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CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO


DISCIPLINA: NUTRIÇÃO DA MULHER E DA CRIANÇA
PROFESSORA: CLAUDIA VALÉRIA CARDIM DA SILVA

NUTRIÇÃO DA GESTANTE, NUTRIZ E LACTENTE

2010
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I. Objetivos da Disciplina
Esta apostila tem a finalidade de oferecer suporte para a elaboração de uma
conduta nutricional dentro dos Princípios e Diretrizes da Política Nacional de
Humanização (HumanizaSUS), de Alimentação e Nutrição, assim como das
Recomendações da Organização Mundial de Saúde, habilitando o graduando a
propor e monitorar intervenções nutricionais e coletivas voltadas para o grupo
materno infantil.
DATA CONTEÚDO
01/03 Apresentação da disciplina
Entrega do calendário acadêmico
Perfil Epidemiológico da população materno-infantil
Psicologia e comportamento alimentar na gestação
08/03 Ajustes Fisiológicos da gestação
Introdução a Assistência Nutricional pré-natal
15/03 Assistência Nutricional pré-natal:
- Avaliação do estado nutricional da gestante;
- Exercício
22/03 Assistência Nutricional pré-natal:
- Recomendações nutricionais na gestação
- Prescrição dietética
29/03 Principais orientações nutricionais na gestação
- Anemia, constipação, enjôos, picamalácia, controle de peso , e gestante
adolescente
05/04 Caso Clínico Gestante
12/04 P1
19/04 Correção e vista de prova
Aleitamento materno
26/04 Aleitamento Materno
03/05 Atendimento nutricional da lactante:
- Avaliação Nutricional e recomendações nutricionais
Nutrição Infantil: Bases Fisiológicas no 1º ano de vida
10/05 Atendimento nutricional em pediatria:
- Avaliação nutricional < 2 anos
- Aleitamento Artificial
Exercício cálculo mamadeira
17/05 Atendimento nutricional em pediatria:
- Introdução da Alimentação Complementar
24/05 Aula prática – mamadeira e papas
31/05 Atendimento nutricional em pediatria:
- Avaliação nutricional de crianças entre 2 e 10 anos;
- Recomendações nutricionais para crianças entre 2 e 10 anos;
- Prescrição de cardápio calculado
Exercício crianças
07/06 Atendimento nutricional do adolescente:
- Avaliação Nutricional
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- Recomendações Nutricionais
- Prescrição de dieta calculada
- Principais orientações nutricionais
14/06 Caso Clínico
21/06 P2
28/06 2ª chamada
05/07 P6
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1 - Comportamento Alimentar na Gravidez

 A maternidade como fase do desenvolvimento psicológico

Adolescência Gravidez Climatério

Períodos críticos no ciclo vital da mulher


Benedek (1959), Caplan (1967)

- Mudanças metabólicas complexas


- Mudança de identidade
- Reajustes intrapessoais
- Estado temporário de equilíbrio
instável

GRAVIDEZ
CRISE  TRANSIÇÃO

MUDANÇAS
Fisiológicas
Sócio-econômicas
Psicológicas
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REDEFINIÇÕES DE PAPÉIS NA VIDA DA MULHER

Conceito de crise: perturbações temporárias no estado de equilíbrio


(Caplan, 1967; Erickson, 1989)

FATORES QUE DEFINEM OS PROCESSOS PSICOLÓGICOS


NA GRAVIDEZ:

a) DECISÃO DE TER UM FILHO : PROCESSOS CONSCIENTES E


INCONSCIENTES
 Aprofundamento da relação
 Desejo de continuidade da família
 Manter um vínculo desfeito
 Dar um filho à mãe, família
 Preencher o vazio de um companheiro
 Preencher um vazio interno

b) RELAÇÃO QUE SE ESTABELECE COM A GESTAÇÃO EM SEU


PROCESSO (aceitação da gravidez, mudanças no corpo, modificação das
rotinas...)

CARACTERÍSTICAS COMUMENTE OBSERVADAS


NA GESTAÇÃO:

 PRIMEIRO TRIMESTRE:
- Intenso processo de “ambivalência afetiva”
- Expectativas com a reação do outro
- Dúvidas sobre a existência da gravidez
- Hipersonia
- Supervalorização das crenças
- Insegurança
- Necessidade de atenção
- Alterações do paladar e olfato
- Oscilações de humor

(Videla 1990)
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Comportamento alimentar típico do primeiro trimestre de


gestação:
 Náuseas, vômitos
• Associado à fatores psicossomáticos, alérgicos, reflexos do útero
( Resende e Montenegro, 1991)
• Maldonado (1992): discute a interação entre fatores psicossomáticos e
hormonais
• Fuchs (1989): observou que a terapia de grupo melhorou os sintomas
(controlado por idade e paridade)

 Desejos e repulsas
 Vontade compulsiva por determinado alimento

Segundo THRETHOVAN & DICKENS (1972), tais sinais têm como base:
a) Aspectos culturais
b) Teorias fisiológicas (Ex: picamalácia)
c) Aspectos psicológicos: necessidade de atenção, insegurança...
d) Alterações do paladar e olfato

 Aumento do apetite
 Podem atingir níveis de voracidade com conseqüente aumento de peso
 Dificuldade de manter a alimentação adequada: mecanismo de
autoproteção, induzindo a mãe a compensar possíveis perdas

 SEGUNDO TRIMESTRE

 Mais estável sob o ponto de vista emocional

• Percepção do feto (concretude à relação)


• Interpretação dos movimentos
• Costuma-se atribuir características ao bebê
• Alterações no desejo e desempenho sexual
• Medo da irreversibilidade do corpo
• Introversão e passividade
• Oscilações de humor

Comportamento alimentar
 A melhora da êmese pode resultar em um comportamento compensatório
de descontrole alimentar e ganho excessivo de peso
(efeito fisiológico voltado para a recuperação do peso ou mesmo preocupação
excessiva da mãe)
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 Descontrole alimentar: estratégia de compensação em relação aos


sacrifícios com o exercício da maternidade

 Mudança da sensibilidade: paladar e olfato: influencia repulsas e aceitação


de novos alimentos

 TERCEIRO TRIMESTRE
• Elevação do nível de ansiedade
• Medo da morte
• Medo de problemas com a saúde do bebê
• Angústia gerada pela futura mudança de rotina
• Medo de não ter passagem para o bebê nascer
• Intensificação dos sonhos
• Aumento ou diminuição do apetite

2. Assistência ao Pré-Natal
Conceito de Pré-Natal: Compreende um conjunto de procedimentos que visam
acompanhar os processos fisiológicos, naturais, espontâneos, bem como rastrear o
desencadeamento de entidades mórbidas próprias ou incidentes ao processo
gestacional cujo diagnóstico precoce e instituição de terapêutica adequada
objetivam preservar a saúde do binômio mães-filho (Resende,1999).
Uma atenção pré-natal e puerperal de qualidade e humanizada é
fundamental para para a saúde materna e neonatal.
No Brasil, vem ocorrendo um aumento no número de consultas de pré-natal
por mulher que realiza o parto no SUS, partindo de 1,2 consultas por parto em 1995
para 5,45 consultas por parto em 2005.
Apesar da ampliação na cobertura, alguns dados demonstram
comprometimento da qualidade dessa atenção, tais como a incidência de sífilis
congênita, o fato de a hipertensão arterial ainda ser a causa mais freqüente de morte
materna no Brasil, e o fato de que somente pequena parcela das gestantes inscritas
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no Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN) consegue


realizar o elenco mínimo das ações preconizadas.
A sífilis é uma condição patológica cujo diagnóstico e tratamento podem ser
realizados com baixo custo e pouca ou nenhuma dificuldade operacional. No Brasil,
a prevalência de sífilis em gestantes é de 1,6%. São estimadas 12 mil crianças
nascendo com sífilis congênita. Entre os casos notificados em 2004, 78,8% das
mães realizaram pré-natal. A pré-eclâmpsia/eclâmpsia continua sendo a primeira
causa de morte materna no Brasil e determina o maior número de óbitos perinatais,
além do aumento significativo do número de neonatos com seqüelas caso
sobrevivam aos danos da hipóxia cerebral.
A aferição da pressão arterial em todas as consultas de pré-natal e a
instauração de condutas de tratamento corretas permitiriam salvar muitas mulheres
e crianças. Outra questão crítica da atenção pré-natal é a chamada “alta” do pré-
natal, com a falta de acompanhamento ambulatorial no fim da gestação, momento
em que é maior a probabilidade de intercorrências obstétricas.
Os dados também evidenciam que a atenção puerperal não está consolidada
nos serviços de saúde. A grande maioria das mulheres retorna ao serviço de saúde
no primeiro mês após o parto. Entretanto, sua principal preocupação, assim como
a dos profissionais de saúde, é com a avaliação e a vacinação do recém-nascido.
Por outro lado, a morte materna e neonatal continuam sendo problemas
sociais relevantes no país: em 2003, a Razão de Morte Materna (RMM) foi de 51,74
óbitos por 100.000 nascidos vivos, sabendo-se que 92% dos casos de mortalidade
associada ao ciclo gravídico-puerperal e ao aborto são evitáveis (fonte: Secretaria
de Vigilância em Saúde/MS).
Diante desta situação, fica o desafio para o profissional de nutrição em
auxiliar a promover a melhora do Estado Nutricional (EN) da gestante e minimizar
intercorrências nutricionais durante o período de gestação.

2.1. O Profissional de Nutrição e a Atenção ao Pré-Natal


É dever dos serviços e profissionais de saúde acolher com dignidade a
mulher e o recém-nascido, enfocando-os como sujeitos de direitos.
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Considerar o outro como sujeito e não como objeto passivo da nossa atenção
é a base que sustenta o processo de humanização.(MS,2006)
Entende-se por humanização: a valorização dos diferentes sujeitos
implicados
no processo de produção de saúde – usuários(as), trabalhadores(as) e
gestores(as);fomento da autonomia e protagonismo desses sujeitos; a co-
responsabilidade entre eles; o estabelecimento de vínculos solidários e de
participação coletiva no processo de gestão; identificação das necessidades sociais
de saúde; mudança nos modelos de atenção e gestão; compromisso com a
ambiência, melhoria das condições de trabalho e de atendimento.
Estados e municípios necessitam dispor de uma rede de serviços organizada
para
a atenção obstétrica e neonatal, com mecanismos estabelecidos de
referência e contra referência, considerando critérios diversos.
Profissionais do Serviço de Nutrição são fundamentais na atenção à gestante
e puérperas para se atingir um cuidado perinatal efetivo, com gestantes, puérperas
e recém-natos com estado nutricional dentro do limiar da normaildade de acordo
com a WHO,2005.

2.2. Diagnóstico da Gravidez


O diagnóstico de gravidez baseia-se na história, no exame físico e nos testes
laboratoriais. Se ocorrer amenorréia ou atraso menstrual, deve-se, antes de tudo,
suspeitar da possibilidade de uma gestação. Na prática, para as mulheres que
procuram os serviços com atraso menstrual que não ultrapassa 16 semanas, a
confirmação do diagnóstico da gravidez pode ser feita pelo profissional de saúde da
unidade básica, por meio de um teste imunológico para gravidez (TIG).

2.3. Fatores de Risco Reprodutivo


Para implementar as atividades do controle pré-natal, é necessário identificar
os riscos aos quais cada gestante está exposta. Isso permitirá a orientação e os
encaminhamentos adequados em cada momento da gravidez.
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É indispensável que essa avaliação do risco seja permanente, ou seja,


aconteça em toda consulta.

Características individuais e condições sociodemográficas desfavoráveis:


 Idade menor que 15 e maior que 35 anos;
 Ocupação: esforço físico excessivo, carga horária extensa, rotatividade de
horário, exposição a agentes físicos, químicos e biológicos, estresse;
 Situação familiar insegura e não aceitação da gravidez, principalmente em
se tratando de adolescente;
 Situação conjugal insegura;
 Baixa escolaridade (menor que cinco anos de estudo regular);
 Condições ambientais desfavoráveis;
 Altura menor que 1,45 m;
 Peso menor que 45 kg ou maior que 75 kg;
 Dependência de drogas lícitas ou ilícitas.

História reprodutiva Anterior:


 Morte perinatal explicada ou inexplicada;
 Recém-nascido com restrição de crescimento, pré-termo ou malformado;
 Abortamento habitual;
 Esterilidade/infertilidade;
 Intervalo interpartal menor que dois anos ou maior que cinco anos;
 Nuliparidade e multiparidade;
 Síndromes hemorrágicas;
 Pré-eclâmpsia/eclâmpsia;
 Cirurgia uterina anterior;
 Macrossomia fetal.

Intercorrências Clínicas Crônicas:


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 Cardiopatias;
 Pneumopatias;
 Nefropatias;
 Endocrinopatias (especialmente diabetes mellitus);
 Hemopatias;
 Hipertensão arterial moderada ou grave e/ou fazendo uso de
antihipertensivo;
 Epilepsia;
 Infecção urinária;
 Portadoras de doenças infecciosas (hepatites, toxoplasmose, infecção pelo
 HIV, sífilis e outras DST);
 Doenças auto-imunes (lupus eritematoso sistêmico, outras colagenoses);
 Ginecopatias (malformação uterina, miomatose, tumores anexiais e outras).

Doença obstétrica na gravidez atual:


 Desvio quanto ao crescimento uterino, número de fetos e volume de líquido
amniótico;
 Trabalho de parto prematuro e gravidez prolongada;
 Ganho ponderal inadequado;
 Pré-eclâmpsia/eclâmpsia;
 Amniorrexe prematura;
 Hemorragias da gestação;
 Isoimunização;
 Óbito fetal.
Identificando-se um ou mais desses fatores, a gestante deverá ser tratada na
unidade básica de saúde (UBS), conforme orientam os protocolos do Ministério da
Saúde.

2.4- Rotina de atendimento:


Sugestão de Roteiro de Primeira Consulta:
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a) História Clínica
 Identificação(nome,idade,cor,naturalidade,procedência,endereço
atual)
 Dados Socioeconômicos
 Grau de instrução;
 Profissão/ocupação;
 Estado civil/união;
 Número e idade de dependentes (avaliar sobrecarga de trabalho
doméstico);
 Renda familiar;
 Pessoas da família com renda;
 Condições de moradia(tipo,número de cômodos)
 Condições de saneamento (água, esgoto, coleta de lixo);
 Distância da residência até a unidade de saúde.
 Antecedentes familiares ( Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes
Mellitus, Doenças Congênitas,gemelaridade, câncer de mama e/ou
colo de útero, tuberculose, cardiopatias inclusive Doença de
Chagas;Parceiro Sexual portador de HIV);
 Antecedentes pessoais (Hipertensão Arterial Crônica, hipertensão
arterial crônica;cardiopatias, inclusive doença de Chagas; diabetes
mellitus; doenças renais crônicas; anemias e deficiências de
nutrientes específicos; desvios nutricionais (baixo peso, desnutrição,
sobrepeso, obesidade); epilepsia; doenças da tireóide e outras
endocrinopatias; malária; viroses (rubéola, hepatite); alergias;
hanseníase, tuberculose ou outras doenças infecciosas; portadora de
Infecção pelo HIV (em uso de retrovirais? quais?); infecção do trato
urinário; doenças neurológicas e psiquiátricas; cirurgia (tipo e data);
transfusões de sangue.
 Gestação Atual (Data do primeiro dia/mês/ano da última menstruação-
DUM), peso anterior à gestação, altura, sinais e sintomas da
gestaçãoe em curso; Medicamentos utilizados na gestação, História
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Dietética, hábitos: fumo (número de cigarros/dia), álcool e drogas


ilícitas; ocupação habitual (esforço físico intenso, exposição a agentes
químicos e físicos potencialmente nocivos, estresse); aceitação ou
não da gravidez pela mulher, pelo parceiro e pela
família,principalmente se for adolescente; identificar gestantes com
fraca rede de suporte social.

b) Exame Físico
 determinação do peso e da altura;
 medida da pressão arterial (técnica no item 8.3);
 inspeção da pele e das mucosas;
 palpação da tireóide e de todo o pescoço, região cervical e axilar
 pesquisa de nódulos ou outras anormalidades);
 exame do abdômen;
 exame dos membros inferiores;
 pesquisa de edema (face, tronco, membros).

c) Exames Complementares
Verificar exames recentes já solicitado pelo profissional de Obstetrícia,
sendo que o Hemograma completo deverá ser solicitado nos início dos 3
trimestres e a Glicemia de jejum deverá ser repetido próximo à 30ª semana.

VACINAÇÃO ANTITETÂNICA

Objetivos:

 Prevenir tétano neonatal.


 Proteger a mulher contra tétano acidental.

SITUAÇÃO VACINAL DA CONDUTA


GESTANTE
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Não vacinada ou não sabe Aplicar 3 doses de TT, com um


informar passado vacinal. intervalo de 8 semanas entre cada
aplicação, a partir do quinto mês
de gestação.
Com vacinação incompleta (tendo Completar o total de 3 doses,
recebido 1 ou 2 doses prévias de obedecendo ao intervalo de 8
DPT, DT ou TT). semanas entre cada aplicação, a
partir do quinto mês.
Vacinada com esquema completo. Aplicar 1 dose de reforço, tão logo
Última dose há mais de 5 anos. seja possível.
Vacinada com esquema completo. Gestante imunizada, nenhuma
Última dose há menos de 5 anos. dose a aplicar.

PROTEÇÃO FETAL: 2 DOSES


INTERVALO ENTRE UMA DOSE E OUTRA
MÍNIMO: 4 SEM
MÁXIMO: 8 SEM

LEITURA DOS EXAMES DE ROTINA

TIPAGEM SANGÜÍNEA:

VDRL:

Positivo Controle de DST


Negativo Repetir 3o trimestre
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SUMÁRIO DE URINA:

 Proteinúria:
o Traços (repetir com 15 dias)
o Traços + Hipertensão e/ou Edema
o Maciça

 Piúria:
o Urinocultura c/ TSA

 Hematúria:
o Piúria associada Urinocultura c/ TSA
o Isolada (excluir sangramento transvaginal)
 Encaminhar serviço especializado, se excluido S.T.V.

 Cilindrúria:
o Pré-natal de alto risco

 Bacteriúria:
o Tratar

HEMOGLOBINA:

Hb <11g/dl: AUSÊNCIA DE ANEMIA

 Suplementação de ferro a partir da 20a semana (1dg de sulfato ferroso/dia


300mg, que corresponde a 60mg de ferro elementar).

Hb < 11/dl - > 8g/dl: ANEMIA LEVE OU MODERADA

 Solicitar parasitológico de fezes e tratar parasitoses se presentes.


 Tratar anemia (3 dgs de sulfato ferroso).
 Repetir nova dosagem de Hb entre 30 e 60 dias.
 Se os níveis estiverem subindo manter tratamento até a Hb atingir 11g/dl
quando deverá ser iniciada a dose de suplementação (1dg/dia). Repetir
dosagem no 3o trimestre.
 Se a Hb permanecer em níveis estacionários ou se "Cair" Pré-Natal de
Alto Risco.

Hb < 8/dl : ANEMIA GRAVE - PRÉ-NATAL DE ALTO RISCO


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HIV 1 e 2: Se reagente - pré-natal de alto risco

HBsAg: Se reagente - pré-natal de alto risco

SOROLOGIA PARA RUBÉOLA IgG e IgM

 IgG (+) IgM (-) - infecção passada: pré-natal


 IgG (-) IgM (+) - pré-natal de alto risco
 IgG (+) IgM (+) - pré-natal de alto risco
 IgG (-) IgM (-) - realizar imunização no puerpério

SOROLOGIA PARA TOXOPLASMOSE IgG e IgM

 IgG (+) IgM (-) - infecção passada: pré-natal


 IgG (+) IgM (+) - pré-natal de alto risco
 IgG (-) IgM (+) - pré-natal de alto risco
 IgG (-) IgM (-) - repetir no 3º trimestre

COLPOCITOLOGIA ONCÓTICA:

Realizar nas pacientes cujo último exame tenha ocorrido há mais de um ano.

TESTE DE TOLERÂNCIA À GLICOSE:

 Solicitar, preferencialmente, entre a 24a e 28a semanas nas seguintes


indicações:

o Antecedentes de feto macrossômico (> 4kg)


o Antecedentes de polidrâmnio
o Abortamento repetidos
o Anomalias congênitas
o Diabetes gestacional
o Morte perinatal inexplicada
o História familiar de diabetes
o Macrossomia na gestação atual
o Polidramnia na gestação atual
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 Ideal para todas as gestantes

2.5 - Duração da Gestação, Idade Gestacional e Data Provável do Parto


A gestação dura em média 280 dias ou 40 semanas a contar da Data da
Última Menstruação (DUM), embora possa ser esperada entre 37 e 42 semanas
decorrente da imprecisão dos cálculos e erros na informação da DUM.
Os métodos para essa estimativa dependem da data da última menstruação
(DUM), que corresponde ao primeiro dia de sangramento do último período
menstrual referido pela mulher.

MÉTODOS PARA CALCULAR A IDADE GESTACIONAL:

Objetivo: estimar o tempo de gravidez/a idade do feto.

Idade Gestacional é o tempo de gravidez de uma mulher ou o número de


semanas que a mulher está grávida. Para obter a IG de forma correta, precisamos
primeiro saber a data da DUM.
Obs.: quando necessário, arredonde a semana gestacional da seguinte
forma: 1,2, 3 dias considere o número de semanas completas; e 4, 5, 6 dias
considere a semana seguinte.
Exemplo:
Gestante com 12 semanas e 2 dias = 12 semanas
Gestante com 12 semanas e 5 dias = 13 semanas
Os métodos para essa estimativa dependem da data da última menstruação
(DUM), que corresponde ao primeiro dia de sangramento do último período
menstrual referido pela mulher.

I. Quando a data da última menstruação (DUM) é conhecida e de certeza:

É o método de escolha para se calcular a idade gestacional em mulheres


com ciclos menstruais regulares e sem uso de métodos anticoncepcionais
hormonais:
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 Uso do calendário: somar o número de dias do intervalo entre a DUM


e a data da consulta, dividindo o total por sete (resultado em
semanas);
 Uso de disco (gestograma): colocar a seta sobre o dia e mês
correspondente ao primeiro dia da última menstruação e observar o
número de semanas indicado no dia e mês da consulta atual.

II. Quando a data da última menstruação é desconhecida, mas se conhece


o período do mês em que ela ocorreu:

Se o período foi no início, meio ou fim do mês, considerar como data da última
menstruação os dias 5, 15 e 25, respectivamente. Proceder, então, à utilização de
um dos métodos acima descritos.

III - Quando a data e o período da última menstruação são desconhecidos:

Quando a data e o período do mês não forem conhecidos, a idade


gestacional e a data provável do parto serão, inicialmente, determinadas por
aproximação, basicamente pela medida da altura do fundo do útero e pelo toque
vaginal, além da informação sobre a data de início dos movimentos fetais,
habitualmente ocorrendo entre 16 e 20 semanas. Podem-se utilizar a altura uterina
mais o toque vaginal, considerando os seguintes parâmetros:
 até a sexta semana, não ocorre alteração do tamanho uterino;
 na oitava semana, o útero corresponde ao dobro do tamanho normal;
 na décima semana, o útero corresponde a três vezes o tamanho
habitual;
 na 12ª semana, enche a pelve de modo que é palpável na sínfise
púbica;
 na 16ª semana, o fundo uterino encontra-se entre a sínfise púbica e a
cicatriz umbilical;
 na 20ª semana, o fundo do útero encontra-se na altura da cicatriz
umbilical;
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 a partir da 20ª semana, existe relação direta entre as semanas da


gestação
 a medida da altura uterina. Porém, esse parâmetro torna-se menos
fiel;
 a partir da 30ª semana de idade gestacional.

Quando não for possível determinar a idade gestacional clinicamente,


solicitar o mais precocemente o exame de ultra-sonografia obstétrica.

CÁLCULO DA DATA PROVÁVEL DO PARTO

Objetivo: estimar o período provável para o nascimento, utilizando um dos 3


métodos a seguir:

1. Calcula-se a data provável do parto levando-se em consideração a


duração média da gestação normal (280 dias ou 40 semanas a partir da DUM),
mediante a utilização de calendário;
2. Com o disco (gestograma), colocar a seta sobre o dia e mês
correspondente ao primeiro dia da última menstruação e observar a seta na data
(dia e mês) indicada como data provável do parto;
3. Uma outra forma de cálculo é somar sete dias ao primeiro dia da última
menstruação e subtrair três meses ao mês em que ocorreu a última menstruação
(ou adicionar nove meses, se corresponder aos meses de janeiro a março) – Regra
de Näegele. Nos casos em que o número de dias encontrado for maior do que o
número de dias do mês, passar os dias excedentes para o mês seguinte,
adicionando 1 ao final do cálculo do mês.P

EXEMPLOS:

DUM: 13/9/04
DPP: (13+7=20/ 9-3=6)= 20/06/05

DUM:10/02/04
20

DPP: (10+7=17/2+9=11)

DUM:27/1/04
DPP:(27+7=34-31=3/1+9+1=11)3/11/04EDIME
NTOS

2.6 - Assistência Nutricional à Gestante


A gestação é um período no qual a mulher passa por intensa
transformações emocionais, psicológicas e fisiológicas e, por isso necessita de
uma atenção especial tanto dos familiares como dos profissionais de saúde.
Toda a gestante deve receber assistência pré-natal adequada e de qualidade –
de preferência desde o princípio da gravidez, pois essa estratégia permite uma
identificação precoce de intercorrências ou fatores de risco e o devido
acompanhamento.
Em virtude do impacto do Estado Nutricional Anterior á Gestação para o
desenvolvimento de uma gestação onde o binômio mãe-filho desenvolvam suas
potencialidades máximas,e tendo em vista que durante a gestação, um período
crítico no ciclo vital da mulher, podemos verificar mudanças metabólicas
complexas, mudanças de identidade, reajustes intrapessoais, etc..., precisamos
enquanto profissionais de nutrição, buscar entendimento das
alterações/manifestações comumente observadas durante a gestação.
Para tal propomos um acompanhamento nutricional que terá como
principal referência as características delineadas de cada trimestre de uma
gestação.
Primeira Consulta de pré-natal, deve ser realizada anamnese, abordando aspectos
epidemiológicos, além dos antecedentes familiares, pessoais, ginecológicos e
obstétricos e a situação da gravidez atual. O exame físico deverá ser completo,
constando avaliação de cabeça e pescoço, tórax, abdômen, membros e inspeção
de pele e mucosas.
As anotações deverão ser realizadas tanto no prontuário da Unidade Hospitalar
quanto no cartão da gestante.
21

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DA GESTANTE

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL (EN) E DO GANHO DE PESO


GESTACIONAL

Objetivo: avaliar e acompanhar o estado nutricional da gestante e o


ganho de peso durante a gestação para:

• Identificar, a partir de diagnóstico oportuno, as gestantes em risco


nutricional (baixo peso, sobrepeso ou obesidade) no início da gestação;
• Detectar as gestantes com ganho de peso baixo ou excessivo para a idade
gestacional;
• Realizar orientação adequada para cada caso, visando à promoção do
estado nutricional materno, condições para o parto e peso do recém-nascido.
A avaliação Nutricional deve ser realizada em duas etapas: diagnóstico
nutricional e estimativa do Ganho de Peso.

TÉCNICAS PARA A TOMADA DAS MEDIDAS DO PESO E ALTURA

O peso deve ser aferido em todas as consultas de pré-natal. A estatura da


gestante adulta (idade > 19 anos) deve ser aferida apenas na primeira consulta e a
da gestante adolescente pelo menos trimestralmente. Recomenda-se a utilização
da balança eletrônica ou mecânica, certificando-se se está em bom funcionamento
e calibrada. O cuidado com as técnicas de medição e a aferição regular dos
equipamentos garantem a qualidade das medidas coletadas.

Procedimentos para pesagem


Balança de adulto, tipo plataforma, com escala apresentando intervalos de
100 g, ou eletrônica, se disponível.
Antes de cada pesagem, a balança deve ser destravada, zerada e calibrada;
A gestante, descalça e vestida apenas com avental ou roupas leves, deve
subir na plataforma e ficar em pé, de costas para o medidor, com os braços
estendidos ao longo do corpo e sem qualquer outro apoio;
Mover o marcador maior (kg) do zero da escala até o ponto em que o braço
da balança incline-se para baixo, voltar, então, para o nível imediatamente anterior
(o braço da balança inclina-se para cima);
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 Mover o marcador menor (g) do zero da escala até o ponto em que haja o
equilíbrio entre o peso da escala e o peso da gestante (o braço da balança
fica em linha reta, e o cursor aponta para o ponto médio da escala);
 Ler o peso em quilogramas na escala maior e em gramas na escala menor.
 No caso de valores intermediários (entre os traços da escala), considerar o
 menor valor. Por exemplo: se o cursor estiver entre 200 e 300 g, considerar
200g
 Anotar o peso encontrado no prontuário e no cartão da gestante.

Procedimentos para medida da altura

 A gestante deve estar em pé e descalça, no centro da plataforma da balança,


com os braços estendidos ao longo do corpo. Quando disponível, poderá ser
utilizado o antropômetro vertical;
 Calcanhares, nádegas e espáduas devem se aproximar da haste vertical da
balança. No caso de se usar antropômetro vertical, a gestante deverá ficar
com calcanhares, nádegas e espáduas encostados no equipamento;
 A cabeça deve estar erguida de maneira que a borda inferior da órbita fique
no mesmo plano horizontal que o meato do ouvido externo;
 O encarregado de realizar a medida deverá baixar lentamente a haste
vertical, pressionando suavemente os cabelos da gestante até que a haste
encoste no couro cabeludo;
 Fazer a leitura na escala da haste. No caso de valores intermediários (entre
os traços da escala), considerar o menor valor. Anotar o resultado no
prontuário.

A avaliação nutricional da gestante com base em seu peso e sua estatura


permite conhecer seu estado nutricional atual e subsidia a previsão de ganho de
peso até o fim da gestação.

O DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL ANTROPOMÉTRICA

COMPONENTES DO GANHO DE PESO


NA GESTAÇÃO DE BAIXO RISCO

GANHO ACUMULATIVO (kg)/TRIMESTRE


COMPONENTES 1º TRIM 2º TRIM 3º TRIM

FETO Desprezível 1,0 2,4


23

PLACENTA Desprezível 0,3 0,6

LÍQ. AMNIÓTICO Desprezível 0,4 1,0

SUBTOTAL OVULAR Desprezível 1,7 4,0

UTERO 0,3 0,8 1,0

MAMAS 0,1 0,3 0,5

VOL SANGÜÍNEO 0,3 1,3 1,5

SUBTOTAL MATERNO 0,7 2,4 3,0

TOTAL 0,7 4,1 7,0

OBS.: Preconiza-se um adicional de 3 a 4 kg de reserva para a lactação em


mulheres de estado nutricional normal.

FISIOPATOLOGIA DA SUBNUTRIÇÃO FETAL

SUBNUTRIÇÃO MATERNA

AUMENTO INDADEQUADO DO VOLUME SANGÜÍNEO

AUMENTO INADDEQUADO DO DÉBITO CARDÍACO

PERFUSÃO PLACENTÁRIA INSUFICIENTE

SUBNUTRIÇÃO FETAL

Peso:Formas de Avaliar
  Ganho de peso total:
24

  Peso ao final da gravidez - peso pré-gestacional

  Ganho de peso líquido:


  Peso no pós-parto - peso pré-gestacional

  Taxa de ganho de peso:


  Ganho de peso/semana

Outras Medidas
 Estatura
 Qualidade da medida (postura, tendência à lordose)
 Baixa estatura: BPN e obesidade
 Perímetro braquial
 Qualidade da medida
 Usado “screanning” para baixo peso: Valor de referência: < 21cm (OMS, 1991)
 Dobras Cutâneas
 Limitações (técnica, retenção hídrica, mudança da alocação de gordura durante
a gravidez)

O USO DO IMC NA GESTAÇÂO


O IOM (Institute of Medicine) propõe que o ganho de peso durante a gestação
deve ser diferenciado de acordo com categorias de Índice de Massa Corporal (IMC)
pré-gestacional conforme tabela 1.
Tabela 1. Pontos de corte para IMC, classificação do estado nutricional
pré-gestacional e faixas de referência para ganho de peso gestacional

IMCpg (Kg/m2)* GPG** (Kg)


ENpg
Recomendado
< 19,8 Baixo-peso 12.5 - 18.0
19,9 – 26,0 Eutrofia 11.5 - 16.0
26.1 - 29.0 Sobrepeso 7.0 - 11.5
 29,1 Obesidade 5.0 – 9.0
**
Referência: IOM, 2009
25

Alguns autores tem adotado uma adaptação dos critérios do IOM, WHO (1995) e
Atalah (1997)1 conforme tabela 2.

Tabela 2 – Avaliação do Estado Nutricional e proposta de ganho de peso


adaptada
Estado Nutricional Ganho de Ganho de peso Ganho de peso Ganho de
Inicial (IMC) peso total ate semanal médio no total na gestação peso
a 14ª semana 2º e 3º trimestre (kg) mínimo2
gestacional (>14ª SG) (kg/ mês)

Baixo peso - BP 2,3 0,5 12,5-18,0 Não


(<18,5) determinado

Adequado - A
(18,5-24,99) 1,6 0,4 11,5-16,0 1,0

Sobrepeso - S 0,9 0,3 7 – 11,5 Não


(25,0-29,99) determinado
--
Obesidade - O 0,3 7,0 0,5
(>30) Adolescentes 7 a
9,1kg

- Classifique o estado nutricional (EN) da gestante, segundo o IMC por semana


gestacional, da seguinte forma:

 Baixo Peso (BP): quando o valor do IMC for igual ou menor que os valores
apresentados na coluna correspondente a baixo peso;
 Adequado (A): quando o IMC observado estiver compreendido na faixa de
valores apresentada na coluna correspondente a adequado;
 Sobrepeso (SP): quando o IMC observado estiver compreendido na faixa de
valores apresentada na coluna correspondente a sobrepeso;
 Obesidade (O): quando o valor do IMC for igual ou maior que os valores
apresentados na coluna correspondente a obesidade.

Obs.: o ideal é que o IMC considerado no diagnóstico inicial da gestante seja


o IMC pré-gestacional referido ou o IMC calculado a partir de medição realizada até
a 13ª semana gestacional. Caso isso não seja possível, inicie a avaliação da
gestante com os dados da primeira consulta de pré-natal, mesmo que esta ocorra
após a 13ª semana gestacional.

1 1ATALAH, E et al. Propuesta de um nuevo estándar de evaluación nutricional de embarazadas.


Revista Médica de Chile, 125(12):1429-1436, 1997.
2 Ganho proposto para mulheres que já ganharam todo o peso permitido e que ainda não

chegaram ao fim da gravidez. Também denominado GANHO DE PESO MODESTO.


26
27

Condutas segundo a avaliação do estado nutricional encontrado:

 Baixo peso (BP): investigar história alimentar, hiperêmese gravídica,


infecções,
parasitoses, anemias e doenças debilitantes; dar orientação nutricional, visando à
promoção do peso adequado e de hábitos alimentares saudáveis; remarcar consulta
em intervalo menor que o fixado no calendário habitual;

 Adequado (A): seguir calendário habitual, explicar à gestante que seu peso
está adequado para a idade gestacional, dar orientação nutricional, visando à
manutenção do peso adequado e à promoção de hábitos alimentares saudáveis;

 Sobrepeso e obesidade (S e O): investigar obesidade pré-gestacional,


edema, polidrâmnio, macrossomia, gravidez múltipla; dar orientação nutricional,
visando à promoção do peso adequado e de hábitos alimentares saudáveis,
ressaltando que, no período gestacional, não se deve perder peso; remarcar
consulta em intervalo menor que o fixado no calendário habitual.

Indicadores Clínicos e Laboratoriais

 CLÍNICOS : sinais e sintomas

- apresentam limitações quando utilizados isoladamente: pouco sensíveis;


- utiliza-los em associação com outros indicadores.
TABELA 3 - Sinais clínicos de carências nutricionais
Achados Sugestivo de
Olhos
Cegueira noturna (dificuldade de Carência de vitamina A
enxergar com pouca luz ou à noite)
Palidez conjuntival Anemia ferropriva
Lábios
Queilose angular e língua inflamada Carência de riboflavina
(glossite)
Glândulas
Bócio Carência de iodo
Palidez cutâneo-mucosa, fraqueza,
Anemia ferropriva
fadiga ao menor esforço físico,
28

susceptibilidade aumentada aos


processos infecciosos
Gengivas esponjosas, que sangram
com facilidade, e pequenas Carência de vitamina C
hemorragias cutâneas
Fonte: Saunders & Bessa, 2002

 BIOQUÍMICOS
- limitações no monitoramento nutricional devido a hemodiluição fisiológica na
gestação;
- utiliza-se nas rotinas dos serviços de pré-natal a série vermelha.

Parâmetros de Avaliação Preconizados

Hemácias 3,6-4,4 milhões

Hematócrito
0 -12 semanas ≥33%
13-28 semanas ≥31,5%
29 – 40 semanas ≥33%

Hemoglobina ≥11 g/dl


Fonte: Ministério da Saúde/2000

- outros exames solicitados:


. Fezes e urina
. Glicemia e curva glicêmica
29

Níveis séricos de nutrientes em mulheres grávidas e não-


grávidas:
NUTRIENTES FAIXA NORMAL VALORES NA
NÃO-GRÁVIDA GRAVIDEZ
PROTEÍNA TOTAL 6,8,5 g/ 100 ml 6,0 – 8,0

ALBUMINA 3,5 5,0 g/ 100ml 3,0 – 4,5

GLICOSE < 110 mg/ 100ml < 120

COLESTEROL 120 – 190 mg/ 200 – 325


100ml
VITAMINA A 20 – 60 mg/ 100ml 20 – 65

ÁC. ASCÓRBICO 0,2 – 2,0 mg/ 100ml 0,2 – 1,5

ÁC. FÓLICO 5 – 21 mg/ 100ml 3 – 15

CÁLCIO 4,6 – 5,5 mEq/ l 4,2 – 5,2

 DIETÉTICOS

- Comportamento alimentar: sofre influências do perfil psicológico típico da


gestação(alguns aspectos foram abordados na Unidade I)
- Avaliação qualitativa e quantitativa da alimentação da gestante;

3 - ASPECTOS ANATOMO FUNCIONAIS NA GRAVIDEZ


DE BAIXO RISCO

3.1 – ASPECTOS GERAIS DA FISIOLOGIA DA GESTAÇÃO

 APARELHO REPRODUTOR FEMININO

 CICLO OVULATÓRIO:
A partir da puberdade a mulher começa a desenvolver ciclos sexuais, que
envolvem o hipotálamo, hipófise, ovário e útero. Estes ciclos preparam o sistema
genital para a gravidez e subdividem-se em ciclo ovariano e ciclo menstrual.
30

O ciclo ovariano:
As gonadotrofinas provocam alterações cíclicas nos ovários, são estas: o
desenvolvimento dos folículos, ovulação e formação do corpo Lúteo.

 Desenvolvimento folicular: Caracterizado pelo crescimento diferenciado dos


ovócitos e proliferação das células foliculares. O crescimento do folículo primário
faz-se às custas da estimulação do FSH (Hormônio Folículo Estimulante), que atua
na primeira fase do ciclo. Este hormônio também prepara o folículo para responder
a estimulação do LH (hormônio Luteinizante), que atua na ovulação. O folículo em
seu processo maturativo é grande produtor de estrogênio (hormônio sexual
feminino) que regula o desenvolvimento e a função dos órgãos genitais.

 A Ovulação: Sob a estimulação do estrogênio ( concentração acima de 200pg/ml)


a hipófise produz LH . Este quando atinge o folículo maduro, provoca a postura
ovular (ovulação). Apesar de vários folículos entrarem no processo de maturação,
geralmente um avança até a ovulação.

 A formação do corpo Lúteo: Logo após a ovulação, as células foliculares sob a


influência contínua do LH se hipertrofiam acentuadamente, transformando-se em
uma estrutura glandular, de coloração amarela e produtora de estrogênio e
progesterona - o corpo Lúteo ou corpo amarelo. Este permanece funcionante por
aproximadamente dez dias, quando se degenera, ocorrendo a menstruação (caso
não haja fecundação). A progesterona produzida pelo corpo Lúteo tem a função de
manter a integridade do endométrio uterino.

FECUNDAÇÃO:
É a seqüência de eventos que começa com o contato entre o espermatozóide
e o óvulo e terminam com a fusão de seus núcleos. Ocorre no terço distal da trompa.

O desenvolvimento
A medida em que o ovo segue pela trompa em direção ao útero, este sofre
rápidas divisões mitóticas e chega ao terço proximal da trompa com
aproximadamente dez células. Esta estrutura chega ao útero, agora com
aproximadamente 16 células no estágio chamado mórula. O processo de
implantação no endométrio uterino (nidação)ocorre no estágio chamado blástula.
este processo ocorre no 7o dia após a fecundação.
O processo de trocas entre o sangue materno e sangue fetal é feito
inicialmente a partir da decídua capsular. Só a partir da 3a semana estruturas
precursoras da placenta - as vilosidades, estão presentes.
A partir da 8a semana termina o período embrionário e inicia o período fetal.
Nesta etapa o feto já possui aparelho digestivo, respiratório, circulatório e urinários
praticamente prontos para a vida extra-uterina. Iniciam-se os movimentos fetais, no
entanto a mãe só pode percebê-los a partir da 16a a 20a semana de gestação.

A placenta
31

Após a nidação prolífera o trofoblasto, que, dotado de grande poder invasor,


penetra pelos capilares e dá início à nutrição hematotrófica, ou seja, às custas do
sangue materno. Até a 8a semana, as vilosidades cobrem inteiramente o saco
coriônico.
A placenta é a unidade vital na condução da gestação ao seu termo devido
as suas funções metabólicas, endócrinas e de trocas. É, portanto uma barreira viva
que interfere ativa e seletivamente nas composições plasmáticas no compartimento
fetal.

a) Função metabólica: regula o metabolismo materno e fetal (regula a necessidade


de nutrientes, oxigênio, equilíbrio ácido básico fetal).

b) Função endócrina: produz hormônios protéicos e esteróides.

c) Função de troca: a passagem de nutrientes, imunoglobulinas, oxigênio e outras


se faz a partir de mecanismos de transporte.
- Difusão simples: ocorre devido ao gradiente de concentração. ex: oxigênio
e gás carbônico.
- Difusão facilitada: ocorre mediante molécula intermediária. ex: glicose
- Transporte ativo: quando a transferência de uma substância se dá contra
um gradiente químico, havendo gasto energético. ex: aminoácidos.
- Ultrafiltração: provocadas pelo gradiente de pressão osmótica ou
hidrostática. Podem causar a transferência de moléculas solúveis em água.
ex: vitaminas hidrossolúveis de baixo peso molecular, sódio, potássio.
- Pinocitose: a membrana celular invagina-se, englobando pequenas
partículas que cruzam as células e são liberadas para o compartimento
intracelular.ex: imunoglobulinas

Cordão umbilical:
É geralmente inserido no centro da placenta, apresentando um diâmetro de
1 a 2 cm e comprimento de 50 a 60 cm, contém duas grandes artérias.

Líquido amniótico:
É constituído de água, células esfoliadas, gotículas de gordura, eletrólitos.
Apresenta um volume de aproximadamente30ml por volta da 1a semana
alcançando aproximadamente 1000ml próximo ao termo.

Ciclo respiratório fetal:


Se dá através da difusão simples pelo sangue arterial materno que irriga a
placenta com oxigênio, este passa para o líquido amniótico, é captado pelo feto
através da hemoglobina fetal e eliminado sob a forma de anidrido carbônico.

Nutrição fetal:
O processo de nutrição ocorre desde a etapa da fecundação. A medida em
que as estruturas placentárias se formam o processo torna-se mais complexo.

idade gestacional condições morfológicas fonte do material nutritivo


32

(semanas)

1a ovo livre na trompa e muco existente na cavidade tubária


cavidade uterina

2a ovo recém nidificado muco da glândulas endometriais


sem vilosidades
ovo nidificado com penetração nos capilares
vilosidades inicia nutrição hematotrófica

3a pequena circulação reserva da vesícula vitelina


vitelina

Após a 4a nutrição transamniótica sangue materno

fonte: RESENDE, 2001.

Hormônios na gravidez
A mulher secreta mais de trinta hormônios diferentes durante a gestação. A
maior parte dos hormônios são esteróides e protéicos e são sintetizados a partir de
precursores como os aminoácidos e o colesterol nas glândulas endócrinas
distribuídas no corpo. A produção hormonal é influenciada pelo estado nutricional e
de saúde da mãe. A progesterona e o estrogênio (hormônios protéicos) são os que
provocam o maior número de alterações na fisiologia materna durante a gravidez.
Os principais hormônios podem ser observados no quadro abaixo:
Efeitos hormonais no metabolismo da grávida
Hormônio Fonte principal de Principais efeitos
secreção

Progesterona Placenta Ação vaso-dilatadora, diminui o tônus


muscular, favorece o ganho de tecido
adiposo, aumenta a excreção de sódio,
interfere no metabolismo do ácido fólico

Estrogênio Placenta Reduz as proteínas séricas, aumenta a


retenção hídrica nos tecidos, afeta a
função da tireóide, interfere no
metabolismo do ácido fólico, promove o
aumento da vascularização periférica.

Lactogênio placentário Placenta Eleva a concentração de glicose


humano (HPL) sangüínea
33

Tireotrofina coriônica Placenta Estimula a produção dos hormônios


humana (HCT) tireoidianos

Hormônio do crescimento Pituitária Eleva a concentração de glicose


(HGH) sangüínea, promove o crescimento dos
ossos longos

Hormônio estimulador da Pituitária Estimula a utilização de iodo na Glândula


tireóide (TSH) tireóide

Tiroxina Tireóide Regula a taxa de metabolismo basal

Hormônio da paratireóide Paratireóide Promove a reabsorção de cálcio no osso


(PTH) e amplia a taxa de absorção do cálcio no
Tireóide trato gastro-intestinal

Calcitonina (CT) Células beta


pancreática Inibe a reabsorção de cálcio no osso
Insulina
Células beta Reduz os níveis de glicose sangüínea
pancreática
Glucagon
Córtex da adrenal Eleva os níveis de glicose sangüínea

Aldosterona
Córtex da adrenal Promove a retenção de sódio e
eliminação de potássio
Cortisona Rins
Eleva os níveis de glicose a partir da
quebra de proteínas
Renina-angiotensina
Estimula a secreção de aldosterona,
promove a retenção hídrica e de sódio

WORTHINGTON-ROBERTS, B. S. & WILLIANS, V. Nutrition in pregnacy and


lactation. 1998

3.2 - MODIFICAÇÕES SISTÊMICAS NO ORGANISMO MATERNO


Sistema circulatório
Os mecanismos de troca transplacentária exigem no decorrer da gravidez
alterações na composição e volume sanguíneos da mãe. Desta forma, há nesta fase
o aumento do volume sanguíneo, diminuição da pressão arterial e aumento do
rendimento cardíaco.
- aumento do volume sanguíneo: Ocorre o aumento do volume plasmático
(na ordem de 50%) e de volume globular (aproximadamente 25%), o que impõe um
aumento expressivo nas demandas de ferro passíveis de serem contempladas
34

somente por suplementação medicamentosa de 60mg de ferro elementar (equivale


a aproximadamente 200mg de sulfato ferroso). Estas alterações se dão de forma
crescente e gradual, atingindo seu pico máximo por volta da 30a semana . Devido
a estas alterações, o valor normal da hemoglobina sérica na gestação é de
aproximadamente 11g/dl.
- aumento no rendimento cardíaco: é determinado pelo aumento do volume
sistólico e aumento da freqüência cardíaca. Tais aliterações são decorrentes do
aumento do volume plasmático e globular.

- diminuição da pressão arterial: decorre da ação do hormônio


progesterona na musculatura lisa que reveste os vasos sangüíneos. A ação da
progesterona provoca relaxamento desta musculatura, resultando na diminuição da
resistência ao fluxo do sangue. O aumento de 30mmhg (sistolica) e;ou 15mmhg
(diastólica) após a 16ª SG pode indicar Síndrome Hipertensiva na Gravidez (SHG).
Outros sinais como aumento de peso acima de 500 por semana ç 3kg por mês,
edema e proteinúria, especialmente após a 20ª SG.

Sistema respiratório

Ocorre o aumento do volume de oxigênio/ minuto decorrentes da maior


superfície de captação de O2 pelo aumento do volume sangüíneo.

Sistema Urinário

Duas são as principais modificações: o aumento da taxa de filtração


glomerular e a diminuição do fluxo urinário. A primeira é decorrente do maior volume
sangüíneo. A segunda deve-se a ação de relaxamento da progesterona nos tecidos
musculares que revestem os ureteres (corre em aproximadamente 80% das
grávidas) , isto resulta na diminuição do fluxo urinário.

Sistema gastro intestinal:

Alterações comuns:
- diminuição da peristalse intestinal: provocada pela ação da progesterona na
musculatura lisa do intestino grosso que provoca, com grande freqüência, a
constipação intestinal.
- relaxamento do esfíncter esofagiano inferior: a ação da progesterona na
musculatura do esfíncter funcional esofagiano provoca com freqüência refluxo do
conteúdo gástrico. Tal fato pode ser sentido por grande parte das mulheres a partir
de sintomas como pirose, epigastralgias e intolerância à alimentos condimentados
e gordurosos.
- alteração no PH salivar: aliado as modificações nos hábitos alimentares
provocam cáries e gengivite, decorrentes da proliferação bacteriana.
35

Equilíbrio ácido-básico

Durante a gravidez há o acúmulo de aproximadamente 7,5 l de água que são


armazenados nos tecidos fetais (incluindo líq. amniótico), tecidos maternos e
sangüíneos. Tal mudança impõe a mulher a necessidade de conservar sódio para
manter a osmolaridade. Isto se torna possível graças ao sistema renina-angitensina-
aldosterona, que tem o papel de regular a exceção de sódio. Como este sistema
encontra-se “hiperfuncionante”nesta fase, atribui-se a grávida um estado de
hiperaldosteronemismo secundário à gestação.

Metabolismo
A taxa metabólica durante a gestação eleva-se na ordem de 5, 10 e 25% no 1º, 2º
e 3º trimestre de gestação respectivamente

- Glicídico: A grande demanda de glicose pelo feto provoca a necessidade de


retardamento da glicose pelos tecidos maternos. O feto é incapaz de sintetizar sua
glicose, portanto a disponibilidade de glicose materna é fundamental à sua
sobrevivência. Períodos longos de jejum e estados de privação alimentar de longo
tempo podem aumentar expressivamente a concentração de corpos cetônicos no
compartimento fetal e causar danos variados em seu sistema nervoso central.
A necessidade de glicose pelo feto é contemplada pela ação do hormônio
HPL (Lactogênio Placentário Humano) que retarda a liberação de insulina materna,
deixando a glicose mais disponível ao feto. Como a utilização da glicose materna
pelos tecidos fetais é muito rápida, a glicemia materna encontra-se com valores
menores aos anteriores à gravidez. A glicemia de jejum é também diminuída para
100mg/dl (limite superior de normalidade com 12 horas de jejum).

- Lipídico: As alterações à nível do metabolismo glicídico provocam um aumento


do catabolismo lipídico, detectado pelo sensível aumento de corpos cetônicos
circulantes.

- Protéico: A hemodiluição provoca uma diminuição na concentração de proteínas


totais, gamaglobulinas e albumina.

________________________________________________
36

CONDUTAS NAS QUEIXAS MAIS FREQÜENTES NA GESTAÇÃO DE


BAIXO RISCO

Sintomas : são manifestações ocasionais e transitórias, não refletindo, geralmente,


doenças clínicas mais complexas. A maioria das queixas diminui ou desaparece
sem o uso de medicamentos, que devem ser evitados ao máximo.

a) Náuseas, vômitos e tonturas


• Explicar que esses são sintomas comuns no início da gestação.
• Orientar a gestante para: dieta fracionada (seis refeições leves ao dia); evitar
frituras, gorduras e alimentos com cheiros fortes ou desagradáveis; evitar líquidos
durante as refeições, dando preferência à ingestão nos intervalos; ingerir
alimentos sólidos antes de levantar-se, pela manhã.
• Agendar consulta médica para avaliar a necessidade de usar medicamentos ou
referir ao pré-natal de alto risco, em caso de vômitos freqüentes.
b) Pirose (azia)
_ Orientar a gestante para:
• dieta fracionada, evitando frituras; ingerir leite frio;
• evitar café, chá preto, mates, doces, álcool e fumo.
Observação: em alguns casos, a critério médico, a gestante pode fazer uso de
antiácidos.
c) Sialorréia (salivação excessiva)
• Explicar que esse é um sintoma comum no início da gestação.
• Orientar dieta semelhante à indicada para náusea e vômitos.
• Orientar a gestante para deglutir a saliva e tomar líquidos em abundância
(especialmente em épocas de calor).
d) Fraquezas e desmaios
_ Orientar a gestante para que não faça mudanças bruscas de posição e evite a
inatividade.
_ Indicar dieta fracionada. Sugerir chá ou café com açúcar como estimulante,
desde que não estejam contra-indicados.
37

_ Explicar à gestante que sentar-se com a cabeça abaixada ou deitar-se em


decúbito lateral, respirando profunda e pausadamente, melhora a sensação de
fraqueza e desmaio.

e) Dor abdominal, cólicas, flatulência e obstipação intestinal


_ Certificar-se de que não sejam contrações uterinas.
_ Se a gestante apresentar flacidez da parede abdominal, sugerir o uso de cinta
(com exceção da elástica) e exercícios apropriados.

Em caso de flatulências (gases) e ou obstipação intestinal:


• orientar dieta rica em resíduos: frutas cítricas, verduras, mamão, ameixas e
cereais integrais;
• recomendar que aumente a ingestão de líquidos e evite alimentos de alta
fermentação, tais como repolho, couve, ovo, feijão, leite e açúcar;
• recomendar caminhadas, movimentação e regularização do hábito intestinal;
_ eventualmente prescrever:
_ dimeticona (gases); supositório de glicerina (obstipação);
• solicitar exame parasitológico de fezes, se necessário.

f) Hemorróidas
_ Recomendar à gestante:
• fazer dieta, a fim de evitar a obstipação intestinal. Se necessário, prescrever
supositórios de glicerina;
• não usar papel higiênico colorido ou áspero (molhá-lo) e fazer higiene perianal
com água e sabão neutro, após defecação;
• fazer banhos de vapor ou compressas mornas;
• agendar consulta médica, caso haja dor ou sangramento anal persistente.

g) Corrimento vaginal
_ Explicar que um aumento de fluxo vaginal é comum na gestação.
38

_ Não prescrever cremes vaginais, desde que não haja diagnóstico de infecção
vaginal.
_ Agendar consulta médica, se ocorrer fluxo de cor amarelada, esverdeada ou
com odor fétido, ou caso haja prurido.

4 – Requerimentos Nutricionais na gravidez: Baseado em Accioly,


Saunders e Lacerda, (2009)
Cálculo das necessidades energéticas

Objetivando obter o valor energético total (VET) para prover o ganho


adequado de peso, deve-se inicialmente avaliar o estado nutricional, levando em
consideração o peso pré-gestacional, o peso atual e estatura. O custo energético
adotado pelo comitê da “Food and Agriculture Organization” FAO/WHO/UNU é de
aproximadamente 77.000Kcal, associado a estimativa de ganho de peso
gestacional total entre 10 a 14kg com média de 12kg e recém nascidos 3,3kg com
menores taxas de complicações da mãe e do bebê.

Etapas para o cálculo do VET:

1º - Avaliar o IMC pré-gestacional e estimar o ganho de peso até a 40ª SG;

2º - Calcular o VET a partir do Gasto energético (GE) com base na estimativa


da TMB de acordo com a idade materna;

3º passo – Calcular o VET da gestante, somando o GE com o adicional calórico


da gravidez.

VALOR ENERGÉTICO DA DIETA = GE + adicional energético da


gestação

GE= TMB X NAF (GE – gasto energético ; NAF= nível de Atividade física)
39

TMB por faixa etária

18 a 30 anos: TMB (kcal/dia)= 14,818 X P (kg) + 486,6


30 a 60 anos: TMB (kcal/dia)= 8,126 X P (kg) + 845,6

OBS: P é o peso pré-gestacional para mulheres de IMC normal. Para aquelas


com baixo peso ou excesso de peso utiliza-se o valor de peso desejável (entre
18,5 – 24,9kg/m2 ou o ponto médio 21kg/m2 ). Fórmula para encontrar o peso
desejável: P (kg) =IMCX altura (m2).

Nível de atividade física (NAF) para mulheres adultas:


Categoria NAF (média)
Estilo de vida sedentário ou leve 1,40-1,69 (1,53)
Estilo de vida ativo ou moderadamente ativo 1,7-1,99 (1,76)
Estilo de vida vigoroso ou moderadamente vigoroso 2,00-2,40 (2,25)

Adicional energético da gestação3:


- 1º trimestre (IG< 14 semanas): 85 kcal
- 2º trimestre (IG ≥ 14 a < 28 semanas): 285 kcal
- 3º trimestre (IG ≥ 28 semanas): 474 kcal

Calculo energético individualizado


Estimar o total de energia que corresponde ao total de peso a ser ganho: Ex uma
gestante sedentária (PPG 60kg) de 25 anos que precisa ganhar 8 kg até o parto e
está com 25 semanas de gestação. Faltam então 15 semanas para completar 40
semanas ou 105 dias.
Se para cada 1 kg são necessárias 6.417kcal, para 8kg são necessários 51.336 kcal
(8X6.417kcal=51.336)
Dividindo 51.336 pelo total de dias restantes (105), o adicional diário para essa
gestante será de 488,9 kcal.

TMB (kcal/dia)= 14,818 X 60kg + 486,6 = 1375,68kcal

GE= 1375,68 X NAF (1,53) = 2.104,7904

3
Food and Agriculture Organization/WHO/UNU. Human energy Requirements. Report of a
joint FAO/WHO/UNU Expert Consultation. FAO. Food and Nutrition Techinical Report
Series. ISSN 1813-3932. Rome, oct 2001. Geneva:2004.
40

VET GRAVÍDICO= 2.104,7904 + 488,9 = 2593,6904kcal/dia

Necessidades protéicas:
Em 2007 o comitê FAO/WHO/UNU estimou o cálculo das necessidades
proteicas com base no adicional de 1g, 9g e 31g/dia no 1º, 2º, 3º trimestre
respectivamente, adicionados a 1g/kg/dia, ou seja, para uma mulher com peso
prégestacional normal:
Ex:60kg (PESO PRÉGESTACIONAL) na 25ª SG de gestação
60 X 1= 60 g + 9g (adicional do 2º trimestre) = 69g de proteinas/dia

Distribuição de macronutrientes:
- Carboidratos: 55 a75% do VET
- PTN: 10 a 15% do VET
- Lipídios: 15 a 30% do VET
Aporte hídrico: 3l de água/dia
Fibras: 25g por dia

GESTANTES ADOLESCENTES
Calculo do VET de 10 a 18 anos
TMB=13,384X P +692

Adicional da gravidez: 85Kcal no 1º trimestre, 360kcal no 2º e 475kcal no 3º.

Adicional protéico da gestante adolescente:


ANVISA – 71g totais por dia
FAO 85- 1,5g/kg/dia
ADA - <=15 anos 1,7g/kg/dia; > 15 anos - 1,5g/kg/dia

NAF – Nível de Atividade Física (adolescentes)


Idade (anos) Atividade leve Ativ moderada Ativ pesada
10-11 1,45 1,70 1,95
11-12 1,50 1,75 2,00
12-13 1,50 1,75 2,00
13-14 1,50 1,75 2,00
14-15 1,50 1,75 2,00
15-16 1,50 1,75 2,00
16-17 1,50 1,75 2,00
17-18 1,45 1,70 1,95

MICRONUTRIENTES NA GESTAÇÃO
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- VITAMINAS
Além dos macronutrientres, a alimentação deve ser rica em vitaminas e sais
minerais. As vitaminas atuam como coenzimas no metabolismo energético, como
por exemplo a niacina, riboflavina e tiamina, sendo que estas vitaminas determinam
a velocidade do processo de oxidação dos macronutrientes para a produção de
energia.
As quantidades destas vitaminas estão aumentadas na gestação, devendo
ser consumidas 1,4mg/dia de tiamina, 1,4mg/dia de riboflavina e 18mg/dia de
niacina.

A tiamina, riboflavina e niacina são encontrados com facilidade nos alimentos,


porém a fonte de tiamina é melhor encontrada nos grãos integrais, legumes, órgãos,
carne de porco. A riboflavina é encontrada no leite, no queijo, nas carnes magras e
nos vegetais folhosos. A niacina é encontrado nos alimentos ricos em tiamina e
riboflavina, contudo a niacina pode ser sintetizada no organismo através do
aminoácido triptofano, pois cada 60mg deste aminoácido forma 1mg de niacina.
A deficiência severa de tiamina causa beribéri (insuficiência cardíaca
congestiva aguda do recém-nascido), sendo que na maioria dos casos é fatal.
Quando a deficiência é moderada não há complicações sérias, a ponto de colocar
em risco o desenvolvimento do feto.
Os baixos níveis de riboflavina não são teratogênicos, porém poderá ocorrer
parto prematuro e natimorto, além de problemas relacionados a lactação.
Os valores recomendados para a gravidez é de 18mg.
Existem outras vitaminas (Vit.A, C, D, E, K e vitaminas do complexo B,) que
tem funções específicas e são fundamentais para o bom funcionamento do
organismo e melhor desenvolvimento do feto, desde que não sejam ingeridos em
quantidades ideais, visto que tanto a deficiência quanto o excesso causam danos ao
feto.

A) ÁCIDO FÓLICO
O ácido fólico atua como coenzima de aminoácidos não essenciais e também
na síntese de DNA e RNA .Quando ocorre a deficiência desta vitamina, a divisão
42

celular será feita de forma anormal, prejudicando a renovação celular no organismo


e haverá distúrbio no metabolismo dos aminoácidos e da síntese de proteínas.
A deficiência de ácido fólico causa anemia megaloblástica, leucopenia, má
formação congênita. A anemia megaloblástica também pode ser causada pela
deficiência de vitamina B12.
Os baixos níveis séricos de ácido fólico pode não estar associados somente
a uma ingestão deficiente deste nutriente, e sim, ao uso de anticoncepcionais orais
esteróides, elemento que dificulta a sua metabolização e absorção deste
micronutriente. Este fenômeno pode fazer com que muitas mulheres comecem a
gestação com níveis deficientes desta vitamina.
As CDR( cota diárias recomendadas de 1980) é de 600g/dia na gestação e
na lactação .

B) VITAMINA B12
A vitamina B12 atua em conjunto com ácido fólico na síntese de DNA, sendo
que na falta desta vitamina a divisão celular será feita de forma inadequada e tendo
como conseqüência a anemia megaloblástica, leucopenia e trombocitopenia.
A deficiência de vitamina B12 é grave, pois acomete o sistema nervoso
central, porém a deficiência é rara, podendo ser encontrada em todos os alimentos
de origem animal e também por ser produzido pelos microorganismos do intestino.
A deficiência ocorre em alguns indivíduos pela falta de fator intrínseco, sendo que
estes são responsáveis pela absorção de vitamina B12 ou pelo uso inadequado de
antibióticos, reduzindo de forma intensa a flora bacteriana intestinal.

As cotas CDR para as gestantes adultas é de 2,6g/dia, porém gestantes


adolescentes deverão ter um aporte de 4,0g/dia .

C) VITAMINA B6 ( PIRIDOXINA)

Sua forma ativa é o fosfato de piridoxal. Esta vitamina é um nutriente


importante para o metabolismo de aminoácido e síntese de proteínas , sendo
também um co-fator nas reações que envolvem as transaminases, visto que esta
43

enzima atua no ciclo de krebs, facilitando a síntese de aminoácidos não essenciais


que são importantes para o crescimento do feto.

Além das funções descritas acima, esta vitamina atua convertendo os


aminoácido triptofano em niacina.

A excreção urinária desta vitamina é superior nas mulheres grávidas,


comparando com mulheres não grávidas. Estudos demonstram que a excreção se
dá de forma mais intensa nas gestantes que apresentam pré-eclâmpsia.

Não é comum a detecção da deficiência de vitamina B6, pois está


amplamente distribuída na natureza, porém já foram relatados alguns casos de
deficiência que estavam relacionados com bebês de APGAR baixo e gestantes
com estomatite e glossite. Estas gestantes responderam positivamente com a
suplementação de vitamina B6.

As melhores fontes de vitamina B6 são as carnes, fígado, peixe, alguns


vegetais, cereais e grãos integrais.

As cotas recomendadas pela CDR para gestantes adultas é de 2,6mg/dia e


no período de lactação as dosagens são idênticas .

D) VITAMINA A

A vitamina A é indispensável para a manutenção de tecidos, visão, sendo


que as necessidades durante o período gestacional estão aumentadas. A
quantidade necessária para o desenvolvimento fetal não é difícil através da dieta,
sendo rara a administração de suplementação. Ainda não há demonstrações
através de estudos científicos que a deficiência de vitamina A seja teratogênica,
porém foi relacionada com distúrbios oculares e visuais nas crianças.

Estudos científicos comprovam que o excesso de vitamina A é teratogênico


além de poder causar anomalias renais congênitas no feto, anomalias múltiplas,
principalmente no sistema nervoso central.

A vitamina A é encontrada sob duas formas: retinol ( vitamina A pré-


formada) e caroteno. O retinol é encontrado na gema do ovo, fígado, manteiga e
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leite fortificado. O caroteno é encontrado nos vegetais verdes e amarelos e na


margarina reforçada.

As recomendações da CDR para a vitamina A é de 770gRE/dia (17,27).

E) VITAMINA C

A vitamina C ou ácido ascórbico deve ter a sua quantidade aumentada


durante a gestação, sendo recomendada 85mg/dia. Esta vitamina age nas reações
de hidroxilação, sendo fundamental para a síntese de colágeno e elastina no tecido
muscular.
A deficiência de vitamina C não causa danos ao feto, estando associado com
ruptura prematura de membrana e pré-eclâmpsia. O excesso desta vitamina
influencia no metabolismo fetal, causando dependência de doses elevadas no feto,
sendo que se estas doses não forem satisfeitas poderá surgir o escorbuto no feto.
As fontes de vitamina C são as frutas cítricas e vegetais verdes .
F) VITAMINA D
Atua sobre o equilíbrio de cálcio prevenindo o raquitismo durante a gestação.
A vitamina D pode ser obtida através da ingestão de alimentos e também pela
exposição da pele aos raios ultravioleta .
Os baixos níveis séricos de vitamina D acarreta prejuízos na mineralização
da matriz óssea e síntese de colágeno, sendo que este se dá de forma inadequada
provocando o raquitismo.
Quando a deficiência ocorre durante a gestação, poderá haver
comprometimento, causando o raquitismo fetal, ocorrendo posteriormente a
osteomalácia na mãe após algum tempo após o nascimento e crianças pequenas
para idade gestacional .
O excesso de vitamina D também é altamente prejudicial ao feto ,estando
relacionado com o hipoparatireoidismo, não apresentando anomalias
cardiovasculares ou crânio faciais, hiper calcemia idiopática leves em crianças.
45

As recomendações da CDR para a vitamina D em gestantes é de 5 μg e está


presente em poucos alimentos, porém alguns são boas fontes como a gema de ovo,
fígado, manteiga e pescados gordos .

G) VITAMINA E
A forma ativa da vitamina E é o alfa- tocoferol. Esta vitamina atua evitando a
oxidação dos ácidos graxos polinsaturados que compõem as membranas celulares
e evita a oxidação da vitamina A, fazendo com que a mesma seja melhor absorvida.
As necessidades de vitamina E estão aumentadas, porém não há relatos da
deficiência em seres humanos e nem tão pouco está associada com a fertilidade.
A quantidade recomendada para gestantes é de 15UI e esta vitamina é
encontrada nos óleos vegetais, nozes, sementes e grãos integrais.

H) VITAMINA K
Para a vitamina k não há recomendações uniformemente estabelecidas
durante a gravidez, porém a deficiência desta vitamina está associada com baixos
níveis séricos de protrombina plasmática.
A deficiência de vitamina k geralmente ocorre quando a gestante faz uso de
antibióticos ou sulfonamidas, pois estes medicamentos depletam a vitamina k, sendo
que a maior parte desta, é produzida pelas bactérias intestinais como a Escherichia
Coli. O excesso de vitamina k está associada com a anemia hemolítica nos recém-
nascidos com complicações como hiperbilirrubinemia e icterícia, sendo que, muitas
vezes, este quadro pode ser fatal.
A vitamina k está amplamente distribuída na natureza e as melhores fontes
são todas as folhas verdes, couve-flor, batata, morango.

- MINERAIS
Atuam auxiliando as reações químicas, fazendo com que as mesmas
ocorram de forma harmoniosa evitando que seja feita lenta ou rapidamente , não
permitindo prejuízos para o organismo.
46

Os minerais agem em conjunto com as enzimas e os hormônios mantendo o


equilíbrio ácido-básico, desde que suas cotas sejam satisfeitas nas quantidades
ideais, pois tanto o excesso quanto a deficiência são igualmente prejudiciais a saúde
da mulher e principalmente para o feto .

Atuam auxiliando as reações químicas, fazendo com que as mesmas


ocorram de forma harmoniosa evitando que seja feita lenta ou rapidamente , não
permitindo prejuízos para o organismo.
Os minerais agem em conjunto com as enzimas e os hormônios mantendo o
equilíbrio ácido-básico, desde que suas cotas sejam satisfeitas nas quantidades
ideais, pois tanto o excesso quanto a deficiência são igualmente prejudiciais a saúde
da mulher e principalmente para o feto.

A) CÁLCIO E FÓSFORO
O cálcio e o fósforo são fundamentais durante a gravidez, pois estes
micronutrientes favorecem a mineralização adequada do esqueleto e dos dentes
temporários do feto. No último trimestre de gestação, onde ocorre predominância
das atividades de crescimento, o feto consegue adquirir maior parte de seu cálcio.
Durante a gestação ocorrem freqüentes ajustes no metabolismo do cálcio

através do hormônio somototropina coriônica humana ,reforçando a renovação

óssea durante a gravidez e o estrogênio que inibe a reabsorção óssea liberando o

paratormônio que mantém adequado os níveis séricos de cálcio e intensifica a

absorção de cálcio a nível intestinal e diminui a excreção urinária deste

micronutriente.

A FAO/WHO (1985) recomenda um nível de 800 mg no primeiro e no segundo

trimestre, porém no terceiro trimestre deve-se adicionar 400 mg, ou seja, 1200

mg/dia, sendo que esta cota deve permanecer durante o período de lactação. A
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produção de leite materno por dia é de 850 ml e contém cerca de 300 ml de cálcio,

justificando, contudo a manutenção do aumento da cota de cálcio.

Muitos pesquisadores acreditam que a vitamina D aumenta a absorção de

cálcio, principalmente se a ingestão for baixa, porém algumas substâncias atuam

dificultando a absorção de cálcio, tais como o ácido oxálico e ácido fítico. Estas

substâncias se combinam com o cálcio ingerido formando sais de cálcio insolúveis

no intestino, não podendo ser absorvidos. O ácido oxálico é encontrado nas folhas

de beterraba, acelga e espinafre.

O ácido fítico se combina com o cálcio formando o fitato de cálcio insolúvel,


porém esta substância não é prejudicial no balanço de cálcio se as quantidades de
cálcio forem adequadas. O ácido fítico está presente no farelo de trigo integral.

A cota recomendada na gravidez é de 1000mg/dia. As melhores fontes de


cálcio são leite e derivados, vegetais verdes escuros, couve, nabo, etc .

B) FÓSFORO
As necessidades de fósforo são as mesmas do cálcio, ou seja, 700mg com
adicional extra de 400mg. o cálcio e o fósforo estão presentes no sangue em
quantidades proporcionais, porém se um nutriente estiver em maior quantidade o
outro nutriente terá dificuldade de ser absorvido, como por exemplo, o excesso de
fósforo que se liga ao cálcio e diminui a quantidade de cálcio absorvido .
Dificilmente ocorre deficiência de fósforo, pois quase todos os alimentos
contém este nutriente. O fósforo está presente nas carnes, vísceras, aves, peixe,
ovos, feijões, ervilhas, leite e derivados .

C) FERRO
É um mineral que atua no organismo produzindo maiores quantidades de
hemoglobina nas hemácias maternas e fetais, reforçando a eritropoiese. A
48

hemoglobina é responsável pelo transporte de oxigênio para as células do corpo e


o seu componente principal é o ferro.
Os baixos níveis séricos de ferro provocam a anemia ferropriva, sendo esta
o tipo mais comum de anemia entre as gestantes estando acompanhada
freqüentemente de picamalácia ou pica.
É considerado anemia quando o hematócrito é inferior a 32% e o nível de
hemoglobina inferior a 11g/dl.
A principal fonte é o fígado, porém outros alimentos apresentam teores
significantes como as carnes, gema de ovo, legumes e hortaliças verdes escuras e
frutas. Existem dois tipos de ferro, o ferro heme e o não heme. O ferro heme está
nas vísceras e na carne vermelha , sendo melhor absorvido pelo organismo, pois é
o ferro que constitui a hemoglobina . Pequena parte do ferro não heme se converte
em ferro heme na presença de vitamina C.
Durante a gestação é importante ter um maior aporte de ferro na dieta em
conjunto com suplementação oral de ferro de 27 mg /dia para que seja elevado os
teores séricos de hemoglobina. As gestantes com anemia severa deverão receber
maiores dosagens de suplementação, chegando a 60mg/dia. Gestantes
adolescentes devem ter uma dieta que forneça diariamente 18mg/dia de ferro. Caso
esta dosagem não seja suficiente, será necessário suplementação em quantidades
semelhantes ao de uma gestante adulta .

D) IODO
Atua na síntese dos hormônios da tireóide ( T3 triiodotironina e T4 tironina). A
função destes hormônios é aumentar a taxa de oxidação das células do corpo,
aumentando, contudo a taxa de metabolismo basal.
A deficiência de iodo está associada com o bócio endêmico, porém a
gestante com níveis baixos de iodo poderá ter seu filho portador de cretinismo. Esta
doença é caracterizada por retardamento mental e físico, abdome distendido, e
características faciais semelhantes as de crianças com Síndrome de Down.
A cota diária recomendada é de 220g e as principais fontes são os peixes
do mar, crustáceos, espinafre e agrião.
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E) SÓDIO
Durante a gestação ocorre alterações do metabolismo de sódio, sendo que
este nutriente é fundamental para o equilíbrio hídrico no organismo .
O sódio não deve ser restringido para as gestantes que apresentam edema,
tendo em vista que este é um sinal comum desde que não esteja associado com
hipertensão arterial .
As conseqüências da restrição de sal está associada com a hiponatremia
(baixo níveis de sódio sangüíneo) neonatal e também causa danos ao sistema
renina angiotensina aldosterona ,sendo que este encontra-se sobrecarregado no
período de restrição de sódio e tem a função de manter o equilíbrio hidroeletrolítico.
O sódio deve ser consumido com moderação, mesmo que esteja isenta de
hipertensão arterial. As recomendações da CDR para o sódio é de 2 a 3g /dia .

F) ZINCO
É um elemento importante devido a sua presença na insulina e em algumas
enzimas e ser fundamental para a atividade de outras. O zinco compõe a anidrase
carbônica, sendo que esta se localiza nos eritrócitos e tem a função de manter o
equilíbrio ácido-básico no organismo.
O zinco influencia na produção e metabolismo das proteínas e
principalmente na síntese de DNA e RNA que são responsáveis pela divisão
celular, sendo fundamental para reprodução.

Quando as concentrações de zinco está deficiente, ocorrerá inibição da síntese


de DNA e RNA podendo causar diversas complicações no decorrer da gestação.
A deficiência de zinco durante a gestação está associada com distúrbios no
sistema nervoso central, anencefalia, anomalias congênitas, recém-nascidos de
baixo peso, aborto e parto pré-maturo.
Existem substâncias que inibem a absorção de zinco no organismo como os
fitatos e o álcool. Os fitatos estão presentes em alimentos de origem vegetal e
portanto apresentam menor disponibilidade deste nutriente dificultando a absorção
de zinco e cálcio formando o sal fitato- zinco-cálcio.
50

A deficiência de zinco ocorre freqüentemente em gestantes alcóolatras, tendo


em vista que o álcool que o álcool interfere no metabolismo de zinco promovendo
maior perda pela urina e conseqüentemente ocorrerá a hipozinquemia (baixos níveis
de zinco no sangue) além de provocar a síndrome fetal alcóolica. O álcool também
interfere no transporte placentário de zinco, podendo causar o retardamento do
crescimento fetal além de outras complicações (anomalias) citadas anteriormente.
Outro fator importante é que a suplementação de ferro inibe a absorção de
zinco, devido estes dois nutrientes competirem no organismo, causando a
deficiência. As cotas propostas pela CDR de zinco para as gestantes adultas e
adolescentes é de 11mg/dia e este micronutriente está presente nas carnes,
fígado, frutos do mar .

Recomendações de vitaminas e minerais (IDR/2001):


Nutriente 14 a 18 anos 19 a 30 anos

Vit. A (mcg/dia) 750 770


Vit. D (mcg/dia) 5 5
Vit. E (mg/dia) 15 15
Vit K (mcg/dia) 75 90

Vit. B1 (mg/dia) 1,4 1,4

Vit. B2 (mg/dia) 1,4 1,4


51

Vit. B6 (mg/dia) 1,9 1,9

Vit B12 (mcg/dia) 2,6 2,6

Vit C (mg/dia) 80 85

Ferro (mg/dia) 27 27

Folato (mcg/dia) 600 600

Cálcio (mg/dia) 1300 1000

Fósforo (mg/dia) 1250 700

Zinco (mg/dia) 13 11

Magnésio (mg/dia) 400 350

Flúor (mg/dia) 3 3

Selênio (mcg/dia) 60 60

Iodo (mcg/dia) 200 200


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Recomendações – RDA 90

Nutrientes Adolescente Adolescente Adolescente Adulta Adulta gestante Adulta nutriz


14 a 18 anos Gestantes nutriz 19 a 50 anos 19 a 50 anos 19 a 50 anos
14 a 18 anos 14 a 18 anos
Vitamina A 700 770 1300 600 770 1200
(μg)
Vitamina C 65 85 120 65 85 115
(mg)
Vitamina E 15 15 19 15 15 19
(mg)
Folato 400 600 500 400 600 500
(μg)
Cálcio 1300 1300 1300 1000 1000 1000
(mg)
Fósforo 1250 1250 1250 700 700 700
(mg)
Ferro 15 27 10 18 27 9,0
(mg)
Zinco 9 10,5 14 8,0 11 12
(mg)
Cobre 890 785 1300 900 1000 1300
(μg)
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ORIENTAÇÃO ALIMENTAR PARA GESTANTES

ORIENTAÇÃO ALIMENTAR PARA GESTANTES NORMAIS:

No atendimento:
- realizar anamnese alimentar;
- elaborar o plano alimentar;
- esclarecer a paciente o plano diário proposto ;
- fazer modificação na quantidade e/ou qualidade da alimentação de acordo com
a avaliação que a gestante fizer do plano;(é importante a paciente estar
esclarecida e de acordo com o planejado;
- dar orientações gerais tais como:
- Realizar todas as refeições prescritas no plano dietético;
- Consumir 2l de água por dia;
- Consumir alimentos ricos em fibras tais como : (dar exemplos de
alimentos de aceitação da gestante);
- Evitar o consumo excessivo de alimentos de alimentos salgados,
gordurosos e com muito açúcar;
- Consumir alimentos ricos em ferro (ex: carnes vermelhas, fígado, ... citar
exemplos de fácil aceitação) e vit. C (idem, citar exemplos...).

ORIENTAÇÃO ALIMENTAR PARA GESTANTES DE RISCO - BAIXO PESO:


- levantar histórico do déficit de peso;
- realizar anamnese alimentar;
- verificar onde encontra-se o déficit alimentar (qualitativo e/ou quantitativo);
- elaborar o plano alimentar;
- esclarecer a paciente o plano diário proposto ;
- fazer modificação na quantidade e/ou qualidade da alimentação de acordo com
a avaliação que a gestante fizer do plano;(é importante a paciente estar
esclarecida e de acordo com o planejado);
- caso a dieta esteja adequada qualitativamente, aumentar a quantidade total dos
alimentos. Se necessário aumentar o número de refeições. Quando a situação
sócio-econômica da gestante for muito precária, elevar a taxa calórica da dieta,
usando quantidade maior de óleo e açúcar no preparo das refeições;

- estimular a ingestão de alimentos que demonstraram não serem consumidos ou


presente em pouca quantidade na dieta. Consultar lista de substituição de
alimentos oferecendo opções que possam ser mais facilmente atingidas,
54

levando em conta: custo, safra, disponibilidade local, aceitação por parte da


família e facilidade no preparo;

- demais orientações semelhantes das citadas acima.

ORIENTAÇÃO ALIMENTAR PARA GESTANTES - SOBREPESO:


- levantar histórico do execesso de peso;
- realizar anamnese detalhada;
- comparar com plano diário proposto (ver abaixo);
- reduzir gradativamente os alimentos ingeridos em excesso;
- fazer restrições de frituras, açucares simples e alimentos gordurosos;
- orientar para que as carnes sejam preparadas assadas, cozidas ou grelhadas;
- demais orientações semelhantes as sugeridas para gestantes com peso normal.

** Não permitir que a gestante emagreça, mas sim manter o aumento do peso
recomendado.

ALIMENTOS RICOS EM FERRO:

Fígado, vísceras, carnes em geral, feijões em geral, folhosos (coloração


verde escura).

ALIMENTOS RICOS EM VITAMINA C:

Frutas cítricas, pimentão, tomate, manga, caju, goiaba, morango, abacaxi.

ALIMENTOS RICOS EM FIBRA:

Vegetais folhosos, cereais integrais, frutas (mamão, ameixa, laranja,


abacate, abacaxi, uva), farelo de trigo.
55

5. ALEITAMENTO MATERNO
 A prática de aleitamento materno através do tempo

 aleitamento materno como fator fundamental para a saúde da mulher e da


criança

Fisiologia da lactação

 Fatores fundamentais: Glândula mamária íntegra e a presença e ação dos


mecanismos fisiológicos adequados (produção de ocitocina e prolactina).

 O estabelecimento e a manutenção da lactação são determinados por pelo


menos três fatores:
1 – Estrutura anatômica do tecido mamário e desenvolvimento adequado dos
alvéolos, canais e mamilos.
2 – Início e manutenção da secreção do leite
3- Ejeção ou propulsão do leite dos alvéolos para o mamilo

Anatomia da glândula mamária

 A glândula mamária da mulher consiste num sistema de canais embutidos no


tecido intersticial e gordura. O tecido mamário situa-se diretamente sobre o
músculo grande peitoral e é separado desse músculo por uma camada de
gordura.

 O centro da mama completamente desenvolvido na mulher adulta é marcado


por uma aréola, área cutânea circular pigmentada de 1,5 a 2,5cm de diâmetro.
Feixes de fibras musculares lisas no tecido areolar servem para endurecer o
mamilo para a melhor pegada da criança.

 O mamilo é elevado acima da mama, contendo 15 a 20 canais lactíferos


circundados por tecido fibromuscular. Esses canais, dentro desse
compartimento expandem-se para formar curtos seios lactíferos para
armazenamento de leite.

 Os seios lactíferos são continuações dos canais mamários que se estendem


radialmente do mamilo até a parede torácica, com numerosas ramificações
secundárias.
56

O desenvolvimento e maturação da mama na mulher

 estímulo do hormônios foliculares, estimulam a produção de estrogênio e


influenciam no desenvolvimento dos canais e extremidades dos túbulos
mamários (desenvolvimento alveolar).

 A medida que a mulher amadurece e os padrões de ovulação se tornam


estabelecidos, a produção de progesterona nos ovários estimula a segunda fase
do desenvolvimento mamário. Este é marcado pelo aumento do tecido
gorduroso e a formação de tecido fibroso e aumento da mama.

 A glândula mamária de uma mulher não grávida está inadequadamente


preparada para a atividade secretora. Somente durante a gravidez ocorrem
alterações que torna possível a produção satisfatória de leite.

 No 1o trimestre: aumento do número de canais mamários para favorecer a


posterior proliferação das estruturas acinares. No 2 o trimestre: os canais
terminais duplicados formam grandes lóbulos e no 3o trimestre há a maturação
da estrutura acinar – unidade produtora de leite.

Fisiologia da lactação

 A lactação inicia com a produção de colostro nos primeiros dias após o


nascimento. Nos dias subseqüentes observa-se a maturação gradual do leite
produzido. (primíparas: processo mais prolongado)

 O inicio do processo de lactação envolve um mecanismo neuro endócrino


complexo. Ele envolve os nervos sensitivos nos mamilos e na pele adjacente da
mama e da parede torácica, a medula raquidiana, o hipotálamo e a hipófise, com
seus vários hormônios, particularmente prolactina, hormônio corticitropico
(ACTH), glicocorticóides, hormônios do crescimento e ocitocina.

 processo de produção do leite acontece em dois estágios: o processo de


produção e ejeção. Os dois processos ocorrem de forma praticamente
simultânea, embora envolvam estímulos hormonais distintos.

 A produção de leite envolve a síntese de componentes lácteos e a passagem do


produto formado para a luz alveolar. Este processo é decorrente da ação do
hormônio prolactina, produzida pela hipófise anterior. Este age sob as células
alveolares mamárias e estimula a produção e a liberação contínuas de leite. O
estímulo básico para o estabelecimento deste mecanismo é a sucção.
57

 A apojadura ou ejeção do leite é um processo influenciado pela ação da sucção


na produção de ocitocina pela hipófise posterior. Este hormônio entra na
corrente sangüínea e atua nas células mioepiteliais ao redor dos alvéolos,
provocando sua contração e conseqüente expulsão do leite produzido.

 O reflexo de ejeção do leite é sensível a pequenas diferenças nos níveis de


ocitocina circulantes; pequenos distúrbios emocionais e psicológicos.

 Sinais de descida satisfatória do leite:


- Gotejamento de leite das mamas antes da criança começar a mamar.
- Gotejamento de leite na mama oposta a que está sendo sugada.
- Cólicas uterinas durante a amamentação.

Composição do leite humano

Leite: mistura complexa de compostos orgânicos e inorgânicos, diferindo entre as


espécies de mamíferos.

Leite humano: apresenta um concentração de gordura e proteínas reduzida quando


comparado a outros animais, requerendo necessidade de alimentação freqüente,
mas adequada ao processo fisiológico digestivo da criança.

 Embora a composição do leite apresente variações entre os humanos e entre o


leite produzido por uma mesma mãe, não há leite fraco. As diferenças entre
mães não são significativas, salvo na concentração de vitaminas e gorduras nos
quadros de desnutrição materna grave.

 A composição em uma mesma mulher varia com a hora do dia, com o tempo de
amamentação, paridade, idade materna, idade gestacional do parto, variando
inclusive, em uma mesma mamada.
 Colostro:

 Produzido nos primeiros dias de nascimento da criança. Líquido espesso e a


produção varia entre 2 a 10ml/amamentação/dia nos três primeiros dias.

 Apresenta cor amarelada, rico em caroteno, possui menos açúcares e gordura,


mais proteínas e imunoglobulinas. Apresenta menor teor calórico comparado
com o leite maduro: 67 X 75Kcal/100 ml. Possui alto teor de sódio e resíduos.
58

Vantagem: Estabelecimento da flora bífida, eliminação de mecônio, proteção


contra infecções intestinais.
Entre o terceiro e décimo dia o colostro se transforma gradativamente no leite
de transição e, posteriormente, no leite maduro.

 Leite maduro:
Proteínas
Apresenta menor teor de proteínas comparado ao leite de vaca. As principais
proteínas encontradas são a caseína (proteína do coágulo) e a lactalbumina
(proteína do soro).Contém também β-galactalbumina, imunoglobulinas e outras
glicoproteínas. O LH contém 0,8 a 0,9g de proteína por 100ml, comparado a 3,5g
no leite de vaca.

 Outra importante diferença entre o LH e o leite de vaca é a concentração de


caseína e lactalbumina:
LH : 40% de caseína e 60% de lactalbumina
LV: 80% de caseína e 20% de lactalbubina

Caseína: caseinato de cálcio insolúvel – influencia na tensão do coalho. LH


tensão de coalho zero.

 As principais proteínas do soro são a α-lactalbumina (componente protéico


da enzima lactose sintetase), lactoferrina, maior teor de cistina e taurina
comparado ao leite de vaca.

Cistationase: enzima que converte a metionina em cistina , de aparecimento tardio


no feto. Hipermetioninemia: pode lesar o SNC do recém-nascido.

Taurina: O leite humano fornece taurina para a produção de neuro transmissores;

Lipídeos:
Quase 90% dos lipídios no LH estão sob a forma de TCM. O teor de ácido graxo
essencial – ácido linoleico e demais é consideravelmente superior no LH em relação
59

ao leite de vaca, enquanto que os ácidos graxos saturados estão mais presentes no
LV.

Glicídios:
Lactose – fonte principal de glicídios. O LH apresenta quantidades maiores de
glicosaminas – fonte de alimentação da flora bífida.
Lactobacilos bífidos: desdobra glicose em ácido lático e ácido acético, diminuindo o
PH intestinal do recém-nascido.
O LH contém amilase láctea: facilita a digestão dos glicídios.

Concentração de Oligoelementos
Carga de soluto renal proporcionado por vários leites
alimentos Carga aproximada de soluto renal
(mosmol/100kcal)
Leite humano 10
Mamadeira 20
Leite de vaca 40
Leite desnatado 70
Dieta mista 60

PNIAM - PROGRAMA NACIONAL DE INCENTIVO AO ALEITAMENTO


MATERNO
 Objetivos: incentivar o aleitamento exclusivo até seis meses e misto até 2 anos
de idade. Amamentação exclusiva refere-se ao uso de leite materno,
habitualmente até aos 6 meses de vida, como único alimento da criança, não
sendo admitidos chás ou água.
 Estratégias: incentivo a capacitação profissional, introdução do tema em
currículos de 1º e 2º graus, criação de comitês e grupos de trabalho, adoção do
alojamento conjunto, presença materna mesmo em terapia intensiva, criação de
bancos de leite humano, campanhas de massa, controle sobre rótulos de
produtos infantis, incentivo à criação de creches em empresas, incentivo a
efetivação de leis que beneficiem as mulheres trabalhadoras.
 Criação do Hospital “Amigo da Criança” - Maternidades e hospitais que cumprem
os “Dez passos para o sucesso do aleitamento materno”, preconizados pela
60

OMS/UNICEF. Tem por objetivo mobilizar: funcionários dos estabelecimentos


de saúde para que mudem condutas e rotinas responsáveis por elevados índices
de desmame precoce; informar o público em geral; trabalhar pela adoção de leis
que protejam o trabalho da mulher que está amamentando e combater a livre
propaganda de leites artificiais para bebês, bem como bicos, chupetas e
mamadeiras.

“Dez passos para Promoção do Aleitamento Materno”


1. Ter uma norma escrita sobre aleitamento materno, que deve ser
rotineiramente transmitida a toda a equipe de cuidados de saúde;
2. Treinar toda a equipe de saúde, capacitando-a para implementar esta norma;
3. Informar todas as gestantes sobre as vantagens e o manejo do aleitamento;
4. Ajudar às mães a iniciar a amamentação na primeira meia hora após o parto;
5. Mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação, mesmo
quando vierem a ser separada de seus filhos;
6. Não dar a recém-nascidos nenhum outro alimento ou bebida além do leite
materno, a não ser que seja indicado pelo médico;
7. Praticar o alojamento conjunto – permitir que mães e bebês permaneçam
juntos 24 horas por dia;
8. Encorajar o aleitamento sob livre demanda;
9. Não dar bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas ao seio;
10. Encorajar a formação de grupos de apoio à amamentação para onde as
mães devem ser encaminhadas, logo após a alta do hospital ou ambulatório.

Banco de leite humano - Centro especializado, responsável pela promoção do


incentivo ao aleitamento materno e execução das atividades de coleta,
processamento, estocagem e controle de qualidade do leite humano extraído
artificialmente, para posterior distribuição, sob prescrição de médico ou
nutricionista. A extração e armazenamento do leite são orientados pelo próprio
banco.

INFORMAÇÕES ÚTEIS:
1 - Como tirar o leite:
Pegue um vidro com tampa plástica (maionese ou café solúvel);
Retire o papelão da tampa plástica;
Ferva vidro e tampa por 20 minutos. Não seque, só escorra. Coloque a data;
Lave bem as mãos até o cotovelo e escove as unhas (que devem ser curtas)
com água e sabão. Seque em toalha individual;
Procure um local tranqüilo, limpo e longe de animais, não fume ou converse.
Sinta-se relaxada!
Faça massagens circulares nas mamas, com as pontas dos dedos. Despreze
as primeiras gotas;
61

Segure o vidro próximo à mama;


Faça ordenha manual: coloque os dedos onde termina a arrola (parte escura ao
redor do bico) aperte e solte com cuidado até o leite sair.

QUANDO FOR UTILIZADA A BOMBA DE LEITE, FERVER ANTES E NÃO


DEIXAR O LEITE CAIR DENTRO DA PÊRA DE BORRACHA.

2 - Como guardar o leite:


LOCAL Ambiente Geladeira Congelador Freezer
TEMPO 2 horas 24 horas 5 dias 15 dias

IMPORTANTE: NÃO DEIXAR O VIDRO COM O LEITE ENCOSTAR-SE A OUTROS


ALIMENTOS.

Controle sobre rótulos de produtos infantis: através da divulgação e fiscalização


da Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes, respaldadas
por uma ação educativa intensiva, adequada e permanente. Importante, também,
será a adoção de medidas que disciplinem a publicidade de produtos alimentícios
infantis, parceria com as entidades representativas da área de propaganda,
empresas de comunicação, entidades da sociedade civil e do setor produtivo.

Incentivo a criação de creches em empresas: de caráter intersetorial, deve


assegurar condições básicas que permitam às mães amamentar seus filhos até 2
anos, oferecendo horários e locais de trabalho compatíveis com a prática do
aleitamento.

FÁRMACOS e Lactação

Mecanismo de transferência de fármacos para o leite humano

 Medicamentos ministrados à mãe podem afetar desfavoravelmente a


capacidade dos recém-nascidos (RN) em mamarem.

Limitada capacidade de excreção renal do RN

 Contra indicação ao aleitamento: casos raros. Mais comum entre recém-


nascidos prematuros pela imaturidade renal e hepática.

 Na maioria dos casos a droga ministrada à mãe é excretada em quantidades


insignificantes no leite humano: A concentração depende da via de
administração (2% do ministrado é transferido para o leite humano.
62

 A passagem de drogas para o leite materno envolve mecanismos de


transferência via membranas celulares.

capilar endotelial interstício

membrana basal das células alveolares do tecido mamário

Leite Humano

 Mecanismo de excreção das drogas no leite humano:


 Difusão simples (transcelular)
 Difusão passiva: atravessam a membrana das células por calículos de água
principal mecanismo
 Difusão intercelular: grandes moléculas de PTN, imunoglobulinas (não
penetram na célula)
 Ligação por proteínas carreadoras

 Efeitos das drogas: associados a fatores relativos a droga, a nutriz e o lactente

Droga: Nutriz: Lactente:


Via de administração, peso Função renal, função hepática, Absorção no trato gastro-
molecular, lipossolubilidade, composição e volume do leite, intestinal, função hepática,
hidrossolubilidade, capacidade fluxo sanguíneo para a mama função renal.
de dissociação, pico sérico e
ligação com proteínas

Princípios Gerais da Prescrição de Drogas na Lactação

 Relação risco X benefício

 Aspectos práticos para a tomada de decisões:


 Avaliar a necessidade de terapia medicamentosa.: importância na conduta
articulada entre o pediatra e obstetra ou clínico.
 Preferir uma droga já estudada e sabidamente segura para a criança e que
seja pouco excretada no leite humano.
Ex: acetominofem em lugar de aspirina; penicilina em lugar do clorafenicol.
 Preferir drogas liberadas para recém-nascidos e lactentes.
 Preferir terapia tópica ou local, ao invés da oral e parenteral, quando possível e
indicado.
63

 Programar o horário de administração da droga à mãe, evitando que o pico do


medicamento no sangue e no leite materno coincida com o horário da
amamentação.

Outros cuidados:
 Considerar a possibilidade de dosar a droga na corrente sanguínea do recém-
nascido.
 Orientar a mãe a observar a criança com relação aos possíveis efeitos
colaterais: padrão alimentar, hábito de sono, agitação, tônus muscular e
distúrbios gastrintestinais.
 Evitar drogas de ação prolongada pela maior dificuldade de serem excretadas
pelo lactente.
 Orientar a mãe para tirar o leite com antecedência e estocar no congelador
para alimentar o bebê no caso de interrupção temporária da amamentação.

MANEJO NAS PRINCIPAIS INTERCORRÊNCIAS NA PRÁTICA DA


AMAMENTAÇÃO

- Fissura mamária
- Ingurgitamento mamário
- Mastite
- Abscesso mamário
- Hipergalactia
- Hipogalactia
- Bicos achatados, invertidos, pseudo-invertidos

Para aprofundamento sobre manejo das intercorrências e técnicas


de amamentação consultar: REGO, J D (org). Aleitamento materno. São Paulo:
Atheneu, 2001.518p.
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6. Necessidades nutricionais da mulher na lactação

Durante a lactação da mulher necessita de um aporte calórico superior ao da


gravidez. As demandas decorrem da cota energética do leite produzido e do custo
metabólico exigido para o processo de produção de leite. As recomendações de
micronutrientes segundo as RDI (2002).
A suplementação medicamentosa de ferro pode continuar a ser necessária
por mais três meses a depender dos níveis de hemoglobina sérica da mulher ao
final da gestação e no pós-parto imediato.

NECESSIDADES ENERGÉTICAS ADICIONAIS DURANTE A LACTAÇÃO

Aleitamento Volume de leite Custo energético de Custo energético da


(meses) (ml/dia) leite (kcal;dia) produção de leite
(kcal/dia)
Exclusivo
0-2 710 476 119
3-8 800 536 134
Parcial
0-5 600 402 101
6-8 590 395 99
>=9 440 295 74

Média de leite secretado: 800ml/dia


Valor energético do leite materno: 67 kcal;100ml
Valor energético do leite secretado:560kcal
Eficiência na conversão de energia alimentar em energia Láctea:80%
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Recomendações energéticas
Conteúdo energético médio de leite de mães bem nutridas: 67kcal/100ml
Eficiência na conversão de energia alimentar em energia Láctea: 80%
Secreção média de leite: 807ml/dia (807X0,67, 0,8= 675kcal/dia
Mobilização das reservas de tecido adiposo materno durante a gravidez : 170kcal
por dia
675-170= 505kcal adicionais para mulheres que fizeram reserva
CALORIAS ADICIONAIS REQUERIDAS: 505kcal/dia até o 6º mês pós parto e
460 KCAL no 2º semestre.
OBS: para mulheres que não fizeram reserva adiposa na gestação o adicional
deverá ser de 675kcal por dia no 1º semestre.

CÁLCULO DO VET DA NUTRIZ:


VET=TMB X FATOR ATIVIDADE+ ADICIONAL ENERGÉTICO (505
KCAL no 1º semestre e 460 KCAL no 2º semestre)

SITUAÇÕES:

BAIXO PESO PRÉ-GESTACIONAL: utilizar o valor do peso de referência dentro


da margem do IMC normal no cálculo da TMB

SOBREPESO E OBESIDADE: considerar a necessidade de reduzir ou não incluir


o adicional calórico
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA. Nutrição em obstetrícia e pediatria. Cultura


Médica E Guanabara Koogan, 2ª ed, 2009.

Brasil; Ministério da Saúde (MS). Pré-natal e Puerpério. Atenção qualificada e


Humanizada. Manual Técnico; Brasília, 2006.

CORRÊA, M D. Noções práticas de obstetrícia. Rio de Janeiro: MEDSI; 12 a ed,


1999, 797p.

DUNCAN,B.B.; SCHIMIDT,M.I. ; GIUGLIANI, E.R.J e cols. Medicina Ambulatorial:


condutas Clínicas em Atenção Primária . Porto Alegre: Editora Artes Médicas,
2a edição, 1996.

ENGSTRON, EM; OLIVEIRA E SILVA, D; BARROS, D et al. SISVAN:Instrumento


para combate aos distúrbios nutricionais em serviços de saúde. RJ: ed
FIOCRUZ, 2002, 2a ed; pag 63-84.

REGO, J D (org). Aleitamento materno. São Paulo: Atheneu, 2001.518p.

REZENDE, J. Obstetrícia fundamental. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.

-
CASO CLÍNICO

Mulher, 23 anos está na 12º semana da sua primeira gestação. Trabalha como
manicure em um salão de beleza. Ela mede 1,67m e pesa 54,4kg. Seu peso antes
da gestação era de 53,5kg. Pressão arterial 120 x 80mmHg e hemoglobina sérica
de 8,4 mg/dL. Paciente relata fumar 1 maço de cigarro por dia e beber cerveja nos
finais de semana. História pregressa de grande fluxo menstrual.

História dietética:

Desjejum/ Alimento Quantidade


06:30h
Café 1 copo
c/leite duplo
nivelado
Pão 1 unidade
francês
manteiga ½ colher
de chá
rasa
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açúcar 1 colher de
sopa
Almoço arroz 4 colheres
14:00h de sopa de
arroz
cozido
feijão 5 colheres
de sopa de
feijão
cozido
bife 1 unidade
média
Jantar macarrão 4 colheres
22:00h de sopa
cheia de
macarrão
cozido
Carne 2 colheres
moída de sopa de
carne
moída
TOTAL

Pede-se:
a) avaliação do consumo alimentar;
b) avaliação do estado nutricional (avaliação antropométrica e laboratorial);
c) conduta dietoterápica;
d) recomendações e orientações;
e) exemplo de cardápio.

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