Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, o câncer de colo do útero, também chamado de câncer cervical, é o quarto tipo
de câncer mais comum entre as mulheres.¹ Com exceção do câncer de pele, esse tumor é o
que apresenta maior potencial de prevenção e cura quando diagnosticado precocemente.¹
Atingir alta cobertura no rastreamento da população definida como alvo é o componente mais
importante para que se obtenha significativa redução da incidência e da mortalidade por câncer de
colo do útero. Estima-se que 12% a 20% das brasileiras entre 25 e 64 anos nunca realizaram o
exame citopatológico, que é a principal estratégia de rastreamento do câncer de colo do útero e de
suas lesões precursoras.¹
Entre as razões que levam a uma baixa cobertura no rastreamento do câncer de colo do
útero encontra-se a dificuldade de acesso e acolhimento enfrentado pelas mulheres, seja pela
rigidez na agenda das equipes, que nem sempre está aberta à disponibilidade da mulher, ou ainda
por não acolher singularidades. Mulheres com deficiência, lésbicas, bissexuais, transexuais (ver
Saiba Mais), negras (ver Saiba Mais), indígenas, ciganas, mulheres do campo, floresta e águas
(ver Saiba Mais), em situação de rua, profissionais do sexo e mulheres privadas de liberdade,
todos estes segmentos populacionais específicos demandam adequações para acessar o serviço,
já que barreiras arquitetônicas, culturais, ambientais ou atitudinais (resistência, discriminação ou
despreparo dos profissionais) podem afastá-las do serviço. Um público que exige atenção das
equipes de saúde é a mulher com identidade lésbica. Esse grupo de mulheres pode ser vulnerável ao
câncer do colo uterino pela crença errônea delas e dos(as) profissionais de saúde na impossibilidade
de infecção pelo HPV na prática sexual entre mulheres. Assim, a coleta do exame de prevenção do
câncer do colo uterino pode equivocadamente deixar de ser ofertado a elas, com perda da janela de
oportunidade para o diagnóstico precoce.
O rastreamento deve ser realizado a partir de 25 anos em todas as mulheres que iniciaram
atividade sexual, a cada três anos, se os dois primeiros exames anuais forem normais. Os exames
devem seguir até os 64 anos de idade (ver Saiba Mais). O detalhamento das recomendações de
rastreamento está disposto no quadro-síntese e nos quadros complementares deste capítulo.
Conhecer as indicações de acordo com faixa etária e condições clínicas é importante para qualificar o
cuidado e evitar o rastreamento em mulheres fora do preconizado e da periodicidade recomendada,
evitando intervenções desnecessárias.
A Atenção Básica, em especial a Estratégia Saúde da Família (ESF), tem importante papel na
ampliação do rastreamento e monitoramento da população adscrita, realizando busca ativa dessas
mulheres, de modo a impactar positivamente na redução da morbimortalidade por essa doença.
173
MINISTÉRIO DA SAÚDE / INSTITUTO SÍRIO-LIBANÊS DE
ENSINO E PESQUISA
174
PROTOCOLOS DA ATENÇÃO BÁSICA | Saúde das Mulheres
continuação
175
MINISTÉRIO DA SAÚDE / INSTITUTO SÍRIO-LIBANÊS DE
ENSINO E PESQUISA
continuação
176
PROTOCOLOS DA ATENÇÃO BÁSICA | Saúde das Mulheres
continuação
Consulta de retorno
• Interpretação do resultado do exame citopatológico e
conduta (vide Quadros 3, 4 e 5 deste capítulo).
• Orientação sobre periodicidade de realização do
exame citopatológico: os dois primeiros exames
devem ser feitos com intervalo de um ano e, se os
resultados forem normais, o exame deve ser feito a
cada três anos.
• O início da coleta deve ser aos 25 anos de idade para
as mulheres que já tiveram atividade sexual.
• Os exames devem seguir até os 64 anos de idade
e, naquelas sem história prévia de lesões pré-
neoplásicas, devem ser interrompidos quando, após
esta idade, as mulheres tiverem pelo menos dois
exames negativos consecutivos nos últimos cinco
anos.
• As mulheres com história de lesões pré-neoplásicas
retornam ao rastreio trienal ao apresentarem dois
exames de controle citológicos semestrais normais
Plano de cuidados Enfermeiro(a)/médico(a)
após tratamento das lesões precursoras na unidade
de referência.
• Para mulheres com mais 64 anos de idade e que
nunca realizaram o exame citopatológico, deve-se
realizar dois exames com intervalo de um a três anos.
Se ambos os exames forem negativos, elas podem
ser dispensadas de exames adicionais.
• Comunicação da alteração detectada no exame
para a mulher e realização de apoio emocional
e esclarecimento de suas dúvidas. Abordar, a
depender do resultado, sobre a necessidade de
acompanhamento por meio de exame citopatológico,
colposcopia ou outros procedimentos. É comum
a remissão espontânea de lesões intraepiteliais
escamosas de baixo grau, identificada na
colpocitologia de controle (vide Quadro 5).
• Garantia da continuidade do cuidado em momento
oportuno e encaminhamento para serviços de
referência em diagnóstico e/ou tratamento do câncer
de colo do útero, conforme necessidade.
continua
177
MINISTÉRIO DA SAÚDE / INSTITUTO SÍRIO-LIBANÊS DE
ENSINO E PESQUISA
continuação
178
PROTOCOLOS DA ATENÇÃO BÁSICA | Saúde das Mulheres
conclusão
Educação em saúde
• Orientação individual e coletiva de mulheres sobre o
objetivo do exame e sua importância.
• Orientação individual e coletiva de mulheres sobre
aos fatores de risco para o câncer de colo do útero:
tabagismo, idade, infeção por HPV.
• Orientação individual e coletiva sobre sexo seguro e
prevenção do câncer de colo do útero.
• Orientação individual e coletiva quanto à
periodicidade, recomendações do exame e cuidados a
serem tomados antes da coleta, evitando a realização
de exames intravaginais, utilização de lubrificantes,
espermicidas ou medicamentos vaginais, ou
manutenção de relações sexuais com preservativos
nas 48 horas anteriores ao exame citopatológico.
179
MINISTÉRIO DA SAÚDE / INSTITUTO SÍRIO-LIBANÊS DE
ENSINO E PESQUISA
180
PROTOCOLOS DA ATENÇÃO BÁSICA | Saúde das Mulheres
continua
181
MINISTÉRIO DA SAÚDE / INSTITUTO SÍRIO-LIBANÊS DE
ENSINO E PESQUISA
conclusão
182
PROTOCOLOS DA ATENÇÃO BÁSICA | Saúde das Mulheres
• Candida sp.
• Seguir a rotina de rastreamento citológico.
Citologia com células endometriais • Avaliar a cavidade endometrial, confirmando se o exame não foi
normais fora do período menstrual ou realizado próximo ao período menstrual. Essa avaliação deve
após a menopausa ser preferencialmente através de histeroscopia. Na dificuldade
de acesso a esse método, avaliar o eco endometrial através de
ultrassonografia transvaginal.
183
MINISTÉRIO DA SAÚDE / INSTITUTO SÍRIO-LIBANÊS DE
ENSINO E PESQUISA
Atipias de significado
indeterminado
Encaminhamento para
Não se pode afastar lesão colposcopia.*
de alto grau.
Provavelmente não
neoplásica.
Provavelmente não
De origem neoplásica. Encaminhamento para
indefinida. Não se pode afastar lesão colposcopia.*
de alto grau.
Repetição da citologia em seis
meses:
* Ver Saiba Mais para acompanhamento das mulheres encaminhadas para colposcopia.
184
PROTOCOLOS DA ATENÇÃO BÁSICA | Saúde das Mulheres
3 SAIBA MAIS
• Sobre o posicionamento do Inca sobre a Resolução nº 381/2011 do Cofen, que dispõe sobre a
coleta de material para realização do exame citopatológico por auxiliares e técnicos de enferma-
gem: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/site/home/nobrasil/progra-
ma_nacional_controle_cancer_colo_utero/notas_tecnicas
• Sobre as condutas para acompanhamento de mulheres que foram encaminhadas para colposco-
pia: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/rastreamento_cancer_colo_utero.pdf
• Sobre a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais Travestis e Transe-
xuais: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_saude_lesbicas_gays.pdf
• Sobre a Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta: http://bvs-
ms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_saude_populacoes_campo.pdf
185
MINISTÉRIO DA SAÚDE / INSTITUTO SÍRIO-LIBANÊS DE
ENSINO E PESQUISA
REFERÊNCIAS
7 – BRASIL. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Ofício 717/2011
– Gabinete INCA. Resolução COFEN nº 381/2011, sobre coleta de material para
realização do exame citopatológico por auxiliares e técnicos de enfermagem/Instituto
Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Rio de Janeiro: INCA, 2011.
186
PROTOCOLOS DA ATENÇÃO BÁSICA | Saúde das Mulheres
1 INTRODUÇÃO
O câncer de mama é o que mais acomete mulheres em todo o mundo, constituindo a maior
causa de morte por câncer nos países em desenvolvimento. No Brasil, é o segundo tipo mais incidente
na população feminina.1 O País ainda apresenta falhas na abordagem dessa importante morbidade
e seu diagnóstico e tratamento muitas vezes não são realizados em tempo oportuno, gerando menor
sobrevida (em cinco anos) das pessoas diagnosticadas, em comparação com países desenvolvidos
(50%-60% contra 85%).2
• Prevenção primária: intervém sobre fatores de risco modificáveis para o câncer de mama, ou
seja, estimula a manutenção do peso das pacientes em uma faixa saudável e a prática de
atividades físicas e aconselha a redução do consumo de álcool e cessação do tabagismo.9,
10, 11
• Prevenção quaternária:13 evita ações com benefícios incertos para a paciente e a protege de
ações potencialmente danosas, não solicitando mamografia de rastreamento na população
187
MINISTÉRIO DA SAÚDE / INSTITUTO SÍRIO-LIBANÊS DE
ENSINO E PESQUISA
menor de 50 anos e maior de 70 anos ou com periodicidade menor de dois anos; não estimula
o rastreamento;4, 5, 8 realiza rastreamento de forma individualizada, fornecendo informações
claras quanto aos benefícios e riscos da ação e compartilhando as decisões com a usuária
(Ver Quadro 2).
São considerados fatores de risco para câncer de mama: envelhecimento (idade > 50 anos),
fatores relacionados à vida reprodutiva da mulher (menarca precoce, nuliparidade ou primeira gravidez
após os 30 anos), história pregressa ou familiar de câncer de mama, uso de álcool, tabaco (o tabaco
é um fator com limitada evidência de aumento do risco de câncer de mama em humanos mas merece
atenção), excesso de peso, sedentarismo, exposição à radiação ionizante, terapia de reposição hormonal
(estrogênio-progesterona).4, 11
188
PROTOCOLOS DA ATENÇÃO BÁSICA | Saúde das Mulheres
Entrevista
• Idade;
• Índice de Massa Corporal (IMC);
• Antecedentes pessoais obstétricos (menarca,
nuliparidade ou primeira gravidez acima de 30
anos);
• Antecedentes pessoais e familiares patológicos Equipe multiprofissional
(história pregressa e/ou familiar de câncer de
mama);
• História de exposição à radiação ionizante
(terapêutica ou ocupacional);
• Queixas mamárias, por exemplo: mastalgia,
nódulo mamário, alterações do mamilo, descarga
Avaliação global papilar, assimetria da mama ou retração da pele
(ver capítulo 1, seção 4 – Problemas na mama).
189
MINISTÉRIO DA SAÚDE / INSTITUTO SÍRIO-LIBANÊS DE
ENSINO E PESQUISA
conclusão
190
PROTOCOLOS DA ATENÇÃO BÁSICA | Saúde das Mulheres
191
MINISTÉRIO DA SAÚDE / INSTITUTO SÍRIO-LIBANÊS DE
ENSINO E PESQUISA
Assim, defende que submeter-se ao rastreamento seja uma decisão informada individual e
disponibiliza folhetos em diversos idiomas em linguagem acessível para possibilitar a reflexão.
192
PROTOCOLOS DA ATENÇÃO BÁSICA | Saúde das Mulheres
2 SAIBA MAIS
• Sobre ações da Atenção Básica para controle dos cânceres de colo do útero e de
mama: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/cab13.pdf
193