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CAPÍTULO 1

“Senhora?”
Eu ouvi uma voz ao longe me chamando. Uma voz de mulher.
Mas quem poderia ser? Minha mãe? Não. Eu estava bem
longe de casa. Talvez o mais longe de casa que eu poderia
estar. Mais precisamente indo para o outro extremo do
planeta. Agora eu me lembrava das palavras da minha mãe e
não me pareciam mais tão sábias. Eu estava sozinha e ela não
estaria lá para me proteger. Isso me assustava.
“Senhora?”, a voz insistiu em me acordar e eu abri meus olhos
relutantemente. Minhas costas doíam. Na verdade, eu estava
exausta. Apesar de estar há quase 12 horas dormindo, eu
estava exausta.
-Pois não? -Respondi.
-A senhora gostaria de um lanche? -A aeromoça ofereceu,
simpaticamente.
-Sim, obrigada. -Peguei o lanche e deixei na bandejinha à
minha frente. Eu não estava com fome, mas sabia que ainda
estava muito longe de sair daquele avião. Na verdade, eu
estava assustada só de pensar nos meus próximos dias. Pela
janela do avião, eu só via água e mais água, e isso me fazia
refletir o quanto nós somos minúsculos. Esse mundo é muito
grande e nós somos muito pequenos. Eu não deveria ter
aceitado ir para tão longe, mas não era algo que eu poderia
recusar. A minha mãe fez parecer uma ótima ideia. Para ela,
se eu fosse passar um tempo na Coréia do Sul com o meu pai,
eu poderia treinar o meu inglês e tirar a minha dupla
cidadania. Além disso, um intercâmbio é muito valorizado no
nosso falido país. Seria ótimo para o meu currículo. Ela
também me convenceu que depois de tantos anos sem nem
um telefonema, meu pai estava com saudades e queria rever a

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amada filha. Que piada! Depois de ter se casado novamente e
ter feito dois filhos homens como ele sempre quis, o que ele
iria querer com a filha rejeitada brasileira que ele nunca
visitou nem no natal?
Eu não deveria ter vindo. Não deveria ter pego esse avião. Já
estava arrependida no primeiro dia, mas não tinha mais como
voltar. A não ser que houvesse um paraquedas e um bote no
avião. Olhei pela janela mais uma vez. Pelos quadrados de
vidro do avião eu observava as nuvens que pareciam uma
camada de algodão e abaixo delas, o mar que parecia um fino
lençol de seda e tudo isso tingido de laranja pelo pôr do sol.
Um salto bem alto, refleti. Talvez não seja tão ruim assim ir
para a Coreia. Um país desenvolvido, deve ser legal.
Meus pensamentos pendiam entre o que poderia acontecer
comigo de pior e de melhor nesse lugar estranho para mim e
eu sabia que a viagem ainda iria ser muito longa, então achei
melhor voltar a dormir mais um pouco. Quem sabe assim, o
tempo não passava mais rápido?
Após longas 22 horas de voo, chegamos enfim ao nosso
destino. As pessoas faziam fila para sair do avião e eu tentava
com dificuldade pegar a minha bolsa. Eu não sabia que ela
estava tão pesada. Ou será que era eu quem estava destruída
pelo cansaço? Mais tempo na fila significava mais tempo em
pé segurando a minha bolsa pesada, então eu achei que seria
uma boa ideia esperar até que as pessoas saíssem primeiro, já
que elas estavam com tanta pressa. Eu não estava com pressa
nenhuma de reencontrar meu pai que eu não via há dezenove
anos. Também não sabia como iria me encontrar com ele.
Certamente ele não iria me reconhecer depois de todos esses
anos. Será que a minha mãe enviou uma foto minha para ele?
Eu logo iria descobrir. Peguei meu telefone que já estava
quase descarregado para tentar ligar para ele, mas o telefone
estava sem área. Gênio, óbvio que não teria sinal da vivo na
Coréia. Suspirei por um instante e olhei ao redor, jogando a
bolsa pesada no chão e tentando encontrar meu pai.

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Foi quando eu o vi.
No meio da multidão, de óculos escuros, cabelos negros e
lisos que pendia em sua testa e contrastavam muito bem com
a sua pele branca. Abaixo dos grandes óculos escuros, tinha
uma boca linda com lábios grossos e
generosos. Ele devia ter a minha idade e era
lindo. Meu coração parecia querer saltar
para fora do peito. Eu nunca tinha visto
alguém assim. Não que não houvessem
caras bonitos no Brasil, mas ele era
diferente. Eu não sei por quanto tempo eu
fiquei admirando aquele rapaz até perceber
que ele segurava um cartaz com algo
escrito.
“Jacqueline.”
Ué, mas sou eu? Quantas Jacquelines poderiam haver na
Coréia?
Olhei ao redor mais uma vez, tentando encontrar meu pai ou
alguma outra placa com o meu nome para me certificar que
não era um engano.
Não havia ninguém. Somente esse ser lindo de outro mundo,
ou melhor, do outro lado do mundo. Peguei minha bolsa
pesada e comecei a caminhar em direção a ele, receosa.
Talvez se eu andasse devagar, a outra Jacqueline poderia
chegar antes de mim e leva-lo embora e isso me pouparia a
vergonha de me apresentar a um desconhecido por engano.
Mas ninguém apareceu. E quanto mais eu me aproximava,
mais lindo ele ficava. Até que eu já estava há uns dois metros
de distância e ele me notou. Ao me ver, abriu um largo e
brilhante sorriso e falou algo em coreano que eu não entendi
nenhuma vírgula. Eu apenas fiquei observando-o, sem
entender. Será que eu estava falando com a pessoa errada? Ele

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continuou falando em coreano, mas que porra você tá
falando? Meu Deus do céu!
-Eu não falo coreano. -Eu disse em inglês, finalmente.
-Ah, me desculpe! Inglês você fala? -Ele respondeu sorrindo,
em inglês também e eu assenti com a cabeça, afirmando. -
Jacqueline, é você?
-S-Sim. -Respondi, receosa. -Quem é você?
-Meu nome é Park Jimin, muito prazer! -Ele disse e se curvou
em uma espécie de reverência.
Será que era assim que os orientais cumprimentavam as
pessoas? Seria um desrespeito não o cumprimentar de volta,
não é? Então decidi imitá-lo. Que tipo de nome é Park? Eu
fiquei pensando por alguns segundos, mas resolvi não
perguntar pois poderia ofender.
-Você veio me buscar? -Perguntei, desconfiada.
-Sim, dongsaeng. O seu pai pediu para eu vir no lugar dele
pois ele estaria muito ocupado.
Típico. Burrice minha achar que meu pai iria vir me buscar
no aeroporto.
-Sim, mas quem é você? -Perguntei, curiosa.
-Eu sou seu oppa! -Ele sorria lindamente e eu não entendia
bulhufas do que ele falava. Será que ele tinha dificuldade com
o inglês?
-Desculpa, o que? -Perguntei, confusa.
Ele riu. Parecia estar se divertindo com a minha desgraça. Ele
então pegou a bolsa da minha mão e começou a caminhar.

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-Deve estar cansada da viagem, né? Deixa que eu carrego as
suas malas! Enquanto você estiver aqui, vou te ensinar
algumas coisas sobre a cultura coreana, okay?
-Ok. -Respondi.
-Eu sou seu oppa. E o Yoongi hyung também é seu oppa. É
como as mulheres chamam os irmãos, okay? Então me chame
de oppa.
-Oppa... -Eu repeti, treinando e ele riu.
-Muito bom! -Disse ele. -E você é minha noona. Minha irmã.
O Yoongi hyung deve te chamar de noona também.
-Sim, mas o que é Yoon...
-Yoongi? -Ele completou.
-Isso!
-Não “o que”! -Ele riu. –“Quem”. Ele é meu irmão. Meu
hyung.
-Ah, por isso você o chama de Yoongi hyung?
-Isso. Aqui usamos honoríficos para nos referirmos às
pessoas. Então sempre temos que falar com elas pelos
honoríficos.
-Então você é Park Oppa? -Eu achei que estava começando a
entender, mas ele começou a rir da minha cara e eu percebi
que estava muito longe de entender a Coreia.
-Não, -Ele começou a me explicar com a maior paciência do
mundo. -eu sou Jimin Oppa. Park é meu sobrenome. Aqui
usamos o sobrenome primeiro e o nome depois.
Eu respirei fundo. Que país complicado!
Como se ele pudesse ler meus pensamentos, ele me olhou
docemente e disse:

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-Vai ficar tudo bem! Você logo vai aprender.
Os olhos dele tinham uma doçura que me hipnotizavam.
Apesar da beleza de um homem, ele tinha o sorriso de um
menino que me trazia a sensação de que tudo iria ficar bem de
verdade no final.
Ele então, tirou o cachecol que usava em seu pescoço e
enrolou no meu e eu me surpreendi com seu ato.
-Você precisa se agasalhar se não quiser pegar um resfriado.
-Ele disse e abriu um sorriso.
-Eu...
E abriu a porta do táxi para mim.

CAPÍTULO 2
Jimin era um anjo, um perfeito cavalheiro. Era bonito,
inteligente, educado e aparentemente podia conversar sobre
tudo! Seu inglês era muito bom e ele até me ensinava algumas
palavras em coreano. Ele tinha toda a paciência e boa vontade
do mundo comigo e sempre me ajudava.
Obviamente eu estava perdida. Olhava pela janela do táxi e
nada me era familiar. Nem as letras das placas eu conseguia
entender. Tudo era escrito em hangul o qual eu nunca tinha
tido contato antes. A minha mãe era brasileira e nunca visitou
a Coréia. E eu, era a primeira vez que saía do país. Eu teria
que depender totalmente do Jimin, até para comprar um pão
na padaria. Aliás, será que tem padaria aqui?
Suspirei cabisbaixa, chateada com aquela situação. Jimin
percebeu e, delicadamente levantou meu queixo para
encontrar meu olhar.
-O que foi? -Ele perguntou, preocupado.

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-Nada. -Respondi, sem jeito. Meus problemas não tinham que
ser um estorvo para ele.
Ele pensou por um instante e então perguntou:
-Você já comeu?
Realmente eu não havia comido depois de tantas horas de
viagem.
-Vamos comer em algum lugar? Você deve estar faminta!
Eu assenti com a cabeça. Jimin era atencioso e sabia como
fazer uma menina se sentir especial. Eu confesso que se ele
continuasse sendo tão carinhoso eu não sei o que seria de
mim.
Paramos em um mc donalds e ele pagou a conta do táxi. Ele
também traduziu o cardápio para mim e pediu o meu lanche
em coreano. Até falando com a atendente ele não
economizava aquele lindo sorriso e eu não sei o que a
atendente estava falando mas pelo sorriso e jeito dela com
certeza estava dando mole pra ele. Mas eu não a culpava. Ele
era lindo.
Nós conversamos e nos divertimos bastante antes de irmos
embora. Ele era um doce e eu estava adorando sua companhia.
Ao chegarmos em minha nova casa, ela carregou minhas
malas para dentro e abriu a porta para mim. Não havia
ninguém em casa e ele me apresentou ao meu quarto.
-Muito obrigada, Jimin! -Eu o agradeci e ele respondeu com
um lindo eye smile que me fez sorrir involuntariamente.
Assim que Jimin saiu, eu me joguei na cama pensando no meu
futuro naquele lugar e acabei adormecendo.
No dia seguinte, acordei e fui direto tomar um banho. Peguei
as minhas coisas me direcionando ao banheiro e, ao abrir a
porta, gelei ao dar de cara com um rapaz sem camisa em pé à
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minha frente. Ele era um pouco mais alto do que eu e tinha a
pele branca como mármore. O seu peitoral era magro e bem
definido e eu sem perceber, deslizei o olhar para baixo antes
dele bater a porta na minha cara de repente. Só então eu
acordei do meu transe e percebi que estava encarando aquele
rapaz que eu nunca havia visto na minha vida. “Meu Deus!”,
eu pensei levando a mão à boca. “Ele vai pensar que eu sou
louca ou tarada! O que eu faço? Ficar aqui na porta esperando
ele sair? Ele vai pensar que eu estou perseguindo ele! Melhor
ir pro meu quarto e esperar.” E foi o que eu fiz. Mas ele não
apareceu. Jimin havia dito que ele tinha outro irmão então
devia ser ele. Como era mesmo o nome? Não conseguia me
lembrar. Depois de um tempo decidi voltar ao banheiro, já que
ele já devia estar liberado. Mas dessa vez eu iria bater na porta
e evitar outra cena constrangedora. O banheiro estava vazio e
para meu alívio, tomei meu banho tranquilamente. Logo
depois, desci para tomar café da manhã, mas na geladeira só
haviam embalagens em coreano e eu não conseguia entender
nada. Peguei algumas embalagens de Yakult já que era a única
coisa que eu conhecia e fechei a porta da geladeira com o pé,
virando-me para ir para a sala, mas fui impedida por uma
criatura parada à minha frente que me assustou e fez com que
eu derrubasse os yakults todos no chão. Levei uma mão ao
peito e enquanto usava a outra para me apoiar no balcão da
cozinha tentando recuperar o fôlego por causa do susto.
-Meu deus! -Exclamei. -Você me assustou!
Mas ele não respondeu. Ele apenas me encarava seriamente
com os braços cruzados à minha frente.
-O que foi? Você não fala inglês?
Ele continuou me encarando e apenas respirou fundo, sem
falar nada.
-Pronto. Você não fala inglês e eu não falo coreano. Não sei
como eu vou falar com você.

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Peguei os yakults do chão e passei direto por ele, em direção
à sala, mas ele impediu minha passagem colocando a mão na
parede e bloqueando à frente do meu rosto com seu braço
antes de eu passar.
Eu me surpreendi com aquela atitude e virei o rosto para
encontrar seu olhar que estava bem próximo do meu.
-O que é isso?
-Você não tem educação não? -Ele disse, finalmente.
-Você fala inglês? -Perguntei, surpresa.
-Falo melhor que você. Quem te deu permissão para pegar a
minha comida?
-Ah... -Olhei para os yakults que eu estava segurando. -Isso...
-Você fechou a porta da geladeira com o pé e entrou no
banheiro sem bater mesmo sabendo que há 3 homens nessa
casa. Você não tem noção nenhuma? -Ele me repreendeu.
-Olha, me desculpa por aquilo, tá legal? Eu não estou
acostumada a ter homens em casa! -Falei irritada pelo modo
como ele estava falando comigo.
-Mas você ficou me olhando! -Ele me acusou.
-Eu?! Você só pode estar louco! -Obviamente neguei até a
morte.
-Ah, tô louco? -Debochou. -Então porque você está
vermelha?
Meus olhos se abriram em surpresa e eu levei a mão ao rosto
que estava quente. Tentei então sair dali para evitar um
constrangimento maior, mas ele me pegou pelo pulso.
-Me larga, por favor!
-Devolve o que você pegou. -Ele ordenou.

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Meu sangue ferveu. Ele estava me tratando como uma ladra.
Peguei os yakults e coloquei em cima da bancada enquanto
ele me observava satisfeito. Então, peguei uma embalagem,
tirei o lacre e despejei o líquido todo na cabeça dele.

-또라이! -Ele gritou algo em coreano que com certeza devia


ser um xingamento. -Você é maluca?
-Maluco é você que quer regular o que eu posso comer dentro
da casa do meu próprio pai!
-Esses yakults não são seus pra você tomar! -Ele disse com
raiva.
-Foda-se! -Respondi e saí dali irritada.
Cara maluco! Tudo isso por causa de uma porra de Yakult!
Não custava nada ele deixar eu beber... Saí de casa e sentei na
grama num canto do quintal e fiquei ali um tempo, pensando
na minha vida e espairecendo. Ele realmente tinha me tirado
do sério. Depois de um tempo, vejo-o saindo de casa de roupa
trocada e com uma sacola de plástico na mão cheia com os
yakults e achei estranho. Resolvi então segui-lo escondida
para ver aonde ele iria.
Algumas quadras depois dali, ele entrou em uma grande casa
com uma linda fachada e uma placa que dizia alguma coisa
em coreano que obviamente eu não conseguia ler nada.
Também não poderia entrar, pois não saberia falar com
ninguém e poderia ser descoberta.
Resolvi então tirar uma foto da fachada e jogar no tradutor.

“고아원”

Qual foi minha surpresa quando vi a palavra “orfanato”


escrita na tela do celular.

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CAPÍTULO 3
-Orfanato?! -Pensei em voz alta.
“Não é possível que aquele estúpido estava fazendo
caridade... Então por isso ele ficou tão irritado comigo por ter
pego sem pedir!”, pensei. “Sou uma idiota! Com certeza
absoluta eu sou uma idiota. Não devia ter bebido algo dos
outros sem permissão, mesmo que fosse só um Yakult! Ahhh
o que eu faço? Eu ainda joguei Yakult na cabeça dele e molhei
ele todo, meu Deus do céu, eu sou uma retardada!”
-Você tá me seguindo?
Dei um pulo ao ouvir a sua voz. Fiquei tão surpresa pela
descoberta que nem percebi ele se aproximando. De onde ele
saiu?
-Você vai me dizer por que tá me seguindo? Eu devo me
preocupar? -Ele insistiu.
-Eu não estou te seguindo! Eu não sou uma maníaca, tá? -
Respondi, irritada.
Ele apenas me olhou com uma sobrancelha erguida e eu
assumi:
-Tudo bem, eu estou te seguindo. Mas não é o que você está
pensando!
Ele continuou sem responder e apenas cruzou os braços me
encarando como se esperasse uma explicação bem
convincente e eu já estava ficando sem jeito porque
obviamente eu não tinha nenhuma.
-Ahn... -comecei, pensando no que iria falar.
-O que foi? Você não fala inglês? -Ele me cortou, me
provocando com a minha própria fala. -Eu estou com um
pouco de pressa agora, então se você não sabe falar inglês, eu
não sei como eu vou falar com você.
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-Me desculpa, tá legal? -Praticamente cuspi as palavras,
irritada e ele me encarou surpreso. Me arrependi rapidamente,
pois eu realmente estava arrependida de tê-lo tratado mal, mas
estava envergonhada demais pra conseguir formar uma frase
coerente.
-Aqui na Coréia nós nos curvamos quando pedimos desculpas
sinceras. -Ele disse, sério.
-Eu não vou me curvar para você! -Falei irritada.
Ele apenas me olhou de cima a baixo e me deu as costas.
-Aonde você vai? -Indaguei.
-Eu tenho mais o que fazer e pessoas melhores para gastar
meu tempo.
-Eu não sou uma pessoa ruim! -Respondi, rapidamente. -Eu
não sabia! Você devia ter me dito que os yakults eram das
criancinhas órfãs... -Tentei amenizar.
-E faz diferença? -Ele respondeu friamente. Aquilo me
acertou como um tapa na cara, já que realmente não fazia. Eu
não devia pegar nada que não fosse meu sem autorização e eu
estava me sentindo cada vez pior por isso.
-Você tem razão... -Minha voz falhou. Eu estava prestes a
chorar e ele apenas me encarava sem esboçar nenhuma
expressão. -Me desculpe pelo modo como eu te tratei hoje.
Meu rosto estava quente e eu estava muito envergonhada. Ele
não havia falado quase nada mas eu havia entendido. Ele
estava certo. Então eu me curvei.
-Me desculpe... -Minha voz soou embargada.
Ele então suspirou e me levantou pelos ombros.
-Tá tudo bem. -Yoongi me consolou. Ele pareceu pensar por
um instante e então disse: - Quer vir comigo?

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-Ãhn?
Me surpreendi com o convite e ele me puxou pelo braço em
direção ao orfanato.
Ao entrarmos fomos recebidos por uma senhora com um
sorriso bondoso que falava em coreano e sorria para mim. Ela
disse algo e me abraçou e Yoongi respondeu rapidamente
ainda em coreano e balançava os braços em negativa como se
estivesse explicando alguma coisa. A senhora então ergueu as
sobrancelhas surpresa e soltou uma gargalhada. Eu não estava
entendendo nada e apenas sorria pra não parecer antipática. A
senhora então saiu andando e rindo e eu fiquei sem entender
nada. Olhei para Yoongi e ele me puxou pelo braço sem me
encarar.
-O que ela disse? -Perguntei, curiosa.
-Hum? -Yoongi não me olhou.
-O que que ela disse? -Repeti. -Não entendi nada, você nem
traduziu.
-Ah! -Ele riu nervosamente. -Não foi nada demais. Ah! Hari-
ah!
Ele foi interrompido por uma linda menininha que veio
correndo e o abraçou:
-Oppa! -Ela gritou.
Eles conversaram em coreano e eu apenas assisti achando tão
fofa aquela cena! Yoongi estava ajoelhado para ficar do
mesmo tamanho que Hari e ela devia ter uns 7 anos mas falava
muito e eu imaginei sobre o que eles poderiam estar
conversando. Sem perceber, estava formado um sorriso bobo
no meu rosto enquanto eu viajava vendo aquela cena. Meus
devaneios foram interrompidos quando os dois viraram para
mim e Yoongi soprava na orelha de Hari algumas palavras
que ela repetiu:

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-Oi... Meu nome é Min Hari... eu tenho 7 anos... Prazer em
conhecê-la... -Ela perguntou algo pra Yoongi que se
surpreendeu e me olhou por um instante, então ele disse no
ouvido dela e ela repetiu. -Você é linda... Quando eu crescer
quero ser como você!
Eu me surpreendi com as palavras de Hari.
-Obrigada... -Respondi sem jeito.
-Gomawo. -Yoongi falou.
-Que?
-Gomawo significa obrigado. -Ele sorriu.
Era como se ele estivesse traduzindo para que nós
pudéssemos conversar e eu fiquei muito comovida naquele
momento.
A tarde toda foi assim. Yoongi traduzia as coisas que as
crianças diziam e eu respondia com a ajuda dele. Ele também
leu para as crianças e as incentivava a ler também. Eu peguei
um livro infantil todo em coreano e me diverti com o fato de
crianças conseguirem entender aquilo e eu não. No final,
Yoongi distribuiu os Yakults para as crianças que leram partes
do livro como recompensa.
Foi mais divertido do que eu pensei e eu não me senti
deslocada porque ele estava ali comigo.
Quando estávamos indo para casa, me lembrei da senhora do
orfanato.
-A propósito, o que aquela senhora disse mesmo?
-Que senhora? -Ele perguntou com o canudo da Coca-Cola
que estava tomando ainda na boca.
-A do orfanato.

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Yoongi se engasgou com a Coca-Cola:
-Ah, porque você voltou nisso? -Ele parecia inquieto.
-Porque? -Eu não entendia o que ele estava escondendo.
Ele então coçou a cabeça sem jeito e disse:
-Ela achou que você fosse minha namorada.

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