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Filomena Carvalho
● Parte I – Introdução
● 1. Noção Jurídica e Social de Família
● 1.1 Noção Jurídica de Família
●O nosso Código Civil não define explicitamente o conceito jurídico de família. No
entanto, o art. 1576º dá uma noção implícita.
● Art. 1576º do CC
“São fontes das relações familiares o casamento, o parentesco, a afinidade e a
adopção”
● Sendo as relações familiares as referidas neste preceito, pode dizer-se que a família
abrange todas as pessoas ligadas por essas relações.
●À família de uma pessoa pertencem, pois, não só os conjugues, como ainda os seus
parentes, afins, adoptantes e adoptados, correspondendo este conceito lato à noção
jurídica de família.
● Não obstante, o já referido e embora a lei reconheça o grupo familiar como portador
de interesses próprios, a família não é ela própria uma pessoa jurídica, o interesse
da família é perseguido através das próprias pessoas singulares que integram o grupo
familiar.
Ex: art. 1671º, nº2; 1673º; 1677º-C, nº1
● 1.2.1 Noção
●A noção supracitada é uma pura noção jurídica a que não corresponde qualquer
realidade social.
●Actualmente, a família é considerada a “pequena família”, isto é, constituída pelos
cônjuges e pelos filhos menores.
●Mas por vezes a família é muito mais ampla, uma vez que há inter-relações entre
gerações, como sejam com os sogros, pais, etc.
● Socialmente a família:
● É uma comunidade particularmente propícia à realização pessoal dos seus membros;
● É um grupo social primário, uma vez que se consubstancia no principal agente de
desenvolvimento e progresso na vida em que existem relações de parentesco e
afinidade;
● Tem necessidade de protecção, independentemente dos modelos que possa assumir;
● Influencia e é influenciado por outras pessoas e instituições;
● É um grupo de pessoas, ou número de grupos domésticos ligados por descendência a
partir de um ancestral comum, matrimónio ou adopção;
● É unida por múltiplos laços capazes de manter os seus membros moralmente,
materialmente e reciprocamente unidos durante uma vida e durante gerações;
● É a base da sociedade, daí ser importante manter a coesão da família e
solidariedade entre os seus membros, pois essa coesão contribui para o nível de
honradez da sociedade.
●Como ramo da ciência jurídica, é um ramo do Direito Civil Comum e porquanto privado
a que pertence o estudo das normas supracitadas; a sua interpretação e aplicação, a
construção de conceitos com base nas soluções legais e a ordenação sistemática desses
conceitos.
●Das outras fontes do direito da família destacam-se como as que têm maior
importância a Concordata entre o Estado Português e a Santa Sé, de 7 de Maio de
1940, o Protocolo Adicional à Concordata entre o Estado Português e a Santa Sé e a
Republica Portuguesa, de 14 de Fevereiro de 1975, o Código do Registo Civil. Importa
também ao direito da família o Código de Processo Civil, principalmente os Capítulos
XIV, XVII, XVIII (Secção II, Secção III e Secção VII).
●Os restantes estão inseridos nos direitos e deveres económicos, sociais e culturais,
têm assim uma força jurídica menor mas que deve ter tida em conta pelos tribunais.
dos pais conste do registo (art. 102º, nº1, al.e) e sendo mandado averbar o
casamento dos pais posterior ao registo de nascimento do filho (art. 69º, nº1
al.e) do mesmo código.)
● A 1º parte desta disposição formula o princípio em sentido material, não
permitindo assim a lei que os filhos fora do casamento sejam objecto de
qualquer discriminação que lhes seja desfavorável e que, além disso, não
seja justificada pela diversidade das condições de nascimento. Apesar da lei
pretender concretizar tais objectivos, há diferenças de regime que na verdade
desfavorecem os filhos nascidos fora do casamento, mas que aparentam ser
conciliáveis com o princípio da não discriminação.
Ex: presunção pater is est (art. 1826º, nº1) só vale para os filhos dentro do
casamento, porém é possível conciliar tendo em conta o disposto nos arts. 1871,
nº1, al.c) e 1883º do CC.
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Apontamentos de Direito da Família Docente: Dra. Filomena Carvalho
Ex: são imperativas as normas que regulam os requisitos do casamento, as que definem
os direitos e deveres pessoais dos cônjuges, as que enunciam os fundamentos do
divórcio e da separação judicial de pessoas e bens, e enfim, a generalidade das normas
do direito da família.
●Pode dizer-se, grosso modo, que apenas as relações familiares patrimoniais são
regidas por normas de carácter dispositivo, sendo de salientar, todavia, que ainda aqui
deparamos, não raramente, com normas imperativas, como as dos artigos 1699º, 1714º,
nº1, 1720º CC.
● 5.2 Institucionalismo
● O direito da família é um direito institucional;
●É uma concretização da concepção institucionalista ou ordenalista em que a lei é só
uma das formas de revelação do direito, pois o direito vive sobretudo nas próprias
instituições ou ordens.
●O direito da família, é uma das instituições mais antigas do Estado, é um organismo
natural, que preexiste ao direito escrito, e dentro do qual vive uma ordenação intima,
complexa e difícil de racionalizar.
● Diz-se que o Direito da Família é um direito institucional porque o legislador se limita,
em alguma medida, quando regula as relações de família, a reconhecer esse “direito”
que vive e constantemente se realiza na instituição familiar.
● Sem dúvida, não foi o legislador que criou as normas que impõem certas obrigações aos
cônjuges (art. 1672º do CC) ou as que dizem quais os deveres dos pais com os filhos
e destes para com os pais (art. 1874º do CC). Note-se que o facto de estas normas
serem algo vagas impõe recorrer ao institucionalismo familiar.
●É devido ao seu carácter institucional que o legislador utiliza diversos conceitos
indeterminados;
●Este institucionalismo não pode ser tido como absoluto, é obvio que também pode
existir e pode ser decisivo, um momento técnico e outro racional, pois o legislador
pode querer modificar, um sentido ou noutro, a ordenação institucional da família. O
legislador pode adiantar-se aos costumes sociais pretendendo actuar pedagogicamente
sobre eles, embora esta questão seja controversa.
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●Os direitos e negócios familiares estão sujeitos aos “numerus clausus”, ao contrário
do que acontece com o direito das obrigações e à semelhança do que se passa com os
direitos reais.
● Este princípio de “numerus clausus” vigora não só quanto ao número dos negócios, mas
também quanto ao seu conteúdo.
●Em matéria de Direito da Família, não só se podem celebrar unicamente os negócios
previstos na lei, como as relações familiares estão sujeitas, em princípio, a um
conteúdo pré-fixado na lei.
Ex: Não seria válido o contrato, feito por duas pessoas de sexo diferente, em que
estas assumissem uma para com a outra as obrigações que a lei impõe aos verdadeiros
cônjuges mas sem quererem recorrer à forma matrimonial. Como não poderão duas
pessoas fazer um contrato, submetido ao regime geral dos contratos, pelo qual uma
delas fique na situação de filha da outra.
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●São aquelas que se estabelecem entre pessoas que têm o mesmo sangue, porque
descendem uma das outras ou porque provenham de um progenitor comum.
Ex: relação entre o filho e o pai ou a mãe, as relações entre irmãos, entre primos etc.
●As relações de parentesco mais importantes são as relações de filiação, isto é, a
relação de maternidade e paternidade.
●À semelhança do que acontecia com as relações matrimoniais também existem aqui
alguns aspectos obrigacionais e reais que não se reconduzem pelo regime geral, mas sim
pelo Direito da Família.
Ex: - A obrigação de alimentos aos filhos menores (art. 1878º e 2009º do CC e art.
186º e ss da OTM) ou mesmo maiores (art. 1880º do CC);
- Direito de propriedade dos pais sobre certos bens dos filhos menores (art. 1895º
do CC);
- Direito conferido aos pais de utilizar os rendimentos dos bens dos filhos (art.
1896º do CC)
●No entanto, existem outras, que apesar de não merecerem a classificação como
relação familiar, são conexas com estas, estando igualmente a estas equiparadas para
determinados efeitos legais, podendo ainda ser condição para certos efeitos que a lei
atribui à relação conjugal e às relações de parentesco, afinidade e adopção.
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● 1. Parentesco
● 1.1 Noção e limite
● 1.1.1 Noção
● O parentesco é uma relação de sangue e porquanto também pode ser designada por
consaguinidade.
● 1.1.2 Limites
● Existe porém, um limite à relevância jurídica do parentesco regulado no art. 1582º do
CC.
●No entanto, os limites legais não se esgotam no artigo supracitado. Existem
disposições legais ainda mais restritivas da relação jurídica do parentesco.
Ex: 2133º, al. d) do nº1;1639, nº1;1677º-C, nº2; 2009º, nº1 do CC
● 1.2 Contagem
● A multiplicidade das relações de parentesco actualmente existentes, bem como os seus
diversos graus, não são factos alheios ao direito.
● É assim, através da contagem do parentesco que se torna possível definir, ordenar e
estabelecer uma hierarquia entre elas.
● O parentesco conta-se por linhas e graus;
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● 1.2.1 Linhas
● Pode ainda distinguir-se entre linha paterna e materna, tanto quanto à linha recta
como quanto à transversal.
Ex: art. 1952º, nº3; 1955º, nº2 do CC
● 1.2.2 Graus
● Definida a linha de parentesco, importa saber qual é o grau de parentesco dentro da
respectiva linha.
● 1.3 Efeitos
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● Obrigação de alimentos
● Art. 2009º, nº1 e 2 à 2010º à 2009º, nº3 do CC
● Só se refere aqui aos alimentos familiares, e dentro destes apenas aos devidos
iure sanguinis. Coisa diversa, são os alimentos devidos por iure matrimonni
durante o casamento ou mesmo já depois de se ter dissolvido (art. 2009º, nº1
al.a) e 2016º do CC)
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● 2. Afinidade
● 2.1 Noção; fonte e duração
● 2.1.1 Noção
●As relações de afinidade são distintas das de parentesco. Fala-se por vezes de
“parentes por afinidade” mas a terminologia deve-se evitar. A afinidade não é, uma
relação de sangue.
● 2.1.2 Fonte
● A fonte da afinidade, ou das várias relações de afinidade, é, pois, o casamento.
● Posição diferente, defende o direito canónico que além de considerar como fonte da
afinidade o casamento, também considera o concubinato notório ou público.
● Acresce que o casamento já dissolvido não cria relações de afinidade.
● 2.1.3 Duração
●A afinidade só começa após a celebração do casamento e não tem efeitos
retroactivos, isto é, não opera para trás.
●Mas a afinidade cessará igualmente quando se dissolve o casamento que
lhe deu origem? Caída a causa, também cairá o efeito?
● Para estas questões dá resposta o art. 1585º do CC
● Posições doutrinais
● Antunes Varela
● Entende que a solução se justifica mesmo no caso do divórcio, sobretudo à
medida que este se vai tornando fenómeno na vida corrente na vida social.
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● Guilherme de Oliveira
● Tal solução legal compreende-se no caso de dissolução por morte, em que
geralmente o falecimento de um dos cônjuges não faz cessar as relações
do sobrevivo com os parentes do finado.
● Tratando-se de dissolução por divórcio, geralmente as relações de
afinidade perdem relevância social, mas se justificando por isso, que
mantenham a sua relevância jurídica. Considera que o art. 1585º, pelo
menos em caso de divórcio suscita de iure condendo as maiores reservas.
● Guilherme de Oliveira critica ainda Antunes Varela. Admitindo que seja
assim, não parece todavia realista pensar que cada um dos ex-cônjugues,
em particular se contrai 2ºs, 3ºs ou 4ºs núpcias , continue a manter com os
seus vários sogros, sogras ou cunhados, laços afectivos que justifiquem a
permanência de relações de afinidade com os efeitos previstos na lei.
● 2.2 Contagem
● Também nestas relações, à semelhança do que se verifica nas relações de parentesco é
necessário defini-las e ordená-las procedendo à sua contagem;
● As regras para tal contagem são as mesmas que se aplicam às relações de parentesco.
Ex: Um cônjuge é afim em linha recta dos parentes em linha recta do seu cônjuge e
afim na linha colateral dos parentes do seu cônjuge na linha colateral; por outro lado, é
afim no 2º grau dos parentes em 2º grau do seu cônjuge, afim no 3º dos parentes em 3º
grau…
● 2.3 Efeitos
● Efeitos comuns às várias relações de afinidade
● Obrigação de alimentos
● Art. 2009º, al. f) do nº1.
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● 2.4 Limites
No que concerne aos limites, teoricamente é aplicável à afinidade o mesmo limite do
parentesco, isto é até ao 6º grau, embora sejam restritos os casos em que a lei atribui
efeitos às relações de afinidade, na linha colateral para além do 2º grau.
● 3. Adopção – 1973º e ss
● Quer isto dizer, que a adopção em antítese com o parentesco natural (verdadeiro), é
considerado um parentesco legal em muito semelhante ao primeiro.
● No entanto, não se pode dizer que a adopção é uma criação utópica da lei, mas sim uma
realidade legal com uma matriz afectuosa, que se distingue do parentesco por este
possuir uma matriz biológica.
● Com a destrinça estes dois conceitos, pretende a lei alertar para o facto de a
adopção não se constituir como uma modalidade da filiação.
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● Enquanto que antigamente este instituto era centrado na pessoa do adoptante e servia
os seus interesses, como sejam a perpetuação da família e a transmissão do nome e
do património; actualmente visa servir o interesse dos menores desprovidos de meio
familiar.
● É inegável que a adopção serve também o interesse do casal infértil, ou até de pessoa
singular que tem o desejo de ter um filho, mas em primeira linha está sempre o
interesse do menor.
●Em suma, a adopção constitui o instituto que tem como objectivo proporcionar às
crianças desprovidas de meio familiar o desenvolvimento absoluto e harmónico da sua
entidade e personalidade num meio amoroso e compreensível, através da sua integração
numa nova família.
● 3.5 Evolução Legislativa – pg. 53 à 57 do livro
● Por um lado, a adopção plena e restrita, consoante a extensão dos seus efeitos.
A adopção restrita pode ser convertida em adopção plena a todo o tempo, caso
o adoptante apresente um requerimento do adoptante, e consiga preencher os
pressupostos de facto para tal. (art. 1977º do CC)
● Por outro pode ser singular ou conjunta, sendo ambas as modalidades compatíveis
com a adopção plena ou restrita, isto é a adopção seja ela plena ou restrita, pode
igualmente ser singular ou conjunta.
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● Distinta da adopção é a chamada “dação de nome”, prevista no art. 1876º do CC, que
não tem outro efeito senão a atribuição ao menor dos apelidos do marido da mãe.
● nº2
● “O processo será instruído com um inquérito…determinantes do pedido de
adopção.”
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● nº2
“O adoptando deverá ter estado ao cuidado do adoptante durante prazo
suficiente para se poder avaliar da conveniência da constituição do vínculo”.
● A lei não fixa este prazo uma vez que este depende das circunstâncias, mas
terá de existir obrigatoriamente confiança judicial e/ou administrativa, bem
como um período de pré-adopção. Este período não será superior a 6 meses,
em que o organismo da segurança social acompanha a situação do menor e
elabora o inquérito a que se refere o art. 1973º, nº2 do CC.
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● 3.7.2 Consentimento
●Embora o consentimento esteja regulado na parte que cabe à adopção plena, isto
é, nos arts. 1981º e ss, o art. 1993º, faz com que este seja igualmente aplicável à
adopção restrita e porquanto consubstancia-se num requisito comum aos dois tipos de
adopção.
● A lei exige em determinados casos que para a adopção de um menor seja necessário
o consentimento de algumas pessoas.
● nº2
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● nº3
Esta imposição tem como objectivo salvaguardar o risco de um
consentimento precipitado, devido a efeitos traumáticos e perturbações
psicológicas.
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● 3.9.1 Efeitos
● De acordo com o art. 1986º, do CC, a adopção plena atribui ao adoptado, o estatuto
de filho do adoptante, podendo este integrar-se com os seus novos descendentes
e afins. Existe então, um corte dos laços familiares entre o adoptado e os seus
descendentes e colaterais biológicos, com respeito pelos limites legais previstos no
art.1602º a 1604º.
● O adoptado apenas adquire a situação de filho, após a data de trânsito em julgado da
sentença, uma vez que a adopção é constitutiva.
●A nossa lei admite em situações excepcionais, uma adopção aberta, ou seja a
manutenção dos laços familiares do adoptado com a sua família natural. É o caso das
situações previstas no art. 1986º, nº2 do CC, em que um dos conjugues ou unidos de
facto adopta o filho do outro.
● O adoptado pleno goza de todos os direitos que goza um filho natural, mormente em
termos sucessórios, de alimentos, de poder paternal, de impedimentos matrimoniais
relativos à sua nova família.
● 3.9.1.1 Nome
● 3.9.1.2 Nacionalidade
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● 3.9.1.3 Irrevogabilidade
● Art. 1989º do CC – Irrevogabilidade da adopção plena
● A adopção plena é irrevogável uma vez que pretendendo suprir o vínculo da
filiação por vezes inexistente, é coerente que esteja submetido a semelhantes
disposições legais como seja a mera redução à disponibilidade das partes. Quer
isto dizer que a partir do momento em que adopção seja decretada, as partes já
mais poderão dispor se querem ou não a manutenção desse vínculo, ele tende a
adquirir característica de perpetuidade.
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● Em termos práticos se a revisão for aceite, o adoptado deixa assim de ser filho
do adoptante, quer em termos ex nunc como ex tunc, ou seja, como nunca tivesse
sido adoptado. Assim todas as relações com a família do adoptante são apagadas,
sendo restabelecidos os laços familiares biológicos.
● 3.10.1 Efeitos
● O adoptado não corta relações com a sua família natural, mantendo com esta
todos os direitos e deveres.
● Não adquire a situação de filho do adoptante, pelo que não se torna descendente
deste (art.1994º e 1996º do CC);
● Não perde os seus apelidos, mas o adoptante pode pedir ao tribunal que este lhe
atribua os seus apelidos (art.1995º do CC);
● A filiação natural coexiste com a filiação adoptiva (art.2001º do CC);
● O art.1999º, nº1 do CC prevê que o adoptado não é herdeiro legitimário do
adoptante, nem este daquele. Porém, o adoptado pode sê-lo no caso da falta
de cônjuge, descendestes e ascendentes (nº2 do predito artigo). Além disso,
o adoptante também pode ser sucessor do adoptado na falta de cônjuge,
descendentes, ascendentes, irmão e sobrinho do falecido (nº3 do supra citado
artigo);
● O adoptante só poderá depender do rendimento dos bens do adoptado a quantia
que o tribunal fixar de alimentos deste (art. 1998º)
● O art.2000º do CC prevê o dever de direitos recíproco entre o adoptado e o
adoptante;
● O poder paternal do adoptado está a cargo do adoptante (art.1957º do CC), deste
modo, este administra os bens do adoptado mediante inventário (ar.2002º do CC);
● A adopção restrita gera impedimento matrimonial (art.1604º al.e) e1607º do CC);
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● A revogação
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● Coabitação juvenil, os jovens não querem logo numa primeira fase assumir um
compromisso, mas admitem vir mais tarde a casar;
● Estratos de população mais desfavorecidos, muitas vezes nestas classes não
ocorre o casamento por falta de meios económicos, ficando apenas o casal a viver
em união de facto;
● O casamento implicaria desvantagens, portanto opta-se pela união de facto.
Ex: pensão de sobrevivência
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● Em consequência do art. 1576º do CC, conclui-se que não é uma relação de família
para a generalidade dos efeitos.
● Em termos práticos, a questão da qualificação da união de facto como relação de
família assume relevância para saber se a lei que atribua um direito, imponha uma
obrigação ou confira legitimidade para certa acção aos “familiares” de determinada
pessoa compreende não só o conjugue, os parentes, os afins e o adoptado ou
adoptantes, mas também vivi em união de facto com ela. Em princípio a resposta
é negativa, pois a união de facto não é relação de família para a generalidade
dos efeitos; mas há que saber se não estaremos num daqueles domínios em que,
excepcionalmente, ela merece essa qualificação, como seja o direito social e o
direito fiscal.
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●A união de facto só tem os efeitos que a lei lhe atribuir em particular, não sendo
legítimo estender à união de facto as disposições referentes ao casamento. A maior
parte dos efeitos estão enumerados no art. 3º da Lei 7/2001, mas esta enumeração
não é taxativa, como resulta do nº2 do art.1º.
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●Os membros da união de facto não estão vinculados por qualquer dos deveres
pessoais que o art. 1672º do CC impõe aos conjugues.
● Nenhum deles pode acrescentar aos seus apelidos, os apelidos do outro. (art. 1677º
do CC)
● A união de facto não releva para efeitos de aquisição de nacionalidade (art. 3º da Lei
37/81, de 3 de Outubro).
● O direito não desconhece porém, a relação pessoal que liga os membros da união de
facto um ao outro. O art. 7º da Lei das uniões de facto permite aos membros da
união de facto de sexo diferente adoptar conjuntamente em condições análogas às
prevista para o conjugue (art. 1979º do CC). Este artigo não exclui a possibilidade de
um dos unidos de facto adoptar singularmente sem o consentimento do outro.
● Quem conviva ou tenha convivo em união de facto com uma das partes de uma causa
pode recusar-se a depor como testemunha (art. 618º, nº1, al.d) do CPC).
●As pessoas que cumpram os requisitos do art.1º, nº1 da Lei 7/2001 e trabalhem na
mesma empresa têm o direito de gozar férias no mesmo período (art. 3º, al.c) da dita
lei). Da mesma forma têm também preferência na marcação de férias coincidentes
quando trabalhem para o Estado.
●Quanto aos filhos, há que notar que os filhos nascidos de união de facto estão
equiparados aos nascidos dentro do casamento por força do art. 36º, nº4 da CRP.
● Assim, aplicam-se igualmente os arts. 1871º, nº1 al.c); art. 1911, nº3;1901º a 1907º
e art. 1912º do CC.
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●(1) Cada um pode vender bens móveis ou imóveis, dar ou tomar de arrendamento,
contrair dividas. Podem também os dois contratar um com o outro, fazendo inúmeros
contratos. O art. 1714º do CC, proíbe determinados contratos entre conjugues, no
entanto este preceito não tem aplicação na união de facto.
● Pode colocar-se assim a questão da “comunhão de mesa”, isto é, todas as
vicissitudes que implica a vida comum, como sejam em geral interferências nos
patrimónios de ambos os unidos de facto. Será que os unidos de facto podem
regular estes aspectos em instrumento notarial? Parece a Guilherme de Oliveira
que sim, desde que não exceda os limites da autonomia privada e que não regule
efeitos pessoais, nem existam pactos sucessórios.
● (2) O princípio enumerado no primeiro ponto dos efeitos patrimoniais, comporta uma
excepção prevista no art. 953º do CC, que manda aplicar às doações o disposto no art.
2196º do CC.
●(3) Os unidos de facto criam a aparência de vida matrimonial, que pode suscitar
a confiança de terceiros que contratem com ambos ou com cada um deles. Parece
assim razoável estender à união de facto o art. 1691º al.b) do CC, entendendo que os
sujeitos são solidariamente responsáveis (art. 1695º do CC) pelas dívidas contraídas
por qualquer deles para ocorrer aos encargos normais da vida comum. Ao aplicar
estes artigos aplica-se a tutela da aparência.
● (4) Põe-se a questão de saber se a união de facto, ela própria, impede ou permite a
constituição de um direito a alimentos ou extingue a pensão ou direito existente.
● A lei não é absolutamente clara relativamente a esta questão. Várias são as
disposições legais que extinguem direitos já existentes pela indignidade de
comportamentos morais. No entanto, a união de facto não é uma indignidade
moral, mas apenas uma opção de vida. Assim conclui-se que a união de facto não
extingue a pensão ou direito existente.
● No que concerne à prestação de alimentos por um ex unido de facto ao outro.
Conforme o art. 2009º os unidos de facto não são obrigados a prestar alimentos
no entanto com fundamentação no abuso de poder (art. 334º) pode ter o ex unido
de facto de pagar uma prestação de alimentos.
●(5) O art. 3º, al. d) da Lei 7/2001 torna aplicável aos membros da união de facto
o regime do imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS) nas mesmas
condições dos sujeitos passivos casados e não separados de pessoas e bens.
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● Tratando-se de casa própria, o art. 4º, nº4 da Lei 7/2001 remete para a aplicação
do art. 1793º do CC.
● Se em casa pertencer em compropriedade a ambos, qualquer deles pode pedir
ao tribunal que lhe dê de arrendamento a casa. Este pedido deve ser cumulado
com a declaração de dissolução da união de facto.
● Se a casa for propriedade apenas de um, pode o outro fazer idêntico pedido.
● 1.9.3 Morte
● Por último, recai o estudo sobre os direitos que assistem ao sobrevivo no
caso de morte de um dos sujeitos da união de facto.
●(1) Se o falecido não era casado ou estava separado de pessoas e bens (embora o
casamento se tenha dissolvido apenas com a morte ou com divórcio há menos de dois
anos), o sobrevivo que vivia com ele em união de facto cumprindo as condições de
eficácia, tem direito a exigir alimentos da herança nos termos do art. 2020º do CC.
A medida destes alimentos determina-se nos termos do art. 2003º e 2004º do CC,
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e não nos termos do art. 1675º, uma vez que na união de facto não existe dever de
assistência.
● (2) A Lei nº 7/2001 concede ainda ao sobrevivo o direito real de habitação da casa
de morada comum pelo prazo de 5 anos nos termos do art. 3º, al.a) e art. 4º, nº1 e 2.
● (3) O sobrevivo tem direito de preferência na venda casa por 5 anos (art. 4º, nº1 in
fine e nº2 da predita lei).
● (5) No caso de lesão de que proveio a morte de um dos membros da união de facto, o
sobrevivo pode exigir ao autor da lesão uma indemnização pelos prejuízos sofridos?
● Danos patrimoniais – Sim, art. 495º do CC
● Danos não patrimoniais – Não, art. 496º, nº2 (lista taxativa) do CC
● Esta relação já é tida em conta pela lei para vários efeitos, como sejam:
● Contrato-promessa de casamento (1591º a 1595º do CC)
● Doações entre esposados (1753º e 1760º do CC)
● Presunção da paternidade (1871º/1 d do CC)
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● Um dos ex-cônjuges pode ser obrigado a prestar alimentos ao outro (2016º CC);
● Após o falecimento de um deles, pode o sobrevivo ter direito a uma pensão de
sobrevivência (40º, nº1, al. a) e 41º, nº1 do DL 142/73, de 31 de Março).
●A vida em economia comum não tem conotação sexual, daí que possam viver nestas
circunstâncias pai e filhos ou até mesmo irmãos.
●Quem vive em união de facto vive em economia comum, mas não necessariamente ao
contrário.
●Assim, as leis 6/2001 e 7/2001 podem ser aplicáveis, desde que não se verifique
nenhum dos factos enunciados no art. 2º da lei 7/2001 e art. 3º da lei 6/2001. Os
interessados podem assim invocar os direitos decorrentes de uma ou outra lei. Em
regra os heterossexuais invocam mais a lei 7/2001 e os homossexuais a lei 6/2001,
embora também possa invocar a lei da união de facto se provarem que vivem em tais
circunstâncias.
● Os direitos atribuídos às pessoas que vivem em economia comum cumpridos
os requisitos do art.2º são:
● Os enumerados no art. 4º da respectiva lei.
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comum
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Cooperação
assistência
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●
2.1.1.1 O casamento, o contrato e o sacramento. Causas da
secularização.
●No direito português, o casamento é um acto por que se interessam
profundamente não só o Estado como também as Igrejas.
●A ligação do casamento com a religião é muito antiga, mas assume especial
importância para a Igreja Católica, que o considera um sacramento.
●A Igreja Católica considera que a disciplina do acto matrimonial é da sua
competência cabendo somente ao estado aos efeitos meramente civis.
● No entanto, o facto do art. 41º da CRP, constituir um DLG impõe a necessidade de
um direito matrimonial que justifica a existência do casamento civil.
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● Requisitos de fundo
No que respeita ao consentimento (divergências intencionais, não
intencionais entre a vontade e a declaração, vícios da vontade, casamento
sob condição ou termo) é o direito canónico que se aplica, uma vez que
se tratam de requisitos da validade do acto reservada aos tribunais
eclesiásticos, que naturalmente aplicam o seu direito.
No que concerne à capacidade, isto é, quanto aos impedimentos
matrimoniais, aplica-se em primeiro lugar o direito canónico, mas também o
de direito civil por força do art. 1596º do CC.
● Forma
A forma tanto é regulada pelo direito civil como pelo direito canónico.
Relativamente às formalidades preliminares, temos por um lado as
formalidades canónicas (leitura das proclamas na igreja) e por outro
as formalidades civis, isto é, o processo de publicações que corre na
conservatória do registo civil (art. 134º a 148º do CRCivil).
Quanto à celebração é regido apenas pelo direito canónico
No que se refere ao registo, tanto o direito canónico, como o direito
civil interferem (art. 167º a 179º do CRCivil), sendo que é da transcrição
do registo na conservatória que reconhece efeitos civis ao casamento
católico.
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● Efeitos do casamento
Os efeitos do casamento sejam pessoais sejam patrimoniais só cabem na
aplicação do direito civil.
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de respeito, por um dos cônjuges ter procedido a tal operação sem autorização
do outro, havendo fundamento para divórcio litigioso (art. 1779º, nº1 do CC), no
entanto não se compreenderia que a dissolução do casamento ficasse à vontade
dos cônjuges, uma vez que estes poderia não requerer o divórcio.
●Põe-se a questão de saber qual o meio processual ajustado ao reconhecimento
judicial da mudança de sexo: uma acção de estado com processo ordinário,
em que requer uma declaração em que se peça a mudança de sexo no registo
e em consequência, a rectificação por averbamento do assento de nascimento
relativamente ao sexo e ao nome registado? Ou uma simples acção de rectificação
do registo com processo de justificação judicial, visando os mesmos objectivos?
●Afigura-se mais correcto o recurso a uma acção de estado. Uma acção de
rectificação do registo só será apropriada na hipótese de, sendo o sexo
indeterminado ou indefinido quando foi lavrado o assento de nascimento, se vir
a mostrar inexacta a menção constante do assento relativamente ao sexo do
registado, que a operação cirúrgica, na realidade, se terá limitado a definir em
sentido oposto.
● 2.1.2.4 O casamento como negócio pessoal
●O casamento é um negócio familiar e porquanto pessoal com as características
que lhe estão afectas, isto é, regulado por normas imperativas e só podem ser
celebrados pessoalmente (fora o caso de casamento por procuração).
●Têm como negócio pessoal os que não se destinam a constituir, modificar e
extinguir relações de carácter patrimonial, mas a influir no estado das pessoas,
familiar ou de outra ordem.
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● 3. Efeitos
●Concebia a promessa do casamento como verdadeiro negócio jurídico,
resulta dela:
● Duas obrigações de casar igualmente válidas;
● A garantia, esta será mais frágil, uma vez que é excluída a execução em forma
específica e o dever de indemnizar reduz-se a certas obrigações e despesas;
● No que se refere aos sujeitos da obrigação de indemnizar, esta pode ser
pedida, nos termos do art. 1584º, nº1:
● Pelo esposado inocente;
● Pelos pais do esposado inocente;
● Ou terceiro que tenha agido em nome dos pais;
● Pode ser pedida ao:
● Nubente culpado, que rompeu a promessa sem justo motivo; este pode ser
equiparado ao nº2 do art. 1594º do CC.
● “Justo motivo” é um conceito indeterminado, pertencendo por um lado à
jurisprudência fixar o seu conteúdo na aplicação ao caso concreto, e por
outro ao réu a sua prova (art. 799º, nº1 do CC).
● De um modo geral há justo motivo quando a continuação do noivado e a
celebração do casamento não podem razoavelmente ser exigida a um ou a
ambos os esposados
● Ou ao nubente que por culpa sua, deu lugar a que o outro se retractasse.
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● Entende assim a lei que deve ser o sobrevivo depositário do património moral
que as cartas e os retratos constituem.
● 1. Requisitos de fundo
● 1.1 Consentimento
● 1§ - Generalidades
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● De carácter substancial
● Só um dos nubentes pode fazer-se representar por procurador (art. 1620º,
nº1 do CC e art. 44º, nº1 do CRCivil);
● A procuração deve conferir poderes especiais para o acto, onde se indique a
pessoa do outro nubente e a modalidade de casamento (art.1620º, nº2 e 44
do CRCivil).
.
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● O consentimento deve ser puro e simples, isto é, não pode ser aposto ao casamento
qualquer termo ou condição.
● Art. 1618º - Aceitação dos efeitos do casamento
● 4§ - Perfeição do consentimento
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●As hipóteses de erro na declaração são diferentes umas das outras, podendo
distinguir-se entre:
● Os casos em que falta ao declarante a própria vontade da acção ou até a
vontade da declaração.
● O casamento é anulável nos termos do art. 1635º, al.a), que constitui desvio
ao art.246º do CC, segundo a declaração “não produz qualquer efeito” nessas
hipóteses.
●Em qualquer das hipóteses a anulação só pode ser requerida nos termos do art.
1640º, nº2 e 1644º, mas pode ser continuada pelos seus parentes, afins na linha
recta, adoptantes ou herdeiros se o autor falecer na pendência da causa.
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● 5§ - Liberdade do consentimento
● O consentimento deve ser livre e a lei presume também (art. 1634º do CC);
● Para que o consentimento seja verdadeiramente livre é preciso:
● Que a vontade dos nubentes, tenha sido esclarecida, ou seja formada com
exacto conhecimento das coisas;
● Relaciona-se com o erro
● E que se tenha formado com liberdade exterior, isto é, sem a pressão de
violências ou ameaças;
● Relaciona-se com a coacção
● 1.1.10 Erro
● O erro releva nos termos do art. 1636º.
●O regime restritivo dos vícios da vontade, em matéria de casamento,
traduz-se quanto ao erro em algumas limitações:
● A relevância do erro no casamento depende dos seguintes
pressupostos:
● É necessário que o erro recaia sobre qualidade essencial da pessoa do
outro cônjuge;
O erro só é relevante se versar sobre qualidade essencial da pessoa do
outro cônjuge. Qualidade essencial é um conceito indeterminado e porquanto
cabe à jurisprudência aplicá-lo e defini-lo caso a caso.
Em abstracto, são qualidades essenciais, aquelas que sejam idóneas para
determinar o consentimento, o estado civil do outro cônjuge, nacionalidade,
a prática de um crime infamante, vida e costumes desonrosos e a impotência.
● Que seja próprio;
Isto é, não pode recair sobre qualquer requisito legal de existência ou de
validade do casamento.
Ex: Assim, se um dos cônjuges supunha erradamente que o outro já atingiria
a idade nupcial. O casamento será anulável, não propriamente por erro, mas
sim, independentemente dele, por falta de um requisito legal.
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● Objectivamente
Ou seja, há-de ser legítimo, razoável, em face das circunstâncias do caso
e à luz da consciência social dominante, que na determinação da vontade
de casar tenha sido decisivo a circunstância sobre que versou o erro.
Não tem aqui a essencialidade objectiva função de índice ou meio de
prova da essencialidade subjectiva, tem verdadeiro relevo autónomo.
Esta exigência está igualmente consagrada no art. 1636º, segundo o qual
é preciso que se mostre que sem o erro, “razoavelmente”, o casamento
não teria sido celebrado.
● 1.1.11 Coacção
● O casamento também pode ser anulado com fundamento em coacção, nos termos do
art. 1638º do CC.
● Define-se coacção como o receio ou temor ocasionado no declarante pela cominação
de um mal, dirigido à sua própria pessoa, honra ou fazenda ou de um terceiro. É
exactamente em tal receio que se consubstancia como vício da vontade.
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● É de salientar que o mal que se receia tem de ter sido cominado precisamente com
intenção de extorquir o consentimento do declarante que celebra assim o contrato
sob coacção (art. 255º, nº1).
●Note-se porém, que a coação é relevante mesmo que ameaça vise interesses
patrimoniais, qualquer que seja a relação entre o ameaçado e o declarante coagido.
● 1.2 Capacidade
● 1§ - Generalidades
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● Impedimentos indispensáveis
Não admitem dispensa.
● 2§ - Impedimentos dirimentes
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● 1.2.3.2 Demência
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● 2. Formalidades do casamento
● 2.1 Generalidades
● O casamento é um negócio formal ou solene. O formalismo negocial tem vantagens e
desvantagens
● Vantagens
● Defende as partes contra a sua leviandande ou precipitação;
● Obtém-se uma clara e completa expressão da vontade;
● Separam-se as condições e os termos definitivos;
● Facilita a prova da declaração negocial fugindo aos perigos da prova
testemunhal.
● Desvantagens
● Embaraça a conclusão válida dos negócios jurídicos;
● Obriga a delongas que causam incómodos e despesas;
● Pode haver lugar a injustiças, por não ficar válido o negócio que as partes
concluíram mas ao qual não deram a forma legal;
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●O registo do casamento pode ser lavrado por inscrição (art. 52º al. e)) ou por
transcrição (art. 53º, nº1 al.b), c) e d), havendo ainda a considerar o caso do art. 179º
do CRC.
●No que se refere ao casamento civil é lavrado por inscrição no livro próprio da
conservatória.
●O assento de casamento deve ser lavrado, lido e assinado após o acto solene da
celebração (art. 180º do CC) e deve conter as menções do art. 181º do CRC.
●Inalterável (art. 62º do CRC, salvo os casos de vícios de registo), como qualquer
outro assento, pode todavia ser rectificado (art. 92º e ss do CRC).
● A omissão do registo de casamento só é possível nos termos do art. 83º, nº1, al.a ) do
CRC).
● O registo do casamento pode ser declarado inexistente, nulo ou cancelado.
● Importa ainda referir o princípio da retroactividade plasmado nos arts. 1670º, nº1 do
CC e art. 188º, nº1 do CRC, em que os efeitos do casamento não se produzem só ex
nunc, desde a data do registo, mas ex tunc, desde a data da celebração do acto.
● Os efeitos do registo do casamento constam dos arts. 1669º e 1670º do CC.
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ocorrido homologação. Este é o único caso (casamento civil urgente) em que a nossa
lei exige a homologação do casamento.
● Note-se, contudo, que esta causa justificativa da não homologação prevista no artigo
1624º, nº1, alínea c) é aferida no momento da celebração do casamento; ou seja, um
impedimento superveniente não impede a homologação do casamento urgente, mas um
impedimento existente no momento da celebração e depois desaparecido, obsta a que
tenha lugar a homologação do casamento.
● Pode existir ainda a impossibilidade de transcrição de um casamento católico urgente
para casamento civil (art. 1657º, nº1 al.e)
●Os casamentos urgentes consideram-se sempre celebrados no regime da separação
(art. 1720º, nº1 al.a) do CC.
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● Além disso, a acção de anulação só pode proposta por certas pessoas (art.
1639º a 1642º do CC) e dentro de certos prazos (art. 1643º a 1646º do CC),
considerando-se sanada a anulabilidade a válido o casamento em determinadas
hipóteses (art. 1633º do CC).
● Não há porém um só, mas vários regimes de anulabilidade.
● Varia muito de caso para caso, o círculo das pessoas que podem intentar a acção
de anulação e o prazo dentro do qual lhes é permitido fazê-lo, e a possibilidade
de a anulabilidade ser sanada é admitida por lei em alguns casos mas não
noutros.
● Há na lei três tipos de regimes diferentes de anulabilidade, consoante os
interesses e vista:
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Ex: Os filhos nascidos dentro do casamento, seria tidos como filhos fora do
casamento pelo que não se plica o art. 1826º do CC. Nenhum dos cônjuges poderia
invocar a emancipação que lhe atribui o casamento, etc.
● O instituto do casamento putativo visa evitar estes inconvenientes.
●Em face de uma união conjugal eu interessa à sociedade fazer cessar, é preciso,
mas basta, que ela cesse, não sendo necessário apagar os efeitos jurídicos que
produziu no passado, sendo certo que não podem apagar-se os efeitos que de facto
ela já produziu.
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● 3.4.4 Efeitos
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● Não há agora que distinguir entre boa fé e má fé dos cônjuges. Mesmo que estes
tenham contraído o casamento de má fé, a presunção pater is est aplica-se aos
filhos nascidos fora do casamento, nos termos do art. 1827º do CC
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● O art. 1672º do CC é imperativos conforme resulta dos arts. 1618º, nº2 e 1699, nº1,
al.b), ou seja não é possível excluir convencionalmente nenhum deles.
● Mas a lei oferece por vezes a possibilidade de estes os cumprirem de modo diverso,
de acordo com os interesses e conveniências. Isto significa na prática que o conteúdo
dos deveres conjugais, ou de alguns deles, depende da conformação da relação dos
cônjuges (art. 1779º, nº2)
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● A comunhão de mesa e a vida em economia comum é outro dos aspectos que se inclui
no dever de coabitação.
●De acordo com o princípio da igualdade dos cônjuges, são estes que devem de
escolher de comum acordo a residência da família, ou seja a terra ou o local onde
vão viver.
●Devem os cônjuges atender nomeadamente às exigências da sua vida profissional,
ao interesse dos filhos e à salvaguarda da unidade da vida familiar (art. 1673º, nº1
do CC).
● A residência da família é o lugar do cumprimento do dever de coabitação. Escolhida
a residência da família, ambos os cônjuges têm obrigação de viver aí, salvo motivos
poderosos em contrário (emprego temporário longe; injúrias - art. 1673º, nº2).
● Se a vida profissional determinar que por algo tempo um dos cônjuge não vida nesta
residência, não implica este facto que exista separação de facto (art. 1781º als.
a) e b)), se ambas tiverem os propósitos de estabelecer comunhão de vida quando
possível (art. 1782º, nº1)
● Art. 1673º, nº3;
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● 3. Nome e nacionalidade
● 3.1 Nome
● Os efeitos do casamento quanto aos apelidos dos cônjuges estão regulados nos arts.
1677º a 1677º-C do CC.
● Regra geral: art. 1677º e art. 104º, nº2, al.d) do CRCivil
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● 3.2 Nacionalidade
● Há que ter em conta o art. 3º e 8º da Lei da nacionalidade.
●O estrangeiro casado há mais de três anos com nacional português pode adquirir a
nacionalidade portuguesa mediante declaração feita no casamento (art. 3º, nº1 da Lei
da nacionalidade).
● Nos termos do nº2, a declaração de nulidade ou anulação do casamento não prejudica
a nacionalidade adquirida pelo cônjuge que o tenha contraído de boa-fé.
●O português que case com estrangeiro não perde por esse facto a nacionalidade
portuguesa, salvo se, tendo adquirido pelo casamento a nacionalidade do seu cônjuge,
declarar não quer ser português.
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● Assim, os nubentes não podem convencionar regras diferentes, de acordo com a sua
conveniência (art. 1699º, nº1, al.c).
● Como se compreende, esta imperatividade não exclui que um dos cônjuges ceda ao
outro todos ou parte dos seus poderes sobre bens próprios ou bens comuns, desde
que o faça por mandato, que é livremente revogável (art. 1678º, nº2 al.g) e 1170º,
nº1)
●O legislador apenas quis proibir aqui a concessão de poderes em convenção
antenupcial, que vincularia o cedente até uma eventual revogação por mútuo
consentimento (se ela alguma vez existisse).
● Bens comuns
● Regra: Ambos os cônjuges são administradores do património comum (art.
1678º, nº3, 2º Parte).
● Excepções: O art. 1678º, nº2 atribui a cada um dos cônjuges a
administração exclusiva:
● (1) Dos porventos que receba pelo seu trabalho (al.a), embora os bens
sejam comuns por força do regime que vigora no casamento (cfr. Art.
1724º, al.a) e 1734º);
● (2) Dos seus direitos de autor (al. b), vale a observação da alínea
anterior no que concerne aos direitos patrimoniais de autor, uma vez que
os direitos pessoais são incomunicáveis e são administrados pelo titular
(art. 1733º, nº1, al.c), aplicado a todos os regimes que incorporem os
direitos de autor como património comum.
● (3) Dos bens comuns que levou para o casal a título gratuito e dos sub-
rogados em lugar deles (al.c)), bem como dos rendimentos advenientes
deles.
● (4) Dos bens que tenham sido doados ou deixados a ambos os cônjuges
com exclusão da administração do outro cônjuge, salvo se tratar de bens
doados ou deixados por conta da legítima desse outro cônjuge (al.d))
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● 1.2.1 Generalidades
●s restrições à livre actuação jurídica derivadas do casamento são
A
tradicionalmente designadas por incapacidades.
●No entanto, devem-se chamar ilegitimidades conjugais e não incapacidades, uma
vez que não são estabelecidas para cada um dos cônjuges, por se reconhecer que
ele é inapto ou menos idóneo, por causa do casamento, para governar a sua pessoa
e os seus bens, mas sim em vista de proteger o cônjuge e os interesses gerais da
família.
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● Invalidade
● Caso um cônjuge pratique actos para os quais carecia do consentimento do
outro, consubstancia uma ilegitimidade conjugal. As ilegitimidades, diferem
das invalidades, assim:
Invalidade Ilegitimidade
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● 1.5.2.2 Compensações
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● 1.5.3 Partilha
● A partilha faz-se em princípio segundo o regime de bens adoptados, mas a regra
comporta as excepções previstas nos artigos 1719º e 1790º.
●O 1719º permite aos esposados convencionar, para o caso de dissolução do
casamento por morte de um dos cônjuges quando haja descendentes em comum,
que a partilha dos bens de faça segundo o regime da comunhão geral, embora o
regime adoptado seja outro.
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1766º - caducidade
● 2. Regimes de bens
● Chamam-se regimes de bens ao conjunto de regras cuja aplicação define a propriedade
sobre os bens do casal, isto é, a sua repartição entre património comum, o património
do marido e o património da mulher.
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● 2.4.3 Formalidades
●Nos termos do artigo 1710º, as convenções só são validas se forem celebradas
por escritura pública ou auto lavrado perante o conservador do registo civil, no
processo de publicações para o casamento (189º CRegCiv).
● Se as convenções se reconduzirem à estipulação de um regime tipo - pode
celebrar-se na própria Conservatória;
● Se se estipula um regime diferente - tem de ser outorgada escritura pública.
● 2.4.5 Caducidade
●Prevista no artigo 1716º. A convenção caduca se o casamento não for celebrado
dentro de um ano ou se este for declarado nulo ou anulado.
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- 1722º; - 1724º;
- 1723º; - 1726º
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●Há agora uma separação absoluta e completa entre os bens dos cônjuges. Nos
termos do 1735º, cada um deles conserva o domínio e fruição de todos os seus bens
presentes e futuros, podendo dispor deles livremente.
●A separação não é só de bens mas também de administrações, mantendo os
cônjuges uma quase absoluta liberdade de administração e disposição dos seus bens
próprios.
● 1. Causas de dissolução
● As causas de dissolução admitidas, em geral, no direito português são a morte de um
dos cônjuges e o divórcio entre eles, cabendo à lei civil regular o respectivo regime
quanto aos seus requisitos e efeitos independentemente da forma do casamento.
● A primeira das causas é a morte de um dos cônjuges; ou de ambos, pois podem morrer
os dois simultaneamente.
● No que respeita à morte presumida, como sabemos, a declaração de morte presumida
não dissolve o casamento, mas o cônjuge do ausente pode contrair novo casamento,
que por sua vez, com a sua celebração dissolve o anterior. Se o ausente regressar ou
houver notícia de que era vivo quando foram celebradas as novas núpcias, considera-se
o primeiro casamento dissolvido por divórcio à data da declaração de morte presumida
– ver artigos 115º e 116º do CC.
● Divisão II - Divórcio
● Entende-se por divórcio a dissolução do casamento decretada pelo Tribunal ainda
em vida de ambos os cônjuges, a requerimento de um deles ou dos dois, nos termos
autorizados por lei.
● 1. A questão do divórcio
● A questão do divórcio consiste em determinar qual é a solução melhor no caso de crise
do casamento.
● A resposta dos católicos é a negação do divórcio, assente o princípio da
indissolubilidade.
● Quanto ao casamento civil, na nossa sociedade parece difícil recusar a sua
dissolução pelo divórcio. A “questão do divórcio” estará assim ultrapassada.
● A favor do divórcio, apontam-se o direito à felicidade de cada um e a liberdade
humana. Como o casamento, diz-se, visa a felicidade de cada um dos cônjuges, a sua
extinção é a consequência normal da impossibilidade de se atingir esta felicidade.
● Depois, e dado que os cônjuges são adultos livre e responsáveis, dependerá deles, e
não da lei, determinar se querem contrair matrimónio e quando o querem extinguir.
● Contra o divórcio, dir-se-á que o casamento envolve também uma elevada dose
de responsabilidade, para com o próprio, o outro, os filhos e a sociedade. Pelo que
o divórcio, a admitir-se, deve conter os ingredientes necessários para obrigar os
cônjuges a reflectir e a assumir as suas responsabilidades. O casamento tem muito
de “solidariedade” que não se pode denunciar de ânimo leve.
● 2. Evolução Legislativa
● A história do divórcio divide-se em duas grandes épocas:
● A do Divórcio-sanção e, hoje, a do Divórcio constatação da ruptura do casamento,
com uma época intermediária, a do Divórcio-remédio.
● 3. Modalidades de divórcio
● Divórcio por mútuo consentimento
● Divórcio litigioso.
● O primeiro é pedido por ambos os cônjuges de comum acordo. O segundo é o pedido por
um dos cônjuges contra o outro, com fundamento em determinada causa.
● 5.2 O processo
●Apenas no caso de divórcio litigioso, na tentativa de conciliação ou em qualquer
outra altura do processo, os cônjuges acordarem em se divorciar é que o processo
é judicial; à parte deste caso, o processo de divórcio por mutuo consentimento é
administrativo.
● 6. Divórcio litigioso
●Litigioso diz-se o divórcio pedido por um dos cônjuges contra o outro e com
fundamento em determinada causa. Nisto se distingue do divórcio por mutuo
consentimento, que é pedido pelos dois cônjuges de comum acordo.
● 6.1.1 Divórcio-Sanção
●Qualquer dos cônjuges pode requerer o divórcio, dispõe o artigo 1779º CC, se
o outro violar culposamente os deveres conjugais, quando a violação, pela sua
gravidade ou reiteração, comporta a possibilidade da vida em comum (artigo 1779º/
1 CC).
●Na apreciação dos factos invocados, acrescenta o artigo 1779º/2 CC, deve o
Tribunal tomar conta, nomeadamente, a culpa que possa ser imputada ao requerente
e o grau de educação e sensibilidade moral dos cônjuges.
● A exigência de se levar em conta a culpa do requerente deve ser conexionada com o
artigo 1780º-a CC: tratar-se-á de culpa do outro cônjuge nos actos praticados pelo
faltoso; e não de violação culposa pelo outro cônjuge de deveres conjugais como
pode sugerir o artigo 1779º CC.
●O comprometimento da possibilidade de vida em comum deve ser aferido pela
existência ou não de separação de facto. Relevando, necessariamente, a separação
de facto a impossibilidade de vida em comum, transformará em causas de divórcio
factos que, de outro modo, pareceriam desprovidos de relevo suficiente; como
injurias “ligeiras”, violações menos graves do dever de cooperação, etc.
● O artigo 1779º/1, exige que a violação dos deveres conjugais seja culposa.
● A ausência, sem que de ausente haja notícias, por tempo não inferior a quatro anos
(artigo 1781º-b CC), e a alteração das faculdades mentais do outro cônjuge, quando
dure há mais de seis anos, e, pela sua gravidade, comprometa a possibilidade de vida
em comum (artigo 1781º-c CC), são fundamentos do divórcio litigioso (artigo 1781º
CC). Trata-se de situações para as quais o único “remédio” é o divórcio.
● Legitimidade:
● Direito potestativo extintivo – um cônjuge instaura a acção o outro cônjuge tem
que se sujeitar;
● Direito pessoal – cônjuge ofendido;
● O seu representante legal com autorização do conselho de família – excepto se o
representante legal for o outro cônjuge;
● A acção pode ser continuada pelos herdeiros do autor para efeitos patrimoniais;
● Direito irrenunciável – artigo 1780º, nº2.
● Caducidade:
● Dois anos a contar da data do conhecimento do facto – artigo
1786º, nº1
● Facto continuado – a partir da sua cessação
● 8. Efeitos do divórcio
● 8.1 Data a partir da qual se produzem os efeitos do
divórcio
● Art. 1789º, nº1, nº2, nº3 do CC
● Para além das doações, caducarão também as liberalidades de uso feitas por um dos
cônjuges ao outro desde o momento que o seu valor ultrapasse o valor normal das
liberalidades entre pessoas estranhas.
● 1. Noções Fundamentais
● Conjunto das normas jurídicas que regulam as relações paterno-filiais e
materno-filiais. Trata-se da mais importante relação de parentesco.
● O Estado tem grande interesse na socialização dos novos membros da sociedade
e cada vez mais intervém neste domínio. No entanto, são os pais que tem um primeiro
direito (é um poder-dever) de educar os filhos. Este direito deve ser exercido no
interesse dos filhos. Aí a intromissão do Estado no sentido de fiscalizar se esse poder-
dever é exercido no interesse dos filhos (artigo 36º, nº6 da CRP).
● As relações de filiação distinguem-se das relações de adopção, na medida
em que as primeiras se baseiam no vínculo biológico ao passo que as segundas se
reconduzem a um vínculo sociológico. Distinguem-se igualmente do direito dos menores
e ainda do direito de tutela.
● Os princípios constitucionais relativos ao direito da filiação são os seguintes:
direito a constituir família (artigo 36º, nº1), a atribuição aos pais do poder-dever
de educar os filhos (artigo 36º, nº5 ), não discriminação dos filhos nascidos fora
do casamento (artigo 36º, nº4), protecção da maternidade e da paternidade (artigo
68º) e protecção da infância (artigo 69º). Convém notar que a não discriminação
dos filhos nascidos fora do casamento não implica, necessariamente, uma igualdade
de tratamento por completo: veja-se, por exemplo, a presunção de paternidade na
constância do casamento e fora do casamento (artigos 1901º e 1911º).
● Art. 1796º do CC
● Contém os alicerces do sistema de filiação.
● Nº2
O estabelecimento da filiação tem efeitos retroactivos, ou seja, o legislador
aceitou claramente o carácter simplesmente declarativo, e não constitutivo, do
estabelecimento da filiação: a filiação jurídica recua ao tempo em que começa a
filiação biológica.
● 3. Estabelecimento da Filiação
● 3.1 O estabelecimento da maternidade
● Art. 1796º, nº1
● Este preceito legal visa vincar a total sujeição da lei ao facto biológico da
maternidade, que é reconhecido pura e simplesmente (uma vez que é ostentivo), e
retirar à mãe qualquer possibilidade de impedir a constituição do estado.
● Com efeito, a mãe não “perfilha”, não manifesta qualquer vontade de admitir o
filho, nem pode rejeitar o facto da maternidade
● Pode ter lugar uma acção nos termos do artigo 1822º, quando tiver ocorrido a
situação prevista no artigo 1810º.
● Na interpretação do artigo 1818º, atender à diferença de situações que o
preceito abrange na primeira e segunda parte.
● Sendo casada
Aplica-se, desde logo, o preceito chave da paternidade: artigo 1796º, nº2 ,
primeira parte (sistema de filiação).
● 3.3 Perfilhação
● Noção
● A Perfilhação está regulada nos artigos 1849.º e ss, e consubstancia-se no acto
pelo qual um homem afirma que determinado indivíduo é seu filho, admitindo
e «confessando», assim, a sua paternidade. É o pai convencido que pertence a
iniciativa ou impulso deste acto confessório.
● Natureza jurídica
● Quanto à sua natureza jurídica, tem duas faces:
● Uma de declaração de ciência
● Outra de declaração de vontade. Esta face resulta claramente da lei uma
vez que esta admite a anulabilidade da perfilhação com fundamento em vício
de vontade. Perfilhar é, aos olhos do direito constituído manifestar uma
vontade.
● Por outro lado, a perfilhação é um quase – negócio jurídico ou um simples
acto jurídico (art. 1852º, nº1 do CC)
● Porque, celebrado ou realizado este, os seus efeitos jurídicos resultam
automaticamente da lei, não havendo lugar para um conteúdo privado
de tal acto. Não se trata, portanto, de um negócio jurídico. Com efeito,
mesmo no caso de perfilhação de maiores, sempre o conteúdo ou efeito de
perfilhação resulta da lei; e daí que não se possa falar de um contrato entre
o perfilhante, embora exista uma norma – artigo 295.º - que manda aplicar
as disposições do capitulo relativo ao negócio jurídico.
● Para a Reforma 1977, perfilhação e declaração de maternidade são coisas
diferentes.
● Digamos que, vestidas da mesma forma, elas se distinguem pelo sexo do
respectivo autor:
● A perfilhação é um acto masculino, isto é, um acto do pai;
● A declaração de maternidade é feminino, ou seja, um acto da mãe.
● Além disso, os dois conceitos ou figuras distinguem-se pela sua
diferença parcial de natureza jurídica:
● A declaração de maternidade – é pura declaração da
ciência;
● A perfilhação tem carácter duplo de declaração de ciência e de
declaração de vontade
● 3.3.2 Caracteres
● 3.3.2.1 Liberdade
● De acordo com o texto do artigo 1849.º, a perfilhação é um acto livre. E é-
o no sentido de que a vontade de perfilhar não há-de estar viciada por erro ou
coacção. O consentimento deve ser são. Além disso a iniciativa ou o impulso de
perfilhar tem de provir do próprio perfilhante e não ser coactivamente imposta.
● Em vista do exposto, existirá, para o pai biológico, uma obrigação
de perfilhação e, correspondentemente, a sua omissão será fonte de
responsabilidade civil, constituindo o faltoso na obrigação de indemnizar os
danos causados ao filho, designadamente os de natureza não patrimonial?
● Para a doutrina tradicional, não existe qualquer dever de perfilhar.
● Para a doutrina moderna, essa obrigação existe.
● Mas a nossa lei, ao estabelecer a liberdade como uma das características que
o acto de perfilhar supõe, o que implica iniciativa própria, isenta de coação,
logo aponta para a solução segundo a qual a omissão de perfilhação não é
acto ilícito, e, consequentemente, não constitui fonte de responsabilidade
civil. A lei não prescreveu relativamente àquele cuja paternidade viria a ser
posteriormente reconhecida, uma obrigação de reconhecimento voluntário
(perfilhação) do filho para além do reconhecimento judicial.
● 3.3.2.2 Pessoalidade
● A perfilhação é, por outro lado, um acto pessoal (artigo 1849.º do CC)
● Admite-se a intervenção de procurador com poderes especiais para o acto.
● O que a lei não permite é a substituição de vontades, neste sentido a
perfilhação é acto pessoal, não podendo, por exemplo, ser feita pelos sucessores
do pai biológico.
● É também, o é, no sentido de que é um acto não patrimonial, embora possa ter
reflexos patrimoniais – à semelhança do que acontece com o casamento
● 3.3.2.3 Irrevogabilidade
● Outra característica de perfilhação é a sua irrevogabilidade, qualquer que seja
a forma que ela tenha revestido (artigo 1858.º), sendo de considerar intolerável
uma paternidade a prazo.
● É sabido que uma das formas que pode revestir a perfilhação é o
testamento.
● Na prática é-o muitas vezes, para evitar o choque que o perfilhante receia
sofrer pelas possíveis reacções (desfavoráveis) à perfilhação.
● Pois bem, a lei acautela especialmente esta hipótese, para esclarecer que a
perfilhação é irrevogável mesmo neste caso, sendo certo que o testamento
é um negócio jurídico essencialmente revogável (artigo 2311.º), mesmo que
o testador diga que renuncia à revogação. É costume distinguir-se entre
conteúdo típico e conteúdo atípico de testamento. O conteúdo típico é
● Legitimidade passiva
● A lei é omissa quanto à indicação das pessoas contra quem a acção deve
ser dirigida. Assim, aplica-se regra geral do Código de Processo Civil: têm
legitimidade os titulares da relação material controvertida que é o critério
prático subsidiário para se aferir da legitimidade das partes – artigo 26.º, n.º 3
do CC
● A previsão do artigo 1846.º do CC postula a existência de uma relação jurídica
matrimonial estabelecida, ao passo que no artigo 1859.º do CC as coisas não se
desenvolvem no quadro do casamento, não se apoiam numa instituição e a mãe
não terá, por isso, interesse directo em contradizer, tanto mais que o eventual
resultado negativo da acção de impugnação da perfilhação de modo algum mexe
com a maternidade estabelecida. Naturalmente, a mãe poderá intervir na acção,
mas numa posição subalterna, de auxílio, isto é, como assistente (artigo 335.º do
C.P.C.).
● No caso de morte do pai ou do filho, contra quem deve a acção ser proposta?
Deverá, a acção ser instaurada, no caso de falecimento do perfilhante, contra
o cônjuge não separado de pessoas e bens que não seja a mãe do perfilhado, os
descendentes e os ascendentes; na hipótese de morte do filho, contra o cônjuge
não separado judicialmente de pessoas e bens e os descendentes. Na falta
destas pessoas, deverá a acção ser proposta contra curador especial (artigo
1846.º do CC).
● Prazo
● A acção de impugnação de perfilhação pode ser proposta «a todo o tempo»
(artigo 1859.º, n.º do CC). Não há, portanto, qualquer limite temporal ao
direito de impugnar: tal direito é imprescritível. Compreende-se que assim
seja em homenagem à verdade biológica, pois é o critério e fundamento da
filiação fora do casamento, mais que na filiação matrimonial, em que o peso
da instituição «casamento» se faz sentir, e já se sabe que a perfilhação é
um dos meios privativos de se estabelecer a filiação paterna dos filhos não
matrimoniais (artigo 1847.º do CC).
● Efeitos de impugnação
● Julgada procedente a acção de impugnação da perfilhação, esta é declarada sem
efeito, operando-se a destruição retroactiva da filiação.
● 2.3.8.1 Erro
● O autor pode alegar factos, circunstâncias da vida real, de onde o tribunal
conclua que, ao fazer a declaração de perfilhação, o perfilhante lavrou um erro, e,
consequentemente, declare a perfilhação anulável.
● 2.3.8.3 Incapacidade
● Vimos que os requisitos do fundo para a validade da perfilhação, relativamente
ao perfilhante eram o consentimento e a capacidade.
● Se o consentimento estiver viciado, a perfilhação é anulável, como acabámos
de ver nas duas números procedentes, nos termos de no artigo 1869.º do CC
estabelece.
● E também o é por incapacidade para perfilhar (artigo 1861 do CC), como
consequência de falta de qualidades naturais do perfilhante para querer e
entender os efeitos da declaração de perfilhação e o seu sentido e fundamento.
● Para obter a anulação da perfilhação tem o autor da acção de alegar os factos
constantes da previsão do n.º 1 do artigo 1850.º do CC, lido em sentido inverso.
● O prazo para que esta acção seja instaurada é sempre de um ano. Se for
proposta fora do prazo, o juiz indeferirá liminarmente a petição inicial com esse
fundamento, uma vez que se está no domínio das relações jurídicas indisponíveis,
sendo, portanto a caducidade de conhecimento oficioso (artigo 333.º do CC e
artigo 474.º, n.º 1, al. c), do Código Processo Civil).
● Art. 1860º; 1861º e 1862º do CC
● Caso Prático 1
Albertina, casada com Francisco, teve 2 filhos: Josefa e Manuel. Os avós – Diana
e Hélder – tiveram 3 filhos, além de Francisco: Carla e Bernardo. O cunhado de
Francisco, após o divórcio, uniu-se de facto com Gilberta, com a qual teve um filho –
Rui. Este é meio-irmão de Noémia, que é filha de Carla e Tomé.
Estabeleça a relação de parentesco e afinidade entre os diferentes intervenientes na
hipótese prática.
● Resolução:
● Caso Prático 2
Ismael e Miriam são judeus, nascidos e educados na fé judaica. Namoram há 5
anos e resolveram casar. Para o efeito, contrataram o rabino Josef para celebrar o
casamento. Acresce que Ismael e Miriam desconhecem as formalidades exigidas pela lei
civil portuguesa.
a. Imagine que Ismael e Miriam vinham ter consigo para os informar das formalidades
a observar para contraírem casamento válido perante a lei portuguesa, como os
aconselharia?
b. E se Ismael e Miriam quisessem celebrar o casamento segundo os ritos da religião
judaica e do preceituado Torah?
● Resolução:
● Caso Prático 3
António Vieira da Silva, solteiro, maior, residente em Amor, Parceiros, Leiria e Maria
da Silva Parreira, solteira, maior, residente em Andrinos, Pousos, Leiria, marcaram
casamento para Sexta-feira, pelas 15h na Conservatória do registo Civil de Leiria.
Hoje, pela manhã, António recebe a notícia de que seu pai, Manuel, residente na
Africa do Sul, havia falecido e que o funeral do mesmo seria precisamente na próxima
Sexta-feira. Não querendo adiar o casamento em virtude de todas as despesas
que haviam sido efectuadas e dos convites terem já sido expedidos, António decide
constituir o seu padrinho, João Manuel Sousa, casado, residente na Marinha Grande,
seu bastante procurador, para em seu nome, casar com a Maria.
1. 1. Redija os termos da procuração para que a Conservatória possa celebrar o
casamento de António e Maria.
2. 2. Imagine que no dia designado para o casamento, João descobre que Maria
mantém há vários anos um caso amoroso com Francisco. João tenta, sem sucesso,
comunicar tal facto ao António e decide recusar-se a celebrar o casamento.
Aprecie a conduta do João face à problemática dos poderes do procurador ad
nuptias.
● Resolução:
Procuração I:
Eu, António Vieira da Silva, solteiro, maior, residente em Amor, Parceiros, Leiria,
concedo poderes especiais a João Manuel Sousa, casado, residente na Marinha Grande,
para ser meu bastante procurador e em meu nome casar com Maria da silva Parreira,
solteira, maior, residente em Andrinos, Pousos, Leiria, na sexta-feira, pelas 15 horas na
Conservatória do Registo Civil de Leiria. O casamento deverá ser contraído no regime de
comunhão geral de bens. Nº contribuinte:………..
Procuração II:
Teodoro Pinto, solteiro, maior, contribuinte nº …., natural da freguesia de …. concelho de ….,
residente em ….., constitui seu bastante procurador, Fausto Pinto, solteiro, maior, contrib.
Nº …, residente no lugar de …., * ao qual confere poderes especiais p/ promover o casamento
dele outorgante com Gracinda Pires, divorciada, nautral de …, o qual será regulado pelo
regime de comunhão de adquiridos.
O outorgante…… (assinatura)
Eu aceito os poderes que me foram conferidos.
(assinatura)
* representante na declaração
● Caso Prático 4
António e Bela vivem maritalmente há dois anos. Bela grávida de 9 meses entrou há
nove horas em trabalho de parto. O parto não decorreu como se esperava e os médicos
temem pela vida de Bela e do bebé. António e Bela decidem casar ali mesmo.
a. Imagine que era enfermeiro/a de serviço. Quais as formalidades a observar neste
casamento? 1622º
b. Redija a acta de António e Bela a submeter ao conservador para lavrar o assento
provisório.
c. Se se apurar que António e Bela são parentes no 4º grau da linha colateral, o
casamento urgente pode ser homologado? Até 3º grau
d. Suponha que Bela sobrevive ao parto e que nenhum impedimento obsta à
homologação do casamento. Qual o regime de bens que vigorará no casamento de
António e Bela? 1720º/1 a).
● Caso Prático 5
Ana, de ascendência cigana e menor de 17 anos de idade, deseja contrair casamento
com Bernardo, maior.
Ana possui um filho, criança de poucos meses fruto de uma ligação anterior.
Ana escondeu de Bernardo não só a sua ascendência, como a existência desse filho,
dado o seu receio que este desistisse da sua intenção de casar com ela. Ambos
contraem casamento em Março de 2001.
Bernardo, volvidos 3 anos da data da celebração do casamento, descobre a existência
do filho de Ana e, desgostoso com os enganos em que caíra, decide invalidar o seu
casamento com base nos mesmos. Quid Iuris?
● Caso Prático 6
Diana de 16 anos, contrai casamento civil com Eduardo, maior, em Janeiro de
1992. Diana apenas pretendia casar para se ver livre da tutela de sua avó e
obter a emancipação.
Por sua vez, Eduardo, com o seu casamento, visava obter emprego de gerente
na empresa panificadora da avó de Diana.
De notar que o casamento não foi celebrado com o intuito de obter plena comunhão de vida –
1577º!! O casamento é válido!
● Caso Prático 7
Cristina e Daniel, ambos maiores, conheceram-se em Nov. 2001. Fascinado pela beleza
de Cristina, Daniel propôs casamento imediatamente, mas ela recusou. Enraivecido pela
recusa, Daniel ameaça Cristina dizendo-lhe que caso ela não aceda à sua proposta,
ele, como médico cardiologista, deixaria de tratar uma tia-avó de Cristina, sua doente
desde alguns anos.
O pai e o irmão de Cristina, eram médicos altamente especializados em cardiologia, e
só não tratavam a velha tia, uma vez que esta dizia sempre que “santos da casa não
fazem milagres”.
Cristina casou com Daniel em Janeiro de 2002.
Daniel provinha de uma família de epilépticos, mas conseguiu esconder esta de Cristina.
Esta vem a saber em Abril de 2004, pela própria mãe de Daniel que a sua epilepsia era
uma doença hereditária na sua família.
Ao mesmo tempo, a tia-avó de Cristina zanga-se com Daniel e passa a tratar-se com
o irmão de Cristina, das suas palpitações cardíacas, coisa de pouca importância e que
toda a família sabia. Aliviada com esse facto, Cristina procura-o hoje a si, para se
desfazer do seu casamento.
● Caso Prático 8
Anna, holandesa, empregada doméstica do casal Carapinha, tinha o hábito de os
acompanhar no Monte Alentejano de que são proprietários.
Bento Carapinha, casado há 18 anos com Diana Carapinha, desaparecida há 4 anos,
ficou encantado com a dedicação de Anna, que nunca o abandonou nas horas mais
difíceis da sua vida.
Foi tal o fogo da paixão que se acendeu no coração de Bento, que resolveu casar com
Anna.
Dois anos passaram após as segundas núpcias de Bento. Este, numa viagem de negócios
à Holanda, resolveu conhecer as raízes familiares da sua amantíssima esposa.
Tendo tido conhecimento que esta havia fugido de um orfanato para se casar de facto
com um viúvo de 73 anos de idade.
E, como uma surpresa nunca vem só, Bento Carapinha, de regresso a Portugal, há 15
dias, confrontou-se com Diana no Monte Alentejano.
a) poderia Bento contrair segundas núpcias com Anna?
b) pode anular o casamento de Anna? Que acontecerá ao 1º casamento?
● Caso Prático 9
J e T casaram em 1980 sem convenção antenupcial. T praticou os seguintes actos sem
o consentimento de J:
Comunhão de adquiridos = regime supletivo 1717º, (1698º liberdade de convenção ou escolha
de um regime do CC)
b) em 2002, vendeu o carro que herdara de seu pai e que ambos os cônjuges utilizavam
como instrumento de trabalho, tendo desta forma efectuado um bom negócio;
bem próprio. Acto de disposição 1682º/3 a)
sanção: anulabilidade 1687º/1 e 2
confirmação: 288º
● Caso Prático 10
A e B casaram em 1986 sem escritura antenupcial e fixaram residência no Canadá, onde têm
vivido desde então, tendo vindo a Portugal em Setembro último. B não teve conhecimento
que A vendera a K em 2002, por escritura outorgada num dos cartórios notariais , um prédio
rústico que B herdara do pai falecido em 80. Pretendendo invalidar a venda, poderá fazê-lo?
Casamento sem escritura antenupcial = aplica-se o 1717º, regime de bens supletivo.
O prédio: bem próprio de B, 1722º a).
A vendeu coisa alheia = venda nula 1687º/ e 892º
Cônjuge administrador daquele bem: B
● Caso Prático 11
Carlos e Perpétua casaram em 1987 no regime supletivo. Carlos é comerciante, e
dono de uma pequena engorda de suínos. Desde Julho de 1990, Carlos e Perpétua
encontram-se separados de facto e desde 15 de Março de ’91 que Carlos deixou de
contribuir com qualquer quantia para os encargos da vida familiar.
Em Fevereiro de ’91, comprou à “Promor – abastecedora de produtos agro-pecuários,
SA”, 425 sacos de farinha e 75 sacos de ração, no valor de 5.000€, quantia esta que
não pagou. A sociedade credora pretende saber quem é o responsável por esta dívida.
1. Temática: responsabilidade por dívidas
2. Existem dois tipos de dívidas; da responsabilidade de ambos os cônjuges e da
responsabilidade de só um deles.
3. O nosso caso insere-se no âmbito do artº 1691º d)
4. Neste âmbito, é necessário aferir o que se entende por “proveito comum”
a. intenção subjectiva – interesse do casal;
b. critério objectivo
5. Quanto à separação de facto, a doutrina divide-se quanto ao facto de ser motivo
bastante para não se considerar o proveito comum.
● Caso Prático 12
Heleno da Silva está casado com Ana Silva desde 1985 no regime supletivo (1717ª
regime de comunhão de adquiridos). Heleno trabalha para a sociedade “Manuel Joaquim
Lopes, Lda.”, na qualidade de motorista profissional.
Em Julho de 1989, Heleno adormeceu ao volante do veículo pesado de mercadorias
“JT-01-15”, pertencente à entidade empregadora, causando por virtude deste facto
grave acidente.
A sociedade entendeu que o acidente se deveu a culpa exclusiva de Heleno. Deste
modo, pretende ser indemnizada pelos prejuízos sofridos. Que bens respondem por esta
dívida?
1. Temática: trata-se de um caso que se insere no âmbito dos efeitos patrimoniais, em
concreto a responsabilidade por dívidas.
2. In caso, estamos perante um facto ilícito, culposo, praticado por Heleno, pelo que se
deve aplicar o artº 1692º b),
3. Sendo uma dívida da responsabilidade exclusiva de Heleno, respondem os seus próprios
bens e subsidiariamente a sua meação nos bens comum – 1696º.
● Caso Prático 13
Quanto ao bem próprio de Maria: 1722º a). Vendeu e comprou um carro 1723º João
pode administrar? Sim, no âmbito do 1678º/2 e).
Maria vendeu o carro 1682º à esta venda é anulável 1687º/2. Prazos: 1687º/2
● Caso Prático 14
Álvaro e Cristina casaram em 2001, sem convenção antenupcial. Em Maio do ano
seguinte, Cristina licenciou-se em engenharia agrícola. Como necessitou de comprar
um pequeno tractor para o seu trabalho, Cristina vendeu algumas libras em ouro que
possuía e que lhe haviam sido oferecidas por seu pai. Vendeu ainda o selo de prata do
diploma da sua licenciatura. A venda rendeu 600€ e com mais 1000€, provenientes do
2-O tractor necessitou de uma reparação, que orçou em 400€, e que Cristina não
pagou. Quem é o responsável por esta dívida? Ambos. 1690º/1 – pode contrair a
dívida.
1691º/ c) à divida que responsabiliza ambos.
● Caso Prático 15
João, serralheiro, Maria empregada fabril, estão casados desde 1993- Em Outubro
de 1998, João comprou a Pedro 2 televisões de último modelo e 1 microondas. Tudo no
valor de 5,000€. Convencionaram o pagamento em prestações mensais durante 3 anos.
João nada disse a Maria, que desconhecia o negócio, porque João não levou para casa
os aparelhos.
João faltou ao pagamento das prestações. Pedro pretende executar determinados
bens:
- um prédio rústico, no valor de 4,000€ , que os cônjuges compraram com o produto da
venda de um automóvel, que Maria levara para o casamento. Bem próprio 1722º ou bem
comum 1723º.
- um pinhal que Maria adquiriu na constância do matrimónio, em virtude de um direito de
propriedade anterior ao casamento. Bem próprio, 1722º/ c)
- um colar de pérolas que Maria trouxe para o casamento. Bem próprio 1733º f) mutatis
mutandis; ou 1722º a).
1. que tipo de dívida está em causa? Dívida da responsabilidade de um dos cônjuges 1692º a),
1690º
2. que bens respondem? Os próprios do João 1696º
● Caso Prático 16
● Caso Prático 17
Noémia nasceu a 13 de Novembro de 1935, foi registada apenas como filha de
Bárbara, que era solteira. 2 anos antes do nascimento, Manuel, também solteiro,
visitava a casa de Bárbara. Esta não conheceu sexualmente outro homem e o
nascimento ocorreu nos primeiros 120 dias dos 300 que antecederam o nascimento.
Todos quantos conheceram Bárbara, sabiam que ela não queria outro companheiro.
Dessas relações sexuais, engravidou Bárbara e nasceu Noémia. Manuel visitou Bárbara
durante toda a gravidez e afirmava a todos a gravidez provinha de si. Manuel afirmava
desde o nascimento de Noémia que tinha uma filha e este deixava que ela o tratasse
como pai. Nas conversas de relações pessoais com 3ºs, ambos se referiam a pai
e filha. Esse tratamento aconteceu até cerda de 15 a 20 dias antes da morte de
Manuel, em 1985, altura em que deu entrada no hospital, inconsciente e sem fala.
Até à morte, nunca mais recuperou a fala. Noémia visitou-o até ao momento do seu
falecimento. No funeral, as pessoas apresentavam-lhe as condolências. Noémia, em 12
de Junho de ’86, propõe uma acção de investigação da paternidade. Poderá fazê-lo?
Estabelecimento de filiação. Paternidade. Estamos perante um registo em branco. Existe
alguma presunção: 1871º/1ª) – Posse de Estado, requisitos: actos públicos; continuados e
inequívocos. Prazo: 1 ano. 1817º/4 1ª parte: por remissão do 1873º.
● Caso Prático 18
José Coelho e Ana Guerreiro celebraram matrimónio em 31 de Outubro de 1942. Em
1957 separaram-se. José passou a viver desde então com Clotilde como se fosse sua
mulher. Viviam em comunhão de mesa, leito e habitação.
Clotilde Coelho era, na altura mulher de Manuel Rosa. Em Abril de 1965, nasceu Maria
Coelho fruto das relações sexuais fecundantes, havidas entre José e Clotilde.
José, no dia do nascimento de Maria, dirigiu-se à Conservatória onde declarou o
nascimento de Maria.
Quando o Conservador lhe perguntou quem era a mãe da criança, José respondeu que
era sua mulher, Ana Guerreiro.
Na posse destes dados o Conservador lavrou o respectivo assento de nascimento.
Maria sempre viveu com José e Clotilde, sendo por ambos tratada como filha quer em
casa quer em público.
José e Clotilde sempre a ampararam, vestiram e alimentaram, desde que nasceu.
Os amigos familiares e vizinhos consideram Maria filha de José e Clotilde.
Em 1983 Ana Guerreiro pediu o divórcio contra José.
Em 1987 Maria intentou no Tribunal da Comarca de Loulé, acção de investigação e
declaração da maternidade, impugnação e rectificação do registo de nascimento.
Quid iuris?
1. Introdução
Temática: estabelecimento da filiação, mais concretamente o estabelecimento da
maternidade.
Problemas levantados:
a) Declaração da maternidade;
b) Impugnação da maternidade;
c) Acção de investigação contra a verdadeira mãe ou reconhecimento judicial;
2. Desenvolvimento
a) A maternidade infere-se de um facto visível que é o nascimento – art. 1796.º C.C.- e
estabelece-se de acordo com as regras do art. 1803.º - 1825.º C.C.) 1
b) Aquele que declarar o nascimento deve indicar a mãe da criança – art. 97.º
c) No nosso caso o pai fez a declaração no dia em que Maria nasceu, logo deve aplicar-se o
art. 1804.º C.C.
d) Maria Coelho pretende que no seu registo conste o nome da sua mãe biológica. Pelo que
deve instaurar uma acção de impugnação da maternidade – art. 1807.º C.C.. Esta acção não
prescreve, uma vez que está em causa o interesse público da verdade biológica e a sua
1 No caso de prova da paternidade esta pode ser feita de duas formas: prova directa e
indirecta. Na prova directa inclui-se a prova da existência de relações sexuais fecundantes
no período legal de concepção entre a mãe do investigante e o investigado (pretenso pai) e
bem assim a prova da exclusividade das relações sexuais. A prova indirecta abrange a prova
dos factos em que assentam determinadas presunções legais (art.1871.º C.C.)
2 Posse de Estado: elemento subjectivo: reputação pelo pai e pelo público; elemento
objectivo: tratamento – exteriorização de um comportamento que se traduz em actos
continuados e inequívocos.
● Caso Prático 19
Abel e Berta casaram em 1884, sem convenção antenupcial.1717º (comunhão de adquiridos)
a. em Maio de ’95, Abel comprou um automóvel, no valor de 8,000€, com dinheiro que
ganhara no concurso televisivo; Negócio oneroso. O dinheiro é um bem comum, ainda
que sub-rogado pelo automóvel – 1724º a) e b).
b. Berta vendeu em ’95, um colar em ouro, que recebera de sua tia por ocasião do Natal;
bem móvel, adquirido por doação, 1722º/1 b), logo, bem próprio.
c. Abel em ’99 comprou um computador ultimo modelo. Bem móvel comum, nada indica
mas, supõe-se que adquirido com os salários, logo 1724º b).
d. Berta que era dona de um prédio rústico onerado com uma servidão de passagem,
comprou em ’97 o prédio confinante, sendo que a servidão era anterior ao casamento;
bem imóvel, próprio, 1722º/1 a)- A servidão = era dela 1722º/2 a). O novo prédio = é
dela 1722º/2 d) + 1722º/1 c).
e. Berta vendeu um quadro que tinha herdado do avô e com 1000€ das poupanças do
seu salário, investiu na bolsa e comprou uma carteira de acções; quadro = bem móvel
adquirido a título gratuito antes ou depois do casamento = bem próprio 1722º/a ou
b). Eventualmente 1723º a) (se os 1000€ não existissem). Se o valor do quadro for
inferior: 1726º/1.
f. Berta adquiriu um par de brincos valiosos com as rendas do apartamento, que era seu, e
que arrendara a Carlos; rendas = bem comum (= frutos) 1728º/1, logo, brincos são bem
comum, adquiridos a título oneroso.
g. Abel era solicitador a iniciar carreira e comprou um apartamento para aí instalar o seu
escritório, com dinheiro dos seus pais; 1722º/1 b) e 1723º c).
Diga em que massa patrimonial se inscrevem os mencionados bens e fundamente.
Introdução: o que são regimes, e timos, quais os imperativos (1720º), convenção antenupcial,
estamos no âmbito da autonomia da vontade.
● Caso Prático 20
Manuel e Sandra casaram em 1986, sem convenção antenupcial. Manuel, sem o consentimento
de Sandra, praticou os seguintes actos: Regime supletivo: 1717º
● Caso Prático 21
Filipe e Carla, ambos maiores, contraíram casamento em 1984, sem prévia celebração
de convenção antenupcial. Em Dezembro de ’97, Filipe recebeu por herança de seu pai,
uma quota numa sociedade de lanifícios, ramo que não lhe merecia qualquer interesse,
por estar muito afastado da sua área de actividade.
Em Novembro do ano anterior (2005), recebeu uma vantajosa oferta de compra e
decide aceitá-la. Em Janeiro do presente ano, Filipe e Carla foram convidados a
assistir a um casamento de um rico industrial, amigo do casal, convite que decidiram
aceitar. (Nota: Filipe e Carla eram provenientes de família bastante abastadas).
Sabendo da predilecção do amigo pela pintura, Carla envia-lhe, mesmo antes de
consultar Filipe, e como presente de casamento, um quadro de um afamado pintor
português e cujo custo se cifrou em largas centenas de euros, que Carla não pagou na
altura.
Filipe ficou indignado com o comportamento individualista de Carla. Comportamento esse
que já tinha, no entender de Filipe, ocorrido demasiadas vezes ao longo do casamento,
pelo que entendeu consultar um advogado para requerer o divórcio litigioso. Quid Iuris?
Casados em regime de comunhão de adquiridos 1717º.
Adopção
Plena
Restrita
Diana ∞ Helder
Conjunta
Singular