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ÍNDICE DE ASSUNTOS
Apropriação Indébita e Crime Falimentar
Capacidade Postulatória
Conexão Probatória ou Instrumental
Consulta ao TCU
Demissão Ex Officio de Militar e Indenização
Desvio de Função: Inconstitucionalidade
Habeas Corpus e Penalidade Administrativa
ICMS e Salvados
Legitimidade Ativa do Ministério Público
Prescrição e Recurso de Ofício
Repasse de Duodécimos
Requisitos para Investidura em Cargo Público
Tablita — Planos Bresser e Collor
Tablita — Plano Bresser
Tablita Plano Collor
PLENÁRIO
Tablita — Planos Bresser e Collor
O Tribunal prosseguiu no julgamento dos recursos
extraordinários em que se discute a constitucionalidade em
face do princípio da irretroatividade da lei, do ato jurídico
perfeito e do direito adquirido: art. 153, § 3 o da EC 01/69
(art. 5o , XXXVI, da CF/88: “a lei não prejudicará o direito
adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.”) das
regras de deflação (tablita) previstas nos Planos Bresser e
Collor.
ICMS e Salvados
O Tribunal deferiu parcialmente pedido de liminar em
ação direta proposta pela Confederação Nacional do
Comércio - CNC, para suspender a vigência no inciso IV do
art. 15 da Lei 6.763/75, com a redação que lhe foi dada pelo
art. 1o da Lei 9.758/89, ambas do Estado de Minas Gerais, da
expressão “e a seguradora” (“Art. 15 Incluem-se entre os
contribuintes do imposto ... IV - a instituição financeira e a
seguradora.”). Considerou-se relevante o argumento de que
as vendas de salvados, realizadas pelas companhias
seguradoras, são parte integrante das operações de seguro,
cuja tributação se sujeita à competência da União (CF, art.
153, V), e de que tais vendas não se enquadram no conceito
de “operações relativas à circulação de mercadorias.” (CF,
art. 155, I, b). Precedentes citados: ADInMC 1.332-RJ (DJU
de 11.4.97) e 1.390-SP (DJU de 15.3.96). ADInMC 1.648 -
MG, rel. Min. Sydney Sanches, 13.8.97
Consulta ao TCU
Por maioria de votos, o Tribunal não conheceu de
mandado de segurança coletivo impetrado pela Associação
das Empresas de Asseio, Limpeza, Conservação e Serviços
Gerais do Distrito Federal contra o TCU ao fundamento de
que o ato impugnado, resposta a consulta feita por tribunal
regional do trabalho, consubstancia ato de caráter normativo
nos termos da Súmula 110 do TCU (“Nas consultas
formuladas ao Tribunal pelas autoridades competentes, ante
dúvidas suscitadas na aplicação de dispositivos legais e
regulamentares que abranjam pessoas ou entidades e
matérias sob a sua jurisdição e competência, as respostas
têm, caráter normativo e constituem prejulgamento da tese,
mas não do fato ou caso concreto.”), hipótese contra a qual
não cabe mandado de segurança (Súmula 266 do STF).
Precedente citado: MS 21.361-DF (RTJ 156/58). MS 22.615-
UF, rel. Min. Octavio Gallotti, 14.8.97.
Legitimidade Ativa do Ministério Público
Iniciado julgamento em que se discute,
preliminarmente, a legitimidade ativa do Ministério Público
para interpor recurso extraordinário contra decisão
concessiva de habeas corpus. Após os votos dos Ministros
Maurício Corrêa, relator, e Ilmar Galvão, conhecendo do
recurso e dando pela legitimidade do Ministério Público
Federal, o julgamento foi adiado em virtude do pedido de
vista do Min. Marco Aurélio. RE 206.482-DF, rel. Min.
Maurício Corrêa, 14.8.97.
Repasse de Duodécimos
Deferido mandado de segurança impetrado pelo
Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, com fundamento no
art. 102, I, n, da CF, contra a omissão do Governador
daquele Estado em repassar os duodécimos orçamentários
devidos ao Poder Judiciário, nos termos do art. 168 da CF
(“Os recursos correspondentes à dotação orçamentária,
compreendidos os créditos suplementares e especiais,
destinados aos órgãos do Poder Legislativo e Judiciário e
do Ministério Público, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de
cada mês, na forma da lei complementar a que se refere o
art. 165, § 9º.”). Precedentes citados: MS 21450-MT (RTJ
140/818); AOr 311-AL (DJU de 11.10.96). MS 22.384-GO,
rel. Min. Sydney Sanches, 14.8.97.
PRIMEIRA TURMA
Capacidade Postulatória
O art. 1º, I, do Estatuto da Advocacia (Lei
8.906/94), ao dispor que a postulação a qualquer órgão do
Poder Judiciário é atividade privativa de advogado, não
revogou o art. 623 do CPP, que confere ao próprio réu o
direito de subscrever pedido de revisão criminal (“A revisão
poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procurador
legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.”) . HC 75.248-
SP, rel. Min. Octavio Gallotti, 12.8.97.
SEGUNDA TURMA
Habeas Corpus e Penalidade Administrativa
A submissão do paciente responsável por acidente
de trânsito de que resultou vítima de lesões corporais aos
exames exigidos por lei para voltar a dirigir não constitui
pena acessória, mas penalidade administrativa, prevista no
art. 77 do Código Nacional de Trânsito, que não caracteriza
restrição à sua liberdade ambulatória. Com esse fundamento,
a Turma não conheceu do pedido. HC 75.269-SP, rel. Min.
Maurício Corrêa, 12.8.97.
CLIPPING DO DJ
15 de agosto de 1997
ADIn N. 135-3
RELATOR: MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA: - Criação, pela Constituição do Estado da
Paraíba (art. 147, e seus parágrafos), de Conselho Estadual
de Justiça, composto por dois desembargadores, um
representante da Assembléia Legislativa, o Procurador-Geral
da Justiça, o Procurador-Geral do Estado e o Presidente da
Seccional da OAB, como órgão da atividade administrativa e
do desempenho dos deveres funcionais do Poder Judiciário.
Inconstitucionalidade dos dispositivos, declarada perante
o princípio da separação dos Poderes - art. 2º da Constituição
Federal - de que são corolários o auto-governo dos Tribunais
e a sua autonomia administrativa, financeira e orçamentária
(artigos 96, 99, e parágrafos e 168 da Carta da República).
Ação direta julgada procedente.
* noticiado no Informativo 54
HC N. 74.207-6
RELATOR : MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: "HABEAS CORPUS". LESÃO CORPORAL
CULPOSA PRATICADA POR MILITAR: AÇÃO PENAL:
EXIGÊNCIA DE REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO.
1. Os artigos 88 e 91 da Lei dos Juizados Especiais Cíveis e
Criminais (Lei nº 9.099, de 26.09.95), que exigem
representação do ofendido para a instauração de processo-
crime, aplicam-se a todos e quaisquer processos, sejam os
que digam respeito às leis codificadas - Código Penal e
Código Penal Militar - ou às extravagantes, de qualquer
natureza.
2. Habeas corpus deferido para anular o acórdão
condenatório, pela inobservância da Lei nº 9.099/95,
prosseguindo a ação penal com a intimação da vítima para a
iniciativa da representação, sob pena de decadência.
HC N. 74.678-1
RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: "Habeas corpus". Utilização de gravação de
conversa telefônica feita por terceiro com a autorização de
um dos interlocutores sem o conhecimento do outro quando
há, para essa utilização, excludente da antijuridicidade.
- Afastada a ilicitude de tal conduta - a de, por legítima
defesa, fazer gravar e divulgar conversa telefônica ainda que
não haja o conhecimento do terceiro que está praticando
crime -, é ela, por via de conseqüência, lícita e, também
conseqüentemente, essa gravação não pode ser tida como
prova ilícita, para invocar-se o artigo 5º, LVI, da
Constituição com fundamento em que houve violação da
intimidade (art. 5º, X, da Carta Magna).
"Habeas corpus" indeferido.
* noticiado no Informativo 75
HC N. 75.173-3
RELATOR : MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: "HABEAS CORPUS". TRÁFICO
INTERNACIONAL DE ENTORPECENTES. DELITO
PRATICADO EM MUNICÍPIO QUE NÃO É SEDE DE
VARA DA JUSTIÇA FEDERAL: COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA ESTADUAL (ART. DA LEI Nº 6.368, DE
21/10/76).
1. Consoante precedentes desta Corte, o art. 27 da Lei nº
6.368, de 21 de outubro de 1976, foi recepcionado pela
Constituição Federal de 1988.
2. É da competência da Justiça comum, se o município não
for sede de vara da Justiça Federal, processar e julgar os
crimes de tráfico internacional de substâncias entorpecentes.
3. Habeas corpus indeferido.
* noticiado no Informativo 76
HC N. 75.341-8
RELATOR : MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA: - PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS
CORPUS. UNIFICAÇÃO DE PENAS. TEMPO MÁXIMO
DE EFETIVO ENCARCERAMENTO. PROGRESSÃO
PARA O REGIME PRISIONAL SEMI-ABERTO. C.P.,
ART. 75.
I. - A norma do art. 75 do Cód. Penal refere-se ao tempo de
efetivo encarceramento, trinta anos. Esse limite não
constitui, porém, parâmetro para a concessão de benefícios
da execução, como a progressão para o regime prisional
semi-aberto ou o livramento condicional.
II. - H.C. indeferido.
* noticiado no Informativo 75
MS N. 22.451-7
RELATOR : MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. REAJUSTE
DE VENCIMENTOS, PROVENTOS, SOLDOS E
PENSÕES DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS E
MILITARES. QUALIFICAÇÃO DE ENTIDADES DE
CLASSE PARA FIGURAREM NO PÓLO ATIVO DA
RELAÇÃO PROCESSUAL (ARTIGO 5º, LXX, letra b da
CF/88). IMPROPRIEDADE DA VIA MANDAMENTAL
PARA PRODUZIR EFEITOS MERAMENTE
DECLARATÓRIOS, SE NÃO HÁ COMANDO
CONSTITUCIONAL QUE IMPONHA AO CHEFE DO
PODER EXECUTIVO A OBRIGATORIEDADE DA
REMESSA DE MENSAGEM PROPONDO REVISÃO
COMPULSÓRIA DE VENCIMENTOS, SOLDOS E
PENSÕES. IMPOSSIBILIDADE DE ESTENDER AO
SERVIDOR PÚBLICO AS DISPOSIÇÕES DO ARTIGO 7º
C/C COM O ARTIGO 39, § 2º, DA CF/88. INEXISTÊNCIA
DE PRECEITO CONSTITUCIONAL QUE OBRIGUE O
PRESIDENTE DA REPÚBLICA A CONCEDER
REAJUSTE NA DATA CONSIGNADA NA LEI
ORDINÁRIA. É DA COMPETÊNCIA PRIVATIVA E
RESERVADA DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO
FEDERAL A FACULDADE PARA AGITAR O PROCESSO
LEGISLATIVO PRÓPRIO PARA AUMENTO OU
REAJUSTE DE SERVIDORES PÚBLICOS ( CF, ART.
61, § 1º, II, a).
MANDADO DE SEGURANÇA CONHECIDO, MAS
INDEFERIDO.
1. As entidades de classe representativas da defesa de seus
associados credenciam-se para figurarem no pólo ativo da
relação processual, legitimando-se para a utilização da via
mandamental coletiva, se os seus atos constitutivos
revestem-se das formalidades legais (CF, artigo 5º, inciso
LXX, letra b, da CF).
2. Não dispondo a Carta Política de 1988 de preceito que
imponha ao Presidente da República a obrigatoriedade do
envio de mensagem relativamente à proposição de aumento
ou à de revisão de vencimentos, soldos e pensões dos
servidores públicos, civis e militares, dos ativos e inativos,
da União Federal e de seus órgãos diretos e indiretos, pela
sua gênese, em si mesma, não é o mandado de segurança
instrumento processual apropriado ou destinado a fazer
detonar o processo de elaboração legislativa.
- É da essência estrutural e nuclear do writ que se
obtenha de seu deferimento uma ordem, um enunciado
mandamental, para que o ato impugnado se faça ou não se
faça, não podendo por isso mesmo produzir efeito de
conteúdo meramente declaratório, sobre se prevalece ou não
determinada lei, sem que desse ato estatal do Juiz não se
retire um ordenamento.
3. O Plenário desta Corte, ao apreciar a
questão da data-base prevista no artigo 1º da Lei nº 7.706,
de 21 de dezembro de 1988 (MS nº 22.439, julgado em
15.05.96), para a revisão de vencimentos dos servidores
públicos, assentou que a norma contida no artigo 37, inciso
X, da Constituição Federal, não é por aquela lei
regulamentada, senão que expressa que esses reajustes não
podem ser discriminatórios, aplicando a todos
indistintamente, na mesma data.
4. O preceito do § 2º do artigo 39, da CF, ao
estender ao servidor público parte dos direitos sociais dos
trabalhadores, não autoriza se extraia a compulsória
obrigação de reajuste de seus vencimentos, quando haja
revisão do salário mínimo nacional.
- Esta Corte já assentou que os servidores
públicos não têm direito à negociação e ao dissídio coletivos
inerentes aos trabalhadores regidos pela CLT (ADI nº 492 -
RTJ 145/68-100).
5. A lei que instituiu a data-base (Lei nº
7.706/88) e as outras que a repetem, não são normas auto-
aplicáveis no sentido de que obriguem o Chefe do Poder
Executivo Federal a expedir proposta legislativa de revisão
de vencimentos, face ao princípio constitucional que lhe
reserva a privatividade da iniciativa (CF, artigo 61, § 1º, II,
a).
- Depende a iniciativa da vontade política do Presidente da
República e das conveniências subjetivas de sua avaliação.
6. Inexistindo dispositivo constitucional que
determine que a data-base se transforme em instrumento
normativo auto-aplicável, obrigando o Presidente da
República a fazer o reajuste nos moldes previstos na lei, é
de se indeferir a ordem.
Mandado de Segurança conhecido, mas indeferido.
RE N. 150.447-1
RELATOR : MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO
FEDERAL. ACÓRDÃO QUE CONDICIONOU A
INAMOVIBILIDADE DE SEUS MEMBROS À CRIAÇÃO
DOS RESPECTIVOS CARGOS MEDIANTE LEI
COMPLEMENTAR. ALEGADA OFENSA À GARANTIA
CONSTITUCIONAL.
Procedência da alegação.
Os membros do Ministério Público do Distrito Federal têm
assegurada a garantia da inamovibilidade, de forma expressa,
desde 1946 (CF/1946, art. 127; CF/1967, art. 138, § 1º; EC
01/69, art. 95, § 1º; CF/1988, art. 128, § 5º, I, b).
A Lei Complementar nº 75/93, na esteira do que já haviam
disposto a Lei nº 3.754/60 (art. 42, § 3º) e a Lei n. 7.567/86
(art. 31), definiu os ofícios, nas Promotorias de Justiça, como
"unidades de lotação" do Ministério Público do Distrito
Federal, tornando desnecessária a criação de cargos, tida
pelo acórdão recorrido como pressuposto da aplicação da
garantia sob enfoque, nessa unidade federada.
Ato administrativo que, por destoar dessa orientação, não
tem condições de subsistir.
Recurso provido, para o fim de deferimento do mandado de
segurança.
T R A N S C R I Ç Õ E
S
ICMS e Semi-elaborados
RE 205.634*
2.
Inconformada com essa decisão
interpõe a empresa o presente recurso
extraordinário, com fundamento no
art. 102, III, “a”, da CF, para tanto
sustentando que a Carta atual
estabeleceu a não incidência do
tributo, tão-só para os produtos
industrializados que se destinem ao
exterior, com exclusão dos semi-
elaborados que seriam ainda objeto de
Lei Complementar (art. 155, X, “a”,
CF).
3. Aduz que a
Carta Federal, em suas Disposições
Transitórias (art. 34, § 8º) fixou que,
se no prazo de sessenta dias contados
da sua promulgação, não fosse editada
a lei complementar necessária à
instituição do ICMS, os Estados e o
Distrito Federal, mediante convênio,
poderiam fixar as normas necessárias
para regular provisoriamente a
matéria. Na ausência da lei
complementar, os Estados e o Distrito
Federal formalizaram, através do
Convênio ICM nº 66/88,
complementado pelos Convênios 07,
08, 09, todos de 27 de fevereiro de
1989, normas, inclusive, sobre a
tributação de produtos semi-
elaborados, definindo-os.
4. Ressalta
que a definição dos semi-elaborados,
nos termos do § 2°, inciso X, “a”, do
artigo 155 da Constituição Federal -
uma norma geral de direito tributário -
não está inserida no campo do artigo
34, § 8º, das Disposições
Constitucionais Transitórias, que trata,
apenas, da fixação de normas
provisórias.
5. Por isso,
acrescenta que a sistemática
concebida, via do artigo 34, § 8º, do
ADCT, para dar suporte ao Convênio
ICM 66/88, gerador das legislações
estaduais que buscam definir e
disciplinar o ICMS na exportação para
o exterior de semi-elaborados, afronta
a Constituição Federal (art. 155, § 2°,
X, “a”), por ausência da lei
complementar exigida.
6. Sustenta a
recorrente que o Convênio 66/88 é de
notória inconstitucionalidade, porque,
ao definir a incidência tributária sobre
esses produtos, extrapolou o
permissivo constitucional contido no
art. 34, § 8º, posto que a definição de
“semi-elaborado” está resguardada
pela norma constitucional à Lei
Complementar.
7. Assim
sendo, segundo o juízo da recorrente,
o art. 155, § 2º, X, "a", da Carta da
República, impõe a regra de não
incidência do ICM às operações que
destinem ao exterior produtos
industrializados, excepcionando os
semi-elaborados que seriam
futuramente disciplinados em lei
complementar, e dessa forma, por
conseguinte, o Decreto-Lei nº 406/68
teria sido recebido pela nova
Constituição, estando essa situação já
por ele regulada, não sendo de se
admitir a aplicação do Convênio
66/88, como disposição legal apta e
capaz para o disciplinamento da
incidência do ICMS sobre os semi-
acabados; assim conclui que ,
enquanto não adviesse a Lei
Complementar necessária à definição
do que seja produto semi-elaborado,
dever-se-ia aplicar os dispositivos do
DL 406/68, que regula a questão.
8. O recurso
extraordinário não foi admitido na
origem, tendo sido o agravo interposto
contra essa decisão provido, para
melhor exame do extraordinário.
9. O
Ministério Público Federal, às fls.
699/700, manifesta-se pelo
desprovimento do recurso.
É o relatório.
Voto: Senhor
Presidente, o Decreto-lei 406/68
dispõe claramente sobre a não
incidência do ICM no ato da saída de
produtos industrializados que se
destinem ao exterior (art.1°, § 3°, I),
sem fazer qualquer referência àqueles
industrializados em fase de semi-
elaboração. A EC n° 1/69, em seu art.
23, § 7°, dispõe que o imposto de que
trata o item II (ICM) não incidirá
sobre as operações que destinem ao
mercado externo produtos
industrializados e outros que a lei
indicar.
2. O
Decreto-Lei 406/68, somente dispunha,
expressamente, sobre a não incidência
do ICM na saída de produtos
industrializados destinados ao exterior
(art. 1º, § 3º, I), sem qualquer
referência aos produtos
industrializados semi-elaborados. A
Emenda Constitucional nº 1/69, em seu
art. 23, parágrafo 7º, apenas dispõe
que o imposto de que trata o item II
(ICM) não incidirá sobre as
operações que destinem ao exterior
produtos industrializados e outros que
a lei indicar.
3. A
Constituição Federal de 1988, todavia,
em seu art. 155, § 2º, X, “a”, conferiu
imunidade tributária às operações que
destinem ao exterior produtos
industrializados, porém, dessa
imunidade, excluiu os semi-elaborados
hoje já definidos em lei complementar.
Com efeito, enquanto a EC-1/69 fora
incisiva quanto à imunidade tributária
sobre as operações que destinassem ao
exterior produtos industrializados,
remetendo à lei a possibilidade de
indicar outros, a Constituição 1988
excluiu peremptoriamente os produtos
industrializados semi-acabados dessa
não incidência.
4. Não há,
pois, que se falar em
incompatibilidade do DL 408/68 com a
nova Constituição, porque esse
Decreto não previu a não incidência
do ICM sobre as operações relativas
aos semi-elaborados. Houvesse
qualquer disposição nesse sentido ,
esta estaria revogada pela ordem
constitucional superveniente que, ao
dispor sobre a não incidência do ICMS
sobre operações que destinem ao
exterior produtos industrializados,
dessa não incidência excluiu os
industrializados semi-elaborados
então a serem definidos em lei
complementar.
5. Como se
observa, a hipótese de incidência já
fora determinada pelo legislador
constituinte: “não incidirá sobre
operações que destinem ao exterior
produtos industrializados, excluídos
os semi-elaborados definidos em lei
complementar” (CF, art. 155, § 2°, X,
"a").
6. Não tendo
sido editada a lei complementar
reclamada, os Estados e o Distrito
Federal, à vista do disposto no art. 38,
§ 8º, do ADCT, firmaram o Convênio
66/88, complementado pelos
Convênios ICM nº 07, 08, 09,
inserindo, aí, a tributação desses
semi-elaborados.
7. Esta
Corte, ao examinar os termos do
Convênio nº 66/88, assentou que o
convênio celebrado pelos Estados, na
forma e para os fins do art. 34, § 8º, do
ADCT/88, tem, necessariamente, seu
objeto demarcado pelas lacunas
verificadas na legislação federal já
existente. Trata-se, portanto,
indiscutivelmente, de competência
legislativa supletiva, que deveria ter
sido exercida tão-somente para o
preenchimento de lacunas verificadas
em face da legislação recepcionada
pela nova Carta (Precedente: RE
149.922-2-SP, Tribunal Pleno, rel.
Min. ILMAR GALVÃO, Sessão de
23.02.94).
8. Ora, nos
termos do art. 34, § 8º, do ADCT, “se,
no prazo de sessenta dias contados da
promulgação da Constituição, não for
editada a lei complementar necessária
à instituição do imposto de que trata o
art. 155, § 2°, II, os Estados e o
Distrito Federal, mediante convênio
celebrado nos termos da Lei
Complementar nº 24, de 7 de janeiro
de 1975, fixarão normas para regular
provisoriamente a matéria.” Por isso
mesmo, o referido dispositivo
constitucional estabeleceu que o
convênio:
a) somente
disporá sobre a matéria enquanto não
for editada a necessária lei
complementar exigida pelo art. 155, §
2º, X, "a", da Constituição Federal,
tendo momento certo para desaparecer
do sistema tributário nacional - a
vigência dessa lei complementar;
b) deve ser
celebrado com observância dos termos
fixados pela Lei Complementar nº 24,
de 07.01.75, visto que essa lei foi
recepcionada também transitoriamente
pelo novo texto constitucional; e,
c) deve-se
restringir ao estabelecimento de
normas necessárias à instituição do
ICMS.
9. Como
ressaltado antes, a EC-1/69, com a
nova redação dada pela EC 23/83, em
seu art. 23, § 7°, dispunha que o
imposto de que trata o item II (ICM)
não incidiria sobre as operações que
destinassem ao exterior produtos
industrializados, remetendo a
legislação infraconstitucional a
possibilidade de indicar outros
produtos. O Decreto-Lei nº 406/68,
embora preexistente à EC-23/83, com
ela era compatível, dado que reprisava
o teor da norma constitucional e,
apesar da possibilidade de indicação
de outros produtos por norma inferior,
sua redação não foi alterada, e não se
fez qualquer menção aos semi-
elaborados.
10. A quaestio
iuris posta neste recurso já foi
reiteradas vezes decidida no STJ. É o
caso, por exemplo, verificado no
julgamento do Resp n°9.587, de que foi
Relator o Min. Ilmar Galvão quando
por lá judicou (DJ de 10.06.91), tendo
S.Exa. afirmado a "legitimidade da
exigência fiscal, fundada em lei
estadual, editada com base nos
Convênios ICMS 66/88 e seguintes,
que supriram, provisoriamente, a
ausência de lei complementar prevista
no art. 34, par-8, do ADCT/88".
11. Neste
ponto, a Constituição de 1988 foi
expressa, ao excluir os semi-
elaborados a serem definidos em lei
complementar. Dessa forma, embora a
norma constitucional tenha instituído o
ICMS sobre esses produtos,
condicionou, no entanto, a sua
incidência, para após a edição de lei
complementar que os disciplinasse.
Foi precisamente nesse vácuo
legislativo que atuaram os Estados e o
Distrito Federal, à vista da
autorização contida no art. 34, § 8º, do
ADCT, definindo e conceituando o
“produto industrializado semi-
elaborado”, implementando-se a
instituição do ICMS na exportação
desses produtos, até o advento da Lei
Complementar nº 65/91, que veio
regulamentar definitivamente a
matéria.