Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
OS SEUS DADOS EM
GRÁFICOS E TABELAS
1 – INTRODUÇÃO
2 - REPRESENTAÇÃO TABULAR
3 - REPRESENTAÇÃO GRÁFICA
4 - COMO PLANEJAR A APRESENTAÇÃO
DOS DADOS
5 – CONCLUSÃO
Rio de Janeiro
Dezembro de 2006
Grupo de Estudos em Aprendizagem e Cognição
"É sábio olhar para frente, mas é tolice olhar mais longe do que podemos ver"
Winston Churchill
1 - INTRODUÇÃO:
Parafraseando o líder inglês, faça de suas tabelas e gráficos uma forma de
comunicação; não deixe que eles se voltem contra você. Que sejam claros e diretos, e
não um amontoado de dados confuso e muitas vezes falacioso. A representação gráfica
e tabular permite transmitir idéias; e este é um ponto fundamental. É muito importante
que você perceba, que ao apresentar os seus dados desta ou daquela maneira, você na
verdade, procura transmitir as razões que o levaram à iniciar o trabalho, o que você
encontrou e o que concluiu. Você está então; COMUNICANDO.
Todo processo de comunicação baseia-se em um tripé; o comunicador, o método
de comunicação. e o comunicado. Em nosso caso temos o pesquisador que comunica o
seu trabalho, o meio escolhido por ele para fazê-lo e o leitor ou ouvinte, alvo precípuo
da comunicação. É importante perceber que, se a mensagem não chega ou não é
entendida adequadamente, todo o esforço de pesquisa foi perdido. Ainda mais, a
interpretação errônea do trabalho pode gerar linhas de pesquisa ou conduta em total
desacordo com a realidade dos achados do pesquisador.
A representação gráfica e tabular é uma das formas de comunicação científica.
Para transmitir adequadamente os achados e conclusões do pesquisador, é importante
que gráficos e tabelas sejam construídos segundo determinados critérios. Desta maneira,
a comunicação se dará de maneira clara, direta e verdadeira. Apresentar as principais
formas de representação gráfica e tabular, discutir suas vantagens e limitações e
finalmente apontar os erros de construção que levam à comunicação falaciosa são os
objetivos deste capitulo.
2 - REPRESENTAÇÃO TABULAR:
2.1 - TABELAS SIMPLES:
Tabelas apresentam informação, em geral numérica, arranjada sistematicamente,
na forma de linhas e colunas. Suas partes componentes são; titulo, cabeçalho, corpo,
coluna indicadora e casa ou célula. Apresentam também os elementos complementares
que são em geral colocados no rodapé. São eles; fonte, notas e chamadas. Os
comentários à seguir referem-se à tabela 1. Obedecem às normas de construção
enunciadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas. Como você poderá
perceber, elas são simples., e podem ser feitas em qualquer máquina de escrever. Aliás.,
foi este um dos seus objetivos; padronizar tendo como escopo a clareza.
O uso de computadores, entretanto, tem permitido a inclusão de toda uma série de
recursos gráficos, antes vedados ao datilógrafo. Isto é positivo, porque agora é possível
usá-los para apresentar com mais eficiência a mensagem do autor. Se você tem acesso a
um, sinta-se livre para usar todos os seus recursos. Neste capítulo mesmo ainda teremos
oportunidade de apresentar algumas tabelas com um visual mais sofisticado. No entanto
cabem aqui duas ressalvas de ordem prática. Em primeiro lugar, o uso excessivo de
linhas, sombras, tipos e corpos de letras, pode mais atrapalhar do que auxiliar. Assim
2
Grupo de Estudos em Aprendizagem e Cognição
sendo, recomendo que utilize os recursos do seu computador com muito bom senso e
moderação. Em segundo lugar, pense em quem receberá o seu texto. Se for o editor de
uma revista, pode ser que suas belas e sofisticadas tabelas não estejam de acordo com as
normas editoriais.
3
Grupo de Estudos em Aprendizagem e Cognição
Tabela 2 - Convenções para preenchimento das células de uma tabela em casos especiais
Símbolo Descrição
Traço horizontal. Nos casos de valor nulo. Nas variáveis
____ numéricas expressa que o valor obtido é "zero real". Nos
outros casos o valor é nulo ou não é pertinente.
4
Grupo de Estudos em Aprendizagem e Cognição
5
Grupo de Estudos em Aprendizagem e Cognição
2
Perceba que nesta tabela a sua aparência foi alterada. Seu formato não segue as regras estabelecidas pela
ABNT, como as outras tabelas presentes neste texto.Fiz isto porque meu objetivo era compará-la com a
de número 6, colocando-as lado a lado. Se ficou pior ou melhor, é uma questão de gosto. Mas veja que
usei com moderação os recursos gráficos.
7
Grupo de Estudos em Aprendizagem e Cognição
3
Note que o exemplo é um tanto simplório. Em uma pesquisa real esta situação faria pouco sentido. No
entanto, tendo em vista o objetivo didático do presente texto, ele se justifica.
4
Levin, J.: Organização de dados in Estatística Aplicada a Ciências Humanas, Harper & Row do
Brasil,1985.
8
Grupo de Estudos em Aprendizagem e Cognição
O produto final poderia ser uma tabela como por exemplo, a de número 5. Cabe
ressaltar alguns detalhes. Perceba que a tabela pode ser compreendida sem nenhuma
9
Grupo de Estudos em Aprendizagem e Cognição
Como utilizamos um número total de casos igual a 100 o cálculo do porcentual foi
fácil, e a coluna correspondente parece dispensável. Na pratica, entretanto, o número
total de casos nem sempre é tão conveniente. Nestes casos, a distribuição porcentual
auxilia bastante o pesquisador. Em ambos os casos, usamos abreviaturas de
conhecimento universal, dispensando portanto maiores explicações. No entanto, há
abreviaturas conhecidas apenas por alguns grupos de especialistas. Para os obstetras é
fácil traduzir "DPP" por Descolamento Prematuro da Placenta (embora alguns prefiram
"Deixe para o Próximo Plantão"). Um pneumologista, no entanto, poderia não lembrar
de imediato o seu significado. No entanto; "REI", uma talvez misteriosa sigla para o
obstetra, para ele é cristalina. Questionado, explicará facilmente que "REI" é um
esquema terapêutico da tuberculose onde se associa a rifampicina o etambutol e a
isoniazida. Assim sendo, seja liberal ao fornecer definições de suas diversas
abreviaturas. É educado, da parte dos autores, levar em conta em seus trabalhos, o
conhecimento dos seus prováveis leitores. Eles provavelmente saberão menos à respeito
do seu tema de pesquisa do você próprio.
3 - REPRESENTAÇÃO GRÁFICA:
A representação gráfica pode assumir múltiplas formas. Ela é dividida em
cartogramas e diagramas. O cartograma é muito utilizado em Saúde Pública. Consiste
em um mapa de uma região, dividido em sub-regiões, por intermédio de áreas coloridas
ou traçadas. As cores ou os tipos de traçado representam as diferentes freqüências ou
valores do fator estudado.
Figura 2
10
Grupo de Estudos em Aprendizagem e Cognição
Gráfico POLAR
JAN
DEZ
FEV
No gráfico polar, em forma de
MAR círculo, as freqüências são
NOV
representadas por uma linha circular,
OUT ABR
e as suas variações pela magnitude do
raio do circulo. Obtém-se no final um
MAI
circulo irregular. É útil quando
SET
estudamos uma variável que sofre
AGO
JUL
JUN variações cíclicas.
Variação anual da doença X
Figura 3
5
Berquó, ES; Souza, JMP de; Gotlieb, SLD: Cap. 2 - Levantamento de Dados in Bioestatística, São
Paulo,EPU, 1980
6
Retirado de
http://tmsyn.wc.ask.com/r?t=an&s=v8&uid=292a4683492a46834&sid=392a4683492a46834&o=0&qid=
0D90A2A150D4AF2DF4DA4E533EE38022&io=1&sv=0a300578&ask=%22scatter+plot%22&uip=92a
46834&en=pi&eo=3&pt=&ac=24&qs=0&pg=1&u=http://support.sas.com/rnd/datavisualization/Java.htm
l em 21/11/2006
11
Grupo de Estudos em Aprendizagem e Cognição
de altura há um correspondente aumento de peso. Chamo sua atenção que eu não estou
dizendo que é o aumento da altura que é a causa do aumento de peso. É razoável que
você pense nisto, mas afirmar já é uma outra história.
Log Linear
Semi-log
Os gráficos semi-
Linear logaritmicos são utilizados
quando se deseja comparar duas
variáveis cujas grandezas são
muito diferentes entre si.
Pessoas visualizam melhor as
tendências, quando elas se
expressam em linhas retas do
que em curvas. O uso de um
papel semi-logaritmico, pode
em muitos casos, "retificar"
Linear algumas linha curvas.
Figura 5
3.4 - ALGORITMO:
Figura 6
12
Grupo de Estudos em Aprendizagem e Cognição
13
Grupo de Estudos em Aprendizagem e Cognição
7
Usar um software gráfico especializado em gráficos estatísticos te poupa este trabalho. Por outro lado, te
obriga a aprender a usá-lo.
14
Grupo de Estudos em Aprendizagem e Cognição
8
Isto talvez seja certo purismo de minha parte. Você verá frequentemente esta regra sendo desobedecida,
mesmo em publicações sérias, sem que isto implique em maiores conseqüências.
15
Grupo de Estudos em Aprendizagem e Cognição
A primeira fase é a de estudar os dados. Neste aspecto, são os dados que devem
"trans¬mitir" à ele alguma informação. Assim a primeira resposta seria "Preciso saber
como variam os valores da duração da gravidez.". Uma figura como a de número 7,
poderia responder à esta necessidade. Ela fornece a amplitude de variação, e dá alguma
noção da distribuição dos valores.
Em uma fase seguinte. a pergunta pode ser outra. Por exemplo: "- Quais são os
valores típicos dos meus dados ?". Neste caso poderíamos utilizar um gráfico setorial
como o da figura 8. Nele é possível perceber claramente a concentração de valores em
tomo de 39 e 40 semanas. Perceba portanto que questionar-se da maneira indicada
acima não é tolice ou perda de tempo. É uma etapa fundamental do seu processo de
pesquisa e. ou comunicação de dados.
O estudo das diferentes formas de apresentação, permite perceber suas diferentes
vantagens e desvantagens. Uma tabela, por exemplo, é imbatível ao apresentar valores
diversos. Em comparação com os gráficos ela é mais precisa e completa. Dificilmente
uma comunicação científica pode prescindir de pelo menos uma tabela bem construída.
No entanto elas tendem a ser ilegíveis pela quantidade de informação que elas
apresentam. É necessário um esforço especial para torná-las atraentes. Elas devem ser
tão claras quanto possível. Para isto devem ser o resumo das observações feitas,
permitindo comparação entre diferentes aspectos do fenômeno estudado. Devem ser o
mais possível, curtas. As tabelas são úteis porque apresentam resumo das estatísticas
relevantes, mas não interrompem o fluxo do texto. Por exemplo, na tabela 2 listamos
algumas convenções de preenchimento de casos especiais. Por isto, não repita no texto
informações já apresentadas na tabela.
Longas tabelas deveriam ser proscritas. Se inevitáveis, coloque-as em um
apêndice. Há duas maneiras possíveis de reduzi-las. Uma delas é dividir as tabelas.
Outra consiste em eliminar colunas desnecessárias. Possivelmente a mesma informação
poderá ser transmitida mais adequadamente.
Suponha por exemplo, que você construiu uma tabela com as taxas de mortalidade
de dezenas de doenças. Ao terminá-la verificou que ela ficou grande demais. Para
reduzi-la tente separar as doenças por algum critério (p/ ex: Doenças da infância,
adolescência, maturidade e velhice). Assim, haverá uma tabela para cada grupo.
Um exemplo típico de coluna dispensável é a que apresenta dados que podem ser
obtidos com facilidade de outras colunas. Ou então tabelas que apresentam o número de
registro do paciente. Ele, em geral, só é necessário para que você possa, eventualmente,
retomar às suas próprias fichas. Exceto em casos especiais, ele não tem maior interesse
para o leitor. No esforço de tomar as tabelas mais atraentes, há algumas regras gerais
que podem ser usadas:
1. Os cabeçalhos das colunas devem ser concisos e esclarecedores.
2. Apresente a tabela, sempre que possível na vertical. Evite a apresentação
horizontal.
3. Utilize o minimo de linhas possível. Para separação de texto ou informação
numérica, é mais eficiente usar espaços.
4. Todos os números devem ser alinhados pela virgula decimal.
5. Não esqueça de explicitar as unidades dos valores numéricos.
6. Não torne os números ilegíveis. Um espaço duplo a cada 5 ou 10 linhas
pode tomar a coluna visualmente mais atraente.
7. Se os dados de duas colunas devem ser comparados, coloque-as juntas, se
possível.
8. O título da tabela deve ser auto-explicativo.
17
Grupo de Estudos em Aprendizagem e Cognição
Ao contrário das tabelas, gráficos são visualmente atraentes. No entanto não tem a
precisão das tabelas. Muito importante à respeito de gráficos, é que eles nunca provam
nada. A impressão visual é falha e tendenciosa.
Compare por exemplo os gráficos da figura 12 (A e B). Ambos representam o
mesmo fenômeno. A mera mudança de escala feita na figura 12B, entretanto, toma o
fenômeno aparentemente menos intenso. A prova é sempre numérica, baseada nos
dados das tabelas. Por isto sempre que houver interesse em comparar duas curvas, elas
devem ser construídas na mesma escala. Neste caso, colocá-las lado a lado, ou pelo
menos na mesma página.
Outra maneira de mascarar resultados é não incluir o zero na escala. Em geral isto
é feito de boa fé, quando os dados situam-se em uma faixa de valores muito altos.
Manter a escala e incluir o zero tormaria o gráfico grande demais. A solução nestes
casos é "encolher" o eixo pelo uso de duas linhas paralelas, ou então de uma linha
angulada. Por exemplo:
• |-----------/\/\/\/\/\/\/\--------|---------------|-------- . . .
0 1250 1260
• |-----------/ /----------------|---------------|-------- . . .
0 1250 1260
18
Grupo de Estudos em Aprendizagem e Cognição
5 - CONCLUSÃO:
Gráficos e tabelas são formas de comunicar. A comunicação inclue três elementos,
dos quais apenas dois você pode dominar: os seus dados e a sua técnica para comunica-
los. O seu alvo, que é o leitor, entretanto, está fora de alcance.
Sem ele sua atividade é um exercício esteril e inútil. Tomando-o como ponto de
partida e chegada, aperfeiçoe sua técnica. Assim você poderá atingi-lo com mensagens
claras, definidas e diretas.
19