Vous êtes sur la page 1sur 3

PALESTRA exóticas.

Bactérias fitopatogênicas 45

BACTÉRIAS FITOPATOGÊNICAS EXÓTICAS

Irene Maria Gatti de Almeida


Centro Experimental Central do
Instituto Biológico
Campinas - SP
E-mail: gatti@biologico.br

Atualmente, grande parte das espécies vegetais A introdução de um novo patógeno em uma
cultivadas em um país provém do exterior, resultado determinada área normalmente se dá por meio de
de séculos de intercâmbio de materiais, devido à material vegetal (frutas, sementes, tubérculos,
necessidade de se conseguir o máximo possível de mudas, estacas, gemas, etc.) infestado/infectado,
variabilidade genética; entretanto, existe um risco mesmo que aparentemente sadio. É importante
muito grande da introdução simultânea de patógenos lembrar que existe também o risco de se introduzir
exóticos. patógenos ainda não assinalados, existentes em
A necessidade de se preocupar com a sanidade das plantas nativas utilizadas para fins de melhora-
espécies vegetais importadas é clara pois, a intro- mento e cuja fitossanidade nem sempre é totalmente
dução de um patógeno exótico junto com determinada conhecida.
espécie vegetal não exclui a possibilidade de que ele Atualmente, são reconhecidos 26 gêneros de
venha a se adaptar a outras culturas, tornando-se bactérias fitopatogênicas, sendo que representantes
portanto um risco potencial. O grande risco da introdu- de muitos desses gêneros (incluindo espécies,
ção de patógenos exóticos é que não se pode prever o subespécies e patovares) já foram assinalados em
comportamento e a adaptabilidade desses organismos nosso país. Alguns desses patógenos são responsá-
nessas novas áreas. Esses microrganismos podem, veis por graves prejuízos econômicos, chegando a
portanto, causar desde prejuízos severos a pratica- constituir fator limitante à exploração comercial de
mente nenhum dano perceptível, em função de práticas diversas culturas de importância econômica. Entre-
de cultivo, condições ambientais, variabilidade tanto, diversas doenças de etiologia bacteriana e im-
patogênica e variedades utilizadas. Na grande maioria portantes economicamente, que ocorrem em outros
dos casos, os prejuízos causados obrigam a adoção países, ainda não foram assinaladas no Brasil e sua
de métodos de controle, onerando os custos de introdução em áreas indenes constitui uma ameaça
produção. Como normalmente os métodos químicos real.
de controle apresentam baixa eficiência e a É importante ressaltar que embora uma determi-
erradicação dificilmente é conseguida, esforços nada bactéria fitopatogênica já esteja ocorrendo no
devem ser, portanto, dirigidos para eliminar ou Brasil, a introdução de material vegetal no país
restringir a possibilidade de introdução desses orga- contendo esta bactéria deve ser evitada por causa da
nismos no nosso país. variabilidade do patógeno.

Tabela 1 - Bactérias fitopatogênicas de importância econômica ainda não assinaladas no Brasil.

Patógeno Doença causada Principais Região/país


hospedeiros de ocorrência

Agrobacterium rubi Galha kalanchoe, rosa Europa, América do Norte


Candidatus Liberobacter asiaticum "Greening" Citrus spp. Ásia, Oceania
Candidatus Liberobacter africanum "Greening" Citrus spp. África, Oceania
Clavibacter michiganensis Podridão anelar batata Ásia, Europa, Américas
subsp. sepedonicus
Curtobacterium flaccumfaciens pv. Queima bacteriana bico-de-papagaio Nova Zelândia, Inglaterra,
poinsettiae Estados Unidos
Erwinia rhapontici Podridão do colo cebola, jacinto Europa, América do Norte,
Israel
Erwinia amylovora "Fire blight" Rosáceas Ásia, Europa, América do Norte,
América Central, Oceania

Biológico, São Paulo, v.63, n.1/2, p.45-47, jan./dez., 2001


46 I.M.G. de Almeida

Cont. Tabela 1 - Bactérias fitopatogênicas de importância econômica ainda não assinaladas no Brasil.

Patógeno Doença causada Principais Região/país


hospedeiros de ocorrência

Erwinia cypripedii Podridão mole orquídeas África do Sul, Ásia, Austrália


Erwinia herbicola pv. gypsophilae Galha cravo, rosa Europa, Estados Unidos
Erwinia tracheiphila Murcha bacteriana cucurbitáceas Ásia, Europa, América do
Norte, América Central, África
Leifsonia xyli subsp. cynodontis Subdesenvolvimento grama bermuda Taiwan
Pantoea stewartii Murcha bacteriana milho Ásia, Europa, Américas (Brasil?)
Pseudomonas asplenii Mancha foliar asplenium Estados Unidos
Pseudomonas savastanoi pv. Galha aérea oliveira Ásia, Europa, África, Oceania,
savastanoi Américas (Brasil?)
Pseudomonas syringae pv. passiflorae Mancha oleosa maracujazeiro África, Oceania
Pseudomonas tolaasii Pústula bacteriana cogumelos Ásia, Europa, Oceania
Rathaybacter iranicus Gomose trigo Irã
Rathaybacter rathayi Gomose gramas e centeio Ásia, Europa, América do
Norte
Rathaybacter tritici Gomose trigo e gramas Ásia, África, Austrália
Rhizobacter dauci Galha cenoura Japão
Rhizomonas suberifaciens Engrossamento de raiz alface Europa, América do Norte
Rhodococcus fascians Fasciação brássicas, aster, Europa, América do Norte, Irã
begônia, cravo,
crisântemo, flox,
kalanchhoe, tagetis
Spiroplasma citri "Stubborn" Citrus spp. África, Ásia, Europa, América do
Norte, Amé-rica do Sul (Brasil ?)
Xanthomonas arboricola pv. Estria bacteriana bananeira Ásia, Oceania
celebensis
Xanthomonas axonopodis pv. Gomose gramíneas Ásia, África, Américas (Brasil?)
vasculorum
Xanthomonas campestris pv. Mancha foliar brássicas África do Sul, Alemanha
aberrans
Xanthomonas campestris pv. Mancha foliar brássicas Estados Unidos, Índia
armoraciae
Xanthomonas campestris pv. Murcha bacteriana bananeira África
musacearum
Xanthomonas cassavae Necrose bacteriana mandioca África
Xanthomonas oryzae pv. oryzae Crestamento gramíneas África, Ásia, Oceania, Américas
bacteriano
Xanthomonas oryzae pv. oryzicola Estria bacteriana gramíneas Ásia, Oceania
Xanthomonas vasicola pv. holcicola Mancha foliar gramíneas África, Ásia, Oceania, Europa,
América do Norte,
América do Sul
Xylella fastidiosa Mal de Pierce videira Américas
Xylophilus ampelinus Crestamento videira África, Europa
bacteriano

No Tabela 1 estão relacionadas as bactérias A ocorrência de Pantoea stewartii (sin. Erwinia


fitopatogênicas que ainda não foram assinaladas no stewartii), Pseudomonas savastanoi pv. savastanoi (sin.
Brasil, e potencialmente prejudiciais à exploração Pseudomonas syringae pv. savastanoi) e Spiroplasma citri,
comercial de culturas de interesse econômico. apesar de terem sido relacionadas como já assinala-

Biológico, São Paulo, v.63, n.1/2, p.45-47, jan./dez., 2001


Bactérias fitopatogênicas exóticas. 47

das no Brasil, não foram comprovadas através de iso- LELLIOTT, R.A. & STEAD, D.E. Methods for the diagnosis of
lamento e caracterização do agente causal, nem por bacterial diseases of plants. In: LELLIOTT, R.A. & STEAD,
confirmação de sua patogenicidade através dos D.E. Methods in plant pathology. Oxford: Blackwell Sci.
postulados de Koch (BRADBURY , 1986; P EREIRA & Publ., 1987. 216p.
MALAVOLTA JR., V.A.; ALMEIDA, I.M.G.; BERIAM, L.O.S.;
ZAGATTO, 1968). Da mesma maneira, a constatação de
RODRIGUES NETO, J. Bactérias patogênicas a plantas
Xanthomonas axonopodis pv. vasculorum foi baseada
ornamentais ocorrendo no Brasil: uma atualização.
somente em sintomas e desde a década de 30 não há Rev. Bras. Hortic. Ornamental, Campinas , v.1, n.1,
mais registros de sua ocorrência. p.56-63, 1995.
MARQUES, A.B.A.; ROBBS, C.F.; BOITEUX, L.S.; PARENTE, P.M.G.
Índice de fitobacterioses assinaladas no Brasil. EMBRAPA-
SPI, 1994. 65p.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PEREIRA, A.L.G.& ZAGATTO, A.G. Ocorrência de “bacteriose”
em milho na zona de Avaré. Biológico, São Paulo, v. 34,
BRADBURY, J.F. Guide to plant pathogenic bacteria. Kew: C.A.B. p.94, 1968.
Internacional, 1986. 332p. ROBBS, C.F.; RODRIGUES NETO, J.; RIBEIRO, R.L.D.; KIMURA, O.
CAMINHA FILHO, A. Doenças da canna-de-assucar no Brasil. Annotated list of bacterial plant pathogens in Brazil.
Rodriguesia, v.2, p.191-196, 1936. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON PLANT
EVTUSHENKO, L.; DOROFEEVA, L.V.; SUBBOTIN, S.A.; COLE, J.R.; TIEDJE, PATHOGENIC BACTERIA, 5., Cali, 1981. Proceedings.
J.M. Leifsonia poae gen. nov., sp. nov., isolated from Cali: CIAT, 1982. p.601-613.
nematode galls on Poa annua, and reclassification of ROMEIRO, R.S. & RODRIGUES NETO, J. Diagnose de enfermidades
‘Corynebacterium aquaticum’ Leifson 1962 as Leifsonia aquatica incitadas por bactérias. Viçosa: Editora UFV, 2001. 67p.
(ex LEIFSON 1962) gen. nov., nom. rev., comb. nov. and (Cadernos Didáticos, 78)
Clavibacter xyli (DAVIS et al. 1984) with two subspecies as YABUUCHI, E.; KOSAKO, Y.; YANO, I.; HOTTA, H.; NISHIUCHI,
Leifsonia xyli (DAVIS et al. 1984) gen. nov., comb. nov. Int. J. Y. Transfer of two Burkholderia and an Alcaligenes
Syst. Evol. Microbiol., v. 50, p. 371-380, 2000. species to Ralstonia gen. nov.: proposal of Ralstonia
FARIA, J.T. A proteção vegetal no Brasil. Summa Phytopathol., pickettii (RALSTON, PALLERONI & DUDOROFF 1973) comb.
v.24, p. 92-94, 1998. nov., Ralstonia solanacearum (Smith 1896) comb.
JAGOUEIX, S.; BOVE, J.M.; GARNIER, M. Comparison of the 16S/ nov. and Ralstonia eutropha (DAVIS 1969) comb. nov.
23S ribosomal intergenic regions of "Candidatus Microbiol.Immunol., v.39, p.897-904, 1995.
Liberobacter asiaticum" and "Candidatus Liberobacter YOUNG , J.M.; SADDLER , G.S.; TAKIKAWA, Y.; DE BOER , S.H.;
africanum", the two species associated with citrus VAUTERIN, L.; GARDAN, L.; GVOZDYAK, R.I.; STEAD, D.E.
huanglongbing (Greening) disease. Int. J. Syst. Bacteriol., Names of plant pathogenic bacteria 1864-1995. Rev.
v.47, n.1, p.224-227, 1997. Plant Pathol., v.75, p.721-763, 1996.

Biológico, São Paulo, v.63, n.1/2, p.45-47, jan./dez., 2001

Vous aimerez peut-être aussi