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1 As Comunidades ribeirinhas do Pantanal do Mato Grosso do Sul

No presente capítulo são abordadas especificidades das populações


lindeiras aos rios pantaneiros em caráter complementar às análises realizadas
por distritos, nos quais se inserem estas comunidades. Basicamente, tais
populações estavam estabelecidas à margem dos rios Paraguai, Paraguai Mirim,
São Lourenço, Taquari e Negrinho.

Ribeirinho é uma referência ao morador de beira de rio que encontra nos


recursos hídricos, e nos demais elementos naturais circundantes, os meios de
vida e produção. Para estas populações, rios são elementos estruturantes dos
sistemas culturais, sendo mais do que uma fonte para o provimento dos bens
necessários à subsistência humana. Para os ribeirinhos, os rios são ainda, o
principal - e às vezes o único - recurso para a mobilidade: o meio que possibilita
os deslocamentos sobre o território e o contato entre as comunidades e com o
mundo exterior.

Estas interações entre os seres humanos e a natureza determinam a


elaboração, de uma maneira simbólica, de um conjunto de crenças e valores
relacionados à ocorrência de fenômenos, tais como: as oscilações entre as
cheias e as secas, a morte de grande quantidade de peixes e outros animais em
certos períodos, as interações entre as demais criaturas vivas entre si, as
representações de saúde e doença, entre outros. Do ponto de vista prático, o
modo de viver ribeirinho implica a elaboração de utensílios para a mediação da
relação dos seres humanos com o rio, como os aparatos que dão suporte à
pesca, à coleta, à navegação e ao uso da água para o consumo humano.

No caso específico das populações residentes às margens dos rios e


outros elementos hídricos no Pantanal do Mato Grosso do Sul, observa-se que
uma porção considerável dos mesmos, inclusive entre criadores de gado,
reproduz parcialmente estas características reconhecidas, pela literatura
especializada, nos ribeirinhos tradicionais. É preciso tratar, portanto, também
estes indivíduos e suas famílias como ribeirinhos, ainda que o conceito, neste
caso específico, ganhe contornos especiais. Deixar de tratar estas populações
como ribeirinhas, poderia impor limitações e dificuldades à compreensão dos
seus sistemas sociais. É reconhecível, entre grupos de indivíduos que praticam
uma incipiente agricultura e a criação de animais para a própria subsistência, de
forma autônoma ou empregados em estabelecimentos pecuários, certos hábitos
e costumes típicos aos ribeirinhos - como os deslocamentos exclusivos por via
fluvial e a utilização do pescado, obtido de forma direta pela pesca artesanal,
como complemento à dieta alimentar. Tais indivíduos, juntamente com suas
famílias habitam as margens dos rios Paraguai, São Lourenço, Piquiri, Paraguai-
Mirim, Taquari e Nabileque em praticamente todas as regiões banhadas por
estes rios e que formam o Pantanal sul-mato-grossense.

As informações coletadas para este estudo permitiram reunir os domicílios


e estabelecimentos agropecuários lindeiros aos rios pantaneiros em grupos de
atores sociais definidos pelo tipo de interação sociocultural e socioeconômica
com os elementos ambientais presentes nas regiões em que vivem. Em termos
objetivos foi organizada a seguinte tipologia: 1) isqueiros e/ou pescadores -
ribeirinhos tradicionais, 2) indígenas, 3) habitantes de estabelecimentos
pecuários – criadores de gado em margem de rio, 4) habitantes de RPPN em
margem de rio, 5) habitantes das comunidades lindeiras ao rio Taquari e 6)
habitantes da localidade Porto do Índio e escola Jatobazinho.
Figura 1 – Grupos de atores sociais lindeiros aos rios do Pantanal sul-mato-grossense

Fonte: CSE Pantanal, 2016

Como se vê, para os interesses do presente estudo, são tomadas como


ribeirinhas as famílias cujo modo de viver, ou produzir, depende de maneira
direta dos cursos d’´agua, como é o caso dos pescadores/coletores, ou indireta
como se percebeu entre os produtores rurais que se dedicam à pecuária -
extensiva ou de subsistência e às formas incipientes de agricultura, como o
cultivo da mandioca, os quais se utilizam das vias aquáticas para os seus
deslocamentos e/ou transporte de bens. A alusão aos produtores rurais, que aqui
se faz, restringe-se aos trabalhadores de fazendas de criação de gado bovino
que habitam os locais de embarque, chamados portos, como Porto Santana,
Porto Abath, Porto Sagrado e Porto São Benedito no rio Taquari e Porto do
Alegre, no rio São Lourenço e Porto Chané, no rio Paraguai.

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