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EFEITOS DOS MÉTODOS E TEMPERATURAS DE CURA EM

CONCRETOS DE PÓS REATIVOS - CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO


DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS
Eric Lovera Hirano¹
Carlos Eduardo Tino Balestra²

1 Resumo

O concreto de ultra-alto-desempenho (CUAD) é um concreto de pós reativos


(CPR) composto basicamente por cimento Portland, sílica ativa, pó de quartzo, areia
quartzosa, superplastificante e água. Este concreto tem como uma de suas
propriedades apresentar resistência mecânica que pode atingir patamares até 700%
superiores em comparação a um concreto convencional. Além disso, por conta do
refinamento de sua microestrutura, este apresenta maior durabilidade a agentes
degradantes. Para atingir este patamar de resistência é fundamental a adoção de
procedimentos de cura térmica visando potencializar as reações pozolânicas da
sílica ativa e do pó de quartzo que constituem este concreto. No Brasil, esta
modalidade de concreto não é utilizada em escala comercial por ainda existir uma
necessidade acerca de análises de performance e comportamento deste concreto
utilizando materiais brasileiros. Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo
contribuir para o estudo dos efeitos da cura térmica sobre as propriedades
mecânicas de concretos de pós reativos através de uma revisão da literatura
internacional sobre o tema. Para tanto, foram pesquisados mais de 50 artigos que
tratam sobre o tema. Estes artigos foram selecionados e analisados quanto às
metodologias empregadas na cura térmica para a manufatura de concretos de pós
reativos com resistência à compressão superior à 150 MPa. Os resultados das
publicações mostraram que há uma faixa de temperatura ótima para a
potencialização das atividades pozolânicas que trazem consigo benefícios na
resistência à compressão dos concretos estudados. Conclui-se, portanto, que a
adoção de procedimentos de cura térmica contribuem para o aumento da resistência
mecânica de concretos de pós reativos. Além disso, sugere-se que estes
procedimentos sejam aplicados na indústria de artefatos de concreto pré-moldados

¹ UTFPR - Acadêmico do curso de Engenharia Civil


² UTFPR - Orientador
visando obter elementos estruturais mais resistentes otimizando assim o processo
produtivo neste âmbito.

2 Introdução

O concreto de ultra-alto-desempenho (CUAD) é um concreto de pós reativos


(CPR) tendo em vista que os materiais usados na sua manufatura estão sob a forma
pulverulenta ou são de baixa granulometria. Este concreto é composto basicamente
pelo cimento Portland, sílica ativa, areia de quartzo, pó de quartzo, superplastificante
e água sendo suas primeiras aplicações datadas no final do Século XIX na França,
através de amplas pesquisas resultantes da cooperação entre as empresas
Bouygues e Aalborg Portland, e no Canadá através da construção de uma passarela
na Cidade de Sherbrooke (RESPLENDINO, 2004).
Este tipo de concreto destaca-se por suas excelentes propriedades, tanto em
termos mecânicos quanto em termos de durabilidade. Algumas características
atrativas ao estudo deste material incluem a sua resistência à compressão, à tração
e flexão, sendo que, as mesmas podem variar entre 150 a 800 MPa, 25 a 150 MPa e
30 a 141 MPa respectivamente (WANG et al., 2015), ultrapassando em até 700% as
propriedades de um concreto convencional.
Por ser um concreto que apresenta grande resistência mecânica em
comparação aos concretos convencionais, os CUAD’s são passíveis ser aplicados
em indústrias de peças pré fabricadas de concreto visando a otimização na
produção de elementos estruturais, uma vez que, dada sua maior resistência, peças
de maior esbeltez podem ser fabricadas em um período de tempo menor
(BUITELAAR, 2004).
As propriedades do CUAD são alcançadas através da minimização da
porosidade, do uso de fatores água\cimento inferiores a 0,2, do uso de
superplastificantes de alto desempenho que propiciam a trabalhabilidade necessária
à moldagem, do aumento da homogeneidade física de seus constituintes através da
substituição do agregado graúdo por agregados de menor granulometria, com os
diâmetros de partícula que variam de 1,3µm a 0,6 mm e finalmente, da adoção de
procedimentos de cura térmica (PREM; BHARATKUMAR; IYER, 2013).
Segundo Richard e Cheyrezi (1995), a cura térmica do concreto acelera
substancialmente a atividade pozolânica da sílica ativa e do pó de quartzo no CUAD,
trazendo consigo inúmeros benefícios, dentre eles a menor porosidade e a elevada
resistência mecânica do material. Diferentes métodos e temperaturas que são
utilizadas durante a cura fazem com que as propriedades mecânicas dos concretos
tenham uma variação significativa (AHMAD; AZAD; HAKEEM, 2014).
Tendo em vista todas as qualidades supracitadas, existe uma necessidade da
análise de performance e comportamento do CUAD utilizando diferentes métodos de
cura térmica com a utilização de materiais brasileiros. ​Desta forma, o presente
trabalho tem por objetivo elucidar à comunidade científica os efeitos dos métodos e
das temperaturas de cura sobre a atividade pozolânica da sílica ativa de concreto de
pós reativos através de uma revisão da literatura sobre o tema.

3 Materiais e métodos

Foram utilizados mais de 50 artigos e teses obtidos a partir das plataformas


Scopus, Web of Science e Science Direct. Em primeiro lugar as fontes foram
pesquisadas e selecionadas com o objetivo de montar uma biblioteca sobre os
concretos de pós reativos. Desta forma os termos em inglês utilizados para a
pesquisa foram: Reactive Powder Concrete, Thermal Curing, Curing Temperature,
Ultra High Performance Concrete, Thermal Curing Effects.
A partir desta primeira biblioteca, os artigos foram analisados quanto aos seus
resumos e conclusões sendo selecionados os artigos mais relevantes sobre a
influência do regime de cura (método e temperatura) nas propriedades mecânicas
de CUAD’s. Desta forma foram selecionados 6 artigos dando origem à uma segunda
biblioteca pertinente aos métodos de cura e seus respectivos efeitos. Nesta segunda
biblioteca, os artigos foram analisados com maior rigor e profundidade, sendo seus
resultados apresentados neste trabalho.
Os artigos mais relevantes que compuseram os objetos de análise desta
pesquisa foram:
● RICHARD, Pierre; CHEYREZI, Marcel.​ Composition of reactive
powder concrete​, Cement and Concrete Research, Scientific Division
Bouygues, França, v. 25, n. 7, p. 1501-1511, abr. 1995.
● GRAYBEAL, Benjamin A. ​Characterization of the Behavior of
Ultra-high Performance Concrete​. 2005. 360p. Tese de PhD,
University of Maryland, Maryland, Estados Unidos da América, 2005.
● AHMAD, Shamsad; AZAD, Abul K.; HAKEEM, Ibrahim. ​Effect of
curing, fibre content and exposures on compressive strength and
elasticity of UHPC​, Advances in Cement Research, Institute of Civil
Engineers, v. 27, n. 4, p. 233-239, fev. 2014.
● TAI, Yuh S.; PAN, Huang H.; KUNG, Ying N. ​Mechanical properties
of steel fiber reinforced reactive powder concrete following
exposure to high temperature reaching 800◦C, ​Nuclear Engineering
and Design, Elsevier, v. 241, n.7, p. 2416-2424, abr. 2011.
● PREM, Prabhat R.; BHARATKUMAR, B. H.; IYER, Nagesh R.
Influence of curing regimes on compressive strength of ultra high
performance concrete​, Sadhana,Structural Engineering Research
Centre, Campus CSIR, Taramani,Chennai, Índia, v. 38, n. 6, p.
1421–1431, dez. 2013.
● MOSTOFINEJAD, Davood; NIKOO, Mojtaba R.; HOSSEIN, Seyed, A.
Determination of optimized mix design and curing conditions of
reactive powder concrete (RPC), ​Construction and Building Materials,
Department of Civil Engineering, Isfahan University of Technology
(IUT), Isfahan, Iran, v. 123, n. p. 754-767, jul. 2016.
Richard e Cheyrezi (1995) realizaram um dos primeiros estudos com
concretos de pós reativos objetivando descrever sobre as características do
material. Corpos de prova cilíndricos de 60 mm de diâmetro por 120 mm de altura
foram confeccionados e subdivididos em grupos segundo o traço do concreto e a
metodologia de cura empregada.
Desta forma, os corpos de prova pertencentes ao grupo identificado como
RPC200 foram divididos em 2 subgrupos e curados a uma temperatura de
temperatura de 20ºC e 90º.
Para testar 4 diferentes métodos de cura, Graybeal (2005), confeccionou
corpos de prova de formatos cilíndricos com 60 mm de diâmetro e 120 mm de altura,
em seguida utilizou os seguintes métodos de cura:
● Cura a vapor: 4 horas após o desmolde, os corpos de prova foram
colocados a uma temperatura de 90ºC e uma umidade mínima relativa
de 95% por 44 horas, posteriormente curados ao ar até os 28 dias,
quando foram testados.
● Cura ao ar ambiente: Após o desmolde os corpos de prova
permaneceram à temperatura, pressão e umidade ambiente até os 28
dias, quando foram testados.
● Cura a vapor com temperatura intermediária: 4 horas após o desmolde,
os corpos de prova foram colocados a uma temperatura de 60ºC e uma
umidade mínima relativa de 95% por 44 horas, posteriormente curados
ao ar ambiente até os 28 dias, quando foram testados.
● Cura ao ar ambiente seguida de cura a vapor: Após o desmolde os
corpos de prova permaneceram à temperatura, pressão e umidade
ambiente durante 15 dias, sendo posteriormente colocados a uma
temperatura de 90ºC e uma umidade mínima relativa de 95% por 44
horas, posteriormente curados ao ar ambiente até os 28 dias, quando
foram testados.
Com o intuito de analisar os efeitos de cura com diferentes umidades em
CUAD’s com fibra de aço, Ahmad, Azad e Hakeem (2014) utilizaram dois métodos
de cura e moldes cilíndricos com os diâmetros de 75 mm e alturas de 150 mm. Os
corpos de prova do primeiro grupo foram curados submersos em água a 22ºC. Os
corpos de prova do segundo grupo foram curados ao ar ambiente a 22ºC.
Em relação à temperatura de cura, Tai, Pan e Kung (2011) conduziram testes
com corpos de prova de dimensões 50 mm de diâmetro e 100 mm de altura. Os
moldes preenchidos com CUAD fresco foram cobertos por uma membrana plástica
para evitar a perda de umidade e colocados a uma temperatura ambiente de 25ºC
por 48 horas. Após desmoldados, os corpos de prova foram submersos em água a
uma temperatura de 90ºC por 7 dias, posteriormente foram colocados no forno a
temperatura de 110ºC durante 7 dias para a retirada da água excessiva e finalmente,
os corpos de prova foram então curados a temperaturas de 200ºC, 300ºC, 400ºC,
500ºC, 600ºC, 700ºC, 800ºC e a 25ºC como temperatura de controle. A velocidade
de aquecimento do forno foi ajustada para 2ºC/minuto e a cada 200ºC de acréscimo,
a temperatura foi mantida por 30 minutos para assegurar condições de aquecimento
consistentes, ao chegar na temperatura alvo, a temperatura foi mantida por 30
minutos. Posteriormente os corpos de prova foram deixados no forno desligado até
atingirem a temperatura ambiente e testados no dia seguinte.
Prem, Bharatkumar e Iyer (2013), conduziram um experimento utilizando
corpos de prova cúbicos de 70 mm de lado e 13 métodos de cura:
● CR1: Utilizado como controle, após o desmolde, o corpo de prova foi
curado submerso em água a 25ºC durante 28 dias, quando foi testado.
● CR2, CR3 e CR4: Após o desmolde, os corpos de prova foram curados
submersos em água a 25ºC durante 3 dias, posteriormente curados a
200ºC por 24, 48 e 72 horas respectivamente. Depois de atingir a
temperatura ambiente, os corpos foram novamente curados em água
até a idade de 28 dias, quando foram testados.
● CR5, CR6 e CR7: O método de cura utilizado foi o mesmo utilizado
para a cura CR2, CR3 e CR4 mas ao invés de manter os corpos de
prova curados em água, após o tratamento térmico, os mesmos foram
curados ao ar ambiente à temperatura de 30ºC.
● CR8, CR9 e CR10: Após o desmolde, os corpos de prova foram
curados submersos em água a 25ºC durante 7 dias, posteriormente
curados a 200ºC por 24, 48 e 72 horas respectivamente. Depois de
atingir a temperatura ambiente, os corpos foram novamente curados
em água até a idade de 28 dias, quando foram testados.
● CR11, CR12 e CR13: O método de cura utilizado foi o mesmo utilizado
para a cura CR8, CR9 e CR10 mas ao invés de manter os corpos de
prova curados em água, após o tratamento térmico os corpos foram
curados ao ar ambiente à temperatura de 30ºC.
Mostofinejad, Nikoo e Hossein (2016) forneceram uma abordagem moderna,
com vários métodos de cura térmica combinados. Corpos de prova cúbicos com 100
mm foram curados segundo os tratamentos descritos a seguir:
● Tratamento I: Cura dos corpos de prova por submersão em água a
20ºC por 28 dias.
● Tratamento II: Cura a vapor por 7 dias a 95ºC.
● Tratamento III: Cura a vapor por 7 dias a 95ºC seguido por cura ao ar
quente por 24 horas a 120ºC.
● Tratamento IV: Cura a vapor por 7 dias a 95ºC seguido por cura ao ar
quente por 7 dias a 120ºC.
● Tratamento V: Cura a vapor por 7 dias a 95ºC seguido por cura ao ar
quente por 7 dias a 120ºC e finalmente cura ao ar quente por 7 dias a
220ºC.
● Tratamento VI: Cura utilizando aparelho de autoclave com pressão de
2.8MPa por 3 dias a 125ºC seguido por cura ao ar quente por 7 dias a
220ºC.
4 Resultados

Os resultados de Richard e Cheyrezi (1995) mostram que os corpos de prova


do grupo RPC200 curados a 20ºC apresentaram resistência à compressão na faixa
dos 170 MPa e os corpos de prova do mesmo grupo curados a 90ºC apresentaram
230 MPa, trazendo assim um aumento de 35% de resistência. Tal fato mostrou que
o regime e a temperatura de cura afetaram substancialmente a resistência dos
corpos de prova. Os autores creditam esta melhora de performance aos efeitos do
regime e da temperatura de cura, pois para um concreto de pós reativos, a
temperatura de cura de 90ºC potencializa substancialmente as reações pozolânicas.
Nos testes feitos por Graybeal (2005), pode-se perceber claramente o papel
da cura térmica na resistência do CUAD. Os corpos de prova curados ao vapor
obtiveram uma resistência média de 193 MPa. Os corpos de prova curados ao ar
ambiente obtiveram uma resistência média de 126 MPa. Os corpos de prova
submetidos a cura ao ar ambiente seguida de cura a vapor obtiveram uma
resistência média de 171 MPa. Finalmente, os corpos de prova submetidos a cura a
vapor com temperatura intermediária obtiveram um resultado de 171 MPa. Neste
experimento, os resultados da cura a vapor apresentaram um aumento de 53% de
resistência à compressão em relação aos resultados da cura ao ar ambiente,
demonstrando portanto a importância não só da temperatura como também da
umidade com a qual os corpos de prova são curados.
O mesmo estudo mostra que o ambiente em que o corpo de prova é colocado
imediatamente após a desmoldagem influencia na resistência à compressão do
material. Segundo o autor, após o desmolde, o material fica altamente suscetível à
perda de umidade, o que resulta em perda de resistência.
Os resultados de Ahmad, Azad e Hakeem (2014) mostram os efeitos da cura
submergindo os corpos de prova em água em relação à cura ao ar ambiente. Os
corpos de prova do primeiro grupo, obtiveram uma resistência à compressão de 130
MPa contrastando com 112 MPa do segundo grupo. Por obter um aumento de
resistência de 16%, pode-se concluir que a cura submersa em água do primeiro
grupo traz mais benefícios se comparados à cura ao ar ambiente do segundo grupo.
O experimento mostra que não havendo alteração na temperatura, o método de cura
com uma umidade maior é mais vantajoso, pois a água de hidratação do concreto
não é retirada pelo ambiente.
Com seus resultados, Tai, Pan e Kung (2011) foram capazes de determinar
algumas características cruciais quanto a temperatura em que as propriedades do
CUAD são otimizadas. Sem a utilização de fibras de aço, os corpos de prova
curados a 25ºC, 200ºC, 300ºC, 400ºC, 500ºC, 600ºC, 700ºC e 800ºC tiveram
resistencias de 150,4 MPa, 185,9 MPa, 183,0 MPa, 174,8 MPa, 107,9 MPa, 95,4
MPa, 87,3 MPa e 27,7 MPa respectivamente. Estes resultados mostram que o corpo
de prova curado a 200ºC teve um aumento de 23,6% de resistência em relação ao
corpo de prova curado a 25ºC. Segundo os autores, o aumento aconteceu pois as
reações pozolânicas podem atingir 100% de atividade a partir de 200ºC. Deste
modo, para a cura ao ar quente, a temperatura na faixa de 200 a 300ºC é a mais
indicada para acelerar as reações pozolânicas, aumentar os efeitos de hidratação e
diminuir o diâmetro dos poros do CUAD. Observa-se também que a partir de 300ºC
o decréscimo de resistência aconteceu pela diferente taxa de expansão e contração
entre os agregados e a pasta de cimento. Após o patamar de 600ºC ser alcançado,
grandes danos estruturais foram observados, segundo os autores o decréscimo
acelerado de resistência é proveniente da formação de fases cristalinas e o
consequente aumento de volume e a dissolução de C-S-H e C-H.
Prem, Bharatkumar e Iyer (2013), conduziram seus experimentos colocando
corpos de prova em solução aquosa imediatamente após o desmolde. Os resultados
de resistência à compressão aos 28 dias obtidos pelos autores são descritos a
seguir:
● CR1: 142 MPa.
● CR2, CR3 e CR4: 191 MPa, 217 MPa e 175 MPa respectivamente.
● CR5, CR6 e CR7: 165 MPa, 172 MPa e 152 MPa respectivamente.
● CR8, CR9 e CR10: 193 MPa, 190 MPa e 196 MPa respectivamente.
● CR11, CR12 e CR13: 156 MPa, 150 MPa e 175 MPa respectivamente.
O melhor resultado foi obtido colocando os corpos de prova submersos em
água por 3 dias, curando-os ao ar quente de 200ºC por 48 horas e posteriormente
submergindo os corpos novamente em água até os 28 dias. Este regime trouxe um
aumento de 53% de resistência de compressão em relação aos corpos de prova
curados somente por submersão em água. Deste modo pode-se inferir que a cura
submersa em água anteriormente e posteriormente ao tratamento térmico é
extremamente benéfica ao aumento de resistência à compressão. O tempo de 48
horas a 200ºC do grupo CR3, por trazer o melhor resultado, mostra a
desnecessidade de curar os corpos de prova por 72 horas e traz consigo um
aumento de 13% em relação aos corpos de prova do grupo CR2 curados por 24
horas.
Mostofinejad, Nikoo e Hossein (2016) trazem resultados interessantes quanto
aos métodos combinados de cura. Os autores foram capazes de alcançar 233 MPa
de resistência à compressão aos 13 dias com a utilização do método de cura VI,
descrito anteriormente. Tendo um aumento de 174% de resistência à compressão
em relação ao corpo de prova de controle de 85 MPa de resistência. Vale ressaltar
que o aumento de resistência alcançado pelos autores ocorreu pela utilização de
métodos de cura avançados e da ampla pesquisa em busca do aperfeiçoamento do
traço de seu concreto.
Segundo os autores, combinar tratamentos utilizando vapor, autoclave e ar
quente foi extremamente benéfico pois a microestrutura do concreto foi aprimorada
em termos mecânicos devido à aceleração das reações entre a sílica ativa e o C-H.
A cura utilizando ar quente e vapor foi benéfica pois o ar quente facilitou o
procedimento de hidratação das partículas de cimento, enquanto a cura a vapor
preservou a umidade, consequentemente aprimorando as propriedades mecânicas
do CUAD. A cura utilizando autoclave, ar quente e vapor otimizou os resultados pois
o processo de autoclave acelera a hidratação do cimento e produz estruturas de
C-S-H com mais eficiência por aplicar pressão e temperatura combinadas, isto
também faz com que as partículas de cimento sejam melhores envoltas por água,
aprimorando a dureza de sua microestrutura.
Pela figura 1, pode-se inferir que de forma geral, os efeitos da cura térmica são
positivos por conta da potencialização das atividades pozolânicas, onde é possível
observar um aumento da resistência mecânica do concreto em diversas pesquisas
com valores até 150% superiores, se comparados aos seus respectivos corpos de
prova de controle. Em contrapartida, também é possível observar, pelos resultados
de Tai, Pan e Kung (2011) que a temperatura pode ter um efeito indesejável.
Quando esta temperatura supera patamares da ordem de 400ºC a resistência do
concreto decresce em relação à resistência do corpo de prova de controle. Desta
forma, é possível inferir que há um limite com relação à temperatura de cura.

Figura 1 - Métodos de cura e seus aumentos de resistência


Fonte: Elaborada pelo autor
5 Considerações finais

Este artigo teve como foco principal analisar os efeitos de diferentes métodos
e temperaturas de cura nas propriedades mecânicas de concretos de pós reativos
através de uma revisão da literatura sobre o tema. As principais conclusões obtidas
são:
1. Os principais métodos de cura térmica para empregar junto aos concretos de
pós reativos são: Autoclave, vapor, ar quente e submersão em água. Neste
caso, observando os valores obtidos acerca das propriedades mecânicas e o
tempo hábil de fabricação, é possível concluir que o tratamento VI descrito
por Mostofinejad, Nikoo e Houssein (2016), utilizando uma combinação de
métodos de cura e o aperfeiçoamento de traço, apresentou-se como o mais
vantajoso.
2. É consensual na literatura que um aumento na temperatura de cura
potencializa as atividades pozolânicas da sílica ativa nestes concretos. Desta
forma, as principais temperaturas observadas são: 90ºC pela grande atividade
pozolânica, 200ºC por alcançar praticamente 100% de atividade pozolânica e
250ºC pela formação de cristais xonotlita.
3. Embora os efeitos benéficos da elevação temperatura na atividade pozolânica
seja claro, autores ressaltam em pesquisas recentes o surgimento de
gradientes térmicos e dissoluções de C-S-H nos corpos de prova, o que pode
levar ao decréscimo das propriedades mecânicas. Por conta disso, há a
necessidade de pesquisas para estabelecer patamares de temperatura à
medida que o processo de cura térmica avança.
4. O método de cura descrito por Prem, Bharatkumar e Iyer (2013) a uma
temperatura de 200ºC é passível de ser aplicado em indústrias de artefatos
pré-moldados por conta da resistência à compressão de 230 MPa alcançada
aos 28 dias e pela facilidade da obtenção dos equipamentos de cura, tendo
em vista que este método utiliza somente água e um forno com alcance de
temperatura de 200ºC. Em relação ao tempo de fabricação, o método descrito
por Mostofinejad, Nikoo e Houssein (2016) é o mais indicado, com a
resistência de 233 MPa alcançada aos 13 dias, vale ressaltar que este
método utiliza um processo de autoclave, o que pode ser extremamente
custoso ao fabricante.

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