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O Atelier

Boris Marcelo Goitia Claros


Boris Goitia / O Atelier / 2

Capitulo 1 – O Atelier

Localizado em uma rua erma próximo ao Largo da Segunda Feira na Tijuca, o atelier estava instalado em um velho
casarão que já havia sido moradia de próspera família que há muito tempo já não passava mais do que uma
fantasmagórica lembrança impregnada nas paredes daquela casa. Passou a ser, a partir da década de 70, um
animado cortiço onde pelo que se conta, habitaram pelo menos seis famílias.

O Largo da Segunda Feira já fora um canavial no século XVIII. Deu-se esse nome pois justamente em uma segunda-
feira desse remoto tempo, encontrou-se um cadáver próximo a uma velha ponte e madeira localizada no ainda mal
desenhado largo. Como na época era incomum, em uma área tão desabitada, ocorrerem crimes violentos, a data
acabou por virar evento histórico e batizou o lugar com sua fatídica data.

Quis o tempo e o destino que aquela casa no mínimo cheia de personalidade e riqueza arquitetônica, se tornasse
um atelier de arte. Não de pintura ou escultura pois para isso não tenho talento, mas sim um centro de investigação
de autenticidade de obras de arte.

Entrando no terreno lúdico, abstrato, inusitado, improvável e fonte de eterna vida e movimento espiritual, que é a
arte, pode alguém inquirir: e por que interessa a algo ou alguém que se investigue a autenticidade de uma obra de
arte? Quem se beneficia com isso? Será que não é apenas um serviço ao dono da obra, para que este possa assegurar
o valor de seu patrimônio? Que impacto tem, a obra de arte que se nos apresenta aos olhos, ser falsa ou verdadeira?
Quantas vezes já admiramos e nos emocionamos como obras que eram genuinamente e solenemente falsificadas,
já que vivemos em um mundo onde cerca de 40% das obras de arte não são mais que falsificações?. Por acaso a
emoção que se sentiu diante daquela farsa, era também falsa?

Vamos nos ater a uma explicação de cada vez para justificar o estudo da autenticidade de uma obra de arte. A
primeira que eu enumeraria seria o fato de uma falsificação de uma obra de arte ser um “roubo”. Não o roubo da
obra das mãos do artista. Nem da emoção ou sentimento que este teve ao realizar a obra. E diria que muito menos
no valor financeiro que reverteria ao artista pois este realiza a sua obra imbuído de um sentimento quase divino em
que o inconsciente coletivo se serve de suas mãos para imprimir aquele arquétipo eterno.

Rouba-se também o valor humano da coletividade expressa pelo meio mais nobre e impressionante que é a arte. A
arte não é patrimônio material da humanidade. A arte é uma das expressões da nossa “alma coletiva”. Através dela
estabelecemos um canal de comunicação com Deus e nos exprimimos quase que no minimalismo de Adão.

Quando se falsifica uma obra de arte, rouba-se um pouco da nossa essência humana na sua forma mais pura e
intocada.

Armado dessas e outras considerações, levava a bom contento meus estudos de autenticidade naquele atelier
inspirado pela história e pela arte.

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