K-espaços vetoriais V, V 0 , V 00 , U, U 0 , U 00 e dadas
aplicações ψ ∈ Hom(V, V 0 ), ψ 0 ∈ Hom(V 0 , V 00 ), φ ∈ Hom(U, U 0 ) e φ0 ∈
Hom(U 0 , U 00 ), então:
(i) IV ⊗ IU = IV ⊗U .
(ii) (ψ 0 ⊗φ0 )◦(ψ ⊗φ) = (ψ 0 ◦ψ)⊗(φ0 ◦φ), enquanto mapas lineares de V ⊗K U
em V 00 ⊗K U 00 J
Demonstração: (i) A função IV ⊗ IU é uma aplicação linear que pertence
ao espaço End(V ⊗ U ) e deixa invariante qualquer tensor homogêneo da
forma v ⊗ u. Segue-se que ele fixa todos os tensores de V ⊗ U e portanto
IV ⊗ IU = IV ⊗U .
(ii) Como (ψ 0 ⊗ φ0 ) ◦ (ψ ⊗ φ) e (ψ 0 ◦ ψ) ⊗ (φ0 ◦ φ) são lineares, a fim de
se provar a igualdade é suficiente verificar que possuem o mesmo valor em
qualquer tensor homogêneo da forma v ⊗ u, no qual ambas as aplicações
possuem o valor ψ 0 (ψ(v)) ⊗ φ0 (φ(u)). o
B Exemplo 7: Mostramos aqui como calcular o determinante de produtos
tensoriais de aplicações lineares. Supomos ψ ∈ End(V ) e φ ∈ End(U ), onde U
e V são K-espaços vetoriais de dimenão n e m, respectivamente. Calcularemos
det(ψ ⊗ φ) cindindo ψ ⊗ φ na composição de dois mapas que pertencem a
End(V ⊗ U ), da seguinte maneira:
ψ ⊗ φ = (ψ ⊗ IU ) ◦ (IV ⊗ φ),
1.3. A ÁLGEBRA TENSORIAL DE UM ESPAÇO VETORIAL 19
A fim de que determinemos esses últimos fatores, tome uma base {e1 , . . . , em }
de V e uma base {f1 , . . . , fn } de U , e consequentemente uma base {ei ⊗ fj }
(i = 1, . . . , m; j = 1, . . . , n) de V ⊗ U . Considere agora [ψ] a matriz associada
a ψ na base ordenada {e1 , . . . , em }. Como (ψ ⊗ IU )(ei ⊗ fj ) = ψ(ei ) ⊗ fj ,
ordene a base de V ⊗ U como
{e1 ⊗ f1 , . . . , em ⊗ f1 , . . . , e1 ⊗ fn , . . . , em ⊗ fn }.
C
0 2
Obs.3: Em particular no exemplo anterior det(A ⊗ A0 ) = (det A)2 (det
A)
B Exemplo 8: Tomando-se U = V e ψ = φ, então a aplicação ψ ⊗ ψ possui
determinante (det ψ)2k C
Corolário 1: Considere V um K-espaço vetorial de dimensão maior ou
igual a um e ψ ∈ End(V ). Para todo i ∈ N
i−1
det(ψ ⊗i ) = (det ψ)ik
Exercı́cio 32: Prove o corolário acima (Dica: use o princı́pio da indução
finita e a associatividade do produto tensorial de aplicações lineares)
I Teorema 3: Dados K-espaços vetoriais V, V 0 , U, U 0 , se as aplicações
ψ ∈ Hom(V, V 0 ) e φ ∈ Hom(U, U 0 ) são sobrejetivas, então ψ ⊗ φ ∈ Hom(V ⊗
U ; V 0 ⊗ U 0 ) é sobrejetiva J
20 1. ÁLGEBRA TENSORIAL
IZp ⊗ ψ : Zp ⊗Z Zp → Zp ⊗Z Zp2
a⊗b 7→ (IZp ⊗ ψ)(a ⊗Z b) = a ⊗Z ψ(b).
J
Demonstração: Se v ∈ ker ψ e u ∈ U então
Para não carregar demais a notação usamos a mesma notação para v ⊗ u, que
no lado esquerdo da primeira igualdade acima está em (V ⊗ U ) enquanto que
ao lado direito da primeira igualdade v ⊗ u ∈ (ker ψ) ⊗ U . Da mesma forma
ν ν ...ν
onde Tµ11µ22 ...µpq = T (eµ1 , eµ2 , . . . , eµq , eν1 , eν2 , . . . , eνp ).
I Lema 1: Para um dado 0 6= v ∈ V , existe α ∈ V ∗ tal que α(v) = 1 J
Demonstração: Como o conjunto {v} é linearmente independente, ele se
P a uma base {vj }j∈J de V . Tome v = vi0 . Defina α : V → K por
estende
α ( i ai vi ) = ai0 . Então α(v) = α(vi0 ) = 1 o
I Teorema 5: Considere V1 , . . . , Vk K-espaços vetoriais e vj ∈ Vj . Então
v1 ⊗ · · · ⊗ vk = 0 ∈ V1 ⊗ · · · ⊗ Vk se e somente vp = 0 para algum p = 1, . . . , k
J
Demonstração: Se algum vp = 0, então
v1 ⊗ · · · ⊗ vp ⊗ · · · ⊗ vk = v1 ⊗ · · · ⊗ 0 ⊗ · · · ⊗ vk = v1 ⊗ · · · ⊗ 0vp ⊗ · · · ⊗ vk
= 0v1 ⊗ · · · ⊗ vk = 0 ∈ V1 ⊗ · · · ⊗ Vk (1.37)
e decorre que v1 ⊗ · · · ⊗ vk 6= 0 o
Exercı́cio 33: Mostre que dadas aplicações ψj ∈ Hom(Vj , Uj ) entre K-
espaços vetoriais, para i = 1, . . . , k, as aplicações multilineares ψ1 ⊗ · · · ⊗ ψk :
V1 ⊗ · · · ⊗ Vk → W1 ⊗ · · · ⊗ Wk é nula se e somente se ψp for nula, para algum
p = 1, . . . , k
Dada uma permutação σ : {1, 2, . . . , n} → {1, 2, . . . , n}, definimos o opera-
dor ALT neste contexto denominado alternador, da seguinte maneira:
1 X
ALT(X1 ⊗ X2 ⊗ · · · ⊗ Xp ) = ε(σ)Xσ(1) ⊗ Xσ(2) ⊗ · · · ⊗ Xσ(p−1) ⊗ Xσ(p) ,
p!
σ∈Sp
(1.38)
1.3. A ÁLGEBRA TENSORIAL DE UM ESPAÇO VETORIAL 23
T1q (V ) = Hom(V, . . . , V ; V )
| {z }
q vezes
Exercı́cio 36: Mais geralmente, mostre que T (V )⊗T (V ) ' End(V| × ·{z· · × V})
2
p
p
p vezes
1 1 2
cV,V ∗ : V ⊗ V ∗ → V∗⊗V
v⊗α 7→ cV,V ∗ (v ⊗ α) := α ⊗ v
para quaisquer v ∈ V e α ∈ V ∗ . Mostre que a função traço pode ser
definida através da seguinte composição de aplicações: Tr = ψV ◦cV,V ∗ ◦
φ−1
V .
B Exemplo 11: Seja {ei } (i = 1, 2, 3) a base canônica de V = R3 {ei } a sua
base dual. Defina uma correlação τ : V → V ∗ como τ (e1 ) = 4e1 + e2 , τ (e2 ) =
P3 P3
e1 +3e2 , τ (e3 ) = e3 . Portanto dados u = i=1 ui ei ∈ V e v = j=1 v i ej ∈ V ,
já vimos que g(u, v) = τ (u)(v), e temos que
g(u, v) = τ (u1 e1 + u2 e2 + u3 e3 )(v) = u1 (4e1 + e2 )(v) + u2 (e1 + 3e2 )(v) + u3 e3 (v)
= 4u1 v 1 + u1 v 2 + u2 v 1 + 3u2 v 2 + u3 v 3
= 4(e1 ⊗ e1 )(u, v) + (e1 ⊗ e2 )(u, v) + (e2 ⊗ e1 )(u, v)
+3(e2 ⊗ e2 )(u, v) + (e3 ⊗ e3 )(u, v)
e portanto
g = 4e1 ⊗ e1 + e1 ⊗ e2 + e2 ⊗ e1 + 3e2 ⊗ e2 + e3 ⊗ e3 ∈ V ∗ ⊗ V ∗ (1.39)
C
Mais geralmente, uma forma bilinear g : V × V → K com valores em K
pode ser escrita como
n
X
g= gij ei ⊗ ej ∈ T 2 (V )
i,j=1
Exercı́cio 40: Mostre que se g : V × V → K for simétrica, então
gij = gji , enquanto que se g : V × V → K for alternada, então gij = −gji
1.3. A ÁLGEBRA TENSORIAL DE UM ESPAÇO VETORIAL 25
Exercı́cio 41: Mostre que o produto vetorial é uma aplicação bilinear
alternada em R3 .
Outra operação importante sobre os tensores é denominada contração, uma
aplicação linear
q−1
Tpq (V ) → Tp−1 (V ), p, q > 0
definida ao se considerar a aplicação
Tp (V ) ⊗ Tq (V ) ⊂ Tp+q (V ),
26 1. ÁLGEBRA TENSORIAL
em V
e temos
Exercı́cio 47: T ∗
+ (V ) e T−∗ (V ) são subálgebras de T ∗ (V )?
Além da Z-graduação inerente à álgebra dos tensores covariantes (ou con-
travariantes), a involução graduada ainda mune tais álgebras com uma Z2 -
graduação.
A álgebra tensorial é isomorfa à sua álgebra oposta, a partir de um (anti-
)automorfismo chamado reversão. Essa aplicação é definida por
p ⊗ Bq ) = B
(A^ fq ⊗ A
fp
onde Ap ∈ T p (V ), B q ∈ T q (V ), com ã = a se a ∈ K e α̃ = α se α ∈ V ∗ =
T 1 (V ).
A partir dessas definições podemos ver que
(α1 ⊗ α^
2 ⊗ · · · ⊗ αp ) = αp ⊗ αp−1 ⊗ · · · ⊗ α2 ⊗ α1
Ap = A
cp
f
(α1 ∧ α2 ∧ · · · ∧ αm ) ∧ (β1 ∧ β2 ∧ · · · ∧ βl ) = α1 ∧ α2 ∧ · · · ∧ αm ∧ β1 ∧ β2 ∧ · · · ∧ βl .
e1 ∧ e2 , e1 ∧ e3 , e1 ∧ e4 , . . . , e1 ∧ en ,
e2 ∧ e3 , e2 ∧ e4 , . . . , e2 ∧ en ,
..
.
en−1 ∧ en
X
ψk = aµ1 µ2 ...µk eµ1 ∧ eµ2 ∧ · · · ∧ eµk , aµ1 µ2 ...µk ∈ K. (1.45)
µ1 <µ2 <···<µk
ψ = au1 ∧ u2 ,
= u ∧ vn + ψ 0
0 = ψ ∧ ψ = (u ∧ vn + ψ 0 ) ∧ (u ∧ vn + ψ 0 ) = 2u ∧ ψ 0 ∧ vn + ψ 0 ∧ ψ 0
ψ = λ1 u1 ∧ vn + λ2 u2 ∧ vn + u1 ∧ u2 ,
1. ψ = φ = v1 ∧ v2 + v2 ∧ v3 + v3 ∧ v1
2. ψ = v1 ∧ v2 + v3 ∧ v1 , φ = v2 ∧ v3 ∧ v4
Exercı́cio 51: Prove que e 1
∧ e2 + e3 ∧ e4 ∈ Λ2 (R4 ) não é fatorizável.
1.4. ÁLGEBRA EXTERIOR 33
v1 ∧v2 = (a11 a22 −a21 a12 )e1 ∧e2 +(a11 a32 −a31 a12 )e1 ∧e3 +(a21 a32 −a31 a22 )e2 ∧e3 .
v1 ∧ v2 ∧ v3 = [a33 (a11 a22 − a21 a12 ) − a23 (a11 a32 − a31 a12 )
+a13 (a21 a32 − a31 a22 )]e1 ∧ e2 ∧ e3 ]
Ψ = a+ai dxi +aij dxi ∧dxj +aijk dxi ∧dxj ∧dxk +· · ·+p dx1 ∧dx2 ∧· · ·∧dxn .
(1.55)
onde a, ai , aij , . . . , p ∈ K
dimensional — expresse en ∧ en−1 ∧ · · · ∧ e2 ∧ e1 em termos de e1 ∧ e2 ∧ · · · ∧
en−1 ∧ en
Exercı́cio 53: Em um espaço vetorial V = R , dados A, B, C ∈ Λ(V ),3
onde A = 3 + 3e + e ∧ e , B = −e + 4e ∧ e ∧ e3 e C = 1 + e3 + e1 ∧ e3
1 2 3 2 1 2
calcule
1) A ∧ A, B ∧ B, C ∧ C, B ∧ A, A ∧ B, C ∧ A, A ∧ C, B ∧ C, C ∧ B,
A ∧ B ∧ C, A ∧ C ∧ C
2) hA ∧ Bi0 ; hA ∧ Bi1 ; hA ∧ Bi2 ; hA ∧ Bi3
3) hA ∧ Ci0 ; hA ∧ Ci1 ; hA ∧ Ci2 ; hA ∧ Ci3
4) hB ∧ Ci0 ; hB ∧ Ci1 ; hB ∧ Ci2 ; hB ∧ Ci3
Exercı́cio 54: Considere {u , u , . . . , u
1 2 2r−1
, u2r } vetores duais L.I. em
um K-espaço vetorial V . Seja v = u ∧u +u ∧u +u5 ∧u6 +· · ·+u2r−1 ∧u2r ,
1 2 3 4
mostre que
36 1. ÁLGEBRA TENSORIAL
ν1 <···<νk
Exercı́cio 56: Partindo dessa última expressão (que podemos tomar
como definição do determinante de uma transformação linear) deduza a regra
do desenvolvimento de Laplace para o cálculo de determinantes.
Exercı́cio 57: Seja V um espaço vetorial (dim V = n) e W o subespaço
k-dimensional gerado por {v1 , . . . , vk }. O k-vetor IW = v1 ∧ · · · ∧ vk define
completamente este subespaço e um vetor v está em W se e só se v ∧ IW = 0
(veja o exemplo 2.2). Se B = {ei } (i = 1, . . . , n) é uma base de V , as
componentes
V do k-vetor IW com relação à base {eµ1 ∧· · ·∧eµk |µ1 < · · · < µk }
de k (V ) são chamadas coordenadas de Plücker do subespaço W na base B,
ou seja, as coordenadas de Plücker V µ1 ···µk são dadas por
(a) Mostre que em geral as coordenadas de Plücker não são todas indepen-
dentes mas satisfazem um conjunto de identidades chamadas correlações de
1.4. ÁLGEBRA EXTERIOR 37
Plücker são triviais. (c) Considere o caso em que n = 4 e k = 2. Mostre que
nesse caso existe apenas uma correlação de Plücker não-trivial.
Pn
Finalmente, dim Λ(V ) = k=0 nk = 2n .
Exercı́cio 58: Mostre que todo p-covetor em um espaço V tal que dim
V ≤ 3 é simples
Exercı́cio 59: Para dim V ≥ 4 nem todo p-vetor é simples. Por exemplo,
seja V um espaço vetorial de dimensão 4 e {e1 , e2 , e3 , e4 } uma base de V . Seja
ψ = e1 ∧ e2 + e3 ∧ e4 . Mostre que não existe nenhuma combinação linear dos
vetores {ei } (i = 1, 2, 3, 4) que permita escrever ψ na forma ψ = v 1 ∧ v 2
A seguir daremos uma definição equivalente de álgebra exterior.
ñ Definição 7: Um mapa φ : V × · · · × V → U é dito anti-simétrico se
| {z }
p vezes
(V ⊗R W )C ' V C ⊗C W C .
h ik : Λ(V ) → Λk (V ) (1.56)
a ∼ b ⇐⇒ a = b + x, x ∈ C.
ou seja, ad+cb+cd ∈ C, o que é verdade só se C for um ideal. Nesse caso temos
uma álgebra denominada álgebra quociente de A pelo ideal C, denotada por
A/C. P
Seja I um ideal de T (V ) consistindo de todos elementos da forma i ai ⊗
v ⊗ v ⊗ bi com v ∈ V, ai , bi ∈ T (V ). Podemos ainda dizer que o ideal I é
gerado por v ⊗ u + u ⊗ v com v, u ∈ V .
Vamos agora mostrar que a álgebra exterior é isomorfa à álgebra quociente
T (V )/I. A relação de equivalência em questão é
a ∼ b ⇐⇒ a = b + x, x ∈ I.
[a] ∧ [b] = [a ⊗ b] .
v ⊗ u + u ⊗ v = (v + u) ⊗ (v + u) − v ⊗ v − u ⊗ u.
Portanto
1
v⊗u∼v∧u= (v ⊗ u − u ⊗ v),
2
ou [v ⊗ u] = [v ∧ u] e [v] ∧ [u] = [v ∧ u].
O resultado acima pode ser generalizado como
v1 ⊗ · · · ⊗ vk ∼ ALT(v1 ⊗ · · · ⊗ vk ) = v1 ∧ · · · ∧ vk ,
1.6 Contrações
A aplicação linear α : V → K foi definida como um elemento do espaço
dual V ∗ . Podemos generalizar esse conceito, introduzindo uma operação
denominada contração à esquerda pelo vetor v, que age sobre Ω ∈ Λk (V ) e
resulta em um elemento de Λk−1 (V ), da seguinte maneira:
(v 1 ∧ v 2 ∧ · · · ∧ v k )c = v 1 cv 2 c . . . v k y
e
b(v 1 ∧ v 2 ∧ · · · ∧ v k ) = bv 1 bv 2 . . . bv k (1.63)
(α ∧ β ∧ λ)c(v ∧ u ∧ w) = αcβcλc(v ∧ u ∧ w)
1
= αcβc (λ(v)u ∧ w + λ(u)w ∧ v + λ(w)v ∧ u − λ(w)u ∧ v − λ(v)w ∧ u − λ(u)v ∧ w)
2
= λ(v)β(u)α(w) − λ(v)β(w)α(u) + λ(u)β(w)α(v) − λ(u)β(v)α(w)
+λ(w)β(v)α(u) − λ(w)β(u)α(v).
C
B Exemplo 16: Para o nosso caso
1 1 1
(α ∧ β)(v ∧ u) = (α(v)β(u) − α(u)β(v)) = − (α ∧ β)c(v ∧ u) = (β ∧ α)c(v ∧ u)
2 2 2
1 ^
= (α ∧ β)c(v ∧ u).
2
C
Generalizando o resultado para Υp ∈ Λp (V ) e Ξp ∈ Λp (V ), obtemos [7]
1 fp
Υp (Ξp ) = Υ cΞp .
p!
ou ainda
g(v1 , u1 ) g(v1 , u2 ) · · · g(v1 , uk )
g(v2 , u1 ) g(v2 , u2 ) · · · g(v2 , uk )
G(v1 ∧ · · · ∧ vk , u1 ∧ · · · ∧ uk ) = .
.. .. .. ..
. . . .
g(vk , u1 ) g(vk , u2 ) · · · g(vk , uk )
G(ψk , φm ) = 0.
G : Λ2 (V ) × Λ2 (V ) → K
g(v i , v r ) g(v i , v s )
(v i ∧ v k , v r ∧ v s ) 7→ G(v i ∧ v k , v r ∧ v s ) = det
g(v k , v r ) g(v k , v s )
A ∧ ?B = G(A, B)ΩV
?1 = I = e1 ∧ e2 ∧ e3 ,
?e1 = e2 ∧ e3 , ?e2 = e3 ∧ e1 , ?e3 = e1 ∧ e2 ,
?(e1 ∧ e2 ) = e3 , ?(e3 ∧ e1 ) = e2 , ?(e2 ∧ e3 ) = e1 ,
?I = ?(e1 ∧ e2 ∧ e3 ) = 1.
C
Exercı́cio
˚
65: Seja R 3
equipado com o produto escalar euclidiano usual.
Seja × o produto vetorial usual de vetores e ˚ ∧ o produto de vetores definido
como v × u = ?(v ∧ u), u, v ∈ R3 . Mostre que os objetos definidos por
v×˚u e v × u apresentam as mesmas componentes. Mostre que enquanto o
˚u é o que se chama um vetor axial ou pseudovetor ou
objeto definido por v ×
seja, é um objeto que não muda de sinal perante uma inversão do sistema de
coordenadas, o objeto definido por v ×u é de fato um vetor, às vezes chamado
vetor polar, em distinção de vetor axial, pois neste caso há uma mudança de
sinal perante uma inversão do sistema de coordenadas.
E(v)(A) = v ∧ A
E † (v)(A) = A ∧ v
I(α)(A) = αcA.
I † (α)(A) = Abα,
Com efeito,
Analogamente segue
e
Referências Bibliográficas
[2] A. I. Kostrikin e Yu. I. Manin, Linear Algebra and Geometry, Gordon and
Breach, New York 1981.
[4] Elon Lages Lima, Álgebra Linear, Coleção Matemática Universitária, Rio de
Janeiro 2005.
[5] Elon Lages Lima, Álgebra Exterior, Coleção Matemática Universitária, Rio de
Janeiro 2005.
[13] R. da Rocha, J. Vaz, Jr., Extended Grassmann and Clifford algebras, Advances
in Applied Clifford Algebras 16 (2006) 103-125 [arXiv:math-ph/0603050].
47
[14] Warner, F.; - Foundations of Differentiable Manifolds and Lie Groups - Springer
Verlag - 1983
[15] Jacobson, N.; - Basic Algebra - Volume 2 Freeman & Company - 1989