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ARTIGO ORIGINAL

Comportamento da
Percepção Subjetiva de Esforço em Função da
Força Dinâmica Submáxima em Exercícios
Resistidos com Pesos
João Augusto Reis de Moura, Jeovani Peripolli e João Luiz Zinn

Resumo
Este estudo teve como objetivo analisar o comportamento da Percepção Subjetiva de Esforço (PSE) em
função de percentuais submáximos da Força Dinâmica Máxima (FDM). O estudo caracterizou-se como
Empírico Analítico do tipo Correlacional e Inferencial, sendo utilizada uma amostra aleatória de 77
indivíduos (44 homens e 33 mulheres) na faixa etária de 18 a 30 anos, todos pouco familiarizados com
exercícios Resistidos com Peso (ERP). A quilagem real de esforço (variável independente) foi determinada
a partir das tentativas de superação de quilagem no teste de uma Repetição Máxima (1RM). A obtenção da
variável dependente (Percepção Subjetiva de Esforço-PSE) foi a partir do método de estimativa verbal
(Borg, 2000) durante a execução do teste de 1RM. Após cada tentativa de superação de quilagem, era
perguntado ao avaliado a percepção de esforço que poderia variar de 0% a 100%, sendo estes valores em
percentuais transformados em quilogramas. Concluiu-se que a PSE e os percentuais submáximos da FDM,
na maioria dos pares entre os esforços percebidos e as quilagens reais mobilizadas, nas diferentes tentativas
de superação de quilagem no teste de 1RM, não apresentaram diferenças estatisticamente significativas
(p<0,05). Existe alta associação positiva e significativa entre estas, sendo que as correlações encontradas
não diferiram em relação ao sexo. As correlações tendem a se tornarem mais fortes entre percentuais da
FDM e PSE, à medida que as tentativas de superação de quilagens assumem valores mais próximos à força
máxima dos avaliados. Sugere-se a utilização da PSE no dia-a-dia em academias de ginástica, como um
elemento a mais na prescrição e controle do treinamento.
Palavras chave: percepção subjetiva de esforço, força dinâmica e treinamento.

Universidade Federal de Santa Maria


Endereço para correspondência:
Rua Cruzeiro, 55/504 – Bairro Vila Nova
Blumenau-SC CEP 89035-210
e-mail: moura.reis@porttal.com.br
Submetido em 15/05/2003
Aceito em 27/06/2003

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício • Volume 2
1) Introdução estas equações são específicas à determina-
O controle da intensidade de esforço em dos grupos populacionais, fato que limita
trabalhos de exercitação corporal sempre foi sua ampla aplicação. Pelos valores serem es-
uma preocupação dos profissionais da área timados, não são totalmente precisos, já que
de Educação Física e a busca de métodos as equações regressivas apresentam Erro
confiáveis para prescrição e monitoramento Padrão de Estimativa (EPE) que determina
de cargas de treino, com baixo custo e fácil o grau de precisão da estimativa, limitando
aplicabilidade. sua aplicação11,12.
Embora a força muscular seja uma variá- Testes de força máxima têm sido ampla-
vel importante, ainda não é claro o critério mente utilizados e sugeridos em obras sobre
mais adequado para o controle da intensi- o treinamento de força13,14. Para a prescrição
dade de esforço neste tipo de trabalho. O e acompanhamento em programas de treina-
controle de cargas iniciais em sessões de Exer- mento de força em atletas ou em indivíduos
cícios Resistidos com Peso (ERP)1 vem sendo sem finalidade competitiva, tem sido utili-
feito através da experiência do profissional de zado, nas Academias de Ginástica, um
academia, equações preditivas da força, ou percentual de esforço físico máximo que
ainda, testes de força1. proporcione adaptação morfofuncional do
organismo à carga, sem que ocorram danos
A experiência do profissional que atua no
fisiológicos. Estes percentuais de esforço
setor de ERP em uma Academia de Ginásti-
podem ser obtidos a partir da Força Dinâmi-
ca é fundamental no momento de dosar não
ca Máxima (FDM) determinada através do
só as cargas totais da sessão de treinamento,
teste de 1RM de cada indivíduo. Embora já
mas também na modulação das quilagens
se tenha exposto na literatura científica um
(placas de peso ou anilhas) utilizadas du-
protocolo de testagem e os critérios de au-
rante estas sessões. Obviamente, quanto mai-
tenticidade científica para o teste de 1RM15,
or a experiência do profissional, mais fácil,
algumas ressalvas devem ser consideradas
torna-se esta tarefa.
quanto a sua aplicação a sedentários, crian-
Equações preditivas da força muscular do ças, idosos, hipertensos.
tipo dinâmica têm sido desenvolvidas por
Todavia, a atividade física não possui ape-
pesquisadores no Brasil 2,3,4 e por pesquisa-
nas um componente físico. O conhecimento
dores internacionais 5,6,7inclusive para esti-
das modificações de componentes fisioló-
mar uma Repetição Máxima (1RM) em es-
gicos e das emoções (psicológico), que ocor-
tudantes atletas 8 , estudantes colegiais
rem quando uma pessoa realiza um exercício
destreinados9 e idosos10 . Estas equações,
físico, é uma importante maneira de entender
desenvolvidas normalmente através de mé-
as características psico-biológica desta pes-
todos estatísticos regressivos, buscam esti-
soa16. O conceito de esforço percebido foi
mar a força por meio de variáveis preditivas.
introduzido no final da década de 50 por
A grande vantagem de algumas destas equa-
Borg, Dahlströn, juntamente com os méto-
ções é a estimativa do esforço máximo do
dos para medir o esforço percebido em ge-
avaliado sem a necessidade de conduzi-lo a
ral16 . Considerando que a Percepção Subje-
tal esforço. Isto é particularmente importan-
tiva de Esforço (PSE) é um indicador para a
te em indivíduos para que testes de esforço
obtenção do grau do esforço físico, o mes-
máximo são contra indicados, como nos ca-
mo autor salienta que a avaliação global da
sos de sedentários, hipertensos, cardíacos,
percepção do esforço integra algumas infor-
entre outros. A grande desvantagem é que
mações, de sinais deduzidos do trabalho mus-

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cular (músculos e articulações), cardi- uma amostra de 77 indivíduos (44 homens e
opulmonar e do sistema nervoso central. 33 mulheres) na faixa etária de 18 à 30 anos,
Conseqüentemente, a PSE é um indicador todos pouco familiarizados com ERP. A se-
importante para saber o grau de esforço que leção da amostra foi de forma aleatória com
está sendo realizado em uma determinada uma triagem para os primeiros indivíduos que
atividade e/ou exercício físico. se apresentassem ao projeto e que tivessem
Entendendo que o profissional da área da cumprido com as características popula-
saúde deve prescrever programas com exer- cionais necessárias18. Todos os integrantes
cícios físicos que respeitem a individuali- da amostra assinaram um Termo de Consen-
dade biológica e que tenham uma carga de timento Livre e Esclarecido (TCLE) para
trabalho adequada, é imprescindível que o utilização dos dados levantados durante o
profissional se interesse por métodos que processo de coleta.
viabilizem maior compreensão do indiví- A denominação “pouco familiarizados com
duo, visando a coerência entre este e sua ERP” compreende indivíduos que possuam
percepção com relação à atividade física entre 08 à 11 sessões de treino adaptativo
desenvolvida. em ERP. Estas sessões de adaptação foram
Como foi colocado no texto acima, os mé- delineadas da seguinte forma:
todos utilizados para modular a quilagem - Quilagem que propicia repetições até o
são em número de três (experiência, equa- início de um pequeno desconforto e
ções preditivas e testes de força) e apresen- que este fosse percebido entre 15 e 25
tam vantagens e desvantagens, sendo neces- repetições realizadas em duas séries;
sários a busca de outros procedimentos que - Intervalos de aproximadamente um
contribuam para uma melhor eficiência no minuto de recuperação entre as duas
monitoramento de cargas de treino. A PSE séries executadas e entre os exercícios;
apresenta-se como método eficiente, em al- - Seqüência dos exercícios alternada por
gumas categorias de exercício físico, no sen- grupamento muscular sendo 1º) leg
tido de determinar a carga de trabalho, sur- press, 2º) puxada frontal, 3º) flexão de
ge a curiosidade de investigar a existência joelhos e 4º) rosca tríceps;
de uma possível relação entre PSE e a força
dinâmica, buscando um método alternativo - Amplitude de movimento igual a utili-
para incorporar aos demais na melhora da zada no protocolo do teste de 1RM,
eficiência ao determinar as quilagens em sendo que a velocidade de execução
ERP, bem como identificar a forma mais ade- não foi controlada;
quada de modulá-las. - Freqüência semanal de duas a quatro
Logo, objetiva-se neste estudo analisar o vezes por semana.
comportamento da Percepção Subjetiva de Justifica-se a adoção de sessões ada-
Esforço em função de percentuais submáxi- ptativas aos ERP, pois para obtenção da For-
mos da Força Dinâmica durante a testagem ça Dinâmica Máxima (FDM) pelo teste de
de 1RM. 1RM, em indivíduos, pouco familiarizados
em ERP4,14,19 devido é necessário adaptação
2) Materiais e métodos do aparelho locomotor.
Este estudo enquadra-se no Paradigma A faixa etária utilizada (18 a 30 anos) en-
Empírico Analítico sendo caracterizado como contra-se num platô de força de indivíduos
Correlacional e Inferencial17. Foi utilizada destreinados e/ou pouco familiarizados com

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a exercitação corporal14,19,20. Selecionando- (variável dependente), foi utilizado o méto-
se a amostra nesta faixa etária, busca-se di- do de Estimativa Verbal16, no qual os avalia-
minuir as variações de força, tornando a dos são expostos a certos estímulos físicos
amostra mais homogênea para análise. Tam- e, logo após, pede-se que tentem estimar ver-
bém os critérios de autenticidade científica balmente as intensidades a que foram sub-
estabelecidos por Moura et al.15no teste de metidos. A PSE de cada indivíduo foi cole-
1RM referem-se à faixa etária de 18 a 30 tada durante a execução do teste de 1RM
anos, como também é nesta faixa etária que em cada tentativa na obtenção da FDM, sen-
se encontra o público que mais procura as do perguntado ao avaliado a percentagem
Academias de Ginástica1,21. de esforço (variando de 0% a 100%) perce-
Para obtenção dos valores da variável in- bido imediatamente após a tentativa de su-
dependente (valores de força corresponden- peração da quilagem realizada. Os dados fo-
tes a cada tentativa de superação de qui- ram transformados em valores absolutos (kg),
lagem), utilizou-se o Teste de 1RM (Figura através de uma regra de três simples (Figura
1) validado por Moura et al. 15. Estes valores 2), para o tratamento estatístico.
foram obtidos em quilograma, sendo seleci- Os dados foram coletados nas dependên-
onados quatro exercícios para análise: cias da sala de Treinamento Resistido com
Flexão de Joelhos (pequeno grupo muscu- Peso do Centro de Educação Física e Des-
lar de membro inferior e monoarticular), Leg portos – Universidade Federal de Santa Ma-
Press (grande grupo muscular de membro ria/RS. A coleta dos dados (como também a
inferior e multiarticular), Rosca Tríceps no adaptação) foi sempre compreendida no ho-
pulley alt (pequeno grupo muscular de mem- rário das 13:30 às 15:30 horas, cumprindo,
bro superior e monoarticular) e, Puxada Fron- dessa forma, o cuidado especial quanto ao
tal no pulley alt (grande grupo muscular de ritmo circadiano dos avaliados13,19,20. Duran-
membro superior e multiarticular). Os dados te todo o período de adaptação e nas
foram coletados em máquinas de ERP da testagens houve sempre música ambiente
marca INBAF. tentando retratar de forma mais precisa pos-
Figura 1: Procedimento de testagem de 1RM sível o ambiente de academias de ginástica,
buscando, desta forma, aumentar a validade
Testes de Esforço Máximo Progressivo (1RM) externa do estudo17.
intervalo 1’ a 5’# Os indivíduos foram sempre incentivados
Para a obtenção de escores referentes à PSE verbalmente ao esforço máximo durante o
intervalo 1’ a 5’# 1 REP. (1RM)**
teste, procedimento sugerido por McNair et
intervalo 1’ a 5’# 2 REP.* 68kg =100%
al.22 na aplicação de testes de força. Segun-
2 REP.* 66kg do Osse et al.23, a motivação pode influenci-
2 REP.* 63kg ar a PSE de tal maneira que os indivíduos
55kg mais motivados tendem a subestimar o es-
forço realizado. Portanto, esta motivação
* Duas repetições do movimento de forma correta extrínseca foi sempre buscada. Por outro
caracterizando uma tentativa de superação de quilagem. lado, a motivação intrínseca com relação a
** tentativa de superação de quilagem que caracteriza o indivíduos introvertidos ou extrovertidos,
1RM, o indivíduo tenta realizar duas repetições mas fato que segundo Young et al.24 podem in-
consegue realizar apenas uma (quilagem de 68kg igual a
100% de força – FDM – em um exercício específico).
terferir na PSE, não foi controlada . O nível
# intervalos de recuperação metabólica entre as de condicionamento físico também interfe-
tentativas de superação de quilagem. re na PSE25. Este aspecto foi controlado atra-

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Figura 2: Ilustração do cálculo para transformação dos valores estimados de força (PSE), obtidos a cada
tentativa de superação de quilagem, em valores absolutos (quilogramas - kg).

Escores final (FDM - kg) ----------------------------------------------------------100%


Escore (kg?) -------------------------------------------------------------------------- 60% (PSE verbalizada)

vés de seleção amostral através de inclusão As Tabelas 1 e 2 apresentam descrições de


no trabalho de somente indivíduos pouco valores de médias, desvios padrões (±s) e os
familiarizados aos ERP. valores de testes “t” de Student Dependente
Para a realização do tratamento estatísti- calculado para verificar as diferenças entre
co, primeiramente foi verificada a normali- as médias dos valores de força mensurados
dade dos dados por meio do teste de Shapiro pelo teste de 1RM e estimados pela PSE a
Wilk. Posteriormente, a estatística descriti- cada tentativa de superação de quilagem e
va foi utilizada com o intuito de descrição os valores de probabilidade associados (p).
dos dados. O teste “t” de Student Depen- No exercício flexão de joelhos (Tabela 1),
dente e o Coeficiente de Correlação Linear os valores percebidos foram maiores nas pri-
de Pearson foram aplicados entre as quila- meiras tentativas (da 1ª até a 5ª), havendo
gens percebidas (PSE) e as reais levantadas superestimação da quilagem, fato que não
buscando identificar diferenças estatísticas foi observado nos outros exercícios. Neste
entre estes e o grau de associação das mes- exercício, não houve diferença estatística
mas, a cada tentativa de superação de entre a quilagem real e a percebida na 1ª, 2ª,
quilagem. O nível de significância adotado 6ª,7ª e 8ª tentativas. No exercício Leg Press
foi de 5%; sendo os dados analisados atra- os valores percebidos, enquanto a intensi-
vés do programa estatístico SPSS para dade é baixa (1ª, 2ª e 3ª tentativa), subesti-
Windows versão 8.0. maram o esforço em relação à verdadeira
intensidade, ocorrendo diferença estatística
3) Resultados apenas nas duas primeiras tentativas. Nos
exercícios puxada frontal e rosca tríceps o
Para a análise dos dados obtidos de
esforço foi subestimado da 1ª à 6ª tentativa,
quilagens reais (através de tentativas do teste
sendo que as diferenças entre médias pelo
de 1RM) e das quilagens estimadas pela PSE,
teste “t” ocorreram nas primeiras três tenta-
foi primeiramente determinado o grau de
tivas.
normalidade através do teste de distribui-
ção normal de Shapiro-Wilk. Nas testagens Na Tabela 2, a mesma análise estatística
de normalidade, as variáveis analisadas por foi realizada para o sexo feminino. Nas três
tentativas de superação de quilagens, mos- primeiras tentativas no exercício leg press,
traram-se com um comportamento seme- rosca tríceps e puxada frontal, o esforço foi
lhante a uma curva de distribuição normal subestimado, sendo na flexão de joelho da
(variáveis normalizadas), tanto para as 1ª e 6ª tentativa. As diferenças entre esforço
quilagens reais quanto as quilagens estima- percebido e esforço real seguiram compor-
das pela PSE nas diferentes tentativas. Ao tamento similar ao sexo masculino, ou seja,
ser contemplado este pré-requisito, é possí- nos exercícios leg press, puxada frontal e
vel valer-se valer da estatística paramétrica rosca tríceps só houve diferença significati-
para análise dos dados11,12. va (p<0,05) nas 1ª e 2ª tentativas (esforço de

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baixa intensidade), enquanto no exercício dade associada (p) entre quilagem real e
flexão de joelhos ocorreu, somente, nas ten- quilagem percebida para homens e mulhe-
tativas intermediárias (3ª e 4ª). res, respectivamente. Observa-se a partir das
Para as associações entre os valores de primeiras tentativas um aumento progressi-
quilagens reais e valores de quilagens per- vo na correlação chegando, nas últimas ten-
cebidas (Tabela 3), houve correlações altas tativas, a uma correlação próxima à perfeita.
em todos os exercícios analisados. A varia- As correlações, além de significativas,
ção em comum entre a quilagem real e a per- apresentam um coeficiente de correlação de
cebida, expressada pelo coeficiente de de- moderado a alto, demonstrando associação
terminação (r²), foi de 70,22% a 79,21% para entre esforço percebido (PSE) e esforço real
homens e de 70,89% a 78,14% para mulhe- realizado (quilagens movimentadas), prin-
res. A percepção subjetiva de esforço, em cipalmente nas últimas tentativas.
função do sexo, não se diferenciou em gran-
des proporções, sendo as variações de 0,67% 4) Discussão dos resultados
a 5,29% (Tabela 03).
Os resultados estatísticos demonstram que,
Nas Tabelas 4 e 5 tem-se a análise cor- a partir das tentativas intermediárias para as
relacional em cada tentativa de superação últimas (4ª, 5ª, 6ª,7ª e 8ª), houve uma acen-
de quilagem, juntamente com a probabili- tuada melhora na precisão nas respostas

Tabela 1: Valores descritivos e inferenciais entre tentativas de superação de quilagens para obtenção
Força Dinâmica Máxima e Percepção Subjetiva de Esforço em homens.
Exercício Tentativas de superação de quilagem (valores em kg)
Flexão de
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª
Joelhos
Real 12,6±3,46 19,1±4,32 25,9±5,97 32,1±6,96 36,9±7,00 40,2±7,49 40,9±6,88 43,5±12,1
x ±s PSE 12,9±6,90 20,8±8,76 29,4±8,63 34,2±7,19 37,9±7,69 39,8±7,30 40,4±6,72 41,67±14,9
t -0,311 -1,541 -3,504 -3,577 -2,432 0,990 1,129 0,817
p 0,757 0,131 0,001 0,001 0,020 0,330 0,273 0,474
n 44 44 44 44 41 32 20 04
Leg press 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª
Real 75,3±19,0 96,1±19,2 115,7±19,9 128,2±22,4 134,4±22,1 144,8±26,1 148,4±28,8 157,4±33,9
x ±s PSE 52,0±25,7 83,8±29,1 112,3±26,7 129,6±22,1 136,5±20,6 146,8±26,1 149,5±26,8 159,3±32,0
t 7,482 3,283 1,080 -0,702 -1,070 -1,136 -0,522 -0,724
p 0,000 0,002 0,286 0,487 0,291 0,265 0,607 0,483
n 43 43 43 43 43 30 21 13
Puxada
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª
Frontal
Real 28,6±5,93 37,6±6,93 45,4±7,33 50,3±8,01 53,7±7,57 57,4±6,86 58,7±4,78 58,0±4,24
x ±s PSE 17,1±10,4 28,9±10,8 41,9±9,65 49,1±9,47 53,4±8,21 57,0±6,39 59,5±4,26 58,6±5,21
t 9,658 6,822 3,416 1,880 0,592 0,724 -0,591 -1,000
p 0,000 0,000 0,001 0,067 0,559 0,481 0,596 0,500
n 44 44 44 44 28 15 04 02
Rosca de
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª
tríceps
Real 15,5±4,10 20,1±4,39 24,3±4,94 27,0±5,25 29,1±4,29 32,0±4,77 30,6±4,16 28,0±-
x ±s PSE 8,94±6,01 14,6±6,60 21,6±6,11 25,9±6,17 28,9±4,34 31,2±4,25 30,6±2,30 28,0±-
t 11,047 8,139 4,259 1,942 0,432 1,349 0,000 -
p 0,000 0,000 0,000 0,060 0,670 0,207 1,000 -
n 44 44 44 39 27 11 03 01

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Tabela 2: Valores descritivos e inferenciais entre tentativas de superação de quilagens para obtenção
Força Dinâmica Máxima e Percepção Subjetiva em mulheres.
Exercício Tentativas de superação de quilagem (valores em Kg)
Flexão de
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª
Joelhos
Real 7,1±2,05 12,2±3,63 16,1±4,00 18,8±3,90 20,4±4,24 25,8±7,42 - -
x ±s PSE 6,12±3,11 12,6±5,18 17,6±5,31 19,6±4,42 20,6±5,19 25,7±7,51 - -
t 1,605 -0,614 -3,056 -2,233 -0,562 1,000 - -
p 0,118 0,544 0,004 0,033 0,581 0,374 - -
n 33 33 33 33 20 05 - -
Leg press 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª
Real 44,2±14,0 57,5±14,1 67,7±14,9 74,2±15,0 77,2±15,4 78,1±17,3 81,9±20,6 87,5±27,6
x ±s PSE 29,7±16,0 50,7±14,6 67,0±16,0 76,0±16,5 78,5±15,6 80,2±16,4 82,2±20,4 87,5±27,6
t 5,527 3,191 0,440 -1,540 -1,662 -1,618 -0,315 0,956
p 0,000 0,003 0,663 0,134 0,108 0,123 0,759 0,383
n 33 33 33 31 29 19 11 06
Puxada
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª
Frontal
Real 16,2±3,71 21,6±5,06 26,1±5,09 28,2±4,33 29,7±4,36 31,2±2,68 32,0± -
x ±s PSE 9,02±4,34 16,3±5,79 24,8±6,89 28,1±4,63 29,0±4,45 30,7±2,78 31,0± -
t 8,225 6,102 1,804 0,491 2,391 0,722 - -
p 0,000 0,000 0,081 0,627 0,028 0,510 - -
n 33 33 33 19 19 05 - -
Rosca de
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª
tríceps
Real 9,54±1,09 12,9±2,44 15,5±2,46 17,1±2,82 17,3±2,06 - - -
x ±s PSE 5,03±2,47 10,1±3,05 15,3±2,67 17,1±2,82 17,1±2,52 - - -
t 8,488 6,256 0,436 0,141 0,625 - - -
p 0,000 0,000 0,666 0,889 0,549 - - -
n 33 33 32 26 09 - - -

perceptivas de esforço, pois não houve dife- tão próximas à FDM. Isto é, no limite de
renças estatisticamente significativas entre esforço consciente, o avaliado percebe o
PSE e FDM (Tabelas 1 e 2). Estes resultados quão pesada é uma determinada quilagem.
foram similares aos encontrados por Pinci- Assim, confirmam-se os achados de Gearhart
vero et al.26 ao avaliar, através de duas repe- et al. 27 ao verificar que, em ERP, alta inten-
tições, quilagens de 20%, 30%, 40%, 50% e sidade (90% de 1RM) com baixas repeti-
60% de 1RM, obtendo diferenças significa- ções (cinco) tem mais efeito sobre a PSE do
tivas entre PSE e FDM. Todavia, com inten- que baixas intensidades (30% de 1RM) com
sidades mais elevadas (70%, 80% e 90% de mais repetições (quinze), independentemen-
1RM) não houve mais diferenças. Os auto- te do tipo de exercício executado e da mas-
res concluíram que PSE varia em função da sa muscular envolvida.
quilagem relativa, mostrando uma forte ten- Ainda é importante relatar que, nas pri-
dência linear. meiras tentativas de superação de quilagem,
Assim, baseado no comportamento dos e em todos os exercícios analisados, os des-
dados do presente estudo, diferenças esta- vios padrões estimados são superiores aos
tisticamente significativas entre FDM e PSE desvios padrões das quilagens reais, che-
somente nas primeiras tentativas (Tabelas 1 gando a alguns casos apresentar-se com o
e 2) e aumento sistemático das correlações a dobro dos valores reais. Quando o esforço
partir da 2ª tentativa (Tabelas 4 e 5), pode-se aumenta (últimas tentativas) as variações
sugerir que há uma maior precisão nas res- reais e percebidas tornam-se extremamente
postas percebidas quando as tentativas es- semelhantes. Este dado estatístico reforça

116
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício • Volume 2
Tabela 3: Coeficientes de correlação (r) e coeficientes de Determinação (r²) entre valores reais de
tentativas de superação de quilagens e Percepção Subjetiva de Esforço – comparação entre gêneros.
Exercício Tentativas de superação de quilagem (valores em Kg)
Flexão de
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª
Joelhos
Real 7,1±2,05 12,2±3,63 16,1±4,00 18,8±3,90 20,4±4,24 25,8±7,42 - -
x ±s PSE 6,12±3,11 12,6±5,18 17,6±5,31 19,6±4,42 20,6±5,19 25,7±7,51 - -
t 1,605 -0,614 -3,056 -2,233 -0,562 1,000 - -
p 0,118 0,544 0,004 0,033 0,581 0,374 - -
n 33 33 33 33 20 05 - -
Leg press 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª
Real 44,2±14,0 57,5±14,1 67,7±14,9 74,2±15,0 77,2±15,4 78,1±17,3 81,9±20,6 87,5±27,6
x ±s PSE 29,7±16,0 50,7±14,6 67,0±16,0 76,0±16,5 78,5±15,6 80,2±16,4 82,2±20,4 87,5±27,6
t 5,527 3,191 0,440 -1,540 -1,662 -1,618 -0,315 0,956
p 0,000 0,003 0,663 0,134 0,108 0,123 0,759 0,383
n 33 33 33 31 29 19 11 06
Puxada
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª
Frontal
Real 16,2±3,71 21,6±5,06 26,1±5,09 28,2±4,33 29,7±4,36 31,2±2,68 32,0± -
x ±s PSE 9,02±4,34 16,3±5,79 24,8±6,89 28,1±4,63 29,0±4,45 30,7±2,78 31,0± -
t 8,225 6,102 1,804 0,491 2,391 0,722 - -
p 0,000 0,000 0,081 0,627 0,028 0,510 - -
n 33 33 33 19 19 05 - -
Rosca de
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª
tríceps
Real 9,54±1,09 12,9±2,44 15,5±2,46 17,1±2,82 17,3±2,06 - - -
x ±s PSE 5,03±2,47 10,1±3,05 15,3±2,67 17,1±2,82 17,1±2,52 - - -
t 8,488 6,256 0,436 0,141 0,625 - - -
p 0,000 0,000 0,666 0,889 0,549 - - -
n 33 33 32 26 09 - - -

Tabela 4: Coeficientes de correlação (r) em cada tentativa de superação de quilagem no teste de 1RM
entre Força Dinâmica Máxima e Percepção Subjetiva de Esforço (em kg) - sexo masculino.
Tentativas 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª
r 0,557 0,516 0,639 0,843 0,939 0,957 0,967 0,966
Flexão de
p 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,034
joelhos
n 44 44 44 44 41 32 20 04
r 0,620 0,546 0,643 0,822 0,836 0,929 0,943 0,959
Leg
p 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
press
n 43 43 43 43 43 30 21 13
r 0,664 0,628 0,726 0,902 0,928 0,934 0,848 1,000
Puxada
p 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,152 0,000
frontal
n 44 44 44 44 28 15 04 02
r 0,766 0,743 0,732 0,826 0,874 0,919 0,971 -
Rosca de
p 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,154 -
tríceps
n 44 44 44 39 27 11 03 -

Tabela 5: Coeficientes de correlação (r) em cada tentativa de superação de quilagem no teste de 1RM
entre de Força Dinâmica Máxima e Percepção Subjetiva de Esforço (em kg) – sexo feminino
Tentativas 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª
r 0,087 0,689 0,850 0,906 0,980 1,000 - -
Flexão de
p 0,631 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 - -
joelhos
n 33 33 33 33 20 05 - -
r 0,503 0,644 0,824 0,916 0,963 0,945 0,988 0,999
Leg
p 0,003 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
press
n 33 33 33 31 29 19 11 06
r 0,232 0,593 0,812 0,944 0,964 0,847 - -
Puxada
p 0,195 0,000 0,000 0,000 0,000 0,070 - -
frontal
n 33 33 33 19 19 05 - -
r 0,114 0,568 0,783 0,903 0,970 - - -
Rosca de
p 0,529 0,001 0,000 0,000 0,000 - - -
tríceps
n 33 33 32 26 09 - - -
mais uma vez que a precisão da percepção forma exponencial com a progressão do gasto
do esforço com a elevação das quilagens. energético. Como das primeiras para as últi-
Isso possivelmente deve-se a um aumento mas tentativas o gasto energético é grada-
na intensidade das quilagens aproximando-se tivamente elevado, a sensação de dor tam-
da FDM. Brandão et al. 28 reforçam este com- bém se eleva, aumentando provavelmente a
portamento, quando relatam sobre fatores fisi- capacidade dos indivíduos de perceberem o
ológicos influenciadores na percepção de es- esforço.
forço, afirmando que a estimativa subjetiva da Pelo fato dos ERP envolverem essencial-
intensidade de trabalho é governada em uma mente contração muscular, é conveniente
larga escala pelo trabalho real executado pelo ressaltar Brandão et al. 28, quando lembram
indivíduo, o que por sua vez está diretamente que a PSE local parece ser o principal
relacionado ao custo metabólico do trabalho determinante da sensação de esforço duran-
mecânico realizado. te o exercício, em que há predominância dos
Dessa forma, os avaliados não possuíram sinais locais dos músculos sobre o processo
a noção exata do esforço realizado nas pri- sensorial. Neste sentido, Mihevic30 e Lagally
meiras tentativas, pois no processo de et al.31 relatam que tensão muscular é um
testagem de 1RM a variável que acentuou o forte indicador para a percepção de esforço.
trabalho mecânico, e conseqüentemente o Portanto, os sensores musculares (Fusos
custo metabólico, foi o aumento da quila- Musculares) e tendíneo (Órgãos Tendinosos
gem. Provavelmente este foi o principal fa- de Golgi) parecem ser os principais respon-
tor e, estando nas primeiras tentativas com a sáveis para percepção de esforço em ERP,
quilagem baixa, o custo metabólico foi bai- juntamente com o custo metabólico.
xo, dificultando a PSE. Entende-se que fato Encontraram-se estudos sobre sinali-
contrário tenha ocorrido nas tentativas pos- zadores de esforço na literatura, tratando-se
teriores (3ª, 4ª, 5ª, 6ª, 7ª e 8ª), nas quais onde na análise da concentração de lactato 30,32-36;
as quilagens tornam-se maiores e conseqüen- Freqüência Cardíaca (FC) e Pressão Arterial
temente o custo metabólico aumenta, fato Sistólica (PAS) 34,36. Reynolds et al. 33 e
que parece favorecer na acuracidade da PSE. Suminski et al. 34 encontraram corres-
Dessa forma, o julgamento perceptivo é ba- pondência entre diferentes inten-sidades de
seado em reações fisiológicas que são acen- exercício (RMs a 50 e 70% de 1RM) com a
tuadas com o aumento proporcional das resposta de lactato e PSE em estágio de pré e
quilagens a serem movimentadas, em exer- pós treinamento em ERP. Entretanto, a
cícios em que a variável força é predomi- Freqüência Cardíaca (FC) e Pressão Arterial
nante. Sistólica (PAS) não apresen-taram a mesma
Outro aspecto que deve ser salientado é correspondência que o lactato com a PSE34,36
que, conforme aumenta o número de tenta- em exercícios de cunho aeróbio. Porém, este
tivas até a obtenção da FDM (1RM) em cada estudo tratou de exercícios de cunho neuro-
exercício, as diferenças entre os valores per- muscular e, neste sentido, a influência de
cebidos e reais tendem a não apresentar di- diferentes moda-lidades de exercício sobre
ferenças estatisticamente significativas. Este as associações entre FC e lactato com PSE é
fato vai ao encontro do exposto Mills apud controverso na literatura. Hetzler et al. 35 e
Miles, Clarkson29 quando relatam que a dor Zeni et al. 36 verificaram que diferentes
é sinalizador importante de esforço e que, modalidades de esforço não influenciam na
em isometria intermitente, a dor aumenta de relação entre FC e concentração de lactato
com PSE, mas Dunbar et al. 37encontraram

118
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício • Volume 2
modificações na PSE quando diferentes Segundo Osse et al 23 e Borg 16, dentro da
exercícios são executados na mesma influência psicológica, a motivação apare-
intensidade. ce como um fator que exerce influência na
Todavia, durante as tentativas de supera- percepção em atletas bem motivados e para
ção de quilagem em ERP, a produção de Skinner et al. 25 há uma tendência de subes-
lactato é mínima, ou não existe, devido ao timar o esforço em relação a pessoas comuns.
exíguo tempo de contração muscular que, Somando isso ao fato de que durante as
segundo Moura et al. 15, não ultrapassa dez testagens havia música ambiente, que pode
segundos. Como conseqüência, utiliza-se a atuar como um elemento de distração du-
fonte imediata de energia (ATP-PC). Esta rante os exercícios diminuir a PSE 40, estes
afirmativa encontra confirmação experimen- fatores (motivação e música) podem ter afe-
tal através do estudo de Abernethy, Wehr38, tado a PSE e devem ser entendidas como
quando verificaram que em séries de cinco limitações do estudo. Acredita-se que tal efei-
repetições máximas (RMs) (15 a 20 segun- to tenha ocorrido em parte, pois o esforço
dos de execução) a produção de lactato é foi subestimado na maioria das tentativas
inferior significativamente (p<0,05) a séries (Tabelas 1 e 2) sendo estatisticamente signi-
de 15 RMs (40 segundos de execução), ao ficativa (p<0,05) a diferença entre FDM e
final de uma ou três séries. Este estudo de- PSE em intensidades com quilagens mais
monstrou que o tempo de execução do es- baixas (1ª, 2ª e/ou 3ª tentativa), mesmo sen-
forço máximo é que determina maior ou do a amostra caracterizada como pouco fa-
menor produção de lactato neste tipo de tra- miliarizada aos ERP.
balho muscular. Desta forma, o sinalizador A análise estatística realizada aponta para
local de esforço (lactato), em condições de uma similaridade dos dados obtidos em re-
testagens de 1RM, por não haver um produ- lação ao gênero (Tabela 3), ou seja, o com-
ção significativa deste composto, não se portamento dos dados é semelhante entre os
apresenta como um sinalizador responsável sexos. Esta análise é concordante aos estu-
pela percepção de esforço, sendo os pro- dos de De Sa, Sampedro41 e Pincivero et al.
26
prioceptores musculares e tendíneos os pro- . Salienta-se a ocorrência de um valor de
váveis sinalizadores de esforço. correlação maior da 1ª tentativa comparado
A FC é mais sensível ao tempo de tensão com a segunda tentativa nos exercícios do
muscular da série do que a própria quilagem grupo masculino (Tabela 4). Neste estudo, a
mobilizada39. Como o tempo gasto para rea- quilagem inicial utilizada no teste de 1RM
lizar a execução de duas repetições não ul- foi a mesma que o avaliado utilizava na fase
trapassa dez segundos, o tempo de tensão final do período de adaptação (quilagem
muscular é insuficiente para que a FC res- inicial de testagem preconizada por Moura
ponda ao esforço. Assim, a FC também não et al.15). Possibilitou-se, com isso, experiên-
se apresenta como um bom sinalizador de cia perceptiva nesta quilagem, tendo como
esforço em testes de 1RM. conseqüência esmero na resposta perceptiva.
Já em mulheres este fato não pode ser obser-
Entende-se que o exercício flexão de joe-
vado (Tabela 5), demonstrando uma diferen-
lhos, por ter sido relatado pela amostra como
ça entre os gêneros neste quesito.
desconfortável na sua execução, parece in-
duzir uma PSE maior na realização das tenta- A questão de grande ou pequeno grupo
tivas de superação de quilagens do teste de muscular e exercício mono ou
1RM diferentemente do comportamento multiarticulares não demonstraram efeitos
visualizado nos outros exercícios. sobre as diferenças entre quilagens reais e

119
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício • Volume 2
percebidas, bem como nas correlações en- entre esforço percebido e esforço real,
tre as mesmas. No decorrer das análises es- independentemente do gênero e exer-
tatísticas, o comportamento geral foi simi- cício executado.
lar entre os quatro exercícios. Comporta- - Conclui-se que existe alta associação
mento semelhante foi encontrado em estu- positiva e significativa entre os esforços
dos de Lagally et al.31 e Gearhart et al. 27 para percebidos e as quilagens reais mobi-
outros exercícios, diferentes dos ora anali- lizadas nas diferentes tentativas de
sados. superação de quilagem no teste de
O presente estudo confirma a afinidade 1RM. De um modo geral, as correlações
da PSE com a FDM usando a estratégia da encontradas não diferiram em relação
estimativa verbal. Suminski et al. 34 avaliou ao sexo. As correlações tendem a se
a Escala de 10 pontos e Gearhart et al. 42 tornarem mais fortes entre percentuais
testou a escala de Borg de 15 pontos para da FDM e PSE, à medida que as
aferição da intensidade em ERP. Ambos os tentativas de superação de quilagens
estudos concluíram que as escalas são pas- assumem valores mais próximos da
síveis de uso. Pincivero et al. 26; Lagally et força máxima dos avaliados, indepen-
al. 31 e o presente estudo testaram a estimati- dentemente do sexo analisado e do
va verbal para aferir a intensidade de esfor- exercício realizado.
ço em ERP. Estes estudos, com estratégias
diferentes de captação da PSE, revelam re- 6) Perspectivas de aplicação
sultados concordantes, mostrando que é vi-
As perspectivas de aplicação dos resulta-
ável a utilização da PSE com ferramenta na
dos deste estudo versam sobre o controle
quantificação da intensidade de esforço em
de quilagens estabelecidas no treinamento
ERP.
resistido com peso, pois é possível à utiliza-
Quanto à validade externa do presente ção da PSE no dia-a-dia em academias de
estudo, ou seja, a expansão dos resultados ginástica como um elemento a mais no mo-
para a população a qual a amostra pertence, mento de prescrição de treinamento e con-
esta deve ser feita com extremo cuidado para trole de quilagens. Através da simples inda-
outros maquinários que não sejam da marca gação ao avaliado de como percebeu o es-
INBAF, já que em estudo de Moura et al. 43 forço de duas repetições (em uma escala de
diferenças estatisticamente significativas de 0% a 100%) é possível determinar, com um
1RM (p<0,0001) foram encontradas entre bom grau de precisão, a intensidade da
diferentes marcas de aparelhos de ERP. Por quilagem. Desta forma, pode-se melhor jul-
outro lado, estudo de Simpson et al.44 obser- gar as quilagens estabelecidas para o treina-
vou que os resultados de 1RM em apare- mento. Portanto, a PSE pode ser utilizada
lhos podem ser transferidos para pesos li- como um novo método, que somado aos já
vres, pois as associações são de moderadas existentes, possa auxiliar ainda mais no con-
(r=0,67) a altas (r=0,95). trole de esforço durante sessões de treina-
mento resistido com pesos;
5) Conclusões e sugestões Além da aplicação no controle das quila-
- Quando as quilagens movimentadas gens em programas de ERP, a PSE pode ser
passaram para intensidades mais ele- incluída na metodologia de testagem de
vadas, não se encontraram diferen- 1RM, como forma de melhor conduzir o pro-
ças estatisticamente significativas tocolo de aplicação do teste, aprimorando a

120
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício • Volume 2
metodologia de testagem. Por meio do le- tivas posteriores, pois terá condições de es-
vantamento da PSE, a cada tentativa de su- timar, com boa acuracidade, o esforço reali-
peração de quilagem, contribui-se para que zada em uma determinada tentativa e quão
o avaliador julgue melhor as quilagens que próxima esta encontra-se do potencial má-
serão impostas ao avaliado durante as tenta- ximo (FDM).

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among heart, lactate concentration, and perceived

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício • Volume 2

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