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ocià Baaenhad
Geraldo CecheUa Isaia (OrganizadorJF.ditor) e a de Maleriais
© 2010 IBRACON. Todos direitos reservados.
Capítulo 38
38.1 Introdução
1
\:t Capítulos 39 e 46 sobre o assunto.
38.2.1.J :Estrutura intema2
A madeira é um material originário do tecido ve;etal com cara_cterísticas
intrínsecas definidas pela fisiologia da árvore. A fonnaçao da estrutura mtema da
madeira pode ser considerada um sistema de tubifonne que transporta tanto a seiva
bruta (da raiz até as folhas) quanto à seiva elaborada (das folhas p~ o tronc?- após
a fotossíntese), irrigando radialmente o tronco, tal como esquemat1za~o n! Figura I.
A fisiologia da árvore define um sistema vascular orientado na d1reçao vertica]
Oongitudinal) e radial ao tronco, formado por elementos "tubulares" denominados de
fibras (traqueídes), esquematizados na Figura 2. Esses elementos são estruturas
macroscópicas, com dimensões da ordem de milímetros, podendo alcançar até 3,5
mm (caso do eucalipto). Esses elementos tubulares são estruturados por fios de
celulose de alta resistência espiralados e "cementados" por uma matriz de lignina
(extrativos), formando, assim, uma estrutura tubular preferencialmente nas direções
longitudinal e radial ao tronco, tal como esquematizada na Figura 3. Durante o
crescimento da árvore, esses tecidos vão se superpondo em forma de cones, com
maior atividade durante as estações quentes (verão) e menor intensidade nas estações
frias (inverno), quando há menor intensidade solar e poucas chuvas. Assim, as
camadas de verão são de maiores espessuras e de tonalidades daras, e as camadas de
inverno são de menores espessuras e com tonalidades escurecidas, denominadas de
anéis de crescimento (Figura 4). Portanto, os anéis de crescimento são formados por
colorações dos tecidos, não resultando em uma estrutura resistente da madeira,
apenas uma coloração anelar na seção da peça que ajuda a identificar as superfícies
de clivagem da estrutura interna da madeira (OLIVEIRA ALMEIDA, 1990).
folha
tronco:
madeira
estrutural
unem
água livre
~ L
Madeira de excelenle
deS9111)effl() estnull can
baixa vmiablldade
se torne t R dimensional e san def9itos
de secagem
bate da Figura 5 - Sistema de desdobro orientado pela estrutura interna da madeira(anéis de crescimento).
redução
(mJ.
A saída de água da madeira resulta na retração das paredes das fibras. Isso
µa a se aumenta sua compacidade, que leva a um aumento tanto da resistência quanto da
~mento,- rigidez do material. Esse fenômeno tem sua intensidade aumentada rapidamente
D de ate
quando o teor de umidade é reduzido abaixo de 25%, até valores próximos de 5%.
r1Ídade Esse fenómeno, na presença do aumento de temperatura, aumenta a resistência
r_ªf~ge
tadeII"à,
mecánica da madeira, chegando a dobrar seu valor de umidade de referência ( 12%)
em temperatura'> acima de 200ºC (ALMEIDA, P. A. O & SOUZA 1996). Isso toma
ptoS ~e a madeira um materiaJ com excelente desempenho em situações de incêndio. pois
<traçao retarda ao máxjmo o colapso da estrutura (Figura 6). O retardamento do colapso é
0 terI1ª·
devido ao aument() da resistência, em função de o aumento da temperatura ser
:rna do maior que a perda de resistência da seção pelo avanço da queima pelo fogo. Esse
; meno ocorre até um tempo limite, necessário para que ocorra a evacuação da
ação. que nonnalmente tem 1 hora de duração.
in e ugar_:ão do efeito da temperatura na madeira e no concreto foi realizada
,ç, cnrpo -de-pro 1a apresentados na Figura 6a, e os resultados estão nos
ma dac, figuras r5b e 6c. Nessa investigação, os corpos-de-prova foram
10cm 9
defini
k 5cm 'éUDlª
anual,
Corpo de prova d1 madeira
Corpo de provi de concrato
7190
Figura 6a - Corpos-de-prova utilizados no experimento.
·1 120
a.1100
g~ 80
-<11 60
:~ 40
~ 20
~ 04-----.----.----.---,----,r---.---~
o 50 100 150 200 250 300 350
Temperatura T, ("C) Ac~
umida
Figura 6b - Variação da resistência da madeira em função da temperatura até a combustão espontânea lllodifi
(ALMEIDA, P. A. O & SOUZA, 1996)
'! 120
a. í?100
experinentais LEM-EPI.JSp
E~ 80
8
·<U
-- 60
<U
·g
•Q)
40
E 20
~ 0-t----r--
o 50 -r---,---- .----r----
100
:~=-- _j
150 200 250 300
Temperatura T, ("C) 350
Figura 6c - Variação da resistência do concreto em função da temperatura (ALMEIDA. P. A. ~ OUZA, 1996)
0
38.2.1.2 Umidade
Com o mat eria l e trut ural , a mad eira é .
hom ogê neo . Sua pro prie dad e ão d t . con side rada um ma
padr~o de refe rênc ia. com teor de um i~a ~:~ :ªf; ~ p:,ra uma. cond1çléW
amb ient e que leve m a outr o teor es de . o. ara apb caç ões em
físic as da mad eira dev em er corr i ida umi dad e, todas as propriedades
outr as situ açõ es de u, 0 do material~ s com equ açõ es que contemplem
Par a o pro jeto de e trut ura de made · d ·
da ~~i dad e nas pro prie dad e de resi ;::~ ci:v :-;f g~~ : d;ra r ~ infl~ência
51
1
~efm1das a~ clas se, de umi dad e, nas qua is O teor de u~i d::: e ::o ~r~ m
1
e uma fun çao da umi dad e rela tiva do ambiente u em se I éde!'8
anu al d Q amb uva or m 10
st
·( mo ra o no uad ro 1, corr esp ond ente à atual Tabela 7 da NB R
719 0 AB NT. 199 7).
A cor reçã o das pro prie dad e de resi stên cia e rigi dez dev ida ao teor de
umi dad e, par a valo re de pro jeto . será con side rada por coe fici ente s de
mod ific açã o k mod defi nido s a egu ir.
ntânea
38.2.1.3 Densidade
A den sida de da mad eira será defi nida a part ir da hipó tese de mat eria l
hom ogê neo com o sen do a rela ção entr e a mas sa es pec ífic a e o volu me
cor resp ond ente . amb a a gran dez as med idas no mes mo teor de umi dad e.
Par a emp reg o em pro jeto de e trut uras , a den sida de foi den omi nad a de
den sidade apa ren te P apar. metú> = m,u, / V,ui e esp ecif icad a para a con diçã o-
pad rão de refe rê ncia de U = 12% de teor de umi dad e, para cad a clas se de
resi stên c ia da madeira pub lica da a eguir.
Alé m da den sida de apa ren te. é usu a l tam bém a den sida de bás ica P bas,ca
da mad eira defi nid a pela rela ção entr e a mas sa sec a da mad eira (m ) e o
vol ume satu rad o ( V d ) . que é uma gra nde za de fáci l dete rmi naç ão,
saturJ o
ma não em pre gad a dire tam ent e cm pro jeto de e stru tura s
( 1- .. = 111 s / \/~aturado) ·
~8~1;~. i,1.S1.l!I.C
A.: ~aêffiua serradâ apresenta três planos de simetria elástica
preferenciais, orientados nas direções longitudinal (1), radial (2) e
tangencial (3), caracterizand o-se, assim, o modelo ortótropo. A
representação da rigidez da madeira no modelo ortótropo exige a
determinação de nove coeficientes elásticos independentes representados
pela Equação 1 e em valores de engenharia pela matriz da Figura 7. Todos
esses valores podem ser determinados por ensaios uniaxiais de blocos de
madeira serrada, tais como demonstrados por Oliveira Almeida (1990).
(Equação 1)
( _l -v12 -v13
o o o l
E1 Ei ~ 1 Figura
1 1
1-v21 1 -v23 1
1- o o o 1
1 E1 Ei ~
1· 1 Para o
1-V3} -V32 1 1 considerad
1- o o o 1 sem levar-
D - 1 E1
qr- 1
Ei ~ 1 ,
valor médi
1
o o o 1 ~lação si~
1 o o 1
as fibras é
1 G12 1
1 1
1 o o o o 1
o 1
1 G23 1 E
1
1
1
1 o o o o o _!_ 1
\ G31)
Figura 7 - Constantes elásticas para o modelo ortótro d .
po a madeira.
1
E w9o =20 Ewo (Equação 2)
38 .2.1.5 Resistência
Em razão do seu caráter anisotrópico, a madeira pode ter suas resistências
dentes representadas em modelo ortótropo. Entretanto, para aplicação e1n projeto. a
são os res ~tência da madeira será representada de modo simplificado, tomando-se como
para 0 re ência a orientação do feixe de fibras , na direção paralela às fibras a = O grau
1tad0S e rmal às fibras a = 90 graus. Assim, as resistências são apresentadas em
\. ,s relativos entre elas, como especificadas no Quadro 2, en1 que .t:u:.:.
e, 1 ;ponde à resistência à tração paralela às fibras inclinadas de a = O grau ou
U=:'.90;gtaos, em valor caractenS ~;/~
paralela às fibras (a = O grau) ou me
.
tl
ª
e= a • A • '
s nde à resIStencia a compressão
~bras = 90 graus), em valor
característico (k).
. tural em valores característicos
Quadro 2 - Rela~ entre as resistências da rnaCOderraCnALILair 1986)
(0UVEIRAALMEIDA ' FUS ' ·• .
Relac6e• entre resistência• caracterfstlcas Valores de raferlncla
0,77
fctJklf,o
1,00
f,u11/f,n11
0,05
(t90k/ft0k
0,25
f,~rulfd'Jk
1,00
feoklfc0k
1,00
fe90 k/ fcO.lc
fvo kl fc0 k (para coníferas) 0,15
fvoklfc0k (para dlcotiledõneas folhosas) 0,12
~~ã ~
a de
~;;. ié brlginária de pequenas partículas
de madeira
®ln.,POaLll h as ou barras. Usualmente, são
cu o '.Olliibras longas) molda~as e~ocm:ada chapas de madeira MDF
denotnlliada de chapas de ma~eira :ira HDF (high density fiber) e OSB
(médium density fiber)' chasas d e ma hapas já se encontra um novo tipo
(oriented. strand board). AI. mas ~:~:deira ~om matriz de plástico, cujas
de m~tenal for~ado yor fibr Dentre essas madeiras, as que
propriedades nao serao tratad~s n~s!e t~xto. de MDF HDF e 0SB
mais se destacam na construçao civtl sao as chapas . ' ·
O OSB estão hoje, substituindo as chapas de mad~ira dcombp~l~dsadda por
apresentarem ' melhor desempen ho es trut u ral e maior ura 1 1 a e em
ambiente externo (Figura 11).
(a) (b)
r - f,
12- U¾ l
3(U%
1 + __;_
. r
_ _- 12)1
100
_
J (Equação 4)
llJJliJ
umidad
êea
fU%
A:.c
resis~ncia ~ madeira na condi ão- -
e a resistência medida ~ padrão de referência a 12%
e uuerente de 12~ E de
entre 10% :s U% :s 20~ N etamente do ensaio
ssa expressão tem validade para teo ~m ~r de
expressão U = 20%, poj'; ai;~~ de ~al?fl;S ~aiores que 20%, :nsi:era-se
Essa mesma expressão de çao n_ao e significativa.
Uoudade
na
referê~cia também pode ser ~~~~~ao~e valores para a condição-padrão d
experunentalm ente em corpos-de ga para a correção da rigidez mecr e
. •da
deve-se empregar a expressão d d-prova com teores diferentes de 12% · Para isso, Os
a a por:
estão
E12= Eu%.f1 + 2(U%- 12)1
L 100 J (Equação 5)
(Equação 6)
onde k mod é o
coeficiente de modificação das resistências, resultante do produto de
k modl *kmodZ*kmod.3 , que leva em consideração a modificação da resistência
característica devida à duração do carregamento, o teor de umidade diferente da
condição-pad rão de referência para projeto e a qualidade da madeira (primeira ou
segunda categoria), respectivamente. O Yw é o coeficiente de minoração das
resistências resultantes do produto de Ymi * Ym2* ym3, que considera a variabilidade Aq1
intrínseca da madeira do lote considerado, as usuais diferenças anatômicas Para p
enqua
aleatórias existentes entre as madeiras empregadas na fabricação dos corpos-de-
prova e da estrutura e outras reduções das resistências efetivas em relação ~
38.2.3
resistências teóricas consideradas no projeto, respectivamente. Os valores usuais
An
de yw estão relacionados na Quadro 5 a seguir. llladei
deieté
llladei
detern;
Os valores de kmoo1' que levam em considera - -
estão relacionados na Quadro 6. çao ª duraçao do carregamento,
(Equação 8)
~,
38.3 Ligações
t
Fi
"
•
,
F
l o) l b) (C) (dl
FI.EXÃO 00 ! MeuTIME~TO
PINO CtSAlHAMENTO
a a av
--
nsidei 1, ,
FENOILHAMENTO
iderad
Figura 12 - Modos de ruptura das ligações de estruturas de madeira (OLIVEIRA ALMEIDA. 1990).
estão.
l,Sd 1 , Sd
Í 3d
1,Sd ..,_,._..,_....,.._ % 3d
1,Sd
pregos , cavilhas
parafusos afastadc
n = 6
parafusos
n =4
l,Sd
t
d
nd d
d l,Sd
1, Sd I· 1·3d+·I l, Sd
· · (OI f\'HRA .\1 ~1cmA: FUSCO: CAUL. 1996J
, At,1,1a1111.:1110 e c~pa~·aflll'lllO~ mmtmns
t
F
sego
A resistência da ligação é determinada para uma seção de corte (Figura 16),
pelas Equações 9 ou 11, que devem ser escolhidas a partir da relação B= t / d.
quando comparada com o valor de f3lim , dado a seguir:
2
t
Rvd 1=0,40-!-J
· {3 ed
para f3 ~ f3um (Equaçã o 9)
R,,d,1=0,6 25_g_ Jyd (comf3=f3,._ ) llUI para f3 > f31im (Equação 11)
/3 lim
/3 -12sJf,,,
lim ' .,
J ed (Equaçao
- ·') .1.-
•. . -~~ -
Os valores de t a serem considerados nas expressões
determinados pelos critérios esquematizados na Figura 15.
-
-
d - t é o menor l==ll===-1
t1 t4_ valor entre
valor entr....__ ... t1 e t
L..+- 2 t é o menor
t1 e t t2 (t4 ii!: 12d) valor entre
2
(Q 2d ) __-+-_._ t e t
'
t4 < t2 1 2
( PARAFUSOS ) (PREGOS)
INTERFACES
DE COIITE
CPC 1 c,ca
COITE COIITE
IINPLII DUPLO
(a)
t
... ..
r- Cf'TS
COIIIIJUIITA
CPT4
CNAPA
INDIIIETA PIIEeO
= r-.
-
- ..., -
f
(b)
ENSAIOS DE TRAÇIO - CORPOS DE PROVA USADOS Figura
t
.-
CPT 2 CPT 1
CORTE
..- ..... DUPLO
CO"TE
SIMPLES
.,,,
-
o "
o o
0 O
0 O
..... ..... 0 O
-
(e)
Figura 17 - Arranjos de ligações de estruturas de madeira.
(a)
(b)
Figura 19 - Ponte de madeira em vioa reta co aJm 1· • ·
? m a em tre iça mulnpla. vão livre de 30m, Iperó, São Paulo,
conslru1da em 1988. a) vista laLeral: b) \ista inferior.
(a) (b)
(e) (d)
s 1rela <.k pedestre • com 12 metro de vão livre, fabricada em madeira laminada protendida, Cidade
ia. Sao Paulo. construída em 2005. a) vista panorâmica; b) detalhe da protensão do tabuleiro com
RB 190 e) pa\ imentação rígida de 4 cm, com malha de d=4mm, fixada por pregos; d) detalhe da
montagem do tabuleiro sem a armação.
Figura 21 - Estrutura em madeira laminada colada. a) vista lateral da viga laminada colada h=2.80m:
b) detalhe da estrutura de cobertura com vigas laminadas.
(a)
(e) (d)
Figura 22 - Seçoes
- de vigas
· c_om ~~ em madeira compensada a) seção duplo T: b) seção caixão simples:
e) seçao caucao com duplo T; d) seção caixão com 2 células.
Figura 23 - Estrutura de madeira reconstituída tipo OSB , sede do LSE em Osasco, SP, construída em abril de 2005.
a) arranjo da estrutura; b) detalha das paredes de canto; e) detalhes das paredes antes do fechamento; d) vista
externa da fachada principal com texturato e lateral em acabamento .
.J-
(a)
· - habitacional
. San Francisco, CA, USA, fotos do
. '. , . d ainéis de OSB; b) detalhe
1 '4 farruturas m1q;i,; mctál1c.as e madeira. con~truçao
xẠsiJllPltS ª'
mllo 2007 . vi•,la l:ilcrnl da c.',tnitura com pórticos metállcos.e d1v1s.onas \P d
do p«írtu.;o misto, pilar metálico e viga de madeira laminada coa a.
ALMEIDA,S. M. B. Ponte estalada de madeira. Tese de Doutorado. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - PEF. EPUSP,
1989.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7190: Projeto de estruturas de madeira. Rio de Janeiro: ABNT,
1997.
39
39
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cuiJ
T"e\'c
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lPra
.-\
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