Vous êtes sur la page 1sur 17

Brasília, 11 a 15 de agosto de 1997 - Nº 79

Data(páginas internas): 20 de agosto de


1997.

Este Informativo, elaborado a partir de


notas tomadas nas sessões de julgamento das
Turmas e do Plenário, contém resumos não-
oficiais de decisões proferidas pelo Tribunal. A
fidelidade de tais resumos ao conteúdo efetivo
das decisões, embora seja uma das metas
perseguidas neste trabalho, somente poderá
ser aferida após a sua publicação no Diário da
Justiça.

ÍNDICE DE ASSUNTOS
Apropriação Indébita e Crime Falimentar
Capacidade Postulatória
Conexão Probatória ou Instrumental
Consulta ao TCU
Demissão Ex Officio de Militar e Indenização
Desvio de Função: Inconstitucionalidade
Habeas Corpus e Penalidade Administrativa
ICMS e Salvados
Legitimidade Ativa do Ministério Público
Prescrição e Recurso de Ofício
Repasse de Duodécimos
Requisitos para Investidura em Cargo Público
Tablita — Planos Bresser e Collor
Tablita — Plano Bresser
Tablita Plano Collor

PLENÁRIO
Tablita — Planos Bresser e Collor
O Tribunal prosseguiu no julgamento dos recursos
extraordinários em que se discute a constitucionalidade em
face do princípio da irretroatividade da lei, do ato jurídico
perfeito e do direito adquirido: art. 153, § 3 o da EC 01/69
(art. 5o , XXXVI, da CF/88: “a lei não prejudicará o direito
adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.”) das
regras de deflação (tablita) previstas nos Planos Bresser e
Collor.

Tablita — Plano Bresser


Após os votos do relator, Min. Ilmar Galvão, que não
conheceu do recurso ao fundamento de que o Decreto-lei
2.342/87 que alterou os arts. 13 e 14 do Decreto-lei
2.335/87, que dispunha sobre o congelamento de preços e
aluguéis, reajustes mensais de salários e vencimentos, e
instituía a Unidade de Referência de Preços - URP teve
incidência imediata, inclusive em relação aos contratos em
curso de execução quanto aos seus efeitos futuros, já que se
trata de norma de ordem pública, visto que institui novo
padrão monetário; do Min. Celso de Mello, que conheceu e
deu provimento ao recurso, para declarar a
inconstitucionalidade da expressão “ou com cláusula de
correção monetária prefixada”, constante do art. 13 do
Decreto-lei 2.335/87, com a redação dada pelo Decreto-lei
2.342/87 (“As obrigações contratuais pecuniárias e os
títulos de crédito, cambiários ou cambiariformes, inclusive
faturas ou duplicatas, que tenham sido constituídas ou
emitidos em cruzados no período de 1 o de janeiro a 15 de
junho de 1987, sem cláusula de reajuste ou de correção
monetária, ou com cláusula de correção monetária pré-
fixada, serão deflacionados, no dia do vencimento,
dividindo-se o montante expresso em cruzados pelo fator de
deflação a que se refere o § 2 o deste artigo.”) por ofensa ao
ato jurídico perfeito; e do Min. Maurício Corrêa, que
conheceu, em parte, do recurso para, empregando a teoria da
imprevisão, aplicar os deflatores tão-só sobre o valor
proporcional da correção pré-fixada, expressa ou
implicitamente pactuada, a partir do choque econômico; o
julgamento foi suspenso em virtude do pedido de vista
formulado pelo Min. Nelson Jobim. RE 141.190-SP, rel.
Min. Ilmar Galvão, 26.6.97

Tablita Plano Collor


Após os votos do relator, Min. Marco Aurélio, que
conhecia do recurso e lhe dava provimento para declarar a
inconstitucionalidade da expressão “na data dos seus
vencimentos dividindo-se o montante em cruzeiros pelo fator
de conversão fixado no parágrafo 1 o.” contida no caput do
art. 8o do Decreto-lei 2.284/86 (“As obrigações de
pagamento, expressas em cruzeiros, sem cláusula de
correção monetária ou com cláusula de correção monetária
prefixada, constituídas antes de 28 de fevereiro de 1986,
deverão ser convertidas em cruzados na data dos seus
vencimentos dividindo-se o montante em cruzeiros pelo fator
de conversão fixado no § 1o .”), bem como do respectivo § 1o
, ao fundamento de que os referidos dispositivos legais
afrontam o ato jurídico perfeito, já que vão além da mudança
do padrão monetário; do Min. Ilmar Galvão, que não
conhecia do recurso (v. fundamentação anterior); e do Min.
Maurício Corrêa, que o conhecia em parte (v.
fundamentação anterior); o julgamento foi suspenso em
virtude do pedido de vista formulado pelo Min. Nelson
Jobim. RE 136.901-SP, rel. Min. Marco Aurélio, 26.6.97

ICMS e Salvados
O Tribunal deferiu parcialmente pedido de liminar em
ação direta proposta pela Confederação Nacional do
Comércio - CNC, para suspender a vigência no inciso IV do
art. 15 da Lei 6.763/75, com a redação que lhe foi dada pelo
art. 1o da Lei 9.758/89, ambas do Estado de Minas Gerais, da
expressão “e a seguradora” (“Art. 15 Incluem-se entre os
contribuintes do imposto ... IV - a instituição financeira e a
seguradora.”). Considerou-se relevante o argumento de que
as vendas de salvados, realizadas pelas companhias
seguradoras, são parte integrante das operações de seguro,
cuja tributação se sujeita à competência da União (CF, art.
153, V), e de que tais vendas não se enquadram no conceito
de “operações relativas à circulação de mercadorias.” (CF,
art. 155, I, b). Precedentes citados: ADInMC 1.332-RJ (DJU
de 11.4.97) e 1.390-SP (DJU de 15.3.96). ADInMC 1.648 -
MG, rel. Min. Sydney Sanches, 13.8.97

Consulta ao TCU
Por maioria de votos, o Tribunal não conheceu de
mandado de segurança coletivo impetrado pela Associação
das Empresas de Asseio, Limpeza, Conservação e Serviços
Gerais do Distrito Federal contra o TCU ao fundamento de
que o ato impugnado, resposta a consulta feita por tribunal
regional do trabalho, consubstancia ato de caráter normativo
nos termos da Súmula 110 do TCU (“Nas consultas
formuladas ao Tribunal pelas autoridades competentes, ante
dúvidas suscitadas na aplicação de dispositivos legais e
regulamentares que abranjam pessoas ou entidades e
matérias sob a sua jurisdição e competência, as respostas
têm, caráter normativo e constituem prejulgamento da tese,
mas não do fato ou caso concreto.”), hipótese contra a qual
não cabe mandado de segurança (Súmula 266 do STF).
Precedente citado: MS 21.361-DF (RTJ 156/58). MS 22.615-
UF, rel. Min. Octavio Gallotti, 14.8.97.
Legitimidade Ativa do Ministério Público
Iniciado julgamento em que se discute,
preliminarmente, a legitimidade ativa do Ministério Público
para interpor recurso extraordinário contra decisão
concessiva de habeas corpus. Após os votos dos Ministros
Maurício Corrêa, relator, e Ilmar Galvão, conhecendo do
recurso e dando pela legitimidade do Ministério Público
Federal, o julgamento foi adiado em virtude do pedido de
vista do Min. Marco Aurélio. RE 206.482-DF, rel. Min.
Maurício Corrêa, 14.8.97.

Demissão Ex Officio de Militar e Indenização


Por ausência de plausibilidade jurídica da tese de
ofensa ao art. 5º, caput, da CF (“Todos são iguais perante a
lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade...”), o Tribunal indeferiu medida
cautelar em ação direta de inconstitucionalidade requerida
pelo Partido Progressista Brasileiro - PPB, contra a parte
final do art. 117 do Estatuto dos Militares com a redação
dada pelo art. 1º da Lei Federal nº 9.297/96 , que, dispondo
sobre a demissão ex officio do oficial da ativa que passar a
exercer cargo ou emprego público permanente estranho à sua
carreira, determina a indenização das despesas feitas pela
União Federal com sua formação. Considerou-se razoável a
extensão dos requisitos de concessão de demissão a pedido
(Estatuto dos Militares, art. 116) à hipótese de demissão ex
officio, tendo em vista que esta também decorre de ato de
vontade do servidor militar, qual seja, o exercício de cargo
ou emprego público estranho à carreira. ADIn 1.626-UF, rel.
Min. Sepúlveda Pertence, 14.8.97.

Repasse de Duodécimos
Deferido mandado de segurança impetrado pelo
Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, com fundamento no
art. 102, I, n, da CF, contra a omissão do Governador
daquele Estado em repassar os duodécimos orçamentários
devidos ao Poder Judiciário, nos termos do art. 168 da CF
(“Os recursos correspondentes à dotação orçamentária,
compreendidos os créditos suplementares e especiais,
destinados aos órgãos do Poder Legislativo e Judiciário e
do Ministério Público, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de
cada mês, na forma da lei complementar a que se refere o
art. 165, § 9º.”). Precedentes citados: MS 21450-MT (RTJ
140/818); AOr 311-AL (DJU de 11.10.96). MS 22.384-GO,
rel. Min. Sydney Sanches, 14.8.97.

Requisitos para Investidura em Cargo Público


Julgada improcedente ação direta de
inconstitucionalidade interposta pela Confederação Nacional
das Profissões Liberais - CNPL contra a LC 81/93, do Estado
de Santa Catarina, que estabelece diretrizes para elaboração,
implantação e administração do Plano de Cargos e
Vencimentos do Pessoal Civil da Administração Direta,
Autarquias e Fundações do Poder Executivo e dá outras
providências nos seus anexos. Rejeitando as teses de ofensa
ao princípio da isonomia (CF, art. 5º, caput) e de invasão da
competência privativa da União Federal para legislar sobre
direito do trabalho, organização do sistema nacional de
emprego e condições para o exercício profissional (CF, art.
22, I e XVI), o Tribunal entendeu que, não sendo
desarrazoada, é válida a exigência para o exercício dos
cargos de auditor interno, escrivão de exatoria, fiscal de
mercadorias em trânsito, exator e fiscal de tributos estaduais,
de graduação nos cursos superiores de direito, administração,
economia ou ciências contábeis. ADIn 1.326-SC, rel. Min.
Carlos Velloso, 14.8.97.

Desvio de Função: Inconstitucionalidade


Declarada a inconstitucionalidade do art. 24 da Lei
3.563/88, do Município de Vitória-ES [“Fica o Poder
Executivo autorizado a efetuar o enquadramento em cargo
ou emprego diverso do estipulado pela Tabela 9 desta Lei,
dos servidores que, comprovadamente, há pelo menos 24
(vinte e quatro) meses, encontrarem-se em desvio de função
na data da entrada em vigor da presente lei, observando o
regime de trabalho do servidor.”] por violação ao art. 37, II
da CF que prevê a investidura em cargo ou emprego público
mediante a aprovação prévia em concurso público. RE
205.511-ES, rel. Min. Ilmar Galvão, 14.8.97.

PRIMEIRA TURMA
Capacidade Postulatória
O art. 1º, I, do Estatuto da Advocacia (Lei
8.906/94), ao dispor que a postulação a qualquer órgão do
Poder Judiciário é atividade privativa de advogado, não
revogou o art. 623 do CPP, que confere ao próprio réu o
direito de subscrever pedido de revisão criminal (“A revisão
poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procurador
legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.”) . HC 75.248-
SP, rel. Min. Octavio Gallotti, 12.8.97.

Conexão Probatória ou Instrumental


Indeferido habeas corpus impetrado em favor de
acusado perante a justiça comum e a justiça federal da
prática de crimes relacionados com o “jogo do bicho” no
Estado do Rio de Janeiro, em que se pretendia ver declarada,
pela conexão probatória (CPP, art. 76, III: “A competência
será determinada pela conexão: ... III - quando a prova de
uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias
elementares influir na prova de outra infração”) a
competência da justiça federal para julgar ambas as ações
penais contra ele instauradas. Considerou-se que a conexão
probatória pressupõe um vínculo objetivo entre os diferentes
crimes de forma a que a prova de um delito influa na prova
de outro, não sendo suficiente para caracterizá-la a mera
utilidade da reunião de ações pelo fato de haver elementos de
prova em comum. Precedente citado: HC 67.769-SP (RTJ
142/491). HC 75.219-RJ, rel. Min. Octavio Gallotti, 12.8.97.

Prescrição e Recurso de Ofício


Não cabe a interposição de recurso de ofício,
previsto no art. 574, II, do CPP [“Os recursos serão
voluntários, excetuando-se os seguintes casos em que
deverão ser interpostos, de ofício, pelo juiz: ... II - da
(sentença) que absolver desde logo o réu com fundamento
na existência de circunstância que exclua o crime ou isente o
réu de pena, nos termos do art. 411.”], contra a sentença que
declara a extinção da punibilidade do réu ante a prescrição da
ação penal já que esta não se confunde com a hipótese de
absolvição sumária. Com base nesse entendimento, a Turma
deferiu habeas corpus para anular acórdão do Tribunal de
Justiça do Distrito Federal e Territórios que, mediante
recurso de ofício, determinara o prosseguimento do processo
penal contra o paciente e restabelecer a sentença de 1º grau.
HC 75.417-DF, rel. Min. Octavio Gallotti, 12.8.97.

SEGUNDA TURMA
Habeas Corpus e Penalidade Administrativa
A submissão do paciente responsável por acidente
de trânsito de que resultou vítima de lesões corporais aos
exames exigidos por lei para voltar a dirigir não constitui
pena acessória, mas penalidade administrativa, prevista no
art. 77 do Código Nacional de Trânsito, que não caracteriza
restrição à sua liberdade ambulatória. Com esse fundamento,
a Turma não conheceu do pedido. HC 75.269-SP, rel. Min.
Maurício Corrêa, 12.8.97.

Apropriação Indébita e Crime Falimentar


A expressão “qualquer pessoa” contida no art. 189,
I do Decreto-lei 7.661/45 (“Será punido com reclusão de um
a três anos: I - qualquer pessoa, inclusive o falido, que
ocultar ou desviar bens da massa.”), não inclui o síndico da
massa falida, que se presume pessoa idônea e merecedora da
confiança do magistrado. Quanto a ele, aplica-se a conduta
prevista no art. 168, § 1o , II do CP (“Art. 168. Apropriar-se
de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção ... §
1o A pena é aumentada ... , quando o agente recebeu a
coisa: ... II - na qualidade de ... síndico ...”). Com base nesse
entendimento, a Turma manteve decisão do Tribunal de
Justiça de São Paulo que, em sede de conflito de jurisdição,
decidiu pela competência do juízo criminal para processar e
julgar a ação penal, já que o delito cometido foi o de
apropriação indébita de bens da massa falida. HC 75.021-SP,
rel. Min. Maurício Corrêa, 12.8.97 .

Sessões Ordinárias Extraordinárias Julgamentos

Pleno 13.8.97 14.8.97 17


1ª Turma 12.8.97 --------- 223
2ª Turma 12.8.97 --------- 248

CLIPPING DO DJ
15 de agosto de 1997

ADIn N. 135-3
RELATOR: MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA: - Criação, pela Constituição do Estado da
Paraíba (art. 147, e seus parágrafos), de Conselho Estadual
de Justiça, composto por dois desembargadores, um
representante da Assembléia Legislativa, o Procurador-Geral
da Justiça, o Procurador-Geral do Estado e o Presidente da
Seccional da OAB, como órgão da atividade administrativa e
do desempenho dos deveres funcionais do Poder Judiciário.
Inconstitucionalidade dos dispositivos, declarada perante
o princípio da separação dos Poderes - art. 2º da Constituição
Federal - de que são corolários o auto-governo dos Tribunais
e a sua autonomia administrativa, financeira e orçamentária
(artigos 96, 99, e parágrafos e 168 da Carta da República).
Ação direta julgada procedente.
* noticiado no Informativo 54

ADIn N. 1.587-7 - medida liminar


RELATOR: MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA: - Argüição de inconstitucionalidade de lei do
Distrito Federal, que mediante a instituição de crédito
presumido de ICMS, redundou em redução da alíquota
efetiva do tributo, independentemente da celebração de
convênio.
Relevância da fundamentação jurídica do pedido,
baseado na alegação de afronta ao disposto no art. 155, § 2º,
XII, g, da Constituição Federal.
Cautelar deferida.
* noticiado no Informativo 76

ADIn N. 1.590-7 - medida liminar


RELATOR : MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE
EMENTA - I. Ação direta de inconstitucionalidade: objeto.
Tem-se objeto idôneo à ação direta de inconstitucionalidade
quando o decreto impugnado não é de caráter regulamentar
de lei, mas constitui ato normativo que pretende derivar o
seu conteúdo diretamente da Constituição.
II. Ação direta de inconstitucionalidade: legitimação das
entidades nacionais de classe que não depende de
autorização específica dos seus filiados.
III. Ação direta de inconstitucionalidade: pertinência
temática.
1. A pertinência temática, requisito implícito da legitimação
das entidades de classe para a ação direta de
inconstitucionalidade, não depende de que a categoria
respectiva seja o único segmento social compreendido no
âmbito normativo do diploma impugnado.
2. Há pertinência temática entre a finalidade institucional da
Confederação Nacional das Profissões Liberais - que passou
a abranger a defesa dos profissionais liberais ainda que
empregados -, e a lei questionada, que fixa limite à
remuneração dos servidores públicos.
IV. Servidor público: teto de remuneração (CF, art. 37, XI):
auto-aplicabilidade.
Dada a eficácia plena e a aplicabilidade imediata, inclusive
aos entes empresariais da administração indireta, do art. 37,
XI, da Constituição, e do art. 17 do ADCT, a sua
implementação - não dependendo de complementação
normativa - não parece constituir matéria de reserva à lei
formal e, no âmbito do Executivo, à primeira vista, podia ser
determinada por decreto, que encontra no poder hierárquico
do Governador a sua fonte de legitimação.

ADIn N. 1.617-2 - medida liminar


RELATOR : MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA: - Não perde eficácia a medida provisória,
com força de lei, não apreciada pelo Congresso Nacional,
mas reeditada, por meio de outro provimento da mesma
espécie, dentro de seu prazo de validade de trinta dias.
Cautelar deferida, para suspender-se, ex tunc, isto é,
desde a data de sua prolação (6-5-97), as decisões
administrativas do Tribunal Regional do Trabalho da 24ª
Região, que determinaram a redução, de 12% para 6%, da
alíquota da contribuição de magistrados e servidores ao
Plano de Seguridade Social do Servidor - PSSS.

AÇÃO ORIGINÁRIA N. 468-3 - questão de ordem


RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: Ação originária.
- Já se firmou a jurisprudência desta Corte no sentido de que
a letra "n" do inciso I do artigo 102 da Constituição Federal
só se aplica quando a matéria versada na causa diz respeito a
privativo interesse da magistratura como tal, e não quando
também interessa a outros servidores.
- No caso, o objeto da causa não é do interesse privativo da
magistratura, inexistindo, assim, o impedimento em que se
fundou o acórdão do T.R.T. da 7ª Região para declinar de sua
competência em favor desta Corte.
Questão de ordem que se julga no sentido de se dar pela
incompetência do S.T.F. para julgar a presente ação
originária, determinando-se a restituição dos autos ao
Tribunal de origem.
* noticiado no Informativo 72

HC N. 74.207-6
RELATOR : MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: "HABEAS CORPUS". LESÃO CORPORAL
CULPOSA PRATICADA POR MILITAR: AÇÃO PENAL:
EXIGÊNCIA DE REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO.
1. Os artigos 88 e 91 da Lei dos Juizados Especiais Cíveis e
Criminais (Lei nº 9.099, de 26.09.95), que exigem
representação do ofendido para a instauração de processo-
crime, aplicam-se a todos e quaisquer processos, sejam os
que digam respeito às leis codificadas - Código Penal e
Código Penal Militar - ou às extravagantes, de qualquer
natureza.
2. Habeas corpus deferido para anular o acórdão
condenatório, pela inobservância da Lei nº 9.099/95,
prosseguindo a ação penal com a intimação da vítima para a
iniciativa da representação, sob pena de decadência.
HC N. 74.678-1
RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: "Habeas corpus". Utilização de gravação de
conversa telefônica feita por terceiro com a autorização de
um dos interlocutores sem o conhecimento do outro quando
há, para essa utilização, excludente da antijuridicidade.
- Afastada a ilicitude de tal conduta - a de, por legítima
defesa, fazer gravar e divulgar conversa telefônica ainda que
não haja o conhecimento do terceiro que está praticando
crime -, é ela, por via de conseqüência, lícita e, também
conseqüentemente, essa gravação não pode ser tida como
prova ilícita, para invocar-se o artigo 5º, LVI, da
Constituição com fundamento em que houve violação da
intimidade (art. 5º, X, da Carta Magna).
"Habeas corpus" indeferido.
* noticiado no Informativo 75

HC N. 75.173-3
RELATOR : MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: "HABEAS CORPUS". TRÁFICO
INTERNACIONAL DE ENTORPECENTES. DELITO
PRATICADO EM MUNICÍPIO QUE NÃO É SEDE DE
VARA DA JUSTIÇA FEDERAL: COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA ESTADUAL (ART. DA LEI Nº 6.368, DE
21/10/76).
1. Consoante precedentes desta Corte, o art. 27 da Lei nº
6.368, de 21 de outubro de 1976, foi recepcionado pela
Constituição Federal de 1988.
2. É da competência da Justiça comum, se o município não
for sede de vara da Justiça Federal, processar e julgar os
crimes de tráfico internacional de substâncias entorpecentes.
3. Habeas corpus indeferido.
* noticiado no Informativo 76

HC N. 75.341-8
RELATOR : MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA: - PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS
CORPUS. UNIFICAÇÃO DE PENAS. TEMPO MÁXIMO
DE EFETIVO ENCARCERAMENTO. PROGRESSÃO
PARA O REGIME PRISIONAL SEMI-ABERTO. C.P.,
ART. 75.
I. - A norma do art. 75 do Cód. Penal refere-se ao tempo de
efetivo encarceramento, trinta anos. Esse limite não
constitui, porém, parâmetro para a concessão de benefícios
da execução, como a progressão para o regime prisional
semi-aberto ou o livramento condicional.
II. - H.C. indeferido.
* noticiado no Informativo 75

INQUÉRITO N. 925-3 - questão de ordem


REL. P/ O ACÓRDÃO: MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: QUESTÃO DE ORDEM SOBRE
COMPETÊNCIA EM INQUÉRITO. INDICIADO, VICE-
GOVERNADOR DO ESTADO, QUE PRATICOU A
CONDUTA INCRIMINADA DURANTE O EXERCÍCIO
DE CARGOS ESTADUAIS, ENQUANTO LICENCIADO
DAS FUNÇÕES DE DEPUTADO FEDERAL.
INVIOLABILIDADE OU IMUNIDADE MATERIAL E
IMUNIDADE FORMAL OU PROCESSUAL (CF, ART. 51
E SEU § 1º, RESPECTIVAMENTE):
EVOLUÇÃO CONSTITUCIONAL E SÚMULAS NºS. 4 E
394 (PERPETUATIO JURISDICIONIS).
1. Parlamentar federal que estava no gozo das prerrogativas
de Deputado Federal à época da evento, ainda que licenciado
para o exercício de funções de Secretário de Estado.
Silente a Constituição Federal, é irrelevante para o caso que
a Constituição do Estado de Goiás tenha fixado o Tribunal de
Justiça como foro especial para processar e julgar o Vice-
governador do Estado.
3. Questão de ordem conhecida, mas rejeitada por maioria,
permanecendo o Supremo Tribunal Federal competente, por
prerrogativa de função do indiciado, para continuar
presidindo o inquérito instaurado porque a conduta delituosa
foi praticada durante o período do mandato, sendo
irrelevante que o parlamentar estivesse licenciado à época
dos fatos e que hoje exerça o mandato de vice-governador de
Estado.
* noticiado no Informativo 13

MS N. 22.451-7
RELATOR : MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. REAJUSTE
DE VENCIMENTOS, PROVENTOS, SOLDOS E
PENSÕES DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS E
MILITARES. QUALIFICAÇÃO DE ENTIDADES DE
CLASSE PARA FIGURAREM NO PÓLO ATIVO DA
RELAÇÃO PROCESSUAL (ARTIGO 5º, LXX, letra b da
CF/88). IMPROPRIEDADE DA VIA MANDAMENTAL
PARA PRODUZIR EFEITOS MERAMENTE
DECLARATÓRIOS, SE NÃO HÁ COMANDO
CONSTITUCIONAL QUE IMPONHA AO CHEFE DO
PODER EXECUTIVO A OBRIGATORIEDADE DA
REMESSA DE MENSAGEM PROPONDO REVISÃO
COMPULSÓRIA DE VENCIMENTOS, SOLDOS E
PENSÕES. IMPOSSIBILIDADE DE ESTENDER AO
SERVIDOR PÚBLICO AS DISPOSIÇÕES DO ARTIGO 7º
C/C COM O ARTIGO 39, § 2º, DA CF/88. INEXISTÊNCIA
DE PRECEITO CONSTITUCIONAL QUE OBRIGUE O
PRESIDENTE DA REPÚBLICA A CONCEDER
REAJUSTE NA DATA CONSIGNADA NA LEI
ORDINÁRIA. É DA COMPETÊNCIA PRIVATIVA E
RESERVADA DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO
FEDERAL A FACULDADE PARA AGITAR O PROCESSO
LEGISLATIVO PRÓPRIO PARA AUMENTO OU
REAJUSTE DE SERVIDORES PÚBLICOS ( CF, ART.
61, § 1º, II, a).
MANDADO DE SEGURANÇA CONHECIDO, MAS
INDEFERIDO.
1. As entidades de classe representativas da defesa de seus
associados credenciam-se para figurarem no pólo ativo da
relação processual, legitimando-se para a utilização da via
mandamental coletiva, se os seus atos constitutivos
revestem-se das formalidades legais (CF, artigo 5º, inciso
LXX, letra b, da CF).
2. Não dispondo a Carta Política de 1988 de preceito que
imponha ao Presidente da República a obrigatoriedade do
envio de mensagem relativamente à proposição de aumento
ou à de revisão de vencimentos, soldos e pensões dos
servidores públicos, civis e militares, dos ativos e inativos,
da União Federal e de seus órgãos diretos e indiretos, pela
sua gênese, em si mesma, não é o mandado de segurança
instrumento processual apropriado ou destinado a fazer
detonar o processo de elaboração legislativa.
- É da essência estrutural e nuclear do writ que se
obtenha de seu deferimento uma ordem, um enunciado
mandamental, para que o ato impugnado se faça ou não se
faça, não podendo por isso mesmo produzir efeito de
conteúdo meramente declaratório, sobre se prevalece ou não
determinada lei, sem que desse ato estatal do Juiz não se
retire um ordenamento.
3. O Plenário desta Corte, ao apreciar a
questão da data-base prevista no artigo 1º da Lei nº 7.706,
de 21 de dezembro de 1988 (MS nº 22.439, julgado em
15.05.96), para a revisão de vencimentos dos servidores
públicos, assentou que a norma contida no artigo 37, inciso
X, da Constituição Federal, não é por aquela lei
regulamentada, senão que expressa que esses reajustes não
podem ser discriminatórios, aplicando a todos
indistintamente, na mesma data.
4. O preceito do § 2º do artigo 39, da CF, ao
estender ao servidor público parte dos direitos sociais dos
trabalhadores, não autoriza se extraia a compulsória
obrigação de reajuste de seus vencimentos, quando haja
revisão do salário mínimo nacional.
- Esta Corte já assentou que os servidores
públicos não têm direito à negociação e ao dissídio coletivos
inerentes aos trabalhadores regidos pela CLT (ADI nº 492 -
RTJ 145/68-100).
5. A lei que instituiu a data-base (Lei nº
7.706/88) e as outras que a repetem, não são normas auto-
aplicáveis no sentido de que obriguem o Chefe do Poder
Executivo Federal a expedir proposta legislativa de revisão
de vencimentos, face ao princípio constitucional que lhe
reserva a privatividade da iniciativa (CF, artigo 61, § 1º, II,
a).
- Depende a iniciativa da vontade política do Presidente da
República e das conveniências subjetivas de sua avaliação.
6. Inexistindo dispositivo constitucional que
determine que a data-base se transforme em instrumento
normativo auto-aplicável, obrigando o Presidente da
República a fazer o reajuste nos moldes previstos na lei, é
de se indeferir a ordem.
Mandado de Segurança conhecido, mas indeferido.

RE N. 150.447-1
RELATOR : MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO
FEDERAL. ACÓRDÃO QUE CONDICIONOU A
INAMOVIBILIDADE DE SEUS MEMBROS À CRIAÇÃO
DOS RESPECTIVOS CARGOS MEDIANTE LEI
COMPLEMENTAR. ALEGADA OFENSA À GARANTIA
CONSTITUCIONAL.
Procedência da alegação.
Os membros do Ministério Público do Distrito Federal têm
assegurada a garantia da inamovibilidade, de forma expressa,
desde 1946 (CF/1946, art. 127; CF/1967, art. 138, § 1º; EC
01/69, art. 95, § 1º; CF/1988, art. 128, § 5º, I, b).
A Lei Complementar nº 75/93, na esteira do que já haviam
disposto a Lei nº 3.754/60 (art. 42, § 3º) e a Lei n. 7.567/86
(art. 31), definiu os ofícios, nas Promotorias de Justiça, como
"unidades de lotação" do Ministério Público do Distrito
Federal, tornando desnecessária a criação de cargos, tida
pelo acórdão recorrido como pressuposto da aplicação da
garantia sob enfoque, nessa unidade federada.
Ato administrativo que, por destoar dessa orientação, não
tem condições de subsistir.
Recurso provido, para o fim de deferimento do mandado de
segurança.

Acórdãos publicados: 425

T R A N S C R I Ç Õ E
S

Com a finalidade de proporcionar aos leitores


do INFORMATIVO STF uma compreensão mais
aprofundada do pensamento do Tribunal,
divulgamos neste espaço trechos de decisões que
tenham despertado ou possam despertar de modo
especial o interesse da comunidade jurídica.

ICMS e Semi-elaborados
RE 205.634*

Ministro Maurício Corrêa (relator)

Relatório: O Tribunal de Justiça estadual negou provimento


à apelação interposta pela recorrente, sob o fundamento de
que a Constituição autorizou, na falta de lei complementar, a
edição de convênio entre os Estados e Distrito Federal, para
a instituição global do ICMS, possibilitando a definição de
produtos semi-elaborados e da alíquota necessária ao cálculo
do imposto.

2.
Inconformada com essa decisão
interpõe a empresa o presente recurso
extraordinário, com fundamento no
art. 102, III, “a”, da CF, para tanto
sustentando que a Carta atual
estabeleceu a não incidência do
tributo, tão-só para os produtos
industrializados que se destinem ao
exterior, com exclusão dos semi-
elaborados que seriam ainda objeto de
Lei Complementar (art. 155, X, “a”,
CF).

3. Aduz que a
Carta Federal, em suas Disposições
Transitórias (art. 34, § 8º) fixou que,
se no prazo de sessenta dias contados
da sua promulgação, não fosse editada
a lei complementar necessária à
instituição do ICMS, os Estados e o
Distrito Federal, mediante convênio,
poderiam fixar as normas necessárias
para regular provisoriamente a
matéria. Na ausência da lei
complementar, os Estados e o Distrito
Federal formalizaram, através do
Convênio ICM nº 66/88,
complementado pelos Convênios 07,
08, 09, todos de 27 de fevereiro de
1989, normas, inclusive, sobre a
tributação de produtos semi-
elaborados, definindo-os.

4. Ressalta
que a definição dos semi-elaborados,
nos termos do § 2°, inciso X, “a”, do
artigo 155 da Constituição Federal -
uma norma geral de direito tributário -
não está inserida no campo do artigo
34, § 8º, das Disposições
Constitucionais Transitórias, que trata,
apenas, da fixação de normas
provisórias.
5. Por isso,
acrescenta que a sistemática
concebida, via do artigo 34, § 8º, do
ADCT, para dar suporte ao Convênio
ICM 66/88, gerador das legislações
estaduais que buscam definir e
disciplinar o ICMS na exportação para
o exterior de semi-elaborados, afronta
a Constituição Federal (art. 155, § 2°,
X, “a”), por ausência da lei
complementar exigida.

6. Sustenta a
recorrente que o Convênio 66/88 é de
notória inconstitucionalidade, porque,
ao definir a incidência tributária sobre
esses produtos, extrapolou o
permissivo constitucional contido no
art. 34, § 8º, posto que a definição de
“semi-elaborado” está resguardada
pela norma constitucional à Lei
Complementar.

7. Assim
sendo, segundo o juízo da recorrente,
o art. 155, § 2º, X, "a", da Carta da
República, impõe a regra de não
incidência do ICM às operações que
destinem ao exterior produtos
industrializados, excepcionando os
semi-elaborados que seriam
futuramente disciplinados em lei
complementar, e dessa forma, por
conseguinte, o Decreto-Lei nº 406/68
teria sido recebido pela nova
Constituição, estando essa situação já
por ele regulada, não sendo de se
admitir a aplicação do Convênio
66/88, como disposição legal apta e
capaz para o disciplinamento da
incidência do ICMS sobre os semi-
acabados; assim conclui que ,
enquanto não adviesse a Lei
Complementar necessária à definição
do que seja produto semi-elaborado,
dever-se-ia aplicar os dispositivos do
DL 406/68, que regula a questão.
8. O recurso
extraordinário não foi admitido na
origem, tendo sido o agravo interposto
contra essa decisão provido, para
melhor exame do extraordinário.

9. O
Ministério Público Federal, às fls.
699/700, manifesta-se pelo
desprovimento do recurso.

É o relatório.

Voto: Senhor
Presidente, o Decreto-lei 406/68
dispõe claramente sobre a não
incidência do ICM no ato da saída de
produtos industrializados que se
destinem ao exterior (art.1°, § 3°, I),
sem fazer qualquer referência àqueles
industrializados em fase de semi-
elaboração. A EC n° 1/69, em seu art.
23, § 7°, dispõe que o imposto de que
trata o item II (ICM) não incidirá
sobre as operações que destinem ao
mercado externo produtos
industrializados e outros que a lei
indicar.

2. O
Decreto-Lei 406/68, somente dispunha,
expressamente, sobre a não incidência
do ICM na saída de produtos
industrializados destinados ao exterior
(art. 1º, § 3º, I), sem qualquer
referência aos produtos
industrializados semi-elaborados. A
Emenda Constitucional nº 1/69, em seu
art. 23, parágrafo 7º, apenas dispõe
que o imposto de que trata o item II
(ICM) não incidirá sobre as
operações que destinem ao exterior
produtos industrializados e outros que
a lei indicar.

3. A
Constituição Federal de 1988, todavia,
em seu art. 155, § 2º, X, “a”, conferiu
imunidade tributária às operações que
destinem ao exterior produtos
industrializados, porém, dessa
imunidade, excluiu os semi-elaborados
hoje já definidos em lei complementar.
Com efeito, enquanto a EC-1/69 fora
incisiva quanto à imunidade tributária
sobre as operações que destinassem ao
exterior produtos industrializados,
remetendo à lei a possibilidade de
indicar outros, a Constituição 1988
excluiu peremptoriamente os produtos
industrializados semi-acabados dessa
não incidência.

4. Não há,
pois, que se falar em
incompatibilidade do DL 408/68 com a
nova Constituição, porque esse
Decreto não previu a não incidência
do ICM sobre as operações relativas
aos semi-elaborados. Houvesse
qualquer disposição nesse sentido ,
esta estaria revogada pela ordem
constitucional superveniente que, ao
dispor sobre a não incidência do ICMS
sobre operações que destinem ao
exterior produtos industrializados,
dessa não incidência excluiu os
industrializados semi-elaborados
então a serem definidos em lei
complementar.

5. Como se
observa, a hipótese de incidência já
fora determinada pelo legislador
constituinte: “não incidirá sobre
operações que destinem ao exterior
produtos industrializados, excluídos
os semi-elaborados definidos em lei
complementar” (CF, art. 155, § 2°, X,
"a").

6. Não tendo
sido editada a lei complementar
reclamada, os Estados e o Distrito
Federal, à vista do disposto no art. 38,
§ 8º, do ADCT, firmaram o Convênio
66/88, complementado pelos
Convênios ICM nº 07, 08, 09,
inserindo, aí, a tributação desses
semi-elaborados.

7. Esta
Corte, ao examinar os termos do
Convênio nº 66/88, assentou que o
convênio celebrado pelos Estados, na
forma e para os fins do art. 34, § 8º, do
ADCT/88, tem, necessariamente, seu
objeto demarcado pelas lacunas
verificadas na legislação federal já
existente. Trata-se, portanto,
indiscutivelmente, de competência
legislativa supletiva, que deveria ter
sido exercida tão-somente para o
preenchimento de lacunas verificadas
em face da legislação recepcionada
pela nova Carta (Precedente: RE
149.922-2-SP, Tribunal Pleno, rel.
Min. ILMAR GALVÃO, Sessão de
23.02.94).

8. Ora, nos
termos do art. 34, § 8º, do ADCT, “se,
no prazo de sessenta dias contados da
promulgação da Constituição, não for
editada a lei complementar necessária
à instituição do imposto de que trata o
art. 155, § 2°, II, os Estados e o
Distrito Federal, mediante convênio
celebrado nos termos da Lei
Complementar nº 24, de 7 de janeiro
de 1975, fixarão normas para regular
provisoriamente a matéria.” Por isso
mesmo, o referido dispositivo
constitucional estabeleceu que o
convênio:

a) somente
disporá sobre a matéria enquanto não
for editada a necessária lei
complementar exigida pelo art. 155, §
2º, X, "a", da Constituição Federal,
tendo momento certo para desaparecer
do sistema tributário nacional - a
vigência dessa lei complementar;

b) deve ser
celebrado com observância dos termos
fixados pela Lei Complementar nº 24,
de 07.01.75, visto que essa lei foi
recepcionada também transitoriamente
pelo novo texto constitucional; e,

c) deve-se
restringir ao estabelecimento de
normas necessárias à instituição do
ICMS.

9. Como
ressaltado antes, a EC-1/69, com a
nova redação dada pela EC 23/83, em
seu art. 23, § 7°, dispunha que o
imposto de que trata o item II (ICM)
não incidiria sobre as operações que
destinassem ao exterior produtos
industrializados, remetendo a
legislação infraconstitucional a
possibilidade de indicar outros
produtos. O Decreto-Lei nº 406/68,
embora preexistente à EC-23/83, com
ela era compatível, dado que reprisava
o teor da norma constitucional e,
apesar da possibilidade de indicação
de outros produtos por norma inferior,
sua redação não foi alterada, e não se
fez qualquer menção aos semi-
elaborados.

10. A quaestio
iuris posta neste recurso já foi
reiteradas vezes decidida no STJ. É o
caso, por exemplo, verificado no
julgamento do Resp n°9.587, de que foi
Relator o Min. Ilmar Galvão quando
por lá judicou (DJ de 10.06.91), tendo
S.Exa. afirmado a "legitimidade da
exigência fiscal, fundada em lei
estadual, editada com base nos
Convênios ICMS 66/88 e seguintes,
que supriram, provisoriamente, a
ausência de lei complementar prevista
no art. 34, par-8, do ADCT/88".

11. Neste
ponto, a Constituição de 1988 foi
expressa, ao excluir os semi-
elaborados a serem definidos em lei
complementar. Dessa forma, embora a
norma constitucional tenha instituído o
ICMS sobre esses produtos,
condicionou, no entanto, a sua
incidência, para após a edição de lei
complementar que os disciplinasse.
Foi precisamente nesse vácuo
legislativo que atuaram os Estados e o
Distrito Federal, à vista da
autorização contida no art. 34, § 8º, do
ADCT, definindo e conceituando o
“produto industrializado semi-
elaborado”, implementando-se a
instituição do ICMS na exportação
desses produtos, até o advento da Lei
Complementar nº 65/91, que veio
regulamentar definitivamente a
matéria.

Ante o exposto, não conheço do recurso


extraordinário.
* acórdão ainda não publicado

Assessores responsáveis pelo Informativo


Maria Ângela Santa Cruz Oliveira
Márcio Pereira Pinto Garcia
informativo@stf.gov.br

Vous aimerez peut-être aussi