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Introdução

à Engenharia
Dr. José Roberto Castilho Piqueira
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração, Wilson de Matos
Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a
Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente
Distância; PIQUEIRA, José Roberto Castilho. da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.

Introdução à Engenharia. José Roberto Castilho Piqueira.
Maringá-PR.: Unicesumar, 2018. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
256 p.
“Graduação - EaD”.
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James
Prestes, Tiago Stachon , Diretoria de Design
1. Engenharia. 2. Introdução . 3. EaD. I. Título. Educacional Débora Leite, Diretoria de Graduação
e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de
ISBN 978-85-459-0986-6
CDD - 22 ed. 620
Permanência Leonardo Spaine, Head de Produção
CIP - NBR 12899 - AACR/2 de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho,
Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros,
Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey,
Gerência de Produção de Conteúdos Diogo
Impresso por:
Ribeiro Garcia, Supervisão do Núcleo de Produção
de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Projeto
Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães
Cripaldi, Fotos Shutterstock.

Coordenador de Conteúdo Fábio Augusto Gentilin


e Crislaine Rodrigues Galan
Designer Educacional Yasminn Tavares Zagonel
Revisão Textual Talita Dias Tomé e Meyre Barbosa
NEAD - Núcleo de Educação a Distância Editoração Isabela Belido, José Jhonny Coelho,
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação Melina Ramos e Thayla Guimarães Cripaldi
CEP 87050-900 - Maringá - Paraná Ilustração Bruno Pardinho, Marta Kakitani e
unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Marcelo Goto
Realidade Aumentada Kleber Ribeiro, Thiago
Surmani e Leandro Naldei
PALAVRA DO REITOR

Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha-


mos com princípios éticos e profissionalismo, não
somente para oferecer uma educação de qualida-
de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-
-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo-
cional e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois
cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos
mais de 100 mil estudantes espalhados em todo
o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá,
Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de
300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de
graduação e pós-graduação. Produzimos e revi-
samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil
exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo
WILSON DE MATOS SILVA MEC como uma instituição de excelência, com
REITOR IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os
10 maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos
educadores soluções inteligentes para as ne-
cessidades de todos. Para continuar relevante, a
instituição de educação precisa ter pelo menos
três virtudes: inovação, coragem e compromisso
com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para
os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as
quais visam reunir o melhor do ensino presencial
e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
BOAS-VINDAS

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co-


munidade do Conhecimento.
Essa é a característica principal pela qual a
Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu-
nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é
importante destacar aqui que não estamos falando
mais daquele conhecimento estático, repetitivo,
local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ-
mico, renovável em minutos, atemporal, global,
democratizado, transformado pelas tecnologias
digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comu-
nicação têm nos aproximado cada vez mais de
pessoas, lugares, informações, da educação por
meio da conectividade via internet, do acesso
wireless em diferentes lugares e da mobilidade
WILLIAM DE MATOS SILVA dos celulares.
PRÓ-REITOR EXECUTIVO DE EAD As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace-
leraram a informação e a produção do conheci-
mento, que não reconhece mais fuso horário e
atravessa oceanos em segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer
transformou-se hoje em um dos principais fatores de
agregação de valor, de superação das desigualdades,
propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
Logo, como agente social, convido você a saber
cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e
usar a tecnologia que temos e que está disponível.
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
cultura e transformando a todos nós. Então, prio-
rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação
a Distância (EAD), significa possibilitar o contato
Janes Fidélis Tomelin
PRÓ-REITOR DE ENSINO EAD
com ambientes cativantes, ricos em informações
e interatividade. É um processo desafiador, que
ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores
oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida
sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que
a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você
está iniciando um processo de transformação,
pois quando investimos em nossa formação, seja
ela pessoal ou profissional, nos transformamos e,
consequentemente, transformamos também a so-
ciedade na qual estamos inseridos. De que forma
o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe-
lecendo mudanças capazes de alcançar um nível
de desenvolvimento compatível com os desafios
que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Kátia Coelho
DIRETORIA DE GRADUAÇÃO
Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa- E PÓS-GRADUAÇÃO
nhará durante todo este processo, pois conforme
Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na
transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem
dialógica e encontram-se integrados à proposta
pedagógica, contribuindo no processo educa-
cional, complementando sua formação profis-
sional, desenvolvendo competências e habilida-
des, e aplicando conceitos teóricos em situação
de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como
principal objetivo “provocar uma aproximação
entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita Leonardo Spaine
DIRETORIA DE PERMANÊNCIA
o desenvolvimento da autonomia em busca dos
conhecimentos necessários para a sua formação
pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de
crescimento e construção do conhecimento deve
ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu-
deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza-
gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas
ao vivo e participe das discussões. Além disso,
lembre-se que existe uma equipe de professores e
tutores que se encontra disponível para sanar suas Débora Leite
dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren- DIRETORIA DE DESIGN EDUCACIONAL
dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili-
dade e segurança sua trajetória acadêmica.
APRESENTAÇÃO

Caro(a) aluno(a) do curso de Engenharia, esta primeira disciplina pretende


apresentar uma ideia geral das atividades profissionais que você poderá
exercer no futuro, com ênfase no fato de que a Engenharia é uma atividade
de grande relevância para o progresso e bem-estar da humanidade.
A Engenharia nos rodeia nas atividades caseiras que envolvem fogão, má-
quina de lavar, geladeira, televisão, internet, chuveiro, aquecedor, ferro
elétrico, projetados e produzidos em escala industrial, para uso comum.
Isso sem falar da nossa própria habitação, projetada e construída para nos
proporcionar abrigo e conforto.
Da casa para o trabalho: ruas, avenidas, pontes e viadutos permitem
que o transporte, individual ou coletivo, conduza-nos com segurança
e confiabilidade. Do trabalho para o lazer: estádios, teatros, academias,
parques e resorts transformam nosso cansaço diário em momentos de
tranquilidade e cuidado com nossa vida. Há, ainda, os aviões e navios,
que facilitam o comércio entre as nações, transportam turistas e exe-
cutivos entre continentes. Poderíamos continuar essa enumeração por
muitos parágrafos. Entretanto preferimos que você comece a trilhar seu
caminho na nova profissão.
Na Unidade I, visitaremos a Pré-História e a Antiguidade, iniciando com as
armas, roupas e habitação, essenciais para a escalada evolutiva de nossa es-
pécie e chegando às maravilhas das construções gregas, egípcias e romanas.
A Unidade II mostrará a evolução da Engenharia, com o construtor
ainda visto como operário braçal até seu reconhecimento como profis-
são e a criação das primeiras escolas, no século XVII. Era o Positivismo,
combinando ciência e tecnologia, trazendo as máquinas como alívio
ao trabalho físico.
O início do século XX, descrito na Unidade III, trouxe verdadeiras maravi-
lhas que vão desde sofisticados eletrodomésticos até a conquista do espaço,
com o homem pisando na Lua, em 1969. Nesse ponto, o desenvolvimento
foi de tal monta, que as divisões em modalidades de estudo surgiram: Ci-
vil (Unidade IV), Elétrica (Unidade V), Química (Unidade VI), Produção
(Unidade VII), Mecânica (Unidade VIII), descritas em conjunto com suas
subdivisões: Ambiental, Telecomunicações, Eletrônica, Energia, Materiais,
Metalurgia, Petróleo, Naval, Aeronáutica, Mecatrônica e tantas outras de-
nominações especializadas.
O seu século, o XXI, chegou e trouxe a reunião de todas essas ramifica-
ções sob um novo paradigma: a Engenharia da Complexidade, descrita na
Unidade IX. É para essa viagem, da Pré-História ao século XXI, que você
está convidado.
“Plunct, Plact, Zum; pode partir sem problema algum” (Raul Seixas).
CURRÍCULO DO PROFESSOR

Possui graduação em Engenharia Elétrica pela Escola


de Engenharia de São Carlos da Universidade de São
Paulo (1974), mestrado em Engenharia Elétrica pela
Escola de Engenharia de São Carlos da Universida-
de de São Paulo (1983), doutorado em Engenharia
Elétrica pela Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo (1987) e livre-docência em Controle e
Automação pela Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo (1997). Atualmente é professor titular
(Concurso Público em 1999) e Diretor da Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo, tem 110
artigos indexados na principal coleção da Web of
Science (3 Editoriais, 89 em periódicos, 18 em con-
gressos; h=12), orientou 23 mestrados, 24 douto-
rados e supervisionou 9 pós-doutorados. Participa
do corpo editorial dos periódicos: Journal of Con-
Dr. José Roberto Castilho Piqueira trol, Automation and Electrical Systems (Springer)
Journal of Taibah University for Science (Elsevier).
É presidente do Conselho Superior do Instituto de
Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) e mem-
bro efetivo da Academia Nacional de Engenharia.
Tem experiência nas áreas de Engenharia Elétrica e
Biomédica, com ênfase em Teoria Geral dos Circui-
tos Elétricos, atuando principalmente nos seguintes
temas: dinâmica, bifurcação, sincronismo, caos e
modelos matemáticos.
http://lattes.cnpq.br/6644721827442957
Conceito Básico
de Engenharia

13

A Engenharia como
Atividade Artesanal
e o Surgimento das
Primeiras Escolas

41

Engenharia:
do Positivismo
à Integração

67
Engenharia Civil Indústria e Produção

101 175

Engenharia Elétrica Engenharia Mecânica

123 199

Engenharia Engenharia da
Química Complexidade

149 227
25 Aqueduto Pont du Gard na Gália Romana
(atual sul da França)

46 Exemplo do uso de roldanas


83 Estação de tratamento e reciclagem de água
106 Exemplo de planta baixa
129 Gerador de Van Der Graaf
162 Usina termoelétrica: princípio de funcionamento
185 O interior de um chip
214 Processo de Fresagem
241 Um “cluster” computacional

Utilize o aplicativo
Unicesumar Experience
para visualizar a
Realidade Aumentada.
Dr. José Roberto Castilho Piqueira

Conceito Básico
de Engenharia

PLANO DE ESTUDOS

Os sistemas de
A Engenharia abastecimento de água
na Grécia do Império Romano

A Engenharia na A Engenharia no Consumo de Energia e


Evolução Humana Império Romano sua relação com a vida no
Planeta

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Compreender que a Engenharia rodeia a atividade huma- dade iniciando a capacidade de planejamento da espécie
na desde os primórdios da escala evolutiva. humana.
• Compreender a Engenharia como a habilidade de utilizar • Pesquisar e entender as obras de abastecimento de água
os recursos disponíveis na natureza para benefício da do Império Romano, presentes e úteis até hoje.
vida humana. • Entender as modalidades de energia envolvidas nas ati-
• Entender como as civilizações grega e egípcia realizaram vidades descritas.
grandes obras de engenharia construtiva, utilizando ele- • Finalizar entendendo que a Engenharia trabalha os diver-
mentos intuitivos da Matemática. sos tipos de transformação e conservação de energia em
• Verificar como o Império Romano aprimorou essa habili- benefício da vida no planeta.
Engenharia na
Evolução Humana

O uso da energia, de ferramentas e de vestimen-


tas pelo homem primitivo foi a primeira manifes-
tação da Engenharia na vida da nossa espécie.
Aproveitar os recursos que a natureza oferece
para melhorar a vida no planeta é a principal
finalidade da Engenharia.

Você acaba de ingressar no curso de Engenharia,


uma profissão nobre, responsável pelo desenvol-
vimento da tecnologia desde as mais simples uti-
lidades, como lâmpadas, móveis e embalagens até
as mais sofisticadas, tais como máquinas elétricas,
pontes, automóveis e computadores.
Em toda nossa atividade diária, a Engenharia
se faz presente: nos eletrodomésticos, nos trans-
portes, nas ferramentas de trabalho e no mundo
do lazer. Além disso, os hospitais e clínicas, cada
vez mais, aprimoram suas técnicas com sofisti-
cados equipamentos mecânicos e eletrônicos. É
nesse mundo maravilhoso que você está ingres-
sando e, para começar, faremos uma breve retrospectiva histórica,
mostrando como a criatividade e a habilidade humana permitiram
que nossa espécie evoluísse da pré-história às viagens espaciais.
A Engenharia acompanha o homem desde suas origens. A obten-
ção do fogo, de vestimentas, das habitações e o tratamento de metais
para a construção de armas e ferramentas permitiram a sobrevivên-
cia da espécie (PIQUEIRA, 2014). Na Figura 1, podemos observar
uma importante atividade de Engenharia sendo realizada por um
indivíduo de uma espécie pré-humana: transferindo à pedra energia
potencial gravitacional e energia proveniente de seus processos bioló-
gicos internos, ele a usa para quebrar um osso e facilitar sua utilização.

Figura 1 – Indivíduo de espécie pré-humana quebra osso de animal com uma pedra
Fonte: Fernandes (2012, on-line)1.

Esse é sempre o sinal de que a Engenharia manifesta-se: ela cria


meios para que a energia seja transformada, conservada ou consu-
mida, a bem do conforto da espécie. Não deixa, portanto, de ser um
fato interessante que a Engenharia se manifeste, mesmo em escalas
evolutivas primitivas. É dessa intuição, ligada à conservação da vida,
que nasce a melhor Engenharia.
Desde o início da civilização humana, o bom uso da energia se
faz presente, inicialmente, com a obtenção do fogo, originária da
transformação de energia mecânica em energia térmica e com o uso
de cavernas como primeiras habitações, permitindo conservação de
energia e viabilizando conforto térmico mínimo para sobrevivência,
conforme ilustra a Figura 2.

UNIDADE I 15
Figura 2 – Domínio do fogo e grutas como habitação
Fonte: História... (2013, on-line)2.

Os desenvolvimentos posteriores, alavancas e rodas também se


relacionam ao bom uso da energia e de suas transformações. Nas-
ce o que chamamos tecnologia, isto é, o domínio de técnicas que
transformam recursos naturais em processos de preservação e de-
senvolvimento da vida no planeta (BAZZO; PEREIRA, 2000).
Assim foram dados os principais passos na evolução e progresso
da espécie humana - usando os recursos energéticos disponíveis no
planeta para garantir a vida.

O blog PET-Civil da UFJF é um trabalho realizado por alunos


dessa instituição, tratando, de maneira interessante, as questões
históricas da Engenharia. Assim, para saber mais sobre a relação
entre a Engenharia e a evolução humana, consulte o site: <https://
blogdopetcivil.com/2015/04/23/a-engenharia-na-historia-a-pre-
historia/>.

16 Conceito básico de engenharia


A Engenharia na Grécia

Os Egípcios iniciaram a indústria da constru-


ção com grandes obras realizadas de maneira
engenhosa (Engenharia), usando conhecimen-
tos rudimentares e pré-científicos. Além disso,
utilizaram, de maneira inteligente, a energia
dos ventos (eólica) para a navegação. Os gre-
gos aprimoraram as construções, introduzindo
importantes valores estéticos combinados com
a habilidade construtiva. A civilização egípcia
antiga teve grande importância para a cons-
trução civil, sendo responsável pela invenção
do cimento, combinando sobras de polimentos
com gesso e água.

Além disso, estudaram profundamente os solos


e as fundações e construíram sistemas de ca-
lhas para escoamento da água da chuva. Esses
avanços permitiram a materialização de grandes
obras como pirâmides e templos (Figura 3), com
impressionantes exemplos de uso de pedras e
vidros.

UNIDADE I 17
Figura 3 – Pirâmides e Templo de Faraós
Fonte: Brasil ([2017], on-line)3.

Os egípcios são os primeiros a usar grande quan-


tidade de pedras em obras e, há mais de 5 mil
anos, já utilizavam tijolos no formato atual. Além
disso, tinham bons conhecimentos de Geologia
e dos fatores que influenciavam a dureza das
rochas. Além da construção civil, a construção
naval era dominada pelos egípcios com o pri-
meiro barco à vela, datado de 1000a.C. Outra
área da Engenharia dominada pelos egípcios é
a hidráulica, conhecendo a arte de construção
de diques e canais e transformando o Nilo em
importante meio de transporte.
A Grécia Antiga, considerada o berço da
civilização ocidental, notabilizou-se pela valo-
rização do ser humano e pelo culto ao pensa-
mento e ao belo, expresso pelo pensamento de
Pitágoras: “O homem é a medida de todas as
coisas”. A arquitetura, tratada como a arte de
realizar grandes esculturas, passa a seguir nor-
mas geométricas rigorosas, respeitando relações
matemáticas precisas. Esculturas de deidades
constituíam as colunas das construções (Figura
4) e, supostamente, contavam as histórias dos
templos. Os principais monumentos da arqui-
tetura grega foram os templos (Figura 4) e os
teatros (Figura 5). Figura 4 – Mulheres esculpidas

18 Conceito básico de engenharia


Figura 5 – Teatro de Epidauro servindo de colunas

As construções gregas eram feitas de madeira, barro ou tijolos de


barro com telhados de palha. As colunas eram usadas para suporte,
e o mármore passou a ser utilizado, a partir do século VII a.C., em
templos e teatros. A maioria dos templos gregos foi construída com
vigas de madeira envoltas por colunas de pedra, que serviam como
forma de sustentação do telhado, e possuíam, também, três tipos
de estética bem definidas: a dórica, a jônica e a coríntia (Figura 6).

Figura 6 – Estética das colunas de sus-


tentação (Jônico, Corinthio, Dórico)

UNIDADE I 19
A ordem dórica tem origem no sentir do povo
grego, representando o pensamento. A ordem jô-
nica representa a graça e o feminino. Já a ordem
coríntia refere-se ao luxo e à ostentação.

““
Os gregos antigos não usavam argamassa em
suas construções, mas braçadeiras e buchas
para apertar as peças. Os blocos de mármore
e calcário eram cuidadosamente extraídos
e medidos e então cortados precisamente
para garantir uma construção perfeita. As
ferramentas usadas pelos pedreiros eram
manuais, tais como enxada, broca, cinzel e
marreta. Os mestres escultores enchiam as
colunas de pedra e os plintos de entalhes
altamente decorados. Um guindaste era usa-
do para levantar e colocar no lugar as peças
(SABINO, 2015, on-line).

Neste ponto do nosso estudo, podemos fazer uma


ligeira reflexão sobre as conquistas da Engenha-
ria, anteriormente descritas, nas civilizações do
Egito e da Grécia. Elas têm em comum a criação
de grandes monumentos e construções suntuo-
sas voltadas para a ostentação do poder de faraós
e imperadores. O lado genial da capacidade de
conceber obras robustas é pouco reportado e seus
autores, arquitetos e engenheiros da época, prati-
camente não são referenciados.
Entretanto, é fato digno de nota que conce-
beram e construíram obras e monumentos den-
tro dos melhores padrões da Engenharia, sem o
ferramental teórico que a Ciência proporcionou
séculos depois, com o desenvolvimento da Física.
Um ponto importante a se destacar é que,
mais uma vez, é a energia dos operários, de seus
inventos utilitários e da natureza que, bem apro-
veitada, dá vida às obras. Em relação ao bom uso
da Energia, é nesse período que as energias dos
cursos d’água e do vento passam a ser utilizadas
no transporte fluvial e marítimo.

20 Conceito básico de engenharia


A Engenharia no
Império Romano

A Engenharia da Roma antiga iniciou um período


importante da história da civilização aprimoran-
do a indústria da construção com a invenção
do concreto. Concebeu as estruturas em arco,
pavimentou áreas urbanas, construiu pontes e
túneis tecnicamente perfeitos.

O Império Romano, herdeiro dos grandes pro-


gressos intelectuais e tecnológicos dos egípcios e
gregos, produziu importantes desenvolvimentos
na Engenharia. Além do aprimoramento dos ma-
teriais utilizados e das técnicas construtivas, há
um amplo avanço na infraestrutura de transpor-
tes, com a construção de estradas, túneis e pontes
com técnicas até hoje estudadas.

UNIDADE I 21
Figura 7 – Coliseu
Fonte: Pet Engenharia Civil UFJF (2016, on-line)4.

Deve-se ressaltar, ainda, os aquedutos que garan-


tiam abastecimento de água a boa parte de popu-
lação e são os precursores das modernas redes de
distribuição atuais. Do ponto de vista da constru-
ção, a obra que melhor representa o trabalho da
Engenharia Romana é o Coliseu (Figura 7), que
se apresenta até os dias de hoje como modelo para
construção de estádios. Com capacidade para 50
mil pessoas, foi cuidadosamente projetado com
ventilação e iluminação naturais planejadas de
maneira minuciosa, inaugurado em 80 d.C.
Uma novidade introduzida pelos romanos foi
a concepção de arruamentos e calçadas nos espa-
ços urbanos, melhorando a qualidade de vida da
população. Nesse período foram construídos mi-
lhares de quilômetros de calçada com o esquema
construtivo mostrado na Figura 8.
Outra conquista da Engenharia romana foram
as pontes, construídas com pedras no século II
a.C. Originalmente os blocos eram fixados por
grampos de ferro, mas houve uma importante
Figura 8 – Calçadas romanas evolução para o uso de núcleos de concreto e re-
Fonte: Pet Engenharia Civil UFJF (2016, on-line)4. vestimentos de blocos de pedras (Figura 9).

22 Conceito básico de engenharia


Figura 9 – Ponte romana sobre o Rio Marecchia
Fonte: Wikipédia ([2017], on-line)5.

As construções romanas usaram amplamente as perto de Roma, comprova esse fato (Figura 10).
vantagens estruturais dos arcos. Suas pontes con- Deve-se ressaltar que os romanos construíram
tinham arcos de pedra que permitiam a distribui- centenas de milhares de quilômetros de estradas
ção eficiente dos pesos. Em toda Europa existem, para várias finalidades, como comércio e con-
ainda, centenas de pontes romanas, indicando sua trole do império.
precisão técnica e alta confiabilidade. Por fim, não há como negar que a mais impor-
Os romanos aprimoraram, também, a cons- tante contribuição dos romanos para a construção
trução de túneis subterrâneos que permitiam foi a invenção do concreto, permitindo impressio-
circulação subterrânea, construídos com tal per- nantes construções. Inventado no final do século
feição que estão em perfeito estado, até hoje. A III, era obtido adicionando um pó vulcânico à
recente descoberta de uma rede de túneis sob argamassa feita de uma mistura de tijolo ou pe-
as ruínas da Villa Adriana, na cidade de Tivoli, daços de pedra, cal ou gesso e água.

O blog Edukavita contém uma quantidade variada


de informações úteis, com ênfase na História
das maravilhas construídas pelo homem. Para
saber mais sobre a Engenharia romana e suas
construções, consulte o site: <https://edukavita.
blogspot.com.br/2016/05/engenharia-romana-
origens-e-historia.html>.

Figura 10 – Vila Adriana

UNIDADE I 23
Os Sistemas de
Abastecimento de Água
do Império Romano

Os aquedutos romanos colocam em evidência


os dois bens mais preciosos que a natureza pro-
porcionou ao planeta: água e energia. Conser-
vá-los é tarefa de todos e finalidade primordial
da Engenharia.

Deixamos esta contribuição do Império Roma-


no para a Engenharia em uma sessão especial,
pois trata da primeira iniciativa organizada do
bom uso da energia disponível na natureza para
o bem-estar humano.
Os aquedutos foram concebidos e construídos
pelos romanos para satisfazer a vários tipos de
aplicação. A principal era levar a água de lugares
onde havia em abundância para lugares em que
ela era escassa.
Dessa maneira, a água, corretamente dire-
cionada, servia chafarizes, banhos públicos ou
privados e limpeza de latrinas. Adicionalmente,
atividades de agricultura e mineração se serviram

24 Conceito básico de engenharia


dos benefícios proporcionados pela disponibilidade da água. Come-
çam, então, de maneira organizada e planejada, os bons serviços da
Engenharia, envolvendo os dois aspectos essenciais da vida: água e
energia. É desses dois itens que depende a vida em nosso planeta, e
uma mirada retrospectiva para os cuidados dos romanos deve ser
de grande utilidade.
Os aquedutos transportavam água fazendo uso da energia po-
tencial gravitacional, aproveitando inclinações de canais enterra-
dos. Nos locais onde a natureza era desfavorável, vales e planícies,
canos de chumbo, em alta pressão ou canais passavam por pontes
e alimentavam o sistema (Figura 11).

Figura 11 – Aqueduto Pont du Gard na Gália Romana (atual sul da França)


Fonte: Wikimedia ([2017], on-line)6.

UNIDADE I 25
No século III, Roma tinha um grande número de
aquedutos para uma população de mais de um
milhão de pessoas que usavam a água de maneira
extravagante. Não havia, ainda, a consciência da
importância da preservação desse presente da
natureza.

Os Aquedutos Romanos refletiam a filosofia ro-


mana de objetividade e praticidade. Roma nos
deixou volumosas estruturas que tinham a fun-
ção de conduzir a água pelas cidades. As fontes
atestam que os romanos conheciam o sistema de
transporte de água por canalização subterrânea
e o de aquedutos em arcos suspensos que fora
aprendido com os etruscos. A escolha por este
modelo deu-se pelo preço inferior das obras, já
que os materiais necessários eram mais abun-
dantes e baratos.
Para saber mais sobre esse assunto, acesse:
<http://www.infoescola.com/historia/aquedutos-
romanos/>.
Fonte: Gasparetto Júnior ([2017], on-line)7.

26 Conceito básico de engenharia


Consumo de Energia
e sua relação com
a Vida no Planeta

Para medidas práticas de consumo de energia,


usa-se a unidade “quilowatt hora” (kWh), que cor-
responde ao consumo de um aparelho de potência
1kW (1 000W), ligado durante uma hora (3 600s).

Ao estudarmos a evolução da Engenharia, desde


as civilizações pré-humanas até a civilização ro-
mana, pudemos observar que nossa espécie, para
evoluir e melhorar suas condições de vida, apro-
veitou-se dos recursos naturais disponíveis, sem
se preocupar com sua reposição ou conservação.
O grande desafio do século XXI é a questão
energética – trata-se de problema delicado e de
abrangência mundial. O nível atual de desenvolvi-
mento da humanidade, evidenciado pela tecnolo-
gia, a medicina e o potencial de conforto, exige um
consumo de energia por habitante bastante eleva-
do. Interromper esse consumo – decisão simplista
– seria negar o conhecimento adquirido e, talvez,
comprometer a continuidade da civilização.

UNIDADE I 27
Piqueira e Brunoro (2000, p. 5) afirmam que do-se no interior dos seres vivos, por processos
“sendo inevitável consumir energia, é importante fisiológicos complicados, nas mais diversas mo-
haver bom senso na sua distribuição e renovação e dalidades, sendo essencial para funções como
também a consciência de que é urgente desenvol- respiração, excreção, reprodução, manutenção de
ver novas tecnologias não poluentes para obtê-la”. temperatura e condução de impulsos elétricos
A obtenção de energia para manter a sociedade, associados ao sistema nervoso. Os físicos pare-
hoje, está atrelada, quase inevitavelmente, à degra- cem falar de algo mais abstrato, calculável por
dação ambiental. A escolha adequada da matriz equações, relativo a situações mais simples, como
energética (distribuição entre as formas de gera- carrinhos descendo montanhas-russas ou cargas
ção) mundial não pode levar em conta apenas os elétricas em movimento nos circuitos.
custos imediatos: deve assegurar a qualidade de Os conceitos empregados nas duas disciplinas,
vida das futuras gerações. entretanto, são integrados e remetem a mesma en-
Veremos, a seguir, alguns dos aspectos relativos tidade física: a capacidade de um corpo (ou sistema
ao uso da energia e suas implicações. Iniciamos de corpos), em qualquer escala espacial, produzir
com a ideia geral de que a energia é o bem de movimento próprio ou de outros corpos que estão
capital de maior valor para a nossa espécie, dis- no seu entorno. Assim, o ser humano, nas atividades
cutindo-a no que se refere à utilização humana. diárias, todo o tempo utiliza energia. Ele a retira
Nas aulas de Biologia e Física, estamos acostu- dos alimentos que ingere e, como se fosse uma
mados a nos deparar com dois conceitos aparen- máquina, transforma-a nas diversas modalidades
temente díspares de energia. Os biólogos parecem necessárias ao funcionamento do seu organismo.
falar de algo concreto, que passa do Sol para as A Tabela 1 ilustra o gasto de energia do corpo
plantas e dessas para os animais, transforman- humano em diversas atividades:

Necessidades energéticas para várias atividades (em kcal/hora)

Trabalho leve Trabalho moderado Trabalho pesado Trabalho muito pesado

Escrever 20 Dormindo 85-110 Marchando 280-400 Pedreiro 350

Permanecer Tomando Andando


20 125-125 180-600 Correndo 800-1000
relaxado banho de bicicleta

Datilografando
55 Carpintaria 150-180 Remando 120-600 Escalando 400-900
rapidamente

Tocando
40-50 Caminhando 130-240 Nadando 200-700 Esquiando 500-950
violino

Lavando Subindo
60 - - 1000
louça escadas

Passando
60 - - -
a ferro

Tabela 1 – Necessidades energéticas para várias atividades (kcal/h)


Fonte: Goldemberg (1998).

28 Conceito básico de engenharia


Expectativa de vida, mortalidade infantil,
Evidentemente, à medida em que a nossa espécie alfabetização e taxa de fertilidade total
foi se multiplicando e se apropriando do espaço como uma função da energia comercial
terrestre, as necessidades de energia aumentaram consumida per capita
80
consideravelmente, sobretudo, porque dela pas-
sou a depender a vida sob condições adversas. O

Expectativa de vida (anos)


60
gráfico de barras da Figura 12 (GOLDEMBERG,
1998) mostra esse fato, indicando que, quanto 40

mais sofisticada a vida e melhor sua qualidade,


maior a necessidade de consumo de energia. 20 Média de 127 países
para grupos de 10 países

Estágios de desenvolvimento e consumo de energia


0 2 4 6
Alimentação Moradia e Indústria e Transporte
Uso de energia TEP per capita por ano
comércio agricultura
Energia total consumida per capita (mil kcal/dia)

Homem
230 80
tecnológico
Média de 127 países

(Mortes por 100 nascimentos vivos)


Homem para grupos de 10 países
77
industrial
60

Mortalidade infantil
Homem agrícola
20
avançado

Homem agrícola 40
12
primitivo

Homem 20
6
caçador

Homem
2
primitivo
0 2 4 6 8
0 50 100 150 200
Uso de energia TEP per capita por ano
Consumo diário per capita (mil kcal)

Figura 12 – Desenvolvimento e consumo de energia 80


Analfabetismo (% população adulta)

Fonte: Goldemberg (1998).


60

Do homem primitivo até o homem tecnológico, o


40
consumo diário cresceu, em um milhão de anos,
de 2000 kcal para quase 230 000 kcal. Esse aumen- 20
to foi progressivo, acompanhando o refinamento
da tecnologia desenvolvida pela humanidade para
0 2 4 6 8
modificar o meio ambiente em seu benefício. Uso de energia TEP per capita por ano

Os recursos energéticos disponíveis na Terra,


porém, são limitados. Conciliar esse fato com as 10
Taxa de fertilidade total (TFT)

necessidades humanas é, como dizemos, um gran- 8


Oma
Arábia Saudita
de desafio a ser enfrentado pela ciência moderna, Ira Líbia
6
Gabão
independentemente das administrações e das ideo- Mongolia
4
logias. Além disso, não há como negar que o con- Venezuela Kuwait
Trinidad e Tobago
sumo de energia está relacionado com a qualidade 2

de vida, conforme mostram os gráficos ilustrativos


0 2 4 6 8
(GOLDEMBERG, 1998) da Figura 13, em que a Uso de energia TEP per capita por ano

unidade de energia utilizada é a TEP (tonelada Figura 13 – Energia e qualidade de vida


equivalente de petróleo), equivalente a 107 kcal. Fonte: Goldemberg (1998).

UNIDADE I 29
Verificamos, então, que a energia é essencial à vivência na Terra. Outro foi a ECO 92 ou United
vida e fator de conforto e bem-estar. Entretan- Nations Conference on Environment and Deve-
to seu consumo é fator relevante nos problemas lopment - Unced, realizada no Rio de Janeiro, que
ambientais, principalmente em decorrência do frisou o problema da utilização de combustíveis
emprego de combustíveis fósseis na produção de fósseis na produção de energia devido à emissão de
eletricidade, no setor de transporte e na indústria. CO2 e o consequente agravamento do efeito estufa.
Resolver esse problema eliminando a causa, evi- O Protocolo de Kyoto (1997) procurou restrin-
dentemente, é uma tarefa muito difícil, pois os com- gir a emissão de CO2 dos países, sugerindo o em-
bustíveis fósseis respondem por mais de 90% do con- prego de mecanismos para um desenvolvimento
sumo atual de energia mundial. Entretanto não parece limpo. O recente acordo de Paris (2015) rege as
impossível, dadas as alternativas de fontes renováveis emissões de CO2, estabelecendo limites a serem
disponíveis hoje. Usar gás natural nas termelétricas é atingidos em 2020.
interessante, pois, em comparação com os combus- Para dar uma ideia dos reais responsáveis pelo
tíveis fósseis, emite metade do CO2 por kWh e pra- efeito estufa e pela degradação ambiental, apre-
ticamente não emite óxidos de enxofre e nitrogênio. sentamos a Tabela 2, com o volume anual de CO2
Fazendas de produção de energia a partir de emitido por diversos países.
biomassa representam outra solução bastante con-
vidativa, uma vez que o CO2 por elas emitido pode Emissão de CO2
ser reabsorvido nos processos de fotossíntese e não (toneladas de CO2 per capita)
há emissão de óxidos de enxofre e nitrogênio. Há, Quantidade Países
ainda, a energia solar, que pode ser utilizada como
fonte quente nas termelétricas ou ser diretamente Entre 16 e 36 Estados Unidos
e Austrália.
convertida em elétrica, nas células fotovoltaicas.
As desigualdades entre os países, no entanto, de- Entre 7 e 16 Japão, Canadá, Rússia,
terminam diferenças não só no volume de energia Ucrânia, Polônia e África
consumido (os pobres consomem menos que os do Sul.
ricos), como também na forma de obtê-la: as me- Entre 2,5 e 7 União Europeia, China,
lhores soluções para a matriz energética dos países México, Chile, Argentina e
desenvolvidos, quando aplicadas ao contexto de paí- Venezuela.
ses em desenvolvimento, nem sempre serão ótimas.
Entre 0,8 e 2,5 Brasil, Índia, Indonésia,
A questão energética influencia diretamente o países da América Central
desenvolvimento e o meio ambiente. Não podemos e Caribe.
privilegiar o primeiro provocando drásticos impac-
tos no segundo. É nisso que se fundamenta o concei- Tabela 2 - Emissão de CO2 (toneladas per capita)
to de desenvolvimento sustentável, que defende não Fonte: Goldemberg (1998).
só a qualidade de vida atual, mas também a herança
a ser deixada para as gerações futuras, propondo a Os Estados Unidos, um dos maiores emissores de
proteção e a manutenção dos sistemas naturais. CO2, posicionaram-se contra as medidas propos-
Um passo significativo para a concretização tas, alegando que elas acarretariam uma redução
desse conceito foi a Conferência de Estocolmo, em drástica na sua economia, podendo provocar re-
1972, que enfatizou a questão ambiental e a con- cessão. Esse é um exemplo da tentativa suicida de

30 Conceito básico de engenharia


manter a economia dos ricos à custa da degrada-
ção da qualidade de vida de todos.
Para que você possa avaliar o consumo de Tenha sua dose extra de
energia de seu cotidiano, vamos recordar um conhecimento assistindo ao
ponto importante da Física: vídeo. Para acessar, use seu
• No sistema internacional de unidades (SI), leitor de QR Code.

a energia, de qualquer tipo ou modalidade,


é medida em joules (J).
• Quando se trata de estudar processos de
transformação de energia, usa-se o con-
ceito de potência, medida em watts (W)
e definida como energia por unidade de Piqueira e Brunoro escreveram um texto sobre
tempo. Assim, quando ligamos uma lâm- as principais questões relativas ao uso da ener-
pada de 100W à rede elétrica, uma energia gia e como seu uso e consumo se relacionam à
de 100 J é consumida, a cada segundo. vida e à sustentabilidade no nosso planeta. Além
• Para medidas práticas de consumo de disso, abordam possíveis consequências do uso
energia, usa-se a unidade “quilowatt hora” de energia proveniente de combustíveis fósseis
(kWh), que corresponde ao consumo de para o clima na Terra.
um aparelho de potência 1kW (1 000W), Para saber mais, acesse: <https://www.
ligado durante uma hora (3 600s). A título researchgate.net/publication/266247679_
de exemplo, vamos considerar um chuvei- ENERGIA_uso_geracao_e_impactos_ambientais>.
ro que, quando ligado em uma instalação
de 220 volts (V), opera com potência de
2000W (2kW). Caso você tome um banho
de 0,5 h (30min = 1800 s), o consumo de Nesta unidade, procuramos apresentar uma
energia correspondente será de: ideia de como a criatividade humana e a ob-
C = 2000W.1800s = 3 600 000 J ou servação da natureza nos levou ao progresso
C = 2kW.0,5h = 1 kWh. tecnológico e como é possível manter a vida e
Assim, podemos escrever: preservar os recursos naturais disponíveis. Essa
1kWh = 3 600 000 J. missão da espécie humana só é possível com a
Considerando nossas atividades cotidianas (Ta- boa Engenharia, associada ao amplo conheci-
bela 1), verificamos que, mesmo dormindo, nosso mento das formas de energia disponíveis e de
organismo consome cerca de 100 kcal/h. seu bom uso.
A kcal é uma unidade de energia que se rela-
ciona com o joule por: 1 kcal = 4 000 J. Como em
uma hora temos 3 600 s, esse nosso consumo de
energia pode, também, ser expresso por:
(100 . 4 000)/(3 600) = 111 W, isto é, quando
dormimos nosso organismo gasta a mesma
energia de uma lâmpada de 100W perma-
nentemente acesa.

UNIDADE I 31
1. O abrigo do homem pré-histórico em cavernas, além da proteção contra espécies
predadoras, proporcionava:
a) Conservação da energia térmica.
b) Aquecimento.
c) Resfriamento.
d) Trocas de calor rápidas.
e) Aquecimento brusco.

2. Os egípcios se destacaram nas engenharias:


a) Civil e Mecânica.
b) Civil e Naval.
c) Elétrica e Civil.
d) Mecânica e Hidráulica.
e) Naval e Mecânica.

3. Os tijolos dos egípcios eram:


a) Poligonais.
b) Arredondados.
c) Com formato semelhante aos atuais.
d) Hexagonais.
e) Poligonal.

4. Para os gregos, a Arquitetura era:


a) Uma arte.
b) Um trabalho repetitivo.
c) Um passeio pela imaginação.
d) Um retorno ao mar.
e) Um retorno à Terra.

32
5. A ordem Dórica representa:
a) Fome.
b) Pressão.
c) Dor de cabeça.
d) Ação impulsiva.
e) Pensamento.

6. Os monumentos e as obras das civilizações egípcia e grega se fundamentavam:


a) Nas leis de Newton.
b) Nas equações de Maxwell.
c) Nos fundamentos matemáticos da Geometria.
d) Na prática e na intuição dos trabalhadores.
e) No teorema de Pitágoras.

7. A navegação à vela, iniciada pelos egípcios e fenícios, fazia uso da energia:


a) Química.
b) Eólica.
c) Potencial gravitacional.
d) Eletromagnética.
e) Nuclear.

8. Além das técnicas de construção, em quais áreas da Engenharia os romanos


contribuíram:
a) Transportes e Mecânica.
b) Mecânica e Eletricidade.
c) Transporte e Materiais.
d) Materiais e Mecânica.
e) Termodinâmica e Eletricidade.

33
9. O Coliseu, obra de referência da civilização romana, é usado, até hoje, como
modelo para projetos de:
a) Casas.
b) Prédios.
c) Pontes.
d) Estradas.
e) Estádios.

10. A qualidade de vida nas cidades urbanas do Império Romano teve uma melhoria
considerável pela introdução de:
a) Luz elétrica.
b) Água potável.
c) Rede de esgotos.
d) Ruas e calçadas.
e) Transporte coletivo.

11. As estruturas em arco permitem:


a) Melhor distribuição de peso.
b) Diminuição de peso.
c) Melhor aparência.
d) Diminuição da ação dos ventos.
e) Diminuição da ação das águas.

12. O concreto inventado pelos romanos era constituído de:


a) Pó vulcânico, tijolo, argamassa e água.
b) Pó vulcânico, tijolo, gesso e água.
c) Tijolo, gesso, água e óleo.
d) Gesso, água, pó de licopódio e tijolo.
e) Pó de licopódio, água, ácido clorídrico e tijolo.

34
13. Os aquedutos romanos transportavam água fazendo uso da energia:
a) Cinética.
b) Eólica.
c) Elétrica.
d) Potencial Gravitacional.
e) Nuclear.

14. Os dois aspectos vitais para a espécie humana envolvidos na concepção dos
aquedutos são:
a) Água e Energia.
b) Água e Ar.
c) Ar e Energia.
d) Oxigênio e Água.
e) Oxigênio e Energia.

15. Além das aplicações de higiene proporcionadas pelos aquedutos, seus principais
benefícios envolviam:
a) Agricultura e Pecuária.
b) Pecuária e Mineração.
c) Mineração e Agricultura.
d) Pecuária e Qualidade do ar.
e) Qualidade do ar e Mineração.

16. Obtenha a relação de transformação de kWh para J.

17. Quantos kWh, por dia, gasta o homem tecnológico? Quanto gastava o homem
agrícola primitivo? (Considere 1cal = 4J.)

18. Compare, aproximadamente, o consumo anual de energia per capita de um país


com mortalidade infantil de 10 mortes por 1 000 nascimentos com outro de 40
mortes a cada 1 000 nascimentos.

35
19. Considere os seguintes dados a respeito da energia elétrica no Brasil, fornecidos
pelo IBGE:

Custo por kWh R$ 0,18

Número de chuveiros elétricos 28 000 000

Número médio de pessoas por residência 3,6

Tempo médio para um banho 8 minutos

Potência média do chuveiro 4kW

a) Considerando que cada pessoa toma um banho por dia, qual o consumo médio
mensal de energia por residência?
b) Compare o valor obtido no item anterior com os 100 kWh dados como limite
pelos órgãos governamentais.
c) Qual o consumo nacional anual em kWh, considerando apenas o gasto com
banhos?
d) Se uma residência tem, além do chuveiro, 3 lâmpadas de 100 W (1 hora por
dia), uma geladeira de 300 W (8 horas por dia) e um ferro de passar roupa de
500 W (1 hora por dia), qual será o custo mensal da conta, considerando que
o consumo acima de 200 kWh é sobretaxado em 50%?
e) Considerando que uma termelétrica emite 100 g de CO2 por kWh, quantas to-
neladas desse gás seriam emitidas por ano se toda a energia relativa a banhos
do Brasil passasse a ser gerada dessa maneira?

36
LIVRO

Energia, Meio Ambiente & Desenvolvimento


Autor: José Goldemberg e Osvaldo Lucon
Editora: Edusp
Sinopse: o papel da energia no desenvolvimento é bem conhecido, assim como
o seu papel como uma das principais causa da degradação ambiental. Contudo,
a inter-relação energia–desenvolvimento–meio ambiente não é adequadamente
analisada pelo material bibliográfico convencional, e esta é a principal inovação
deste livro. O livro discute, inicialmente, o conceito de energia; em seguida,
aborda sua relação com as principais atividades humanas, como os recursos
naturais existentes e com os indicadores de desenvolvimento. Discute, também,
os principais problemas ambientais, suas causas e possíveis soluções. Com esses
diagnósticos, classifica as fontes e os usos finais de energia, apresentando ten-
dências futuras e soluções – tecnológicas, políticas e comportamentais – para os
problemas de sustentabilidade ambiental, econômica e social. Tal abordagem é
resultado de vários anos de estudos e experiência dos autores no ensino, bem
como na formulação, discussão e implantação de políticas públicas relativas ao
tema.

WEB

PET-Civil
O blog PET-Civil da UFJF é um trabalho de ótima qualidade realizado por alunos
dessa instituição, tratando de maneira interessante as questões históricas da
Engenharia. Para boas leituras sobre História da Engenharia, consulte-o.
<https://blogdopetcivil.com>.

37
BAZZO, W. A.; PEREIRA, L. T. V. Introdução à engenharia. Florianópolis: UFSC, 2000.

PIQUEIRA, J. R. C. Reflexões sobre história do ensino de Engenharia. Porvir: Inovações em Educação, 2014.
Disponível em: <http://porvir.org/reflexoes-sobre-historia-ensino-de-engenharia/>.

PIQUEIRA, J. R. C.; BRUNORO, C. M. Energia: uso, geração e impactos ambientais. São Paulo: Editora Anglo,
2000. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/266247679_ENERGIA_uso_geracao_e_im-
pactos_ambientais>. Acesso em: 06 nov. 2017.

SABINO, R. História da Engenharia: A Grécia antiga. 2015. Disponível em: <https://blogdopetcivil.


com/2015/06/01/historia-da-engenharia-a-grecia-antiga>.Acesso em: 06 nov. 2017.

GOLDEMBERG, J. Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. São Paulo: EDUSP, 1998.

REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <https://cpalexandria.wordpress.com/2012/02/13/definicao-contemporanea-de-pre-historia/>. Acesso
em: 06 nov. 2017.
2
Em: <http://rhistoriaz.blogspot.com/2013/06/historia-geral-i-pre-historia.html>. Acesso em: 06 nov. 2017.
3
Em: <http://www.portalconsular.itamaraty.gov.br/seu-destino/egito>. Acesso em: 06 nov. 2017.
4
Em: <https://blogdopetcivil.com/2016/09/26/historiadaengenhariaromaantiga/>. Acesso em: 06 nov. 2017.
5
Em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Rimini>. Acesso em: 06 nov. 2017.
6
Em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d8/Pont_du_Gard_Oct_2007.jpg>. Acesso em:
06 nov. 2017.
7
Em: <https://www.infoescola.com/historia/aquedutos-romanos/>. Acesso em: 06 nov. 2017.

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1. O abrigo do homem pré-histórico em cavernas, além da proteção contra espécies
predadoras, proporcionava conservação da energia térmica, isolando o ambiente.
(Alternativa A)
2. Os Egípcios se destacaram nas engenharias: Elétrica e Civil. (Alternativa B)
3. Os tijolos dos egípcios eram: com formato semelhante aos atuais. (Alternativa C)
4. Para os gregos, a Arquitetura era: uma arte. (Alternativa A)
5. A ordem Dórica representa: pensamento. (Alternativa E).
6. Os monumentos e obras da civilização Egípcia se fundamentavam: na prática e na in-
tuição dos trabalhadores. (Alternativa D)
7. A navegação à vela, iniciada pelos Egípcios e Fenícios, fazia uso da energia Eólica. (Al-
ternativa B)
8. Além das técnicas de construção, em quais áreas de Engenharia os romanos contribuí-
ram: transporte e materiais. (Alternativa C)
9. O Coliseu, obra de referência da civilização romana, é usado até hoje como modelo para
projetos de: estádios. (Alternativa E)
10. A qualidade de vida nas cidades urbanas teve uma melhoria considerável pela introdução
de: ruas e calçadas. (Alternativa D)
11. As estruturas em arco permitem: melhor distribuição de peso. (Alternativa A)
12. O concreto inventado pelos romanos era constituído de: pó vulcânico, tijolo, gesso e
água. (Alternativa B)
13. Os aquedutos romanos transportavam água fazendo uso da energia: Potencial Gravi-
tacional. (Alternativa D)
14. Os dois aspectos vitais para a espécie humana envolvidos na concepção dos aquedutos
são: água e energia. (Alternativa A)
15. Além das aplicações de higiene proporcionadas pelos aquedutos, seus principais bene-
fícios envolviam: mineração e agricultura. (Alternativa C)
16. 3,6 . 106J.
17. Homem tecnológico: 255 kWh; homem agrícola primitivo: 13,3 kWh.
18. A energia gasta, per capita, em um país de 10 mortes por 100 nascimentos, é 7,5 vezes
maior que a gasta por um de 40 mortes por 100 nascimentos.
19.
a) 57,6 kWh.
b) 1,92% do total proposto são gastos só com banhos, sobrando 98,08 kWh para o res-
tante das atividades.
c) 1,9.1010 kWh.
d) R$ 27,65, desconsiderando-se os impostos.
e) 1,9.106 toneladas.

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