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Alberto Caeiro

“O guardador de Rebanhos”
(Poema I)
“Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é.
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem por que ama, nem o que é amar...”
CAEIRO, Alberto
Alberto Caeiro
 Criado por Fernando Pessoa em  Filosofia de Caeiro:
8 de Março de 1914. ◦ é anti-religião;
 Segundo Pessoa: ◦ é anti-metafísica;
◦ nasceu em Lisboa (1889); ◦ é anti-filosofia;
◦ morreu tuberculoso em 1915; (26
anos)
◦ viveu quase toda a sua vida no
campo;
◦ só teve educação primária e não
teve profissão;
◦ escreve por inspiração (fazer
poesia é uma atitude involuntária,
espontânea)

Porque vive no presente e não


quer saber do passado nem do
destino.
 Caeiro consegue atingir a paz e a felicidade ao recusar o pensamento
(“pensar é estar doente dos olhos”), pois quando se pensa o mundo fica
incerto e sem pensar seriamos todos felizes. Então Caeiro não é atingido
pela dor de pensar.

 É o criador do sensacionismo, pois vive das sensações e sente sem pensar,


não procurando assim qualquer sentido para a vida ou o universo, porque
lhe basta aquilo que vê e sente em cada momento.

 Para Caeiro o “único sentido oculto das coisas / é elas não terem sentido
oculto nenhum” e “as coisas não têm significado, têm existência”, e a sua
existência é o seu próprio significado.

 Caeiro tem uma postura objetiva do mundo, aceitando-o como ele é e com
alegria ingénua e contemplação, sem refletir sobre tal.
 Ao submeter o pensar ao sentir,
permite-lhe:
 A verdade absoluta para ◦ viver sem dor;
Caeiro é existência ◦ envelhecer sem angústia e morrer
material das coisas sem desespero;
principalmente da ◦ não procurar encontrar sentido
Natureza, e para ele para a vida e para as coisas que
existia uma divindade no lhe rodeiam;
mundo. ◦ sentir sem pensar;
 Caeiro aceitava o ◦ ser um ser uno (não
presente sem questionar fragmentado);
sobre o futuro ou pensar
sobre o passado, vivendo
assim de maneira calma e
de maneira natural.
 Devido a maneira como
vive tudo o que vê é uma
eterna novidade.
Alberto Caeiro – O mestre
 Caeiro é considerado o Mestre de Fernando Pessoa e dos outros
Heterónimos, pois:
◦ Recusa do pensamento: Elimina assim a dor de pensar e alcança a felicidade;

◦ Sensacionismo: Ao substituir a “doença” pensamento pelas sensações objetivas,


mostra que nada existe para além do que é percetível pelos sentidos;

◦ Aceitação serena do mundo e da realidade tal qual eles são: As coisas são o que
são, não têm significados ocultos (são a sua aparência) e o poeta aceita-as sem
as pensar/questionar, visto que "pensar é não compreender“

◦ Comunhão com a Natureza: Submete-se às leis naturais e não pensa sobre os


acontecimentos naturais, nem os nega, por isso não existe significados ocultos na
Natureza;

◦ Olhar ingénuo sobre o mundo: Aceita as ideias de vida e de morte sem refletir;

◦ Neopaganismo: Adota uma visão pagã da existência.


“O guardador de Rebanhos”
 Os poemas de “O Guardador de Rebanhos”, segundo Pessoa, foram
escritos na noite de 8 de Março de 1914, de um só fôlego, sem
interrupções. Esse processo criativo espontâneo traduz exactamente a
busca fundamental de Alberto Caeiro: completa naturalidade.
 Alberto Caeiro apresenta-se como um simples “guardador de rebanhos”,
que só se importa em ver de forma objectiva e natural a realidade, com a
qual contacta a todo o momento. Daí o seu desejo de integração e de
comunhão com a natureza.
Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr de sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.

Mas a minha tristeza é sossego


Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem dar por isso.

Como um ruído de chocalhos


Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes.
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.

Pensar incomoda como andar à chuva


Quando o vento cresce e parece que chove mais.

Não tenho ambições nem desejos.


Ser poeta não é ambição minha.
É a minha maneira de estar sozinho.
Estrofe: Explicação:

Eu nunca guardei rebanhos, • O sujeito poético tem em comum com


Mas é como se os guardasse. um pastor a sua Alma, logo é um pastor
Minha alma é como um pastor, por metáfora que estabelece uma
Conhece o vento e o sol relação de harmonia com a natureza e
E anda pela mão das Estações anda sem rumo definido observando o
A seguir e a olhar. que o rodeia (simboliza a solidão do
Toda a paz da Natureza sem gente pensamento completivo.
Vem sentar-se a meu lado. • Encontra-se triste pois no final do dia
Mas eu fico triste como um pôr de sol sente dificuldade em contemplar a
Para a nossa imaginação, natureza.
Quando esfria no fundo da planície • Comparações presente nos vv.2-3 ; v.9;
E se sente a noite entrada vv.12-13
Como uma borboleta pela janela. • Personificação da natureza vv.5,7-8

Mas a minha tristeza é sossego • É natural e justo que sinta tristeza


Porque é natural e justa quando o pensamento invade a alma daí
E é o que deve estar na alma ser identificada com o sossego. Isto
Quando já pensa que existe mostra que o sujeito poético aceita o
E as mãos colhem flores sem dar por isso. real, sem ilusões.
Estrofe: Explicação:
• Como os pensamentos aparecem
ruidosamente e livres de simplicidade
existe um desprezo pelo pensamento,
Como um ruído de chocalhos de modo a que se atinga a paz e a
Para além da curva da estrada, felicidade.
Os meus pensamentos são contentes. • Não se lamenta que saiba que os seus
Só tenho pena de saber que eles são pensamentos sejam contentes, pois se
contentes, não soubesse seria feliz na mesma.
Porque, se o não soubesse, • É paradoxalmente “contente” e “triste”
Em vez de serem contentes e tristes, e a tristeza advém-lhe do pensar.
Seriam alegres e contentes. • Os pensamentos são felizes e ao saber
que usa os pensamento, os seus
sentimentos ficam tristes.
• Comparação presente no vv.19-20

Pensar incomoda como andar à chuva • Comparação entre a dificuldade de


Quando o vento cresce e parece que chove andar a chuva e a dificuldade de ser
mais. feliz quando pensamos.

Não tenho ambições nem desejos. • Não tem ambições nem desejos (porque
Ser poeta não é ambição minha. implica o pensamento), admitindo que
É a minha maneira de estar sozinho. estar sozinho é estar com as suas
ideias, num estado de autorreflexão.
Recursos Estilísticos:
 Metáfora:
◦ Ele é um pastor que guarda o seu rebanho, ele escreve os versos num “papel” que
é o seu “pensamento” e faz isso olhando para o seu “rebanho” e vê os seus
“pensamentos” olhando para estes e vê o seu “rebanho”, donde se conclui que o
rebanho é os seus pensamentos, e as ovelhas são as suas ideias . E está aqui
presente um quiasmo, ou seja, um cruzamento simétrico de rebanho -
pensamento, pensamento – rebanho.
 Paradoxo:
◦ O tema da poesia são as sensações, e para Caeiro verbalizar as suas sensações,
tem de pensar, ou seja, para escrever necessita de pensar. Mas Caeiro afirma
que não pensa, pois assim não atinge a felicidade.
 Hipálage:
◦ Caso não pensasse os seus versos não teriam nada de tristeza, seriam apenas
“alegres e contentes”, mas quem é “alegre e contente” ao não pensar é o sujeito
poético, não são os versos que são “alegres e contentes”
Marcas Formais:
 O tempo verbal predominante é o presente e vive sem pensar nem no
passado nem no futuro, e existe uma presença do gerúndio (“olhando”,
“vendo”, etc) para expor o fluir das sensações, sugeridas pelos verbos
sensitivos;
 A linguagem é simples e objetiva;
 Existe irregularidade estrófica e métrica;
 Simplicidade sintática;
 Pobreza estilística.
Traços Ideológicos neste
poema:
 Caeiro apresenta-se como pastor, como o poeta da Natureza e do olhar,
de olhos ingénuos sempre abertos para as coisas (vv. 3-6).
 Caeiro apresenta-se como o anti-metafísico, negando a utilidade ou o
valor do pensamento (vv. 19-25, 26).

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